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Conduta e exclusão da conduta - Resumo

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1
Introdução
Teorias da ação
O Código Penal, ao contrário dos códigos penais de outros países, não conceitua ação 
ou omissão; o conceito está implícito no código e acaba sendo elaborado pela doutrina. 
A ação e a omissão são duas formas básicas do fato punível. A ação que viola uma proi-
bição é o crime comissivo. A omissão é uma não ação que o autor podia ter realizado, 
como ocorre nos crimes omissivos.
Teoria causal-naturalista da ação
Von Liszt, final do século XIX: influência do pensamento científico-natural na Ciência 
do Direito Penal.
A ação é uma modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos sentidos e 
produzida por uma manifestação de vontade, ou seja, por uma ação ou por uma 
omissão voluntária. A ação é então um movimento corporal voluntário que causa mo-
dificação no mundo exterior. Os elementos do conceito de ação são: a manifestação 
da vontade, o resultado e a relação de causalidade. Nesse conceito, não se leva em 
conta o conteúdo da vontade, que é deslocado pra culpabilidade.
Por volta de 1900: sistema clássico; o conceito causal da ação fracionava a ação, ou 
seja, dividia a ação em processo causal “externo”, objetivo, que se referia à ação e ao 
resultado, e em conteúdo da vontade, que é um processo “interno”, subjetivo. Isso 
era importante pra separar a antijuridicidade e a culpabilidade. 
Com o descobrimento de elementos subjetivos na antijuridicidade, e principalmente 
a partir do momento em que se passa a reconhecer que na tentativa o dolo é um ele-
mento subjetivo do injusto, o sistema clássico começa a decair. Isso porque se o dolo 
está presente na tentativa, ele não pode ser elemento da culpabilidade na consumação. 
A teoria causal se limita a perguntar o que foi causado pela vontade do agente, qual o 
efeito produzido por essa vontade. Assim, todos os efeitos da vontade do agente são 
partes integrantes da ação. É importante que o agente quis agir de determinada ma-
neira. O conteúdo da vontade do agente, ou seja, o que ele quis, só tem importância 
pra falar de culpabilidade.
Conduta e exclusão da conduta
Direito Penal I
2
A teoria causal não pode ser aplicada à omissão e por isso ela perdeu força. Na omis-
são não existe relação de causalidade entre a não realização de um movimento cor-
poral e o resultado provocado. Assim, o conceito causal da ação não pode cumprir a 
função de elemento básico do sistema da teoria do delito. 
Teoria final da ação
Welzel: oposição ao conceito causal de ação e principalmente em oposição à separa-
ção entre vontade e conteúdo da vontade. 
A teoria final da ação superou a separação entre aspectos objetivos e subjetivos da 
ação e do injusto, que deixa de ser naturalístico e passa a ser pessoal. 
A ação humana é exercício de atividade final, ou seja, a ação é um acontecer “final” 
e não puramente “causal”. A “finalidade” ou o caráter final da ação se baseia no fato 
de o homem poder prever dentro de certos limites as consequências possíveis da 
sua conduta. Por isso, ele pode direcionar o ato pra um determinado fim. A atividade 
final é então uma atividade dirigida conscientemente em função de um fim, mas é a 
resultante causal das várias causas existentes em cada caso específico. 
A vontade é o que sustenta a ação final, já que a finalidade se baseia na capacidade 
de vontade de prever as consequências de um ato e de dirigir esse ato pra um fim 
determinado. Sem a vontade a ação seria só um processo causal cego. A vontade final 
é um fator que configura objetivamente o acontecer real e, por isso, pertence à ação.
A ação é o comportamento humano voluntário conscientemente dirigido a um fim. 
Ela se compõe:
De um comportamento exterior, de conteúdo psicológico, que é a vontade dirigida 
a um fim.
Da representação ou da antecipação mental do resultado pretendido.
Da escolha dos meios.
Da consideração dos efeitos. 
E do movimento corporal dirigido ao fim que se pretende atingir.
A direção final de uma ação se realiza em duas fases:
A fase subjetiva, que acontece no intelecto do agente.
A fase objetiva, que ocorre no mundo real. 
De acordo com a teoria finalista, a finalidade compreende o fim, as consequências 
que o autor considera necessariamente unidas à obtenção do fim e as que ele conse-
guiu prever como possíveis e que contava em produzir. 
3
Consequências importantes pra evolução da teoria da ação:
Dolo e culpa passam a ser analisados na tipicidade, e não mais na culpabilidade 
como defendido pela teoria causal.
 
O conceito pessoal de injusto, que leva em consideração os elementos pessoais, ou 
seja, aqueles que se referem ao autor do delito em relação ao desvalor pessoal da 
ação do agente que se manifesta pelo dolo ou pela culpa.
A culpabilidade puramente normativa.
Teoria social da ação
Tentativa de afastar o conceito causal de ação da influência do naturalismo. 
Eb. Schimdt, década de 1930: o que importa pro Direito Penal é o sentido social da 
ação e o conceito final de ação determina o sentido da ação de forma unilateral, em 
função da vontade individual. 
O conceito social de ação foi evoluindo ao longo do tempo, e foi desenvolvida por ou-
tros autores, partindo às vezes do finalismo e às vezes do causalismo, mas tentando 
manter um conceito de ação que compreenda os efeitos sociais como comportamen-
tos socialmente relevantes. 
A teoria social da ação, que pode ser chamada também de dupla valoração do dolo 
e da culpa, tem como fundamento a importância da conduta diante da sociedade. 
Para essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para averiguação 
do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal comportamento e classificá-lo 
como socialmente permitido ou não. Se a conduta do agente for considerada social, 
ou seja, aceita pela sociedade, será atípica.
Teoria da ação significativa
O conceito significativo de ação apresenta uma nova interpretação conceitual e intro-
duz um novo paradigma pro conceito de conduta penalmente relevante.
O objetivo desse novo conceito é traçar uma nova perspectiva dos conceitos e dos 
significados básicos do Direito Penal, com base no liberalismo político e em dois con-
ceitos essenciais, a ação e a norma, unidos pela ideia de liberdade de ação. 
O conceito significativo de ação se identificaria melhor com um Direito Penal moder-
no, dando conta das necessidades de uma dogmática nova e respeitando os direitos 
e as garantias fundamentais do ser humano.
A ação deve ser entendida não mais como “o que as pessoas fazem”, mas como “o 
significado do que as pessoas fazem”, ou seja, como um sentido. As ações então não 
são meros acontecimentos, elas tem um sentido, um significado, e por isso, não se-
ria suficiente a gente só descrever as ações, a gente precisa entender, interpretar as 
ações, de acordo com algumas regras e algumas normas. 
4
Não existe um conceito universal e ontológico de ação, não é possível a gente ofere-
cer um conceito de ação humana que seja válido pra todas as milhares de espécies 
diferentes de ações que uma pessoa pode realizar.
 
Uma ação não existe antes das normas que definem ela, ou seja, a ação possui já um 
significado determinado, determinadas regras ou normas que identificam um com-
portamento humano diante de outros.
Atualmente o conceito de ação, enquanto conduta ou comportamento, se resume na 
ideia de conduta típica, ou seja, não se acredita que existam ações como se a gente 
estivesse tratando de objetos. O conceito de ação não poderia então ser formulado 
como uma ideia prévia, capaz de abranger todos os tipos de lesão provocadas aos 
bens jurídicos. Só existe ação se previamente houver uma norma que regulamente 
um determinado impedimento. São as regras que definem o que entendemos social-
mente por um determinada ação.
Ausência de ação e de omissão. Os sujeitos da ação.
Hipóteses que excluem a conduta (ação ou omissão)
Coação física irresistível
Quando alguém age obrigado por uma força irresistível: essa pessoa não age volun-
tariamente, e, por isso, não é “dono” doato que foi praticado. A pessoa, nesse caso, é 
um instrumento realizador da vontade do coator, ou seja, a pessoa que coage. 
Artigo 22, CP: se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a 
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da 
coação ou da ordem. 
Movimentos reflexos
Os atos reflexos são todos os atos puramente somáticos, ou seja, aqueles nos quais 
o movimento corporal ou a ausência desse movimento é determinado por estímulos 
dirigidos diretamente pelo sistema nervoso. Isso quer dizer que o corpo recebe um 
estímulo exterior, e acaba reagindo de uma determinada maneira que independe da 
vontade da pessoa, como numa crise epiléptica, por exemplo. Assim, os atos reflexos 
não dependem da vontade da pessoa, são autônomos e involuntários. E sem uma 
vontade consciente que conduz o agir final, não é possível a gente falar em ação pe-
nalmente relevante.
A gente não pode confundir atos reflexos com reações explosivas e atos em curto 
circuito (que são provocados por um momento de excitação). Nesses casos, existe 
vontade do agente, ainda que ela tenha sido provocada de um jeito tão rápido que a 
pessoa não conseguiu controlar. 
5
Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose e embriaguez letárgica)
Zaffaroni: consciência é o resultado da atividade das funções mentais. Não é uma fa-
culdade do psiquismo, mas o resultado do funcionamento de todas essas faculdades. 
Quando essas funções mentais não funcionam de um jeito adequado, a gente diz 
que existe um estado de inconsciência que é incompatível com a vontade, e sem 
vontade não existe ação. 
A doutrina considera por exemplo que o sonambulismo, a hipnose e a embriaguez 
letárgica são estados de inconsciência. 
A embriaguez letárgica tem sido analisada como uma excludente de culpabilidade, 
especialmente da imputabilidade, como um transtorno mental transitório. Mas essa 
solução que é dada pra embriaguez letárgica é incorreta, já que a embriaguez letár-
gica é o grau máximo de embriaguez, e é impossível a gente falar em qualquer dose 
de vontade nessas condições. Por isso a embriaguez letárgica exclui a ação. 
Se o agente se coloca voluntariamente num estado de inconsciência pra cometer o 
delito, como por exemplo, se embriagar antes de cometer o crime pra inclusive ter 
mais coragem, ou algo do tipo, ele responde normalmente pelo ato que praticou. 
Os sujeitos da ação
Os sujeitos ativo e passivo da ação
Sujeito ativo 
A conduta, seja ela uma ação ou uma omissão, é exclusiva do ser humano. A capa-
cidade de ação e de culpabilidade exige a presença de uma vontade, que a gente 
entende como uma faculdade psíquica individual que só um ser humano pode ter.
O sujeito ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma penal incri-
minadora. Pra uma pessoa ser considerada sujeito ativo de um crime, é preciso 
executar totalmente ou parcialmente a figura descritiva de um crime. 
A lei penal geralmente não se refere ao sujeito ativo do crime quando tipifica as con-
dutas proibidas. São os crimes comuns, ou seja, aqueles que podem ser cometidos 
por qualquer pessoa. Em alguns casos, os tipos penais especificam quem é o sujeito 
ativo, que é o caso dos crimes especiais ou crimes próprios, como o peculato.
Sujeito passivo
O sujeito passivo é o titular do bem jurídico que é atingido pela conduta criminosa. 
O sujeito passivo pode ser uma pessoa (crimes contra a pessoa), o Estado (crimes 
contra a Administração Pública), a coletividade (crimes contra a saúde pública) e 
pessoa jurídica (crimes contra o patrimônio).
6
Sob o aspecto formal, o Estado é sempre o sujeito passivo do crime, que a gente 
pode chamar de sujeito passivo mediato. Sob o aspecto material, o sujeito passivo 
é o titular do bem ou do interesse que foi lesado. Mas nada impede que o Estado 
seja sujeito passivo imediato, direto, como acontece quando o Estado é titular do 
interesse jurídico lesado, como nos crimes contra a Administração Pública. 
A pessoa jurídica como sujeito ativo do crime
A responsabilidade penal de pessoas jurídicas não é admitida. São dois os motivos:
A falta de capacidade “natural” de ação.
A carência de capacidade de culpabilidade.
No Brasil, o artigo 225, §3º da CF, prevê que as condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar 
os danos causados. Alguns penalistas defendem que a constituição consagrou de 
maneira equivocada a responsabilidade penal da pessoa jurídica. No entanto, a 
responsabilidade penal ainda é limitada à responsabilidade subjetiva e individual, 
conforme prevê o artigo 5º, inciso XLV, da CF.
De acordo com o artigo 173, §5º da CF:a responsabilidade pessoal dos dirigentes 
não se confunde com a responsabilidade da pessoa jurídica e a constituição não 
dotou a pessoa jurídica de responsabilidade penal e sim condicionou a responsabi-
lidade da pessoa jurídica à aplicação das sanções compatíveis com a sua natureza.
Assim, a responsabilidade penal continua sendo pessoal e por isso a responsabili-
zação penal é possível quando a gente pode identificar e individualizar se possível 
os autores físicos dos atos praticados em nome da pessoa jurídica. Se isso não for 
possível, o máximo que pode acontecer é a penalização formal da pessoa jurídica, 
com sanções próprias pra isso, que podem ser:
A responsabilidade civil.
Medidas de segurança.
Sanções administrativas.
Responsabilidade criminal.
Medidas mistas, que não são necessariamente penais.

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