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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE LURIA E OS PRINCÍPIOS DE REABILITAÇÃO

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Eu fui uma aluna e colaboradora de Alexander 
Romaniovich Luria de 1967 até a sua morte em 
1977. É a maior alegria da minha vida. 
 
Durante os anos 20, Luria e Vygotsky 
começaram a fazer os primeiros experimentos 
em pacientes com lesão cerebral. Eles 
formularam os princípios gerais da nova 
abordagem para analisar o processo de 
organização psicológica. Em primeiro lugar, eles 
tentaram especificar o relacionamento entre 
formas elementares e superiores de atividade 
psicológica e sua organização cerebral em 
adultos sadios. Em seguida Luria e Vygotsky 
determinaram possíveis mudanças nos processos 
psicológicos que podem aparecer em diferentes 
formas de lesão cerebral, e aquelas que podem 
ser esperadas no desenvolvimento ontogenético 
patológico precoce. 
 
Então, a abordagem principal de Luria começou 
com a análise da estrutura psicológica da função 
mental superior para depois descrever seus 
distúrbios. Gostaria de mencionar que seu livro 
mais importante intitula-se “ Funções Corticais 
Superiores no Homem (primeiro, J.G.) e (depois) 
Seus Distúrbios em Lesões Cerebrais Locais” 
(Luria, 1966). 
 
Esta abordagem permitiu que Luria revisasse os 
princípios da avaliação neuropsicológica: “ Em 
trabalhos experimentais um pesquisador 
normalmente começa por escolher um problema 
 
 
específico. Em seguida ele constrói uma hipótese 
e seleciona métodos para testar a sua hipótese. O 
pesquisador organiza questões no intuito de 
facilmente focalizar sua atenção naqueles fatos 
que irão provar ou refutar sua hipótese. O mesmo 
poderá ignorar todos os dados que não vão 
contribuir para sua análise do problema e que 
não vão provar a sua hipótese. Em contraste, no 
trabalho clínico, o ponto de partida não é um 
problema claramente definido mas uma série de 
problemas e de recursos desconhecidos, ou seja, 
o próprio paciente. O investigador clínico 
começa fazendo observações cuidadosas do 
paciente no esforço de descobrir fatos cruciais. 
No começo, ele não pode ignorar nada. Até os 
dados que, em princípio, pareçam insignificantes 
podem se tornar essenciais. Em algum ponto os 
contornos vagos dos fatores que parecem 
importantes começam a aparecer, e o 
investigador forma uma hipótese experimental 
sobre o problema. Mas ainda é cedo para o 
mesmo falar definitivamente se os fatos que ele 
selecionou são importantes para o problema ou 
irrelevantes. Somente quando o investigador 
achar um número suficiente de sintomas 
compatíveis que juntos formam uma 
“síndrome”ele tem o direito de acreditar que sua 
hipótese sobre o paciente pode ser provada ou 
rejeitada. (The Making of Mind, p. 132). 
 
Cada processo cognitivo é abastecido por 
atividades combinadas de várias áreas cerebrais, 
sob a condição de que cada área introduza sua 
própria contribuição específica para os processos 
integrativos. 
Para clarear, eu vou introduzir e explicar alguns 
termos utilizados por Luria. 
 
Funções Mentais Superiores – são processos 
complexos de auto-regulação. São de origem 
social, sendo que sua estrutura é mediada e a 
forma de seu funcionamento é consciente e 
voluntária. Este entendimento pressupõe que a 
função mental superior é um sistema funcional 
consistindo de muitos componentes, cada qual 
baseia-se no trabalho de uma área especial do 
cérebro e realiza seu papel especial no sistema. 
“A presença de uma tarefa constante (invariável), 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE LURIA E 
OS PRINCÍPIOS DE REABILITAÇÃO 
JANNA GLOSSMAN 
TRADUÇÃO: CARLA ANAUATE 
 
 
 
 
executada por um mecanismo variável (variável) 
, leva o processo a um resultado constante 
(invariável), sendo este um dos aspectos básicos 
distinguindo o trabalho de cada sistema 
funcional. O segundo aspecto que distingue é a 
composição complexa do sistema funcional que 
sempre inclui uma série de impulsos aferentes 
(de ajustamento) e eferentes.” (A . R. Luria, 1981 
Fundamentos da Neuropsicologia: Editora da 
USP) Como está descrito neste livro, que eu 
estou muito feliz de apresentar à biblioteca do 
IPAF, a comunicação humana pode ser 
representada por um sistema funcional. 
 
O próximo termo importante é Fator 
Neuropsicológico – uma unidade estrutural-
funcional que é caracterizada por um princípio 
definido da atividade e do funcionamento 
(modus operandi) psico-fisiológico. Este fator 
reflete, por um lado, um tipo definido de 
funcionamento do cérebro quando em 
funcionamento, proporcionado por redes neurais 
de uma certa área do cérebro. Por outro lado, este 
fator tem um significado psicológico, sendo um 
importante elemento do sistema funcional 
psicológico. O distúrbio do fator leva ao 
aparecimento de uma determinada síndrome. 
 
Síndrome é obrigatoriamente uma constelação de 
sintomas, causadas por um certo déficit primário 
(fator psicológico). Há sintomas primários, 
secundários e terciários (compensatórios) 
definidos dentro de uma síndrome. 
 
- Sintoma Primário é o distúrbio da função 
mental, imediatamente associada a lesão de uma 
determinada área do cérebro conectada com o 
distúrbio de um fator particular. 
- Sintoma Secundário é o distúrbio da função 
mental, aparecendo como uma conseqüência 
sistêmica do sintoma primário (ou do déficit 
primário) em função das suas relações dentro do 
sistema. 
- Sintoma Terciário (compensatório) é uma 
mudança no trabalho de uma função mental, 
conectada com a reorganização do sistema que 
trabalha de forma patológica. 
 
Análise da síndrome (sinônimo: análise fatorial) 
é uma análise dos sintomas observados com o 
objetivo de achar uma base comum (fator) que 
explique sua origem. Supõe um procedimento 
passo a passo que inclui a comparação de todos 
os sintomas observados, uma estimativa 
qualitativa destes sintomas, a descoberta de suas 
bases comuns, detectando, assim, o déficit 
primário e suas conseqüências sistêmicas e sua 
reorganização compensatória. 
Para clarear eu darei um exemplo, o mesmo que 
Luria deu para mim, quando eu era sua aluna. 
Ele descreveu o sistema funcional da atividade 
que estava sendo realizada na sala de 
conferência. Vocês percebem que há uma 
atividade verbal de expressão (minha palavra) e 
uma atividade de impressão (a sua escuta). 
 
O primeiro fator é um nível suficiente de 
ativação, relacionado com o tronco cerebral, 
gânglios da base e sistema límbico. Um distúrbio 
destas 3 regiões do cérebro reflete na fala, na 
espontaneidade, exaustão, atenção flutuante, 
micrografia e outros sintomas sub-corticais. 
Então, cada um de nós precisa de boa motivação 
e regulação voluntária relacionada ao córtex pré-
frontal. Sua lesão provoca distúrbio verbal 
secundário devido a falta de intenção, 
programação e seletividade do comportamento. 
 
O próximo passo é discriminar fonemas e 
entender o significado da palavra pronunciada. 
Isto está comprometido nas afasias sensoriais 
(acústico-gnóstico de acordo com a classificação 
de Luria) pós-lesões na região temporal superior 
esquerda. Uma não compreensão se revela nas 
parafasias e paragrafias literais da fala 
expressiva. É importante enfatizar que em cada 
afasia, a fala está comprometida como um 
sistema, incluindo ambas as funções expressivas 
e impressivas, em cada forma da atividade verbal 
(fala oral, leitura, escrita, compreensão, 
nomeação, repetição e etc.) 
 
Seguindo, a percepção de som inclui ambas 
discriminações fonemática e sinestésica. Em 
lesões da região pós-central esquerda, o paciente 
com afasia motora eferente, também apresentará 
parafasias eparagrafias literais, porém de 
natureza diferente: confundem sons não 
contrastantes (como: lê-nê-dê) e fonemas 
contrastantes (como: dê-tê) como acontecem nas 
afasias sensoriais. 
 
 
 
 
O próximo passo é organizar os sons (ou letras) 
na seqüência certa (para distinguir “palm” de 
“lamp”). A organização sinestésica fica 
comprometida pós-lesões da região pré-motora 
esquerda, provocando afasia motora eferente e 
perseveração nas esferas verbal e motora. 
Para falar ou entender uma série de palavras uma 
pessoa precisa de certo volume e memória 
auditiva que estará reduzida depois de lesões da 
região temporal média esquerda. A síndrome da 
afasia acústico-mnésica inclui compreensão, 
problemas de nomeação e repetição, parafasias 
verbais e a fala. 
 
Outro mecanismo necessário para compreensão e 
realização de sentenças é a síntese simultânea 
das palavras em estruturas gramaticais. Fica 
comprometida depois de lesões da região 
temporo-parieto-occipital do hemisfério 
esquerdo. Um paciente com afasia semântica 
compreende bem palavras isoladas mas o sistema 
inteiro de conexões de palavra fica 
profundamente comprometido (especialmente 
conexões quasi-espaciais como : em cima / 
embaixo, antes / depois e etc.). Problemas da 
análise e síntese espacial podem também ser 
revelados em praxias, gnosias, desenhos e outras 
atividades mentais, sendo esta, portanto, a 
Análise de Síndrome do Luria. 
 
A.R. Luria descreveu 2 grupos principais de 
síndromes neuropsicológicas: pós-lesões das 
regiões anterior e posterior do cérebro (Slide 9). 
 
O primeiro grupo inclui: 
 
I. Síndrome Pré-motor (pós-frontal) 
 
- Afasias e agrafias motoras eferentes 
- Apraxia dinâmica 
- Afasia dinâmica 
- Apatia no funcionamento cognitivo 
 
II. Síndrome Pré-frontal 
 
- Nenhuma reclamação ativa 
- Perda de atitude crítica frente aos próprios erros 
- Comportamento dependente do ambiente 
- Comprometimento da regulação voluntária do 
comportamento 
- Reações impulsivas (desinibição de respostas 
imediatas) 
- Apraxia e agnosia secundária 
 
III. Síndrome Frontal Médio-basal 
 
- Perda da espontaneidade 
- Exaustão 
- Atenção e atividade flutuante 
- Defeitos de orientação no tempo e na situação 
- Comprometimento da seletividade 
- Micrografia 
 
Vamos passar agora às síndromes 
neuropsicológicas em lesões de regiões 
posteriores do cérebro. 
 
I. Síndrome Occipital ou Occipito-parietal 
 
- Agnosia do objeto 
- Agnosia simultânea 
- Agnosia para cor 
- Agnosia óptico-espacial 
- Hemi-negligência espacial esquerda 
- Desenho 
- Apraxia espacial e construtiva 
 
II. Síndrome TPO 
 
- Desordens polimodais na análise e síntese 
espacial 
- Acalculia primária 
- Afasia semântica 
- Apraxo-agnosia espacial 
 
 
 
III. Síndrome Parietal 
 
- Agnosia tátil 
- Aesterognosia 
- Agnosia digital 
- Alexia tátil 
- Afasia aferente motora 
 
IV. Síndrome Temporal 
 
- Afasia sensorial (acústica-gnóstica) 
- Afasia acústico-mnésica 
- Agnosia acústica 
- Amusia 
 
 
 
 
Luria criou uma bateria de testes conhecida em 
todo mundo para revelar estas síndromes. 
 
A avaliação neuropsicológica de Luria inclui: 
 
I. Características gerais dos pacientes 
 
- Atividade geral do cérebro 
- Orientação no tempo e no espaço 
- Atitude crítica e de auto-consciência 
- Adequação do comportamento 
- Estado da esfera emocional 
 
II. Atividade Motora 
 
- Coordenação Recíproca 
- Praxia Digital 
- Praxia Dinâmica 
- Praxia Espacial 
- Praxia Construtiva 
- Praxia Oral 
- Reações Convencionais 
- Desenho 
 
III. Funções Gnosticas 
 
- Percepção Acústica 
- Reconhecimento do Objeto 
- Gnosia Espacial 
- Percepção Cutânea-sinestésica 
- Gnosia para Rostos 
- Percepção da Cor 
 
IV. Funções Verbais 
 
- Fala Automática 
- Fala Espontânea 
- Nomeação 
- Repetição 
- Entendimento de Palavras 
- Entendimento de Construções Lógicas 
Gramaticais 
- Leitura 
- Escrita 
 
V. Memorização, reprodução direta e com 
interferência 
 
- 10 Palavras Isoladas 
- Uma Série de Palavras 
- Sentenças 
- Estórias 
- Série de Imagens (Objetos Reais e Desenhos 
Abstratos) 
- Série de Movimentos 
 
VI. Inteligência 
 
- Cálculos 
- Solução de Problemas 
- Compreensão do Significado de Histórias 
Verbais 
- Entendimento de Estórias em Quadrinhos 
- Seleção de Analogias 
 
 
 A teoria de Luria das 3 unidades funcionais 
(blocos) do cérebro é de grande utilidade na 
análise dos dados do exame Neuropsicológico. A 
participação de todas as três unidades é 
necessária para qualquer tipo de atividade 
mental. 
 
- A primeira unidade inclui o tronco cerebral, 
os gânglios da base e o sistema límbico. 
Proporciona um nível ótimo de ativação de 
outras estruturas cerebrais através de uma relação 
dupla recíproca com o córtex, ambas 
influenciando o tônus (condições de atividade) e 
regulando a própria experiência. 
- A segunda unidade inclui os lobos temporal, 
parietal e occipital do córtex. Sua função 
primaria é a recepção, análise, e armazenamento 
da informação. 
- A terceira unidade inclui o lobo frontal. 
Envolve a programação, regulação e controle das 
ações humanas. 
Como já foi citado anteriormente, a abordagem 
de Luria pressupõe a análise qualitativa dos 
sintomas que estão sendo estudados, baseados no 
entendimento dos fatores, sublinhando as 
atividades psicológicas complexas. A avaliação 
quantitativa dos comprometimentos é de grande 
valor para determinar as dinâmicas das mudanças 
do funcionamento cognitivo durante o follow-up 
neuropsicológico, e para medir a evolução dos 
procedimentos de reabilitação e compensação. 
Combinar a análise qualitativa com a quantitativa 
se torna muito importante na atual fase do 
desenvolvimento neuropsicológico. 
 
 
 
 
Existem duas possibilidades para combinar as 
duas abordagens. Uma é aplicar a ênfase 
qualitativa de Luria na análise da síndrome para 
medidas psicométricas (Glozman & Tupper, 
1995). Outra possibilidade é trabalhar no critério 
de avaliação para a bateria de Luria. Esta tarefa 
foi utilizada pelo próprio Luria: no seu “Tópicos 
do Exame Psicológicos” (1973) sendo que a 
magnitude de cada sintoma deverá ser avaliada 
numa escala de 3 pontos: “ausente”, 
“moderado”e “severo”. Os discípulos de Luria 
tentaram trabalhar critérios de avaliações mais 
diferenciados, para crianças e adultos, baseados 
em avaliações psicológicas de cada estrutura de 
tarefa e na análise qualitativa dos tipos de erros e 
suas condições, podendo, então, viabilizar a sua 
correção (Pylayeva, 1978; Tsvetkova et al., 
1981; Krotkova et al., 1983; Wasserman et al., 
1987; Glozman, 1999). 
 
Nós propusemos um sistema generalizado de 
quantificação do método do exame de Luria, 
discutidos acima, em 6 esferas do funcionamento 
cerebral. Este sistema de quantificação está 
descrito em um livro que eu, também, trouxe 
para o IPAF. O Dr. Quintino tentará possibilitar a 
tradução deste livro que está em Russo 
(Glozman, 1999). 
 
A particularidade da nossa abordagem consiste 
em trabalhar o sistema duplo de avaliação da 
performance do paciente: o primeiro passo é 
fazer uma lista de possíveis defeitos em cada 
tarefa completando todas as 6 esferas mentais 
(avaliação qualitativa). O examinador coloca o 
sinal mais ou menos para cada item da lista. 
Resultando em: 1) um padrão neuropsicológicode desordens cognitivas para cada paciente 
examinado; 2) um típico padrão 
neuropsicológico de desordens cognitivas para 
cada grupo estudado de pacientes; 3) uma 
dinâmica de padrões pós-tratamento, ou seja, o 
desaparecimento de alguns sintomas (dinâmicas 
positivas) ou o aparecimento de novos 
(dinâmicas negativas). O segundo passo é avaliar 
quantitativamente a magnitude de cada sintoma e 
a severidade do distúrbio em cada área funcional. 
Avaliando, também, o resultado resumido dos 
distúrbios cognitivos em um dado paciente para 
compor um exame completo de cada esfera 
funcional. Tornando-se, portanto, uma expressão 
quantitativa do padrão dos distúrbios e do nível 
da performance do paciente. 
 
Nós trabalhamos em um sistema de teste de 6 
pontos objetivados por referências normativas, 
(testagem preliminar de sujeitos sadios 
combinados por idade e educação), levando em 
consideração a qualificação dos sintomas 
(defeitos primários e secundários), condições de 
correções de erros e a possibilidade de realizar o 
teste com sucesso com ou sem assistência 
externa. 
 
Vamos passar agora para a segunda parte do 
artigo: abordagem de Luria para reabilitação. 
 
Luria formulou os principais princípios da 
reabilitação: a desinibição de funções 
temporariamente inibidas, proporcionando o 
funcionamento das habilidades funcionais de 
áreas simétricas preservadas de outro 
hemisfério e a utilização de componentes 
preservados do sistema funcional 
comprometido. 
 
O primeiro princípio indica, que distúrbios 
funcionais aparentemente similares pós-lesão 
cerebral podem ter naturezas diferentes: uma 
dissolução estável de uma função ou a sua 
inibição temporária. Esta última é fortemente 
influenciada pela restauração espontânea. Não só 
um tratamento farmacológico ativador bem como 
uma mudança de atitudes através da psicoterapia 
podem ser métodos eficientes de desinibição. 
 
Dois últimos princípios (proporcionando o 
funcionamento de áreas preservadas de outro 
hemisfério ou componentes preservados do 
sistema funcional comprometido) compõe a 
reconstrução ativa do sistema funcional de Luria. 
Pode ocorrer através de uma reconstrução 
intrasistema e intersistema que se dá por uma 
utilização de componentes preservados ou 
reservados do mesmo sistema funcional, 
substituindo o componente comprometido. Pode 
também ocorrer pela inclusão da atividade 
comprometida em um novo sistema funcional, 
pelo uso de algumas novas formas e jeitos de 
mediação, pela transferência da atividade de 
nível subcortical (involuntário) para um nível 
cortical (voluntário) ou pela substituição de 
 
 
 
operações sucessivas por operações simultâneas 
e vice-versa. Por exemplo, a pronuncia de sons 
(análise sinestésica) é o componente reserva do 
sistema funcional da escrita, importante para a 
formação da escrita na criança, porém não é 
mais necessário para a escrita de adultos sadios, 
sendo eficiente somente no suporte de agrafia. 
 
Um bom exemplo de reconstrução intersistema é 
o uso do sistema visual (pisando nos pedaços de 
papéis no chão) como forma de ajudar pacientes 
com Doença de Parkinson a andar. Este método 
foi proposto por Luria e Vygotsky nos anos 20. 
 
Também mostraram, que os movimentos fracos 
da mão de um paciente com Doença de 
Parkinson se tornam intensos, quando a atividade 
motora de pressionar um bulbo é mediada pela 
contagem. Este princípio de reconstrução de 
processos psicológicos transferidos para outro 
nível de regulação, foi utilizado muito por Luria 
e seus seguidores em trabalhos de reabilitação. 
 
Portanto, a principal abordagem da 
reabilitação é a seguinte: Depois de determinar 
qual das ligações da atividade estão 
comprometidas, o neuropsicólogo determina 
quais ligações permaneceram intocáveis. No 
tratamento do distúrbio, Luria tentou usar o 
restante das ligações, as quais ele suplementou 
com auxílio externo para reconstruir a atividade, 
como base no novo sistema funcional. 
 
 
COMPONENTES RESTANTES DO 
SISTEMA FUNCIONAL 
 + 
 
AUXÍLIOS INTERNOS E EXTERNOS 
= 
NOVO SISTEMA FUNCIONAL 
 
Um período considerável de treinamento talvez 
seja necessário para construir e manter o novo 
sistema funcional, mas no final deste período, 
deve ser possível para o paciente realizar a 
atividade sem assistência externa. 
 
Tal possibilidade é o resultado do processo de 
interiorização – princípios fundamentais de 
desenvolvimento da mente, descritos por Luria 
e Vygotsky em primeira instância no modelo 
histórico-cultural (mediado por signos) 
proporcionando o desenvolvimento das funções 
mentais na criança (Vygotsky & Luria, 
1930/1993) e em seguida analisados pelo 
processo de reabilitação. 
 
O processo de interiorização faz a função 
mediada por meios externos se tornar a função 
auto-regulada. Uma atividade partilhada entre 
paciente e psicólogo é transformada em um 
comportamento próprio, possível de ser 
reproduzido em diferentes situações. 
 
A. R. Luria escreveu, que “a reeducação e a 
orientação da atividade possibilita ao paciente 
um sistema com meios eficientes sendo esta a 
principal forma de restaurar a função 
comprometida.” (Luria, 1948, p.222). 
 
Para dar um outro exemplo de como este 
princípio de mediação pode ser usado em 
reabilitação, eu descreverei alguns métodos para 
restaurar o significado lexical e a compreensão 
da palavra, ambos em afasias e em crianças com 
deficiência de linguagem, ou seja, com 
problemas de nomeação. O primeiro passo é 
restabelecer (para formar) uma relação entre a 
imagem, a escrita e a palavra ouvida. O sujeito 
tem que classificar as figuras quando as palavras 
forem escritas e lidas pela professora, em seguida 
deve copiar o nome da imagem no arranjo de 
palavras fornecido. Nós gradualmente 
aumentamos o número de figuras e reduzimos a 
mediação externa. De um arranjo de palavras 
para uma escrita não mediada, de uma cópia para 
uma escrita independente e assim por diante. Um 
número considerável de exercícios é necessário 
para estabelecer e para internalizar a relação 
entre a palavra e sua imagem, transformando em 
imagem externa a sua representação interna. 
Um exeemplo é a classificação no que se refere a 
aspectos semânticos. 
 
O último passo é o chamado “método de 
processamento semântico de palavras”. A 
imagem, as questões propostas, os 
procedimentos de análise e o uso destas palavras 
em sentenças e textos são mediados e 
restabelecidos nas relações semânticas das 
 
 
 
palavras. Estes métodos provaram sua alta 
eficiência tanto em crianças quanto em adultos. 
 
Três tipos principais interrelacionados de 
mediação podem ser usados como reabilitação: 
dicas visuais (incluindo marcas externas para 
andar, arranjos de escrita, números 
externalizados para contar e treino de atenção) 
dicas semânticas (incluindo a análise lógica ao 
contar e resolução de problemas, relações 
semânticas para memorização de palavras, 
relação de imagem e palavra para vocabulário e 
memorização) e dicas emocionais (incluindo 
métodos de computador, jogos especiais, criação 
de situações de competição para treinar funções 
espaciais e vocabulário). 
 
Também deve ser colocado, que durante o 
processo de reabilitação, o neuropsicólogo tenta 
dar ao paciente o máximo de feedback possível 
referente a ambos o defeito e o efeito das ações 
do paciente. Este feedback dá ao paciente 
informações que são cruciais para a 
reorganização do requerido sistemafuncional e 
sua consecutiva interiorização. 
 
Outro ponto importante são as conseqüências 
sociais da lesão cerebral. “A tragédia das vítimas 
de lesões cerebrais é mais a perda de transações 
na vida, do que a perda de habilidades físicas” 
(Christensen & Uzzell, 1987, p. XV). O 
problema da Qualidade de Vida, está 
relacionado ao tópico mais crucial da psicologia, 
no caso: a auto-percepção, relações familiares, 
efeitos do stress e como lidar com a situação, 
interface da saúde mental e física e assim por 
diante. Qualidade de Vida é um novo e 
importante conceito na avaliação de deficiências. 
 
Pode ser considerada como um resultado dos 
cuidados de saúde e reabilitação ou um status de 
saúde e um sinal de deficiência funcional, 
progressão da doença ou regressão ou a 
manifestação de circunstâncias sociais e 
condições externas bem como a construção 
interna subjetiva de auto-avaliação e bem-estar 
psicológico (Glozman, 1991, 2002; Murell, 
1999; Phillips, 1993). 
 
Em outras palavras: Qualidade de Vida é uma 
construção subjetiva ou objetiva? É evidente, 
que Qualidade de Vida é um fenômeno 
multidimensional que necessita de uma 
abordagem integrada para conceitualização. A 
Qualidade de Vida é determinada basicamente 
pela severidade da doença e pela eficiência da 
reabilitação ou pela personalidade do sujeito? 
 
A última resposta para esta questão determina a 
abordagem centrada no paciente em reabilitação, 
ou seja, o foco primário na experiência de 
indivíduos, suas interpretações subjetivas e seu 
conhecimento pessoal de saúde e doença, suas 
estratégias de lidar com a realidade, auto-estima, 
bem-estar emocional e interação social. A 
abordagem centrada na pessoa tem sido 
considerada como não tendo rigor científico, mas 
está se tornando mais e mais reconhecida. Ela 
permite explicar, porque pessoas que 
aparentemente estão expostas a algum dano, que 
até lidam com a realidade de maneira similar e 
tem suporte social equivalente tendo diferentes 
graus de exaustão e depressão evoluem 
diferentemente após a reabilitação. Do ponto de 
vista da abordagem centrada na pessoa a 
Qualidade de Vida “significa a percepção e 
avaliação do paciente (ele ou ela) do impacto da 
doença e as conseqüências produzidas na vida 
dele ou dela.” [Martinez, 1997, p. 6 ] A ideal 
Qualidade de Vida exige a auto-satisfação do 
paciente com aspectos mentais e físicos de sua 
vida e o resultado do programa de reabilitação. 
 
Eu considero que a Qualidade de Vida do 
paciente e a sua satisfação com o tratamento 
deve ser calculado, não tanto pelo grau absoluto 
da habilidade preservada (“quantidades”de vida), 
mas pela preservação relativa comparada ao 
nível pré-morbido da habilidade. Fatores 
emocionais e sociais, funcionamento familiar e 
de lazer estão intimamente associados com a 
Qualidade de Vida de uma pessoa. Por exemplo, 
habilidades em ajudar os outros ou fazer 
contribuições significativas a família foram 
trazidas pelos sujeitos entrevistados como 
essenciais para manter a qualidade de suas vidas 
(Phillips, 1993). Um inventário especial também 
provou que atividades relacionadas a família são 
tão importantes para o sujeito como atividades 
profissionais (Glozman, 1991). 
 
 
 
 
O próximo problema é que pessoas cronicamente 
deficientes podem com freqüência desorganizar a 
vida de uma família inteira, mudar o estilo de 
vida geral e desequilibrar o equilíbrio 
estabelecido dentro da família. 
 
Apesar das famílias serem o recurso mais valioso 
e vulnerável para pacientes deficientes, os 
membros da família executam um papel 
importante ao apoiar seus parentes 
comprometidos. A ênfase da pesquisa foi na 
pessoa com a doença e no processo da doença e 
não nos cuidadores. 
 
Cuidar não deve ser um evento transitório que 
vai e vem: é uma situação que exerce permanente 
pressão cotidiana e transforma a vida do 
cuidador e a do doente. Pode limitar as condições 
do cuidador em proporcionar ajuda aos 
familiares comprometidos de maneira mais 
completa e mais longa como o mesmo gostaria 
ameaçando o seu bem-estar físico e emocional. A 
depressão do cuidador pode também resultar de 
testemunhar o declínio e antecipar a morte do ser 
amado. 
 
Cuidar é portanto representativo de muitas 
situações podendo resultar em um estresse 
crônico. Cuidadores correm grandes riscos de 
depreciar sua qualidade de vida por causa do 
tempo e energia que envolve proporcionar os 
cuidados necessários. Muitos cuidadores deixam 
seus empregos ou reduzem seu horário para 
desenvolver tarefas de cuidado. É importante 
perceber que mesmo em casos, em que pacientes 
estão bem controlados com medicação de 
maneira a fazer poucas, se alguma, demanda ao 
cuidador, estes podem experimentar estresse 
emocional. O cuidador apresenta disposição para 
dar o apoio necessitado, inabilidade de 
compartilhar atividades, planos e problemas 
domésticos prazerosos, para os quais não há 
tempo, sensação de estar, sem querer, preso a 
atividade de cuidado e uma incerteza sobre o 
prognóstico da doença. Apoio emocional, que é 
manter a interação social e animar o paciente, é 
uma das tarefas universais do cuidador, 
demandando “doação emocional” do mesmo. 
Doação emocional exerce uma sobrecarga 
emocional sobre o cuidador, perigosa para a sua 
saúde mental e seu bem-estar emocional. 
Freqüentemente parece ser uma experiência de 
grande fardo devido aos aspectos físicos de 
cuidados proporcionados que podem irradiar a 
outras áreas da vida. 
 
Para generalizar eu gostaria de propor o seguinte 
esquema de fardo familiar: 
 
FARDO FAMILIAR 
 
Bem-Estar Económico: 
 
. decréscimo da atividade profissional 
. gastos do paciente com medicação e consultas 
médicas 
. estresse e perda de entradas financeiras 
. necessidade de tratamento 
 
Saúde Física: 
 
. fadiga e exaustão 
. depressão 
 
Funcionamento Social: 
 
. conflito quanto ao cuidador não ter um emprego 
. menos contatos sociais 
. raras possibilidades de saídas para lazer 
. raras possibilidades de férias 
 
Bem-Estar Psicológico: 
 
. mudança de papéis dentro da família 
. privação afetiva e doação emocional 
. decréscimo na habilidade de cuidar de outros 
parentes 
. conflito familiar 
 
É possível identificar três grupos principais de 
determinantes possíveis de decréscimo na 
Qualidade de Vida do cuidador. 
 
Fatores Relacionados Ao Decréscimo De 
Qualidade De Vida Do Cuidador 
 
Clínico: 
 
. Forma da doença 
. Estágio da doença 
. Duração da doença 
. Desordens cognitivas e comportamentais 
 
 
 
 
Fatores Psicológicos: 
 
. Relação familiar 
. Estratégias de como lidar melhor com a 
situação 
. Percepção da disponibilidade para apoiar 
. Duração do casamento 
 
Fatores Sócio-Demográficos: 
 
. Idade do paciente e do cuidador 
. Seus níveis de educação 
. Seus status financeiro 
. Posição que o cuidador ocupa na família 
 
Por exemplo, cuidadores mais velhos são mais 
suscetíveis a sobrecarga do que mais novos, mas 
os mais novos sofrem mais do ponto de vista do 
isolamento e da alienação de um mundo social, 
resultado de uma constrição das atividade sociais 
e de lazer. Cuidadores femininos ficam 
significativamente mais perturbados do que os 
masculinos. Porém, cuidadores masculinos 
aparentam um acréscimo significativo de 
sintomas depressivos com o tempo. 
 
Dois processos (avaliação cognitiva e a 
capacidade de lidar com a situação e ospróprios 
recursos) foram identificados como importantes 
mediadores entre situações estressantes, tais 
como, cuidar e as consequências psicológicas 
para o indivíduo. O fardo que um cuidador 
carrega é menos afetado pelos atuais sintomas, 
do que pela percepção que o mesmo tem dos 
sintomas da pessoa cuidada, da atitude ou 
resposta emocional do paciente em relação ao 
cuidador; da percepção da própria adequação 
para lidar com o estresse e de até que ponto o 
cuidar tem um impacto adverso na sua própria 
vida. O conhecimento que o cuidador tem 
referente a doença de um familiar, ou seja sua 
preparação para cuidar, bem como sua previsão 
de situações de cuidado, influenciam muito na 
Qualidade de Vida do cuidador. 
 
Nós trabalhamos com um questionário 
compreensivo, que não consome muito tempo, 
cobrindo as atividades do cuidador em várias 
diferentes perspectivas: profissional, relacionado 
a família, social e outras (Glozman, 2002). 
 
Outros resultados revelaram, que 100% dos 
cuidadores examinados que cuidavam de 
pacientes com a Doença de Parkinson 
manifestaram algum grau de desordem de 
adaptação, tendo um decréscimo nas suas 
Qualidades de Vida. Os principais aspectos da 
diminuição da Qualidade de Vida foram: 
dificuldade em ou impossibilidade de lidar com 
responsabilidade de emprego (todos os 
cuidadores que não estão aposentados, 
apresentaram falta de adaptação moderada ou 
severa tendo que deixar o emprego ou reduzir 
seus horários de trabalho para exercer as tarefas 
de cuidador); perda da possibilidade de sair para 
atividades de lazer ou férias; problemas no 
gerenciamento da casa; aumento da necessidade 
de tomar conta; sensação de falta de tempo 
permanente e dificuldades em atender as 
necessidade de seus filhos ou outros parentes que 
eram executadas anteriormente, com, as vezes, 
conseqüências negativas na atividade escolar 
destas crianças. Também houveram sintomas de 
distúrbio nas relações familiares, 
predominantemente esposas, que reclamaram 
que, agora, raramente discutem planos e 
problemas familiares com os seus parentes tendo 
que decidir tudo sozinhas enquanto que, antes da 
doença, o marido era o líder da família e a pessoa 
que tomava as decisões. 
 
Nossos dados também sugerem que a Qualidade 
de Vida está relacionada não ao resultado 
resumido das desordens cognitivas da pessoa 
cuidada, mas a desordens específicas. São estas: 
desordens da atividade mental, instabilidade 
emocional, exaustão, perda de crítica quanto aos 
seus próprios defeitos e desordens de orientação 
quanto ao tempo e espaço, que foram reveladas 
referentes ao grau de diminuição na Qualidade 
de Vida do cuidador. 
Portanto, o lar deve ser reconhecido como um 
centro de cuidado e a díade cuidador-paciente 
deve ser vista como uma unidade no sentido de 
detectar situações problemáticas almejando 
intervenção apropriada e eficiente pelos 
profissionais, pois pacientes e cuidadores 
reciprocamente afetam um ao outro e ao 
profissional. Estas intervenções devem ser 
ajustadas constantemente, como mudanças 
funcionais ocorrem, e devem ser incorporadas, 
 
 
 
tanto quanto possível, no estilo de vida da 
família. 
 
Para concluir, deixe-me citar os pontos teóricos 
principais da abordagem de reabilitação de 
Luria: 
 
. Funções corticais superiores são concebidas 
originalmente como sociais, mediadas pela fala e 
consciência na sua execução. 
. Uma qualificação cuidadosa do sintoma e uma 
avaliação individualizada dos distúrbios é 
herdada no programa de reabilitação. O principal 
objetivo da avaliação é revelar os pontos fortes 
do paciente, que são os componentes preservados 
no sistema funcional comprometido e as formas 
preservadas na atividade do paciente sendo 
usadas na reconstrução deste sistema funcional. 
 
. O último passo da reabilitação é internalizar e 
automatizar um novo sistema funcional, de 
acordo com os procedimentos treinados, que 
possibilitem ao paciente executar a atividade sem 
auxílio externo. 
. O processo de reabilitação é orientado pelos 
objetivos pessoais do paciente e de sua família. 
. O resultado da reabilitação inclui funções 
cognitivas, psico-sociais, emocionais e 
comportamentais. 
 
Eu espero, que o meu artigo prove com evidência 
que “o Lurianismo representa hoje um corpus 
doctrinae compreensivo em neuropsicologia, 
uma espécie de flamma perpétua com seus 
pontos fortes e fracos. Porém esta abordagem 
imaginativa, inteligente e criativa sempre gerará 
discussões frutíferas e novas idéias...” ( Peña-
Casanova, 1989, p.167). 
 
 
Nota da tradutora: É com imensa honra e prazer 
que realizei a tradução desta conferência. 
Procurei ser fiel ao texto original preservando 
tanto o conteúdo quanto o seu caráter 
discursivo. 
 
References: 
E.D. Homskaya “Alexander Romanovich Luria. Scientific biography” Moscow: Voenizdat, 1992; English 
translation: Kluwer Academic / Plenum Publishers 2001 
A. R. Luria “The making of mind”, Harvard University Press, 1979 
Elena Luria “The story of the life of Alexander Romanovich Luria” In: Luria Lectures. Soviet contributions 
of 1990” Hans Reitzels Forlag, Copenhagen, 1991 
Elena Luria “Moi Otets, A.R. Luria” [My Father, A.R. Luria], Moscow: Gnozis,1994 
L.I. Moskivich, Dmitri Bougakov, Philip DeFina, Elkhonon Goldberg “ A. R. Luria: Pursuing 
Neuropsychology in a Swiftly Changing Society” In: PATHWAYS TO PROMINENCE. Reflections of 
20th Century Neuropsychologists. Kluwer Academic / Plenum Publishers 2002

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