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CCJ0015-WL-C-PP-Aula-08-Guido Cavalcanti

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Civil IV
Aula 8
Propriedade
Prof. Guido Cavalcanti
Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Lembrar que o conceito de propriedade é influenciado pelo regime jurídico vigente. Observar também que ele está passando por um forte período de relativização em razão de princípios como função social da propriedade. 
A propriedade pode recair sobre bens corpóreos. Quando é exclusivamente corpóreo, tradicionalmente chama-se de domínio. 
Portanto, o direito de propriedade é aquele que uma pessoa singular ou coletiva efetivamente exerce numa coisa determinada em regra perpetuamente, de modo normalmente absoluto, sempre exclusivo, e que todas as outras pessoas são obrigadas a respeitar. 
Podemos resumir no direito de usar (servi-se da coisa, nos limites da função social) , gozar (perceber os frutos naturais) e dispor dos bens (transferir a coisa, de gravá-la, etc), bem como reavê-los de quem injustamente os possua. (através da ação reivindicatória)  (jus utendi, fruendi, abutendi e rei vindicatio
A ação reivindicatória teria três pressupostos de admissibilidade: a titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada; A individuação da coisa e a posse injusta do réu. 
É a ação do proprietário que tem título, mas não tem posse, contra quem tem posse, mas não tem título. 
Essa ação visa restituir ao proprietário a cosia vindicada, com todos os seus acessórios, tais como frutos e rendimentos. 
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
Na reivindicatória o conceito de posse injusta é encontrado de maneira mais simples: detém injustamente a posse quem não tem título que a justifique, mesmo que não seja violente, clandestina ou precária, e ainda que seja de boa-fé. 
A pretensão reivindicatória é imprescritível, embora de natureza real. A propriedade não se extingue pelo simples não uso. (mas o possuidor pode tentar se defender alegando usucapião, se assim tiver condições - pois, segundo súmula 237 do STF, O usucapião pode ser arguido em defesa, mas posteriormente deverá o pleito do usucapião seguir o rito ordinário desse procedimento.
Não se deve intentar ações reivindicatória sobre direitos/universalidades, como p.ex., herança, mas sim as coisas corpóreas que entraram em sua composição.
Ação negatória- é cabível, em regra, quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição por alguém. A ação negatória não pressupõe um desapossamento, mas um embaraço criado ao livre exercício do domínio, como na hipótese de o réu fazer passar pelo terreno do vizinho águas que este não está obrigado a receber. 
A reivindicatória é ação de ataque, uma vez que a coisa encontra-se em poder de terceiro, aqui a propriedade é atacada em sua plena liberdade. 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
Traz como consequência a proibição do réu, sob certa pena, de continuar nas mesma usurpações, e a condenação, se no caso couber, de repor a coisa no antigo estado e satisfazer as perdas e danos causados.
Ação de dano infecto
Dano iminente. Tem caráter preventivo. Muito semelhante ao interdito proibitório e vem quando há fundado receio de dano iminente, em razão de ruína de prédio vizinho ou vício na sua construção. 
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. 
Alguns autores admitem sua cumulação à indenização dos danos já sofridos e também a caução contra dano futuro. Também pode-se pedir como pena a suspensão da obra, alternada com a caução. 
Também é frequente sentença que impõe limites à emissão de ruídos, com o impedimento do funcionamento da atividade poluidora. 
Restrições ao direito de propriedade
Observe que inúmeras leis impõe restrições ao direito de propriedade, como o Código de Mineração, Código Florestal, etc.  Temos leis de natureza administrativa, militar, eleitora, etc. 
Há ainda limitações decorrentes do direito de vizinhança e de cláusulas impostas voluntariamente. temos várias situações onde voluntariamente a propriedade foi limitada, como quando pesa sobre ela um ônus real, como no caso de usufruto. 
Mas observe que a propriedade só pode ser utilizada até onde lhe for útil, como ensina o artigo 1229. 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Portanto, não assiste o direito de impugnar a realização de trabalhos que se efetuem a uma altura ou a uma profundidade tais, que não tenha interesse legítimo em impedi-los. 
acrescente a isso o artigo 1230
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Da Descoberta: 
É o achado de coisa perdida por seu dono. Descobridor é a pessoa que a encontra. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
Observe que é uma coisa perdida e não uma coisa abandonada.
O Código Penal, (art. 169, II) considera infração punível a apropriação de coisa achada e a não entrega à autoridade competente no prazo de quinze dias. Essa obrigação só nasce se se apropriar, pois ninguém o obrigado a recolher a coisa perdida. 
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
Essa recompensa tradicionalmente achádego. Mas só haverá recompensa se o dono tiver interesse em recuperar, já que ele também tem o direito de abandoná-la. Nesse caso, o descobridor pode adquiri-la. 
Mas observe: 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
A autoridade competente deve fazer a comunicação pela imprensa e outros meios que existirem, 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou.

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