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Súmula 585-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Súmula 585-STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 
Art. 134 do CTB não prevê hipótese de responsabilidade tributária 
 
Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do 
Código de Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, 
no que se refere ao período posterior à sua alienação. 
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 14/12/2016. 
 
Dever do comprador do veículo providenciar novo CRV 
O art. 123, I e § 1º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determinam que, depois que a pessoa comprar 
um carro, ela deverá providenciar junto ao DETRAN, no prazo de 30 dias, a expedição de novo Certificado 
de Registro de Veículo (CRV). 
 
Dever do vendedor de comunicar ao DETRAN alienação do carro 
Por outro lado, o art. 134 do CTB determina que a pessoa que vendeu o veículo deverá encaminhar ao 
DETRAN, também no prazo de 30 dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de 
propriedade, devidamente assinado e datado. 
Esse “comprovante de transferência da propriedade” é chamado popularmente de DUT (documento único de 
transferência) e consiste em uma espécie de “recibo de compra e venda” que consta na parte detrás do CRV. Lá 
existem alguns campos que são uma autorização para a transferência de propriedade do veículo e que deverão 
ser preenchidos e assinados pelo vendedor e comprador na frente do tabelião de notas a fim de que possa ser 
dado o reconhecimento de firma por autenticidade nas assinaturas. Veja um exemplo na imagem abaixo: 
 
 
 
Súmula 585-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
Assim, depois de alienar o veículo, o vendedor deverá entregar ao comprador o CRV assinado, mas, antes 
disso, é recomendável que tire uma cópia autenticada do documento preenchido, datado e assinado para 
que possa comunicar a venda ao DETRAN. 
Veja, então, que temos duas obrigações distintas: 
 Comprador: tomar as providências junto ao DETRAN para a expedição de novo CRV (art. 123); 
 Vendedor: encaminhar ao DETRAN cópia autenticada do comprovante de transferência de 
propriedade, devidamente assinado e datado (art. 134). 
 
O que acontece se o comprador não cumprir a obrigação acima explicada? 
Ele praticará infração grave, podendo receber multa, além de o veículo ser retido para regularização (art. 
233 do CTB). 
 
O que acontece se o vendedor não fizer a comunicação ao DETRAN? 
Neste caso, o vendedor (antigo proprietário) poderá ser responsabilizado solidariamente pelas 
penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. Em outras palavras, se houver 
alguma multa, o DETRAN considerará o nome do “antigo” proprietário que ainda consta em seus arquivos 
como sendo o dono do veículo multado. Veja a redação do art. 134 do CTB: 
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão 
executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de 
transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar 
solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. 
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput poderá ser 
substituído por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Contran. 
 
IPVA 
IPVA é a sigla de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Como se sabe, trata-se de 
imposto estadual, previsto no art. 155, III, da CF/88. 
Pois bem. O Fisco estadual passou a defender a tese de que, se o antigo proprietário não comunicar ao 
DETRAN a alienação do veículo no prazo de 30 dias, ele passaria a ter responsabilidade solidária pelos 
débitos de IPVA relativos a esse automóvel. Ex: em setembro de 2015, João vendeu seu carro a Pedro; 
ocorre que João nunca enviou ao DETRAN o comprovante de transferência da propriedade. Pedro não 
pagou o IPVA relativo ao ano de 2016. O Fisco sustenta o argumento de que, como não houve a 
comunicação de que trata o art. 134 do CTN, a responsabilidade pelo pagamento do IPVA caberá 
solidariamente tanto ao atual como ao antigo proprietário. 
 
A tese defendida pelo Fisco estadual foi aceita pelo STJ? A responsabilidade solidária de que trata o art. 
134 do CTB engloba o IPVA relativo ao período posterior à alienação do veículo? 
NÃO. A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do CTB, não abrange o IPVA 
incidente sobre o veículo no que se refere ao período posterior à sua alienação. 
 
Art. 134 refere-se a infrações de trânsito 
O art. 134 é expresso ao se referir a “penalidades”. Assim, a responsabilidade solidária prevista neste 
dispositivo abrange apenas as penalidades administrativas, ou seja, as infrações de trânsito, não sendo 
possível fazer uma interpretação ampliativa para criar uma responsabilidade tributária para o antigo 
proprietário, não prevista no CTN, em relação a imposto ou taxa incidente sobre veículo automotor, no 
que se refere ao período posterior à alienação. 
O art. 134 do CTB é norma relativa a trânsito e não pode ter seu âmbito de aplicação extrapolado para 
criar hipótese de responsabilidade tributária. 
 
 
Súmula 585-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Propriedade não se transfere com a providência do art. 134 
Vale ressaltar que a propriedade do veículo automotor não se transfere com a comunicação de que trata o art. 
134 do CTB. Assim, a exigência de encaminhamento do comprovante de transferência não se caracteriza como 
condição nem como ato constitutivo da transferência da propriedade. Logo, mesmo sem a comunicação do art. 
134, o domínio do carro já é do novo proprietário e, portanto, ele é o contribuinte do IPVA.

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