Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUIETURA HOSPITALAR RAMON NASCIMENTO SOUSA ESTIMATIVAS E CUSTOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÃO PARA ESTABELECIMENTO ASSISTENCIAL DE SAÚDE (EAS) NO ÂMBITO DE RONDÔNIA SÃO PAULO 2015 RAMON NASCIMENTO SOUSA ESTIMATIVAS E CUSTOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÃO PARA ESTABELECIMENTO ASSISTENCIAL DE SAÚDE (EAS) NO ÂMBITO DE RONDÔNIA Monografia apresentada ao curso de Pós- Graduação em Arquitetura Hospitalar, Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. SÃO PAULO 2015 RAMON NASCIMENTO SOUSA ESTIMATIVAS E CUSTOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÃO PARA ESTABELECIMENTO ASSISTENCIAL DE SAÚDE (EAS) NO ÂMBITO DE RONDÔNIA Monografia apresentada ao curso de Pós- Graduação em Arquitetura Hospitalar, Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Área de concentração: Data da apresentação: Resultado:______________________ BANCA EXAMINADORA: Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ A Deus, dono de tudo, criador de tudo, conhecedor de tudo. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família pelo apoio e compreensão. Agradeço a minha esposa, pela dedicação e ajuda nesta nova conquista. Aos meus amigos pelo apoio. Ao meu amigo Higor Cordeiro, pelas dicas e revisões metodológicas. Agradeço ao professor Márcio Oliveira por fomentar a ideia de escrever sobre custo no âmbito hospitalar. Agradeço, a grande contribuição como orientador incansável, ao Arquiteto & Urbanista José Mauro Carrilho Guimarães, que me motivou e orientou a continuar a escrever sobre estimativas e custos no âmbito hospitalar, o qual não mediu esforços, em feriados e finais de semana, em corrigir e orientar no caminho certo o presente trabalho. Agradeço a Jefferson Dias, por sua plena contribuição e acompanhamento do presente trabalho. Agradeço ao INBEC por sediar o curso de Pós-Graduação em Arquitetura Hospitalar. Agradeço a Deus, por me proporcionar intelecto e posto em meu caminho pessoas para me ajudar a desenvolver esta monografia. “Quanto custa? ” Autor: Jefferson Dias RESUMO Na construção civil, uma obra é uma atividade de cunho econômico, independentemente de suas características físicas e financeiras, é no início da construção, durante a fase de planejamento, que a estimativa de custos se torna decisiva para sucesso do empreendimento, onde a simulação de quanto custará os serviços alocados para construção, definirá os recursos a serem investidos. Logo, estimar custos é a base elementar para quem se presta a desenvolver projetos, principalmente em se tratando de EAS (Estabelecimento Assistenciais de Saúde). Em Rondônia dentre as obras de EAS licitadas pelo Estado, observou-se que a identificação e alocação dos custos para construção do HEURO (Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia), apresentaram possíveis falhas, que poderiam ser identificadas de maneira rápida, pelo processo de estimativas de custos, partindo de algumas informações elementares sobre o empreendimento e comparando-o com obras semelhantes, possibilitando assim, evitar e/ou minimizar os termos aditivos na construção e possível paralisação da obra. Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo principal, demonstrar meios para estimar custos na construção de EAS (Estabelecimento Assistencial a Saúde) no âmbito de Rondônia, o qual foi possível por meio de levantamento bibliográfico, aferição de conceitos, parâmetros e métodos de estimativa de custos, consulta as principais bases de dados existente no mercado de preços de referências, aplicando tais informações para simular os custos de construção do HEURO, objetivando comparar custo simulado com custo licitado. Assim, demonstrando que a estimativa de custo é uma ferramenta eficaz para auxiliar na faze de planejamento e construção de EAS. Palavras-chave: Custos. Estimativa. Planejamento. Hospital. . RESUMEN En la construcción, el trabajo es una actividad naturaleza económica, independientemente de sus características físicas y financieras, es el inicio de la construcción durante la fase de planificación, la estimación de costos se convierte en crucial para el éxito de la empresa, donde la simulación que va a costar los servicios destinados a la construcción, definir los recursos para ser invertidos. Por lo tanto, los costos de estimación es la base primaria para la que se presta para el desarrollo de proyectos, especialmente en el caso de EAS (Establecimiento de Asistencia Sanitaria). En Rondônia entre las obras de la oferta de EAS por parte del Estado, se observó que la identificación y asignación de costes para la construcción de HEURO (Hospital de Urgencias y Emergencias Rondonia) mostraron un posible fracaso, lo que podría ser identificado rápidamente, el proceso de las estimaciones de costos, de alguna información básica sobre el proyecto y comparándolo con obras similares, permitiendo así que para evitar y / o minimizar las adiciones en la construcción y la posible paralización de la obra. Teniendo en cuenta lo anterior, este trabajo tiene como objetivo principal, para demostrar medios para estimar los costos en la construcción de EAS (Salud Establecimiento de Salud) en Rondonia, lo cual fue posible gracias a la literatura, los conceptos de medición, parámetros y métodos costos estimados, consultan las principales bases de datos existentes en los precios de mercado de referencia, el uso de dicha información para simular los costos de construcción HEURO, con el objetivo de comparar el costo simulado con el coste de la oferta. Por lo tanto lo que demuestra que la estimación de costos es una herramienta eficaz para ayudar en la fase de planificación y construcción de EAS. Palabras clave: Costos. Estimación. Planificación. El Hospital. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Sistemas de custo unitário básico. ........................................................................... 20 Figura 2 – Sistema de preços de serviços do governo federal. ................................................. 20 Figura 3 – Metodologias de estimativas de custos. .................................................................. 20 Figura 4 – Projetos-padrão utilizados no cálculo do CUB/m². ................................................. 22 Figura 5 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. ....................... 22 Figura 6 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. ....................... 23 Figura 7 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. ....................... 24 Figura 8 – Memória de cálculo do custo unitário para o uso dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil. ......................................................................................................................25 Figura 9 – Referência de preços do CUB/m² de Rondônia, mês de setembro de 2015. ........... 26 Figura 10 – Projetos padrão adotados por alguns Sindicatos das Indústrias do Brasil. ........... 27 Figura 11 – Custo Unitária Básico PINI (CUPE) por padrão de construção. .......................... 29 Figura 12 - Resumo histórico da criação e desenvolvimento do sistema SINAPI. .................. 30 Figura 13 – Amostra da tabela de preços e insumos do SINAPI. ............................................ 31 Figura 14 – Amostra da tabela de custo de composições sintéticas do sistema SINAPI. ........ 32 Figura 15 – Amostra da tabela de custos e composições analítica do sistema SINAPI. .......... 33 Figura 16 – Custos Unitário PINI de edificações, para um prédio comercial com elevador de alto padrão de acabamento, possuindo 10.000,00m² de área construída, localizado na Bahia. 34 Figura 17 – Exemplos de obras estimadas pelo método de unidade de produto final. ............. 35 Figura 18 – Exemplo de cálculo estimativo por método de unidade do produto final. ............ 35 Figura 19 - Gráfico demonstrativo de possibilidades de interferência no projeto durante as fases de desenvolvimento do empreendimento. ....................................................................... 36 Figura 20 - Causas para a deficiência de estimativas e orçamentos. ........................................ 38 Figura 21 – Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia – HEURO. .............................. 40 Figura 22 – Implantação do Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia – HEURO. .... 40 Figura 23 – Localização do terreno para construção do HEURO. ........................................... 41 Figura 24 – Parâmetros físicos do HEURO – Quadro de áreas................................................ 42 Figura 25 – Quantidade de leitos por setor hospitalar - HEURO. ............................................ 42 Figura 26 – Setorização da implantação – HEURO. ................................................................ 43 Figura 27 – Setorização Pavimento térreo – HEURO. ............................................................. 44 Figura 28 – Setorização 1º Pavimento - HEURO. ................................................................... 44 Figura 29 – Setorização 2° e 3° Pavimentos. ........................................................................... 45 Figura 30 – Percentual, itens e custos de construção do HEURO. ........................................... 46 Figura 31 – Curva ABC - HEURO ........................................................................................... 46 Figura 32 – Pareto – Amostragem dos 20% de itens mais caros da obra. ................................ 47 Figura 33 – Pareto – Amostragem dos 20% de itens mais caros da obra. ................................ 47 Figura 34 – Amostra do custo por metro quadrado e referência de preços do HEURO. ......... 48 Figura 35 – Composição de laje pré-fabricada do orçamento do HEURO .............................. 68 Figura 36 – Composição de laje pré-fabricada do orçamento do HEURO. ............................. 68 Figura 37 – Composição de laje pré-fabricada para vãos de 10m. ........................................... 69 Figura 38 – Serviços para laje pré-moldada do sistema SINAPI. ............................................ 70 Figura 39 – Composição de laje pré-moldada para vão de 6,2m do sistema SINAPI.............. 70 Figura 40 – Serviços identificados em orçamento do movimento de terra do HEURO. ......... 71 Figura 41 – Serviços identificados em orçamento do movimento de terra do Hospital de Ariquemes. ................................................................................................................................ 71 Figura 42 – Serviços identificados em orçamento do movimento de terra do Hospital de Guajará Mirim. ......................................................................................................................... 72 Figura 43 – Limpeza final da obra do HEURO- preço sem BDI. ............................................ 72 Figura 44 – Limpeza final da obra do Hospital de Ariquemes- preço final com BDI. ............ 73 Figura 45 – Limpeza final da obra do Hospital de Guajará Mirim - preço final com BDI. ..... 73 Figura 46 – Tabela de cargas sobre estruturas - NBR 6120:1980. ........................................... 74 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Histórico dos custos de obras hospitalares do Governo do Estado de Rondônia. .... 49 Tabela 2 - Estudo do Custo por Metro Quadrado (R$/m²) de Obras Hospitalares do Governo do Estado de Rondônia. ............................................................................................................ 51 Tabela 3 - Estudo do custo por metro quadrado (R$/m²) de obras hospitalares do Governo do Estado de Rondônia deflacionados para julho 2011. ................................................................ 53 Tabela 4 – Parâmetros de custos/m² hospitalar do Estado de Rondônia deflacionados para julho de 2011. ........................................................................................................................... 55 Tabela 5 – Parâmetros de custos/m² hospitalar do Estado de Rondônia inflacionado para novembro de 2015. ................................................................................................................... 55 Tabela 6 – Projetos de referência para estimativa de custos do HEURO................................. 56 Tabela 7 – Custos de construção dos EAS adotados para como referência para estimativa de custos do HEURO. ................................................................................................................... 57 Tabela 8 – Processo de deflação e inflação dos custos de construção dos EAS adotados para como referência para estimativa de custos do HEURO. .......................................................... 58 Tabela 9 – Demonstração de estimativas de custos suprimidos para construção do HEURO. 59 Tabela 10 – Demonstração de estimativas de custos reais para construção do HEURO. ........ 59 Tabela 11 – Custo de construção previsto em orçamento analítico do HEURO. ..................... 60 Tabela 12 – Custo apresentado pelas empresas classificadas para construção do HEURO. .... 60 Tabela 13 – Diferença entre os custos por m² estimado e custo por m² licitado. ..................... 60 Tabela 14 – Diferença em percentuais entre os custos estimados e custo licitado. .................. 61 Tabela 15 – Diferença entre o custo por m² do orçamento do HEURO, e os custos dos Hospitais de Ariquemes e Guajará Mirim. ............................................................................... 62 Tabela 16 – Comparativo de percentuais entre os serviços das unidades de saúde. ................ 63 Tabela 17 – Comparativo de custos de serviços entre as unidades de saúde. ......................... 65 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BNH Banco Nacional de Habitação CAERD Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia CERON Centrais Elétricas de Rondônia S.A. CUB Custo Unitário Básico CUPE Custo Unitário PINI de Edificações DEOSP Departamento de Obras Civis e Serviços Públicos EAS Estabelecimento Assistencial de Saúde FCK Resistência Característica do Concreto à Compressão HEURO Hospital de Emergência e Urgência de Rondônia. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NBR Norma Brasileira Regulamentar SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINDUCON-MG Sindicatodas Indústrias da Construção Civil do Estado de Minas Gerais SINDUCON-RO Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de Rondônia SUPEL Superintendência de Licitações do Estado de Rondônia TCU Tribunal de Contas da União TR Tonelada de refrigeração LISTA DE SÍMBOLOS CUB/m² Custo unitário básico por metro quadrado M² Metro quadrado % Porcentagem R$ Real SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 1.1 Metodologia ................................................................................................................... 15 2 CONCEITO DE ESTIMATIVAS E CUSTOS ................................................................. 16 3 PARÂMETROS NORTEADORES PARA O PROCESSO DE ESTIMATIVA DE CUSTOS .................................................................................................................................. 19 3.1 Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB/m²) .............................................. 21 3.2 Custo unitário PINI de edificações (CUPE) .......................................................... 28 3.3 Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI 29 3.4 Metodologias .................................................................................................................. 33 3.4.1 Dimensões físicas ..................................................................................................... 34 3.4.2 Unidade do produto final ......................................................................................... 34 4 ITENS RELEVANTES PARA O PROCESSO DE ESTIMATIVA DE CUSTOS DE UNIDADES HOSPITALARES ............................................................................................. 36 5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 39 5.1 HEURO - Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia .................................... 39 5.1.1 Características física e orçamentária do HEURO. ................................................. 39 5.1.2 Metodologia de estimativas de custos - Histórico dos custos de projetos de saúde do Governo do Estado de Rondônia. ................................................................................ 48 5.1.3 Análise comparativa entre estimativa de custo e orçamento analítico do HEURO.55 5.1.4 Análise crítica do orçamento do HEURO ................................................................ 73 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 77 APÊNDICE A– ENTREVISTA CONCENDIA POR JOSÉ CARRILHO: PROCESSO DE ESTIMAR CUSTOS DE UMA OBRA .......................................................................... 82 ANEXO A - ESTUDO DE CUSTO POR METRO QUADRADO (R$/M²) DE OBRAS HOSPITALARES ................................................................................................................... 83 14 1 INTRODUÇÃO Na construção civil, uma obra é uma atividade de cunho econômico, independentemente de suas características físicas e financeiras, é no início da construção, durante a fase de planejamento, que a estimativa de custos se torna decisiva para sucesso do empreendimento, onde a simulação de quanto custará os serviços alocados para construção, definirá os recursos a serem investidos. Logo, estimar custos é a base elementar para quem se presta a desenvolver projetos, principalmente em se tratando de EAS (Estabelecimento Assistencial de Saúde). Em Rondônia, é notável o crescimento da construção de EAS estaduais, a partir da construção das seguintes unidades: Hospital Regional do Município de Guajará Mirim, iniciada sua construção no ano de 2012; Hospital Urgência e Emergência de Rondônia – HEURO, situado no município de Porto Velho, tendo sua construção iniciada no ano de 2013; Hospital Regional do Município de Ariquemes, iniciada sua construção no ano de 2014. Dentre essas obras, observou-se que a identificação e alocação dos custos para construção do HEURO, apresentaram possíveis falhas, que poderiam ser identificadas de maneira rápida, pelo processo de estimativas de custos, partindo de algumas informações elementares sobre o empreendimento e comparando-o com obras semelhantes, possibilitando assim, evitar e/ou minimizar os termos aditivos na construção e possível paralisação da obra. No entanto, diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo principal, demonstrar meios para estimar custos na construção de EAS (Estabelecimento Assistencial a Saúde) no âmbito de Rondônia. Para realização desse intento, fez-se de forma quali- quantitativa: Realizar revisão bibliográfica Consultar bases de dados que auxiliam no processo de estimar custos. Analisar e descrever metodologias de estimativas de custos utilizadas na construção civil e pelo Governo do Estado de Rondônia. Comparar e descrever a estimativa de custo do HEURO, com os custos de EAS semelhantes licitados pelo Estado de Rondônia. Assim, o presente trabalho estrutura-se por meio dos seguintes tópicos gerais: Conceito de Estimativas e Custos; Parâmetros Norteadores para o Processo de Estimativa de Custos; 15 Itens Relevantes para o Processo de Estimativa de Custos de Unidades Hospitalares; Estudo de Caso. 1.1 Metodologia Definido o tema, foi realizado a localização e análise de dados já publicados concernentes a este, por meio de levantamento bibliográfico, buscando aferir conceitos, parâmetros e métodos para realização do processo de estimativa de custos. Por conseguinte, foi necessário aferir quais as principais bases de dados de preços de referências, que auxiliam na formação dos custos estimados na construção civil, e quais os principais métodos de estimativas praticados no mercado nacional e pelo Estado de Rondônia. Para tanto, foi realizado pesquisa nas bases de dados do SINDUCON-RO (Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Rondônia), SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), PINI (empresa de informação especializada no atendimento às necessidades dos profissionais e empresas da indústria da construção civil), e entrevista informal com o Sr. Jefferson Dias, gerente do setor de Custos e Orçamentos do DEOSP-RO (Departamento de Obras Civis e Serviços Públicos do Estado de Rondônia), o qual forneceu o histórico de custos de construções de EAS novos, licitado pelo Estado de Rondônia (ANEXO I). Na sequência, foi selecionado uma unidade hospitalar já licitada pelo Governo do Estado de Rondônia, o HEURO, para simular os custos de construção deste, e comparar o custo estimado com o custo licitado. Assim, demonstrando que a estimativa de custos é uma ferramenta eficaz para auxiliar na fase de planejamento e construção de EAS. 16 2 CONCEITO DE ESTIMATIVAS E CUSTOS Uma obra, independente dos seus aspectos de localização, cronogramas, recursos, tipologia projetual e contratante, é uma atividade econômica, onde o item “custo” destaca-se por sua relevante importância. A preocupação com os custos na construção civil começa no início da obra, durante a fase de simulação dos custos prováveis para execução da mesma, sendo que o primeiro passo para quem se presta a desenvolver um projeto é estimar quanto irá custar essa obra (MATTOS A. D., 2006). Nesse contexto, a “estimativa de custo terá a função inicial de verificar a previsão e suficiência de recursos paraa conclusão do projeto” (TCU T. d., 2014, p. 6). Logo, será uma análise rápida, feita através de históricos de custos e comparação de projetos similares, gerando um conceito de ordem de grandeza ou índice genérico, que possibilitará uma abordagem primária do custo do empreendimento (MATTOS A. D., 2006). Como ressalta o Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC): “2.3- Definição de Estimativa de Custos de Empreendimentos de Engenharia É o ramo da engenharia que estuda os métodos de projeção, apropriação e controle dos recursos monetários necessários à realização dos serviços que constituem uma obra ou projeto, de acordo com um plano de execução previamente estabelecido” (DIAS, Engenharia de Custos: Estimativas de Custo de Obras e Serviços de Engenharia, 2011, p. 17). Tal custo, Segundo Baeta (2012, p. 22) denomina-se como “[...] tudo aquilo que onera o construtor; representa a soma dos insumos necessários à realização de um serviço, aí compreendidos os gastos com mão de obra, materiais e operação de equipamentos”, sendo classificado em custos diretos e indiretos. “Os custos de uma obra são classificados em diretos e indiretos. Os custos identificados como “diretos” são gastos feitos com insumos referentes a materiais, mão de obra, equipamentos, etc. Os custos indiretos1 englobam todos os gastos com elementos considerados coadjuvantes e necessários à correta elaboração dos serviços. São também identificados como custos indiretos àqueles gastos de difícil alocação a 1 Custos Indiretos [...] Englobam os custos previstos para a Administração Local, Mobilização e Desmobilização Canteiro e Acampamento e Seguros. Exemplo desses custos: remuneração da equipe de administração e gestão técnica da obra (engenheiros, mestres de obra, encarregados, almoxarifes, apontadores, secretárias etc.); equipamentos não considerados nas composições de custos de serviços específicos (gruas, cremalheiras, etc.); custos com a manutenção do canteiro (água, energia, internet, suprimentos de informática e papelaria); mobilização e desmobilização de ativos considerando seus locais de origem e a localização da obra; dentre outros (SINAPI, 2015, p. 9). 17 uma determinada atividade ou serviço, sendo diluído nos diversos itens do projeto” (OLIVEIRA, 2011, p. 395). Segundo Stable (2006) a definição de custos diretos são elementos construtivos que possam ser identificados e apropriados por meio de unidades de medidas, tais como áreas, volumes e quantidades originadas em projetos específicos, estando ordenados pelos seguintes itens gerais: preparação do terreno; contenções; demolições; reforma e reconstrução; serviço de manutenção; fundações diretas e indiretas e entre outros elementos quantificáveis em projeto. Já os custos indiretos, são todos os custos oriundos de serviços de apoio, bem como complementares e indispensáveis durante o estágio de desenvolvimento da obra, tais como: projetos; serviços administrativos; instalações provisórias; ferramentas e ferramental de obras; consumos gerais na obra2; equipamentos de segurança; despesas legais3; transportes e carretos4; maquinas e equipamentos para construção civil; máquinas e equipamentos-terraplanagem. No entanto, diante da diversidade de conceitos para definir, classificar e alocar os custos diretos e indiretos de uma construção de engenharia, e a ausência de normas técnicas específicas aplicadas a engenharia de custos para uniformizar os critérios adotados pelos profissionais do orçamento na distribuição dos custos de uma obra, o TCU (Tribunal de Contas da União) por meio Acórdão nº 2622/2013, buscou estabelecer as diretrizes básicas para classificação e alocação dos custos na construção de engenharia (TCU T. d., 2013). “O processo de estimativas de custos sempre apresentou dificuldades em estabelecer critérios uniformes para a alocação (apropriação ou atribuição) dos custos necessários à formação de preços das obras. A carência de uma norma técnica específica aplicada à engenharia de custos historicamente contribuiu para distanciar os diversos critérios geralmente adotados pelos orçamentistas para classificação e separação dos custos das obras. 33. A doutrina que outrora considerava como principal critério de alocação dos custos das obras aqueles gastos que podiam ser diretamente atribuídos a cada serviço de engenharia previsto na composição de preços unitários. Em consequência, itens como administração local, canteiro de obras, mobilização/desmobilização, dentre outros, não seriam passíveis de associação (identificação) direta aos diversos serviços de engenharia, devendo ser mensurados e calculados como percentuais a serem considerados dentro da taxa de BDI5 dos orçamentos da obra Recentemente, diversos autores passaram a considerar que os elementos de custos que não estivessem ligados diretamente a um serviço também podem ser precisamente planejados, identificados e mensurados em itens específicos do orçamento de uma obra. Por conseguinte, os gastos descritos acima (administração local, canteiro de obras, mobilização/desmobilização etc.) podem ser objetivamente 2 “014 – CONSUMOS GERAIS NA OBRA – unidades de custos organizadas à ordenação dos consumos gerais em obras e serviços, tais como alimentação, Vale-Transporte e movimentações diversas de cargas e operários com anotação de Custos-Quilômetro de vários tipos de veículos leves e pesados” (STABILE, 2006, p. 5). 3 “Taxas de Seguros diversos, ART, Encargos Municipais, Federais ou Estaduais que incidem sobre a obra de construção, além das taxas de ligações definitivas de água, luz, força, esgotos e telefone” (STABILE, 2006, p. 5). 4 “[...] transporte horizontal e vertical de materiais e pessoal de obras [...]” (STABILE, 2006, p. 5). 5 Bônus de Despesas indiretas (TCU T. d., 2014). 18 discriminados na planilha orçamentária como custos diretos da obra. 35. Os primeiros autores a propor a revisão do critério tradicional de classificação dos custos diretos e indiretos para fins de formação de preços de venda de obras foram Mendes e Bastos (2001, p. 14/27). Diante da ausência de consenso sobre o tema, esses autores propuseram a análise dessa questão com base nos conceitos extraídos da doutrina contábil” (TCU T. d., 2013, p. 7). Com base na doutrina contábil6, o TCU observa que os procedimentos para alocar os custos de uma obra, estão sujeitos a possiblidade de localizar e mensurar os serviços em questão, sendo considerado como custos diretos os custos passíveis de identificação e mensuração e, os demais custos de difícil identificação e/ou mensuração são classificados como custos indiretos. “[...] verifica-se que os procedimentos de alocação estão relacionados com a possibilidade de identificação e mensuração dos custos quanto aos objetos que se deseja custear, sendo considerados custos diretos todos os gastos que podem ser objetivamente identificados a cada objeto de custeio e custos indiretos os gastos gerais que necessitam de cálculos para serem distribuídos aos diferentes objetos de custeio, uma vez são de difícil identificação e mensuração ou ainda é antieconômico fazê-lo” (TCU T. d., 2013, p. 9). Assim, o Tribunal de Contas da União com base na transparência e aplicação de conceitos técnicos-científico, estabelece os critérios de alocação de custos na construção civil, bem como suas classificações: “50.Portanto, considera-se que os critérios básicos de alocação dos custos para fins de elaboração e controle de orçamentos de obras e serviços de engenharia, adotados pela literatura especializadae consoante entendimento do TCU e recentes disposições legais, estão devidamente baseados em conceitos extraídos da literatura da contabilidade de custos e os padrões contábeis para contratos de construção, por fornecerem um critério técnico-científico para a determinação dos custos que devem compor a planilha de custos diretos e o BDI. Sob o ponto de vista da Administração Pública, pode-se considerar que o critério técnico-científico baseado nos conceitos da contabilidade de custos e nas normas contábeis de contratos de construção está alinhado com o princípio da transparência dos gastos públicos, por considerar que os custos que podem ser objetivamente identificados e mensurados, bem como passíveis de controle, medição e pagamento individualizado, estejam discriminados na planilha de custos diretos dos orçamentos de obras públicas” (TCU T. d., 2013). 6 “Segundo os preceitos da contabilidade de custos, são custos de produção aqueles gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços destinados à venda. Não se incluem nesse grupo as despesas financeiras e as de administração. Não são incluídos também como custos diretos os fatores de produção eventualmente utilizados para outras finalidades que não a de fabricação de bens (serviços) destinados à venda. Essa definição contábil de despesa serve como critério para inclusão dos gastos ou na planilha orçamentária ou na taxa de BDI, conforme eles sejam considerados, respectivamente, custos diretos ou despesas indiretas” (TCU T. d., 2013, p. 7). 19 3 PARÂMETROS NORTEADORES PARA O PROCESSO DE ESTIMATIVA DE CUSTOS Uma estimativa está intrinsecamente ligada a uma forma de aproximação de custos, na qual são aplicados métodos conceituais, onde o modelo de predição difere do sistema de orçamentação7, em que são levantadas as quantidades individuais dos serviços a serem executados fisicamente na obra; o usual é vincular dados históricos de custos a um determinado parâmetro, tal como área construída, capacidade, número de assentos, extensão e entre outros pertinente ao projeto que se deseja estimar (MATTOS A. D., 2015; Dias, 2011, p. 11). Deste modo: “Elaborar uma estimativa não requer informações muito detalhadas, por isso o tempo despendido na sua elaboração, e por consequência seu custo de elaboração, é menor do que para elaborar um orçamento completo. Aí reside uma vantagem de sua aplicação, especialmente quando ainda se está numa etapa de estudos de viabilidade, analisando várias alternativas técnicas/construtivas para uma mesma obra” (TCU, 2014, p. 5). Existem diretrizes adotadas por diversos autores que norteiam o processo de estimação dos custos de uma construção, bem como preços de referência que auxiliam na formação dos custos no processo de predição. Abaixo, são apresentadas as principais fontes de referências de preços unitário de serviços e insumos, e metodologias de estimativas de custos adotadas na construção civil: 7 “[...] um orçamento tende a demonstrar cada passo do raciocínio para se chegar ao preço final de uma obra, calculando-se as quantidades de cada serviço e seus respectivos preços”. (TCU, 2014, p. 5) 20 Figura 1 – Sistemas de custo unitário básico. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado no SINDUSCON-MG, 2007; PINI. Figura 2 – Sistema de preços de serviços do governo federal. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado no SINAPI. Figura 3 – Metodologias de estimativas de custos. Fonte: Elaborado pelo próprio autor, baseado em MATTOS A. D., As cinco metodologias de estimar custos, 2015. • Custo unitário básico • Custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão, calculado de acordo com a metodologia estabelecida pela ABNT NBR 12721:2006 CUB/m² • Custo unitário PINI de edificações • A PINI desenvolveu uma metodologia própria de cálculo do custo do metro quadrado construído em paralelo com o CUB. Custo unitário PINI de edificações • Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil.SINAPI • Estima-se o custo através das características fisicas da obra: comprimento, área, volume etc.Dimensões fisicas • Estima-se o custo em dados hitóricos de projetos similares que permitam realcionar o custo total da unidade com a capacidade da edificação, ex.: custo em R$/leito; custo em R$/ quarto; custo em R$ /vaga e etc. Unidade do produto final 21 3.1 Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB/m²) No que concerne a custo unitário básico, no Brasil o CUB/m² têm sua origem através da Lei Federal n°4.591 de dezembro de 1964, que obriga os Sindicatos Estaduais da Indústria da Construção Civil (SINDUSCONs) a divulgação mensal dos custos de construção imobiliária utilizado nas respectivas regiões jurisdicionais, sendo o CUB/m² calculado com base em normas8 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2007). A Norma Brasileira Regulamentar NBR 12721:2006 - (Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – procedimento), “estabelece os critérios para avaliação de custos unitários, cálculo do rateio de construção e outras disposições correlatas, conforme as disposições fixadas e as exigências estabelecidas na Lei Federal 4.591/64” (ABNT, 2006, p. 1). A metodologia estabelecida por esta norma, parte do princípio de definir projetos-padrão, semelhantes quanto suas características principais, tais como número de pavimentos; número de dependências por unidades; áreas equivalentes à área de custo padrão privativos das unidades autônomas; padrão de acabamento da construção e número total de unidades. Já, quanto à função e padrão econômico da edificação utilizada para cálculo do CUB/m², a NBR 12721:2006, utiliza os seguintes padrões gerais: projetos-padrão residenciais, comerciais, galpão industrial e residência popular, subdividindo-os em categorias de padrão econômico baixo, normal e alto, e dentro destas categorias, divide-as conforme as características construtivas da edificação por meio de siglas (ver figuras 4, 5, 6 e 7) (SINDUSCON, 2007). 8 “Art. 53: O Poder Executivo, através do Banco Nacional da Habitação, promoverá a celebração de contratos com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (A.B.N.T.), no sentido de que esta, tendo em vista o disposto na Lei nº 4.150, de novembro de 1962, prepare, no prazo máximo de 120 dias, normas que estabeleçam, para cada tipo de prédio que padronizar” (SINDUSCON-MG, 2007). 22 Figura 4 – Projetos-padrão utilizados no cálculo do CUB/m². Fonte: SINDUSCON-MG. Custo Unitário Básico (CUB/m²): Principais Aspectos, 2007. Figura 5 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. Fonte: SINDUSCON-MG. Custo Unitário Básico (CUB/m²): Principais Aspectos, 2007. 23 Figura 6 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. Fonte: SINDUSCON-MG. Custo Unitário Básico (CUB/m²): Principais Aspectos, 2007. 24 Figura 7 – Caracterização dos projetos-padrão conforme a NBR 12721:2006. Fonte: SINDUSCON-MG. Custo Unitário Básico (CUB/m²): Principais Aspectos, 2007. 25 Com base nessas classificações o CUB de cada projeto-padrão é calculado a partir da aplicação dos preços unitários dos insumos (material e mão de obra) dos projetos-padrão aos coeficientes constantes (quantidades de materiais por m² de construção)dos quadros da NBR 12.721 (lotes básicos). Os preços dos insumos são coletados mensalmente pelo SINDUSCON de cada Estado, junto a uma quantidade significativa de construtoras que mensalmente informam os valores praticados (ver figura 8). Já, para o cálculo dos custos de mão de obra, utiliza-se o percentual referente aos encargos sociais e benefícios previdenciários, oriundos de legislações próprias da Convenção Coletiva de Trabalho (MATTOS A. D., 2006). Figura 8 – Memória de cálculo do custo unitário para o uso dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil. Fonte: ABNT. NBR 12.721- Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento, 2006. 26 Assim, CUB é o resultado da média dos insumos representativos coletados junto às construtoras, e multiplicado pelo peso que lhe é conferido conforme o padrão calculado, resultando em um parâmetro de preço médio, no qual não estão inclusos alguns elementos específicos da construção (MATTOS A. D., 2006), como observa o SINDUSCON-RO (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Rondônia) (ver figura 9): “Os valores abaixo referem-se aos Custos Unitários Básicos de Construção (CUB/m²), calculados de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591, de 16/12/64 e com a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e são correspondentes ao mês de SETEMBRO DE 2015. "Estes custos unitários foram calculados conforme disposto na ABNT NBR 12.721:2006, com base em novos projetos, novos memoriais descritivos e novos critérios de orçamentação e, portanto, constituem nova série histórica de custos unitários, não comparáveis com a anterior, com a designação de CUB/2006". "Na formação destes custos unitários básicos não foram considerados os seguintes itens, que devem ser levados em conta na determinação dos preços por metro quadrado de construção, de acordo com o estabelecido no projeto e especificações correspondentes a cada caso particular: fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático; elevador(es); equipamentos e instalações, tais como: fogões, aquecedores, bombas de recalque, incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação e exaustão, outros; playground (quando não classificado como área construída); obras e serviços complementares; urbanização, recreação (piscinas, campos de esporte), ajardinamento, instalação e regulamentação do condomínio; e outros serviços (que devem ser discriminados no Anexo A - quadro III); impostos, taxas e emolumentos cartoriais, projetos: projetos arquitetônicos, projeto estrutural, projeto de instalação, projetos especiais; remuneração do construtor; remuneração do incorporador” (SINDUSCON-RO, 2015). Figura 9 – Referência de preços do CUB/m² de Rondônia, mês de setembro de 2015. Fonte: SINDUSCON-RO, 2015. 27 No que concerne a seleção de projetos padrão, para gerar o CUB/m² de cada região a NBR 12721:2006 estabelece que os Sindicatos das Industrias da Construção Civil ficam responsável em nomear e verificar um CUB padrão representativo de sua região, sendo obrigados a demonstrar os critérios de cálculo adotados, bem como divulgar mensalmente os valores atualizados do CUB representativo. Para se obter o CUB representativo, os Sindicatos das Industrias de todo o país utilizam um projeto padrão específico (ver figura 10), com objetivo de possibilitar a visualização do comportamento financeiro do mercado9 local, adotando como critério de escolha do projeto-padrão, a pesquisa de mercado regional junto as construtoras filiadas ao SINDUSCON, o tipo de edificação mais construída, o maior número de lançamentos no ano e entre outros critérios (SINDUSCON-MG, 2007). Figura 10 – Projetos padrão adotados por alguns Sindicatos das Indústrias do Brasil. Fonte: SINDUSCON-MG. Custo Unitário Básico (CUB/m²): Principais Aspectos, 2007. 9 "O CUB é um valor em reais. Ele representa o valor, por m2, da construção de uma habitação de acordo com os padrões estabelecidos pela NBR 12.721. Como o cálculo é feito com uma periodicidade mensal, é possível criar uma série histórica da evolução dos valores a partir das suas variações mensais (MATTOS A. D., 2006, p. 37). 28 Assim, o CUB/m² possibilita disciplinar o mercado de incorporação imobiliária propondo parâmetros e índices10 que determinam os custos dos imóveis bem como suas variações mensais (SINDUSCON-MG, 2007), auxiliando também no processo metodológico de estimativa de custos na construção civil, como ressalta Oliveira (2011): “As estimativas de custos geralmente são baseadas em indicadores e o mais utilizado é o Custo Unitário Básico (CUB)”. 3.2 Custo unitário PINI de edificações (CUPE) A PINI é uma empresa de informação especializada em construção civil, que visa atender as necessidades de profissionais e empresas do setor, atuando nos segmentos de mídia, educação, sistemas, dados e consultorias (PINI, 2015). A mesma, desenvolveu uma metodologia de cálculo própria de custo do metro quadrado construído, denominado Custo Unitário PINI de Edificações (CUPE), o qual é utilizado como referência em paralelo ao CUB divulgado pelo SINDUSCON por adotar um projeto padrão distinto deste, gerando índices que levam a valores não muitos distintos do CUB do SINDUSCON, cabendo ao profissional do orçamento adequar e verificar qual padrão que mais se relaciona com sua obra (MATTOS A. D., 2006). O critério de cálculo adotado pela PINI ocorre pela utilização de orçamento global de cada tipo de projeto padrão escolhido, onde são atualizados mensalmente os preços de cada insumo (material, mão-de- obra e equipamentos) desses orçamentos, aplicando para o cálculo do custo de mão de obra as taxas, Leis Sociais e Risco de Trabalho e, excluindo do custo por metro quadrado os seguintes itens: taxa de BDI; projetos, cópias, orçamentos, emolumentos, administração local da obra, serviços de proteção coletiva, movimentos de terra, fundações11 especiais, ar-condicionado, aquecedores e paisagismo (PINI, 2015). Com base nesses critérios, a PINI mensalmente divulga os preços de construção por metro quadrado possibilitando para processo de estimativa de custos, adotar o CUPE como 10 “O Índice CUB é a variação acumulada do CUB entre o mês anterior e o atual. É um percentual. Ele representa quanto o custo de construção variou de um mês para o outro. É um parâmetro importante para comparação entre a alta dos preços da construção civil e outros índices mais genéricos divulgados na imprensa - IGP-M, INPC, INCC, ICC, FIPE, etc.” (MATTOS A. D., 2006, p. 37) 11 “Na etapa de infraestrutura foram considerados somente os serviços referentes à execução de vigas baldrames, travamentos e blocos de apoio” (PINI, 2015). 29 preço de referência, para se obter o custo global de uma obra conforme o tipo de edificação (ver figura 11). Figura 11 – Custo Unitária Básico PINI (CUPE) por padrão de construção. Fonte: PINI. Errata: Novas tabelas do CUPE, 2015. 3.3 Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI Implementado em 1969 pelo BNH - Banco Nacional de Habitação, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) foi incialmente criado com objetivo de fornecer informações acerca dos custos e índices da construção civil habitacional, sendo adotado pela CAIXA12 em 1986após extinção do BNH, tornando-se um sistema de referência aplicado em obras habitacionais em todo o Brasil (SINAPI, 2015). Por meio do Conselho Curador do FGTS o qual publica a resolução n° 161 de 1994, constitui que a CAIXA terá o dever de padronizar os procedimentos de análise de engenharia, bem como implementar um sistema nacional de acompanhamento de custos que abrangesse custos de obras de edificação, saneamento e infraestrutura urbana (SINAPI, 2015). Logo, segundo Baeta: 12 “[...] Caixa sempre buscou ser mais que apenas um banco, mas uma instituição realmente presente na vida de milhões de brasileiros. [...] A Caixa é uma empresa 100% pública, e que exerce um papel fundamental no desenvolvimento urbano e da justiça social do país, vez que prioriza setores como habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços [...]” (CAIXA, s.d.) 30 “A CAIXA promoveu a ampliação do sistema SINAPI com o desenvolvimento e implementação, em abril de 1997, do módulo de orçamentação. Nessa oportunidade, contou com a parceira dos principais órgãos públicos do país executores de obras e serviços para formação de conjunto de composições de serviços para atender as obras financiadas com recursos do FGTS. Concomitantemente à ampliação do sistema, a CAIXA firmou convênio com o IBGE para realização da coleta e tratamento estatístico dos custos mensais dos insumos utilizados nas composições de custo unitário incluídas no sistema. Atualmente, o IBGE faz coleta do preço mensal de milhares de insumos em todas as capitais” (BAETA, 2012, p. 332). Com a criação da Lei de Diretrizes Orçamentárias13 no ano de 2003, foi estabelecido que a média de preços e serviços correspondentes do SINAPI será o balizador de preços para serviços contratados com recursos do Orçamento Geral da União. Não obstante, as Leis subsequentes mantiveram essa determinação até 2013, passando por pequenas alterações, e finalmente em 2014 o tema passou a ser tratado como decreto presidencial n° 7983/2013, o qual estabelece os critérios e exigências para elaboração de orçamento de referência de obras de engenharia e contratados com recursos Federal (CAIXA, 2015). Abaixo (ver figura 12), é demonstrado o resumo histórico da criação e desenvolvimento do sistema SINAPI. Figura 12 - Resumo histórico da criação e desenvolvimento do sistema SINAPI. Fonte: SINAPI. Manual de Metodologias e Conceitos, 2015. No que concerne a parâmetros que auxiliam no processo de estimativa de custos, Baeta (2012) destaca os principais relatórios gerados pelo sistema SINAPI são: 13 Lei n° 10.707, de 30 de julho de 2003 (BRASIL, 2003). 31 Relatórios de Preços de Insumos: relatório contendo informações concernentes a preços medianos dos materiais, mão de obra e equipamentos utilizados na construção civil os quais são coletados mensalmente pelo IBGE em todos os estados e atualizados no banco de dados do SINAPI (ver figura 13), salvo exceção, diante da impossibilidade de coleta de preços locais suficientes para formação de preço de referência de uma dada região, adota-se o preço coletado em São Paulo, assim, possibilitando o sistema SINAPI ter preços14 de referência para todos os insumos de todos os estados, bem como publicar relatórios de insumos e composições para os mesmos (CAIXA, 2015). Figura 13 – Amostra da tabela de preços e insumos do SINAPI. Fonte: CAIXA. O que é SINAPI, 2015. 14 “Visando disponibilizar essa informação aos usuários nos relatórios de insumos, foram incluídas legendas com a indicação da origem do preço: C – para preço coletado pelo IBGE no mês de referência do relatório; CR – para preço obtido por meio do coeficiente de representatividade do insumo (metodologia família homogênea de insumos); e AS – para preço atribuído com base no preço do insumo para a localidade de São Paulo” (CAIXA, 2015). 32 Relatório Sintético do Custo de Serviços: relatório de composições apresentado de forma sintética as descrições e preços de referência de composições unitárias dos serviços em vigor no sistema SINAPI (ver figura 14). (CAIXA, 2015). Figura 14 – Amostra da tabela de custo de composições sintéticas do sistema SINAPI. Fonte: CAIXA. O que é SINAPI, 2015. Relatório Composições analíticas: Relatório que apresenta as mesmas composições dos demais, com dados sobre seus itens (insumos e composições auxiliares) e níveis de consumo e produtividade para o desempenho de uma unidade do serviço. O relatório não apresenta preços para os serviços, sendo esses disponibilizados nos Relatórios de Composições (ver figura 15) (CAIXA, 2015). 33 Figura 15 – Amostra da tabela de custos e composições analítica do sistema SINAPI. Fonte: CAIXA. Catálogo de Composições Analíticas, 2015. Deste modo, o sistema SINAPI fornece relatórios que possibilitam nortear quanto a preços unitários de insumos, serviços e composições analíticas para realização do processo de estimativa de custos de obras civis. 3.4 Metodologias É possível se ter uma ideia aproximada dos custos de uma obra, antes mesmos que se tenham projetos ou orçamentos mais detalhados. Para tanto é necessário ter algumas informações elementares sobre o empreendimento que se pretende construir, como padrão de construção, tipo de uso, número de pavimentos, área total e entre outros elementos comparando com custos de obras semelhantes já executadas (PINI, 2011). Mattos (2015) destaca alguns métodos de estimativas paramétricas15: 15 “O método de orçamentação por parametrização, que será apresentado no livro, utiliza informações básicas do empreendimento, comumente relatadas num documento chamado “Estudo de Massa”. E mostra que, com poucos dados (área do pavimento, número de andares, quantidade de vagas, etc.), e muito pouco tempo, pode-se obter uma estimativa de custo de construção, que servirá de balizador durante o processo de projeto e, também, para a contratação da construtora. Essa ferramenta de caráter evolutivo, deve ser construída a partir de dados de projetos já executados, de banco de dados de contratações e de parâmetros construtivos” (GONÇALVES & CEOTTO, 2014, p. 19). 34 3.4.1 Dimensões físicas O método de estimativa das dimensões físicas, consiste na predição dos custos utilizando um parâmetro físico da obra, como: área, volume, comprimento e entre outros. Um exemplo comum é o custo por metro quadrado (R$/m²) aplicado no mercado mobiliário, também há outros parâmetros de custos utilizados nesse método, como os custos por quilômetros de estrada (R$/km), custo por tonelada de estrutura metálica (R$/Toneladas) e entre outros (MATTOS A. D., 2015). Abaixo, Mattos (2015) demonstra a aplicação desse método utilizando o custo unitário PINI de edificações para o cálculo. Figura 16 – Custos Unitário PINI de edificações, para um prédio comercial com elevador de alto padrão de acabamento, possuindo 10.000,00m² de área construída, localizado na Bahia. Fonte: MATTOS, A.D. As cinco metodologias de estimar custos, 2015. Solução: 10.000,00m² x R$ 1.119,98 = R$ 11.979.800,00 3.4.2 Unidade do produto final Semelhante a estimativa por dimensões físicas, a estimativa por unidades do produto final tem por base dados históricos de projetos similares que possibilitam comparar o custo global da obra com parâmetros de capacidade da edificação(MATTOS A. D., 2015). Abaixo, são descritas algumas obras estimadas tipicamente por unidade de produto final. 35 Figura 17 – Exemplos de obras estimadas pelo método de unidade de produto final. Fonte: MATTOS, A.D. As cinco metodologias de estimar custos, 2015. Com base nesse método de estimativa, o investidor tem a possiblidade de não se preocupar a primeiro momento com o custo por metro quadrado de construção, e sim com o custo do produto final (MATTOS A. D., 2015), o qual refletirá diretamente na proporção de área de construção da edificação. Mattos (2015) dá o seguinte exemplo prático desse método: “Utilizando a faixa de custos históricos de hotéis cinco estrelas no Caribe, estimar o custo de construção de um hotel de 400 quartos naquela região” (ver figura 18). Figura 18 – Exemplo de cálculo estimativo por método de unidade do produto final. Fonte: MATTOS, A.D. As cinco metodologias de estimar custos, 2015. Solução - valor mínimo: US$ 60.000/quarto x 400 quartos = US$ 24.000.000,00 Solução - valor máximo: US$ 90.000/quarto x 400 quartos = US$ 36.000.000,00 36 4 ITENS RELEVANTES PARA O PROCESSO DE ESTIMATIVA DE CUSTOS DE UNIDADES HOSPITALARES A grande importância de uma estimativa de custos está em fazer análises16 de viabilidade do empreendimento, permitindo escolhas de alternativas a serem adotadas na etapa de detalhamento dos projetos, sem fixar o elevado ônus da elaboração de um orçamento (ver figura 19). O processo de estimar o valor de uma obra, não requer muitas informações detalhadas sobre o projeto, por isso seu custo de elaboração é menor, o que não significa que seu conteúdo e menos confiável que um orçamento (BAETA, 2012 apud Sprancer & Conforto). Figura 19 - Gráfico demonstrativo de possibilidades de interferência no projeto durante as fases de desenvolvimento do empreendimento. Fonte: GONÇALVES & CEOTTO. Projetando Por Objetivo: o controle do custo no processo de projeto. Orçamento Multiparamétrico: uma ferramenta para Gestão do Custo de Edificações, 2015. 16 “Acompanhamento contínuo do custo das decisões de projeto: esse é o item mais importante do processo de gestão e evita sustos tardios onde um empreendimento ultrapassa o valor previamente estipulado nos estudos de viabilidade. Esse item requer estimativas de custo constantes mesmo em fases iniciais de concepção. O custo esperado em cada subsistema da obra deve ser informado previamente aos projetistas como premissa de projeto e contemplados formalmente nos documentos de diretrizes. Devem ser avaliadas o custo de todas as decisões de arquitetura e de engenharia, seu impacto na construtibilidade e no orçamento final do empreendimento” (CEOTTO, 2008). 37 Estimar “uma obra é realizar um exercício de previsão. É acima de tudo interpretar o projeto e computar (adivinhar?) tudo aquilo que representará custo na obra” (MATTOS A. D., 2014). Nesse sentido, a identificação dos custos de obras hospitalares será dada por componentes de um determinado projeto, quer seja de adequação, reforma ou construção nova, composto por elementos técnicos17, contribuindo para que o processo de estimativa atinja resultados satisfatórios, assim, evitando “Termos Aditivos” (GUIMARÃES, 2015). Logo, o “projeto tem por objetivo possibilitar a elaboração adequada da estimativa de custos do empreendimento” (DIAS, 2012, p. 12). Concomitante ao projeto, estimar custos requer a experiência do profissional do orçamento, sensibilidade e conhecimentos atualizados (BAETA, 2012 apud Sprancer & Conforto), para identificação dos serviços presentes de forma explicita e/ou implícita em projeto, como observa Guimarães (2015): “Os serviços que não podem ser identificados diretamente no projeto, por exemplo, os cálculos estruturais, ou até mesmo o elevador, ou as centrais de gases medicinais, se assim forem contemplados na concepção do projeto fará com que o profissional do orçamento esteja atento a estar “estimando” (estimar é a forma de identificar uma ordem de grandeza quantitativa e monetária para tal serviço) ou até mesmo pesquisar o referido serviço em publicações mensais de revistas especializadas editadas ou empresas que atuam nesta área de serviço que apresentaram propostas técnicas. [...] cabe ao profissional do orçamento, identificar, principalmente os serviços de transportes (horizontal dentro da área da obra ou até mesmo o “bota-fora” proveniente de entulhos gerados), o acesso para entrar e sair os materiais, se necessário for computar o uso de elevador de obras, e principalmente identificar se algum setor da área que sofrerá esta adequação ou reforma deverá ser implantado, de forma provisória durante o cronograma da obra, em outro local. Estes custos de implantação, mesmo que provisório, deverá ser computado neste elemento técnico (orçamento)”. Dessa forma, a experiência do profissional do orçamento associada a projetos bem dimensionados e especificados, fazem parte dos itens relevantes para o processo de estimativas de custos, os quais implicarão no sucesso do empreendimento. Abaixo, o Tribunal de Contas da União (TCU) e Dias (2015) destacam as causas e consequências de estimativas mal elaboradas: “Entre as principais causas para deficiências no processo de formação de preços, citam-se os projetos incompletos, defasados e/ou deficientes e o uso inadequado de referências de preços ou, ainda, a própria deficiência do sistema referencial utilizado. Profissionais mal preparados, em termos de conhecimentos basilares de engenharia 17 “[...] em um todo (projetos, termo de referência ou escopo de serviços e orçamento com cronograma físico- financeiro)” (GUIMARÃES, 2015). 38 de custos, também têm o potencial de inserir relevantes imprecisões na avaliação do custo da obra” (TCU T. d., 2014, p. 8). “Uma estimativa de Custos elaborada de forma equivocada pelo contratante traduz-se em prejuízo para a nação e toda a sociedade civil, inclusive, nós os próprios engenheiros e arquitetos, parte integrante desta mesma sociedade e, ainda, causando dificuldades financeiras para as empresas e os profissionais da área. O que não podemos admitir são obras paralisadas por motivos de dotações orçamentárias falhas, principalmente por desconhecimento da boa técnica da Engenharia de Custos” (DIAS, 2012, p. 21). Figura 20 - Causas para a deficiência de estimativas e orçamentos. Fonte: TCU T. d. Orientações para Elaboração de Planilhas Orçamentárias de obras Públicas, 2014. No que diz respeito a estimativas de projetos pouco convencionais, como uma indústria sem referências de obras similares ou uma ponte de design diferenciado com uma tecnologia construtiva poucas vezes aplicada em outros projetos, implicará no bojo da estimativa de custos uma imprecisão maior (MATTOS A. D., 2010). Em entrevista informal com o Arquiteto Urbanista José Mauro Carrilho Guimarães, Mestre em Educação profissional em Saúde, com larga experiência em estimativas e custos hospitalares, cita, quanto ao processo estimativo de obras diferenciadas: “Na verdade, elencamos um número "x" de serviços importantes e relevantes para mediar à estimativa identificando os serviços menos relevantes para uma estimativa em percentual (acrescendo, por exemplo, um percentual em razão do que está sendo apresentado nos croquis, estudo preliminar, projeto ou outro elemento técnico), situando que relevância é a característica de ser preponderante o serviço identificado 39 ao serviço objetodo elemento técnico independente de quantitativo e preço. Não chamo de orçamento preliminar, mas sim de estimativa com maiores detalhamentos dos serviços em relevância (por exemplo, no hospital estarei identificando os serviços de instalações elétricas, de instalações de gases, do sistema de circuito de TV, das instalações de chamadas de enfermaria, não esquecendo dos serviços mais comuns a edificação (alvenaria, revestimento, pintura entre outras), lembrando sempre dos serviços diferenciais aos serviços convencionais. [...] O que é importantíssimo na estimativa ou no orçamento que defina essa metodologia descrita na memória de cálculo que espelha o que executou na estimativa, por exemplo a partir de m3 ou m2 ou Kg. Se não houver contato com projetos executivos você sempre estará desenvolvendo um orçamento estimativo, que é um orçamento preliminar, pois não tem os elementos definidos para apropriar por isso que estima por m2, m3, por Kg entre outros18”. Assim, para correta formação dos custos estimados de uma obra, dentre os itens relevantes a serem observados estão projetos, percepção e identificação dos itens específicos a serem orçados que fazem parte da concepção projetual, custos e quantidades representadas ou não em projeto, sensibilidade e percepção do profissional do orçamento para identificar os custos diretos e indiretos gerados na área a ser implantado o projeto, em suma, estimar custos é uma soma de experiência do profissional do orçamento associada a projetos bem concebidos. Portanto, “sem projeto sem estimativa de custos” (DIAS, 2012, p. 2). 5 ESTUDO DE CASO 5.1 HEURO - Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia 5.1.1 Características física e orçamentária do HEURO. Localizado no Estado de Rondônia no município de Porto Velho, o Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia (HEURO) (ver figura 21), foi desenvolvido com objetivo de atender a alta demando por leitos de urgência e emergência a qual tem ocasionado a superlotação do Hospital e Pronto Socorro João Paulo Segundo, situado no mesmo município (SUPEL, 2013). Entretanto, notória a ineficiência por parte dos municípios em cumprir as prerrogativas constantes na legislação supramencionada, de modo que a consequência 18 Entrevista concedida por José Mauro Carrilho Guimarães do Rio de Janeiro. Entrevista I. [novembro de 2015]. Entrevistador: Ramon Nascimento Sousa, Porto Velho – RO, 2015. A entrevista na íntegra encontrasse transcrita no Apêndice desta monografia. 40 é percebida diuturnamente pela superlotação do único hospital de urgência e emergência da nossa capital, o famigerado João Paulo II. “Em Rondônia temos 1,5 milhão de habitantes, mais os pacientes de Estados vizinhos e até da Bolívia. O João Paulo é visto como um vilão, mas ele é a vítima e é como um funil, pois, a demanda é muito grande. Todo dia chega gente. O pronto-socorro não é o problema, é a solução crítica de uma situação caótica”, disse o governador, Confúcio Moura. (SUPEL, 2013) Figura 21 – Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia – HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Figura 22 – Implantação do Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia – HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 41 O HEURO está situado no bairro Industrial, Rua Alto Madeira, entre ruas Aparício Moraes e Benedito de Souza Brito, ao lado do Hospital de Base do Estado de Rondônia (ver figura 23), com uma área total construída de 17.370,73m² (Dezessete mil, trezentos e setenta, vírgula, setenta e três metros quadrados) (SUPEL, 2013). Figura 23 – Localização do terreno para construção do HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. O programa de necessidades deste Hospital se distribui ao longo de 4 pavimentos de uma tipologia arquitetônica tipo vertical possuindo 268 leitos (ver figuras 24 e 25). A estrutura da construção foi concebida em concreto armado, com paredes de vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos revestidos com reboco interno e externamente, sendo em laje pré-moldada protendida as lajes de piso e forro, com uma cobertura em estrutura de madeira com telhas 42 metálicas. Já os materiais de acabamento foram especificados conforme critérios de durabilidade, facilidade de manutenção e higienização buscando uma padronização na aplicação dos mesmos ao longo dos diversos ambientes do hospital (SUPEL, 2013). Figura 24 – Parâmetros físicos do HEURO – Quadro de áreas. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Figura 25 – Quantidade de leitos por setor hospitalar - HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Quanto a infraestrutura predial, o fornecimento de água será fornecido pela concessionária local CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia), a coleta e tratamento de efluentes será por meio de estação de tratamento de esgoto própria, o 43 fornecimento de energia elétrica será fornecido pela concessionária local CERON (Centrais Elétricas de Rondônia S.A.), o sistema de energia elétrica de emergência será através de equipamento No Break on Line e Gerador de Energia com partida automática, o sistema de telefonia será digital. Já as instalações de gases medicinais (oxigênio; ar comprimido; óxido nitroso; vácuo clínico) e gás GLP serão sistema tipo Central, o sistema de combate a incêndio será por meio de hidrantes e extintores, o sistema de ar condicionado será tipo Split com dutos e filtros (SUPEL, 2013). Quanto a setorização, nas áreas externas, foi situada acesso ao pronto socorro, acesso ao público, acesso de serviços, estacionamento de funcionários e público, transformadores e geradores, estação de tratamento de efluentes, transporte, manutenção, auditório/capela e posto policial (ver figura 26). No térreo, foram setorizados os seguintes ambientes: pronto socorro e observações, diagnóstico, administração, espera e recepção, lavanderia, conforto e higiene de funcionários, morgue, abrigo de resíduos e almoxarifado (ver figura 27). Já no 1° pavimento, estão locados os seguintes ambientes: UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), cozinha e refeitório, farmácia, CME (Central de Material Esterilizado), Áreas Administrativas, SAME (Serviço de Arquivamento Médico e Estatística) e Arquivo, IT Médico, Casa de Máquinas (Ar- Condicionado) e áreas reservadas para futura ampliações (ver figura 28), ficando por fim, nos 2° e 3° pavimentos as enfermarias masculina e feminina (ver figura 29) (SUPEL, 2013). Figura 26 – Setorização da implantação – HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 44 Figura 27 – Setorização Pavimento térreo – HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Figura 28 – Setorização 1º Pavimento - HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 45 Figura 29 – Setorização 2° e 3° Pavimentos. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Esta obra foi estimada em orçamento analítico no valor de R$ 47.458.001,19 (Quarenta e sete milhões, quatrocentos e cinquenta e oito mil, um real e dezenove centavos), na curva ABC19 deste observa-se que 20% dos itens de serviços de construção equivale a 86,39% do custo da obra, que compreende a cerca de trinta e três milhões de reais (sem BDI) (ver figuras 30, 31), correspondendo aos serviços de acabamentos de piso, parede e teto, dutos e equipamentos de ar-condicionado, concreto usinado e armação de aço em geral, lajes pré- moldadas, câmaras frias, elevadores, grupo gerador e demais instalações elétricas (ver figuras32 e 33) (SUPEL, 2013). 19 “A curva de experiência ABC, também conhecida como Análise de Pareto, ou Regra 80/20, é um estudo que foi desenvolvido por Joseph Moses Juran, um importante consultor da área da qualidade que identificou que 80% dos problemas são geralmente causados por 20% dos fatores. O nome “Pareto” vem de uma homenagem ao economista italiano Vilfredo Pareto, que em seu estudo observou que 80% da riqueza da Itália estava na mão de 20% da população. E boa parte do entendimento da Curva ABC se deve à análise desenvolvida por Pareto” (HENRIQUE, 2010). 46 Figura 30 – Percentual, itens e custos de construção do HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Figura 31 – Curva ABC - HEURO Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 47 Figura 32 – Pareto – Amostragem dos 20% de itens mais caros da obra. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. Figura 33 – Pareto – Amostragem dos 20% de itens mais caros da obra. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 48 Quanto ao custo por m² do HEURO, atinge o valor de R$ 2.732,07 (dois mil, setecentos e trinta e dois e sete centavos) por metro quadrado construído, já incluso BDI de serviços de construção de 25% e BDI de equipamentos 12% (ver figura 34). Neste custo por metro quadrado, estão inclusos todos os serviços de construção da edificação principal, bem como seu entorno, tais como estacionamento, arruamentos, paisagismo, abrigo de resíduos, subestação, grupo gerador, guaritas, paisagismo e entre outros. Figura 34 – Amostra do custo por metro quadrado e referência de preços do HEURO. Fonte: SUPEL, Concorrência Pública 072, 2013. 5.1.2 Metodologia de estimativas de custos - Histórico dos custos de projetos de saúde do Governo do Estado de Rondônia. Com base nos dados históricos dos custos de construções hospitalares novas licitadas pelo Governo do Estado de Rondônia, o setor Custos e Orçamentos do DEOSP (Departamento de Obras e Serviços Públicos do Estado de Rondônia) compilou essas informações em tabela, demonstrando os custos de cada construção nova de EAS, gerando parâmetros de custos de unidades hospitalares por analogia de projetos. Tal metodologia é aplicada no DEOSP apenas para efeito de dimensionar os recursos monetários a serem capitados pelo Governo do Estado de Rondônia, para construção do EAS, não sendo aplicado em licitações os valores encontrados nessas estimativas. O usual, no que concerne a engenharia e arquitetura, para montagem do processo de licitação em Rondônia é mobilizar equipes compostas por engenheiros, arquitetos e técnicos que irão dimensionar todos os projetos básicos concernentes a obra, junto com seus memoriais descritivos, a partir desses documentos o profissional do orçamento simula o custo da obra, extraindo desses elementos técnicos as quantidades de insumos para construção da obra e, referenciando-os a preços de insumos e serviços das tabelas do sistema SINAPI ou a 49 preços médios20 praticado no mercado, podendo assim chegar a um valor estimado por meio de planilha orçamentária analítica. A partir do histórico de valores extraídos de planilhas orçamentárias de EAS anteriores, o processo de formação do custo estimado por analogia de projetos do Governo do Estado de Rondônia, parte do princípio do CUB/m², onde, para comparar custos de projetos similares é extraído do orçamento desses projetos os seguintes custos: equipamentos como elevadores, monta cargas, plataformas elevatórias, câmara fria, instalações como chamada de enfermagem e entre outros elementos que possam gerar distorções muito elevadas na estimativa de custo (ver tabela 1). Tabela 1- Histórico dos custos de obras hospitalares do Governo do Estado de Rondônia. Modalidade a Publicação b Objeto d Data-Base – cálculo e Custo f Concorrência Pública 113/2012 24/11/2012 Construção do Hospital Regional em um terreno existente de 6.000,00m². Totalizando uma área a ser construída de 4.063,83m², no município de Guajará Mirim/RO. 24/11/2012 R$ 12.032372,22 (Custo total) R$ 11.938786,53* Concorrência Pública 086/2013 08/11/2013 Construção de um Laboratório Central de Patologia Clínica, sendo o Térreo com 476,16m², o 1° andar com 27,29m² e uma Caixa D’Água com 27,29m², com uma área total a ser construída de 530,74m², no (s) município (s) de Porto Velho / RO. 01/01/2012 R$ 11.62358,28 (Custo total) 20 “O Decreto 7.983/2013 estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União. [...] As diversas tabelas de custos mantidas por órgãos e entidades da esfera estadual podem ser consideradas “sistemas específicos instituídos para o setor”, sendo pacífica sua aceitação como fonte referencial de preços. Nesse sentido, o Acórdão TCU 3.272/2011-Plenário assim dispôs: [...] 9.1.1.9.3. subsidiariamente, preços de outros sistemas aprovados pela Administração Pública, na hipótese de não serem encontradas referências nos sistemas anteriores, ou em caso de incompatibilidade técnica das composições desses paradigmas frente às peculiaridades do serviço, desde que demonstrada documentalmente mediante justificativa técnica; 9.1.1.9.4. subsidiariamente, cotação de mercado contendo o mínimo de três cotações de empresas/fornecedores distintos, fazendo constar do respectivo processo a documentação comprobatória pertinente aos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado; [...] (TCU T. d., ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS DE OBRAS PÚBLICAS, 2014). 50 Tabela 1- Histórico dos custos de obras hospitalares do Governo do Estado de Rondônia. (continuação) Modalidade a Publicação b Objeto d Data-Base – cálculo e Custo f Tomada de Preço 006/2014 14/02/2014 Construção e Adequação de Unidade de Nutrição Enteral e Lactário do Hospital de Base Ary Pinheiro, no município de Porto Velho/RO. Outubro de 2013 R$ 412.869,23 (Custo total) Concorrência Pública 072/2013 14/02/2014 Construção de um Hospital de Urgência e Emergência, com área total de 17.370,73m² (dezessete mil, trezentos e setenta, vírgula, setenta e três metros quadrados), no município de Porto Velho/RO. 06/06/2013 R$ 47.4.58.001,19 (Custo total) R$ 46.099.436,64 ** 09/06/2011 Construção da Unidade de coleta e Transfusão de Sangue em Rolim de Moura. 09/06/2011 R$ 864.239,05 (Custo total) RDC 006/2014 25/02/2014 Construção do Hospital de Seringueiras 25/02/2014 R$ 6.398.504,44 (Custo total) RDC – 013/2014 01/03/2014 Construção do Hospital Regional de Ariquemes. 01/03/2014 R$ 35.889.806,49 (Custo total) R$ 33.698.073,50 *** RDC – 008/2014 25/02/2014 Construção de Unidade de Pronto Atendimento em Ji-Paraná. 25/02/2014 R$ 3.875.213,31 Observação: CUB - PADRÃO COMERCIAL ALTO - MÉDIA CSL8 * HR – Guajará - Mirim - Retirado o custo de chamada de enfermagem retirada R$ 93.585,69 (..) ** HR – Porto Velho - orçado em R$47.458.001,19 sendo retirado o custo de elevador, câmara fria e chamada de enfermagem, na qual se atinge o valor de R$46.099.436,64. *** HR – Ariquemes- orçado em R$35.889.806,49 sendo retirado o custo de elevador, câmara fria e chamada de enfermagem,
Compartilhar