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A Existência Ética Profa Rosana Angelo Moral – vem da palavra latina mos, moris, que quer dizer o costume; no plural mores significa os hábitos de conduta ou de comportamento instituídos por uma sociedade em condições históricas determinadas. Ética – vem de duas palavras gregas: éthos, que significa o caráter de alguém, e êthos que significa o conjunto de costumes instituídos por uma sociedade para formar, regular e controlar a conduta de seus membros. Senso e Consciência Moral O senso e a consciência moral referem-se a valores – justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade; a sentimentos – admiração, vergonha, culpa remorso, cólera, amor, medo – as nossa decisões conduzem a ações com conseqüências para nós e para os outros. O conteúdo dos valores variam mas podemos sintetizá-los em um valor mais profundo: o bem e o mal; o bom e o mau - buscar a felicidade e afastar a dor e o sofrimento. Os sentimentos e as ações morais são aqueles que dependem apenas de nós mesmos, que nascem da nossa capacidade de avaliar e decidir por nós mesmos e não levados por outros ou obrigados por eles – o senso e a consciência moral tem como pressuposto fundamental a idéia de liberdade do agente. Juízo de Fato …são aqueles que dizem que algo é ou existe, e que dizem o que as coisas são, como são e por que são (CHAUI). Em outras palavras, juízos de fato são proposições que formamos com base no material da realidade, ou seja, das coisas que estão ao nosso redor, das coisas que existem de fato, dos objetos materiais. Ex: O aço é um metal; o hidrogênio é um elemento químico; o revólver é uma arma, está chovendo ... Juízo de Valor o São normativos, ou seja, enunciam as normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, atos, comportamentos. o São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto. O senso moral e a consciência moral são inseparáveis da vida cultural, uma vez que essa define para seus membros os valores positivos e negativos que devemos respeitar ou detestar. Juízo de Fato é a natureza, ele existe em si e por si mesmo independente de nós; já o Juízo de valor é uma criação histórico- cultural. Cultura- maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e as suas relações com a natureza, acrescentando-lhe algo novo, alterando-a. Geralmente, não consideramos a origem cultural dos valores éticos, do senso moral e da consciência moral – somos educados neles e para eles. Para garantir a manutenção dos padrões morais através do tempo e das gerações as sociedades tendem a naturalizá-los. A naturalização da existência moral esconde um fato essencial, o mais importante da ética – o fato de ela ser criação histórico- cultural. Ética e Violência História das Idéias Éticas da antiguidade aos nossos dias está intimamente relacionada com a violência e dos meios para diminuí-la, controlá-la e evitá-la. As diferentes culturas definiram conjuntos de valores éticos como padrões de conduta e de comportamentos sociais que pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros garantindo a conservação do grupo social. As definições de violência variam enormemente de acordo com as culturas e sociedades, e ainda de acordo com o lugar e o tempo. Entretanto, certos aspectos da violência são percebidos da mesma maneira, nas várias culturas e sociedades, formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos. Geralmente, a violência é percebida quando alguém é coagido, física ou psicologicamente, a fazer alguma coisa que é contrária aos seus interesses e desejos causando- lhe danos. Ações contra a dignidade humana. Quando uma cultura ou uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, circunscrevem aquilo que entendem por violência contra o indivíduo ou contra o grupo. Contra a isso, erguem os valores positivos, o bem e a virtude, como barreiras éticas contra a violência. A cultura nos define como sujeitos do conhecimento e da ação definindo violência tudo o que reduz um sujeito a condição de objeto. Do ponto de vista ético, somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos são a garantia e expressão da nossa condição de sujeitos, proibindo moralmente que nos transformem em coisa usada e manipulada por outros. o A Ética é normativa - suas normas visam impor limites e controles ao risco permanente da violência. Os Constituintes do campo ético Conduta Ética- necessidade do agente consciente – aquele que conhece e diferencia o bem e o mal, certo e o errado, permitido e proibido, virtude e vício. O agente consciente também percebe-se como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir conforme os seus princípios morais. É responsável por suas ações, sentimentos e suas conseqüências. Consciência e responsabilidade – essenciais para a vida ética. A consciência moral – capacidade para decidir entre possibilidades. Capacidade para avaliar, medir conseqüências para si e para os outros. Meios e fins – é impossível valer-se de meios imorais para atingir fins morais. A consciência Moral – obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi- lo (se o estabelecido for imoral e injusto) A vontade é o poder deliberativo e decisório do agente moral – a vontade deve ser livre, ou seja, não pode estar submetida a vontade do outro e nem submetida às paixões e instintos – deve-se ter poder sobre elas e eles. O sujeito moral só pode existir se apresentar as seguintes condições: Ser consciente de si e dos outros – ser capaz de reflexão e reconhecer essa capacidade nos outros seres éticos. Ser dotado de vontade, capaz de controlar seus desejos e sentimentos, capaz de decidir entre várias possibilidades. Ser responsável por essas decisões já que é autor das ações. Ser livre. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre as possibilidades, mas o poder para auto determinar-se, dando a si mesmo as regras de conduta. O Campo ético é, assim, constituído pelo agente livre, que é o sujeito moral ou a pessoa moral, e pelos valores e obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, ou seja, as virtudes, ou as condutas e ações conformes ao bem. Autônomo e Heterônomo o Autônomo: a palavra vem do grego autos (eu mesmo, si mesmo) e nomos (lei, norma, regra) – aquele que tem o poder de dar a si mesmo a regra, a norma, a lei é autônomo e goza de autonomia ou liberdade. Autonomia significa autodeterminação. (Sujeito Ativo). oHeterônomo: Quem não tem a capacidade racional para a autonomia. A palavra Heterônomo vem do grego hetero (outro) e nomos (receber do outro a norma, a regra, a lei). (Sujeito Passivo). o Toda a ética é universal do ponto de vista da sociedade que a institui – universal por que os valores que institui são válidos para todos os seus membros. Porém, está relacionada com o tempo e a história já que as nossas ações desenrolam-se no tempo. oOs meios para alcançar os fins – fins éticos, meios éticos. • CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. SP: Ática Editora, 2012. • VALLS, Álvaro. O que é Ética. (Coleção Primeiros Passos)
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