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www.pneumoatual.com.br 
Espirometria 
 
Autor(es) 
Carlos Alberto de Castro Pereira1 
Jan-2010 
 
1 - O que é a espirometria? 
Espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. A palavra é escrita com s e não 
com x, porque vem do latim spirare, que significa respirar + metrum, que significa medida. 
2 - Por que a espirometria é diferente de outros exames de laboratório? 
A espirometria difere dos exames usuais por diversos aspectos. Exige a compreensão e 
colaboração do paciente em todas as manobras; o equipamento utilizado deve estar calibrado 
e deve ser acurado, e, finalmente um técnico treinado é essencial para obtenção de um exame 
adequado. A espirometria é um exame simples apenas na aparência. Erros podem acontecer 
em diversas etapas. 
Os valores tidos como normais diferem de país para país. Finalmente a interpretação deve 
levar em conta dados clínicos e epidemiológicos. Um paciente com DPOC avançada será 
classificado como portador de distúrbio obstrutivo grave por todas as tabelas de previstos 
utilizados, porém a adoção de previstos inadequados em indivíduos que realizam check-up 
pode ter conseqüências indesejáveis. 
3 - Como deve ser feito o controle de qualidade dos exames? 
Estudos realizados em países avançados, como Nova Zelândia, demonstraram que 70 a 90% 
dos testes não preencheram os critérios técnicos estabelecidos para um exame adequado. No 
Brasil, este tipo de estudo não foi realizado, porém pode-se afirmar que a qualidade em geral é 
ruim. A maioria dos laboratórios não dispõe de técnicos treinados e certificados pela Sociedade 
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e muitos laudos são assinados por não médicos ou 
médicos não especialistas. Exames inadequados podem ser facilmente detectados pela 
inspeção dos gráficos, valores numéricos e laudos que acompanham os testes. Estes exames 
devem ser denunciados aos prestadores de serviço. 
4 - Como comprar um bom equipamento? 
Dezenas de opções são disponíveis. Inicialmente deve-se levar em conta quantos testes por 
dia serão realizados, que testes e valores funcionais são necessários ou desejáveis, quem irá 
conduzir os testes e qual seu nível de conhecimento, se o sistema deve ser portátil e finalmente 
qual o custo que pode ser coberto. 
Os espirômetros caem em 2 categorias: deslocamento de volume e sensores de fluxo. Alguns 
espirômetros de volume não são computadorizados, são baratos e simples de operar. Os 
sensores de fluxo são computadorizados ou têm um microprocessador, e portanto permitem a 
realização de muitos testes rapidamente. Uma nova geração de espirômetros, ditos "de bolso", 
com sensores de fluxo, podem ser usados em consultórios. Nos últimos 2 a 3 anos, sua 
acurácia alcançou a dos equipamentos tradicionais. 
Uma vez selecionado um tipo de sistema, deve-se escolher 2 ou 3 fabricantes e fazer contato 
com seus representantes. Demonstrações em congressos são úteis. Deve-se verificar: 
• se a acurácia do sistema foi testada por uma agência independente; 
• a facilidade de operação e os recursos do software; 
• como é feita a assistência técnica; 
• quanto irão custar as atualizações do software e qual a freqüência com que serão 
feitas; 
• capacidade de armazenamento dos exames e facilidade de transporte do sistema; 
• individualização dos relatórios: cabeçalho, formato e aparência e, se além dos 
previstos, são assinalados os limites de referência; 
 
1 Doutor em Pneumologia; 
Assistente EPM-UNIFESP; 
Diretor, Doenças Respiratórias - HSPE-SP. 
 
 
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• disponibilidade de valores de referência brasileiros. 
Finalmente, deve-se pedir o endereço ou o telefone de usuários do sistema, e deve-se fazer 
consultas para avaliar facilidades e dificuldades. 
5 - Quais são os parâmetros básicos usados na interpretação da espirometria e como 
devem ser expressos? 
A Capacidade Vital representa o maior volume de ar mobilizado em manobra expiratória, após 
o enchimento máximo dos pulmões. Pode ser medida lentamente (CV lenta) ou de maneira 
rápida (CV forçada). As 2 manobras, de CV lenta e forçada devem ser feitas rotineiramente. 
VEF1 é o volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra da CVF. Tanto a CV(F) como 
o VEF1 são expressos em litros corrigidos para as condições BTPS (temperatura corporal em 
pressão ambiente e saturado com vapor d'água). As curvas expiratórias forçadas devem ser 
registradas plotando-se o volume no eixo vertical contra o tempo no eixo horizontal (curva de 
volume-tempo) e também plotando-se o fluxo no eixo vertical contra o volume no eixo 
horizontal (curva de fluxo-volume). O fluxo atinge seu valor máximo no início da expiração e 
decai gradualmente até o final da manobra. O pico de fluxo, que reflete o esforço máximo 
inicial, será facilmente observado na curva fluxo-volume. A manobra pode ser encerrada ao 
observar-se um platô ao final da curva, significando que não existe mais ar para ser exalado. 
Este platô será facilmente perceptível na curva volume-tempo. 
É recomendável ainda a obtenção de um fluxo derivado do meio da curva - fluxo derivado entre 
25-75% da CVF na curva volume-tempo, ou fluxo instantâneo do meio da curva expiratória na 
curva de fluxo-volume (FEF50). Os fluxos são expressos em l/s, em condições de BTPS. 
6 - Como se comporta a espirometria em indivíduos normais ao longo da vida? 
A função pulmonar aumenta exponencialmente dos 6 aos 14 anos de idade, sendo nesta faixa 
etária grandemente influenciada pela estatura. Nos adolescentes, a variação é complexa e 
influenciada pela estatura, idade e peso. Este último reflete o ganho muscular nesta faixa 
etária. A função pulmonar atinge valores máximos aos 20 anos no sexo feminino e aos 25 anos 
no sexo masculino. O pulmão deixa de crescer antes, porém, a força muscular se eleva no 
sexo masculino, o que eleva a capacidade vital. Após o máximo, a função pulmonar permanece 
estável até os 35 anos de idade aproximadamente, quando começa a decair gradualmente ao 
longo da vida. O VEF1 cai 28 ml/ano, em média, no sexo masculino e 21 ml/ano no sexo 
feminino. 
7 - O que ocorre com a função pulmonar ao longo da vida em indivíduos predispostos às 
doenças obstrutivas? 
O indivíduo pode chegar ao início da vida adulta com uma menor função pulmonar, por 
diversos fatores intervenientes na infância, entre os quais o fumo passivo e ativo. Após atingir a 
função máxima, o VEF1 pode declinar precocemente ou ainda de maneira acelerada, mais 
tarde na vida. 
Indivíduos com hiperresponsividade brônquica, aí incluídos os asmáticos, perdem função mais 
rapidamente. O mesmo ocorre com 15% dos fumantes, que são suscetíveis aos efeitos do 
tabagismo. 
8 - Como calcular a idade pulmonar de um fumante suscetível? 
Os fumantes suscetíveis perdem, em média, 60 ml/ano de VEF1, mas a variação individual é 
ampla, podendo chegar a centenas de ml, daí a importância de medidas seriadas anuais. Um 
fumante masculino de 50 anos e com VEF1 previsto de 3,60 l (limite inferior previsto de 3,0 l) e 
VEF1 encontrado de 2,16 l, perdeu teoricamente 0,84 l de VEF1 por efeito do cigarro, o que 
significa 30 anos a mais se a perda fosse a usual de 28 ml/ano. Pode-se contar ao doente que 
sua idade pulmonar estimada é de 80 anos. 
9 - Todos os sistemas de espirometria mudam os valores previstos quando a raça é 
mudada de branca para negra. O que explica tais achados? 
Tabelas de valores previstos derivadas da população norte-americana revelam que os valores 
são em média 15% inferiores para a raça negra. Este fator de correção não se aplica aos 
valores publicados para a população brasileira, onde os valores previstos são semelhantes. Os 
negros norte-americanos têm menor proporção entre o tronco e os membros, o que não ocorre 
 
 
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entre nós. Se uma equação norte-americana for adotadapara uso, deve-se digitar sempre raça 
branca na inserção dos dados gerais. 
10 - Quando a espirometria deve ser indicada? 
Os testes de função pulmonar, em particular a espirometria, são úteis para diagnóstico e 
monitorização de diversas condições. O grau de disfunção também pode ser de auxílio na 
avaliação da incapacidade laborativa. 
11 - Quais são as indicações diagnósticas? 
O diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva não pode ser feito de maneira confiável 
utilizando-se apenas os dados de história e exame físico. O pulmão exibe uma grande reserva 
funcional, de modo que sintomas estarão presentes quando o VEF1 situar-se em geral abaixo 
de 60% do previsto. Mesmo em valores abaixo deste limiar, a percepção da dispnéia é muito 
variável, tanto em asma, como em DPOC. Pacientes com tosse crônica, dispnéia e chiado 
devem fazer espirometria. As causas mais comuns de dispnéia na prática clínica são DPOC, 
asma, insuficiência cardíaca e doenças pulmonares intersticiais. Em todas estas situações a 
espirometria dá contribuições, incluindo ICC, onde a melhora do quadro (ou a piora) pode ser 
facilmente avaliada por mudanças da Capacidade Vital, embora isto seja pouco utilizado pelos 
cardiologistas. 
12 - A espirometria pode ser usada como exame de triagem de doenças obstrutivas, em 
grupos de risco, como os fumantes? 
Sim. A espirometria preenche os critérios para utilização como teste de triagem para a 
detecção precoce de DPOC já que: 
• a doença se detectada tardiamente resulta em morbidade e mortalidade substanciais, e 
o que se pode fazer tem efeito limitado; 
• existe atualmente tratamento eficaz para a cessação do tabagismo; 
• a espirometria é simples e confiável, desde que as normas técnicas sejam seguidas; 
• espirômetros portáteis são largamente disponíveis. 
Fumantes ou ex-fumantes com mais de 45 anos, ou fumantes sintomáticos devem ser 
considerados para a espirometria. 
13 - Quando a espirometria está indicada na asma? 
Em pacientes com sibilância ou aperto no peito a espirometria está indicada para confirmar o 
diagnóstico de asma. Em outros casos a asma manifesta-se por dispnéia ou tosse, 
isoladamente. Todo asmático deve fazer espirometria por ocasião da avaliação inicial e após 
estabilização dos sintomas e do pico de fluxo expiratório para documentar o nível alcançado de 
função pulmonar (normal ou não). Alguns asmáticos têm um componente de obstrução 
largamente fixo. Nestes pacientes a espirometria reflete melhor a evolução do que as medidas 
mais simples, de pico de fluxo. 
Na emergência, a medida do grau de obstrução em asmáticos, é essencial. Embora medidas 
de pico de fluxo sejam em geral suficientes, se a espirometria for facilmente disponível, é 
preferível. 
14 - Como são classificados e caracterizados os distúrbios espirométricos? 
Os distúrbios espirométricos são classificados em: 5 grupos: 
1. restritivo 
2. obstrutivo 
3. obstrutivo com capacidade vital reduzida 
4. misto ou combinado 
5. inespecífico 
A inspeção dos gráficos permite imediata inferência do distúrbio presente. 
 
 
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Curva de fluxo-volume expiratório em normais, em portadores de distúrbios restritivos e 
distúrbios obstrutivos. 
Distúrbio restritivo é caracterizado por ausência de obstrução e CV(F) reduzida na presença de 
causa potencial para restrição, ex. fibrose pulmonar, com relação VEF1/CVF normal. CV(F) 
normal pré ou pós broncodilatador exclui presença de distúrbio restritivo. 
Algumas doenças de vias aéreas como bronquiectasias e alguns casos de asma, podem levar 
ao fechamento completo das vias aéreas periféricas e podem dar este padrão, pseudo-
restritivo, denominado então de inespecífico. 
Distúrbio obstrutivo é caracterizado por presença de obstrução, com VEF1 reduzido e CV(F) 
normal, com relação VEF1/CVF diminuída. 
Na obstrução, se o aprisionamento de ar elevar muito o volume residual, a capacidade vital 
pode estar reduzida. Aqui refere-se ao distúrbio obstrutivo com capacidade vital reduzida. 
Quando a CVF se reduz pode levar a uma relação VEF1/CVF normal. Entretanto a causa mais 
freqüente de relação VEF1/CVF normal associada a distúrbio obstrutivo normal é a incorreta 
realização da manobra de CVF com pouco tempo de expiração. 
Se a CV(F) estiver muito baixa, na presença de obstrução e na presença de doença clínica 
potencialmente restritiva associada (ex, asma + obesidade), pode-se caracterizar distúrbio 
misto. 
Como podemos ver a espirometria deve estar sempre associada à avaliação clínica. 
15 - Como se caracteriza obstrução ao fluxo aéreo na espirometria? 
Em geral pela relação VEF1/CV(F) reduzida. A obstrução resulta em esvaziamento mais lento 
dos pulmões, de modo que a relação cai. Embora valores abaixo de 70% sejam sugeridos para 
caracterizar obstrução em adultos, deve-se preferir a utilização de valores abaixo de um limite 
inferior particular. Este depende do sexo e da idade - mulheres tem vias aéreas maiores em 
proporção ao volume pulmonar, e portanto valores previstos maiores. 
16 - O encontro de relação VEF1/CVF baixa, sempre indica doença? 
Não. Indivíduos de grande estatura (acima de 1,85 m), com tórax grande (CV acima de 120% 
do previsto) ou com grande força muscular, podem "esmagar" as vias aéreas numa manobra 
de expiração forçada e exibir valores para relação reduzidos. Nestas situações o laudo deve 
contemplar a possibilidade de "variante normal". 
 
 
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17 - Quando a espirometria deve ser repetida em DPOC? 
VEF1 é o parâmetro espirométrico fundamental a ser seguido, para documentar a história 
natural da DPOC, porque é o melhor indicador prognóstico. A repetição anual, fora de períodos 
de exacerbação, permite avaliar o declínio funcional. Para isto, devem ser considerados os 
valores após broncodilatador. 
A espirometria não muda após programas de reabilitação e outras medidas devem ser feitas 
para avaliar o impacto sobre a doença. 
A espirometria também deve ser repetida em DPOC após algumas intervenções como cursos 
de corticóides, para avaliar possível componente reversível. 
18 - Quais são as indicações da espirometria para monitorização? 
A efetividade de diversas intervenções terapêuticas pode ser verificada pela espirometria. 
Usualmente isto envolve tratamentos destinados a reverter a obstrução ao fluxo aéreo ou 
diminuir a extensão ou gravidade de processos pulmonares infiltrativos difusos. 
A história natural da doença pode ser avaliada por medidas funcionais seriadas. Pacientes com 
silicose ou fibrose pulmonar podem permanecer estáveis ao longo dos anos ou ter rápido 
declínio funcional. O mesmo vale para DPOC e outras condições pulmonares. 
Indivíduos expostos a poeiras e irritantes no trabalho devem ser submetidos a espirometrias 
periódicas. Declínio funcional excessivo aponta para lesão pulmonar. 
Usuários de drogas potencialmente lesivas aos pulmões, como amiodarona e bleomicina, não 
devem ser seguidos por função pulmonar para detectar agressão potencial. Diversos estudos 
comprovaram a inutilidade da espirometria (e difusão) nestes casos. 
19 - Como saber que um teste espirométrico foi bem realizado? 
Quando o médico recebe os exames, deve inspecionar as curvas de fluxo-volume e volume-
tempo. Pelo menos 3 testes aceitáveis devem ser feitos e 2 devem ser reprodutíveis. Os testes 
são aceitáveis quando: 
• o pico de fluxo é bem precoce, significando que o esforço inicial foi satisfatório; 
• o traçado deve estar livre de oscilações abruptas como as causadas por tosse ou falta 
de esforço máximo e uniforme; 
• a curva deve durar pelo menos 6 s em adultos, se os valores são normais, ou pelo 
menos 10 s, em indivíduos com obstrução ao fluxo aéreo; 
• um platô deve ser observado no último segundo na curva volume-tempo. 
O computador irá selecionar muitas vezes apenas uma curva para ser impressa, masestes 
dados são facilmente observáveis, pelo menos nesta melhor curva. 
Os critérios de reprodutibilidade envolvem a diferença entre os 2 maiores valores de VEF1 e 
CVF abaixo de 0,2 l, o que significa que provavelmente o máximo foi obtido. Estes valores não 
constam dos relatórios, mas o laudo deve ser iniciado por comentários a respeito do 
preenchimento (ou não) dos critérios de aceitação e reprodutibilidade. 
20 - Qual a importância da espirometria nas doenças infiltrativas difusas? 
É um exame rotineiro básico, porém insuficiente. As 2 doenças mais freqüentes são a fibrose 
pulmonar idiopática e a sarcoidose. A sarcoidose tem um prognóstico muito melhor, de modo 
que em 2 pacientes com CV(F) de 60%, um com sarcoidose e outro com fibrose pulmonar 
idiopática , aquele com FPI estará em fase final; já o paciente com sarcoidose raramente 
morrerá por efeito da doença. 
Na sarcoidose, a CV(F) espelha bem a extensão da doença e a resposta ao tratamento. Na 
fibrose pulmonar, a melhor correlação entre extensão da doença é refletida pela difusão do CO 
e pela queda da PaO2 com o exercício. Já a estabilização da CV(F) após meses de tratamento 
(ou não), em portadores de FPI, assegura melhor prognóstico, com vários anos a mais de 
sobrevida. 
 
 
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21 - Todo paciente submetido a espirometria deve repetir o exame após broncodilatador 
(Bd)? 
Todos os pacientes com obstrução ao fluxo aéreo devem repetir o teste após broncodilatador. 
Existe um tônus brônquico de repouso, o que significa que haverá mudanças na espirometria 
após broncodilatador, mesmo em indivíduos normais. Alguns autores sugerem que 
broncodilatadores sejam fornecidos de rotina, mas é preferível ser seletivo. Em indivíduos 
assintomáticos submetidos o check-ups, se a espirometria inicial é normal, repetição após Bd 
não se justifica. Em portadores de asma diagnosticada, a repetição após Bd pode mostrar 
incremento significativo, mesmo na ausência aparente de obstrução inicial. O laudo mudará 
para obstrução leve, desde que a resposta esperada em normais (10% de aumento do VEF1) 
seja excedida. Já na suspeita de asma, se a espirometria é normal, é preferível fazer um teste 
de broncoprovocação que tem sensibilidade muito maior para diagnóstico. O médico pode 
solicitar a prova funcional respiratória e acrescentar a observação: se normal incluir teste de 
broncoprovocação. 
Em indivíduos com distúrbio aparentemente restritivo na espirometria, pode-se descobrir 
obstrução inaparente se houver elevação significativa do VEF1 (acima de 0,2 l) após Bd. 
22 - Quando a resposta ao Bd é considerada significativa na espirometria? 
Em normais, o VEF1 pode se elevar até 10% do seu valor inicial após Bd. Portanto, se a 
espirometria é normal, estes valores devem ser excedidos para caracterizar reversibilidade. 
Nos pacientes com obstrução ao fluxo aéreo, considera-se que elevações do VEF1 de 0,2 l e 
da CVF de 0,35 l excedem a variação ao acaso (dada por placebo), de modo que esta resposta 
é considerada significativa do ponto de vista então estatístico. 
A espirometria sugere mais asma do que DPOC se o VEF1 se elevar 10% ou mais do valor 
previsto, em geral mais do que 0,3 l. 
A ATS (American Thoracic Society) considera como resposta broncodilatadora positiva uma 
elevação de 12% da CVF ou VEF1 pós em relação ao pré e 200 ml em termos absolutos. 
23 - Como explicar a melhora clínica após Bds relatada por pacientes com DPOC, sem 
que o VEF1 mude? 
VEF1 é um parâmetro derivado do início da manobra expiratória forçada e portanto reflete o 
esvaziamento de unidades pulmonares com vias aéreas mais permeáveis . Além disso a 
manobra expiratória forçada comprime dinamicamente as vias aéreas. Estas se tornam mais 
compressíveis pelo efeito do Bd. A obstrução em DPOC se dá nas vias aéreas periféricas. O 
aprisionamento de ar resulta em hiperinsuflação que é a causa fundamental da dispnéia. A 
redução do ar aprisionado (volume residual) após o Bd irá resultar em aumento da CV lenta e 
da capacidade inspiratória CI, que não é avaliada rotineiramente nas espirometrias. 
24 - Quais são as implicações deste achado e como valorizá-lo? 
A elevação da CV e da CI acima de 0,4 e 0,3 l, respectivamente, associam-se à melhora clínica 
em portadores de DPOC, o que não ocorre com o VEF1. A implicação é que todos os estudos 
que avaliam a eficácia de agentes para a obstrução ao fluxo aéreo em DPOC, através do VEF1, 
tem escassa relevância clínica. Isto inclui comparações entre diferentes tipos de Bds e 
corticóides inalados. 
25 - Qual o papel da espirometria na avaliação de risco cirúrgico pré-operatório? 
Todos os candidatos a cirurgia de ressecção pulmonar devem realizar avaliação funcional pré-
operatória. Dependendo dos resultados espirométricos, difusão de CO, gasometria e testes 
cardiopulmonares de exercício podem ser necessários. 
Em outros procedimentos cirúrgicos os testes devem ser indicados seletivamente. Em geral, o 
risco de complicações geralmente declina à medida que a distância do tórax ao local cirúrgico 
aumenta . Cirurgias de abdome superior e torácica sem ressecção pulmonar são associadas 
com risco aumentado de complicações pulmonares. 
 
 
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Pacientes que serão submetidos a cirurgia abdominal baixa, onde se estima prolongado tempo 
cirúrgico, e a cirurgia de cabeça e pescoço, que envolve freqüentemente grandes fumantes, 
devem ser incluídos nas indicações. 
História e exame físico cuidadosos são fundamentais para avaliar o risco pulmonar no pré-
operatório. Tosse crônica, dispnéia e intolerância ao exercício devem ser questionadas. Idade 
avançada, obesidade, e tabagismo, sem outros achados pulmonares não são indicativos para 
espirometria pré-operatória. O exame físico pode identificar achados de doença pulmonar não 
reconhecida. Entre tais achados, dados indicativos de obstrução ao fluxo aéreo merecem 
destaque, como roncos, sibilos e redução do murmúrio vesicular. 
26 - Como é classificada a gravidade do distúrbio espirométrico obstrutivo? 
O distúrbio obstrutivo é classificado em distúrbio leve, moderado e acentuado. 
Pacientes com obstrução ao fluxo aéreo e VEF1 ou VEF1/CVF abaixo de 40% são classificados 
como portadores de distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) acentuado. Em DPOC, a sobrevida 
torna-se menor com a redução progressiva do VEF1, sendo especialmente afetada, quando os 
valores do VEF1 pós-Bd situam-se abaixo de 40% do previsto. Metade dos pacientes com estes 
valores funcionais morrerão nos 5 anos seguintes ao teste. 
Pacientes com VEF1 e relação VEF1/CVF acima de 60% são classificados como portadores de 
DVO leve. Pacientes com valores intermediários são classificados como portadores de DVO 
moderado. 
27 - Por que usar 2 parâmetros para classificar o DVO? Não se poderia usar apenas o 
VEF1? 
A American Thoracic Society sugeriu que o diagnóstico de obstrução ao fluxo aéreo seja feito 
pela relação VEF1/CVF reduzida e a partir daí a classificação de gravidade deveria seguir o 
VEF1 expresso como percentual. Em pacientes com valores grandes para a CVF, entretanto, 
uma relação VEF1/CVF muito baixa pode ser observada, com VEF1 relativamente preservado. 
A SBPT a partir disto sugeriu que a classificação siga o parâmetro mais alterado. 
28 - Como se classifica a gravidade do distúrbio ventilatório restritivo (DVR)? 
O padrão-ouro para caracterizar restrição é a redução da capacidade pulmonar total, que é a 
soma do volume residual e da capacidade vital. A medida do VR exige métodos especiais. Na 
falta de mensuração da CPT, a CV(F), expressa em porcentagem, é usada para graduar o 
DVR: abaixo de 50% é acentuado, e acima de 60%, leve; entre estes valores é classificado 
como moderado. 
29 - Como se classifica um distúrbio ventilatório combinado (DVC)? 
Consenso da SBPT sugere que o distúrbio seja classificado pelo parâmetro mais anormal,seguindo o que foi sugerido para os distúrbios obstrutivo e restritivo. 
30 - Como se resume a classificação dos distúrbios espirométricos? 
A classificação dos distúrbios espirométricos é mostrada na tabela abaixo. 
Distúrbio VEF1 
(%) 
CV(F) 
(%) 
VEF1/CV(F) 
(%) 
Leve 60 - LI 60 - LI 60 - LI 
Moderado 41 - 59 51 - 59 41 - 59 
Grave < 40 < 50 < 40 
• Na presença de FEF25-75/CV(F) isoladamente reduzida o distúrbio será classificado 
como leve, na presença de sintomas e/ou tabagismo importante. 
• LI limite inferior da normalidade 
 
31 - Quando os fluxos do meio e do final da curva devem ser valorizados? 
O diagnóstico de obstrução ao fluxo aéreo pode ser caracterizado se estes fluxos estão 
reduzidos em sintomáticos respiratórios ou grandes fumantes. Nesta situação o distúrbio deve 
ser chamado de DVO leve e não obstrução de pequenas vias aéreas. 
 
 
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Em assintomáticos respiratórios, estes fluxos podem estar eventualmente reduzidos, o que não 
significa progressão funcional acelerada ao longo dos anos. 
32 - Leitura recomendada 
Aaron SD; Dales RE; Cardinal P. How accurate is spirometry at predicting restrictive pulmonary 
impairment? Chest 1999; 115:869 -873. 
Eaton T; Withy S; Garrett JE; et al. Spirometry in primary care practice. The importance of 
quality assurance and the impact of spirometry workshops. Chest 1999; 116:416-423. 
Faresin SM; Barros JA; Beppu OS; et al. Quem deve realizar a espirometria durante a 
avaliação pulmonar pré-operatória? A Folha Médica/UNIFESP, 1998; 116:85-90. 
Ferguson GT, Enright PL, Buist S et al. Office spirometry for lung health assessment in adults. 
A consensus statement from the National Health education Program. Chest 2000;117:1146-
1161. 
Kurosawa H; Hida W; Kikuchi Y; et al. Hyperinflation estimated by residual volume can predict 
benefit of lung volume reduction surgery in patients with emphysema. Am J Respir Crit Care 
Med 1997; 155:605. 
Pereira CAC, Barreto SP; Simões JG et al. Valores de referência para espirometria em uma 
amostra da população brasileira adulta. J Pneumol 1992; 18:10-22. 
Rodrigues Jr R; Pereira CAC. Resposta a broncodilatador na espirometria: que parâmetros e 
valores são clinicamente relevantes em doenças obstrutivas? J Pneumol 2001; 27:35-47. 
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). I Consenso Brasileiro sobre 
Espirometria. J Pneumol 1996; 22:105-64. 
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). I Consenso Brasileiro de Doença 
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). J Pneumol 2000; 26 (Supl 1):S1 - S51.

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