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2 FARMÁCOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS

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FARMÁCOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
Nesse texto, iremos abordar como determinados fármacos atuam no processo para perda de peso. Alguns medicamentos auxiliam no processo de lipólise (quebra de triglicerídeos), agindo em receptores conhecidos como adrenérgicos. Esses fármacos tem como objetivo, realizarem efeitos chamados de SIMPATICOMIMÉTICOS, ou seja, agem de mesma forma que nosso sistema simpático. Resumidamente, eles realizam a função bem conhecida como “Luta ou Fuga”, preparando o corpo para uma situação de estresse, aumentando a liberação de catecolaminas (principalmente cortisol e adrenalina); aumentando os batimentos cardíacos e fluxo sanguíneo; e aumentando recrutamento de estoques energéticos para uma disponibilidade rápida de nutrientes. [1] [5] [6]
O alvo desses produtos são diretamente em receptores adrenérgicos α e β. Os fármacos com ação agonista adrenérgicos em receptores β (BETA), simulando o efeito de catecolaminas, aumentando a liberação de adrenalina e noradrenalina, realizando dilatação de bronquíolos, o que consequentemente aumenta a troca gasosa. Age também aumentando o recrutamento de estoques energéticos para a produção de energia, sendo motivado pelo estado fisiológico. Esses medicamentos são variados, com ações em grande maioria seletivas para determinados receptores, entretanto, alguns casos agem tanto em alfa e beta. [1] [5] [7] [8] [6]
Para entender melhor, saiba que quando receptores β são ativados, aumenta-se significativamente o processo de lipólise, enquanto isso, receptores α quando ativados, regulam a quebra de triglicerídeos, diminuindo a potencialidade desse mecanismo. Além disso, esses fármacos simpaticomiméticos possuem ação direta, indireta e mista, como demonstra a figura 1. Vamos citar alguns fármacos em cada situação: [1] [3]
Direta: Fenilefrina (α1); Clonidina (α2); Epinefrina (α1 α2 β1 β2); Isoproterenol (β1 β2) ...
Indireta: Anfetaminas, cocaína ...
Mista: Efedrina (β1 β2 α1 α2) 
Além disso, estudos comprovam que mais do que o auxílio de lipólise, grande maioria desses fármacos agem de forma anorexigênica, suprindo o apetite e diminuindo o consumo energético. [1] [2] [3] E também realizam ligação com mTORC1, que realiza uma cascata de sinalização aumentando o recrutamento de tecido adiposo. [4] 
Voltando a ação dos medicamentos, existem duas classes, AGONISTA e ANTAGONISTA. Suas ações podem ser visualizadas nas figuras 2 e 3, respectivamente. Os fármacos agonistas, imitam a sinalização de mecanismos endógenos, realizando e potencializando o efeito de sua composição. Já os fármacos antagônicos, bloqueiam a ação de processos endógenos, não permitindo a ligação com os receptores, produzindo um efeito INIBITÓRIO. 
Os fármacos de ação AGONISTA, com objetivo de perda de peso, agem principalmente em receptores β adrenérgicos, aumentando a liberação de catecolaminas, como já falado anteriormente. Os mais conhecidos são Salbutamol, Clembuterol, Efedrina, Terbutalina, Metaprotereno, entre muitos outros. Com o mesmo objetivo, administra-se fármacos ANTAGONISTAS de receptores α2, bloqueando a regulação de lipólise e potencializando efeitos de receptores β. O principal medicamento utilizado e muito falado atualmente, é a Ioimbina. O uso conjugado, sem dúvidas potencializa os efeitos, obviamente, também os colaterais. 
Os principais colaterais desses medicamentos são em alterações de sistema cardiovascular. Mesmo possuindo seletividade para receptores com menos influência cardíaca, a alta concentração altera significativamente a atividade cardiovascular, além disso, afeta muitos outros componentes, como SNC; sistema renal e hepático; alterações de comportamento e sono; e alterações metabólicas. [3] Muitos relatos de ansiedade, insônia e síndrome do pânico estão ligadas ao uso dos mesmos. 
O mecanismo fisiológico para estimular a lipólise, deve-se que os receptores β1,2,3, estão acoplados a proteína GS, o que aumenta a Adenilato Ciclase, estimulando a sinalização para AMPc. Em quanto que α2 está acoplado a proteína GL, sendo que de modo contrário, diminui a Adenilato Ciclase, diminuindo AMPc e controlando a secreção de insulina no pâncreas. [3] 
A utilização de medicamentos com objetivo para perda de peso, certamente não é inofensiva. Os colaterais são fortes e podem até mesmo levar a morte (vários casos documentados) com o uso exacerbado e/ou uma pré-disposição de alguma doença, em que a administração pode agravar. Entretanto, a prática clínica e com ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL, certamente é eficiente quando em união à um bom planejamento dietético e de treinamento. Não realize auto-medicação, COLOQUE SUA SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR, e não a estética, isso acontece gritantemente nos dias atuais. 
REFERÊNCIAS:
[1] Bray GA. Use and Abuse of Appetite-Suppressant Drugs in the Treatment of Obesity. Ann Intern Med. 1993;119:707-713. doi: 10.7326/0003-4819-119-7_Part_2-199310011-00016
[2] COLLINS, Sheila; et al; Learning New Tricks from Old Dogs: β-Adrenergic Receptors Teach New Lessons on Firing Up Adipose Tissue Metabolism. July, 2004
DOI: http://dx.doi.org/10.1210/me.2004-0193
[3] BRUNTON, Laurence L.; LAZO, John S.; PARKER, Keith L.; GOODMAN, Louis Sanford; GILMAN, Alfred (Coord.). Goodman & Gilman as bases farmacológicas da terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill, 2006. xxiv, 1821 p. ISBN 8577260011.
[4] LIU, Dianxin; et al; Activation of mTORC1 is essential for β-adrenergic stimulation of adipose browning. J Clin Invest. 2016; 126 (5): 1704-1716. Doi: 10.1172 / JCI83532
[5] GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
[6] MCARDLE, William D; et al; Fisiologia do Exercício: Energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001. 5. Ed
[7] TORTORA, Gerard J; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2014. 12.ed.
[8] NELSON, David L; et al. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2014. 6. ed. 1298 p. Cap 23

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