Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR NA INDÚSTRIA AÇUCAREIRA AUTOR: ELECTO SILVA LORA ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ STAB 2000 Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 2 PREFÁCIO Segundo o Economista Norteamericano Kenneth Boulding, a percepção humana do meio ambiente durante o século XX tem evoluído, a partir do que ele chama de “visão de cowboy” até o que chama de “visão de astronauta”. O “cowboy” de seu cavalo, sempre com seus “colts” prestes a disparar, descobre extensos territórios a conquistar e desconsidera os efeitos que pode produzir em seu empenho, .......afinal a terra lhe parece enorme. O “astronauta” vê a terra como um planeta de dimensões finitas, no que devem prevalecer a re-utilização, recuperação e a conservação dos recursos naturais, uma vez que desde o espaço já são visíveis alguns efeitos da “atividade humana moderna” tais como queimadas, incêndios em jazidas de petróleo, a iluminação noturna das cidades, etc. Esperamos que este modesto material contribua para que a visão do “astronauta” ganhe cada dia mais adeptos entre os técnicos da agro- indústria açucareira. Creio ser útil neste momento citar uma frase de Jacques Cousteau: “Ao falar da influência do homem sobre o meio ambiente, não podemos esquecer de que também fazemos parte dele”. Qualquer poluição ao meio ambiente se voltará contra nós, como um “boumerang”, e afetará a curto ou longo prazo a nossa qualidade de vida e das gerações vindouras. Façamos do belo conceito de desenvolvimento sustentável um guia de ação para nossas atividades diárias. Este publicação complementa o livro “Tecnologias de Conversão Energética da Biomassa”, editado em 1997 pela Universidade de Amazonas, no qual os problemas ambientais relacionados com a utilização da biomassa como combustível foram tratados de maneira muito breve. Gostaria de agradecer a colaboração da CETESB, COPERSUCAR, da ABB do Brasil, da GEPLACEA e do Eng. Norman Magasiner, notável especialista em caldeiras de vapor, pelo fornecimento de dados, informações e critérios que enriqueceram este material. Aos colegas da LAICA, agradeço pela idéia do Seminário realizado em outubro de 1997, o qual me permitiu começar a organizar informações dispersas e meditar sobre estes problemas. Agradeço também ao Engenheiro Istvan Hervas pelo seu aporte na elaboração da informação disponível sobre a granulometria das cinzas do bagaço de cana e os exemplos de cálculo do capítulo 7, ao M.Sc. Flávio Neves Teixeira pela tradução ao português e ao desenhista Messias Tadeu Salgado pela confecção dos desenhos. Meus agradecimentos também aos alunos de pós-graduação da EFEI Ricardo Carrasco Carpio e Felipe Ponce Arrieta pela contribuição no capítulo dedicado à cogeração e o meio ambiente e pela revisão em múltiplas ocasões. Um agradecimento especial para os Prof. Luís Augusto Barbosa Cortez e Silvia Azucena Nebra de Perez pela cuidadosa revisão do manuscrito original e as inúmeras sugestões. Agradeço á Sociedade de Técnicos açucareiros do Brasil - STAB pelo entusiasta apoio para a publicação deste livro, especialmente de parte do Presidente José Paulo Stupiello. O Congresso Internacional da ISSCT em Nova Delhi foi um marco propício para a discussão desta idéia com a diretiva da STAB. Electo Silva Lora Itajubá, abril de 2000 Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 3 Índice 1- Gerenciamento ambiental 1.1- Introdução ..................................................................................................................6 1.2- A empresa e o meio ambiente ....................................................................................7 1.3- Gerenciamento ambiental.........................................................................................10 1.4- Prevenção da poluição..............................................................................................12 1.5- Implementação de um sistema de prevenção da poluição........................................14 1.6- As normas ISO 14000 ..............................................................................................16 Referências ......................................................................................................................18 2- A Indústria açucareira e o meio ambiente 2.1- Introdução ................................................................................................................20 2.2- Matriz de impactos ambientais na indústria açucareira ...........................................23 2.3- Gerenciamento ambiental na indústria açucareira ...................................................24 2.4- Normas de emissão de particulados vigentes em diferentes países. Tendências .....26 2.5- Efeitos à saúde humana pelos poluentes atmosféricos.............................................26 2.6- Normas de qualidade do ar.......................................................................................29 Referências ......................................................................................................................31 3- Fontes de poluição do ar na indústria açucareira 3.1- A queima da cana para o corte. Emissões e medidas de controle ............................33 3.2- Utilização do bagaço como combustível. Tipos de caldeiras: sistemas de combustão e parâmetros de operação .......................................................................36 3.3- Fatores que afetam o nível e características das emissões de poluentes em caldeiras para bagaço................................................................................................56 Referências ......................................................................................................................59 4- Caracterização das emissões produto da queima do bagaço de cana 4.1- Fatores de emissão em caldeiras para bagaço ..........................................................62 4.2- Granulometria dos particulados. Composição .........................................................62 4.3- Concentração de óxidos de nitrogênio nos produtos de combustão ........................64 4.4- Métodos de controle das emissões de NOx. Redução seletiva não catalítica dos óxidos de nitrogênio (injeção de amônia)..........................................................71 Referências ......................................................................................................................75 5- Seleção, dimensionamento e avaliação econômica de equipamentos para o controle de particulados 5.1- Equipamentos para o controle de particulados: Seleção ..........................................77 5.2- Separadores ciclônicos: dimensionamento, cálculo da eficiência e queda de pressão ......................................................................................................................85 5.3- Lavadores de gás: parâmetros de operação e eficiência...........................................92 5.4- Precipitadores eletrostáticos: características construtivas e dimensionamento......101 5.5- O separador de núcleo ............................................................................................109 5.6- Avaliação preliminar do custo de sistemas de separação de particulados .............111 Referências ....................................................................................................................113 Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 4 6- Tecnologias para o controle de particulados em caldeiras a bagaço: Experiências de operação 6.1- Multiciclones..........................................................................................................116 6.2- Lavadores de gás ....................................................................................................1166.3- Precipitadores eletrostáticos...................................................................................122 6.4- Filtros de mangas ...................................................................................................123 Referências ....................................................................................................................124 7- Cogeração, eficiência energética e meio ambiente 7.1- Introdução ..............................................................................................................126 7.2- Cogeração com tecnologias convencionais (ciclos de vapor)................................129 7.3- Cogeração com tecnologias avançadas (gaseificação de bagaço e turbinas a gás) .........................................................................................................................131 7.4- Consumo de vapor no processo..............................................................................138 7.5- Cogeração e diversificação.....................................................................................139 7.6- O problema do combustível auxiliar para a entressafra .........................................142 7.7- Critérios de eficiência em sistemas de cogeração ..................................................145 7.8- Cogeração e meio ambiente ...................................................................................147 Referências ....................................................................................................................150 8- Exemplo de cálculo 8.1- Dados gerais ...........................................................................................................154 8.2- Cálculo da vazão total de gases..............................................................................154 8.3- Projeto de multiciclones .........................................................................................157 8.4- Projeto de um lavador de gás tipo torre de nebulização.........................................161 8.5- Cálculo da eficiência de um lavador de gás tipo Venturi.......................................163 8.6- Dimensionamento de um precipitador eletrostático...............................................164 Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 5 Dedico este livro aos meus pais, Electo e Dolores. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 6 1- GERENCIAMENTO AMBIENTAL 1.1- Introdução Com o homem e sua atividade agroindustrial apareceu a poluição ambiental. O descobrimento do fogo e a conseqüente poluição do ar, assim como a salinização e o esgotamento de terras agrícolas constituíram os primeiros impactos negativos do homem sobre o meio ambiente. Durante o Império Romano com a construção da “cloaca máxima”, o sistema de evacuação de esgotos de Roma, o homem teve o primeiro intento de atenuar o efeito negativo da civilização sobre o meio ambiente. Etapas posteriores de “descaso ambiental” se caracterizaram por epidemias de peste e freqüentes episódios de poluição em Londres, o berço da revolução industrial, com milhares de “mortes em excesso”. Embora não tenha sido até meados deste século que a carga de contaminantes ultrapassou a capacidade natural de “tratamento” da natureza e começaram a se agravar os problemas ambientais, passando estes de locais e regionais, a problemas de caráter global. Nos países desenvolvidos a partir de 1970, começou a implementação de legislações ambientais coerentes e a criação de órgãos de controle ambiental como a Environmental Protection Agency - EPA dos Estados Unidos, enfatizando-se um enfoque normativo-corretivo à solução dos problemas ambientais. Este último conhecido como “end-of-pipe technologies”, ou seja uma estratégia fundamentada no tratamento terminal de efluentes e resíduos. Uma análise de quase 30 anos de aplicação desta conceituação mostra uma certa melhoria da qualidade ambiental e o gasto de milhares de milhões de dólares. Nos países em desenvolvimento o quadro ambiental é geralmente mais crítico. O processo de urbanização intensa com o aparecimento de mega-cidades como Cidade de México, São Paulo, Bombaim, etc, tem tornado os problemas ambientais incontroláveis. A escassez de recursos para investimentos, uma legislação ambiental fraca ou inexistente e a pouca atuação dos órgãos de controle ambiental agravaram ainda mais esta situação. Por outro lado continua válido o dito de que “a pobreza é a pior forma de poluição”, contrapondo-se geralmente esforços desenvolvistas à programas de controle ambiental. As sociedades mais desenvolvidas se caracterizam por maiores quantidades de resíduos e maiores emissões de poluentes relacionados com o consumo de energia, tais como o CO2. A humanidade entra no século XXI enfrentando problemas ambientais extremamente complicados, cuja solução parece estar mais na aplicação de uma estratégia ambiental preventiva do que em ações corretivas. Uma diversidade de termos tem sido propostos para denominar esta estratégia preventiva, que vão desde os mais conservadores como minimização de resíduos, até os mais radicais como ecologia industrial, prevenção da poluição e poluição zero. Neste trabalho utilizaremos a terminologia prevenção da poluição, também conhecida como 2P, considerando estar mais de acordo com a essência da abordagem proposta e seu objetivo. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), conhecida como a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, mais de cem países firmaram um documento-programa de ação: a agenda 21, propondo a redução da quantidade de energia e materiais utilizados na produção de bens e serviços, a disseminação de tecnologias limpas e a promoção de investigações para o desenvolvimento de novas fontes de energia e de recursos naturais renováveis. Os países signatários concordaram no que diz respeito à necessidade de que as empresas Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 7 busquem qualidade e eficiência em suas relações com o meio ambiente, através da implementação de programas de gestão ambiental. As normas ISO 14000 constituem o padrão de referência atual para o gerenciamento voluntário do meio ambiente no setor industrial. O gerenciamento ambiental deve ter uma abordagem multilateral, considerando que os problemas ambientais e sua solução são determinados não só por fatores tecnológicos, como também por questões econômicas, físicas, sociais, culturais e políticas. 1.2- A empresa e o meio ambiente Uma empresa não é uma organização isolada na sociedade, pois ela interage com o mercado, com as instituições que desenvolvem tecnologia, com os órgãos de controle ambiental e com a sociedade como um todo (Figura 1.1). Evidentemente assuntos como a competitividade através de políticas de preços e qualidade são de vital importância. A questão ambiental deve ser considerada um elemento a mais de competitividade, pois como é dito freqüentemente, não é possível falar de qualidade total, pensando somente na qualidade intrínseca do produto, sem considerar a qualidade ambiental, e porque não também a qualidade nas questões de saúde e segurança (Figura 1.2). A sociedade tenta impor nas empresas um comportamento ambiental correto através de leis e normas, cujo cumprimento é verificado pelos órgãos de controle ambiental. A maioria das vezes isto não é suficiente e precisa-se da mobilização dos meios de comunicação, das ONGs e associações comunitárias em defesa do meio ambiente. Os selos verdes constituem um estímulo da sociedade aos fabricantes de produtos ambientalmente corretos. Finalmente os centros de desenvolvimentode tecnologia oferecem recursos e soluções às empresas nas áreas de prevenção e controle da poluição. Nestes tempos de profunda preocupação da sociedade pelos problemas ambientais as empresas estão deixando as posturas passivas e reativas para adotar um comportamento ambiental pró-ativo, e por que não, uma atitude voluntária (Tabela 1.1). Neste momento o problema ambiental se torna uma oportunidade adicional de negócios. Alguns conferencistas aproveitam a oportunidade para ilustrar esta aparente contradição com o exemplo do ideograma “crise” em chinês, que está formado pela combinação dos ideogramas perigo e oportunidade (Ostronoff, 1993). Em nosso caso, a crise ambiental constitui uma ameaça à sobrevivência do homem e da natureza, mas ao mesmo tempo, é uma oportunidade de se continuar a vida sobre a base de novos paradigmas. Assim, para as empresas o meio ambiente deixou de ser um aspecto de nenhum ou pouco interesse, onde a única preocupação é cumprir minimamente com leis e legislações, passando a ser uma fonte adicional de eficiência e competitividade. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 8 Preço Qualidade Selos verdes EMPRESA Imagem Restrições Segurança Figura 1.1- Interações entre a empresa, o mercado, a sociedade e os órgãos de controle ambiental. Figura 1.2- Componentes do critério moderno de qualidade. QUALIDADE INTRÍNSECA QUALIDADE AMBIENTAL SAÚDE SEGURANÇA QUALIDADE SOCIEDADE ONG, meios de comunicação, associações comunitárias, ambientalistas ÓRGÃOS DE CONTROLE AMBIENTAL Leis, normas, selos verdes PREVENÇÃO e CONTROLE MERCADO Preferência por produtos ambientalmente sadios. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 9 Tabela 1.1- Diferentes estágios das empresas em relação à postura ambiental (Reis, 1996). Estágios Postura Possíveis situações Conseqüências Passivo • Acha que as questões ambientais são “coisas de ecologistas” e que só servem para reduzir os lucros; • Não realizam investimentos para reduzir e controlar impactos. • Conflitos com as partes interessadas; • Multas e penalidades legais; • Os concorrentes irão explorar o “mau comportamento”. • Passivos legais; • Alvo permanente dos fiscais (intolerância); • Redução do mercado; • Não atrai investidores e financiadores. Reativo • Busca cumprir a lei quando é exigido pelas autoridades; • Tenta postergar ao máximo os investimentos em controle ambiental. • Exposição legal; • Risco de acidentes com graves conseqüências econômicas e financeiras; • Exposição aos concorrentes. • Potenciais passivos legais; • Ricos financeiros; • Ricos de perda de mercado; • Precisa “justificar-se” com grande freqüência. Pró-ativo • Sabe que é melhor e mais barato “fazer as coisas corretamente desde o início para não ter que corrigir depois”; • Gerencia riscos, e corrige os problemas (auditoria ambiental interna); • Possui um SGA integrado à suas demais funções corporativas. • Gerenciamento dos riscos ambientais; • Racionalização dos investimentos ambientais; • Melhores resultados operacionais (conservação de matéria/energia); • Maior aceitação pelo mercado (credibilidade). • Relacionamento amistoso com a agência ambiental; • Poucas chances para multas e penalidades; • Maior satisfação dos empregados; • Atrai investidores e acionistas; • Acesso a financiamentos favorecidos; • Ampliação da participação no mercado. Reis (1996), analisa a situação das empresas ante os problemas ambientais e destaca: • Os consumidores, principalmente nos países desenvolvidos, estão dando preferência a produtos ambientalmente sadios, contando com estruturas oficiais de certificação de qualidade ambiental (selos verdes), inclusive pagando preços maiores; • A presença de ambientalistas nos parlamentos é um fato universal. Os ambientalistas modernos são extremamente preparados e pragmáticos, tornando-se bem mais difícil a posição das organizações ou setores denunciados; • Poucas empresas seriam capazes de sobreviver caso sejam aplicadas multas, penalidades e indenizações do porte das impostas à Union Carbide (US$ 5 bilhões) por causa do acidente de Bhopal, no qual cerca de 5 mil pessoas perderam a vida e à Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 10 Esso (US$ 10 bilhões) em função do derramamento de petróleo causado pela Exxon Valdez na costa do Alasca; • Os acionistas europeus e norte-americanos exigem informações ambientais das empresas que recebem seus recursos; • A globalização da informação tende ao estabelecimento de valores universais, dentre os quais as questões ambientais ocupam uma posição destacada. Enfim, para sobreviver, ainda com vantagens, no meio destas correntes e fenômenos novos, é importante para a empresa adotar uma política ambiental bem definida e utilizar as ferramentas e soluções disponíveis para a sua implementação, tais como as normas de gerenciamento ambiental ISO 14000, a prevenção da poluição, poluição zero, etc. Está acontecendo na esfera do relacionamento empresa - meio ambiente uma rápida mudança de paradigmas (Tabela 1.2). Para uma empresa, lutar contra a corrente da eco-estratégia empresarial e ficar ancorada em posturas tradicionais de maximização de lucros a qualquer preço, significa um perigo para a sobrevivência da mesma. O outro extremo é o chamado “maquiagem verde”, um disfarce ambientalista para o mesmo comportamento tradicional. Até algum tempo, ante a proliferação das gasolinas “verdes” e “ecológicas”, alguém perguntou publicamente numa reunião dedicada às fontes renováveis de energia, porque nada se fala do álcool verde, ou de um eco-álcool?. Tabela 1.2- Mudança de paradigmas na relação empresa - meio ambiente (Gazeta Mercantil, 1996). Os velhos paradigmas O ambientalmente correto A responsabilidade ambiental corrói a competitividade. A eco-estratégia empresarial gera novas oportunidades de negócios. A gestão ambiental é coisa apenas para grandes empresas. A pequena empresa é até mais flexível para introduzir programas ambientais. O movimento ambientalista atua completamente fora da realidade. As ONG se consolidam tecnicamente e participam da maioria das comissões de certificação ambiental. A função ambiental na empresa é exclusiva do setor de produção. A função ambiental está em diversos setores do planejamento estratégico da empresa. 1.3- Gerenciamento ambiental O sistema de gestão ambiental é o mecanismo de controle e melhoria do desempenho ambiental de uma empresa. Gilbert (1994) considera que uma boa gestão ambiental precisa de determinadas diretrizes e princípios (Figura 1.3): • Uma declaração de políticas que indica o COMPROMETIMENTO GERAL DA EMPRESA - POLÍTICA AMBIENTAL com a melhoria do desempenho ambiental, incluindo a conservação e proteção dos recursos naturais, a minimização de resíduos, o controle da poluição e a melhoria contínua; Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 11 • Um conjunto de planos e programas para implementar a política em toda a organização, incluindo a extensão do programa a fornecedores e clientes (PLANO DE AÇÃO: OBJETIVOS E METAS); • Integração dos planos ambientais no dia a dia operacional da organização, desenvolvendo técnicas e tecnologias inovadoras para minimizar o impacto da organização sobre o meio ambiente.A previsão de informações, educação e treinamento para melhorar a compreensão dos problemas ambientais (IMPLEMENTAÇÃO); • Medição do desempenho da gestão ambiental em relação aos planos e programas (MONITORAMENTO E AUDITORIAS); • Aperfeiçoamento do sistema de gestão ambiental. REDEFINIÇÃO DE OBJETIVOS → MELHORIA CONTÍNUA. MELHORIA CONTÍNUA Figura 1.3- Elementos de implementação de um sistema de gestão ambiental. Informações necessárias para a elaboração do Plano de Ação: • Conhecer a legislação ambiental vigente no país, suas possíveis mudanças futuras e ter como referência a legislação dos países mais avançados; • Informações sobre o consumo de matérias-primas, energia, água, reativos, etc. (em cada etapa do processo); • Tipo e quantidade de resíduos gerados em cada etapa do processo, incluindo o ruído. REDEFINIÇÃO DE OBJETIVOS SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL COMPROMETIMENTO GERAL DA EMPRESA - POLÍTICA AMBIENTAL PLANO DE AÇÃO OBJETIVOS E METAS CONTROLE MONITORAMENTO E AUDITORIAS IMPLEMENTAÇÃO Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 12 O plano de ação deve definir ao responsável por cada item, recursos disponíveis, patamar que se pretende atingir e prazo de cumprimento. Ferramentas da gestão ambiental: 1. PRODUTOS. Eco-rotulado de produtos através da análise do ciclo de vida (ACV); 2. PROJETOS. Avaliação do impacto ambiental (EIA e RIMA); 3. INSTALAÇÕES. Auditoria ambiental (avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva do desempenho ambiental da organização, gerência e equipamentos). 1.4- Prevenção da poluição A estratégia ambiental convencional tem os seguintes objetivos: • Controle da poluição; • Remoção de resíduos; • Tratamento (modificação do volume e a toxicidade); • Disposição final (geralmente em aterros sanitários). Como resultados de sua aplicação tem-se: • Certa melhoria da qualidade ambiental; • Transferência de poluentes de um meio para outro. Assim, por exemplo, a disposição de resíduos em aterros sanitários provoca a contaminação do ar por emissões de metano e orgânicos voláteis, além da possibilidade de contaminar as águas subterrâneas e reservatórios com os lixiviados - produto da degradação dos resíduos. É necessário assinalar que os sistemas de controle da poluição geralmente são extremamente caros e a instalação de tecnologias de tratamento é vista pelos industriais como um investimento não produtivo, que freqüentemente aumenta os custos de operação. Para os países em desenvolvimento, com recursos limitados para investimentos, a estratégia ambiental convencional não pode constituir a estratégia ambiental principal. Mas é claro que o tratamento de efluentes torna-se a única opção naqueles casos em que as medidas de prevenção da poluição são tecnicamente irrealizáveis ou economicamente injustificáveis. Porque a preferência pelo controle na fonte? • Uma vez que o poluente chega ao ambiente, vai recircular através do ar, água e solo; • A prevenção da poluição leva à diminuição dos custos de disposição final dos resíduos devido a diminuição radical da quantidade dos mesmos. Diminuem também os custos de produção devido a utilização mais eficiente das matérias-primas e da energia, assim como dos investimentos de capitais em sistemas de tratamento de resíduos. Evidentemente a prevenção da poluição apresenta, diferentemente do tratamento de resíduos, um benefício econômico, o que a faz mais atrativa para as empresas. Isto não quer dizer que qualquer projeto de prevenção da poluição se pague completamente por si mesmo em um tempo aceitável; Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 13 • A implantação de sistemas de gerenciamento ambiental baseados na prevenção da poluição melhora a imagem pública da empresa ante os consumidores, as comunidades vizinhas, a imprensa, o público em geral e as agências ambientais; • Melhora a competitividade da empresa frente ao estabelecimento de critérios ambientais por alguns consumidores durante a seleção dos fornecedores. Um exemplo típico deste caso é na indústria brasileira de produção de papel, eminentemente exportadora. Importadores europeus exigem certificado de procedência da madeira e do tipo de processo utilizado no branqueamento da polpa. A difusão na Europa e nos Estados Unidos dos chamados “selos verdes” faz evidente esta tendência; • É mais fácil cumprir as novas leis e regulamentos ambientais; • As fontes não pontuais e as pequenas fontes dispersas (hospitais, estabelecimentos comerciais, etc.) são difíceis de serem controlados pelos métodos tradicionais, já que para plantas de pequeno porte são economicamente inviáveis. Um exemplo típico são os pequenos curtumes. Um fator que inibe a realização de atividades de prevenção da poluição na indústria é o temor de que estas medidas afetem a qualidade do produto, ao ponto de torná-lo inaceitável pelos consumidores (Freeman et al., 1992). Um outro problema que se apresenta em alguns países é a incompatibilidade entre as medidas de recuperação e reciclagem de alguns produtos com a legislação ambiental vigente. Durante a análise econômica dos projetos de prevenção da poluição é necessário que se calcule o custo verdadeiro da geração de resíduos, incluindo seu tratamento e disposição final. É importante que sejam estabelecidos incentivos econômicos aos projetos de prevenção da poluição a fim de facilitar sua realização. Como dito anteriormente, embora apresentem um maior ou menor retorno econômico, estes projetos necessitam de investimentos iniciais, nem sempre compensados totalmente pelos benefícios econômicos resultantes. Os métodos gerais da prevenção da poluição são (Figura 1.4): • Mudanças no produto; • Mudanças no processo. Em relação ao produto a tendência é utilizar as técnicas do “projeto para o meio ambiente”. Trata-se do projeto de produtos ambientalmente compatíveis com um efeito desfavorável mínimo sobre o meio ambiente, como resultado de sua fabricação, uso, e disposição final. É necessário reconhecer os impactos ambientais como uma medida da qualidade do produto e introduzir as exigências ambientais já nas primeiras etapas do projeto do mesmo. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 14 Figura 1.4- Métodos gerais da prevenção da poluição. Adaptado de Shen (1995). O projeto para o meio ambiente utiliza as seguintes ferramentas: • A avaliação do ciclo de vida do produto; • O projeto do ciclo de vida do produto; • A análise de custo do ciclo de vida do produto. O conceito de análise do Ciclo de Vida foi definido em um Seminário da Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental (SETAC) em 1990, como uma “abordagem holística para avaliar o impacto ambiental de um produto do berço ao túmulo” (Freeman et al., 1992). 1.5- Implementação de um sistema de prevenção da poluição Os passos a seguir durante a implementação de um sistema de prevenção da poluição são os seguintes (adaptado e ampliado de Weaver, 1996): Passo I: Estabelecer um sistema geral de prevenção da poluição (em essência trata-se da obtenção e análise da informações necessárias com o objetivo de elaborar um “plano de ação”); • Realizar uma avaliação preliminar dos resíduos a fim de identificar oportunidades para a prevenção da poluição; Controle na fonte Prevenção da poluição Mudanças no produto • Projeto para um menor impacto ambiental. • Incremento da vida útil do produto (reparação, reutilização, upgrading, recondicionamento). • Produtos multifuncionais.Mudanças no processo Mudanças na matéria - prima • Purificação de materiais. • Substituição por materiais (matéria prima, solventes, catalisadores) menos tóxicos. Mudanças tecnológicas • Incremento do nível de controle automático e computarização. • Melhorias nos equipamentos. • Novas tecnologias (tecnologias limpas). Práticas de operação e manutenção melhoradas • Manutenção preventiva. • Técnicas de gerenciamento. • Melhor manuseio da matéria- prima (minimização de perdas). • Controle de inventário. • Treinamento do pessoal. • Segregação de resíduos. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 15 • Providenciar sistemas para a medição e monitoramento dos resíduos; realização de um balanço de massa para todas as matérias-primas, produtos e resíduos (aqui pode detectar-se as fontes de perdas de matéria-prima, água, energia, etc); • Analisar a eficiência econômica das medidas para a redução de resíduos; • Realizar uma avaliação dos riscos associados às diferentes correntes de resíduos, a fim de estabelecer a urgência de ação (avaliação de efeitos ambientais); • Priorizar resíduos para ação e aplicação de recursos (etapas sucessivas do sistema de prevenção incluirão metas mais ambiciosas); • Estabelecer objetivos específicos na redução de resíduos; • Treinar o pessoal para a implementação do plano de redução de resíduos (etapa importante pois os critérios de avaliação da qualidade, incluirão também aspectos ambientais); • Comunicar o plano e os objetivos aos empregados e ao público. Passo II: Implementar a prevenção da poluição (uma primeira etapa de aplicação, consistente em procedimentos operacionais relativamente simples e com ganhos econômicos imediatos). • Segregação dos resíduos para a reciclagem, tratamento e redução da toxicidade; • Modificar os resíduos para usos alternativos, tais como sua comercialização ou reciclagem interna na planta; • Encontrar substitutos para matérias-primas e reativos tóxicos; • Melhorar a eficiência de utilização de matérias-primas e energia por meio de mudanças no processo; • Utilização de tecnologias de separação para a recuperação de reativos e matérias- primas (tecnologias de membrana, intercâmbio iônico, etc). Passo III: Elaborar um plano para o futuro (projeto para o meio ambiente e novas tecnologias - maior complexidade e necessidade de investimentos). • Introduzir um programa compreensivo de projeto para o meio ambiente; • Reduzir a poluição pela utilização e disposição final dos produtos; • Desenvolver uma estratégia de substituição do produto para minimizar resíduos; • Utilizar critérios de prevenção da poluição durante o desenvolvimento de produtos novos ou melhorados; • Realizar a análise do ciclo de vida e a análise do custo do ciclo de vida para todos os novos produtos; • Desenvolver e avaliar em nível piloto novas tecnologias para a redução de resíduos; • Comunicar os avanços aos empregados, clientes e ao público em geral. Os melhores resultados serão obtidos se a prevenção da poluição se realizar dentro do contexto do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM), pois os princípios da prevenção da poluição e do TQM são de natureza análoga (Hauth, 1994). Assim, o TQM proporciona um marco conveniente e técnicas específicas para incorporar fatores organizacionais e de gerenciamento nas atividades de prevenção da poluição. Alm (1992) considera que a integração destes paradigmas é conveniente para as empresas a fim de reduzir custos, riscos e minimizar as considerações adversas da comunidade sobre sua operação. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 16 1.6- As normas ISO 14000 Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) mais de 100 países identificaram a necessidade da criação de normas internacionais de gestão ambiental, conhecidas atualmente como as Normas ISO-14000. A norma britânica BS 7750 serviu de “embrião” para as normas ISO 14000, da mesma maneira que as BS 5750 geraram as normas ISO 9000. Especialistas na temática expõem a existência de pontos em comum entre as normas ISO 9000 e a ISO 14000. Assim as empresas poderiam, em principio, optar por um sistema de gerenciamento conjunto da qualidade e do meio ambiente. A conclusão de todos os trabalhos de elaboração da ISO 14000 esta prevista para o ano 2001, embora já em 1996 foram publicadas versões definitivas de algumas normas. As normas ISO 14000 têm como objetivo geral “dar assistência às organizações durante a implantação ou durante a melhoria de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)” (Reis, 1996). Quer dizer que uma vez conscientes da necessidade de implementar um SGA, a norma proporciona as indicações necessárias e descreve as ferramentas disponíveis. Neste sentido a ISO 14000 prevê a avaliação da organização ou empresa utilizando como ferramenta as auditorias ambientais e os critérios de avaliação do desempenho. A avaliação da organização não é suficiente para julgar o comportamento ambiental da mesma de uma forma integral, embora os produtos possam ter impactos ambientais negativos nas diferentes etapas de seu ciclo de vida. Assim um segundo bloco de normas e ferramentas avalia o produto. Aqui temos como ferramenta a análise do ciclo de vida e como certificação da qualidade ambiental do produto a rotulagem ambiental (Figura 1.5). Então, que normas são essas que cada um aplica se quiser, e como entender ser necessário? AVALIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO AVALIAÇÃO DO PRODUTO Figura 1.5- O gerenciamento ambiental segundo as normas ISO 14000. ISO 14000 SGA Avaliação do desempenho ambiental Auditoria ambiental ACV Rotulagem ambiental Aspectos ambientais nas normas dos produtos Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 17 As normas ISO 14000 não são de cumprimento obrigatório, como também é o caso da ISO 9000. Implementar um SGA tem suas vantagens competitivas, mas não constitui uma obrigatoriedade para a empresa, sendo esta a diferença para os padrões de emissão e outros padrões de qualidade ambiental. Como disse Sayre (1996) “O capitão de sua nave é você mesmo, as normas e os regulamentos como a ISO 14000 são simplesmente os mapas e a bússola a seguir”. A ISO 14000 não estabelece requerimentos absolutos de desempenho ambiental, e sim o cumprimento da legislação vigente com a intenção da melhoria contínua. Em outras palavras o padrão de desempenho é a legislação vigente em cada país. Na realidade a ISO 14000 não são normas (padrões) no sentido em que estamos acostumados, são “recomendações” para voluntários, mas que prevêem regras para avaliar os SGA e os produtos, assim como a qualificação dos auditores. O objetivo final da empresa é obter o certificado da ISO 14000 para seu SGA, depois de uma certificação realizada por instituições credenciadas, na forma de auditorias. O mesmo ocorre em relação à rotulagem ambiental do produto. As Tabelas 1.3 e 1.4 apresentam uma listagem das normas que constituem a ISO 14000 (só as realmente aprovadas ou em vias de aprovação) com alguns comentários. Em junho de 1996 foram definitivamente aprovadas as normas de Gestão (14001 e 14004) e de Auditoria Ambiental (14010, 14011 e 14012). No Brasil várias empresas já foram certificadas pelas normas ISO 14000 ou pelas BS 7750. Entre elas a fábrica de papel e celulose Bahia Sul e a empresa de tratamento de resíduos industriais CETREL. Tabela 1.3- Conjunto de normas da ISO 14000 que tratam da organização. Número da norma Descrição / Aplicação Comentários SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL 14000 Sistemas de gerenciamento ambiental - Diretrizes gerais sobre princípios, sistemase técnicas de suporte. Passa a ser a 14004, a 14000 será uma descrição das normas da serie 14000. 14001 Sistemas de gerenciamento ambiental - Especificações com guia para o uso. Elementos centrais do SGA a serem utilizados para certificação / registro. AUDITORIA AMBIENTAL 14010 Diretrizes para auditoria ambiental - Princípios gerais de auditoria ambiental. Auditoria ambiental (AA) - ferramenta de gestão. 14011-1 Diretrizes para auditoria ambiental - Parte 1: Auditoria de sistemas de gerenciamento ambiental. Os objetivos de uma AA se definem pelo cliente, o escopo pelo auditor. Critério e objetividade do processo. 14012 Diretrizes para auditoria ambiental. Parte 7: Critérios para a qualificação dos auditores. Conhecimentos, habilidades e experiência dos auditores. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL 14031 Avaliação do desempenho ambiental do SGA. Seleção e definição dos indicadores de desempenho ambiental IDA. 14032 Avaliação do desempenho dos sistemas operacionais. - Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 18 Tabela 1.4- Conjunto de normas da ISO 14000 que tratam do produto. Número da norma Descrição / Aplicação Comentários ROTULAGEM AMBIENTAL 14020 Princípios básicos para a rotulagem ambiental. Selos verificáveis e não enganosos. 14021 Rotulagem ambiental - autodeclarações. Declarações relacionadas com benefícios ambientais reais, não utilizar declarações vagas. 14022 Símbolos para a rotulagem ambiental. - 14023 Rotulagem ambiental - Metodologia para testes e verificações ambientais. - 14024 Rotulagem ambiental - Princípios-guias, práticas e critérios. Procedimentos de certificação. Definição do critério para produto. Transparência do programa e critério ecológico. Certificação. ANÁLISE DO CICLO DE VIDA 14040 Avaliação do ciclo de vida - Diretrizes e princípios gerais. ACV - ferramenta para o SGA de produtos e sistemas. Normas gerais e para as três fases de uma ACV. ASPECTOS AMBIENTAIS NOS PRODUTOS 14060 Guia para a inclusão de aspectos ambientais nas normas para produtos. Precauções nas normas de produtos podem reduzir efeitos ambientais. REFERÊNCIAS ALM, A.L.; Pollution prevention and TQM: Examples of paradigm shifts. ENVIRONMENTAL SCIENCE AND TECHNOLOGY, Vol. 26, No. 3, pp. 452, 1992. FREEMAN, H., HARTEN, J.S., RANDFALL, P., Industrial pollution prevention: A critical review. JOURNAL OF THE AIR & WASTE MANAGEMENT ASSOCIATION, Vol. 42, No. 5, pp. 619-656, 1992. GAZETA MERCANTIL, Gestão ambiental: compromisso da empresa., SERIE DE FASCÍCULOS, 1996. GILBERT, M.J., ISO 14000 /BS 7750 : Sistema de gerenciamento ambiental. IMAM, São Paulo, 1995. HAUTH, J.T., Best practices in pollution prevention and TQM: A review of five industry programs. BATTELLE SEATTLE RESEARCH CENTER, Prepared For Presentation At Waste Reduction Strategies And Goals For The Year 2000 And Beyond, http://www.seattle.battelle.org/services/e%26s/Folder/P2/progrez.htm, 1994 OSTRONOFF, M., Histórico, conceito e evolução do gerenciamento ambiental. IN GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA, ANAIS DO II SIMPOSIO NACIONAL DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA, Editora Signus, 1992. REIS, M.J.L., Gerenciamento ambiental um fator de sobrevivência para as empresas. SANEAMENTO AMBIENTAL, Setembro –Outubro, pp. 14-19, 1996. SAYRE, D., Inside ISO 14000: The competitive advantage of environmental management. St. Lucie Press, 1996. WEAVER, J., Pollution prevention: the answer to today’s waste overload. ROY F. WESTON, INC., http://www.rfweston.com/allen/pp/pollutio.html, 1996. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 19 2- A INDÚSTRIA AÇUCAREIRA E O MEIO AMBIENTE 2.1- Introdução O processo de fabricação de açúcar da cana como qualquer processo industrial consome matérias-primas: neste caso a cana-de-açúcar e diferentes reativos, além de energia. O bagaço de cana, resíduo lignocelulósico obtido logo após a moagem da cana, é a fonte principal de energia para o processo de fabricação de açúcar, tornando-se assim auto-suficiente. Como resultado do processo teremos os produtos finais (açúcar e/ou álcool) além de toda uma série de resíduos sólidos, líquidos e gasosos (Figura 2.1). MATÉRIAS-PRIMAS PRODUTOS Cana-de-Açúcar Açúcar Reativos Álcool RESÍDUOS Bagaço de Vinhaça cana Águas residuais Controle Particulados Ambiental Torta de filtro e outros Figura 2.1- Balanço de massa em uma usina de açúcar. O processo de fabricação de açúcar consta das seguintes etapas (Figura 2.2): • Pesagem e análise do teor de sacarose; • Armazenamento temporário; • Lavagem da cana; • Preparação da cana com picadores e desfibradores; • Extração; • Peneiramento do caldo; • Sulfitação; • Caleagem; • Aquecimento; • Decantação; • Filtração do lodo decantado; • Evaporação; • Cristalização; • Cristalização complementar; • Centrifugação; • Secagem; • Acondicionamento. USINA DE AÇÚCAR Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 20 Figura 2.2- Fluxograma do processo de produção do açúcar da cana (CETESB, 1985). 1- Sulfitação, 2- Forno para a queima de enxofre, 3- Leite de cal, 4- Água para o preparo do leite de cal, 5- Adição de CaO, 6- Tanque diluidor, 7- Calagem, 8- Aquecedores, 9- Tanque de flash, 10- Clarificador, 11- Para a destilaria, 12- Caldo filtrado, 13- Lodo, 14- Vapor, 15- Evaporador de múltiplo efeito, 16- Água para a lavagem da torta, 17- Torta, 18- Filtro rotativo ao vácuo, 19- Água condensada para o processo, 20- Xarope, 21- Separador de arraste, 22- Água para as colunas barométricas, 23- Para a destilaria, 24- Água para a diluição da mel, 25- Mel rico, 26- Xarope, 27- Mel pobre, 28- Cozedor No. 1, 29- Cozedor No. 2, 30- Águas servidas nas colunas barométricas, 31- Cristalizadores, 32- Mexedor, 33- Água para lavagem da açúcar, 34- Centrífuga, 35- Mel rico, 36- Mel pobre, 37- Secador, 38- Armazenamento, 39- Cristalizadores, 40- Mexedor, 41- Centrífuga, 42- Mel final para a destilaria, 43- Caldo clarificado, 44- Magma, 45- Água para a complementação da caldeira, 46- Água para a alimentação da caldeira, 47- Caldeira, 48- Bagaço, 49- Água de imbibição, 50- Água para o resfriamento dos mancais, 51- Moinhos, 52- Correia transportadora, 53- Electroimâ, 54- Espalhador de cana, 55- Roldana, 56- Roldana, 57- Esteira metálica, 58 Jogo de facas-picador, 59- Cana, 60- Água para a lavagem da cana, 61- Mesa alimentadora, 62- Saída da água de lavagem da cana, 63- Caldo misto. A Tabela 2.1 mostra os principais resíduos que aparecem durante a produção de açúcar e álcool, assim como seus conteúdos, características principais e disposição (Da Silva Salles, 1993). Tabela 2.1- Principais resíduos da produção de açúcar e álcool (Da Silva Salles, 1993, Bichara e Filho, 1991). Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 21 Resíduos e/ou subprodutos Características principais Disposição Água da lavagem da cana Vol: 2-7 m3/ tc DBO: 200 - 1200 mg/L pH = 4,8 Fertirrigação; Recirculação; Tratamento e/ou descarte. Condensados vegetais (secundários) Vol: 0,55 m3/tc DBO: 500 - 1000 mg/L Fertirrigação; Recirculação; Tratamento e/ou descarte. Águas dos condensadores barométricos e dos multijatos Vol: 10 - 20 m3/tc DBO: 100 - 300 mg/L t = 35 - 40 oC Fertirrigação; Recirculação; Tratamento e/ou descarte. Condensados de caldeiras e purgas Baixo potencial poluidor. Recirculação. Águas de lavagem de equipamentos e pisos Alta concentração de sólidos sedimentáveis. DBO: 400 - 15000 mg/LFertirrigação; Descarte. Águas residuais domésticas 75 - 120 l/dia.trab. Presença de coliformes. Fossas/sumidouros. Vinhaça ≈ 156 l/tc (destilaria anexa) e 910 l/tc (destilaria autônoma). Alto potencial poluidor. Fertirrigação, fermentação anaeróbica, combustão em caldeiras, outros usos. Torta de filtro 30 - 40 kg/tc Alta DBO Fertilizante, produção de ceras. Material particulado e gases provenientes da queima do bagaço de cana Particulados 4000 - 6000 mg/Nm3 ≈ 6 kg/tc. NOx Atmosfera com ou sem equipamentos de controle. tc - toneladas de cana moídas na usina Em relação aos resíduos líquidos na maioria dos países produtores de açúcar já existem normas de vertido de efluentes que estabelecem um limite da quantidade de orgânicos entre 15 e 60 mg/L de DBO, com a exceção da Índia onde o limite é de 100 mg/L (Purchase, 1996). O tratamento dos efluentes se realiza em lagoas anaeróbicas ou aeróbicas. Os sistemas de lodos ativados apresentam tendência ao fenômeno de “bulking”, por causa da presença de certa quantidade de sacarose nos efluentes. O Banco Mundial exige que sejam atingidos determinados níveis de poluentes nos efluentes, como mostrado na Tabela 2.2 (World Bank, 1997). Além disso, como medida de prevenção da poluição os especialistas desta instituição recomendam que a vazão e efluentes seja reduzida até 1,3 m3/tc, com a tendência de atingir o nível de 0,9 m3/tc implementando a recirculação da água. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 22 Tabela 2.2 – Exigências do Banco Mundial em relação ao nível de poluentes nos efluentes de usinas açucareiras (World Bank, 1997) Parâmetro Valor máximo pH 6-9 DBO5 50 mg/L DQO 250 mg/L Sólidos totais em suspensão 50 mg/L Óleos e gorduras 10 mg/L Nitrogênio total (NH4-N) 10 mg/L Fósforo total 2 mg/L A vinhaça, resíduo do processo de destilação, é produzido a razão de 11-13 litros por cada litro de álcool. Este resíduo tem um alto teor de potássio, alem de certas quantidades de nitrogênio e fósforo. O seu despejo nos rios e lagos provoca o fenômeno de eutrofização, e a morte dos peixes. O seu destino final no solo como fertirrigação deve-se realizar em doses de 150-300 m3/ha, a fim de que predominem os seus efeitos positivos sobre o solo, e o plantio de cana (Dantur et al., 1996). Em relação à poluição do ar, os impactos ambientais mais relevantes se referem à emissão de particulados durante a queima do bagaço em caldeiras. Antigamente o predomínio de caldeiras de queima em pilha, com baixo arraste de cinzas, junto à concentração dos esforços de controle da poluição em grandes emissores localizados perto de centros urbanos, fizeram com que as emissões de particulados, produto da combustão do bagaço em caldeiras não tivesse a devida atenção. As comunidades vizinhas às usinas já estavam tradicionalmente associados a quantidades consideráveis de partículas em suspensão no ar e à reclamação das donas de casa quando punham a roupa de cama para secar. Em menor medida são emitidos óxidos de nitrogênio. Se analisarmos como parte do processo agroindustrial a prática da queima da cana antes do corte, além de particulados aparecem no ar concentrações consideráveis de CO, ozônio e hidrocarbonetos. No presente trabalho pretendemos abordar as fontes de poluentes do ar na indústria açucareira, a seleção e dimensionamento dos diferentes sistemas de controle aplicáveis, e a experiência da indústria açucareira mundial neste sentido. Trata-se também aspectos relativos ao efeito dos contaminantes sobre a saúde humana e as normas de emissão vigentes. 2.2- Matriz de impactos ambientais na indústria açucareira O processo de produção de açúcar exerce vários impactos ambientais sobre os diferentes meios físicos. Esses impactos podem ser avaliados de forma quantitativa ou qualitativa, atendendo a diferentes critérios, como é mostrado na Tabela 2.3. Analisando os impactos relacionados com toda a atividade agroindustrial açucareira obteremos uma matriz de qualificação de impactos como a apresentada na Tabela 2.4 (Fundação Natura, 1990). Se nos limitarmos à análise dos impactos no meio atmosférico obteremos algo semelhante ao da Tabela 2.5 (Da Silva Salles, 1993). Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 23 Tabela 2.3- Impactos ambientais do processo de produção de açúcar sobre os diferentes meios físicos. Processos Meio físico Recebimento e lavagem Moenda / Geração de vapor Tratamento do caldo Evaporação e cozimento em tachos Centrifugação e secagem Ar • Emissão de particulados. • Emissão de NOx. • Bagacinho no ar. Água • Águas de lavagem. • Condensados. Solo • Cinzas. • Torta de filtro. Tabela 2.4- Matriz de qualificação de impactos da produção de açúcar a partir da cana-de-açúcar (Fundação Natura, 1990). IMPACTO AMBIENTAL IDENTIFICAD O APARECIMENTO NATUREZA DO IMPACTO DURA-ÇÃO ÁREA DE INFLUÊN- CIA INTENSI -DADE TIPO DE EFEITO Deterioração do ar Processos de produção. Produção de energia. Contaminação do ar pela presença de fuligem. Perió- dica Regional Moderada Direto Reservatórios de água contaminados Processos de produção. Produção de energia. Contaminação da água por efluentes líquidos industriais. Perda de qualidade do solo por irrigação com estes efluentes. Perió- dica Regional Alta Direto Contaminação da água Processos de produção. O depósito de torta de filtro com alta DBO provoca contaminação na água. Perió- dica Local Moderada Direto Mudanças no uso do solo Transformação do solo. Disposição de resíduos sólidos. Processos de produção. Instalação industrial, mono- cultura, contaminação do solo. Perma- nente Regional Moderada Direto Alterações na flora e fauna. Transformação do solo. Processos de produção. Produção de energia. Danos na flora e fauna dos reservatórios receptores dos efluentes líquidos. Perma- nente Regional Moderada Direto Efeitos sócio- econômicos. Transformação do solo. Extração de recursos. Processos de produção. Manejo de matéria- prima. Produção de energia. Dejetos. Doenças gastrointestinais por contaminação da água. Moléstias por ruído. Aumento nos acidentes de trânsito. Mudança nos padrões de comportamento de uma comunidade, pode melhorar as condições de vida. Perma- nente Local Moderada Indireto 2.3- Gerenciamento ambiental na indústria açucareira Infelizmente são poucas as tentativas de criação de sistemas de gerenciamento ambiental na indústria açucareira, e como é natural são poucas também as publicações. Os empresários deste setor são considerados, não sem certa dose de razão, como conservadores, e não amadureceram ainda para estes assuntos. Neste sentido cabe destacar a criação do Plano de Manuseio Ambiental (PMA) da indústria açucareira da África do Sul (Plafford e Bond, 1995). Este plano foi criado pela Associação Açucareira da África do Sul e pretende-se levá-lo adiante através dos Comitês Ambientais da Indústria. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 24 Tabela 2.5- Ficha de qualificação dos impactos no meio atmosférico produto da atividade agroindustrial açucareira (Da Silva Salles, 1993). Objetivos dos projetos ambientais *IMPACTOS Localização dos impactos Alcance espacial Temporali- dade Reversi- bilidade Intensidade Tendência Relevân- cia 1 2 3 4 Odor desagradável por armazenamento e aplicação de vinhaça no solo. Área de intervenção física e imediações L TE RE M C B X Contaminação do ar por gases e particulados emitidosdurante a queima da cana Núcleos urbanos R TE RE G C A X X X Afetações na visibilidade nas rodovias por causa da fumaça da queima da cana. Rodovias que cortam os canaviais L TE RE M C M X X Produção de material particulado e gases durante a queima de bagaço de cana nas caldeiras. Núcleos urbanos R TE RE G C B X X • Alcance espacial: L - local, R - regional. • Temporalidade: TE - temporal, PE - permanente. • Reversibilidade: RE - reversível, I - irreversível. • Intensidade: P - pequena, M - média, G - grande. • Tendência: C - crescimento, E - estabilidade, D - diminuição. • Relevância: A - alta, B - baixa, M - média. * 1 - Corretivos, 2 - Preventivos, 3 - Monitoramento, 4 - Compensatórios Este PMA pretende coordenar os esforços nas indústrias em relação ao uso correto dos recursos naturais, incluindo os seguintes aspectos: • Necessidade de conservação (tratamento e reutilização) das águas residuais na indústria; • Controle de ervas daninhas; • Utilização sustentável da palha da cana; • Minimização da poluição causada pela queima da cana; • Minimização da poluição causada por emissões industriais; • Minimização da poluição causada por pesticidas; • Educação ambiental do pessoal da indústria. Anderson et al. (1996) apresentam uma análise dos benefícios e particularidades da implantação de Sistemas de Gerenciamento Ambiental na indústria açucareira australiana. Eles assinalam que as auditorias ambientais permitem identificar problemas como a erosão do solo, arraste de fertilizantes, perdas no corte, atrasos entre o corte e a moagem, quantidades excessivas de matérias estranhas, perdas do produto com o bagaço, a torta de filtro e as águas residuais, contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas e analisar opções no uso de energia. Estes mesmos autores consideram que as atividades de relevância ambiental da agroindústria açucareira, a considerar num SGA, são: • Seleção do terreno e das técnicas agrícolas (sustentabilidade); • A queima da cana; • Sistemas de transporte; Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 25 • Emissões de contaminantes pelas caldeiras a vapor; • Utilização energética do bagaço; • Uso da água e produção de resíduos (minimização); • Controle das emissões de pó e dos odores; • Derrames de produtos; • Armazenamento; • Ruído. 2.4- Normas de emissão de particulados vigentes em diferentes países. Tendências Em 1991 as normas de emissão de particulados em caldeiras para bagaço previam concentrações máximas nos gases desde 450 mg/Nm3 na Austrália e África do Sul até 870 mg/Nm3 nas Ilhas do Havaí. Para caldeiras novas os valores permissíveis geralmente estavam no limite inferior da faixa indicada (Echavarría e Whalen, 1991). Atualmente na África do Sul para as caldeiras novas o limite de emissão é de 120 mg/Nm3 (Magásiner, 1996). Na Índia em 1992 o Ministério de Meio Ambiente e Bosques aprovou as seguintes normas de emissão: para caldeiras de grelha inclinada - 250 mg/Nm3, para caldeiras tipo Spreader-Stoker - 800 mg/Nm3, todos os valores para uma concentração de CO2 nos gases de 12 % (GEPLACEA, 1997). Nas Ilhas Maurício e na Malásia o padrão de emissão de particulados é de 400 mg/Nm3. O Banco Mundial recomenda que a emissão de particulados seja menor de 100 mg/Nm3, e em alguns casos para caldeiras pequenas, o valor permitido é de 150 mg/Nm3 (World Bank, 1997). No Brasil, a Agência Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 1986) realizou um estudo sobre o valor que deveria ser incluído numa norma de limites de emissão de particulados em caldeiras para bagaço, propondo-se finalmente 120 mg/Nm3. Segundo estudos desta entidade uma pluma clara corresponde a concentrações de aproximadamente 85 mg/Nm3. A versão definitiva destas normas está para ser aprovada, a qual prevê valores distintos para diferentes regiões canavieiras do Estado de São Paulo. Por enquanto a CETESB está aprovando projetos com emissões máximas de até 130 mg/Nm3 (Campanari, 1997). Na Tabela 2.6 apresenta-se o projeto de normas de emissão apresentado pela CETESB para o Estado de São Paulo (Pestelli, 1997). Como conclusão do supra-citado, a tendência é que os limites de emissão sejam cada vez mais rigorosos, sendo que, em projetos de cogeração de grande porte se selecionem os equipamentos de remoção de particulados com uma emissão final de 50 mg/Nm3. 2.5- Efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde humana Altas concentrações de poluentes estão relacionadas com o incremento da mortalidade nas regiões afetadas, assim como com o agravamento do estado de saúde dos pacientes com doenças respiratórias. Em geral o efeito de um poluente depende de dois fatores: concentração ambiente e tempo de exposição ao mesmo. É por isso que as normas de qualidade do ar incluem informação sobre estes dois quesitos. Vejamos o efeito dos contaminantes mais importantes. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 26 Tabela 2.6- Projeto de normas de emissão de particulados em caldeiras que utilizam bagaço de cana como combustível (Pestelli, 1997). Localização da usina açucareira Norma de emissão (em relação a 7 % de O2 base seca) Área 1- Área preservada. Não se permitem novas instalações. - Caldeiras existentes 70 mg/Nm3 Área 2- Região metropolitana ou em processo de metropolização. - Caldeiras novas - Caldeiras existentes 70 mg/Nm3 120 mg/Nm3 Área 3- Outras regiões. - Caldeiras novas - Caldeiras existentes 100 mg/Nm3 120 mg/Nm3 Ozônio e nitrato de peroxiacetilo Constituem irritantes severos dos olhos, nariz e garganta. Para concentrações de ozônio a partir de 0,01 ppm começa a irritação dos olhos, à concentrações de 2,0 ppm apresenta-se uma tosse severa. Outros irritantes dos olhos no “smog” fotoquímico são os formaldeídos (HCHO) e as acroleínas (CH2CHCHO). Segundo Seinfeld (1986) o efeito da exposição por longo tempo em níveis de ozônio típicos do ar urbano (0,1-0,2 ppm) não foi claramente identificado. Porém alguns estudos epidemiológicos evidenciam a existência de uma relação qualitativa entre o nível de oxidantes no ar acima de 0,1 ppm e sintomas em crianças e jovens, tais como irritação da garganta, tosse e dor de cabeça (Lippmam, 1991). Uma série de estudos de exposição prolongada a baixos níveis de O3 (0,08-0,12 ppm) encontrou que para exposições de 6,6 horas, e com exercício moderado 5,5 horas, se apresentava uma diminuição da função pulmonar em homens jovens e saudáveis (Lefohn e Foley, 1993). Particulados A deposição dos particulados em diferentes regiões do sistema respiratório depende de suas dimensões. Assim a deposição na região traqueo-bronquial e pulmonar é típica de partículas menores de 10 µm (Figura 2.4), sendo estas as de efeito mais adverso sobre a saúde humana. Os particulados urbanos podem também concentrar em sua superfície SO2 e elementos tóxicos como arsênico, selênio etc. Segundo dados epidemiológicos, altas concentrações de particulados provocam: • Aumento da incidência de doenças respiratórias como asma, bronquite crônica e constrição dos brônquios; • Diminuição da função pulmonar; • Aumento da mortalidade. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 27 Figura 2.4- Influência das dimensões dos particulados sobre a região de deposição no sistema respiratório (Henry e Heinke, 1989). A Figura 2.5 apresenta a relação que existe entre a concentração de particulados finos no ar e a mortalidade (Reichhardt, 1995). Os críticos destes resultados manifestam que é difícil diferenciar os efeitos adversos dos particulados, dos efeitos da poluição do ar em geral. Figura 2.5- Relação entre a concentração de particulados finos no ar e a mortalidade (Reichhardt,1995). Monóxido de carbono (CO) O CO é um poluente altamente tóxico pois afeta a capacidade do sangue de transportar oxigênio. Este composto reage com a hemoglobina do sangue, obtendo-se como resultado um composto denominado carboxihemoglobina (COHb). A afinidade da hemoglobina pelo CO é 210 vezes maior que pelo oxigênio. Um 5 % de carboxihemoglobina no sangue já provoca distúrbios nervosos e de comportamento, assim como problemas no metabolismo do miocárdio. Em geral, o efeito do CO sobre a Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 28 saúde humana depende da porcentagem de carboxihemoglobina formada e do tempo de exposição (Figura 2.6). Figura 2.6- Efeito do CO sobre o ser humano (Seinfeld, 1986). Óxidos de nitrogênio Alguns estudos indicam que os óxidos de nitrogênio aumentam a susceptibilidade a infecções bacterianas nos pulmões. A exposição por longo tempo a concentrações de 1ppm provoca a irritação dos alvéolos pulmonares com sintomas semelhantes aos de enfisema pulmonar. Segundo Degobert (1995), o efeito principal do NO é como precursor do peróxido de nitrogênio NO2, que é insolúvel e penetra até as profundezas do sistema respiratório. O NO2 atua sobre os alvéolos pulmonares, podendo chegar a provocar enfisema, inibe as defesas pulmonares e possui um efeito fitotóxico. 2.6- Normas de qualidade do ar Segundo Derisio (1992), “Uma norma de qualidade do ar define legalmente um limite máximo para a concentração de um componente atmosférico, que garantisse a proteção da saúde e do bem estar das pessoas”. As normas já estabelecidas se baseiam em estudos sobre o efeito dos diferentes contaminantes e prevêem uma margem de segurança. A Tabela 2.7 mostra as normas de concentração máxima de contaminantes no ar ambiente elaboradas pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA através da resolução No 3 de 28/06/90 estabeleceu as normas nacionais de qualidade do ar sobre a base do Documento Normativo No. 348, de 14/03/90, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA (Tabela 2.8). Esta resolução prevê normas relativas aos padrões primários e secundários. Os padrões primários podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de contaminantes atmosféricos que superados podem afetar a saúde da população. Os padrões secundários constituem os níveis desejados de concentração dos contaminantes. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 29 Tabela 2.7 Normas da EPA para concentrações máximas de contaminantes no ar ambiente (NAAQS- National Ambient Air Quality Standards) /Benitez, 1993). Contaminante (Poluente) Concentração máxima permissível SO2 Média anual 80 µg/m3 (0,03 ppm) Média em 24 horas 365 µg/m3 (0,14 ppm) Ozônio Média em 1 hora 0,12 ppm (235 µg/m3) NO2 Média anual 0,053 ppm (100 µg/m3) CO Média em 8 horas 9 ppm (10 mg/m 3) Média em 1 hora 35 ppm (40 mg/m3) PTS Média anual 75 µg/m 3 Média em 24 horas 260 µg/m3 PM10 (partículas com dimensões menores de 10 µm)* Média anual 50 µg/m3 Média em 24 horas 150 µg/m3 Chumbo Média em 4 meses 1,5 µg/m3 * As partículas com dimensões na faixa de 10-50 µm não possuem efeito aparente sobre a saúde humana. Tabela 2.8 - Normas nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA No. 3, de 28/06/90). Tomado de Derisio (1992). Poluentes Intervalo de amostragem Padrão primário, µg/m3 Padrão secundário, µg/m3 Método de medição Partículas totais em suspensão 24 horas (1) MGA (2) 240 80 150 60 Amostrador de grandes volumes Dióxido de enxofre 24 horas (1) MAA (3) 365 80 100 40 Pararosanilina Monóxido de carbono 1 hora (1) 8 horas (1) 40000 (35 ppm) 10000 (9 ppm) 40000 (35 ppm) 10000 (9 ppm) Infravermelho não dispersivo Ozônio 1 hora (1) 160 160 Quimioluminis- cência Fumaça 24 horas (1) MAA (3) 150 60 100 40 Reflectância Partículas inaláveis 24 horas (1) MAA (3) 150 50 150 50 Separação inercial/filtração Dióxido de nitrogênio 1 hora (1) MAA (3) 320 100 190 100 Quimioluminis- cência (1) Não deve ser excedido mais de uma vez por ano,(2) Média geométrica anual, (3) Média aritmética anual. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 30 REFERÊNCIAS Anderson et al., Environmental management systems- development, implementation and benefits for the Australian sugar industry. AUSTRALIAN SOCIETY OF SUGAR CANE TECHNOLOGISTS CONFERENCE, PROCEEDINGS, 1996. BICHARA, J.M., AND FILHO, J.P., Aspectos gerais de gerenciamento ambiental na agroindústria canavieira. SANEAMENTO AMBIENTAL, No. 11, pp. 14-23, Dezembro - Janeiro, 1991. BENÍTEZ, J., Process engineering and design for air pollution control. Edited by PTR Prentice Hall, 1993, 466 p. CAMPANARI, N. Comunicação pessoal. COPERSUCAR, 1997. CETESB, Emissão de material particulado proveniente de combustão de bagaço de cana em caldeiras. PROPOSTA PARA O ESTABELECIMENTO DE PADRÃO, 1986. CETESB, Nota sobre Tecnologia de Controle: Fabricação de Açúcar e Álcool. NT 10., 1985. DA SILVA SALLES, L. Elementos para o planejamento ambiental do complexo agroindustrial sucroalcooleiro no Estado de Sao Paulo: conceitos, aspectos e métodos. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, EESC - USP, 1993. DANTUR, N., SCARDALIANS, J., PEREZ, F., RONCEDO, M., Uso agrícola de resíduos de la agro-industria de la caña de azucar. II. El uso de la vinaza, AVANCE AGROINDUSTRIAL, Vol. 16, No. 64, pp. 38-41, 1996. DEGOBERT, P., Automobiles and Pollution. SAE – TECHNIP, 1992, 461p. DERISIO, J.C., Introdução ao controle da poluição ambiental. CETESB, 1992, 201p. ECHAVARRIA, M., AND WHALEN, S., Air quality and processing sugar cane. PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL CONFERENCE OF ENERGY FROM SUGARCANE: PROGRESS AND PROSPECTS, pp. 283-314, Hilo, Havaí, September 10-13, 1991. FUNDAÇÃO NATURA, Potencial Impacto Ambiental de las Industrias en el Ecuador: Exploración preliminar y soluciones. Quito, 1991. GEPLACEA, Comunicação pessoal da Dra. Marianela Cordovez, 1997. HENRY, J.G., AND HEINKE, G.W., Environmental science and engineering. Edited by Prentice Hall, 1989, 728 p. LEFOHN, A.S., AND FOLEY, J.K., Establishing relevant ozone standards to protect vegetation and human health: exposure/dose-response considerations. JOURNAL OF THE AIR AND WASTE MANAGEMENT ASSOCIATION, Vol. 43, pp. 106-112, 1993. LIPPMANN, M., Environmental Science and Technology. Vol. 25, No. 12, pp. 1954- 1962, 1991. MAGASINER, N. Comunicação pessoal, Thermal Energy Systems, 1996. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 31 PLATFORD AND BOND, Environmental management plan for the South African sugar industry., PROCEEDINGS OF THE XXII ISSCT CONGRESS, Cartagena de Indias, Colombia, 1995. PESTELLI, A., Normas de emissão de particulados em caldeiras que queimam bagaço de cana. Comunicação Pessoal, CETESB, 1997. PURCHASE, B.S., Disposal of liquid effluents from cane sugar factories., PROCEEDINGS OH THE 22 ISSCT CONGRESS, Cartagena de Indias, Colombia, pp. 49-54, 1995. REICHHARDT, T., Weighing the health risk of airborne particulates. ENVIRONMENTAL SCIENCE AND TECHNOLOGY, Vol. 29, No. 8, pp. 360A- 364A, 1995. SEINFELD, J.H., Atmospheric chemistry and physic of air pollution Edited by John Wiley & Sons, 1986, 738 p. WORLD BANK, Pollution Prevention and Abatement Handbook- Part III, 1997. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 32 3- FONTES DE POLUIÇÃO DO AR NA INDÚSTRIA AÇUCAREIRA 3.1- A queima da cana para o corte. Emissões e medidas de controle Em muitospaíses pratica-se a queima da cana antes do corte. A principal justificativa é a diminuição dos custos da colheita em até 50 % e a eliminação de roedores e outras pragas. Um fator negativo a considerar é a aceleração da deterioração da sacarose e a contaminação ambiental. O Prof. Afrânio Delgado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), em Piracicaba, considera outros aspectos negativos da queima da cana (CETESB, 1989): • O fogo destrói a palha da cana que poderia ser incorporada ao solo, aumentando o potencial de matéria orgânica do mesmo; • Destruição de uma pequena parcela de matéria orgânica de solo pela incidência de altas temperaturas durante a queima; • Predisposição do solo à ação mais agressiva das chuvas, tendo lugar a lixiviação das cinzas; • Ressecamento do solo pela exposição direta aos raios solares; • Destruição de muitos insetos considerados inimigos naturais da broca da cana; • Predisposição para o crescimento de ervas daninhas; • Qualidade inferior da água de lavagem da cana (aumento do DBO); • Perda de 15 % da matéria seca da cana. Oliveira et al. (1995) detectaram uma produtividade 24 % maior nos campos de cana onde se realiza a colheita de cana verde, em comparação com aqueles onde a cana é queimada (a partir do segundo corte). Estes autores chegaram a conclusão de que a efetividade econômica da produção de cana, não diminui se passar à colheita de cana verde. Echavarria (1995) salienta que o gerenciamento da queima (equipamentos, pessoal, etc.) faz mais custosa a queima da cana. Em alguns países a queima realiza-se no dia anterior ao corte pela noite, em outros, procurando uma melhor dispersão dos poluentes, a queima se realiza durante o dia. A Tabela 3.1 apresenta as emissões específicas ou fatores de emissão da queima da cana (Echavarria e Whalen, 1991; Echavarria,1995). Não existem dados suficientes para determinar se a prática da queima da cana tem um impacto significativo sobre a saúde humana. Porém em alguns países como os EUA e as Ilhas do Havaí a queima da cana pode se realizar somente com a autorização das agências de controle da qualidade do ar ou de entidades florestais. Para a safra de 1997 a CETESB (1997) aprovou diretrizes para o controle da poluição devido a queima da cana, estabelecendo áreas nas quais a queima da cana seria considerada uma infração de “natureza gravíssima” e penalizada com pesadas multas. Entre estas áreas temos: • Áreas urbanas: 1 km ao redor; • Linhas de transmissão de energia elétrica: 10 metros a cada lado para linhas de 15 kV e 25 metros para linhas de 34,5/69/138 kV; • Subestações de energia: 100 metros ao redor; • Gasodutos e oleodutos: 10 m a cada lado; • Linhas férreas: 50 metros a cada lado; • Rodovias: 100 metros a cada lado da pista, etc. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 33 Tabela 3.1- Fatores de emissão da queima de cana, kg/tc (Echavarria, 1994). Medições Poluente Darley et al., (1975) Jenkins, (1995) Colômbia (1992) EPA, (1992) Partículas • Média • Faixa 3,6 3,0-4,2 5,60 2,0 0,61-3,61 2,5-3.5 Monóxido de Carbono • Média • Faixa 35,3 30-40,6 25,48 30,0-41,0 Hidrocarbonetos • Média • Faixa 5,2 2,4-8,0 2,30 2,6-2,8* * Metano: 0,62 - 2,0 kg/tc (EPA, 1995). Em 6 de agosto de 1997, por decreto do Estado de São Paulo, deu-se um prazo de 8 anos nas áreas mecanizáveis e de 15 anos nas restantes para proibir a queima da cana para o corte. Isto tem provocado fortes discussões ao redor do número de trabalhadores que ficarão sem postos de trabalhos e as conseqüências sociais correspondentes. Finalmente em março de 2000 este prazo foi aumentado até 20 anos. Investigações realizadas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE) utilizando aviões para a tomada de amostras de ar em diferentes alturas permitiu detectar aumentos consideráveis nas concentrações de CO e de ozônio O3, na época de seca, em regiões cultivadas com cana-de-açúcar (Projeto Fogo). Isto é conseqüência da prática de queima da cana antes do corte (Figuras 3.1 e 3.2). Marinho e Kirchhoff (1991) analisando os dados obtidos chegaram às seguintes conclusões: • A quantidade de matéria seca queimada nos canaviais por ano por unidade de área é 15 vezes maior que na região amazônica, é dizer 0,5 kg/m2 e 0,03 kg/m2 , respectivamente; • O ozônio é produto das reações foto-químicas entre os precursores (monóxido de carbono, metano e hidrocarbonetos que não contem metano); • Somente no Estado de São Paulo, em conseqüência da queima da cana, chegam na atmosfera cerca de 350000 toneladas de carbono na forma de CO2; • A queima da cana para o corte virou uma nova fonte de poluição em áreas rurais, com um impacto ambiental considerável. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 34 Figura 3.1- Comparação das concentrações de CO entre os experimentos realizados na época de seca e de chuvas (Kirchhoff et al., 1991). Figura 3.2- Comparação das concentrações de O3 entre os experimentos realizados na época de seca e de chuvas (Kirchhoff et al., 1991). A CETESB realizou um estudo conjunto com a Universidade de Tubingen (Alemanha) relacionado com a concentração de dioxinas e furanos (PCDDs e PCDFs), bifenilos policlorados (PCBs) e compostos policíclicos aromáticos (PAH) na fumaça da queima de cana e no ar de cidades vizinhas (Tabela 3.2; CETESB, 1996). As medições foram realizadas na cidade de Araraquara, Estado de São Paulo e em seus arredores, região tipicamente canavieira. Na fumaça da queima da cana, para todos os compostos medidos, observam-se concentrações muito maiores que as típicas no ar de Araraquara e São Paulo. Estes dados são considerados preliminares e prevê-se a continuação das medições. Silva E., Controle da Poluição do Ar na Indústria Açucareira 35 Tabela 3.2- Concentração de PCDDs e PCDFs, PCBs e PAH na fumaça da queima de cana e no ar de cidades vizinhas (CETESB, 1996). Composto Localização da medição PCDDs e PCDFs fg I-TEQ/Nm3* PCBs, ng/Nm 3 PAH, ng/nm3 Campo que se está queimando. 42-267 23-274 400-1800 Araraquara 46 9 11 São Paulo 86-187 5-6 12-27 Estados Unidos (valor referencial) - 0,05-5 - * As unidades fg I-TEQ/Nm3 indicam que o valor total das concentrações de dioxinas e furanos em fg (10-15 g)/Nm3 foi calculado utilizando um valor de toxicidade equivalente internacional (I-TEQ). Em 1986, a CETESB já havia realizado medições extensas da concentração de particulados totais PTS antes e durante a safra nesta mesma região (Tabela 3.3; CETESB, 1986). É necessário salientar que apesar dos altos valores observados nunca se ultrapassa o valor máximo estabelecido pelas normas brasileiras para 24 horas que é de 240 µg/Nm3. Tabela 3.3- Concentração de particulados totais no ar da cidade de Araraquara antes e depois da safra, µg/m3 (CETESB, 1986). Período Número de medições, n Primeiro máximo Segundo máximo Média geométrica Antes da safra 28 77 74 39 Após a safra 30 177 174 86 Outro aspecto de interesse em relação com a queima da cana é o possível impacto ambiental pelas emissões de CO2 na atmosfera. Segundo Rozeff (1995) durante a queima libera-se somente 18,2 % do CO2 fixado durante o crescimento. É oportuno salientar que a cana-de-açúcar é muito mais eficiente que os bosques tropicais na fixação de CO2. Dados do próprio Rozeff (1995) indicam que a cana-de-açúcar fixa 1,46 toneladas de CO2 por tonelada de matéria seca, o que para as condições do Texas equivale a 49,4 toneladas de CO2 por hectare anualmente. A fim de comparação um bosque energético no Brasil fixa como média 20,8 t/ha.ano de CO2
Compartilhar