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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 Continuação Direito Fundamental à Nacionalidade 4. AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA O art. 12, I e suas alíneas “a”, “b” e “c”, da CRFB/88, encerram as únicas formas de aquisição de nacionalidade originária brasileira, não podendo a legislação infraconstitucional ampliá‑las. O art. 12, I, “a” representa o critério de maior destaque da nacionalidade primária do país, ou seja, a origem territo- rial. De acordo com seu dispositivo, serão brasileiros natos: “A) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país”. Daí se infere que, em regra geral, quem nasce no Brasil será brasileiro nato, a não ser que seja filho de pai e mãe estrangeira (não importa de qual nacionalidade) e ainda que um dos pais esteja a serviço oficial de seu país de origem (assim reconhecido pelo país que lhe encaminhou ao Brasil). Pode‑se concluir que filho de brasileiro (pai ou mãe) seja nato ou naturalizado, nascido em nosso país, será sempre brasileiro nato. Na alínea seguinte temos a combinação entre o critério sanguíneo, associado à questão funcional, senão veja- mos: serão também brasileiros natos: “B) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil”. Da mesma maneira que não se impõe a um estrangeiro que está a serviço de seu país em território brasileiro a nacionalidade brasileira ao seu filho aqui nascido, a Constituição determina que o filho de brasileiro a serviço do Brasil no exterior também possa dar a nacionalidade brasileira a seu filho, mesmo tendo nascido fora do território nacional. Ressalte‑se que “a serviço” do país deve englobar a Administração Públi- ca Direta ou Indireta de quaisquer das esferas da Federação. O art. 12, I, “c”, determina que: “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que se- jam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e op- tem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”. Na redação atual os filhos de brasileiros podem ser registrados em Consulados (ou as seções consulares nas Embaixadas), sem a necessidade de vir ao país e proceder à opção. Os que não sejam registrados no exterior ainda podem vir residir a qualquer tempo no Brasil e manifestar a opção após atingida a maioridade civil. A opção é feita na forma do art. 109, X da CRFB/88 perante a justiça federal, num processo de jurisdição voluntária. 5. AQUISIÇÃO DE NACIONALIDADE DERIVADA A naturalização permite ao estrangeiro, que detém outra nacionalidade, ou ao apátrida (que não tem nenhuma), a aquisição da nacionalidade brasileira, na forma do art. 12, II, “a” e “b” da CRFB/88 e ainda de acordo com o Esta- tuto do Estrangeiro. Como a naturalização no Brasil decorre de uma manifestação da vontade, podemos dizer que não há naturalização tácita ou por decurso de prazo. Em sede constitucional, encontramos duas situações de aquisição de nacionalidade derivada: A) Naturalização ordinária: para os originários de países da língua portuguesa (Angola, Açores, Portugal, Cabo Verde, Moçambique etc.). De acordo com o art. 12, II, “a”, é exigida a residência por um ano ininterrupto no Brasil e idoneidade moral e, para os demais estrangeiros, as exigências estão no Estatuto do Estrangeiro (ou, como diz o texto, na “forma da lei”). Apesar de os requisitos necessários para a aquisição da nacionalidade brasileira dos originários de países de língua portuguesa estarem previstos na Constituição, a natureza do ato administrativo de concessão do pedido é discricionário do Poder Exe- cutivo federal. B) Naturalização extraordinária ou quinzenária: na forma do art. 12, II, “b”, serão brasileiros naturalizados: “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”. Originariamente o prazo de residência era de 30 (trinta) anos, reduzido pela metade com a ER 3/94. Estrangeiros de qualquer nacionalida- de residentes no Brasil há mais de 15 (quinze) anos, ininterruptamente, e sem condenação penal, desde que re- queiram a nacionalidade brasileira. A natureza do ato administrativo de concessão do pedido é vinculado, ou seja, uma vez satisfeitos os requisitos o país não pode negar a aquisição de nacionalidade. www.cers.com.br 3 6. TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS Os nossos nacionais originários são os brasileiros natos e os nacionais derivados são chamados de brasileiros naturalizados. Saliente-se, entretanto, que, quando a CRFB/88 dispõe sobre um direito dos “brasileiros”, está se referindo tanto aos natos quanto aos naturalizados, e essa é a regra geral, em nome do princípio da igualdade, da não discriminação, os nossos brasileiros ou têm vínculo originário, ou têm vínculo secundário, mas são ambos brasileiros, e em direitos e obrigações devem ser tratados de forma mais equânime possível. Na forma do art. 12, § 2º, da CRFB/88 em nome do princípio da igualdade, somente a Constituição pode estabele- cer tratamento diferenciado entre seus brasileiros, como o faz em alguns dispositivos legais, a seguir relembrados. Na forma do art. 12, § 3º da CRFB/88 – São privativos de brasileiros natos os cargos: I – de Presidente e Vice-Presidente da República; II – de Presidente da Câmara dos Deputados; III – de Presiden- te do Senado Federal; IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V – da carreira diplomática; VI – de oficial das Forças Armadas. VII – de Ministro de Estado da Defesa. Como esse rol é taxativo, nada impede, portanto, que um brasileiro naturalizado concorra a cargo na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal, não podendo apenas ser eleito Presidente das duas casas – da mesma manei- ra, Governadores de Estado e Prefeitos podem ser brasileiros naturalizados, por inexistir proibição constitucional. De acordo com o art. 89, VII da CRFB/88, a representação direta do povo no Conselho da República também é privativa de brasileiros natos: “(…) VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução”. Ressalte‑se que nem todo membro do Conselho da República é brasileiro nato (líderes da maioria e da minoria das casas legislativas, por exemplo), mas na forma do dispositivo citado a participação do povo no Conselho só pode ser preenchida por brasileiro nato. Nos termos do art. 5º, LI,da CRFB/88 não haverá extradição passiva de brasileiro nato: “LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da natu- ralização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. Conforme orientação do STF, o brasileiro nato que possui dupla nacionalidade também não poderá ser extradita- do. Ainda na forma do art. 222 da CRFB/88, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constitu- ídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. 7. PERDA DA NACIONALIDADE De acordo com a orientação jurisprudencial, as hipóteses de perda da nacionalidade estão taxativamente previs- tas na Constituição Federal, não podendo, portanto, a legislação infraconstitucional ampliar as hipóteses de restri- ção ao importante direito fundamental à nacionalidade. Assim dispõe o art. 12 § 4º da CRFB/88:“Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: A) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; B) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis”; 7.1. PERDA – SANÇÃO OU PUNIÇÃO: BRASILEIROS NATURALIZADOS O art. 12, § 4o, da CRFB/88 destaca que o brasileiro naturalizado, depois de enfrentar uma ação de cancelamento de naturalização transitada em julgado, terá declarada judicialmente a perda de sua nacionalidade brasileira. Co- mo a perda ocorreu em razão da prática de ato nocivo ao interesse nacional, pode ser denominada de perda san- ção, ou de perda punição. www.cers.com.br 4 . A ação de cancelamento de naturalização é ajuizada pelo Ministério Publico Federal e tramita perante a Justiça Federal, na forma do art. 109, X, da CRFB/88. Após declarada a perda, o ex-brasileiro não poderá enfrentar novo processo administrativo para aquisição de nacionalidade nacional. 7.2. PERDA – MUDANÇA: BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS O art. 12, § 4o, II da CRFB/88 traz a hipótese de perda de nacionalidade administrativa para o brasileiro nato ou naturalizado que optar pela aquisição voluntária de outra nacionalidade. A doutrina entende que o dispositivo trata de uma perda-mudança, porque não há punição do brasileiro. A Constituição consagra ainda a possibilidade de dupla-nacionalidade, em que não haverá perda de nacionalidade do brasileiro, nos casos de: “A) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; e B) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis”. A primeira situação é muito comum, em um país que recebeu tantos imigrantes como o nosso. Por meio desta exceção, filhos ou netos (dependendo da legislação estrangeira) de estrangeiros, nascidos no Brasil, serão brasi- leiros natos, ainda que possuam o reconhecimento de sua nacionalidade por outro país. Na segunda situação, brasileiros que tenham sido obrigados a se naturalizar, por força de casamento, trabalho, herança, ou como condição de permanência, manterão intacta a nacionalidade brasileira. DIREITOS POLÍTICOS Do art. 1o, § único da CRFB/88, extraímos que a soberania e popular, ou seja, o titular do Poder Constituinte é o povo, e ele que deve exercer a sua vontade politica, diretamente ou indiretamente, de acordo com o modelo de democracia participativo adotado pelo Brasil. A democracia direta se realizara quando o cidadão, em pleno gozo de seus direitos políticos, participa de referen- dos, plebiscitos, quando ajuíza ação popular, dentre outras manifestações. Indiretamente, a democracia se mani- festa quando os atos principais da vida politica do país são realizados por nossos representantes eleitos para essa finalidade. O art. 14, da CRFB/88, reitera o teor do artigo citado, dispondo que a soberania popular será exercida pelo sufrá- gio universal e pelo voto direto e secreto na forma da lei. 1. AQUISIÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS: ALISTAMENTO ELEITORAL Ao se alistar perante a Justiça eleitoral, o cidadão adquire os seus direitos políticos ativos, recebendo autorização constitucional para atuar na formação da vontade politica no Brasil. Em regra geral, o cidadão e o brasileiro nato ou naturalizado em pleno gozo de seus direitos políticos. De acordo com o art. 14, § 1o da CRFB/88, o alistamento eleitoral é obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Pode‑se concluir, então, que o alistamento eleitoral é obrigatório para os brasileiros alfabetizados, com mais de dezoito e menos de setenta anos. A Constituição veda no art. 12, § 2o o alistamento eleitoral aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Estes últimos são os convocados para o serviço militar obrigatório. Finda essa situação, extingue‑se o proibitivo da Constituição. www.cers.com.br 5 2. DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS A) Alistabilidade – capacidade eleitoral ativa A alistabilidade é adquirida mediante o processo de aquisição de direitos políticos perante a Justiça eleitoral. Com o titulo de eleitor em mãos, adquirimos o direito de poder votar, de participar de referendos, plebiscito, de propor ação popular, de apresentar projetos de leis populares. São intervenções ativas diretas do cidadão na vida politica do país. B) Plebiscito e Referendo A Constituição prevê que uma das formas de exercício da soberania popular será por meio de consultas popula- res, realizadas mediante plebiscitos e referendos. O plebiscito é uma consulta previa que se faz aos cidadãos no gozo de seus direitos políticos, sobre determinada matéria a ser, posteriormente, discutida pelo Poder Publico. O referendo consiste na consulta posterior sobre determinado ato governamental para ratificá‑lo, ou no sentido de conceder‑lhe eficácia (condição suspensiva), ou, ainda para retirar‑lhe a eficácia (condição resolutiva). Ressal- te‑se que, por se tratar de exercício da soberania, somente as pessoas que tiverem capacidade eleitoral ativa é que poderão participar de ambas as consultas. O art. 49, XV, da CRFB/88, destinou ao Congresso Nacional a competência exclusiva para autorizar referendo e convocar plebiscito e o assunto foi regulamentado pela Lei 9.709/98. C) Ação Popular A ação popular é ao mesmo tempo um remédio constitucional e um exercício de direito político ativo, pois, na for- ma do art. 5°, LXXIII, da CRFB/88, somente poderá ser proposta pelo cidadão. D) Iniciativa popular de apresentação de projetos de lei Os cidadãos, por forca do art. 61, § 2o, da CRFB/88, também poderão deflagrar o processo legislativo brasileiro apresentando projetos de lei complementar e ordinária, desde que satisfaçam os seguintes requisitos constitucio- nais: o projeto deve ser subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional + esses eleitores devem estar distribuídos pelo menos por cinco Estados brasileiros + e, em cada um desses Estados, o numero de eleito- res não pode ser inferior a três décimos por cento dos eleitores locais. Os arts. 27, § 4o e 29, XIII, da CRFB/88, cuidam da iniciativa popular de apresentação de projetos de leis estaduais e municipais. E) O “Voto” Como já visto, a aquisição dos direitos políticos se faz mediante o alistamento, perante o órgão da Justiça Eleito- ral. Ao se inscrever como eleitor, o cidadão terá o direito de votar. São características constitucionais do voto: pessoal, há obrigatoriedade formal do comparecimento; Livre, Sigiloso, Direto, Periódico, com valor igual para todos. Pode‑se dizer que o voto possui natureza hibrida, pois e, ao mesmo tempo: direito público subjetivo, uma função social (função da soberania popular no regime democrático adotado pelo Brasil) e um dever sócio-político (na eleição dos governantes) e um dever jurídico, pois o seu descumprimento gera sanções no plano eleitoral. F) Elegibilidade – capacidade eleitoral passiva A elegibilidade identifica a capacidade eleitoral passiva. Não basta ter a capacidade eleitoral ativa para poder se eleger. Com isso, nem todos que possuem capacidade eleitoral ativa possuem necessariamente capacidade elei- toral passiva (os analfabetos, por exemplo), ou ainda, nem todos que podem votar podem ser votados. Por sua vez: todos que possuem capacidadeeleitoral passiva possuem capacidade eleitoral ativa, ou seja, para ser vota- do, precisa poder votar, como na forma do art. 14, § 3o, da CRFB/88 que traz as condições de elegibilidade. São condições genéricas (cumulativas) de elegibilidade, com base no art. 14 § 3°: I – a nacionalidade brasileira (a nacionalidade originária só é exigida para os cargos do art. 12,§ 3o); II – o pleno exercício dos direitos políticos (não pode estar sofrendo nenhuma das restrições do art. 15); III – o alistamento eleitoral (que gera a capacidade eleitoral ativa); www.cers.com.br 6 IV – o domicilio eleitoral na circunscrição; V – a filiação partidária (pois não se admite candidatura avulsa no país); VI – a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Republica e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Fe- deral, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. A idade mínima deve ser comprovada no ato da posse, salvo a do vereador que deve ser comprovada no registro de candidatura. www.cers.com.br 7
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