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Física C ( Eletromagnetismo ) . AULA 14 SOLENOIDES Um solenoide é um dispositivo usado para gerar um campo magnético uniforme. Ele pode ser feito de um fio condutor fino enrolado como uma bobina de muitas voltas. O campo magnético no interior do solenoide pode ser determinado pela soma do campo magnético gerado pelas N voltas individuais. Um solenoide ideal é simétrico em relação ao eixo central. Lembre-se de que as linhas de campo magnético sempre formam caminhos fechados. Assim, ele não pode ser direcionado radialmente, caso contrário, as linhas deveriam ser criadas ou destruídas no eixo central do solenoide. Dessa forma, as linhas de campo devem ser paralelas ao eixo do solenoide e sua magnitude pode ser obtida pela lei de Ampère. Figura 4.6. Campo magnético no interior de um solenoide Admita que uma corrente passa pelo solenoide, como mostramos na Figura 4.6. Considerando a integração no caminho apresentado na Figura 4.6, temos: ∮ B⃗ ⋅d l⃗=BL (4.7) sendo L o comprimento horizontal do caminho. A corrente encerrada no caminho de integração é igual a N⋅I , onde N é o número de voltas e I é a corrente percorrendo o fio, que é a mesma em cada volta do solenoide. Usando a lei de Ampère concluímos que: | ⃗Bsolenoide|=μ0n I (4.7) onde , n=N L é o número de voltas por unidade de comprimento do solenoide. Note que a intensidade do campo magnético independe da posição dentro do solenoide, mostrando que o campo magnético é uniforme no seu interior. CURIOSIDADE “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 1 Já discutimos que alguns materiais tornam-se supercondutores a baixas temperaturas. Neles é possível que correntes elétricas sejam mantidas mesmo sem a presença de campos elétricos. Essas correntes elétricas pelo material geram por sua vez um campo magnético associado. Esse campo magnético pode interagir com campos magnéticos de ímãs permanentes e ser utilizado para levitar objetos, em um fenômeno chamado magneto-levitação. Uma vez que o campo magnético no interior do solenoide é uniforme, fora ele é similar ao de um ímã permanente, como mostrado na Figura 4.1. Assim, os solenoides são usados para construir ímãs artificiais conhecidos como eletroímãs. Voltando à observação de Ampère, ele chegou à conclusão de que a corrente passando por um fio atuava como um ímã, e que se isso fosse verdade, os fios deveriam exercer uma força magnética um no outro. Tal força seria a responsável pela atração ou repulsão entre os fios. FORÇA MAGNÉTICA A dedução de Ampère implica que o campo magnético exerce uma força sobre uma carga em movimento. Mas, somente no final do século XIX é que os físicos ingleses Joseph John Thomson e Oliver Heaviside derivaram a equação que descreveu a força magnética. Eles mostraram que a força aplicada à carga em movimento não depende exclusivamente da carga e sua velocidade, mas também da relação entre velocidade da carga e o campo magnético em si, chegando à equação: F⃗=q v⃗×B⃗ (4.8a) ou |F⃗|=q v B senα (4.8b) onde α é o ângulo entre os vetores velocidade da carga e o campo magnético. Obviamente, a força magnética é dada, no S.I., em Newtons (N). A direção de F⃗ é perpendicular ao plano formado pela velocidade e o campo magnético, enquanto o sentido segue a regra da mão direita, como mostrado na Figura 4.7. Figura 4.7. Regra da mão direita para a força magnética. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 2 A Figura 4.7 amplia a regra da mão direita apresentada na Figura 4.2. Note que é a mesma regra, somente incluímos outra dimensão ao plano formado pela velocidade da carga e o campo magnético, no qual repousa a força aplicada a carga. O magnetismo é inerentemente tridimensional. Se a carga se move na direção do campo magnético ( α=0∘ ), não haverá força aplicada sobre a carga. E a força aplicada sobre a carga será máxima quando a velocidade da carga e o campo magnético forem perpendiculares ( α=90∘ ). A força magnética não muda a velocidade da carga, uma vez que é aplicada perpendicularmente, ela somente muda a direção da mesma. Assim, se uma carga se movendo com velocidade entra em um campo magnético uniforme perpendicularmente ( α=90∘ ) às linhas de campo, a força magnética aplicada sobre ela fará com que a mesma mude de direção continuamente, e a carga fará um movimento circular em torno da linha, ficando presa a mesma. Se a velocidade da carga fizer um ângulo 0∘<α<90∘ com as linhas de campo magnético, ela executará um movimento helicoidal. CONHEÇA MAIS O planeta Terra possui um grande ímã internamente, que dá origem ao campo magnético terrestre. A teoria atual liga sua origem a correntes elétricas entre diferentes camadas no seu núcleo. O campo magnético terrestre envolve o planeta com suas linhas de campo. Assim, partículas carregadas vindas do Sol, formando o chamado vento solar, encontram essas linhas de campo em seu caminho. Normalmente, o ângulo entre a velocidade dessas partículas e as linhas de campo não é perpendicular, portanto, as partículas espiralam em torno das linhas, em um movimento helicoidal, em direção aos polos. Durante a entrada na atmosfera, essas partículas colidem com os átomos que formam a mesma e emitem luz, criando os fenômenos conhecidos como aurora boreal (no polo norte geográfico[1]) e aurora austral (no polo sul geográfico). Pesquise mais sobre esses belos fenômenos da natureza na internet e veja estevídeo: http://www.spaceweather.sflorg.com/space_weather/ato_multimedia/imflvvow_060908. FORÇA MAGNÉTICA CAUSADA PELA CORRENTE ELÉTRICA Sabemos que a corrente elétrica consiste de cargas movendo-se através de um condutor. Se este se encontra imerso em um campo magnético, as cargas irão experimentar uma força, que será por sua vez transmitida ao fio pelo qual trafegam. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 3 A força em uma secção de comprimento L de um fio percorrido por uma corrente I através de um campo magnético B⃗ é: F⃗=I ( L⃗×B⃗) (4.9a) ou F⃗=I LB senα (4.9b) onde α é o ângulo entre a corrente elétrica (fio) e o campo magnético. Note que a direção do vetor comprimento L⃗ é a mesma da corrente elétrica. A direção e sentidos da força segue a regra da mão direita. Agora considere novamente o experimento de Ampère. A Figura 4.8a mostra a situação quando as correntes passando por ambos os fios têm o mesmo sentido, enquanto a Figura 4.8b mostra quando os sentidos são opostos. É fácil agora notar porque os fios se atraem quando as correntes elétricas possuem o mesmo sentido, uma vez que os campos magnéticos interagindo têm polaridades opostas (4.8a). Da mesma forma, os fios se repelem quando as correntes têm sentidos opostos, pois a polaridade dos campos magnéticos interagindo é a mesma (4.8b). (a) (b) Figura 4.8. Forças magnéticas em condutores percorridos por correntes elétricas: (a) com mesmo sentido e (b) com sentidos opostos. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 4 CONHEÇA MAIS O conhecimento do fenômeno força magnética é utilizado para fazer com que motores elétricos girem em torno de seus eixos. Normalmente, um fio é enrolado em torno de uma barra transversal, presa aoeixo. O campo magnético gerado pela corrente passando pelo fio interage com o campo magnético de ímãs permanentes presos a armadura do motor, de forma a atrair o machado de um lado e repeli-lo do outro. Isso faz com que o eixo do motor gire em torno de si. No estágio seguinte, um comutador altera o sentido da corrente elétrica no fio, fazendo com que o campo magnético gerado tenha as polaridades invertidas. E os ímãs agora repelem o machado de um lado e o atraem do outro, fazendo com que o eixo gire novamente, reiniciando o ciclo. Há vídeos bem legais que ensinam como construir motores elétricos simples no Youtube. Que tal fazer o seu? FORÇA DE LORENTZ Vimos que uma carga em movimento na presença de um campo magnético sofre uma força magnética dada pela Equação 4.8a. Mas, lembre-se de que as cargas individuais também exercem uma força elétrica entre si devido à interação entre seus campos elétricos (Equação 2.10). Assim, se a carga estiver se movendo em um campo magnético e em um campo elétrico, a força sentida por uma carga elétrica será: F⃗=q E⃗+q v⃗×B⃗ (4.10a) ou F⃗=q (E⃗+ v⃗×B⃗) (4.10b) Tal força é conhecida como força de Lorentz (ao físico alemão Hendrik Antoon Lorentz). A força elétrica é paralela ao campo magnético local. Contudo, a força magnética é perpendicular tanto ao campo magnético local, quanto à direção de movimento da carga. Lembre-se de que nenhuma força magnética é aplicada em cargas estacionárias. A força de Lorentz foi comprovada experimentalmente por Thomson. FLUXO MAGNÉTICO Analogamente ao campo elétrico, podemos imaginar as linhas de campo magnético atravessando uma superfície (veja unidade II, seção 2.1). Assim, o fluxo magnético será dado por: ΦB=B⃗ ⋅A⃗=B A cosθ (4.11) em que A⃗ é o vetor perpendicular à superfície pela qual passam as linhas de campo magnético, e cujo módulo é a área da superfície. O fluxo magnético é dado, no S.I., em , ou weber (Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm Eduard Weber. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 5 Podemos também pensar em um elemento infinitesimal de área d A⃗ , ao qual estará relacionada a um elemento infinitesimal de fluxo magnético dΦB , logo: dΦB=B⃗ ⋅d A⃗ (4.12a) ou seja, ΦB=∮A B⃗ ⋅d A⃗ (4.12b) que também é análogo à Lei de Gauss (Equação 2.5). Porém, as linhas de campo magnético são sempre fechadas devido à sua natureza dipolar. Então, a quantidade de linhas de campo magnético que entra em uma superfície é sempre igual às que saem dela. Assim, a Lei de Gauss para o Magnetismo rege que o fluxo magnético através de uma superfície fechada é nulo, ou seja: ΦB=∮A B⃗ ⋅d A⃗=0 (4.13) Mas, o que acontece se a superfície for aberta? Bem, ele pode ou não ser zero e desse fato derivamos uma quantidade muito importante dentro do eletromagnetismo. LEI DA INDUÇÃO DE FARADAY Se o fluxo magnético variar ao longo do tempo, ou devido à variação no campo magnético ou pela mudança na área através do qual o fluxo é estimado, isso induzirá uma força eletromotriz, que fará com que cargas movam-se por um circuito fechado. Essa afirmação é conhecida como Lei da Indução de Faraday, ou simplesmente Lei de Faraday. Em termos matemáticos, a lei de Faraday pode ser expressa por: ε= −dΦB d t (4.13) Faraday descobriu que mudando o fluxo magnético em um circuito fechado produz uma força eletromotriz (f.e.m.) que move cargas, ou basicamente, uma d.d.p. no circuito. ATENÇÃO! Correntes elétricas geram um campo magnético. E variações no campo magnético próximo a circuitos geram correntes elétricas. Ou seja, mudanças no campo magnético geram correntes elétricas e mudanças no campo elétrico no espaço geram variações no campo magnético. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 6 GERADOR ELÉTRICO Um motor elétrico transforma energia elétrica em energia mecânica; um gerador elétrico faz o inverso, transforma energia mecânica em energia elétrica. Mas, o princípio de funcionamento de ambos depende do conceito de solenoides em campos magnéticos. Na verdade, o mesmo dispositivo pode ser utilizado tanto como motor como gerador. Quando o dispositivo é utilizado como um motor, a corrente elétrica passa por uma bobina. A interação do campo magnético com a corrente faz com que o eixo gire. Para utilizar o dispositivo como gerador, basta fazer o eixo girar e uma corrente será induzida na bobina. Um gerador de corrente alternada (AC, do inglês alternating current) utiliza a lei de Faraday e uma bobina girando com taxa constante (velocidade angular ω constante), para induzir uma f.e.m. oscilatória. ε=−N dΦB d t (4.14) Sendo N o número de voltas da bobina. É fácil mostrar que a f.e.m. neste caso será: ε=ε0 senωt (4.14) onde ε0=N B Aω representa o valor máximo da voltagem gerada (f.e.m). No Brasil, convencionou-se utilizar uma frequência de 60 Hz ( ω=2π f ) e os valores das outras quantidades são ajustadas para atingir uma tensão conhecida, normalmente dezenas de milhares de volts. Transformadores convertem essa tensão para os 110V ou 220V que recebemos em nossas casas. Transformadores também se utilizam da lei de Faraday e das propriedades magnéticas do ferro para elevar ou baixar a tensão entre bobinas. É claro que isso não varia a potência, uma vez que a corrente é inversamente proporcional à tensão. A razão entre a tensão primária e secundária de um transformador é igual à razão entre as voltas das bobinas primária e secundária. [1] O polo norte geográfico está no polo sul magnético, uma vez que o polo norte da agulha da bússola é atraído para ele e vice-versa. Na verdade, os polos magnéticos e geográficos estão um pouco deslocados um do outro, sendo que os polos magnéticos variam suas posições lentamente ao longo dos anos. “Nossa Missão é formar cidadãos compromissados com o avanço do conhecimento em benefício do desenvolvimento da realidade em que vivem e de futuras gerações.” Página 7
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