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IPA I 04

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4ª Semana (07/03 – 11/03) 
 
IV - TIPOS DE CONHECIMENTO 
 
(O texto abaixo foi extraído de: BERVIAN, Pedro A., CERVO, Amado L. O Histórico do Método 
Científico. In: Metodologia Científica. 5. ed., São Paulo: Prentice Hall, 2002.) 
“O homem não age diretamente sobre as coisas. Sempre há um intermediário, 
um instrumento entre ele e seus atos. Isso também acontece quando ele faz ciência, 
quando investiga cientificamente. Ora, não é possível fazer um trabalho científico 
sem conhecer aos instrumentos. E esses se constituem de uma série de termos e de 
conceitos que devem ser claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito das 
atividades cognoscitivas1 que nem sempre entram na constituição da ciência, de 
processos metodológicos que devem ser seguidos, a fim de chegar-se a resultados de 
cunho científico e, finalmente, é preciso imbuir-se de espírito científico. (p. 6) 
(...) 
O que é conhecer? É uma revelação que se estabelece entre o sujeito que 
conhece e o objeto conhecido. No processo de conhecimento, o sujeito 
cognoscente se apropria, de certo modo, do objeto conhecido. 
Se a apropriação é física, sensível, por exemplo, a representação de uma onda 
luminosa, de um som, o que acarreta uma modificação de um órgão corporal do 
sujeito cognoscente, tem-se um conhecimento sensível. Tal tipo de conhecimento é 
encontrado tanto em animais como no homem. 
Se a representação não é sensível, o que ocorre com realidades, tais como 
conceitos, verdades, princípios e leis, tem-se então um conhecimento intelectual. 
O conhecimento sempre implica uma dualidade de realidade: de um lado, o 
sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, que está possuído, de certa 
maneira, pelo cognoscente. O objeto conhecido pode, às vezes, fazer parte do sujeito 
que conhece. Pode-se conhecer a si mesmo, pode-se conhecer e pensar os seus 
pensamentos. Mas nem todo o conhecimento é pensamento. O pensamento é 
atividade intelectual. 
Pelo conhecimento o homem penetra nas diversas áreas da realidade para dela 
tomar posse. Ora, a própria realidade apresenta níveis e estruturas diferentes em sua 
própria constituição. Assim, a partir de um ente, fato ou fenômeno isolado, pode-se 
subir até situá-lo dentro de um contexto mais complexo, ver seu significado e função, 
sua natureza aparente e profunda, sua origem, sua finalidade, sua subordinação e 
outros entes; enfim, sua estrutura fundamental com todas as implicações daí 
resultantes. 
Essa complexidade do real, objeto de conhecimento, ditará, necessariamente, 
formas diferentes de apropriação por parte do sujeito cognoscente. Essas formas 
darão os diversos níveis de conhecimento segundo o grau de penetração do 
conhecimento e conseqüente posse mais ou menos eficaz da realidade, levando ainda 
em conta a área ou estrutura considerada. 
Com relação ao homem, por exemplo, pode-se considerá-lo em seu aspecto 
externo e aparente e dizer uma série de coisas que o bom senso dita ou a experiência 
 
1 Cognoscitivo: que tem a faculdade de conhecer. 
cotidiana ensinou. Pode-se, também, questioná-lo quanto à sua origem, sua realidade 
e destino e pode-se, ainda, investigar o que dele foi dito por Deus através dos profetas 
e de seu enviado Jesus Cristo. Finalmente, pode-se estudá-lo com propósito mais 
científico e objetivo, investigando experimentalmente as relações existentes entre 
certos órgãos e suas funções. (p. 7) 
Têm-se, assim, quatro espécies de considerações sobre a mesma realidade; o 
homem, conseqüentemente o pesquisador, está se movimentando dentro de quatro 
níveis diferentes de conhecimento. O mesmo pode ser feito com outros objetos de 
investigação. 
Têm-se, então, conforme o caso: 
a) conhecimento empírico; 
b) conhecimento científico; 
c) conhecimento filosófico; 
d) conhecimento teológico.” (p. 8) 
 
1 – CONHECIMENTO EMPÍRICO (SENSO COMUM) 
(O texto abaixo foi extraído de: KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: 
Teoria da Ciência e Iniciação à Pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2002.) 
“A forma mais usual que o homem utiliza para interpretar a si mesmo, o seu 
mundo e o universo como um todo, produzindo interpretações significativas, isto é, 
conhecimento, é a do senso comum, também chamado de conhecimento ordinário, 
comum ou empírico. (p. 23) 
 
9 Solução de problemas imediatos e espontaneidade 
Esse conhecimento surge como conseqüência da necessidade de resolver 
problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do contato direto com 
os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia-a-dia, percebidos principalmente 
através da percepção sensorial. Na idade pré-histórica, por exemplo, o homem soube 
fazer uso das cavernas para abrigar-se das intempéries e proteger-se da ameaça dos 
animais selvagens. Progressivamente foi aprendendo a dominar a natureza, 
inventando a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, tais como lanças, redes e 
armadilhas, canoas para navegar nos lagos e rios, instrumentos para o cultivo do solo 
e tantos outros. O uso da moeda, o carro puxado por animais, o uso de remédios 
caseiros utilizando ervas hoje classificadas como medicinais, os instrumentos 
artesanais utilizados para a construção de moradias e para a confecção de tecidos e do 
vestuário, a fabricação de utensílios domésticos, o estabelecimento de normas e leis 
que regulamentavam a convivência dos indivíduos no grupo social, são exemplos que 
demonstram como o homem evoluiu historicamente buscando e produzindo um 
conhecimento útil gerado pela necessidade de produzir soluções para os seus 
problemas de sobrevivência. 
O conhecimento do senso comum, sendo resultado da necessidade de resolver 
os problemas diários não é, portanto, antecipadamente programado ou planejado. À 
medida que a vida vai acontecendo ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos 
acontecimentos. Nele, há uma tendência de manter o sujeito que o elabora como um 
espectador passivo da realidade, atropelado pelos fatos. Por isso, o conhecimento do 
senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva. (...). 
Isso demonstra que esse conhecimento é, na maioria das vezes, vivencial e, por isso, 
ametódico2. 
 
9 Caráter utilitarista 
Esse conhecimento permanece num nível superficialmente consciencial, sem 
um aprofundamento crítico e racionalista. Sendo um viver sem conhecer significa que 
o senso comum, quando busca informações e elabora soluções para os seus 
problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos teóricos que 
demonstram ou justificam o seu uso, possível correção ou confiabilidade, por não 
compreender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos. No senso 
comum se utiliza, geralmente, conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na 
solução dos problemas imediatos, apesar de não se compreender ou de se 
desconhecer as explicações a respeito de seu sucesso. (p. 24) Esses conhecimentos, 
pelo fato de darem certo, transformam-se em convicções, em crenças que são 
repassadas de um indivíduo para o outro e de uma geração para a outra. Há quanto 
tempo o homem usa ervas medicinais para a cura de suas doenças? Usa-as há séculos. 
A marcela, por exemplo, é utilizada para aliviar os males do estômago, digestão, 
tosse e outros fins. Se se perguntar, no entanto, às pessoas que usam quais as 
propriedades que a marcela tem, que componentes químicos estão presentes e como 
eles atuam no organismo, que doses devem ser ingeridas, que possíveis efeitos 
colaterais podem advir com o seu uso indiscriminado, dificilmente alguém saberá 
responder. Sabem que “faz bem”, mas não sabem por quê. O açúcar cristal, utilizado 
para a cicatrização de ferimentos, é também outro exemplo. Ninguém, a não ser quem 
tenha obtido alguma informação de fonte científica, sabe dizer por que ele tem esse 
poder bactericidae cicatrizante altamente eficaz. Na maioria dos casos as pessoas 
conhecem apenas os efeitos benéficos do seu uso. Semelhantes a esses exemplos, 
milhares de outros poderiam ser citados, mostrando um conhecimento que valoriza a 
percepção sensorial, fundamentado na tradição e limitado a informações pertinentes 
ao seu uso. 
 
9 Subjetividade e baixo poder de crítica 
O conhecimento do senso comum tem uma objetividade muito superficial e 
limitada por estar demasiadamente preso à vivência, à ação e à percepção orientadas 
pelo interesse prático imediatista e pelas crenças pessoais. Os aspectos da realidade 
ou dos fatos que não se enquadram dentro desse enfoque de interesse utilitário, 
geralmente são excluídos, ocasionando uma visão fragmentada e, algumas vezes, 
distorcida dessa realidade. É um conhecimento que está subordinado a um 
envolvimento afetivo e emotivo do sujeito que elabora, permanecendo preso às 
propriedades individuais de cada coisa ou fenômeno, quase não estabelecendo, em 
suas interpretações, relações significativas que possam existir entre eles. Essas 
interpretações do senso comum são predeterminadas pelos interesses, crenças, 
convicções pessoais e expectativas presentes no sujeito que as elabora, fazendo com 
 
2 Ametódico: sem método. 
que as explicações e informações produzidas tenham um forte vínculo subjetivo que 
estabelece relações vagas e superficiais com a realidade. Dessa forma não consegue 
sistematicamente buscar provas e evidências3 que as testem criticamente. (...) 
O motivo mais sério, portanto, que faz com que o conhecimento do senso 
comum se torne subjetivo e inseguro, é essa incapacidade de se submeter a uma 
crítica sistemática e isenta de interpretações sustentadas apenas nas crenças pessoais. 
(p. 25) 
 
9 Linguagem vaga e baixo poder de crítica 
(...) A linguagem utilizada no conhecimento do senso comum contém termos e 
conceitos vagos, que não delimitam a classe de coisas, idéias ou eventos designados e 
não designados por eles, ou o que é incluído ou excluído na sua significação. Os 
termos são utilizados por diferentes sujeitos sem haver previamente uma definição 
clara e consensual que especifique as condições desse uso. Como é que se atribui, 
então, um conceito a um determinado fato, fenômeno, objeto ou idéia? A significação 
dos conceitos, no senso comum, é produto de um uso individual e subjetivo 
espontâneo que se enriquece e se modifica gradualmente em função da convivência 
num determinado grupo. As palavras adquirem sentidos diferenciados de acordo com 
as pessoas e grupos por quem forem utilizadas. Não há, portanto, condições ou 
limites convencionais definidos especificadamente. A significação dos termos fica 
dependente do uso em um dado momento ou contexto, do nível cultural e da intenção 
significativa de quem os utiliza. Observe-se, por exemplo, o que significa a palavra 
marginal no seu uso diário: algumas vezes é empregada para indicar o vagabundo 
que não trabalha; outras o moleque que fica fazendo desaforos ao vizinho; outras 
ainda o ladrão, o assaltante, o viciado em tóxicos, o bêbado ou o assassino. 
Dependendo das circunstâncias de seu uso, adquire uma ou outra conotação. 
Essa vaguidade, essa falta de especificidade da linguagem que dificulta a 
delimitação da significação dos conceitos, impossibilita a realização de experimentos 
controlados que permitam estabelecer com clareza quais manifestações dos fatos ou 
fenômenos se transformam em evidências que contrariam ou que corroboram 
determinado juízo de uma crença, uma vez que não estão explicitadas quais 
manifestações empíricas dos fatos ou dos fenômenos lhe são atribuídos. (p. 26) 
(...) 
A utilização, por cada indivíduo, dessa linguagem vaga com significações 
imprecisas e arbitrárias e atreladas ao seu uso cultural, resulta em outra grande 
dificuldade, que reforça o caráter subjetivo do senso comum: a da impossibilidade de 
diálogo crítico que avalia o valor das convicções subjetivas e que proporciona o 
caminho para o consenso. A ausência de um acordo, que dê uma significação comum 
à linguagem utilizada, não permite que os interlocutores saibam se estão ou não se 
referindo ao mesmo objeto quando dialogam, mantendo-os num permanente 
isolamento subjetivo. A objetividade, no entanto, requer, retomando a sua definição 
kantiana, a possibilidade de um enunciado submeter-se a uma discussão crítica, de 
 
3 Evidência: qualidade do que é evidente; certeza manifesta. Filos. Caráter de objeto de conhecimento que 
não comporta nenhuma dúvida quanto à sua verdade ou falsidade. 
proporcionar o controle racional mútuo. A objetividade deve oferecer ao sujeito a 
oportunidade de desvencilhar-se da convicção subjetiva expondo-a à crítica 
intersubjetiva em busca de um acordo consensual. Isso não acontece no senso 
comum. 
O poder de revisão e de crítica objetiva do senso comum, portanto, é muito 
fraco, contribuindo para elevar a sua dependência das crenças e convicções pessoais, 
restringindo-se a uma subjetividade significativa. Por isso, pelo baixo poder de crítica 
que dificulta a localização de possíveis falhas, as crenças do senso comum são aceitas 
por longos períodos de tempo e apresentam uma durabilidade e estabilidade muitas 
vezes superior às da própria ciência.” (p. 27) 
 
2 – CONHECIMENTO TEOLÓGICO 
(O texto abaixo foi extraído de: OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: 
projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson 
Learning, 2001.) 
“A religião existiu e existe em todos os povos. Para as grandes massas do 
passado e do presente dogmas e ritos, que são aceitos pela fé e não podem ser 
provados e nem se admite a crítica, porque ela é a única fonte de verdade. Baseia-se 
na trilogia Fé-Medo-Esperança. 
(...) 
Pela ação direta e ccontínua de forças fictícias e agentes sobrenaturais – 
magias, misticismos, fetiches, duendes, demônios, espíritos, deuses, Deus etc. – 
cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo. Baseia-
se em textos sagrados – Veda para os hindus, Alcorão para os muçulmanos, Talmud 
para os judeus e a Bíblia para os cristãos. São textos sagrados que ultrapassam os 
séculos e são interpretados por milhares de seitas religiosas, por profundos estudiosos 
e também por ignorantes. 
O Estado Teológico abrange 3 fases: 
9 Fetichismo: 
É a fase mais primitiva do ser humano, que não difere do estado mental que 
atingem os animais inferiores. Consiste em atribuir aos corpos exteriores uma vida 
basicamente igual a nossa. É a fase em que os homens atribuem às forças mágicas 
imanentes que existiram dentro dos objetos – coisas, animais ou pessoas. Povos da 
Antiguidade adoravam o Sol, a Lua; os hindus, a vaca; outros, os totens como é o 
caso dos maias, dos incas e dos astecas; e outros, tipos de amuletos, por acreditarem 
que possuíam forças e poderes (p. 73) para fazer o bem e o mal, havendo, dessa 
forma intérpretes ou interlocutores como os bruxos, feiticeiras, sacerdotes, pagés, 
cujo espaço é ficar entre as divindades e os seres humanos comuns. E como 
intérpretes, estabelecem as boas ou más relações dos seres humanos com as 
divindades. 
9 Politeísmo: 
Nessa fase a força mágica é retirada dos objetos materiais para ser 
misteriosamente transportada a seres fictícios com formas humanas; é a fase da 
mitologia. Esses seres eram habitualmente invisíveis, representados por estátuas, para 
os quais, principalmente os gregos, romanos e egípcios, rendiam os seus cultos. 
As intervenções ativas e contínuas desses seres chamados deuses seriam a 
origem direta de todos os fenômenos naturais e humanos. É quando os homens 
atribuem a causa de um grupo de fenômenos à vontade de um deus correspondenteque dirigia esse setor. 
Alguns exemplares tirados da religião politeísta predominantes na Grécia, 
Roma antiga, ilustram a situação: Diana, deusa da caça, Eolo, deus do vento, Netuno, 
deus do mar. Pensavam eles que o mar estava bravo porque Netuno estava zangado. 
Quando Vulcano estava trabalhando, a terra tremia e soltava fogo. E quando a 
colheita era boa, era porque Ceres assim o queria. Eram as suas verdades. 
9 Monoteísmo: 
Época atual, quando os homens atribuem a causa de todos os fenômenos a um 
único Deus. 
Na religião judaico-cristã Deus é o único criador de tudo que existe e se atribui 
a ele a responsabilidade de tudo que acontece no mundo: a criação do homem e dos 
animais, sua existência, transformação e fim; a criação do universo e dos fenômenos 
naturais, tanto as coisas boas como as coisas ruins que acontecem com os seres 
humanos. 
O conhecimento religiosos busca, dessa forma, encontrar explicações para tudo 
o que aconteceu com o ser humano e procura estudar as questões referentes ao 
conhecimento das divindades, de seus atributos e relações com o mundo e com os 
homens. Sacerdotes, rabinos, pastores e outros intérpretes são os interlocutores entre 
os seres comuns e Deus. A verdade religiosa fundamenta-se nos textos sagrados.” (p. 
74) 
 
3 – CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
(O texto abaixo foi extraído de: BERVIAN, Pedro A., CERVO, Amado L. O Histórico do Método 
Científico. In: Metodologia Científica. 5. ed., São Paulo: Prentice Hall, 2002.) 
“O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo 
objeto de investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, 
imediatos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem 
material e física, são por isso suscetíveis de experimentação. O objeto da filosofia é 
constituído de realidades mediatas4, imperceptíveis aos sentidos e que, por serem de 
ordem sensíveis, ultrapassam a experiência. 
A ordem natural do procedimento é. sem dúvida, partir dos dados materiais e 
sensíveis (ciência) para se elevar aos dados de ordem metafísica5, não sensíveis, razão 
última da existência dos entes6 em geral (filosofia). Parte-se do concreto material 
para o concreto supramaterial, do particular ao universal. 
 
4 Mediata: que está em relação com outra(s) pessoa(s) ou coisa(s) por meio de uma terceira; indireto. 
5 Metafísica: Filos. Parte da filosofia, apresenta as seguintes características gerais, ou algumas delas: é um 
corpo de conhecimentos racionais (e não de conhecimentos revelados ou empíricos) em que se procura 
determinar as regras fundamentais do pensamento (aquelas de que devem decorrer o conjunto de princípios 
de qualquer outra ciência, e a certeza e evidência que neles reconhecemos), e que nos dá a chave do 
conhecimento do real, tal como este verdadeiramente é (em oposição à aparência). Hist. Filos. Segundo 
Aristóteles, estudo do ser enquanto ser e especulação em torno dos primeiros princípios e das causas 
primeiras do ser. 
6 Ente: Aquilo que existe; coisa, objeto, matéria, substância, ser. 
Na acepção clássica, a filosofia era considerada a ciência das coisas por suas 
causas supremas. Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um 
interrogar, é um contínuo questionar a si mesmo e à realidade. A filosofia não é 
algo feito, acabado. A filosofia é uma busca constante do sentido, de justificação, de 
possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e 
sobre o próprio ser em sua existência concreta. 
Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade. Essa é inata. Ela é 
constantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa 
de um objeto e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Vê-se, assim, que a 
interrogação somente nasce do mistério, que é oculto enquanto sugerido. 
Jaspers, em sua Introdução à Filosofia, coloca a essência da filosofia na 
procura do saber, e não em sua posse. A filosofia trai a si mesma e degenera quando é 
posta em fórmulas. (p. 10) 
A tarefa fundamental da filosofia resume-se na reflexão. A experiência fornece 
uma multiplicidade de impressões e opiniões. Adquirem-se conhecimentos científicos 
e técnicos nas mais variadas áreas. Têm-se aspirações e preocupações as mais 
diversas. A filosofia procura refletir sobre esse saber, interroga-se sobre ele, 
problematiza-o. Filosofar é interrogar principalmente sobre fatos e problemas que 
cercam o ser humano concreto, em seu contexto histórico. Esse contexto muda 
através dos tempos, o que explica o deslocamento dos temas de reflexão filosófica. É 
claro que alguns temas perpassam a história como a própria humanidade. Qual o 
sentido da existência do ser humano e da vida? Existe ou não o absoluto? Há 
liberdade? Entretanto, o campo de reflexão ampliou-se muito em nossos dias. Hoje, 
os filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais, formulam novas 
questões: a humanidade será dominada pela técnica? A máquina substituirá o ser 
humano? Também poderão o homem ou a mulher serem produzidos em série, em 
tubos de ensaio? As conquistas espaciais comprovam o poder ilimitado da espécie 
humana? O progresso técnico é um benefício para a humanidade? Quando chegará a 
vez do combate contra a fome e a miséria? O que é valor, hoje? 
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. 
Não há soluções definitivas para grande número de questões. Entretanto, habilita o 
ser humano a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida 
concreta.” (p.11)

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