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CCJ0021-WL-B-PP-Ponto 17 – Intervenção Federal e Intervenção Estadual - Sabrina Rocha

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1 
 
Curso completo de Direito Constitucional 
Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Atualizada até a EC n° 71 de 29/11/12 
 
Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das 
obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. 
J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso 
D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura 
Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio 
Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson 
Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & 
William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a 
apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos 
pessoais. 
 
PONTO 17 – INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E 
INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS 
 
 
A intervenção é a antítese da autonomia. Autonomia é competência para 
agir dentro da repartição de competências traçada pela Constituição. Todos os 
componentes da Federação União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios são autônomos (art. 18, caput). No entanto, a intervenção Federal nos 
Estados é da essência do sistema federativo, porque proporciona a integridade, 
o equilíbrio e a manutenção do Estado Federal. A regra é a de não intervir. A 
exceção é a intervenção. Assim tem se posicionado o STF. Vejamos: 
 
JURISPRUDÊNCIA DO STF: 
 
 “O tratamento restritivo, constitucionalmente dispensado ao 
mecanismo da intervenção federal impõe que não se ampliem as 
hipóteses de sua incidência, cabendo ao intérprete identificar, no rol 
exaustivo do art. 34 da Carta Política, os casos únicos que 
legitimam, em nosso sistema jurídico, a decretação da intervenção 
federal nos Estados-Membros” (STF - Intervenção Federal nº 591-9/BA-Rel. Ministro-
Presidente Celso de Melo, Diário da Justiça, Seção I, 16 set. 1998, p. 428). 
 
 
17.1 - INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL 
 
Compete privativamente ao Presidente da República(art. 84, X) decretar e 
executar a intervenção federal para isto ouvirá o Conselho da República (art. 90, I) 
e Conselho de Defesa Nacional (art. 91, §1º, II), que são órgãos de assessoramento 
do Presidente da República. O ato de intervenção é o decreto presidencial. 
O decreto de intervenção dirá quais unidades da federação serão atingidas 
pela medida, especificará a amplitude (poderes que serão cerceados em 
virtude da intervenção), o prazo (tempo de duração da medida) e as 
condições de execução e, se couber, nomeará o interventor. Aqui 
percebemos que poderá haver intervenção sem que haja nomeação do 
interventor. Prescinde-se do interventor no caso de não haver necessidade de 
serem executadas funções administrativas. O ato de intervenção, será ainda 
2 
 
submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas, e se 
este não estiver funcionando, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo 
prazo de 24 horas (art. 36, §§ 1º e 2º, c/c, 49, IV). Cessados os motivos da 
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, 
salvo impedimento legal(art. 36, §4º). É exemplo de impedimento legal o 
afastamento por processo de impedimento, por decisão judicial e por duração 
do mandato. 
 
17.1.1- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO 
DISTRITO FEDERAL 
CF, Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da 
Federação; 
 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípiosreceitas tributárias fixadas nesta 
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção 
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
a) Nas hipóteses dos incisos I a III e do inciso V, o ato que decreta a 
intervenção é prerrogativa discricionária do Presidente da República. Uma 
vez decretada a intervenção o Presidente deverá submeter o decreto de 
intervenção ao Congresso Nacional. 
 
b) Na hipótese deste inciso IV, há um detalhe a mais. A decretação da 
intervenção dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder 
Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal 
Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário (art. 36, § 1º). O 
Presidente também submeterá o decreto interventivo ao Congresso 
Nacional. 
 
3 
 
c) Nas hipóteses do inciso VI, somente se iniciará o processo interventivo caso 
haja deliberação dos órgãos judiciais, e o Presidente não terá outra 
alternativa a não ser decretar a intervenção. A principal novidade em 
relação aos incisos anteriores é que nesta 
hipótese dispensar-se-á a apreciação pelo Congresso Nacional, e o decreto 
limitar-se-á a 
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao 
restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º). Os critérios são de natureza 
técnico-jurídica decorrentes do controle jurídico do processo 
interventivo. 
A deliberação pelo Poder Judiciário, no caso de recusa ao cumprimento 
de ordem ou decisão judiciária, dependerá de requisição do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior 
Eleitoral (art. 36, II); 
Se for o caso de recusa à execução de lei federaldependerá de provimento, 
pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da 
República (art. 36, III). 
 
d) Os princípios constantes nas alíneas do inciso VII, são os charmosos 
princípios constitucionais sensíveis. O Estado-membro que praticar o ato 
atentatório aos mesmos estará sujeito a ver este seu ato declarado 
inconstitucional mediante representação do Procurador-Geral da República 
perante o STF (art. 36, III). 
 
Mais uma vez os critérios são de natureza técnico-jurídica. Na hipótese ora em 
estudo nos termos da Constituição fica dispensada a apreciação pelo 
Congresso Nacional, e o decreto limitar-se-á a suspender a execução do 
ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da 
normalidade (art. 36, §3º). Assim o Presidente da República, só poderá 
expedir o decreto de intervenção se o STF der provimentode 
representação do Procurador-Geral da República (art. 36,III). No entanto, é 
facultado ao chefe do Poder Executivo, se assim o entender, expedir decreto 
para apenas suspender a execução do ato impugnado. O STF terá que 
constatar que o ato foi editado ao arrepio dos princípios constitucionais 
sensíveis. 
Esta hipótese é conhecida pela doutrina como ação de inconstitucionalidade 
interventiva. Iremos estudar esta forma de controle de constitucionalidade ao 
examinarmos o capítulo 15. 
 
17.2 - INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS 
 
Tudo o que se disse a respeito da intervenção federal nos Estados e 
Distrito Federal se aplica mutatis mutandis. à decretação da intervenção dos 
Estados nos Municípios, e da União nos Municípios localizado nos 
Territórios Federais. O ato de intervenção é também o decreto 
Governamental ou Presidencial, conforme o caso, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará o 
interventor,que será submetido à apreciação da Assembléia Legislativa ou 
4 
 
Congresso Nacional que, se não estiver funcionando, far-se-á convocação 
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. (art. 36, §§ 1º e 2, c/c, 49, 
IV)Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus 
cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, §4º). 
 
JURISPRUDÊNCIA DO STF : 
 
 “A intervenção estadual nos municípios, tem a mesma característica de 
excepcionalidade da intervenção federal, pois a regra é a autonomia do 
município e a exceção a intervenção em sua autonomia política, 
somente nos casostaxativamente previstos na Constituição Federal(CF, 
art. 35)sem qualquer possibilidade de ampliação pelo legislador 
constituinte estadual”( STF - Pleno - Adin nº 558/RJ - Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça 
, Seção I, 26 mar. 1993, p. 05001). 
 
17.2.1- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO DO ESTADOS EM SEUS MUNICÍPIOS 
 
CF Art. 35 - O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios 
localizados em Território Federal, exceto quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a 
dívida fundada; 
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção 
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
a) Nas hipóteses dos incisos I a III, a decisão de intervir ou não é discricionária 
do Governador. Caso decida pela intervenção terá que submeter o decreto 
interventivo à Assembléia Legislativa Estadual. Se for o caso de intervenção da 
União em município localizado em Território Federal o decreto do Presidente 
da República será submetido ao Congresso Nacional. 
b) Na hipótese deste inciso IV, a intervenção dependerá de provimento pelo 
Tribunal de Justiça à representação do Procurador Geral de Justiça, 
dispensa-se a apreciação pela Assembléia Legislativa, bem como o decreto 
limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar 
ao restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º). 
 
17.3 – PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS PARA QUE OCORRA 
INTERVENÇÃO 
 
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
 
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto 
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida 
contra o Poder Judiciário; 
5 
 
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; 
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral 
da República, na hipótese do art. 34, VII e no caso de recusa à execução de lei federal 
(trecho grifado acrescido pela EC nº 45/2004); 
IV – revogado. (pela EC nº 45/2004). 
§ 1.º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de 
execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do 
Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro 
horas. 
§ 2.º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-
se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. 
§ 3.º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo 
Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a 
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. 
§ 4.º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a 
estes voltarão, salvo impedimento legal. 
 
17.4 - SIGNIFICADO DE ALGUNS DOS TERMOS UTILIZADOS NESTE 
CAPÍTULO: 
 
 Dívida fundada é a resultante de leis, contratos, convênios ou tratados e da 
realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior 
a 12 meses(art. 29, I, da LRF). 
 
 Decisão judicial – Vincula as partes envolvidas no processo. Significa 
que os efeitos das decisões judiciais atingem tão somente aqueles que 
integram a lide, não obriga as partes que são alheias ao processo. 
 
 Ordem judicial – qualquer determinação judicial que obrigue as partes fora 
do processo. Ex. necessidade de força policial (a força policial não é parte 
no processo) numa ação de reintegração de posse 
 
 Receitas Tributárias que devem ser entregues pelos Estados aos 
Municípios: 50% da arrecadação do imposto estadual IPVA de veículos 
localizados em território do município; 25% da arrecadação do ICMS; 25% 
do IPI- que os Estados receberem da União (CF/88, art. 158, III, IV, art. 159, 3º). 
 
Recursos a serem destinados a manutenção e 
desenvolvimento do ensino e as ações e serviços públicos de 
saúde 
 A importância atribuída a esta destinação constitucional de 
recursos foi tão grande que a sua não observância pelos Estados poderá 
resultar em intervenção federal, bem como a sua não observância pelos 
Municípios dará ensejo a intervenção dos Estados nos Municípios. Desde 
a promulgação da Constituição de 1988 que o art. 212 exige que recursos 
sejam destinados a manutenção e desenvolvimento do ensino. A Emenda 
6 
 
Constitucional nº 29/2000, passou a exigir que recursos fossem também 
vinculados a ações e serviços públicos de saúde. 
 
RECURSOS CONSTITUCIONALMENTE DESTINADOS AO ENSINO 
 
A Constituição determina que a União nunca aplique menos de 18% (dezoito 
por cento) os Estados, Distrito Federal e os Municípios 25% (vinte e cinco 
por cento) da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF, art. 212). 
 
RECURSOS A SEREM DESTINADOS A AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS 
DE SAÚDE 
 
a) A Constituição, na seção destinada a saúde art. 198, §3º, dispõe que Lei 
complementar, que será reavaliada a cada 5 anos, estabelecerá os 
percentuais mínimos de recursos a serem aplicados em ações e serviços 
públicos de saúde, bem como as normas de fiscalização, avaliação e controle 
destas despesas (CF, art. 198, §2º, I a III e § 3º, acrescentado pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 13-9-2000, c/c art. 77 do ADCT). Esta lei 
complementar ainda não foi promulgada pelo Congresso Nacional. 
 
b) O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, determina 
que na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, §3º, a 
partir de 2005 a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios 
deverão aplicar: 
 
a) A União,no ano de 2.000, o que aplicou em 1999, acrescido de 5%; e 
nos anos de 2.001 a 2.004, o valor apurado no ano anterior corrigido pela 
variação nominal do Produto Interno Bruto – PIB. 
 
b) Os Estados e Distrito Federal, 12%, da sua receita de impostos 
acrescida das transferências de que tratam os arts. 157 e 159, I, a, e inciso 
II, deduzidas as parcelas constitucionais transferidas aos Municípios; 
 
c) Os Municípios e do Distrito Federal15%, da sua receita de impostos 
acrescida das transferências constitucionais oriundas dos arts. 158 e 
159 I, b e § 3º; 
 
QUADRO 1 - INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO 
FEDERAL(CF art 34) 
 
Hipótese Decreto Apreciação do 
Congresso Nacional 
I– Manter a integridade Nacional; 
II– Repelir invasão estrangeira ou de uma 
unidade da Federação em outra; 
III– pôr termo a grave comprometimento 
da ordem pública; 
V– Reorganizar as finanças da unidade da 
Federação que: 
 
 
 
 
 
 
Discricionário do 
Presidente da 
República 
 
 
 
 
 
O Presidente da 
República deve 
submeter o decreto ao 
7a) Suspender o pagamento da 
dívidafundada por mais de dois 
anos consecutivos, salvo por 
motivos de força maior; 
b) Deixar de entregar aos municípios 
receitas tributárias fixadas nesta 
constituição, dentro dos prazos 
estabelecidos em lei; 
Congresso Nacional. 
 
 
IV– Garantir o livre exercício de qualquer 
dos Poderes nas unidades da 
Federação; 
Depende de 
solicitação do poder 
Legislativo ou do 
Executivo coacto ou 
impedido, ou de 
requisição do 
Supremo Tribunal 
Federal (STF) se for 
coacto o Judiciário. 
 
O Presidente da 
República deve 
submeter o decreto ao 
Congresso Nacional. 
VI – Prover a execução de lei Federal 
 
 
 
 
 
 
 
Prover a execução de ordem ou decisão 
judicial 
Depende de 
provimento 
(deliberação) do 
Supremo Tribunal 
Federal, de 
representação do 
Procurador Geral da 
República; 
 
Somente se houver 
requisição do: 
STF, 
STJ ou do 
TSE 
 
 
 
 
 
Dispensa a 
apreciação do 
Congresso Nacional 
VII– Assegurar a observância dos 
seguintes princípios 
constitucionais: 
(PrincípiosSensíveis) 
a) forma republicana, sistema 
representativo e regime 
democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da 
administração pública, direta e 
indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a 
proveniente de transferências, 
na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e 
nas ações e serviços públicos 
de saúde. 
 
 
 
 
 
Somente se o 
Supremo Tribunal 
Federal (STF) der 
provimento de 
representaçãodo 
Procurador-Geral da 
República 
 
 
 
 
 
Dispensa a 
apreciação do 
Congresso Nacional. 
 
QUADRO 2 - INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS E DA 
UNIÃO NOS MUNICÍPIOS LICALIZADOS EM TERRITÓRIO FEDERAL (CF 
art 35) 
Hipótese Decreto Apreciação da 
Assembleia 
8 
 
Legislativa 
I - deixar de ser paga, sem motivos de 
força maior, por dois anos consecutivos, a 
dívida fundada; 
 
II - não forem prestadas contas, na forma 
da lei; 
 
III - não tiver sido aplicado o mínimo 
exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino 
e nas ações e serviços públicos de saúde; 
 
 
 
Discricionário do 
Governador do Estado 
ou do Presidente da 
República (nos casos 
dos municípios em 
território Federal) 
 
 
 
 
 
O Governador deve 
submeter o decreto a 
Assembleia 
Legislativa e o 
Presidente deve 
submeter o decreto ao 
Congresso Nacional. 
 
 
 
 
 
IV – O Tribunal de Justiça der provimento 
à representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na 
Constituição Estadual, ou para prover 
a execução de lei, de ordem ou de 
decisão judicial. 
 
 
 
Dependerá de 
provimento pelo 
Tribunal de Justiça 
(TJ) à representação 
do Procurador-Geral 
de Justiça do Estado 
 
 
 
 
Dispensa a apreciação 
da 
Assembleia 
Legislativa. 
 
 
 
 
 
PONTO 18 - CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE – 1ª parte 
 
PRESSUPOSTOS BÁSICOS. O controle da constitucionalidade é o exame da 
adequação das normas à Constituição. Dá-se em razão da supremacia e da 
rigidez constitucional, que são os seus pressupostos básicos.Só serão 
válidas as normas que não estiverem em conflito com o que determina a 
Constituição. 
 
18.1 - CLASSIFICAÇÃO 
 
 
CRITÉRIOS 
 
CONCEITO BÁSICOS 
 
 
 
 
 
Quanto ao momento do seu 
exercício 
 
PREVENTIVO – ocorre antes da promulgação da lei. É 
exercido sobre o projeto de lei. É realizado pelo Poder 
Executivo, através do veto, e pelo Poder Legislativo através 
dos pareceres das Comissões de Constituição e Justiça. 
 
REPRESSIVO – objetiva afastar uma lei já vigente. Só o 
Poder Judiciário, no Brasil, realiza este controle repressivo. 
 
 
 
 
Quanto ao órgão que realiza 
o controle (supondo se tratar 
de controle repressivo) 
 
JURISDICIONAL – é aquele que é realizado pelo Poder 
Judiciário, a exemplo do Brasil. 
 
POLÍTICO – é o controle da constitucionalidade 
realizado por órgão não integrante do Poder Judiciário, 
a exemplo do controle de constitucionalidade quando 
realizado pelo Poder Legislativo.Não é o caso do Brasil. 
 
9 
 
 
MISTO – neste controle ocorre ao mesmo tempo o controle 
político e o Jurisdicional. Como acontece em alguns países nos 
quais o controle da constitucionalidade das leis federais é 
exercido pelo Poder Legislativo e o das leis estaduais pelo 
Poder Judiciário. 
 
 
 
 
Quanto aos tipos de 
inconstitucionalidade 
FORMAL – ocorre quando a lei não obedece ao processo 
legislativo previsto para sua elaboração tais como: iniciativa 
legislativa, de que é exemplo uma lei que amplia o efetivo das 
forças armadas, cujo projeto foi de iniciativa de um deputado 
federal. Sabemos que só o Presidente da República tem 
iniciativa para tal projeto de lei. Ou uma medida provisória 
que trate de tema que a Constituição exija Lei Complementar. 
 
MATERIAL – se dá quando o conteúdo da norma elaborada 
conflita com a Constituição. A exemplo (só a exemplo) de uma 
lei que cria o cargo de Auditor-Fiscal do Estado do Ceará e 
exija a naturalidade cearense para concorrer a uma das vagas a 
serem preenchidas por concurso público. 
 
POR AÇÂO – é a infringe a Carta Magna pela prática de um 
comportamento positivo (facere ou praestare). Ex: Presidente 
da República que se ausenta do país por mais de quinze dias 
sem autorização do Congresso Nacional. 
 
POR OMISSÂO – é a que viola a Constituição pela prática de 
um comportamento negativo (non facere ou non praestare). 
Ex: ausência de produção legislativa para fazer valer um 
direito constitucional. Ou Presidente do Tribunal de Justiça 
não encaminha a proposta orçamentária conforme o art. 99, § 
2º, II) que é uma exigência. Ou seja, o Poder Executivo, 
Legislativo ou Judiciário deixam de tomar as providências, 
previstas na Lei maior, para o fiel cumprimento de suas 
atribuições 
 
 
 
Quanto ao número de 
órgãos do Poder Judiciário 
que o realiza 
 
 
 
 
DIFUSO - é aquele que é realizado por qualquer Juiz ou por 
qualquer Tribunal do Poder Judiciário. Conhecido por outros 
nomes: controle do caso concreto, controle incidental, controle 
por via indireta e controle por via de exceção. 
 
CONCENTRADO – ocorre quando a competência para o seu 
exercício é da cúpula do Poder Judiciário (STF). Conhecido 
por outros nomes: controle abstrato, controle em tese, 
controle objetivo e controle por via principal. No Brasil apenas 
o STF é competente para exercer o controle abstrato das lei 
federais e estaduais face à Constituição Federal. Os 
Tribunais de Justiça dos Estados também exercem o controle 
de constitucionalidade das leis estaduais e municipais face às 
Constituições Estaduais. 
 
10 
 
 
 
18.2- DETALHES DOS PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE CONTROLE DA 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
18.2.1 - CONTROLE DIFUSO 
 
18.2.1.1 - CONCEITO 
 
(ou controle do caso concreto) já estudamos que este controle é exercido por 
qualquer juiz ou por qualquer tribunal do Poder Judiciário durante um processo 
judicial qualquer, no qual a apreciação da constitucionalidade da norma 
jurídica não é o pedido, mas a causa de pedir. : 
 
18.2.1.2 - EXEMPLO 
 
 Um exemplo ajudará a esclarecer. Suponha que “A” (José) ingressa com 
uma ação judicial qualquer (suponha que solicite pensão com base em lei 
vigente) contra “B” (INSS). Em sua defesa, “B” alega que as pretensões de 
“A”, são embasadas em lei, no entanto, tal lei fere a Constituição. O juiz 
da vara competente irá apreciar se procede a alegação (exceção) de 
inconstitucionalidade. Repare que a alegação de inconstitucionalidade, é 
questão preliminar que há que ser decidida antes de entrar no julgamento domérito (no mérito o juiz determinará ou não o pagamento da pensão). O 
importante é que a discussão sobre a inconstitucionalidade surgiu num caso 
concreto (José x INSS) em que cada um se acha prejudicado pelo outro e 
busca uma satisfação perante o Poder Judiciário. A isto se chama de modo 
incidental, por exceção. Isto porque o objetivo principal da ação não era o 
controle de constitucionalidade. Observe que o INSS deseja que o juiz declare 
a inexistência de sua obrigação de satisfazer uma pretensão de José, porque 
tal pretensão é baseada em uma lei que fere a Constituição. 
 
 
18.2.1.3 - PARTICIPAÇÃO DO SENADO NO CONTROLE DIFUSO 
 
 Trata-se de novidade introduzida pelo Constituinte de 1934. O STF, depois 
do trânsito em julgado, comunicará sua decisão ao Senado Federal para os 
efeitos do art. 52, X, da CF/88, o qual atribui competência privativa ao Senado 
Federal para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, exarada 
em controle concreto. O Senado Federal, recebendo a comunicação do STF, 
não estará obrigado a proceder à edição da Resolução, suspendendo a 
execução da lei ou ato normativo cuja inconstitucionalidade foi declarada 
in concreto pelo STF. O Senado tomará uma decisão política sobre a 
conveniência ou não de retirar do ordenamento jurídico a norma declarada 
inconstitucional pelo STF. Entretanto, se o fizer, deverá ser na mesma 
extensão da decisão proferida pelo STF. Isso significa que o Senado não 
poderá suspender alguns artigos e manter outros, dentre os considerados 
11 
 
inconstitucionais pelo STF. Tal restrição é justificada, uma vez que o juízo 
jurídico sobre a inconstitucionalidade já foi exercido pelo STF. 
 
 
18.2.2 - CONTROLE ABSTRATO 
 
 
18.2.2.1 - CONCEITO 
 
 
 O controle abstrato é conhecido por outros nomes como: controle em tese; 
por via direta, por via de ação ou concentrado. Assim se denomina porque o 
controle é da lei, em tese, in abstracto, e não em um processo in concreto. Não 
busca a proteção de um direito que está sendo desrespeitado, como no 
controle concreto. Visa tão-somente à eliminação de uma norma jurídica 
contrária a preceito constitucional. A iniciativa não pertence a qualquer do 
povo. Face à Constituição Federal apenas uma das pessoas indicadas no art. 
103, inciso I a IX da CF/88, podem acionar o Poder Judiciário (STF) para 
afastar do ordenamento jurídico uma lei federal ou estadual. As constituições 
estaduais trazem o rol de pessoas legitimadas a acionar o PoderJudiciário 
(Tribunais de Justiça) com o objetivo de afastar uma lei estadual ou municipal 
contrária à Constituição Estadual. É importante deixar registrado que no 
controle abstrato não há a participação do Senado. 
 
 
18.2.2.2 - EXEMPLO 
 
 
 Um exemplo nos ajudará a entender melhor. Suponha que o 
Procurador-Geral da República ou qualquer dos arrolados nos incisos I a IX, 
art. 103, da CF/88, o qual relaciona os legitimados para propor ação direta de 
inconstitucionalidade, entendendo que determinada lei federal, instituidora da 
prisão perpétua, fere a Constituição em seu art. 5º, inciso XLVII, alínea “b", vem 
a propor perante o STF uma ação direta de inconstitucionalidade. Observe 
que, neste caso, o Procurador-Geral da República, ao que sabemos, não tem 
interesse pessoal no processo. Na verdade, sua legitimidade decorre do cargo 
por ele ocupado e não de um interesse pessoal. Ele entendeu que 
determinada lei vigente, in abstracto, é inconstitucional e propôs ao Supremo 
Tribunal Federal a declaração de sua inconstitucionalidade. 
 Vale ressaltar, ainda, que o STF é o guardião da Constituição (art. 
102) e estaria dentro do seu interesse manter a integridade da ordem jurídica 
com base na Norma maior. Porém, os orgãos do Poder Judiciário são inertes, 
não podem por si só dar início a ações jurisdicionais, daí surgir a figura dos 
legitimados ativos para proporem as ações diretas (art. 103 e seus incisos). 
 
 
18.2.2.3 - PRINCIPAIS ESPÉCIES DE CONTROLE ABSTRATO 
 
18.2.2.3.1 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN 
12 
 
 
 Surgiu no ordenamento constitucional através de uma emenda de 1965 à 
Constituição de1946. Em resumo, são os seguintes os passos de uma ADIN: 
 
a) Competência para julgar - conformeo artigo 102, I,”a”, primeira parte, da 
Constituição Federal, é da competência do Supremo Tribunal Federal a guarda 
da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente a ação 
direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual 
face à Constituição Federal. 
 
b) Quorum – a decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade 
da lei ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo 
menos oito Ministros (art. 22, da lei 9.868/99),pelo voto da maioria absoluta 
(seis) dos membros do STF, nos termos do art. 97, CF/88. Excepcionalmente, 
em razão de segurança jurídica e interesse social poderá a decisão ser tomada 
por dois terços (8 ministros) como veremos adiante. 
 
c) Legitimidade ativa – ou seja, quem são aqueles que podem propor uma 
ADIN face à Carta Federal? É apenas os legitimados expressamente 
enumerados no art. 103, I a IX, da CF/88, com redação dada pela EC nº 45, de 
8/12/2004, a saber: 
 
I - Presidente da República; (universal) 
II - a Mesa do Senado Federal; (universal) 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (universal) 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal; (pertinência temática) 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (pertinência temática) 
VI - o Procurador-Geral da República; (universal) 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;(universal) 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;(universal) 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.(pertinência 
temática) 
 
Obs: a análise da pertinência temática conduz-nos a dois tipos de legitimados 
ativos para o ajuizamento da direta genérica: os universais e os especiais. 
 Os legitimados universais não se sujeitam ao exame da pertinência 
temática, porque o seu próprio papel institucional já os autoriza a promover a 
direta genérica em qualquer hipótese. 
 Busca-se com a pertinência temática impedir que determinadas 
entidades discutam, em sede de controle abstrato, toda e qualquer matéria, 
aumentando, ainda mais, a carga de trabalho do STF. Assuntos despiciendos 
ou tertúlias políticas, amparados em dispositivos regimentais de orgãos ou 
entidades de classe, não autorizam o uso da direta genérica, porque a 
pertinência temática pressupõe os três requisitos que amparam a propositura 
de qualquer ação: legitimidade para agir, interesse de agir e possibilidade 
jurídica do pedido. Assim, sem a demonstração lógica de cabal, por parte de 
certas agremiações, de que suposta ofensa ao Texto Constitucional repercutiu 
em seus objetos sociais e econômicos não há falar em direta genérica para 
estes legitimados. 
13 
 
 
d) Objeto do controle – lei ou ato normativo federal ou estadual. É o que 
dispõe o art. 102, I, “a” da CF/88. Cabe ressaltar que no conceito de lei ou ato 
normativo estadual incluem-se aqueles editados pelo Distrito Federal no 
exercício de sua competência estadual (art. 32 , § 1º, da CF/88). Além destes, 
segundo jurisprudência do STF, os decretos autônomos e atos 
regulamentares autônomos. Contra lei ou ato normativo contrário ao 
princípio da razoabilidade, enquanto projeção da cláusula do devido 
processo legal material (ADIn 1.775-5/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ, 1, de 4-2-1998, 
capa).Decisões normativas dos tribunais podem revestir-se sob a forma de 
resolução administrativa, portaria, deliberações interna corpori, etc e seja qual 
for a nomenclatura adotada, as decisões normativas dos tribunais são atos 
abstratos,que devem obediência à Constituição Federal. As espécies 
normativas constantes do art. 59 e os tratados internacionais, pois 
incorporados à ordem jurídica pátria, se contrariarem o Texto de 1988, 
comportam ação direta genérica, e, uma vez declarados inconstitucionais, 
reputam-se nulos de pleno direito. Os tratados internacionais não figuram entre 
as espécies normativas do art. 59 da carta Magna, mas isso não é motivo para 
ficarem isentos de controle abstrato, porque a subordinação hierárquica deles à 
Constituição da República afigura-se inequívoca. 
 
e) Matérias que não constituem objeto de ação genérica: lei ou ato 
normativomunicipal em face da Carta Federal; leis ou atos normativos 
revogados (anteriores à CF). Alguns autores chamam de direito pré-
constitucional; atos normativosprivados como convenção de condomínio, 
estatuto de empresas; crise de legalidade, assim entendida como a 
desobediência das leis ou atos normativos pelas autoridades administrativas; 
leis ou atos de efeitos concretos, por ausência de densidade jurídico-
material, ou seja sem os requisitos mínimos exigidos para um ato normativo 
imperatividade, generalidade e abstração da norma jurídica. Ex: atos estatais de feitos 
concretos que convertam a ação direta em sucedâneo de ação popular; dispositivo de leis de dotação 
orçamentária; atos legislativos que consagram doações de bens públicos a entidades privadas, decreto 
legislativo que susta a realização de licitação pública pelo Estado, dentre tantos outros exemplos. 
Ementas de leis diversas de seu conteúdo porque em nada violam a 
Constituição e ementa não é dispositivo de lei, apenas um resumo do que se 
tratará através dela; respostas do Tribunal Superior Eleitoral às consultas 
que lhe foram endereçadas, pois esse ato, de natureza administrativa, não 
apresenta qualquer eficácia vinculante aos demais orgãos do Poder Judiciário; 
normas constitucionais originárias, pois o Poder Originário é pleno, 
ilimitado, incondicionado e absoluto; convenções coletivas de trabalho, 
embora sejam pautas jurídicas de comportamento, aplicáveis a terceiros, 
cogentes e heterônomas, não são atos federais ou estaduais; 
inconstitucionalidade reflexa oblíqua ou indireta, pois para o deslinde da 
questão, faz-se imperioso o exame do conteúdo de outras normas 
infraconstitucionais ou de matéria de fato (STF, RTJ, 164:897). Leis estrangeiras 
inconstitucionais, pois quando a aplicação do Direito estrangeiro não for 
conveniente ao Brasil, por ser contrário à ordem pública, ou até à Constituição, 
não há falar em controle concentrado, pois a matéria só pode ser resolvida pela 
via de exceção. Propostas legislativas ou projetos de leis, pois o mero 
trâmite da espécie normativa não autoriza o ajuizamento da direta genérica, 
porque, no Brasil, inexiste o controle jurisdicional preventivo de 
14 
 
constitucionalidade pela via concentrada, a opção dada a qualquer parlamentar 
é ingressar com um Mandado de Segurança perante o STF. 
 
f) Participação do Advogado-Geral da União – quando o Supremo Tribunal 
Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato 
normativo, citará previamente o Advogado-Geral da União, que defenderá o 
ato ou texto impugnado (CF/88, art. 103. §3º). O AGU não está obrigado a 
defender tese jurídica se sobre ela o STF já fixou entendimento pela 
inconstitucionalidade (STF, Rel. Min. Maurício Corrêa, ago.2001, ADIN 1616-PE). 
 
g) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da 
República deverá ser previamente ouvido nas ações de 
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo 
Tribunal Federal (art. 103, § 1º, CF/88). 
 
h) Eficácia - erga omnes, ou seja, vale para todos os que estão submetidos 
ao âmbito espacial de validade da lei ou ato normativo. 
 
i) Efeitos – depende da decisão. Se proferida em medida cautelar ou liminar 
(ou seja em caráter urgente, sem análise detalhada), em regra terá efeitos ex-
nunc, salvo expressa manifestação em contrário do próprio STF (§1º, art. 
11, lei 9.868/99). Tratando-se dedecisão de mérito (definitiva), em regra terá 
efeitosex-tunc. 
 
Atenção: excepcionalmente, tendo em vista razões de segurança jurídica ou 
de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros (8 ministros), decidir que a 
declaração só tenha efeitos a partir de seu trânsito em julgado ou de 
outro momento (futuro) que venha a ser fixado (art. 27 da lei nº 9.868/99), é 
o que a doutrina denomina de modulação dos efeitos da ADIn. 
 
j) Desistência - não será admitida depois de proposta a ação (art. 5º, da lei 
9.868/99), pois, como já frisado, não há interesse direto dos legitimados ativos, 
são apenas o impulso necessário para dar início à ação pela inércia do Poder 
Judiciário. 
 
k) Perda de objeto – ocorre quando, se submete ao STF uma ADIN de uma lei 
já revogada, ou que tenha a sua revogação no transcurso do julgamento da 
ação. Em outras palavras o STF não declara a inconstitucionalidade 
quando a lei ou parte dela se encontrar revogada. 
 
l) Efeito vinculante - as decisões definitivas de mérito nas ADINs produzirão 
efeito vinculante, relativamente aos demais orgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal (§2º, art. 102, da CF/88), os quais não poderão contrariá-las ou 
aplicá-las indevidamente. O efeito vinculante não alcança o Poder Legislativo, 
esta informação é importantíssima para fins de concurso público.Obs: nunca é 
demais lembrar que apesar de não ter sido incluído o Distrito Federal no 
dispositivo constitucional em apreço, é obvio que este também está vinculado 
as decisões do STF. 
15 
 
 
m)Irrecorribilidade da decisão em ADIN - a decisão que julgar procedente ou 
improcedente o pedido em ADIN é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação 
rescisória, sendo passível apenas de embargos de declaração. 
 
n) Litisconsórcio - a regra é a não admissibilidade do litisconsórcio ativo ou 
passivo na direta genérica para defesa de interesses concretos e subjetivos, 
haja vista o caráter abstrato da fiscalização concentrada. Excepcionalmente 
há a possibilidade do litisconsórcio ativo entre os constitucionalmente 
legitimados para a propositura da direta genérica, vedado o ingresso como 
litisconsorte ativo do orgão que figura no polo passivo da relação processual. 
 
o) Amicus curiae - amici curiae, amicus partis ou amicus causae, ao pé da 
letra, significa “amigo da Corte”.Este instituto confere legitimidade a terceiro 
interessado para expor, aos juízes do Tribunal, ponto de vista favorável a uma 
das partes. A sua finalidade é pluralizar o debate constitucional, permitindo que 
o Pretória Excelso venha a dispor de todos os elementos informativos, 
possíveis e necessários, à resolução da controvérsia. O relator tem 
discricionariedade para admitir, ou não, sob pena de tumulto processual, a 
presença do amicus curiae nas ações diretas. Se o relator admitir sua presença 
ele terá, segundo Regimento Interno da Corte Constitucional, quinze minutos 
no máximo para expor seu pensamento. (art. 131, § 3°, c/c art. 132, § 2°) Mas a 
aplicação desses dispositivos regimentais sujeita-se à discricionariedade do 
relator, que não está compelido a admitir a presença do amicus curiae, 
devendo analisar as circunstâncias do caso concreto. Sem dúvida, a sua 
presença enseja a participação das entidades, grupos, classes ou estratos 
sociais, que podem apresentar informações elucidativas da matéria sub judice. 
OBS: isso não é intervenção de terceiros, pois a Lei veda expressamente. 
 
p) Prescrição e decadência - o ajuizamento da ação direta não se sujeita à 
observância de qualquer prazo prescricional ou decadencial, pois os atos 
inconstitucionais não se convalidam pelo mero decurso do tempo. 
 
18.2.2.3.2 - AÇÃO DECLARATÓRIADE CONSTITUCIONALIDADE – 
ADECON ou ADC 
 
 A ação declaratória de Constitucionalidade foi introduzida no ordenamento 
jurídico brasileiro por meio da Emenda Constitucional nº 3, de 17- 3 -1993. 
 
 Faz-se necessária a comprovação da existência de controvérsia 
judicial, que coloque em risco a presunção de constitucionalidade do ato 
normativo sob exame a fim de permitir ao STF o conhecimento das alegações 
a favor e contra a constitucionalidade, bem como o modo pelo qual estão 
sendo decididas as causas que envolvem a matéria. 
 
a) Competência para julgar - compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, 
originariamente a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal (art. 102,I,”a”, parte final, da CF/88). 
 
16 
 
b)Quorum – maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal, 
conforme o artigo 97 da CF/88. Em caráter excepcional, por razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse público, poderá dar-se por 
maioria de dois terços como veremos adiante. 
 
c) Objeto - lei ou ato normativo federal.Neste aspecto reside a grande 
diferença, exigida pelos concursos públicos, entre a ADIN E ADECON. 
Enquanto aADINtem por objeto a lei ou o ato normativo federal ou estadual, 
a ADECON se aplica a lei ou ato normativo federal apenas. 
 
d) Legitimidade ativa - podem propor a ADECON face á Constituição Federal 
os mesmos legitimados enumerados no art. 103, I a IX, da CF/88, com redação 
dada pela EC nº 45/2004, já explicitados acima e com os mesmos argumentos 
em relação à legitimidade Universal ou com pertinência temática. 
 
e) Participação do Advogado-Geral da União – nãohá razão para a atuação 
do Advogado Geral da União, uma vez que a ação visa preservar a presunção 
de constitucionalidade da lei ou do ato normativo. 
 
f) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da 
República deverá ser previamente ouvido nas ações declaratórias de 
constitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo 
Tribunal Federal (art. 103, § 1º, CF/88). 
 
g) Eficácia - erga omnes, ou seja, alcança todos os que estão submetidos ao 
âmbito espacial de validade da lei ou ato normativo declarado constitucional. 
 
h) Efeitos – depende da decisão. Se proferida em medida cautelar ou 
liminar, em regra terá efeitos ex-nunc, salvo expressa manifestação em 
contrário do próprio STF (§1º, art. 11, lei 9.868/99). Tratando-se de decisão de 
mérito (definitiva), em regra terá efeitos ex-tunc, e, excepcionalmente, ex-
nunc. 
 
 Atenção: tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional 
interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois 
terços de seus membros(8 ministros), decidir que a declaração só tenha 
efeitos a partir de seu trânsito em julgado (ex nunc) ou de outro 
momento(futuro) que venha a ser fixado (art. 27 da lei nº 
9.868/99).Modulação dos seus efeitos. 
 
i) Desistência - não será admitida depois de proposta a ação (art. 16, da lei 
9.868/99), pelos mesmos argumentos já apresentados na ADIn. 
 
j) Perda de objeto – ocorre quando, se submete ao STF uma ADECON de lei 
revogada. 
 
k) Efeito vinculante - as decisões definitivas de mérito nas ADECONs 
produzirão efeito vinculante relativamente aos demais orgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal (§2º, art. 102, da CF/88), os quais não poderão 
17 
 
contrariá-las ou aplicá-las indevidamente. Atenção: o efeito vinculante não 
alcança o Poder Legislativo, no que diz respeito à sua função típica. Não 
esqueçam do Distrito Federal que também se vincula. 
 
l) Medida cautelar (liminar) – é aquela tomada em caráter de urgência e é 
admitida, conformeart. 21, caput, da Lei nº 9.868, de 10.11.1999. 
 
m)Irrecorribilidade da decisão em ADECON - a decisão que julgar 
procedente ou improcedente o pedido em ADECON é irrecorrível, não podendo 
ser objeto de ação rescisória, sendo passível apenas de embargos de 
declaração. 
 
18.2.2.3.3 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - ADIO 
 
 
 Novidade apresentada pela Constituição de 1988 a qual dispõe: 
“declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva 
norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção 
das providências necessárias e, em se tratando de orgão administrativo, para 
fazê-lo em 30 dias” (art. 103,§ 2º, da CF/88). 
 
 É destinada a obter medida para tornar efetiva norma 
constitucional, mediante a elaboração de lei ou ato normativo necessários 
para efetivar direitos previstos na Constituição Federal e que dependam de 
regulamentação posterior (normas de eficácia limitada). 
 
 Por exemplo, a norma constante do art. 195, §7º, segundo a qual “são 
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.” Trata-
se, como vimos, de norma constitucional de eficácia limitada. Não tem 
aplicabilidade imediata, portanto, depende de edição da lei para que possa 
produzir os efeitos que lhe são próprios. 
 
 O STF já enfatizou que constitui omissão legislativa não apenas 
quando o orgão legislativo não cumpre o seu dever, não elaborando a lei, mas, 
também quando o satisfaz de forma incompleta. 
 
a) Competência para julgar – STF. 
 
b)Objeto - omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional. 
 
c) Legitimidade ativa – Tratando de inconstitucionalidade por omissão e não 
havendo dispositivo expresso aplica-se o art. 103, I a IX, CF/88, da ADIN e da 
ADECON. 
 
d) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da 
República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade 
por omissão e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal 
Federal (art. 103, § 1º, CF/88). 
 
18 
 
e) Medida cautelar (liminar) – O STF tinha o entendimento da não 
admissibilidade da sua concessão, porém com a promulgação da Lei nº 
12.063/09 inovou-se a matéria, passando a admitir medida cautelar em 
ADO. CUIDADO, pois este ponto será cobrado nos próximos concursos. 
Amedida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do 
ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na 
suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou 
ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. A lei remete ao 
mesmo procedimento posto na Lei 9.868/99. 
 
f) Efeitos – depende do orgão responsável pela edição da norma. Se 
aomissãofor da competênciadeorgão administrativo, o STF determinará que 
a medida seja produzida em 30 dias. Seda cúpula dos Poderes Legislativo 
ou Executivo, como uma lei ou regulamento, o STF se limitará, face a 
harmonia e independência dos Poderes (art. 2º, CF/88), a dar notícia da falta 
da norma, para que o Poder faltanteperceba que descumpre o seu dever. O 
STF não poderá suprir a falta da norma, nem mesmo obrigar a que a cúpula 
dos Poderes Executivo e Legislativo elaborem a norma faltante. No entanto, 
uma vez declarada a omissão pelo STF, permite-se a responsabilização por 
perdas e danos, se da omissão decorrer prejuízo. 
 
OBS: apesar de não haver fixação de prazo pela Constituição para a atuação 
da omissão Legislativa, em decisão recente (ADIn 3.682/07 – rel. Min. Gilmar 
Mendes) o STF estabeleceu como parâmetro o prazo de 18 meses para que o 
Congresso Nacional elaborasse a norma reclamada e eliminasse o estado de 
inconstitucionalidade. Vale ressaltar que em 18/12/08 foi promulgada a EC nº 
57 que convalidou os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento 
de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006. 
(ADCT, art. 96) 
 
g) Perda de objeto – ocorre quando, no curso da ação, for suprida da a 
omissão pela ediçãoda norma infraconstitucional, ou, como já decidiu o STF, 
quando o dispositivo constitucional que determinava a produção da norma 
tenha sido revogado (ADI 1836/SP, Rel. Min. Moreira Alves). 
 
 Vale ressaltar que as concepções de inconstitucionalidade e 
ilegalidade estão imbricadas. Ambas ensejam transgressões normativas, 
diferindo, apenas, em função do nível hierárquico dos preceitos vulnerados. Na 
inconstitucionalidade ferem-se preceitos constitucionais – a norma de 
hierarquia máxima do ordenamento jurídico. Já na ilegalidade vulneram-se 
preceitos legais – normas de hierarquia inferior do ordenamento jurídico, 
submetidas à supremacia da Lex mater. 
 A inconstitucionalidade pode ser formal (subjetiva ou objetiva) ou 
material. Os requisitos formais, procedimentais ou instrumentais são aqueles 
que estabelecem o procedimento de elaboração das espécies normativas do 
nosso ordenamento jurídico. São parâmetros de observação obrigatória no 
processo legislativo, sob pena de padecerem de vício da inconstitucionalidade 
formal. Ou seja, é o iter necessário a ser observado para a criação das leis no 
nosso estado Constitucional. 
19 
 
 O requisito formal subjetivo diz respeito a quem pode oferecer as 
proposta de emenda à Constituição ou os projetos de lei que serão apreciados 
no Congresso nacional. Por isso, quando a iniciativa elaboração das leis não 
parte de autoridade constitucionalmente competente, temos a hipótese de 
inconstitucionalidade por vício formal subjetivo. Fica claro que aqui 
estamos diante da primeira fase do processo legislativo, ou seja, a fase 
introdutória. 
 Já o requisito formal objetivo concerne as duas outras fases do 
processo legislativo, a fase constitutiva e complementar. Delimitam o caminho 
pelo qual cada espécie normativa deve trilhar, de acordo com o procedimento 
que a Constituição lhes reservou. Podemos dar como exemplo determinado 
projeto de lei de iniciativo do Presidente da República que teve sua apreciação 
iniciada pelo Senado Federal. Eis um contundente caso de 
inconstitucionalidade por vício formal objetivo. A objetividade diz respeito 
ao como fazer para apreciar as espécies normativas apresentadas ao 
parlamento. 
 O requisito material, substancial, intrínseca ou de conteúdo são 
aqueles que nos permitem comparar o conteúdo da lei ou do ato normativo 
com a Constituição, para sabermos se ela foi violada na sua essência. Tais 
requisitos estão presentes em todas as fases do processo legislativo. Não vêm 
prescritos na Constituição. São pressupostos de fundo, sendo extraídos da 
lógica geral do sistema. Se uma lei determina que é possível a prisão perpétua 
de um condenado, estaremos diante de uma inconstitucionalidade por vício 
material. 
 
18.2.2.3.4 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA 
 
 Surgiu no ordenamento constitucional em 1934. É proposta perante o STF. 
Destina-se a promover o controle de constitucionalidade de ato praticado por 
estado-membro que atente contra princípio sensível da ordem federativa. 
 
E quais são os princípios sensíveis? São aqueles encontrados no art. 34, VII: 
 
a) forma republicana, sistema representativo, e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
 Desta forma, qualquer Estado-membro que praticar ato atentatório aos 
princípios sensíveis estará sujeito a ver este seu ato declarado 
inconstitucional mediante representação do Procurador-Geral da 
República perante o STF. (eis o teor do art. 36, III). 
 
 Fique claro que a declaração de inconstitucionalidade do ato praticado pelo 
Estado-membro não corresponde à decretação de intervenção federal, ou seja, 
a ação direta interventiva não é instrumento pelo qual se decreta a intervenção 
20 
 
federal. O que ocorre é que a decretação da intervenção depende de que, 
previamente, o STF dê provimento à representação. 
 
 A competência para decretar e executar a intervenção federal é privativa do 
Presidente da República, conforme dispõe o artigo 84, inciso X, da CF/88. O 
Presidente, no entanto, só poderá decretar a intervenção, se o STF der 
provimento à representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III). 
 
 Em resumo: 
 
 a competência para julgar é do STF (art. 36, III); 
 o quorum é de maioria absoluta (art. 97, CF/88); 
 a legitimidade para agir é exclusiva do Procurador Geral da 
República(art. 129, IV, c/c art. 36, III). 
 
18.2.2.3.5 - ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL DA CONSTITUIÇÃO - ADPF 
 
 Surgiu no ordenamento jurídico com a promulgação da lei ordinária nº 9.882, 
de 3-12-1999, que regulamentou o §1º, do artigo 102 da CF/88, o qual dispõe 
que a argüição de descumprimento de preceito fundamental será apreciada 
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Trata-se de exemplo de norma 
constitucional de eficácia contida. 
 
a) Competência para julgar - Supremo Tribunal Federal(CF art. 102, § 1º, 
da CF/88). 
 
b) Quorum – a decisão sobre ADPF somente será tomada se presentes na 
sessão pelo menos dois terços dos Ministros, pelo voto da maioria absoluta 
dos membros do STF (Lei nº 9.882, art. 8º). 
 
c)Legitimidade ativa - podem propor a ADPF os legitimados para a ação 
direta de inconstitucionalidade (Lei nº 9.882, art. 2º, I). 
 
d) Objeto – evitar (preventiva) ou reparar (repressiva) lesão a preceito 
fundamental da Constituição resultante de ato do Poder Público (arguição 
autônoma). Caberá também quando for relevante o fundamento da 
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou 
municipal, incluídos os anteriores à Constituição (arguição incidental).(Lei 
9882, caput do art. 1º e parágrafo único). 
 
e) Caráter Subsidiário – não será admitida ADPF quando houver 
qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (lei 9.882, art. 4º, § 1º). 
 
f) Medida liminar – admite. O STF, por decisão da maioria absoluta de 
seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na ADPF (lei 
9.882, art. 5º). A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e 
tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões 
judiciais que apresente relação com a matéria objeto da ADPF, salvo se 
decorrentes de coisa julgada (lei 9882, art. 5º, § 3º). Em caso de extrema 
urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, 
21 
 
poderá o relatorconceder a liminar, ad referendum, do Tribunal Pleno (lei 
9882, art. 5º, § 1º). 
 
g) Eficácia e efeito – julgada a ação, a decisão terá eficácia contra todos 
e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público (lei 
9.882, art. 10, § 3º. 
 
h) Declaração de inconstitucionalidade em ADPF – ao declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de ADPF, e tendo 
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse 
social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, 
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha 
eficácia a partir do trânsito em julgado ou de outro momento que venha 
a ser fixado(modulação dos efeitos). 
 
i) Irrecorribilidade da decisão em ADPF - a decisão que julgar procedente 
ou improcedente o pedido em ADPF é irrecorrível, não podendo ser objeto 
de ação rescisória, sendo passível apenas de embargos de declaração. 
 
j) Cabe reclamação – caberá reclamação contra o descumprimento da 
decisão proferida pelo STF, na forma do seu Regimento Interno. 
 
 
RESUMO 1ª parte - ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: 
 
Espécie Competência 
para Julgar 
Quorum Legitimidade Ativa 
(quem pode propor) 
ObjetoEficácia e Efeitos 
 
 
 Controle Difuso 
 
 
 
Qualquer 
 Juiz ou 
Tribunal 
nos Tribunais: 
maioria absoluta 
do Pleno ou do 
respectivo órgão 
especial 
 (CF, art. 97) 
 
Qualquer das partes (autora 
ou ré) durante qualquer 
processo judicial. 
 
Lei ou ato 
normativo Federal, 
Estadual, ou 
Municipal 
Eficácia -interpartes” 
atinge apenas as 
pessoas que 
integraram o 
processo. 
 
Efeitos - ex-
tuncretroativos no 
tempo. 
 Uma das formas de exercício do controle Difuso dá-se pelo STF através do recurso Extraordinário (CF art. 102, III). 
 Única espécie de controle da qual participa o Senado Federal (CF, art. 52, X) 
 
 
 
 
 ADIN – Ação 
direta de 
inconstituciona- 
lidade 
 
 
 
 
STF 
 
 
 
 
Maioria Absoluta 
dos membros do 
STF 
(CF, art. 97) 
 
(CF, art. 103: I a IX): 
 
I – Presidente da República; 
II – Mesa do Senado 
Federal; 
III – Mesa da Câmara; 
IV – Mesa das Assembléias 
ou da Câmara Legislativa do 
DF; 
V – Governador de Estado 
ou do DF; 
VI – Procurador Geral da 
República; 
VII – Conselho Federal da 
OAB; 
VIII – Partido Político com 
representação no CN; 
 
 
 
 
Lei ou ato 
normativo Federal 
ou Estadual 
 
(ou do DF no uso 
de sua 
competência 
Estadual) 
Eficáciaerga omnes 
geral para todos que 
estão submetidos ao 
âmbito de validade 
da lei ou ato 
normativo. 
 
Efeito da medida 
cautelar: em regra 
ex nunc 
 
Efeito da decisão de 
mérito: em regra ex 
tunc 
 
Efeito vinculante - em 
relação aos órgãos 
do poder Judiciário 
(que não poderão 
22 
 
IX – Confederação sindical 
ou entidade de classe de 
âmbito Nacional. 
decidir de maneira 
distinta do STF), e à 
Administração 
Pública federal, 
estadual e municipal. 
 
ADC – Ação 
declaratória de 
constituciona- 
lidade 
 
 
STF 
 
Maioria absoluta 
dos membros do 
STF 
(CF, art. 97) 
 
 
 
CF, art. 103, I a IX, redação 
da EC nº 45/2004 : 
 
 Os mesmos legitimados 
para a ADIN. 
 
 
Lei ou ato 
normativo Federal. 
Eficáciaerga omnes 
geral para todos que 
estão submetidos ao 
âmbito de validade 
da lei ou ato 
normativo. 
 
Efeito da medida 
cautelar em regra ex 
nunc. 
 
Efeito por decisão de 
mérito em regra ex 
tunc. 
 
Efeito vinculante– em 
relação aos órgãos 
do poder Judiciário 
(que não poderão 
decidir de maneira 
distinta do STF), à 
Administração pública 
federal, estadual e 
municipal. 
 
 
 
 
Ação de 
inconstituciona- 
lidade por 
omissão. 
 
 
 
 
STF 
 
 
 
 
Maioria Absoluta 
dos membros do 
STF 
(CF, art. 97) 
 
 
 
 
 
Segundo a Jurisprudência 
os legitimados para 
interposição sãos os 
mesmos da ADIn. 
 
 
 
 
 
 
Omissão de 
medida para tornar 
efetiva norma 
constitucional 
(CF, art. 102, § 2º) 
Admite medida 
cautelar; 
 
Se a omissão for da 
cúpula do Executivo 
ou do Legislativo, o 
STF se limitará a 
certificar a falta da 
norma dando-lhes 
conhecimento. 
 
Se a omissão for de 
órgão administrativo, 
o STF determinará 
que a medida seja 
produzida em 30 
dias. 
 
 
Ação de 
inconstituciona- 
lidade 
interventiva 
 
 
STF 
 
Maioria Absoluta 
dos membros do 
STF 
(CF, art. 97) 
 
Exclusiva do Procurador 
Geral da República 
 
Ato de Estado-
Membro que feriu 
Princípio sensível 
(CF,art. 34, VII) 
 
Eficácia - erga 
omnes. 
23 
 
 
ADPF – Argüição 
de 
descumprimento 
de preceito 
fundamental da 
constituição 
 
 
 
 
STF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maioria Absoluta 
dos Membros 
do STF 
(CF, art. 97) 
 
Lei 9.882/99, art. 2º, I: 
 
I – Presidente da República; 
II – Mesa do Senado 
Federal; 
III – Mesa da Câmara; 
IV – Mesa das Assembléias; 
V – Governador do Estado; 
VI – Procurador Geral da 
República; 
VII – Conselho Federal da 
OAB; 
VIII – Partido Político com 
representação no CN; 
IX – Confederação sindical 
ou entidade de classe de 
âmbito Nacional. 
Lei 9.882/99, art. 
1º: 
 
Evitar/reparar 
lesão resultante de 
ato do Poder 
Público. 
 
Controvérsia 
constitucional 
sobre Lei ou ato 
normativo federal, 
estadual ou 
municipal, 
incluídos os 
anteriores à 
Constituição. 
 
Eficácia - contra 
todos (erga omnes) 
 
Efeito vinculante – 
em relação aos 
órgãos do poder 
Judiciário (que não 
poderão decidir de 
maneira distinta do 
STF), e à 
Administração 
Pública federal, 
estadual e municipal. 
 
 Caráter Subsidiário - não será admitida a ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
 
PONTO 18 - CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE – 2ª parte 
TÓPICOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
18.1 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELOS ESTADOS 
 
 A CF/88 prevê expressamente a instituição do controle abstrato de leis ou 
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual ao 
dispor: 
 
CF/88 , art.125, 
§2º Cabe aos Estados a instituição de representação de 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais 
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação 
para agir a um único órgão. 
 
 O Constituinte originário deixou a critério da Constituição Estadual definir 
quem poderá entrar com representação de inconstitucionalidade no entanto, 
vedou expressamente a atribuição da legitimação para agir a um único 
órgão. Com isto abriu-se o leque de legitimação, tal como se fez no âmbito 
federal, onde se quebrou o monopólio em relação ao Procurador-Geral da 
República, com existente na Constituição passada segundo a qual só o 
Procurador-Geral da República poderia propor ação de inconstitucionalidade. A 
CF/88 ampliou a legitimidade ativa e ordenou que os Estados fizessem o 
mesmo. A competência para julgar cabe originariamente ao Tribunal de Justiça 
de cada Estado. 
 
 A Constituição do Estado de Alagoas prevê: 
 
“Art. 133 - Compete ao Tribunal de Justiça, precipuamente, a guarda da 
Constituição do Estado de Alagoas, cabendo-Ihe, privativamente 
24 
 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------- 
o) a ação direta da inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo estadual ou 
municipal, lesivos a esta Constituição; 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------- 
r) a argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta 
Constituição”. 
 
Art.134 - Podem propor ação de inconstitucionalidade de lei ou de ato 
normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição, bem assim de ato 
que descumpra preceito fundamental dela decorrente: 
 
I - o Governador do Estado; 
II - a Mesa da Assembléia Legislativa; 
III - o Prefeito Municipal; 
IV - a Mesa da Câmara Municipal; 
V - o Procurador-Geral de Justiça; 
VI - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Alagoas; 
VII - partido político com representação na Assembléia Legislativa; 
VIll - sindicato ou entidade de classe, de âmbito estadual. 
 
 
§ 1º - O Procurador-Geral de Justiça deverá ser previamente ouvido nas ações 
de inconstitucionalidade. 
 
§ 3º - Quando o Tribunal de Justiça apreciar a inconstitucionalidade, em tese, 
de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, a Procuradoria Geral do 
Estado, que defenderá o ato ou texto imputado. 
 
Art. 135 - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros poderá o 
Tribunal de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo 
do Poder Público. 
 
 
18.1.1 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PELOS 
ESTADOS 
 
 É juridicamente possível aos Estados-membrosadotarem a ação de 
inconstitucionalidade por omissão, uma vez que o artigo 125, §2º, da Carta 
Federal estabelece que cabe aos Estados a representação de 
inconstitucionalidade das leis estaduais ou municipais em face da 
Constituição Estadual. A competência é do respectivo Tribunal de 
Justiça. 
 
 O parágrafo 2ª, do Art.134, da Constituição de Alagoas prevê que “declarada 
a inconstitucionalidade por omissão de medida para tomar efetiva norma 
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das 
providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-
lo em trinta dias”. 
25 
 
 
18.1.2 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA 
PELOS ESTADOS 
 
 É prevista a adoção pelo Estado-membro da ação direta interventiva. Tal 
conclusão advém da interpretação do preceito do art. 35, IV, da Constituição 
Federal: 
 
“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios (...) exceto quando: 
 
IV – o Tribunal de justiça der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual”. 
 
 Para nunca esquecer: Os Estados podem instituir o controle abstrato de 
constitucionalidade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face 
somente da Constituição Estadual. 
 
 
18.1.3 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE FACE A 
CARTA ESTADUAL 
 
 A CF/88 não permite e nem veda a ADECON face a Constituição Estadual. 
A questão comporta tormentosa divergência. 
 
 Alexandre de Moraes entende que “desde que seguissem o modelo federal, 
nada estaria a impedir que o legislador constituinte-reformador estadual criasse 
por emenda constitucional uma ação declaratória de constitucionalidade de lei 
ou ato normativo estadual, em face da Constituição Estadual, a ser ajuizada no 
Tribunal de Justiça e tendo como co-legitimados o Governador do Estado, a 
Mesa da Assembléia Legislativa e o Procurador-Geral de Justiça.” (Direito 
Constitucional, 5ª edição, 1999, pág. 569). 
 
 
18.2 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELO DISTRITO FEDERAL 
 
 Sobre o Distrito Federal, como vimos, a CF/88, artigo 32, dispõe que é 
regido por lei orgânica, que é vedada sua divisão em municípios e que detém 
as competências legislativas atribuídas aos estados e municípios. Estudamos 
que as leis e atos normativos do Distrito Federal, no exercício da competência 
estadual, estão submetidos a controle de constitucionalidade face a 
Constituição Federal. 
 
 Vamos nos ater ao controle abstrato de constitucionalidade realizado em 
face de sua Lei Orgânica. Lembrem-se de que, conforme o artigo 22, XVII, da 
CF/88, compete privativamente à União legislar sobre a organização 
judiciária do Distrito Federal. Desta forma o controle de 
constitucionalidade no Distrito Federal é regulamentado pela União. 
 
 
18.2.1 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO DF 
26 
 
 
 A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica, diz respeito ao controle das 
leis do Distrito Federal no uso de sua competência legislativa estadual, bem 
como no uso de competência legislativa municipal. Foi introduzido pela recente 
lei que alterou a organização judiciária do Distrito Federal e Territórios, Lei nº 
9.868, de 10/11/99, que acresceu a alínea “n” ao artigo 8º, I, da Lei nº 8.185/91. 
 
18.2.2 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO NO DF 
 
 A lei de Organização Judiciária do Distrito Federal, dispõe que, uma vez 
declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva 
norma da Lei Orgânica do Distrito Federal, a decisão será comunicada ao 
Poder competente para adoção das providências necessárias, e, tratando-se 
de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias (Lei nº 9.868/99 também 
acresceu o § 4º, II, ao art. 8º). 
 
18.3 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS E ATOS 
MUNICIPAIS 
 
 
 Como sabemos, no Brasil os Municípios não possuem Poder Judiciário. Até 
1999 não existia controle abstrato de constitucionalidade de lei municipal face 
a Constituição Federal. As leis e atos normativos municipais face à 
Constituição Federal só eram passíveis de controle de constitucionalidade 
através do critério difuso. Conforme já visto, o artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, 
que regula a ADPF, instituiu a possibilidade de controle abstrato de 
constitucionalidade das leis municipais face a Carta Federal. 
 
 Não confundir esse tipo de controle, do qual falamos no parágrafo anterior, 
com o controle de constitucionalidade abstrato das leis e atos normativos 
municipais face a Carta estadual. A grande novidade trazida pela ADPF- 
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental foi a possibilidade de 
aquele controle ser exercido tomando-se como parâmetro a Constituição 
Federal. 
 
18.4 - INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO 
 
 Ocorre quando o sentido do texto legal a ser interpretado for plurívoco, ou 
seja, comporte várias possibilidades de interpretação. Caberá ao STF firmar a 
única interpretação que considere compatível com a Carta Política. 
Segundo Luís Roberto Barroso, uma vez firmada umalinha de interpretação, 
ocorre “a exclusão expressa de outras possibilidades interpretativas, 
reputadas inconstitucionais. A conseqüência é, sem dúvida, a 
preservação do texto da norma interpretada” (Interpretação e Aplicação da 
Constituição, 3ª edição, 1999). E, por preservar o texto da norma interpretada, 
em vez de retirá-la do ordenamento jurídico, a interpretação conforme a 
Constituição realiza o princípio da CONSERVAÇÃO DAS NORMAS. 
 
27 
 
 Segundo a Jurisprudência do STF, a interpretação conforme a 
Constituição é princípio que se situa no âmbito do controle de 
constitucionalidade, e não apenas de simples interpretação. A aplicação 
desse princípio sofre, porém, restrições, uma vez que, ao declarar a 
inconstitucionalidade de uma lei em tese, o STF - em sua função de corte 
constitucional – atua como legislador negativo, mas não tem o poder de 
agir como legislador positivo, para criar norma jurídica diversa da 
instituída pelo Poder Legislativo. 
 Por isso, se a única interpretação possível para compatibilizar a norma 
com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder 
Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da 
interpretação conforme a constituição, que implicaria, em verdade, criação 
de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo. (RP-1417/DF, 
09.12.87, Relator: Min. Moreira Alves). 
 
ATENÇÃO! Com a promulgação da lei 9.868/99 a interpretação conforme a 
Constituição passou a ter efeito vinculante. 
 
 
18.5 - CONTROLE DE NORMAS ANTERIORES À CONSTITUIÇÃO 
 
 Estudamos no capítulo dedicado à teoria geral, que, de acordo com a teoria 
da recepção, o direito anterior deve ser recebido pela nova ordem 
constitucional, desde que se mostre compatível com a nova Constituição 
sob uma perspectiva estritamente material, ou seja, de conteúdo. A nova 
Constituição ao entrar em vigor, simplesmente revoga toda a legislação 
precedente com ela incompatível. 
 
 Esta verificação da compatibilidade entre norma infraconstitucional anterior a 
1988 e a Carta Política, segundo o Supremo Tribunal Federal, deverá ser 
pronunciada incidentalmente, na apreciação de um caso concreto, e não em 
tese, mediante controle abstrato 
 Assim concluímos que o controle de constitucionalidade de leis e atos 
normativos anteriores à Constituição de 1988 (direito pré-constitucional) 
deverá ser feito apenas no controle difuso. Apenas com o surgimento da 
ADPF, regulamenta pela lei 9.882/1999, passou a existir a possibilidade do 
exame da constitucionalidade de normas anteriores à Constituição de 
1988, no âmbito do controle abstrato, face a Constituição de 1988. 
 
 Segundo Jurisprudência do STF, “o vício da inconstitucionalidade é 
congênito à lei e há de ser apuradoem face da Constituição vigente ao 
tempo de sua elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em face 
da Constituição superveniente, nem o legislador poderia infringir a 
Constituição futura. A Constituição sobrevinda não torna inconstitucionais 
leis anteriores com ela conflitantes: revoga-as. Pelo fato de ser superior, a 
Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. Seria ilógico que a lei 
fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis 
ordinárias. A lei maior valeria menos que a lei ordinária. Ação direta de que 
não se conhece por impossibilidade jurídica do pedido”. (ADI-2/DF, 
Tribunal Pleno, Relator: Min. Paulo Brossard, 06/02/92). 
28 
 
 
 
18.6 - NORMA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
 
 O sistema de controle da constitucionalidade adotado no Brasil não 
comporta o exame da constitucionalidade de normas constitucionais 
originárias. 
 
 
18.7 - NORMA DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO: Emenda 
Constitucional 
 
 O Supremo Tribunal Federal é competente para examinar a 
constitucionalidade ou não de emenda constitucional (14/4/93, Min. 
Moreira Alves). 
 
 
18.8 - SÚMULA DE TRIBUNAL SUPERIOR 
 
 Segundo o STF não cabe ação de inconstitucionalidade contra Súmula 
de Tribunal Superior, porque esta não apresenta características de ato 
normativo (19/2/92, Min. Carlos Velloso). 
 
 
18.9 – DECRETO DO PODER EXECUTIVO 
 
 Segundo o STF o decreto regulamentar não está sujeito ao controle de 
constitucionalidade, dado que se o decreto vai além do conteúdo da lei, 
pratica ilegalidade e não inconstitucionalidade. Somente na hipótese de 
não existir lei que preceda o ato regulamentar, é que poderia este ser 
acoimado de inconstitucionalidade, assim sujeito ao controle de 
constitucionalidade (STF, Pleno, rel. Min. Carlos Velloso, publicado em 25-8-
95). 
 
 É admissível, excepcionalmente, ação direta de inconstitucionalidade 
contra decreto que não regulamenta lei, ou seja, autônomo (22/5/92, Min. 
Moreira Alves). 
 
18.10 - TRATADO INTERNACIONAL 
 
 O tratado internacional é passível do controle de constitucionalidade pelo 
método abstrato, bem como pelo difuso. 
 
18.11 - ATOS PRIMÁRIOS 
 
 Denomina-se ato primário qualquer ato normativo que derive diretamente 
da Constituição, assim, essenciais para conferir plena eficácia a regra 
constitucional. Um ato primário se caracteriza, basicamente por não 
regulamentar qualquer outro ato jurídico, salvo a própria Carta Magna. 
 
29 
 
 São primários os atos legislativos mencionados no art. 59 da Constituição, 
bem como seusequivalentes estaduais, distritais e municipais, as constituições 
estaduais e Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e os 
regimentos internos dos tribunais, neste último caso, conforme competência 
atribuída pelo art.96, I, ”a”. 
 
 JURISPRUDÊNCIA DO STF - Texto constitucional não se regulamenta 
originariamente por ato administrativo normativo, mas, sim, por lei ou ato 
normativo a esta equivalente (17/6/93, Min. Moreira Alves). 
 
18.12 - CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 
 
 Assim é conhecida a norma da CF, art. 97, caput, ao dispor quesomente 
pelo voto da maioria absoluta de seus membrosou dos membros do 
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. O órgão 
especial, previsto na CF, art. 93, XI, com redação da emenda nº 45, poderá 
ser constituído nos tribunais com número superior a vinte e cinco 
julgadores, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para 
o exercício das atribuições delegadas da competência do tribunal pleno, 
provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição 
pelo tribunal pleno; 
 
 A cláusula de reserva de plenário não veda a possibilidade de o juiz 
monocrático declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
Poder Público, mas sim, determina uma regra específica aos tribunais para 
garantia de maior segurança jurídica. 
 
 Segundo esse preceito constitucional, qualquer tribunal só pode declarar a 
inconstitucionalidade de um ato normativo se o fizer por maioria absoluta, 
salvo se possuir órgão especial, hipótese em que tal decisão deverá receber 
os votos da maioria absoluta deste. Em decorrência nenhum órgão 
fracionário, turma, câmara, ou sessão, de qualquer tribunal dispõe de 
competência para declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
emanados do Poder Público sob pena de absoluta nulidade. 
 
18.13 - ATOS “INTENA CORPORIS” 
 
 Os atos interna corporis, em regra, não estão sujeitos ao controle da 
constitucionalidade; porém se conflitarem com as formalidades, ritos ou 
processos prescritos pela Constituição passam a ser suscetíveis de controle 
judicial. 
 
 Por exemplo, a briga de ACM e JÁDER pela presidência do Senado Federal. 
É o tipo do assunto que se relaciona direta e imediatamente com a economia 
interna da corporação legislativa e que, por sua natureza, é reservado à 
exclusiva apreciação e deliberação do Plenário ou da Mesa do Senado. O 
Judiciário não pode substituir a deliberação desses órgãos por um 
pronunciamento judicial sobre o que é da exclusiva competência discricionária 
do Plenário ou da Mesa. Mas o Judiciário poderá sempre confrontar o ato 
30 
 
praticado com as prescrições constitucionais que estabeleçam condições, 
forma ou rito para sua consecução. Este controle será difuso, através de 
mandado de segurança. 
 
 
18.14 - CONTROLE JURISDICIONAL PREVENTIVO – UMA EXCEÇÃO 
 
 A jurisprudência do STF é enfática ao concluir que o direito constitucional 
positivo brasileiro não admite o sistema de controle jurisdicional 
preventivo de constitucionalidade em abstrato. O controle abstrato exige, 
salvo na hipótese de inconstitucionalidade por omissão, que a ação direta só 
incidirá sobre leis e atos normativos federais e estaduais já promulgados, 
editados e publicados. 
 
 Excepcionalmente o STF já admitiu o controle Jurisdicional preventivo de 
constitucionalidade, só que no critério difuso. Assim o fez por entender que 
compete ao Poder Judiciário analisar, em sede de mandado de segurança 
ajuizado por parlamentar, a regularidade na observância por parte do 
Congresso Nacional de normas constitucionais referentes ao processo 
legislativo, uma vez que os congressistas têm direito líquido e certo a não 
participarem de processo legislativo vedado pela Constituição Federal. 
Em julgado envolvendo Proposta de Emenda Constitucional, a nossa 
Suprema Corte decidiu ser possível o controle jurisdicional preventivo de 
constitucionalidade no critério difuso, via mandado de segurança contra o 
processamento de Emenda Constitucional, quando há violação do preceito 
constitucional expresso que veda a apresentação de tal emenda. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA DO STF: 
 
O processo de formação das leis ou de elaboração de emendas à Constituição 
revela-se suscetível de controle incidental ou difuso pelo Poder Judiciário, 
sempre que, havendo possibilidade de lesão à ordem jurídico-constitucional, a 
impugnação vier a ser suscitada por membro do próprio Congresso Nacional, 
pois, nesse domínio, somente ao parlamentar - que dispõe do direito público 
subjetivo à correta observância das cláusulas que compõem o devido processo 
legislativo - assiste legitimidade ativa ad causam para provocar a fiscalização 
jurisdicional. - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no 
sentido de recusar, a terceiros que não ostentem a condição de parlamentar, 
qualquer legitimidade que lhes atribua a prerrogativa de questionar, incidenter 
tantum, em sede mandamental, a validade jurídico-constitucional de proposta 
de emenda à Constituição, ainda em tramitação no Congresso Nacional (MS 
23565 / DF, Julgamento 10/11/1999, Relator Min. Celso de Mello.) 
 
18.15 - ACÃO DIRETA POR ENTIDADE DE CLASSE

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