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Direito Internacional Thiago Borges

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Direito Internacional 
 1ª Avaliação - 31/03 
2ª Avaliação - 28/05 
Bibliografia: 
- Curso de Direito Internacional Público e Direito Comunitário – Thiago Borges 
- Curso de Direito Internacional Público - Valleerio Magozzi 
- Direito Internacional Público curso elementar -Francisco Rezek (mais clássico) 
-Curso de Direito Internacional Público- Celso Albuquerque de Mello 
- Direito Internacional- Maicon Shaw 
AULA- 05/02 
Sociedade Internacional 
Parte da doutrina entende sociedade internacional como comunidade internacional. Porém, seguindo uma doutrina 
alemã, deve haver a distinção entre o que seja uma sociedade e uma comunidade. Em uma comunidade, os interesses 
comuns prevalecem sobre os individuais, prevalece o coletivo diante de um conflito. Já numa sociedade, os interesses 
individuais prevalecem. Os interesses coletivos só vão prevalecer quando potencializarem os interesses individuais, isto 
é, quando a conjunção dos interesses resultar em um efeito melhor para as partes. Eventualmente, pode ser que algum 
interesse individual venha a colidir com um interesse coletivo, e nesse caso o sujeito pode admitir ceder o seu querer. 
O âmbito internacional é de comunidade ou sociedade? Alguns doutrinadores pensam em comunidade internacional. 
Mas a realidade é que o âmbito internacional reflete uma sociedade, mais do que uma sociedade. Dizer que os Estados 
convivem em uma comunidade internacional é mais uma manifestação de desejo do que algo de fato que aconteça. 
Afinal de contas, os Estados só participam de acordos coletivos na medida dos seus respectivos interesses. O que 
prevalece, na verdade, é a ideia de soberania estatal. 
A ideia de sociedade internacional, decorre em grande parte, além da questão da soberania, da fragmentação do 
ordenamento internacional – não há um único sistema, um único ordenamento internacional. Existem vários 
ordenamentos internacionais que podem ser chamados no todo de ordenamento internacional, mas não há aqui uma 
sistematicidade. Temos, por exemplo, no âmbito internacional, um ordenamento que decorre da ONU – promove uma 
série de acordos internacionais no âmbito da sua atuação, levando à assembleia geral uma votação de vários acordos. 
Mas paralelo ao sistema da ONU, existe, por exemplo, o sistema da OMC – Organização Mundial do Comércio. Esse 
sistema não é conectado com o da ONU, mas ultimamente tem se aproximado com a ONU. Além disso, existem 
sistemas regionais como a Liga dos Estados árabes. Essa fragmentação revela a inexistência de uma comunidade 
internacional. 
O que há mais próximo do que se poderia chamar de uma comunidade de estados seria a União Europeia por conta da 
sua força de convergência normativa, e isso tem a ver com a delegação de competências soberanas dos Estados para a 
União, o que faz com que certos atos da UE sejam obrigatórios para todos os Estados. A compreensão de que vivemos 
em uma sociedade internacional é também importante acerca da diferença interna existente entre os Estados, a forma 
como eles são. Os Estados são todos diferentes e o Direito Internacional deve ser apto a minimizar essas diferenças. 
Então, vivemos numa sociedade internacional, pautada na lógica da soberania, embora haja um desejo de construção 
de uma comunidade internacional. Quem deveria desempenhar esse papel seria a ONU, mas a sua estrutura não lhe 
permite exercer uma governança global. Não havendo uma entidade supranacional, que possa estabelecer uma 
desfragmentalização do ordenamento internacional, não há como caminhar para ser uma comunidade internacional. 
A sociedade internacional é o ambiente onde se relacionam os Estados soberanos. Surge junto com os Estados 
soberanos, porque desde que eles começaram a surgir já tiveram que se relacionar, pelo menos para estabelecer seus 
limites fronteiriços que delimitam o seu poder soberano. Entretanto, com o passar do tempo, a sociedade internacional 
foi se tornando cada vez mais complexa, com o reconhecimento de novos sujeitos e atores. Temos na sociedade 
internacional, convivendo com os estados soberanos as organizações internacionais que são criação dos Estados que 
foram dotadas de personalidade internacional. As organizações internacionais são sujeitos de direitos internacionais 
singulares e surgiram como espaço público de tomada de decisões coletivas, mas evoluíram estruturalmente, no 
decorrer do século XX, a ponto de os Estados reconhecerem a sua personalidade internacional. 
Além disso, a sociedade internacional também é composta por outros atores como a Santa Se, que se relacionou com os 
Estados de igual para igual desde o seu surgimento, e por conta disso é considerada como um sujeito do Direito 
Internacional. É o caso também, da Cruz Vermelha, criada no século XIX, para promover o direito humanitário (é 
diferente de direitos humanos, referindo-se ao direito que visa proteger os neutros- pessoas envolvidas num conflito 
internacional). Há também os grupos armados beligerantes, que podem ser de várias naturezas – fundamentalistas, 
insurgentes, revolucionários. Esses grupos não são sujeitos do Direito Internacional, mas eventualmente sujeitam-se 
aos ditames internacionais. Também importa citar as ONG’s - organizações não governamentais de caráter global, 
nesse contexto de sujeitos internacionais. Outros atores também são as empresas transnacionais, que sofrem 
consequências de tratados internacionais. Quando os Estados vão fazer acordos internacionais é normal que as 
empresas envolvidas sejam chamadas a se manifestarem. 
Pode-se perceber então, que a sociedade internacional é multifacetada, em que convivem sujeitos e com atores – que 
atuam, mas não contraem obrigações. Essa lógica multifacetada do Direito Internacional exige ao aplicador do direito 
que trabalha com essa realidade muito cuidado com a aplicação dessas normas em relação àqueles que são sujeitos e 
aos atores. Ex- FIFA e Brasil – Houve a formação de um convênio na copa, mas a FIFA não é uma entidade internacional. 
Não se pode confundir esse acordo com o tratado, porque a FIFA não é sujeito de Direito Internacional, então ela é 
regida pelo seu Direito interno. É diferente, por exemplo da OEA- Organização dos Estados Americanos, que é um 
sujeito de Direito Internacional. Se imaginarmos que a haja uma quebra de acordo entre Brasil e FIFA, isso não pode 
ser levado a um Tribunal Internacional, porque a FIFA não é sujeito de Direito Internacional. O que resta aqui é a 
arbitragem internacional, e neste momento várias normas internacionais se aplicam. A FIFA, mesmo não sendo sujeito 
de direito internacional, se submete as normas internacionais. 
 
Ordenamento internacional 
 
O ordenamento internacional é composto das seguintes normas: princípios internacionais – construídos historicamente 
e que representam os valores fundamentais protegidos nas demais normas do ordenamento; costumes internacionais; 
tratados internacionais. A origem do Direito Internacional é essencialmente costumeira, só entre o século XIX e XX é que 
inicia o processo de positivação. Durante essa época, os tratados serviam apenas de forma bilateral. As normas que 
estabeleciam fronteiras, relativas a diplomacia, por exemplo, eram costumeiras. Por fim, a terceira fonte do Direito 
Internacional são os tratados/convenções internacionais, que são normas formais. 
Além dessas normas, o ordenamento ainda tem outras normas como os atos unilaterais de organizações internacionais, 
à exemplo das resoluções do Conselho de Segurança. Trata-se de um ato decisório, tomado pelo Conselho de 
Segurança. As organizações internacionais são sujeitos singulares, por isso as resoluções do Conselho de Segurança são 
atos unilaterais, porque expressam uma manifestação das organizações. Também podem ser incluídos no arcabouço 
normativo internacional a jurisprudência das Cortes Internacionais. Inclusive, havendo varias cortes internacionaiscom 
competências diversas não só em termos materiais. O que é interessante é perceber que há uma referencia 
intercruzada de jurisprudência. É possível que a Corte Americana use um precedente da Corte Europeia, por exemplo. 
Alguns instrumentos internacionais ainda falam na doutrina como fontes do Direito Internacional, mas é uma fonte 
fraca, porque não possui força cogente. Em Direito Internacional, a opinião doutrinária é pouco relevante no processo 
decisório. 
Podemos ainda verificar no ordenamento nacional uma figura nova que tem sido chamada de soft Law, que é um 
Direito que “não obriga”, sugere apenas uma recomendação. A cogência aqui não é normativa, é política, econômica. 
- Convenção de Viena sobre direitos dos tratados – 1969* 
 
História do Direito Internacional 
 
A evolução das coisas na perspectiva do Estado é muito mais lenta do que na perspectiva humana. Assim, ainda 
convivemos no âmbito internacional com diversas normas costumeiras antigas. 
O Direito Internacional só surge com os Estados modernos. Roma, em particular, é um período que contribui pouco para 
aquilo que vem a ser o Direito Internacional. Surge do Direito Romano, por exemplo, a distinção de tratamento entre os 
nacionais e estrangeiros , o que mais tarde se tornaria a nacionalidade. Um outro costume da época do Direito Romano, 
é a proteção do mensageiro que vem de um outro Estado. Isso é origem da diplomacia. Outra coisa que vem da Grécia 
antiga é a obrigatoriedade de declaração de guerra. Hoje em dia a guerra é proibida, mas quando admitida, a declaração 
era obrigatória. Outro traço importante da Grécia antiga e que se aplica até hoje é a concessão de asilo às lideranças 
políticas. Na Grécia,o asilo tinha uma simbologia diferente. O vencedor de um conflito acolhia o outro, realizando o 
aprisionamento do derrotado, que tinha alguns sentidos como a ideia de controle do derrotado. A ideia de que 
enquanto for mantido vivo o líder, o povo deveria se submeter ao vencedor. Com o tempo isso foi incorporado no 
Direito, como forma de preservar as lideranças. 
Com o fim do Império Romano, e o inicio da Idade Média, temos um período em que ao ruir o império romano, há um 
vácuo político. A forma de organização política era incerta. Existiam os reinos, cidades, as áreas dominadas pelas 
entidades privadas, etc. Nesse período, que dura em média 700 anos, é um período de bastante instabilidade. São 
muitas formas de organização política aqui, o que deu ensejo a muitos conflitos. Mas também ocorreram muitos 
entendimentos, à exemplo do surgimento entre as ligas da cidade- espécie de acordo entre os senhores feudais para 
garantir a proteção aos mercadores. Havia um interesse de cada cidade de receber as mercadorias de outra cidade. 
Esse sistema de interligação entre as cidades, esses acordos, eram chamados de tratados. Essa formatação permitiu o 
desenvolvimento da classe mercantilista, estimulando as navegações. Mais tarde, esses mercadores ao se estabilizarem 
nas cidades transformam-se nos burgueses. 
Ao final do império Romano, o Justiniano compilou algumas normas das prescrições dos pretores no Corpus Juris Civilis. 
Isso atraia clérigos para estudar o Corpus Juris Civilis, porque nessa época o saber estava presente no âmbito da Igreja. 
Esses clérigos, chamados de glosadores, voltaram para seus países e fundaram suas próprias universidades. Isso foi 
extremamente importante para esse período porque o Direito Romano- germânico resultante do trabalho dos 
glosadores se espalha por toda Europa, o que foi extremamente para viabilizar a liga das cidades, porque causou uma 
segurança jurídica de que o Direito aplicado nos lugares seria o mesmo.Toda essa conjuntura levou a uma convivência 
mais harmônica entre o povo europeu. Esse processo segue até o surgimento dos primeiros Estados modernos. 
Surgiram esses Estados modernos como novas formas de organização política, que ainda conviveram com outras formas 
de organização política por algum tempo. O primeiro Estado que se indica é o de Portugal, depois Espanha e pouco a 
pouco outros Estados se formaram na Europa. 
 
AULA- 06/02 
 
Por volta do século XIII, XIV, os clérigos glosadores, vinham discutindo acerca do valor da paz e da necessidade de se 
estabelecer um convívio harmônico entre os povos. Isso porque esse período de surgimento dos Estados modernos é 
um período de muito conflito, muita guerra, principalmente pelo objetivo de estabelecer os limites territoriais. Além 
disso, havia uma série de conflitos de caráter religioso nesse período. Trata-se de uma fase turbulenta, que vai até o 
século XVII,marcada também por um vácuo normativo, já que apesar de vários acordos terem sido firmados nessa 
época, não havia uma obrigatoriedade. 
PRIMEIRA FASE DO DIREITO INTERNACIONAL 
No século XVII , em 1648, ocorre o marco do inicio do Direito Internacional, que foi a assinatura do Tratado Westfallen. 
A assinatura desse tratado põe fim a guerra de 30 anos entre protestantes e católicos na região dos países baixos. Tal 
tratado foi assinado com base nos ensinamentos de Hugo Grócio, que sintetizou o pensamento de vários autores que o 
antecederam, ao descrever o principio da igualdade jurídica entre os Estados – principio mãe do Direito Internacional. 
Nesse tratado em questão, no seu preâmbulo, está o principio da igualdade jurídica entre os Estados, a ideia de que os 
Estados devem se respeitar mutuamente como iguais. Isso porque, nesse período, na França tínhamos um soberano 
imperador, o absolutismo. Nessa fase, os chefes de Estado só viam legitimidade em si, até porque essa legitimidade 
seria chancelada por Deus. Assim, havia uma divergência constante de aceitação do outro Estado como igual. Mas 
acabou havendo a aceitação dessa realidade de que os Estados são juridicamente iguais e é preciso conviver com as 
demais soberanias. 
Esse período depois do tratado é conhecido como paz de Westfália, conhecido como o equilíbrio europeu, já que as 
relações se apaziguaram um pouco e muitos Estados soberanos se estabeleceram nesse período, à exemplo do Estado 
Francês e do Reino Unido. A fase que inicia com o tratado é a primeira fase do direito internacional e tudo que 
antecedeu é tido como pré-histórico. 
A fase de tranquilidade dura cerca de 150 anos e acaba sendo muito importante para o desenvolvimento da burguesia, 
que era quem mais sofria com a guerra. Para financiar a guerra, os reis tributavam excessivamente a burguesia, por isso 
durante a paz a burguesia podia crescer, se estabelecer como uma importante classe social, o que culminou com na 
Revolução Francesa. A Revolução Francesa em si, não é um evento relevante para o Direito Internacional. Foi uma 
revolução do Direito Interno, de mudança de governo, de paradigma, mas não afeta num primeiro momento das 
relações de Direito Internacional. O que importa foi o que ocorreu após a revolução Francesa, com as invasões 
napoleônicas, com vistas a derrubar outros estados e impor os ideais burgueses. Toda vez que acontece de um povo 
tentar subjulgar todos os demais, impondo seus valores e cultura, o Direito Internacional revela uma certa fragilidade. 
Porque se um povo rompe uma estabilidade, revela que a existência de normas internacionais não foram suficientes 
para inibi-lo- Por isso entende-se que quando ocorre algo dessa natureza, o di precisa passar por mudanças, por novos 
institutos. Assim, a fase primeira vai até as invasões napoleônicas. 
 
SEGUNDA FASE DO DIREITO INTERNACIONAL 
 
A fase seguinte começa na queda de Napoleão, 1815, que foi proclamada no Congresso de Viena, um evento histórico 
muito famoso que determinou o exílio de Napoleão e estabeleceu novos princípios para as relações internacionais – o 
principio da não-intrvenção e o da autodeterminação dos povos. Também no congresso de Viena se estabeleceu 
algumas regras relativas a liberdade de navegaçãoe a delimitação do mar territorial, a classificação dos agentes 
diplomáticos para o exercício do direito de legação- representação de um Estado em outro Estado, a declaração da 
proibição do trafico de pessoas, etc. 
A partir do século XVII aumenta o fluxo de relações entre os Estados- metrópole e os Estado- colônias, porque até então 
essas relações eram meramente exploratórias. Politicamente, elas começam a se desenvolver mais nessa fase. Esse 
período da queda de Napoleão, que é um período de muita turbulência na Europa ocorre muita coisa. Na Europa está 
em pleno vapor o plano Monroe, pautado na ideia de financiar a independência de outros Estados americanos. Ainda 
não havia ate esse período nenhum estado soberano reconhecido fora da Europa. É um período de muita turbulência 
na Europa, o que acaba enfraquecendo o poder das metrópoles na colônia. Com esse processo de independência dos 
Estados americanos, vários deles são reconhecidos como independentes por outros Estados europeus. Ainda não havia 
ate esse período nenhum estado soberano reconhecido fora da Europa. 
Com a independência dos EUA, do Canadá e vários outros Estados, foi havendo o reconhecimento da independência, e 
isso era fruto da rivalidade entre os estados europeus. Todos brigavam pelo mercado internacional e vários reinos 
absolutistas caíram. Depois da invasão de Napoleão foi formada a Santa Aliança, como forma de reagir à reações liberais 
visando reestabelecer os reinos absolutos e o pode sob as colônias. Esse movimento não foi exitoso, mas foi forte. 
A não intervenção, atualmente, é um principio que resguarda o mais fraco. Ex- Irã, Síria. Quando surge o principio da 
não intervenção, ele não surge como um princípio da vanguarda, e sim como um principio reacionário. Quem declara 
esse principio são os reinos absolutistas que tinham sido derrubados por Napoleão. Um dos fundamentos da criação da 
Santa Aliança é esse. Mais tarde, esse princípio incorpora-se ao direito internacional como uma forma de vanguarda,de 
os estados mais fracos alegarem isso diante dos mais fortes. 
Quanto as manifestações acerca da proibição do trafico de pessoas, em 1815, estas estavam completamente 
amparadas pela filosofia humanista do século XVIII, XIX – Locke, Rosseau, etc.Vários filósofos amparavam o discurso de 
proibição do trafico de pessoas. Com a queda de Napoleão, o Reino Unido perdeu sua principal colônia, a Espanha vinha 
perdendo suas principais colônias, Portugal também, outros países não existiam, a Itália ainda era dominada pela igreja 
católica e havia um momento de muita incerteza. Nesse contexto, uma das principais fontes de riqueza da Espanha e 
Portugal, e países baixos, era o tráfico de pessoas da África para América, mesmo depois de perder as colônias. O Reino 
Unido que não tinha participação nesse mercado, defendeu com base em toda a teoria iluminista o tráfico de pessoas. O 
seu objetivo era o de minar a economia de Estados que tinham essa prática. Era um motivo econômico, não era 
humanista. Mas gera um efeito prático, obviamente, em prol do ser humano. No Brasil, nessa época, houve a proibição 
do trafico de pessoas, como uma forma até de obter apoio internacional para independência, proclamada em 1822. Não 
é certo dizer que nessa época a dignidade da pessoa humana era o principio do direito internacional. Nenhuma das 
normas de direito internacional tinham o objetivo de proteger a pessoa humana. Os princípios estavam voltados a 
manter o equilíbrio entre os estados- liberdade de navegação, igualdade, não intervenção,etc. 
A filosofia do direito, no inicio do século XIX, é essencialmente positivista. Essa filosofia do direito repercute no Direito 
internacional, de modo que no século XIX inicia o processo de positivação do Direito Internacional, que até então 
possuía normas consuetudinárias. A partir dessa fase, os estados passam a firmar acordos multilaterais tendo em vista a 
positivação progressiva de normas internacionais. 
 1856- Conferência de Paris para discutir a solução pacifica de conflitos – é muito importante para estabelecer bases 
para a arbitragem internacional. É considerada a maior conferencia nacional da historia por ter reunido todos os Estados 
então reconhecidos internacionalmente. 
 Por volta de começam a acontecer as conferências panamericanas, que dão origem a OEA- organização dos estados 
americanos, no século XX. 
 
 1864- Cruz Vermelha – entidade que existe até os dias de hoje, voltada para proteção do direito humanitário. A cruz 
vermelha é uma precursora das organizações internacionais, embora não seja uma. 
 
 1889 – Conferência de Bruxelas –Proibição do trafico de pessoas e da escravidão. Em 1815 proclamou o principio, 
nesse ano foi assinado o tratado. 
 
 1889- Foi firmado o primeiro tratado internacional para não proliferação de armas de destruição em massa, 
principalmente inflamáveis. 
 
 1899 – Primeira Conferência de paz da Haya – essa conferência estabeleceu varias normas relativas a arbitragem 
internacional, que são aplicadas até hoje. 
O século XX prossegue esse processo com a assinatura de outros tratados, mas é interrompido pela primeira guerra 
mundial. 
O período de consolidação vai da queda de Napoleão até a primeira guerra mundial. 
 
PÓS- PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 
 
Com a primeira guerra mundial, mais uma vez o Direito Internacional passa por um processo de rompimento. Com o fim 
da primeira guerra mundial, é assinado o tratado de Versalhes, em 1919. Esse tratado é muito importante porque cria a 
sociedade das nações, que é uma organização internacional de caráter político, que visa garantir a estabilidade das 
relações internacionais. É um embrião da ONU, não deu certo, mas propósito é o mesmo da ONU. Esse tratado 
também é importante porque para muitos, ele acaba sendo uma das causas da segunda guerra mundial, por conta das 
sanções aplicadas a Alemanha. Ao fim da primeira guerra, os estados decidiram punir a Alemanha, o que envolvia o 
pagamento de pesadas indenizações a vários países a a proibição de que a Alemanha constituísse um exercito, ficando 
sujeita a política externa de outros países. Nesse sentido, houve inflação, desemprego, que gerou uma crise econômica. 
Tal situação levou ao ultranacionalismo, a reação a essa condição alemã foi justamente o nazismo . 
Em 1920, já no bojo das sociedades das nações, os Estados criaram a Corte permanente de justiça internacional, o que 
mais tarde vai se chamar de Corte Internacional de justiça e se integrar as nações unidas. Mas ela surge autônoma, 
como uma corte independente. A sociedade das nações possuía 27 Estados e não deu certo por uma razão muito 
simples: regra da unanimidade para a tomada de decisões. A unanimidade entre Estados é algo muito difícil de 
conseguir, e surgiu um certo engessamento da sociedade das nações, impedindo a tomada de decisões. Insta citar um 
importante tratado que fora firmado no seu âmbito, conhecido como Pacto Brianol – kellog – tratado de proscrição do 
uso da força. Até então, embora o direito internacional viesse avançando nessa direção, a guerra era uma forma de 
solucionar o conflito. Pouco a pouco os estados vão discutindo no sentido de aumentar meios de solução pacifica para 
evitar a guerra. Esse trato de 1926 diz que os estados não devem recorrer a guerra como forma dê solução de conflitos; 
que a guerra não pode ser meio de política nacional- alcançar propósitos de governo; e que a guerra deve ser utilizada 
como ultima ratio. A Alemanha fazia parte desse tratado, mas claramente quebrou, ao realizar a guerra pautada no 
ultranacionalismo. 
 
PÓSE- SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
 
A segunda guerra termina em 1944, revelando, obviamente uma grande fragilidade do Direito Internacional,uma 
frustração da sociedade das nações e uma necessidade premente de se estabelecer novos paradigmas de relações 
internacionais. Nesse contexto surgea ONU, em 1945, sob uma crise geopolítica imensa- Alemanha dividida; vários 
países completamente destruídos; EUA e União Soviética começaram a polarizar a política internacional (Guerra Fria) e a 
ONU se desenvolveu a partir de 1945, dentro desse contexto. 
Em 1948, no âmbito da ONU, foi assinada a declaração universal dos direitos humanos, que representa um marco na 
historia do direito internacional, pois insere a proteção da pessoa humana na agenda do direito internacional. A partir 
da declaração universal dos direitos humanos, vários tratados visando proteger a pessoa humana foram assinados, em 
caráter universal e regional, com destaque para o pacto internacional de direitos civis e políticos e o pacto internacional 
de direitos econômicos, sociais e culturais, ambos de 1966. Também é destaque para a convenção americana de direitos 
humanos, conhecida como pacto de San Jose da costa rica – 1969. Anterior a eles e também importantes as quatro 
Convenções de Genebra, de 1949, sobre direito humanitário e o estatuto dos refugiados e dos apátridas de 1951. 
Também no bojo da proteção a pessoa humana, em 1972 foi assinada a convenção de Estocolmo para a proteção ao 
meio ambiente. 1992- rio 92; rio mais dez; rio mais 20. 
Um outro fator importante do pós- guerra é que em 1944 ocorre a conferência de Breton Woods , onde inicia o GATT- 
acordo tarifário internacional. O GATT gerou varias rodadas de negociação tendo em vista a diminuição de tributação 
sob bens e serviços no comércio internacional. A OMC – Organização Mundial do Comércio é resultante das discussões 
em torno do GATT, surgida em 1990. Então, até o século XX o direito internacional tinha um propósito muito especifico 
de manter a relação entre os estados equilibradas. E a partir da segunda guerra mundial o direito internacional passa a 
ser multidisciplinar- direitos humanos, comércio, meio ambiente, etc. Além disso, torna-se se também 
multidimensional, porque até o século XX, regia apenas terra e mar. Passa a ter a partir daí normas relativas a 
exploração de petróleo, jazidas minerais, até espaço celestial. Varias normas internacionais começam a refletir 
diretamente sobre a vida das pessoas, à exemplo do surgimento do Tribunal Penal Internacional, surgimento dos blocos 
econômicos. Um outro fator relevante nessa fase é em relação a globalização, uma maior aproximação entre os povos, 
a ideia de comunicação entre os povos. O Direito Internacional se torna muito mais relevante no que se refere ao 
estabelecimento de normas sobre a aviação civil, a circulação de pessoas. 
Assim, chegamos ao século XX com um Direito Internacional muito mais robusto, principalmente no que se refere ao 
processo de efetivação das suas normas, em relação a jurisdição internacional. A existência de varias cortes 
internacionais que acabam servindo como aplicadores da norma internacional e garantem uma maior efetividade de 
tratamento internacional. Há deficiências, o Direito Internacional caminha lentamente no seu processo evolutivo e não 
passa sempre por grandes revoluções. 
A ONU dá alguns sinais de fraqueza internacional. Com a guerra do Iraque em 2003, muito do que se conquistou no 
direito internacional no século XX foi posto em causa. Os EUA levaram a questão ao Conselho de Segurança, não foi 
aprovada a resolução quedaria o direito de uma intervenção militar no Iraque por meio das forças armadas da ONU e 
mesmo assim os EUA invadiram o Iraque sob o argumento fajuto de legítima defesa prévia. O fato de a ONU ter 
engolido esse episodio fragilizou muito a instituição, causando a perda de credibilidade diante de muitos países. A 
influência política dos EUA de 2003 para cá caiu muito. No que se refere a America Latina é muito evidente como os 
EUA perderam a sua influencia, basta ver o tanto de governos que foram eleitos e são contrários à política americana. 
Atualmente, não há uma tendência, uma motivação de mudança drástica no âmbito da política externa. Uma mudança 
que parece já estar em curso é a revisão do principio da não- intervenção, que foi considerado por séculos como 
absoluto. Isso porque, com o desenvolvimento dos desenvolvimento dos direitos humanos, do Conselho dos Direitos 
Humanos em 2006, põem em causa o não- intervencionismo. 
 
 
AULA- 10/02 
Fundamentos do Direito Internacional 
A pergunta sobre fundamentos do Direito Internacional está relacionada com a obrigatoriedade dele. Qual a 
fonte/fundamento da juridicidade das normas de D. Internacional? Quando o Direito Internacional surgiu, alguns 
autores questionaram a juridicidade das normas internacionais. Alguns autores como Hobbes e Savigny alegaram que o 
Direito Internacional não teria juridicidade. Para Hobbes não haveria juridicidade no Direito Internacional porque na 
sua concepção a relação entre os Estados sempre se basearia na força, onde o mais forte sempre prevaleceria. Já 
Savigny entendia que o Direito Internacional não poderia ser considerado Direito já que não haveria meios de impor a 
sua coercitividade. Com o tempo, essas opiniões foram ficando para trás, até em razão do desenvolvimento do Direito 
Internacional. Seja porque os meios de soluções de conflito por arbitragem e de Cortes Internacionais foram criados 
para determinar a coercitividade da normas de Direito Internacional, seja porque se percebeu que havia uma disposição 
dos Estados em cumprir a maior parte das normas internacionais como forma de manutenção das relações na sociedade 
internacional. 
 O fundamento do Direito Internacional, em um primeiro momento foi baseado no principio da Pacta Sunt Servanda, 
que é um principio com origem canônica, mas se transforma com a modernidade, passando a conter um racionalismo 
humanista . De maneira que, considerando que a soberania se mostra como um poder de autodeterminar-se, a 
manifestação da vontade soberana gera para o Estado uma obrigação perante os demais. Estando nessa manifestação 
de vontade o fundamento da obrigatoriedade do Direito Internacional. Esse fundamento é bem semelhante ao 
fundamento que os burgueses usavam para fundamentar as normas ligadas a autonomia da vontade, entre o século 
XVIII e XIX. 
 Tal fundamentação se mostrou insuficiente e então outras teorias em torno do fundamento do Direito Internacional se 
desenvolveram. A mais importante é a teoria da autolimitação do Estado. Essa teoria quer dizer que o Direito 
Internacional representa uma manifestação soberana no sentido de estabelecer limites a própria soberania de forma a 
viabilizar o convívio harmônico entre os Estados. Essa teoria foi muito utilizada durante todo o século. Quando vem 
uma resolução do Conselho de Segurança, por exemplo, impondo obrigações a um Estado, é comum o questionamento 
acerca da soberania do próprio país. O organismo internacional só pode determinar obrigações porque o Estado 
concordou com essas competências, num momento anterior aderiu ao tratado e estabeleceu com essa concordância 
limites a sua própria soberania.A obrigatoriedade do Direito Internacional estaria na atribuição que os Estados fazem de 
maneira livre e soberana a esses organismos internacionais e aos outros Estados, em casos específicos, que sujeitam os 
Estados a certas obrigações. 
 Já nos anos 90, do século XX, alguns autores desenvolveram outras teses em torno dos fundamentos do Direito 
Internacional. Alguns teóricos do Direito Internacional enxergaram a obrigatoriedade do Direito Internacional não na 
autolimitação do Estado, mas sim na necessidade de convívio entre os Estados. A ideia e que nenhum projeto de 
governo pode se sustentar baseado no isolamento. Ou seja, o Direito Internacional seria obrigatório em face da 
necessidade que os Estados tem de manterem relações um com os outros, sob pena do ocaso da legitimidade de 
qualquer governo que tenha um projeto em sentido contrário. A ideia geral é a de que mesmo os Estados mais 
desenvolvidos não podem abdicar daobservância das normas internacionais. 
Nesse sentido, ressalta-se a discussão acerca da fragmentação do Direito Internacional, porque isso limita a 
coercitividade do Direito Internacional e faz com que os Estados sejam mais utilitaristas- participem quando for 
conveniente. O sistema internacional carece de uma governança mais efetiva, com vistas a gerar uma maior 
aglutinação das normas, uma maior sistematicidade ao ordenamento internacional. 
 
Fontes do Direito Internacionall 
 
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça, no seu art. 38, diz que a corte julgará com base em: convenções 
internacionais; costumes internacionais e princípios gerais do Direito. Historicamente, sempre se disse que não havia 
hierarquia entre essas fontes. Esse estatuto é de 1920, época em que os princípios, na teoria geral do direito, eram 
apenas normas norteadores e não eram reconhecidos como norma de aplicabilidade efetiva. Isso só ocorre depois da 
segunda metade do século XX, quando a teoria do Direito se transforma no sentido de reconhecer a aplicabilidade 
efetiva dos princípios. Essa mudança repercute muito no Direito Internacional, principalmente no que se refere ao jus 
cogens, que representam as normas imperativas de Direito Internacional geral que não podem ser revogadas por 
nenhuma outra norma, senão por outra da mesma natureza. 
A própria Convenção de Viena de 1969 estabelece que o tratado que viola o jus cogens é nula. A nulidade de norma tem 
a ver com hierarquia. Isso significa dizer que a própria convenção de Viena coloca os princípios gerais do Direito numa 
posição superior a dos tratados. São jus cogens aqueles valores fundamentais do ordenamento jurídico- principio da 
dignidade da pessoa humana, liberdade de navegação, principio da integridade territorial dos Estados, proteção ao meio 
ambiente, etc. Esses princípios que se incorporaram historicamente ao Direito Internacional e se colocam acima das 
demais normas.Contudo, existem princípios de caráter menos valorativo, que não chegam a se configurar como jus 
cogens. Um exemplo disso é o principio da jurisdição internacional, no sentido de que quase nenhuma fonte 
internacional tem jurisdição obrigatória. As fontes internacionais não tem uma jurisdição obrigatória, só para os Estados 
concordam com algo.O fato é que quando um principio se reveste do jus cogens, é hierarquicamente superior aos 
demais. 
As convenções são os tratados. Os costumes internacionais foram por muito tempo as normas do contexto normativo 
do ordenamento internacional. As normas que envolviam uma multilateralidade em geral eram costumeiras. Os Estados 
só firmavam tratados para pactuar em caráter bilateral. Com o passar do tempo, até em razão dos valores positivas no 
século XIX, o Direito Internacional foi se positivando por conta do surgimento de tratados multilaterais. Isso não significa 
que os costumes perderam sua importância no contexto internacional. Muitos assuntos ainda não são resultados de um 
consenso a ponto de gerar um tratado internacional. Ex- Problema da homologação de sentença estrangeira. Não há um 
tratado internacional sobre esse tema, o que há são costumes internacionais relativos a aplicação da regra da 
reciprocidade.Na falta do tratado, as relações internacionais serão disciplinadas pelos costumes. Pode acontecer 
eventualmente, de um costume ate superar um tratado. O costume é composto de dois elementos- material (prática 
reiterada por parte dos Estados) e um elemento psicológico (opinio júris). O elemento material do costume é facilmente 
comprovável, porque uma prática reiterada de um Estado normalmente o é em caráter formal. O Estado raramente 
pratica atos informais. Em face da formalidade que é inerente aos atos estatais a prova da prática estatal se materializa 
em documento, o que é difícil é provar a obrigatoriedade. E aí caberá àquele que alega o costume provar a sua 
existência. A configuração de um costume internacional pode ter várias situações diferentes, o que importa é que se 
prove o elemento material e o psicológico. 
O Estatuto da Corte Internacional de justiça também fala em outras fontes, que seriam auxiliares – jurisprudência e 
doutrina. Atualmente, a jurisprudência ocupa uma posição muito importante no rol de fontes do Direito Internacional. É 
comum que as Cortes façam referencia a jurisprudência de outras Cortes . Já a doutrina perdeu um pouco a importância 
de 1920 para cá. Raramente se faz qualquer menção a opinião doutrinária na fundamentação de decisões de questões 
internacionais. O art.38 do Estatuto da Corte Internacional de justiça também cita a equidade (exbono etaeqo). O 
estatuto diz que os Estados podem deixar que a Corte decida com base no seu sentimento de justiça. Isso nunca 
aconteceu, não há precedentes. Em geral, os Estados querem que a Corte decida com base nos princípios, na 
jurisprudência, nas convenções e não no sentido de justiça dos seus membros, porque seria algo muito subjetivo. 
Fora do art.38 da Corte Internacional de Justiça temos os atos unilaterais de organizações internacionais, como por 
exemplo, as resoluções do Conselho de Segurança, as resoluções do Conselho permanente da OEA, as resoluções do 
Conselho de Direitos Humanos da ONU. Esses atos unilaterais tem a sua coercitividade fundamentada na atribuição que 
os Estados fazem de maneira soberana aos organismos internacionais. Além disso, fala-se também no soft Law, no 
sentido de normas que não são dotadas de obrigatoriedade, não tem deveres propriamente ditos, mas permeiam o 
ordenamento internacional promovendo o comportamento dos Estados com base em impressões de caráter 
metajurídico como político, econômico, social. 
“Art2º, §1. Para os fins da presente Convenção: 
a)“tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, 
quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação 
específica;” 
Art.2, §1,a – Convenção de Viena – Todo tratado é ato formal, é sempre concluído por escrito. Isso é uma diferença 
fundamental entre os costumes. Contudo, nem todo acordo é um tratado. Tem alguns acordos internacionais que não 
são tratados por não se revestirem de obrigatoriedade. Uma espécie de acordo que não é tratado é chamado de 
“acordo de cavalheiros”. Trata-se de um acordo de propósitos, que tem uma finalidade muito mais política. O tratado é 
um ato formal entre Estados e /ou organizações internacionais, o que quer dizer que outros atores da sociedade 
internacional não firmam tratados. Um estado-membro pode firmar acordos internacionais? Pode, desde que haja 
autorização do Senado. O tratado internacional se insere no ordenamento internacional e portanto a sua validade, sua 
eficácia, é regida pelo Direito Internacional. Isso significa que um Estado não pode alegar o seu Direito interno como 
forma de desobrigar um tratado internacional. A inconstitucionalidade de um tratado o invalida internamente, mas não 
externamente. A invalidade de um tratado ocorre em relação ao Direito Internacional, mas nunca em razão de uma lei 
interna, que é um ato unilateral. Se há uma lei interna, que está sendo aplicada e é contrária ao que o tratado dispõe, 
na perspectiva internacional isso seria violação ao tratado. Cabe às Cortes Internacionais e à arbitragem internacional a 
aplicação das normas internacionais nos tratados. Um tratado pode se materializar em um único documento, ou em 
mais de um documento. Quanto mais Estados tiverem num tratado, a probabilidade maior é que tenha um único 
instrumento, que todos os Estados assinem de forma conjunta o tratado. Quanto a nomenclatura, há uma liberdade no 
nome. 
 
AULA – 19/02 
Validade dos tratados 
1. Sujeitos capazes 
2. Agentes habilitados 
3. Objeto lícito 
4. Manifestação soberana 
 
1. Sujeitos capazes 
Os tratados internacionaisse constituem como negócios jurídicos, por resultarem de um consenso entre as partes. De 
modo que, nessa condição, os tratados internacionais também passam pela distinção entre plano da existência e plano 
da validade. No plano da existência temos o sujeito, objeto, a forma e a manifestação de vontade. Sendo que os sujeitos 
são os Estados e as organizações internacionais, que são sempre representados por agentes formalmente constituídos 
para atuar em seu nome. 
Os elementos existenciais do tratado são: sujeito (Estado ou organização internacional), agente (representante de um 
Estado ou organização internacional), objeto e a forma (que será sempre escrita). 
No caso dos Estados soberanos, o requisito essencial para que ele manifeste um consentimento com força para criar 
tratado no âmbito internacional é o reconhecimento internacional. 
O reconhecimento é um ato declaratório ( e não constitutivo) da condição de Estado soberano e independente 
formulada expressa ou tacitamente por um estado em relação a outro. Um Estado é soberano independentemente do 
reconhecimento, porque este é um ato declaratório e não constitutivo. Mas trata-se de um ato necessário para o 
estabelecimento das relações internacionais entre os envolvidos. Será expresso o reconhecimento quando o Estado se 
manifestar na sociedade internacional no sentido de expressamente afirmar que reconhece para todos os efeitos a 
condição de Estado soberano de um outro. Por outro lado, o reconhecimento será tácito quando decorrer da própria 
conduta do Estado em relação àquele outro. Ou seja, o Estado não deu nenhuma declaração formal de 
reconhecimento, mas encaminhou, por exemplo, uma missão diplomática para outro Estado com objetivo de instalar ali 
uma embaixada. 
Pelo processo histórico de formação da sociedade internacional temos um grande numero de Estados que goza de 
reconhecimento pleno internacional. É claro que qualquer novo Estado que surja, que venha a pleitear o 
reconhecimento da condição de soberano, deverá se valer do apoio desses Estados consolidados no ambiente 
internacional. Em razão do processo histórico de formação dos Estados, também é curioso perceber que são 
considerados Estados internacionalmente conhecidos, alguns Estados que certamente, nos dias de hoje, teriam 
dificuldade de obter um reconhecimento internacional, como por exemplo, alguns principados europeus. O que 
importa é que o Estado tenha o reconhecimento internacional daqueles com quem ele mantém relações, ainda que 
seja com um único Estado. (O Timor leste era reconhecido somente por Portugal. Se o Timor quisesse declarar guerra a 
Portugal através da ONU ele poderia fazer isso mesmo que a ONU não o reconhecesse). 
Atualmente, diversas regiões pleiteiam o reconhecimento internacional, à exemplo da Palestina. Recentemente, alguns 
Estados como Montenegro, Sudão do Sul, foram reconhecidos internacionalmente. Timor leste. 
Assim como o reconhecimento é um ato declaratório, o não reconhecimento também o é. O Estado pode voltar atrás 
do reconhecimento de outro? Pode. Desde que haja uma mudança de circunstância que justifique essa postura. Se a 
Indonésia retomasse, por exemplo, o Timor Leste, é possível que posteriormente, por exemplo, o Brasil diga que não 
reconhece mais o Timor Leste como região autônoma. Mas é claro que para isso ocorrer é preciso que o contexto 
histórico seja observado. O Brasil não pode, por exemplo, 200 anos depois de o Uruguai ter se tornado independente 
dizer que não reconhece mais a independência. Então, a questão do reconhecimento ou não reconhecimento está 
muito ligada também ao contexto histórico. 
Não se pode confundir o reconhecimento de um Estado com o reconhecimento de um governo. O reconhecimento de 
um governo tem a ver com o reconhecimento de que aquela autoridade representa ou não a soberania de um dado 
Estado. Reconhecer o Estado é reconhecer a condição de independência das relações internacionais daquele Estado. 
Para uma organização internacional firmar um tratado é preciso que os Estados-membros da organização tenham lhe 
conferido esse poder no seu ato constitutivo. Toda organização internacional resulta de um tratado internacional, que 
é o seu ato constitutivo. Para que a organização possa firmar tratados basta que haja algum dispositivo no sentido de 
atribuir a esta organização a autonomia necessária para manter, por si só, relações internacionais. Ou seja, os Estados 
devem garantir uma singularidade existencial à entidade. É o caso da Unesco, do Merco Sul, União Europeia, OTAN, etc. 
A CPLP - Comunidade dos países de língua portuguesa não é uma organização internacional autônoma. Ela permanece 
com a formação que prevalecia na origem das organizações internacionais. Quando as organizações internacionais 
surgiram, inicialmente, elas eram apenas espaços públicos de discussão. Aos poucos elas foram se estruturando e os 
Estados foram lhes dando mais autonomia. Mas isso não é o caso da CPLP. A CPLP não tem autonomia. A CPLP não 
adota medidas unilaterais (a mudança ortográfica foi decidida na CPLP e não pela CPLP), ela não determina nada em 
relação à língua portuguesa para os Estados. São os Estados que tomam na CPLP uma decisão coletiva. 
 
2. Agentes habilitados 
 
O chefe de estado é o representante internacional de um país. Como vivemos em uma república presidencialista ,o 
chefe de estado é também o chefe de governo (presidente). Se vivêssemos numa republica parlamentarista o 
representante seria o chefe de Estado- presidente. Numa monarquia, seria o rei (chefe de Estado). 
O chefe de Estado é o representante nato dos Estados nas relações internacionais. Em algumas constituições, atribuía-
se ao chefe de Estado algumas competências internacionais e ao chefe de governo outras competências internacionais. 
O chefe de estado manifesta a soberania externa e o chefe de governo (1º ministro) é quem governa a soberania 
internamente. Em Portugal, por exemplo, compete ao presidente firmar tratados internacionais. Mas compete ao 
primeiro ministro firmar relações com a União Europeia. O chefe de Estado é quem manifesta a soberania externa, 
enquanto que o chefe de governo é quem manifesta a soberania internamente. Pelo fato de por vezes o chefe de 
governo também desempenhar funções internacionais, internacionalmente são reconhecidos como agentes 
habilitados o chefe de governo e o chefe de Estado. 
Além dessas figuras, os Estados também podem ser representados por agentes a quem se atribui plenos poderes de 
representação (plenipotenciário). O ministro das relações exteriores é o plenipotenciário por excelência, possui plenos 
poderes e isso é inerente ao seu cargo. Não precisa apresentar nenhuma carta de plenos poderes. A figura aqui é a do 
Chanceler, que é o chefe da chancelaria, que é historicamente o órgão que coordena, no Estado, as relações 
internacionais e o chanceler é a pessoa que coordena esse cargo. No caso do Brasil, quem ocupa esse cargo é o ministro 
das relações exteriores. 
Qualquer outra pessoa pode ser plenipotenciário, desde que esteja munido de uma carta de plenos poderes. É o que 
acontece sempre com os embaixadores (chefes da missão diplomática). 
Art. 84, VII, VIII – É possível aqui a delegação de competência, isto é, a constituição de plenipotenciários para firmar 
acordos internacionais. 
Então, no âmbito brasileiro, os agentes habilitados são o presidente da república, o ministro das relações exteriores e 
qualquer plenipotenciário que esteja munido de uma carta de plenos poderes. 
No caso das organizações internacionais, o a gente habilitado por excelência é o chefe do órgão administrativo, que 
normalmente se refere ao chefe da secretaria ou do secretariado, geralmente conhecido como secretário geral. As 
vezes acontece, entretanto, que a organização internacional tenha um presidente, como o caso da OIT. Quando a 
organização internacional tem um presidente,é a ele que cabe a representação internacional da organização, cabendo 
ao secretário as questões internas. 
 
3. Objeto lícito 
 
Quanto ao objeto dos tratados internacionais, ele há de ser licito. O art. 53 da Convenção de Viena estabelece que são 
nulos os tratados que violam os jus cogens. Daí se verifica a licitude do objeto. O art. 64 complementa essa lógica ao 
dizer que: ainda que a jus cogens seja posteiror, o tratado não pode com essa norma colidir. 
 
4. Manifestação soberana 
Por fim, a manifestação de vontade do Estado deve ser soberana. O que caracteriza a manifestação soberana é uma 
manifestação independente, livre de qualquer influência de Estados terceiros e consciente dos fatos que envolvem as 
circunstancias do tratado. Ou seja, há de ser uma manifestação livre e consciente. 
 
AULA- 24.02 
 
Art. 27- Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um 
tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 
 
Os tratados internacionais são regidos pelo Direito internacional, de maneira que um Estado, em geral, não pode alegar 
o seu Direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Isso significa dizer que um Estado não pode 
alegar nem sequer a sua constituição para descumprir o tratado. Se um tratado confrontar com a constituição e o 
Estado descumprir o tratado, Internacionalmente esse descumprimento será considerado ilícito, ainda que 
internamente considere-se lícito. 
Art. 46 – 1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em 
violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação 
fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de 
conformidade com a prática normal e de boa fé. 
Isso quer dizer que em principio o Estado não pode alegar o seu direito interno, mas é estabelecida uma exceção 
fundamental sob as seguintes condições: que haja uma violação manifesta do Direito interno; que a regra violada 
verse sobre competência para concluir tratados e que esta norma tenha importância fundamental. O parágrafo 
segundo estabelece que deve ser facilmente perceptível pelos estados negociadores que há ali uma violação de uma 
regra. A regra deve ser alguma norma de Direito Interno que estabeleça quem é o agente habilitado para firmar o 
tratado. Aqui no Brasil, compete ao presidente da república celebrar tratados, podendo delegar poderes. O Brasil só 
poderá alegar o art. 46 quando houver violação dessa regra. O dispositivo 46 ainda diz que a regra violada deve ser de 
importância fundamental, isto é, constitucional. 
Esse artigo em questão tenta preservar as situações de golpe de estado, em que uma pessoa se apresente na 
comunidade nacional de modo ilegítimo, mediante uma tomada precária de poder por outro, em que um agente se 
apresenta como chefe de Estado de um país. Por conveniência política, por vezes a presença do agente que se 
apresenta é aceita e os Estados assinam o tratado. Se houver uma reviravolta e a retomada do poder pelo Estado 
originariamente legitimo, pode ser alegada a violação de uma norma interna sobre competência internacional. 
 
Art. 47- Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um 
determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato de o representante não respeitar a restrição não 
pode ser invocado como invalidando o consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos 
outros Estados negociadores antes da manifestação do consentimento. 
 
O que acontece aqui é que o sujeito se apresenta como representante do Estado mas ele tem uma restrição especifica 
quanto ao poder dele de manifestar a vontade do Estado. Nessa hipótese, o Estado poderá alegar uma macula da sua 
manifestação de vontade, mas a condição para tanto é a de que todos os Estados tenham sido notificados dessa 
restrição. Essa restrição deverá ser especifica, não pode ser genérica. No caso do Brasil, todo representante 
internacional do Brasil tem restrições genéricas bem claras no que tange a manifestação de vontade. As cláusulas 
pétreas são as restrições genéricas. Ainda que o Brasil firme um tratado violando clausulas pétreas, no âmbito 
internacional isso não fará diferença nenhuma. 
Art. 48- 1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo 
tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi 
concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram 
tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79. 
 
O erro há de ser essencial, um fato sobre o qual o tratado verse e que se o Estado soubesse não teria firmado o tratado 
daquela forma. O erro é um instituto raro de ser alegado no âmbito internacional, mas não é impossível. Ex- Tratado 
sobre a exploração de mina, cujo veio vai para o território de outro país. 
 
Art. 49- Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado 
pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
 
O dolo é o induzimento a erro, a existência de uma conduta fraudulenta por outro Estado que falseia informações, 
omite informações, falsifica documentos. Se ficar provado que um Estado agiu dessa maneira, o Estado ludibriado 
poderá alegar o dolo. 
 
Art. 50- Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da 
corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal 
corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
 
A corrupção ocorre pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador. A corrupção é qualquer tipo de ação direta 
ou indireta de terceiro sob o representante do Estado que macule o seu consentimento no compromisso que o 
representante assume de representar os interesses do seu Estado. Desse modo, pode-se afirmar que seria corrupção o 
tráfico de influencias. 
 
Esses artigos são causas de nulidade relativa, isto é, o interessado deverá alegar. Contudo, nos arts. 51 e 52 há causas de 
nulidade absoluta. 
 
Art.51 –Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um 
tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele. 
 
Qualquer ato ou ameaça dirigido contra o representante do Estado representam coação e invalidam de pleno direito o 
consentimento do Estado. 
 
Art. 52- É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de 
Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas. 
Aqui não é o representante que está sendo coagido, e sim o próprio Estado. Ameaça ou emprego da força não podem 
ser meios para obter a manifestação de vontade de um Estado. 
 
Pressupostos constitucionais do consentimento 
 
A manifestação da vontade do Estado no âmbito internacional sempre passa por um assunto que se refere a essa 
expressão: “treaty making Power”. Cada Estado tem suas próprias regras acerca da manifestação internacional do seu 
consentimento. 
No caso do Brasil, o que é necessário para que ele se comprometa internacionalmente?Constitucionalmente, temos que lidar inicialmente com dois artigos: art.84, VIII e o art. 49, I. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos 
gravosos ao patrimônio nacional; 
Celebrar um tratado envolve a prática de dois atos: assinatura e ratificação. São poucos os tratados que não tem duas 
fases, a maioria tem. O presidente da república ou plenipotenciário vai ao âmbito internacional e assina. A assinatura é 
uma manifestação de concordância política com o texto e comprometimento de levar esse texto à aprovação do 
Congresso Nacional. Então a assinatura não chega a obrigar o Estado no âmbito internacional. O Estado não se obriga 
pelo tratado, mas não pode praticar atos frustrariam o objeto e a finalidade dele( Art. 18 da Convenção de Viena). Se o 
Estado assina o tratado com reserva de ratificação ( reserva a cumprir as obrigações do tratado após a ratificação), que 
é o normal, não pode no período entre a assinatura e ratificação praticar nenhum ato que venha frustrar os objetivos do 
tratado, gerando portanto uma obrigação de não fazer.. Caso ele queira praticar aquele ato e não queira mais participar 
do tratado, o Estado deve informar a todos que decidiu não ratificar, devendo notificar os demais Estados, caso 
contrário estaria contrariando o art. 18. 
Art. 18 Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, 
quando: 
a)tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, 
enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado; ou 
b)tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a entrada em vigor do tratado 
e com a condição de esta não ser indevidamente retardada. 
Art. 18, b- Para uma maior eficácia do tratado os Estados podem estabelecer, por exemplo, que o tratado só entrará em 
vigor após a vigésima ratificação. Se ainda não tiver ocorrido as vinte ratificações, mas um Estado já tiver ratificado, 
aplica-se a ele o art. 18 também. Ou seja, o tratado não está vigente, mas ele não pode praticar atos que frustrem 
objeto e finalidade. 
Entre a assinatura e a ratificação, sempre há, ou quase sempre há, um processo interno de legitimação do poder. O 
chefe de governo ou plenipotenciário vai lá no âmbito externo e assina o tratado e antes da ratificação leva para o 
âmbito interno para a legitimação, geralmente pelo poder legislativo. Nos países democráticos, onde há a divisão de 
poderes, via de regra a legitimação desse poder é pelo poder legislativo. É o que ocorre no Brasil. Por outro lado, se o 
país for uma ditadura, em que o poder é concentrado nas mãos de um imperador, pode haver a assinatura e a 
ratificação pela mesma pessoa. A validade da assinatura não deve ser submetida a mais ninguém. Para o âmbito 
internacional não faz diferença nenhuma se há ou não há um processo de legitimação. 
Há a realidade dos atos internacionais e a realidade dos atos internos. Quando o presidente ou plenipotenciário assina 
um tratado, corresponderá a um ato interno que é mensagem presidencial ao congresso, ato pelo qual o presidente 
comunica ao congresso nacional a assinatura de um tratado e requer a sua confirmação. O presidente do congresso 
recebe o tratado e leva para apreciação. Se o texto do tratado for aprovado, será submetido a votação. À priori, o 
tratado será submetido a votação com o rito das leis ordinárias federais- maioria absoluta em cada casa do congresso. 
Contudo, se o tratado tiver matéria de lei complementar, terá que ser submetido ao regime de lei complementar. 
Em 2004, a emenda 45 inseriu o parágrafo terceiro do art. 5 da CF, que estabelece que os tratados de direitos humanos 
aprovados com o quorum de emenda, será considerado como emenda constitucional. 
Se o Congresso Nacional não aprovar o tratado, em qualquer das suas modalidades, ele deverá emitir uma mensagem 
do poder legislativo ao presidente da república informando da não aprovação. Essa mensagem é importante porque 
tomando conhecimento dessa decisão o presidente da republica deverá informar no âmbito internacional que o Brasil 
não fará parte daquele tratado. E não será possível submeter de novo à apreciação do congresso. Uma vez decidido, 
decidido estará. 
Por outro lado, se o Congresso Nacional aprova o tratado, emitirá um decreto legislativo. Esse decreto legislativo não 
põe o tratado em vigor. Ele apenas confere ao presidente da republica poderes para promover a ratificação. Ou seja, 
esse decreto legislativo representa o cumprimento do art. 49, I. O CONGRESSO NACIONAL NÃO RATIFICA TRATADO. O 
Congresso Nacional aprova, ou referenda. Ratificação é um ato internacional que compõe a celebração e só pode ser 
praticado pelo presidente ou pelo plenipotenciário. Para a ratificação é preciso da aprovação do congresso. A ratificação 
é a confirmação da assinatura e é um ato internacional. 
Diante do decreto legislativo o presidente da republica praticará dois atos, um internacional – ratificação, e um interno 
– publicação de um decreto do poder executivo/presidencial, que colocara o tratado em vigor no âmbito interno. 
 Pode acontecer de um presidente eventualmente ratificar um tratado e não publicar um decreto presidencial, 
colocando em vigor no Brasil. Na hipótese de ter que esperar um número de ratificações. Se, por exemplo, o Brasil foi o 
segundo a ratificar e o tratado só for entrar em vigor após vinte ratificações. Nesse caso, não faz sentido publicar o 
decreto logo, colocando em vigor no Brasil se ainda não é vigente. 
Pode o presidente da republica diante do decreto legislativo que aprovou o tratado pelo congresso dizer que não vai 
ratificar? É comum que o congresso nacional aprove o tratado que um presidente assinou no governo de um outro 
presidente. E o presidente novo pode, em termos de política externa, não concordar com esse tratado. A ratificação é 
discricionária? Sim, é assim que entende a doutrina majoritária. Thiago pensa isoladamente. Para os autores 
estrangeiros, a assinatura não obriga a ratificação pelo Estado. Thiago pensa que se compete ao Congresso decidir 
definitivamente sobre o tratado, conforme se depreende do art. 85, VII, o presidente não pode decidir depois se vai 
ratificar ou não. Contudo, há quem entenda que o art. 84, VII diz que seria competência geral do presidente decidir ao 
final a política externa do Brasil, contrapondo com o art. 85, VII. Thiago pensa que diante da aprovação do congresso 
nacional o presidente é obrigado a ratificar, sob pena de cometer crime de responsabilidade por violação direta da 
constituição. 
O art. 5º, no parágrafo primeiro e segundo- Numa interpretação básica, o que a constituição que os direitos e garantias 
previstos na CF não excluem outros previstos nos tratados. O Pacto de San Jose da Costa Rica tem no seu art.7, que 
ninguém será preso por dívida civil senão por prisão de alimentos. Então a prisão do depositário infiel está vedada pelo 
tratado. Mas a Constituição Federal permite isso. O tratado internacional se integra ao art. 5, pelo parágrafo segundo. 
O problema é que o pacto de San Jose da Costa Rica foi aprovado com o quórum de lei ordinária. Parte da jurisprudência 
diz que era uma norma contrária ao requisito de formal, então prevaleceria a norma da constituição. Mas esse 
julgamento foi ao Supremo e ele entendeu que a questão era materialmente constitucional, embora formalmente 
inconstitucional. Foi essadiscussão que ensejou a entrada do parágrafo terceiro. 
O parágrafo terceiro da CF tornou mais difícil a aprovação de tratados humanos no Brasil porque aumentou o quórum. 
O presidente pode, estrategicamente submeter uma dada matéria ao quorum de lei ordinária? 
 
AULA- 03/03 
Classificação dos Tratados 
1. Quanto ao número de partes: Bilaterais ou Multilaterais- Em diversas normas na convenção de Viena iremos 
encontrar normas distintas para os tratados bilaterais e multilaterais. É que os tratados bilaterais, de um modo geral, 
tem caráter mais contratual, no sentido de que estabelecem obrigações especificas para as partes envolvidas. Enquanto 
que, os tratados multilaterais possuem um caráter mais normativo, estabelecendo regras gerais aplicáveis à todos os 
participantes. Não há uma distinção de força entre o tratado bilateral e o multilateral, ambos são igualmente 
obrigatórios. Os tratados multilaterais tem um caráter mais semelhante a lei, enquanto que os bilaterais tem caráter 
mais semelhante ao dos contratos. Algumas distinções são evidentes em termos fáticos: A retirada voluntaria de um 
estado em um tratado multilateral não extingue a relação jurídica (o tratado), o que obviamente acontece quando o 
tratado for bilateral. Outra questão interessante é em relação as hipóteses de suspensão dos efeitos dos tratados. 
Quando o tratado é bilateral, a suspensão envolve toda a execução do tratado, enquanto que no tratado multilateral, 
apenas algumas das partes podem suspender a execução do tratado entre si, mantendo a execução plena entre os 
demais. 
2. Quanto ao procedimento de conclusão: Simplificados ou Bifásicos- A maior parte dos tratados, na sua conclusão, é 
bifásico. Porque a conclusão passa por uma assinatura e uma posterior ratificação. Entre a assinatura e a ratificação é 
normal que os estados submetam o tratado à uma apreciação no âmbito interno, via de regra pelo poder legislativo. 
Mas existem tratados que não preveem ratificação, se concluindo apenas pela assinatura. Via de regra, esses tratados 
são tratados menores em importância, na medida em que são tratados que complementam o sentido de outros 
tratados. No Brasil são assinados tratados simplificados, que se concluem apenas com a assinatura: é a hipótese de 
tratados bifásicos que trazem a previsão específica atribuindo um poder ao presidente da república para firmar acordos 
complementares relativos a esse mesmo tratado. Presume-se que nesses casos, o congresso nacional já concordou de 
antemão com o exercício desse poder pelo presidente, sem a necessidade de submeter à uma nova aprovação 
congressual. Os tratados simplificados são muito comuns em outros países, principalmente nos estados unidos, sendo 
chamados de acordos executivos. 
3. Quanto a execução no tempo (classificação material): executados ou executáveis/executandos: Um tratado é 
chamado de executado quando a sua execução é estática e sua eficácia instantânea. Ou seja: é um tratado que se 
conclui, via de regra, pela prática de um único ato. Os tratados executáveis, executandos ou executórios, por sua vez, 
são tratados em que a sua execução perdura no tempo, perpassando por vários atos e não se esgotando com o passar 
do tempo. Um exemplo de tratado executado é o tratado bilateral entre dois estados para fixar uma fronteira, a sua 
vigência é estática e ele está sempre produzindo os seus efeitos. Ao passo que os executórios tem uma vigência 
dinâmica e são chamados a produzir efeitos somente em situações especificas, daí a sua instabilidade: ora não servem 
para nada e ora estão sendo aplicados, a exemplo da convenção de Viena. Pode ter um tratado entre brasil, argentina e 
Paraguai para estabelecer a fixação de uma fronteira (sendo executado) e ainda estariam presentes diversas regras 
acerca de circulação de pessoas (sendo executório). Há uma diferença importante nessa classificação, é que os tratados 
executados não admitem retirada unilateral, justamente porque a sua execução já se esgotou; não faria sentido um 
estado se desvincular de um tratado no qual não existem mais atos a serem praticados. 
4. Quanto a execução no espaço: em todo o território ou em parte do território. – Em regra, os tratados devem ser 
obedecidos em todo o território. 
Artigo 29 A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, um 
tratado obriga cada uma da partes em relação a todo o seu território. 
É possível que os estados deliberem que os efeitos do tratados se produzam somente sob parte do território. O Brasil 
firma diversos tratados no âmbito da OMC que excluem a zona franca de Manaus e, por conta disso, são tratados que 
não obrigam todo o território. 
 
Interpretação dos tratados 
1. Regra Geral: 
 
Artigo 31 
Regra Geral de Interpretação 
1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu 
contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. 
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos: 
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; 
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas 
outras partes como instrumento relativo ao tratado. 
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto: 
a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; 
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo 
à sua interpretação; 
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. 
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. 
 
Deve-se interpretar os tratados segundo o sentido comum dos seus textos e não o sentido figurado, metafórico. 
Também deve se chamar atenção para o termo “boa fé”. A boa fé, nos tratados é, atualmente, um dos princípios 
regentes da relação entre os estados, estando essa ligada à ética da conduta dos estados. A interpretação deve levar em 
conta o interesse recíproco. O direcionamento da interpretação, o sentido é um sentido teleológico, buscando o alcance 
da finalidade do tratado e para a realização dos seus objetivos. O contexto de um tratado é muito mais do que o texto, o 
próprio parágrafo 2 do artigo 31 já indica que, além do texto, o contexto envolve os preâmbulos e os anexos. É no 
preambulo de um tratado que se consegue visualizar o objetivo e a finalidade do tratado. Os anexos também se 
integram no contexto do tratado, complementando o seu alcance. Nos tratados firmados no âmbito da aviação civil 
internacional, é comum informações acerca de estrangeiros que chegam ao território via aérea. Nesse tratado, diz que 
os estados podem estabelecer algumas regras para os estrangeiros obedecerem, a exemplo de declarações, etc. 
2- Meios Suplementares: 
 
Artigo 32 
Meios Suplementares de Interpretação 
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às 
circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o 
sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31: 
a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou 
b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado. 
O meio complementar irá ser usado para contribuir para melhor aplicação do artigo 31. O artigo 32 traz dois meios 
suplementares de interpretação: primeiro os trabalhos preparatórios – Os tratados não brotam do nada, eles resultam 
de um processo de negociação que antecedea assinatura do tratado e, nessa negociação, há uma seria de documentos 
que são trocados, esses documentos constituem os chamados trabalhos preparatórios, podendo ser usados para 
contribuir na interpretação do tratado. O que se pode fazer, por exemplo, é buscar qual o objetivo do tratado, o que 
uma das partes esperava com aquilo. Esse artigo também coloca como meio de interpretação a circunstância da 
conclusão, ou seja: o momento histórico que se vivia, o contexto e as circunstancias fáticas no momento em que o 
tratado for assinado. Podem haver ainda outros meios suplementares de interpretação, já que o artigo faz menção á 
palavra INCLUSIVE, quando cita os trabalhos preparatórios e as circunstancias; pode existir ainda a analogia, por 
exemplo. Se a aplicação da regra do artigo 31 falhar, se, usando a boa fé a luz dos objetivos e finalidades não se 
conseguir chegar a um resultado satisfatório, pode se valer aos trabalhos preparatórios para chegar a finalidade dos 
tratados. 
Artigo 33 
Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas 
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não 
ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça um texto determinado. 
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só será considerada texto autêntico 
se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem. 
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. 
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quando a comparação dos textos 
autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, 
tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos. 
Se for uma escolha dos estados, havendo mais de um texto em mais de uma língua, eles podem escolher uma língua 
para prevalecer sobre as outras. Outra hipótese, inclusive mais usada pelo brasil, quando o brasil firma tratados cuja 
língua de origem não tem profissionais do Itamaraty, a exemplo do húngaro, é comum se estabelecer uma terceira 
versão, em inglês, que servirá como parâmetro de interpretação, estando acima dos outros dois textos. 
 
AULA – 03/03 
Efeitos dos tratados sobre terceiros 
Em principio, prevalece a regra dos efeitos relativos do tratado internacional. Ou seja, a ideia de que os tratados 
tenham direitos e obrigações apenas para os Estados envolvidos. O tratado não tem um efeito absoluto, apenas 
relativos àqueles que são signatários. Ocorre que, pode se observar, na pratica, a existência de efeitos de fato do 
tratado sobre Estados terceiros e eventualmente até mesmo efeitos jurídicos. 
A convenção de Viena disciplina apenas a questão dos efeitos jurídicos, mas não podemos ignorar que os tratados 
internacionais produzem efeitos difusos em relação a Estados terceiros, não criando para eles necessariamente 
nenhum direito ou obrigação, mas, estabelecendo limites para as suas relações internacionais. Ex- Um tratado que fixa 
fronteira entre dois Estados opera efeitos difusos em relação aos outros, na medida em que é esse tratado que delimita 
o limite da soberania exercida por um e outro Estado. Ex- Se o Brasil quiser manter relações comerciais com a França, 
sofrerá difusamente os efeitos do Tratado da União Europeia. De um modo geral, os tratados internacionais operam 
esse efeito como fatos, perante terceiros. O tratado existe, e uma vez existente deve ser respeitado. Essa é uma 
constatação doutrinária, mas os efeitos difusos do tratado não estão disciplinados na Convenção de Viena. 
A convenção de Viena disciplina, a partir do seu art. 34, a possibilidade do tratado produzir efeitos jurídicos sobre 
terceiros. 
 
Art. 35 - Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem 
a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa 
obrigação. 
 
Não sendo parte um Estado terceiro, ele pode assumir obrigações, desde que concorde expressamente de forma 
escrita. A forma mais comum é quando o terceiro Estado entra como garantidor do cumprimento da obrigação dos 
Estados-parte. O depositário também pode ser um terceiro com obrigações de um tratado, mesmo não sendo parte 
dele. 
Art. 36- 1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a 
intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a 
que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até 
indicação em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente. 
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício desse direito, as 
condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o tratado. 
Certos tratados podem criar direitos para um terceiro. Quando o tratado prevê direito para o Estado terceiro, 
presume-se o seu consentimento, salvo se o tratado exigir a manifestação expressa. A forma mais comum de se atribuir 
direitos a Estados terceiros é a previsão de adesão aos contratos multilaterais. Evidentemente que, se o terceiro Estado 
quiser exercer o direito previsto no tratado, terá que respeitar as condições estabelecidas no próprio tratado para o 
exercício desse mesmo direito. Ex- Para um Estado aderir à Carta da ONU precisa de uma indicação do Conselho de 
Segurança e aprovação de 2/3 da Assembleia. 
 
Reservas 
 
Uma reserva é uma manifestação unilateral do Estado, no sentido de não se obrigar por parte do acordo. Essa 
manifestação pode ser feita já na assinatura ou na ratificação. 
A ideia de um Estado dizer que não vai se obrigar por parte do tratado, reflete uma certa fragilidade dos tratados 
internacionais. Essa é a primeira visão sobre a reserva, a ideia de que ela gera um certo desequilíbrio. 
O que se deve ter em mente é que as reservas quase nunca serão aplicadas aos tratados bilaterais. Uma reserva só fará 
sentido em tratados multilaterais. O espírito da reserva é garantia do maior numero de estados que participem do 
tratado. Ao admitir a possibilidade de um Estado formular reservas, permite-se que um número maior de Estados possa 
aderir aos tratados, porque é possível afastar pequenas contingências que impediriam o Estado de participar do acordo. 
É possível que alguma obrigação presente no tratado venha a colidir com a sua constituição. Então a reserva 
internacional permite que o Estado não venha a assumir obrigações que de alguma razão colida com o seu Direito 
Interno, ou em relação a sua política externa. A reserva, então, ao invés de fragilizar a norma internacional, dá força à 
norma. Isso porque, quanto mais Estados tiverem participando do Tratado, mais cogente ele será. 
 A regra é que o Estado pode formular reserva, a não ser que o tratado proíba; o tratado disponha que só podem ser 
formuladas reservas acerca de determinados temas; reserva seja incompatível com o objeto e finalidade do tratado. 
Caso um Estado formule uma reserva, e outro Estado-parte entenda que essa reserva frustra os objetivos/finalidades do 
tratado, esse Estado-parte deve formular uma objeção. Ao fazê-lo, instaura-se um conflito internacional entre ele e o 
que fez a reserva. Isso se chama de regra da compatibilidade. A forma mais desejável de resolver esse conflito é a 
solução autêntica, tomada por todos os envolvidos em não votar, após ouvidas as razões daquele que formula a reserva 
e daquele que objetou. Se não houver consenso para a obtenção de uma solução autêntica, o caso poderá ser levado 
para uma Corte Internacional, para uma arbitragem internacional, que ira decidir acerca

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