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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Epidemiologia Geral HEP – 141 José Leopoldo Ferreira Antunes 2013 EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA EPIDEMIOLOGIA ANALíTICA MEDIDAS PARA A DESCRIÇÃO 1. Magnitude do problema 2. Pessoa, Tempo e Lugar (quem, quando, onde) Magnitude do problema: Medidas de Ocorrência de Eventos de Saúde Diagnóstico de Saúde da População Total Mortalidade Incidência Específica por causa Estratos da população Incidência Morbidade Prevalência Fatores de Risco Prevalência Avançando um pouco mais … Medidas de Ocorrência de Eventos de Saúde Prevalência Mede a magnitude de uma doença/condição/exposição na população Incidência Incidência acumulada Densidade de Incidência ou Taxa de incidência (pessoas-tempo) Avalia com que frequência ocorrem casos novos de uma doença Proporção e Taxa Qual é o denominador ???? • Proporção • Taxa 2 --- = 0,5 = 50% 4 • Quociente de duas quantidades • Numerador necessariamente incluído no denominador • As quantidades devem ser da mesma natureza • Proporções sempre variam entre 0 e 1 • Porcentagem = proporção x 100 Proporção Mortalidade Proporcional Porcentagem de óbitos devido a uma causa específica de óbito Mortalidade Proporcional = Óbitos p/ causa específica Total de Óbitos Não é uma Taxa e sim uma proporção Mortalidade Proporcional Mortalidade Proporcional de doenças cardiovasculares no Brasil em 2012 Número de óbitos por doenças cardiovasculares nos Brasil em 2012 Total de Óbitos no Brasil em 2012 = T a x a Quociente de duas quantidades Velocidade de ocorrência de um evento no tempo 2 ----- = 0,02 / Ano 100 Observado em 2012 Numerador: número de eventos observados num determinado período de tempo Denominador: população na qual o evento ocorreu (população sob risco). Inclui tempo Taxa (Exemplo) Taxa de mortalidade por tétano em São Paulo em 2005 Óbitos por Tétano: 17 População in 2005: 42 milhões Taxa de mortalidade = 0,042/100.000/ano A taxa pode ser expressa em qualquer potência de 10 100; 1.000; 10.000; 100.000 Medidas de Ocorrência de Doença Incidência Ocorrência de novos casos de doença entre indivíduos sob risco e que não haviam apresentado a doença até o início do seguimento Prevalência Casos de doença presentes num certo ponto no tempo Todas as medidas de ocorrência de doença são deduzidas a partir de uma coorte de indivíduos Muitas vezes essa coorte não é claramente identificada Coorte: Grupo de indivíduos que possuem uma experiência ou um atributo em comum Glossário População Sadia População doente Óbito Em risco (denominador) Incidência - casos novos (numerador) Prevalência - todos os casos (numerador) Mortalidade - todos óbitos (numerador) Incidência Prevalência Mortalidade Coorte Fechada Uma vez feita a seleção da coorte, nenhum novo membro é incorporado (o tamanho da coorte não aumenta) Durante o seguimento os membros da coorte são perdidos por várias causas Coorte Aberta A composição da coorte é dinâmica (novos membros entram e saem da coorte no correr do tempo) Exemplo: Residentes em São Paulo durante 2012 Alguns Problemas em Definir Doença e seu Início Definir doença versus não doença (“normal”) Identificar o início da doença Período de Incubação e Período latente Fase pré-clínica e clinica Diferentes definições de doença Identificar a prevalência no “baseline” Tornaram-se doentes Sem doença População definida Sem doença Doentes Sem doença A. Inicialmente identificar a população: B. Determinar quem tem a doença e quem não tem C. Acompanhar somente os que NÃO apresentaram a doença na baseline Linha de base “BASELINE” D. Reanalisar a população TEMPO Prevalência Incidência Medidas de Ocorrência de Doença: Morbidade Tipos de Prevalência • Prevalência Pontual • Prevalência em um período • Prevalência de toda vida (tempo-vida) TIPOS DE MEDIDA ENTREVISTA Prevalência Pontual Você, atualmente, tem doença X ? Prevalência num Período Você teve a doença X nos últimos (n) anos? Prevalência de toda vida (tempo-vida) Você já teve a doença X? Exemplos de prevalência pontual, num período e de toda vida Prevalência = por 1.000 Número de Casos da doença presente na população em um período específico Número de indivíduos na população no período Prevalência Características da Prevalência A prevalência é também denominada de Taxa de prevalência (inapropriadamente), proporção de prevalência, prevalência num ponto 1. Não tem unidade 2. Varia de 0 a 1 ( a prevalência é uma proporção – não é uma taxa) 3. Mede a magnitude da doença na população, não é uma medida de risco 4. É vista com uma parcela da população que em um determinado momento foi identificada com a doença, porém NÃO diz QUANDO a doença se desenvolveu. 5. Numerador agrupa indivíduos com diferentes tempo de duração da doença 6. É útil para planejar serviços de saúde e antecipar mudanças Tendência dos casos incidentes, óbitos e prevalência de aids, EUA, 1985 a 2006 Fonte: CDC 2006 AZT HAART Situações em que dados de prevalência são comumente usados I – Estudos de malformações congênitas (prevalência ao nascer) II – Doenças crônicas não fatais que não apresentam um claro momento de início III- Estudos de Soroprevalência IV- Estudos de fatores de risco de doenças V – Pesquisa não etiológica exemplo: pesquisa em serviços de saúde Mortes, Curas Duração Prevalência Incidência Relação entre incidência, prevalência e duração da doença Incidência e Prevalência estão relacionadas Prevalência Incidência x Duração Incidência elevada resulta em prevalência elevada Longa duração resulta em alta prevalência Características das medidas de Incidência Incidência mede a frequência de qualquer evento de saúde ou a ela relacionada, por exemplo: Novos casos de doença Óbitos na população total sob risco Óbitos por determinada doença entre doente (Letalidade) Recorrência de doença Remissão de doença (atenuação temporária dos sintomas) Desenvolvimento de eventos adversos a medicamentos Incidência é uma medida particularmente importante em pesquisas de epidemiologia analítica, pois permite a estimativa de risco necessária para avaliar associação causais. Taxa de Incidência Média Anual de Tuberculose na população X, 2000 – 2004 Taxa de Incidência Anual Média de TBC Pulmonar = 15.372 24.770.704* = 62.1 / 100.000 /Ano / 5 * População estimada para o meio do período Taxa Anual de Mortalidade por = Todas as Causas (por1000hab/Ano) Número de Óbitos por Todas as causas em um ano Número de indivíduos na população no meio do ano Taxa de Mortalidade (em agregados populacionais) Taxa Anual de Mortalidade por Todas as Causas = em Crianças < 10 anos (por1000/Ano) Número de Óbitos por Todasas Causas, em um ano, em crianças menores de 10 anos Número de crianças na população menores de 10 anos no meio do ano Taxa de Mortalidade Específica por Idade (em agregados populacionais) Taxa Anual de Mortalidade por = Câncer de Pulmão (por1000) Número de Óbitos por Câncer de Pulmão, por ano Número de indivíduos na população no meio do ano Taxa de Mortalidade Específica por Causa (em agregados populacionais) As taxas de mortalidade à semelhança das taxas de incidência, não permitem comparações: I - Da mesma população em diferentes períodos ou II - De regiões distintas Pois são influenciadas pela característica da composição demográfica das populações, principalmente as composições etárias. Exemplo: Se compararmos as taxas de mortalidade do Brasil com as da Suécia, poderemos chegar a conclusões erradas se não levarmos em consideração as diferenças etárias. Taxa de Letalidade Proporção de indivíduos com a doença que morrem Taxa de Letalidade = Número de Óbitos Número de indivíduos com a Doença Taxa de Letalidade é: I - Uma medida de Incidência II - Um Indicador de Prognóstico Comparação da Taxa de Mortalidade com a Taxa de Letalidade Considere uma população de 1000 indivíduos os quais 150 estão doentes com a doença “x” e, em um ano, 20 morrem pela respectiva doença A taxa de mortalidade no respectivo ano para a doença “x” = 20 1000 = 0,02 ou 2% A taxa de letalidade para “x” = 20 150 = 0,13 ou 13% Problemas com o Numerador: O Numerador deve estar contido no denominador Variabilidade em definir - Estágio da doença (enfermo, c/seqüela, etc) - Critério de confirmação da doença (Definição de caso) Variabilidade em métodos de determinação • Uso de dados disponíveis registrados regulares - Sistema de notificação da doença - Revisão de registros médicos - Sistemas de Informação de Mortalidade • Utilização de métodos especiais de coleta de dados - Entrevistas - Exame direto (físico, laboratorial, etc) Erros na Classificação do Numerador •Erros na administração da base de dados - Diagnóstico - Codificação •Viéses e variações nos relatos individuais Definição de caso A Definição de caso B Percentagem de População com Diagnóstico de Artrite Reumatóide, Definição de caso A vs Definição de caso B. Problemas Com o Denominador Definindo a População Exposta Caracterizando a População Todos no denominador devem ter condições de pertencer ao numerador Histerectomia e Câncer de Útero NÃO SIM Histerectomia Casos de Câncer de Útero 1960 1965 1970 1975 70 60 50 40 30 20 10 0 Não Corrigido Corrigido ano T a x a s d e i n c id ê n c ia p o r 1 0 0 .0 0 0 Fonte: Lyon and Gardner Taxas de Incidência de Câncer de Útero, Ajustadas para Idade e Corrigidas Segundo Histerectomia. Taxas Proporções Razões Razão de Incidências Razão de Prevalências Razão de Odds Associação entre variáveis: •Risco Relativo ou Razão de Incidências •Razão de Prevalências •Odds Ratio •Intervalo de confiança •Valor de p Prestar atenção na vertical e horizontal. Risco relativo Prestar atenção na vertical e horizontal. Razão de prevalências Odds Ratio 1. Risco Relativo ou Razão de incidências Febre tifóide Vacinados Não vacinados Total Com 56 272 328 Sem 6.759 11.396 18.155 Total 6.815 11.668 18.483 Greenwood & Yule, 1915. Apud Ronald A. Fisher. Statistical methods for research workers. London: Oliver and Boyd, 1958. Febre tifóide Vacinados Não vacinados Total Com 56 272 328 Sem 6.759 11.396 18.155 Total 6.815 11.668 18.483 Variável independente, classificatória ou explicativa Variável dependente, “desfecho” ou “a ser explicada” Prestar atenção na vertical e horizontal. Risco relativo = proporção de afetados entre expostos / proporção de afetados entre não expostos RR = 0,8%/2,3% = 0,35 ou RR = 2,3%/0,8% = 2,9 Análise sugestiva de diferença significativa e associação entre as variáveis dependente e independente. Estudo longitudinal (prospectivo): ensaio clínico Febre tifóide Vacinados Não vacinados Total Com 56 272 328 Sem 6.759 11.396 18.155 Total 6.815 11.668 18.483 Vantagens do risco relativo: Indica qual o sentido de risco aumentado. Indica o quanto se observou de aumento de risco. Desvantagens do risco relativo: Apenas compara proporções, não leva em consideração o tamanho da amostra. Não define se as diferenças observadas são ou não são significativas. Precisa ser complementada pela indicação de intervalo de confiança, qui-quadrado ou valor de p para o teste de associação entre as variáveis da tabela. Só se aplica a estudos longitudinais prospectivos (coorte ou ensaios clínicos). Febre tifóide Vacinados Não vacinados Total Com 1 3 4 Sem 68 114 182 Total 69 117 186 Tabela anterior dividida por 100 (arredondada): mesmo risco relativo!!! Complementa a informação sobre o Risco Relativo: •Intervalo de Confiança •Valor de p Passageiros Homens Mulheres Total Morreram 688 131 819 Sobreviveram 169 335 504 Total 857 466 1323 Titanic (estudo de mortalidade) RR = RH/RM = (688/857)/(131/466) = 2,86 IC95% = 2,46; 3,31 p<0,001 http://www.amstat.org/publications/jse/v3n3/datasets.dawson.html Passageiros Adultos Crianças Total Morreram 770 49 819 Sobreviveram 467 37 504 Total 1237 86 1323 Titanic RR = RA/RC = (770/1237)/(49/86) = 1,09 IC95% = 0,90; 1,32 p=0,330 http://www.amstat.org/publications/jse/v3n3/datasets.dawson.html Passageiros Classes I e II Classe III Total Morreram 280 526 806 Sobreviveram 299 186 485 Total 579 712 1291 Mais 32 passageiros de classe ignorada, dos quais 13 morreram... RR = RIII/RIeII = (526/712)/(280/579) = 1,53 IC95% = 1,39; 1,68 p<0,001 http://www.amstat.org/publications/jse/v3n3/datasets.dawson.html Titanic Síndrome da Morte Súbita Infantil Brancos Negros Total Com 42 74 116 Sem 16.026 22.409 38.435 Total 16.068 22.483 38.551 Standfast SJ, Jereb S, Janerich DT. The epidemiology of sudden infant death in upstate New York: II: birth characteristics. Am J Public Health 1980, 70(10): 1061-7. Síndrome da Morte Súbita Infantil Brancos Negros Total Com 42 0,26% 74 0,33% 116 Sem 16.026 22.409 38.435 Total 16.068 22.483 38.551 Standfast SJ, Jereb S, Janerich DT. The epidemiology of sudden infant death in upstate New York: II: birth characteristics. Am J Public Health 1980, 70(10): 1061-7. Síndrome da Morte Súbita Infantil Brancos Negros Total Com 42 0,26% 74 0,33% 116 Sem 16.026 22.409 38.435 Total 16.068 22.483 38.551 RR = 0,79 ou RR = 1,27 Standfast SJ, Jereb S, Janerich DT. The epidemiology of sudden infant death in upstate New York: II: birth characteristics. Am J Public Health 1980, 70(10): 1061-7. Síndrome da Morte Súbita Infantil Brancos Negros Total Com 42 0,26% 74 0,33% 116 Sem 16.026 22.409 38.435 Total 16.068 22.483 38.551 RR = 0,79 ou RR = 1,27 P = 0,231 QQ=1,43 Standfast SJ, Jereb S, Janerich DT. The epidemiology of sudden infant deathin upstate New York: II: birth characteristics. Am J Public Health 1980, 70(10): 1061-7. Diferença não significativa. 2. Razão de Prevalências HAS Obesos IMC>=30 Não obesos IMC<30 Total Com 57 67% 161 23% 218 Sem 28 543 571 Total 85 704 789 Razão de prevalências = 2,9 (estudo transversal) Lolio CA, Pereira JC, Lotufo, PA, Souza JMP. Hipertensão arterial e possíveis fatores de risco. Rev Saúde Pública 1993, 27(5): 357-62. HAS Brancos Negros Total Com 78 16,4% 189 20,7% 267 Sem 397 725 1.122 Total 475 914 1.389 Razão de Prevalências RP = 0,79 ou RP = 1,26 P = 0,056 (estudo transversal) Nesta amostra, o excesso de prevalência de HAS em negros (em relação a brancos) não foi significativo (p > 0,05) Sorologia para HIV de clientes Usou preserv (6 meses) Não usou preserv (6 meses) Total Positivo 26 8 34 Negativo 304 220 524 Total 330 228 558 Pickering H, Todd J, Dunn D, Pepin J, Wilkins A. Prostitutes and their clients: a Gambian survey. Soc Sci Med 1992, 34: 75-88. Pickering H, Todd J, Dunn D, Pepin J, Wilkins A. Prostitutes and their clients: a Gambian survey. Soc Sci Med 1992, 34: 75-88. HIV Usou preserv Não usou preserv Total Com 26 7,9% 8 3,5% 34 Sem 304 220 524 Total 330 228 558 RP = 2,7 P = 0,034 HIV Usou preserv Não usou preserv Total Com 26 7,9% 8 3,5% 34 Sem 304 220 524 Total 330 228 558 3. Odds Ratio RR = RiscoM/RiscoD = (1/2)/(1/6) = 3 OR = OddsM/OddsD = (1/1)/(1/5) = 5 Sorteio Moeda Dado Vantagem 1 1 Desvantagem 1 5 Total 2 6 Fim
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