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NCPC - O Poder Judiciário e suas Garantias

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O Poder Judiciário e suas Garantias
O Estado contemporâneo ocidental juridicamente se estrutura em obediência ao princípio da separação, ou divisão de poderes, conforme a sua versão clássica, dada por Montesquieu n’ O espírito das leis. Distinguem-se nele, pois, três poderes, ou seja, três grupos de órgãos independentes, cada qual exercendo, com relatividade, uma função distinta por sua natureza das demais.
O último desses três poderes seria o judiciário, incumbido da função jurisdicional. Ou seja, da função de fazer justiça.
No Estado moderno, porém, fazer justiça se confunde com aplicar a lei, daí a conceituação tradicional segundo a qual o judiciário “tem por missão aplicar contenciosamente a lei a casos particulares”(Pedro Lessa).
	O Judiciário aplica a lei contenciosamente, isto é, com a possibilidade rigorosamente garantida de debate entre as partes interessadas no litígio.
	Abre-se perante ele sempre a possibilidade do contraditório, permitindo-se a todos os que serão afetados pela decisão fazerem ouvir suas razões, seus argumentos. E em razão dessa garantia que faz presumir o acerto da decisão, ela goza de uma forma de imutabilidade – a coisa julgada.
	O modo, porém, não muda a natureza da função, Embora o faça contenciosamente, o juiz sempre está executando, dando aplicação à lei.
	É verdade que a moderna doutrina processual caracteriza a função jurisdicional como uma “atividade de substituição”, estando aí o ponto de distinção entre jurisdição e administração. Mas por conta própria ou por conta de outrem, o poder público sempre estará executando, dando cumprimento à lei.
	Nota-se que a função jurisdicional pode ser atribuída, como o e na Constituição brasileira, a outro Poder que não o Judiciário, eventualmente. (O mesmo se dá com a função legislativa que não é toda entregue ao Legislativo como com a função executiva que não fica inteira em mãos do Executivo).
	Assim, o Legislativo também a exerce: ele julga no impeachment; e o Executivo pode criar tribunais administrativos que aplicam a lei a particulares, inclusive por meio de um procedimento contencioso: são os contenciosos administrativos. A função jurisdicional, porém, é típica do Judiciário, de modo que, na sua forma típica, pode ser chamada de função judiciária. Esta – a jurisdição judicial – é que decide com força definitiva, fazendo coisa julgada.
	A independência do Judiciário é uma necessidade da liberdade individual. Que existam no Estado órgãos independentes que possam aplicar a lei, inclusive contra o governo e contra a administração, é condição indispensável para a liberdade e a proteção dos direitos humanos. E não foi outra a razão que levou a doutrina clássica a erigir o judiciário em poder do Estado, com função própria.
	A manifestação do judiciário pressupõe litígio que lhe seja trazido à apreciação, litígio esse que se resolverá depois de tomar a manifestação de todos os interesses e cuja solução não alcançará mais do que os interessados que foram ouvidos no pleito. Quer dizer: 1) A manifestação do Judiciário só se dá se ele for chamado a fazê-lo por quem tenha nisso interesse. Não se pronunciará ele, jamais, ex officio. 2) Esse pronunciamento ocorrerá depois de um processo contraditório em que cada interessado apresentará as suas razões (o aspecto contencioso estritamente falando). 3) Os efeitos da decisão final serão inter partes, não irão além do caso que tiver sido julgado.
	Hoje, é certo, para prevenir a multiplicação e questões que girem em torno de um mesmo ponto de direito, admite-se que o judiciário fixe de antemão entendimento a respeito deste. Igualmente se aceita que algumas decisões tenham efeitos erga omnes, ou sejam estendidos a todos os casos legais. Isto é excepcional, todavia. Entretanto se dá no Brasil com a ação direta de controle de constitucionalidade ou, com a extensão erga omnes pelo Senado, das decisões que declaram inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
	É, por outro lado, princípio tradicionalmente firmado, ao menos no Direito brasileiro, que não há matéria, por sua natureza, vedada ao Judiciário. Em outras palavras, sempre que houver lesão a direitos particulares cabe recurso ao Judiciário: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, dispõe o artigo 5°, XXXV, da CF.
	As garantias referentes ao judiciário como um poder visa essencialmente a estabelecer sua independência relativamente ao desempenho de sua missão específica é absoluta, ela não o é quanto à sua composição e à sua organização, as quais sempre dependem do Legislativo ou Executivo, ou de ambos.
	Em todo Judiciário, há um órgão mais alto, um tribunal supremo. Cabe a este, em última instância, dizer o que é o direito, suprimindo ventuais discrepâncias entre seus órgãos inferiores, corrigindo erros e reparando injustiças. É característico desse poder, todavia, que esse órgão supremo propriamente não comande os inferiores, cuja independência é, aliás, garantida também contra ele.
	O critério de seleção dos membros da Magistratura é a chave do valor do Judiciário enquanto o defensor da liberdade. Vários são os critérios que o Direito comparado mostra usados:
o da “eleição”, inconveniente por fazer do futuro magistrado um político preocupado em ganhar simpatias e votos;
o da “nomeação” por outro órgão, que sacrifica evidentemente a sua independência;
o da “cooptação”, isto é, a escolha dos novos pelos antigos com perigo do nepotismo;
o do “concurso” de provas, que parece o mais seguro, embora saliente o aspecto intelectual da questão.
Entre nós, a regra geral é o concurso para o ingresso da magistratura.
O Direito brasileiro reconhece a todos os tribunais, como garantia de sua independência, o poder de eleger seus presidentes e demais titulares de sua direção (CF, artigo 6, I), organizar seus serviços auxiliares, provendo-lhes os cargos (artigo 96, I, b e c), conceder licença e férias a seus membros, aos juízes e serventuários (artigo 96, I , f).
As garantias do todo, o Judiciário, completam-se pelas garantias asseguradas a seus membros, os magistrados.
Estas, em geral, distribuem –se em dois grupos: o das que se destinam a resguardar a sua independência, contra pressões inclusive de outros órgãos judiciários, e o das que visam a dar-lhes condições de imparcialidade, protegendo-os contra si próprios.
As garantias constitucionais da independência dos magistrados são a vitaliciedade, a inamovibilidade a irredutibilidade de vencimentos (artigo 95).
A vitaliciedade consiste em não poder o magistrado o cargo senão por força de decisão judiciária (artigo 95, I). Esta não impede que o juiz possa ser posto em disponibilidade pelo voto de dois terços dos membros efetivos do tribunal, ocorrendo interesse público (artigo 93, VIII).
A inamovibilidade consiste em não poder o magistrado ser removido de sua sede de atividades para outra sem o seu prévio consentimento (artigo 95, II). Em caso de interesse público, reconhecido pelo voto de dois terços dos membros efetivos do tribunal, dispensa-se, todavia, essa anuência (artigo 93,VIII).
Enfim, a irredutibilidade de subsídios, que repercute na isenção de todos os impostos, salvo os gerais e os extraordinários (artigo 95, III). Impostos gerais, ensina Maximiliano, são os que “abrangem todas as classes sem distinguir senão entre proventos”. A Constituição de 1988 foi além, obrigando ao pagamento do imposto de renda sobre a totalidade do subsídio.
As garantias constitucionais da imparcialidade dos magistrados são as que proíbem de dedicar-se a certas atividades, porque os comprometeriam com determinados interesses.
O artigo 95, parágrafo único, da CF veda a todo membro do Judiciário, sob pena de perda de cargo: 1) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistratura; 2) receber, sob qualquer pretexto, percentagens ou custas sujeitas a seu despacho e julgamento; 3) “exercer atividadepolítico-partidária”.
A violação de qualquer destas proibições enseja a perda do cargo após processo perante o Tribunal a que estiver vinculado o magistrado.
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