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Reflexão sobre o livro Dos Delitos e das Penas e sua relação com a Lei dos Crimes Hediondos

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
CURSO DIREITO
Reflexão sobre o livro Dos Delitos e das Penas e sua relação com a Lei dos Crimes Hediondos 
ELILIAN PONTES GOULART
LUCIANA SILVA GOMES
TRÊS RIOS
 2016
ELILIAN PONTES GOULART - 2013660098
LUCIANA SILVA GOMES - 2013660489
Reflexão sobre o livro Dos Delitos e das Penas e sua relação com a Lei dos Crimes Hediondos 
Trabalho apresentado a Universidade Rural do Rio de Janeiro - ITR, como requisito para a disciplina de Direito Penal V do curso de Graduação em Direito.
Docente: Klever Filpo
TRÊS RIOS 
2016
A partir da leitura do livro “Dos delitos e das penas” de Cessare Beccaria pode-se extrair diversos conceitos do âmbito penal presentes até os dias atuais, inclusive aqueles que se relacionam aos Crimes Hediondos.
Inicialmente, cumpre destacar que a Constituição Federal de 1988 prevê em seu artigo 5º, XLIII que “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.
A criação da Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8072/90) teve motivação nos crimes violentos, na grande prática de crime organizado e também no Movimento Lei e Ordem. Cabe salientar que essa lei não cria novos tipos penais, ela agrava os crimes tipificados consumados ou tentados do Código Penal.
No Brasil, o legislador adotou o critério taxativo. Os crimes considerados hediondos estão arrolados no parágrafo 1º da Lei nº 8072/90. Percebe-se que a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e o terrorismo não foram incluídos no rol, porém, conforme o artigo 2º da Lei, estes equiparam-se aos demais. De acordo com CAPEZ:
 “(...) o legislador, tendo em vista a gravidade desses crimes, cuidou de dispensar­-lhes tratamento igualmente severo, proibindo a concessão de anistia, graça ou indulto; de fiança; impôs que a pena fosse cumprida inicialmente em regime fechado, bem como que, em caso de sentença condenatória, o juiz decida fundamenta­damente se o réu poderá apelar em liberdade; e, finalmente, previu a possibilidade de prisão temporária.” (CAPEZ, 2014)
Visto que é impossível prevenir e extinguir a prática de todos os delitos, é desejo da humanidade que estes sejam menos frequentes devido ao mal que causa à própria sociedade. Para tanto deve existir uma proporção entre os crimes e suas penas. Nesse sentido, a nova Lei de Crimes Hediondos (Lei 11.464/07), passa a permitir a progressão da pena, visando não só a prevenção e repressão, mas também a ressocialização do condenado. 
Entende-se que não é a gravidade da norma que impedirá a prática dos delitos, mas sim a severidade na sua aplicação. BECCARIA complementa essa ideia, dizendo que o real objetivo da pena é “evitar que o criminoso cause mais danos à sociedade e impedir a outros de cometer o mesmo delito.” E, para ele, uma punição imediata, onde o lapso temporal entre delito e pena são pequenos, faz com que se tornem mais fortes e duradouras as associações entre crime e castigo, o que, em tese, reduziriam as práticas delituosas.
O referido autor indaga também como as leis podem resistir à força do tempo e aos interesses sem um estável monumento do pacto social. A imprensa tem um papel fundamental nesse ponto ao fazer com que os indivíduos se tornem guardiões e defensores da lei.
Voltando aos crimes hediondos, Baccaria entende que os crimes em geral só podem ser medidos pelo prejuízo que causam à sociedade. No seu ponto de vista, é totalmente errôneo afirmar que a verdadeira medida do delito é a intenção de quem o comete. Contrariamente ao que o autor acredita tem-se a lei 8.072/1990, que deixa bem claro, que independe o crime ser tentado ou consumado. Porém, ainda que esses crimes tenham sido revestidos da hediondez, uma pena capital para aqueles que praticam tais atos não condiz com uma sociedade signatária da garantia aos direitos fundamentais, dentre os quais principalmente a vida (cf. art. 5º caput e inciso XLVII, CRFB/88).
A inviolabilidade à vida, inclusive, foi tratada também na obra de BECCARIA, onde no capítulo “Da Pena Capital” questiona até onde essa penalidade é eficaz, e que direitos são violados em detrimento do bem estar do outro.
Com relação ao crime de tortura, este equiparado aos crimes hediondos, BECCARIA o explica em um capítulo único e diz ser uma prática comum a muitas nações de sua época, na intenção de fazer com que o criminoso confesse o crime, explicite alguma contradição ou delate possíveis cúmplices.
Diz o supracitado autor se tratar de uma prática desumana, posto que ninguém pode ser considerado criminoso até que se tenha uma prova que o condene, tal qual se tem na atual Constituição pátria (art. 5º, LVII, CRFB/88). Assim diz o autor em sua obra:
“Qual é, portanto, o direito, senão o da força, que autoriza um juiz a punir um cidadão, enquanto ainda há dúvidas se ele é culpado ou inocente? Não é novo este dilema: ele é culpado ou inocente? Se culpado, ele deveria sofrer a pena imposta pela lei e, assim, a tortura se torna inútil, pois sua confissão é desnecessária; se ele não é culpado, um inocente foi torturado, pois aos olhos da lei todo homem é inocente se o crime não for provado. (...) Por esse método, o mais resistente escapará, e o mais frágil será condenado.” (BECCARIA, 2012)
No mesmo capítulo, o autor também expõe a dificuldade que o acusado tem de manter um discurso coerente e sem contradições quando em depoimento, dadas as circunstâncias em que se encontra, o que o leva a contestar a eficácia de uma sessão de tortura para sanar tais vícios, pois, assim como em julgamento, durante a tortura, o homem pode vir a cair em contradições devido ao medo e dor, o que pode levar a inocentes declararem-se culpados na tentativa de acabar o sofrimento.
BECCARIA também indaga se, para descobrir possíveis cúmplices, é justo que se aplique a tortura, pois se estaria aplicando a pena em um homem pelo crime de outro. Ademais, como provou em sua exposição, se esta não é a forma mais eficaz de se extrair a verdade, como então “pode ela (a tortura) servir para que se descubra cúmplices, se esta é uma das verdades a serem descobertas?” (BECCARIA, 2012).
Trazendo o tema aos dias atuais, entende-se a tortura como a o ato de castigar corporal ou psicologicamente, de forma violenta, na tentativa de forçar o outro a confessar ou omitir ato ilícito ou ilícito, através do uso de meios mecânicos ou manuais.
De acordo com o artigo 1º da Lei 9.455/97:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante,portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
De acordo com CAPEZ (2014), o crime de tortura só era considerado em conjunto com outro tipo penal, como por exemplo o homicídio, porém, com o advento da supracitada lei, fixou-se o exato conceito de tortura.
Para finalizar, fica claro o entendimento que o legislador, ao editar e lei de Crimes Hediondos, impôs tratamento severo àqueles que praticam o crime de tortura, assim como os demais citados nos artigos 1º e 2º, por violarem a dignidade da pessoa humana, postulado fundamental do direito pátrio.
REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Hunter Books, 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 4 mai 2016.
BRASIL. Lei n. 8072, de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm>. Acesso em: 4 mai 2016.
BRASIL. Lei n. 9.455, de 07 de abril de 1997. Define os crimes de tortura e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm>. Acesso em: 6 mai 2016.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: legislação penal especial, volume 4. São Paulo: Saraiva, 2014.

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