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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO DIREITO CIVIL II –PARTE GERAL– Prof.ª BRUNA CORDEIRO bruna_oliveiracordeiro@hotmail.com • Vícios de consentimento: Provocam uma manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer do agente. Criam uma divergência, um conflito entre a vontade manifestada e a real intenção de quem exterioriza. São eles: o erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. • Vícios sociais: fraude contra credores e simulação Não conduz a um descompasso entre o querer íntimo do agente e a sua declaração, mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros, Defeitos do negócio jurídico ERRO, IGNORÂNCIA, DOLO E COAÇÃO ERRO (138 a 144,CC)- é a falsa idéia ou falso sentido que se tem de alguma coisa. Em regra erro não se presume. Alegado, deve ser mostrado, isto é, provado. IGNORÂNCIA é o completo desconhecimento da realidade, embora tanto o erro como a ignorância acarrete efeitos iguais, quais sejam, a anulabilidade do negócio jurídico, não obstante possuírem conceitos distintos. O erro só é admitido como causa de anulabilidade se for essencial. Espécies de erro Erro substancial ou essencial: é o que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio. Há de ser causa determinante, ou seja, se conhecida a realidade do negócio. Se o agente conhecesse a verdade, não manifestaria vontade de fazer o negócio. Erro acidental: é o que se opõe ao substancial, porque se referem a circunstâncias de menor importância. È aquele erro que ainda se fosse conhecido, o negócio jurídico seria realizado, como o erro de cálculo por exemplo – art 143 CC. Quando as duas partes têm conhecimento do exato valor do négócio, é permitida a retificação. ATENÇÃO Não é qualquer espécie de erro que torna anulável o negócio jurídico. Para tanto, deve ser substancial, escusável e real. Obs.: Escusável no sentido de ter uma razão plausível para ter acontecido e real no sentido de ser palpável, de ter provocado efetivo prejuízo para o interessado. Além de ser essencial e escusável conforme o padrão do homo medius, e o caso concreto, há ainda de ser efetivo e real, sendo a causa do negócio jurídico. Há a possibilidade de convalescimento do erro conforme se prevê o art. 144 do C.C. em razão do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos (pás de nullité sans grief) e ainda pelo princípio da segurança jurídica. No erro o agente incorre sozinho, se houver indução ao erro caracterizar-se-á o dolo. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. O erro substancial pode ser: Erro sobre a natureza do negócio (error in negotio) – é aquele em que uma das partes manifesta a sua vontade, pretendendo e supondo celebrar determinado negócio jurídico, e, na verdade, realiza outro diferente. Ex.: quer alugar e escreve vender; pessoa empresta uma coisa e a outra entende que houve doação; pessoa que quer alugar e a outra supõe tratar-se de venda a prazo. Erro sobre o objeto principal da declaração ( error in corpore) – é o que incide dobre a identidade do objeto. A manifestação de vontade recai sobre objeto diverso daquele que o agente tinha em mente. Ex. Pessoa que adquire um quadro de um aprendiz, supondo tratar-se de tela de um pintor famoso; o indivíduo se propõe a alugar a sua casa da cidade e o outro contratante entende tratar-se de sua casa de campo. Erro sobre algumas das qualidades a ele essenciais do objeto principal (error in substantia ou error in qualitate) – ocorre quando o motivo determinante do negócio é a suposição de que o objeto possui determinada qualidade que, posteriormente, verifica-se inexistir. Ex. pessoa que compra relógio dourado, mas apenas folheado a ouro, como se fosse de ouro maciço. Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade (error in persona) – concerne aos negócios jurídicos intuitu personae. Pode referir-se tanto à identidade quanto às qualidades da pessoa. Exige-se no entanto, para ser invalidante, que tenha influído na declaração de vontade ”de modo relevante”. Ex. doação ou deixa testamentária a pessoa que o doador supõe, equivocadamente, ser seu filho natural, ou ainda a que lhe salvou a vida. Essa modalidade de erro tem importância no casamento e nas liberalidades, como na doação e no testamento. Somente é considerado essencial quando não se tem como apurar quem seja realmente a pessoa ou coisa. ANULAÇÃO DE CASAMENTO - Erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge. Mulher que tinha comportamento sexual promíscuo e ignorado do seu parceiro, muito mais velho que ela e com quem veio a se casar. Comportamento que se evidenciou ao aparecer ela grávida dois meses após o casamento, certa a impotentia generandi do marido. Negatória de paternidade. Filho adulterino a matre. Registro de nascimento feito pela mãe, declarando o marido como pai da criança. Marido portador de impotentia generandi, tornando certa a impossibilidade da paternidade que lhe foi atribuída, tal como se confirmou em prova pericial. Presunção de paternidade que não pode prevalecer e que não encontra limite temporal para a sua contestação. (TJRJ - AC 3.767/90 - 2ª C . - Rel. Juiz Murilo Fábregas - DJ 18.06.91) (RJ 175/61) Anulação de casamento por erro essencial Constitui crime contra a família contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro cônjuge. Nesta passagem, o termo é aplicado para indicar engano quanto às qualidades de outro cônjuge, cuja realidade enseja a anulação do casamento. A anulação do casamento, de acordo com o Código, só é possível se for comprovado erro essencial do cônjuge, como ignorância de crime anterior ao casamento, doenças mentais, graves ou transmissíveis, ou outros erros que tornem insuportável a vida em comum do casal. Erro essencial de pessoa - Erro de um dos nubentes que se verifica nos casos em que a descoberta da identidade do outro, sua honra ou boa fama, possa causar dificuldades intransponíveis para a convivência em comum, tornando insuportável a vida de casados. Anulação de casamento por erro essencial Há a possibilidade de convalescimento do erro conforme se prevê o art. 144 do C.C. em razão do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos (pás de nullité sans grief) e ainda pelo princípio da segurança jurídica. Tal oferta, afasta o prejuízo do que se envanou, deixando o erro de ser real e, portanto, anulável. Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Convalescimento do erro DOLO - Indica toda a espécie de artifício, engano promovido por uma pessoa, com a intenção de induzir outrem à prática de um ato jurídico, em prejuízo deste e proveito ou de outrem. O dolo no âmbito civil não se confunde com aquele previsto no âmbito penal ( art. 18, I do CP) onde agente atua com a vontade predestinada a causar o delito ou assumiu o risco de produzi-lo. Dolo positivo: praticado por meio de ação Dolo negativo: omissão dolosa (art.94) Dolo de terceiro: praticado por pessoa diversa dos contratantes.Se existe cumplicidade do beneficiado ou mesmo seu conhecimento, anula-se o negócio. Se,era desconhecido do beneficiado, cabe ao terceiro indenizar as perdas e danos. Dolo Recíproco ou Bilateral: Gera a neutralização do delito cometido, por que há compensação entre os dois ilícitos, como consta no dispositivo do art. 97 do atual código civil : "Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma pode alegar, para anular o ato, ou reclamar indenização DOLO: classificação Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Dolo do Representante de uma das Partes: A responsabilidade civil é cobrada conforme o proveito que tirou do negócio celebrado, através de uma ação regressiva contra o representante pela quantia que tiver desembolsado para ressarcimento do dano causado, salvo se com este estava mancomunado. Como consta nos arts. 96 e 1445 do atual código civil. Dolus Bonus: É aquele geralmente empregado no comércio informal e até mesmo no formal. Consiste em exageros nas vantagens e boas qualidades da mercadoria oferecida pelo comerciante, sendo que tal categoria não induz anulabilidade do negócio jurídico. Ex.o camelô que vende relógios afirmando que são todos provenientes da Suíça. Assim, percebe-se que é um tipo de dolo que não é capaz de viciar a vontade, por não prejudicar a segurança das relações comerciais, pois não é justificável que uma pessoa de sã consciência seja enganada por tal manobra. Dolus malus: É o dolo que prejudica efetivamente a vítima, capaz de viciar sua vontade, tornando o negócio anulável. É um artifício fraudulento que consegue enganar até mesmo as pessoas mais cautelosas e instruídas. Consiste numa fraude comissiva (decorrente de uma ação) ou numa omissão intencional de fatores essenciais ao conhecimento da vítima para que esta constitua sua vontade de acordo com seus interesses reais. ATENÇÃO O dolo anulador do negócio jurídico é sempre o dolo principal, é o dolo malus. Porque o dolus bônus é moderadamente aceitável, embora o CDC condene explicitamente a propaganda enganosa. COAÇÃO (151 a 155 CC) - representa toda ameaça ou pressão exercida sobre a pessoa para obrigá-la, contra sua vontade, a praticar ato ou realizar negócio jurídico. Ha a coação física (vis absoluta) e a coação psicológica (vis compulsiva) que diferem não só pelo meio empregado, mas sobretudo, por seus efeitos. Coação Física – pressão física suficiente para tolher os movimentos do agente fazendo desaparecer sua vontade. Não há a manifestação livre da vontade. O Ato é inexistente. Ex. tomar a mão do declarante para assinar o ato contra sua vontade. Coação psicológica – caracteriza-se pela existência de uma ameaça séria e idônea de algum dano ao declarante, o que certamente redunda num negócio anulável. Ex. ameaça de revelar segredos pessoais ou profissionais. É possível que a coação seja exercida por terceiro sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento (art. 154,CC), mas nessa hipótese prevista no art. 155 do C.C., o negócio subsistirá não sendo anulado. Não se considera coação a simples ameaça, o exercício normal de direito e nem temor reverencial (artigo 153 do Código Civil). Art. 156:"Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa". ESTADO DE PERIGO O estado de perigo ocorre no momento em que se declara a vontade assumindo obrigação excessivamente onerosa, por consta da necessidade de salvar a si ou alguém a quem se liga por vínculo afetivo, de grave dano conhecido pela outra parte. O agente somente assume obrigação excessivamente onerosa, por conta do perigo atual e iminente, que atua como fator de desequilíbrio, não aniquilando a vontade por completo, mas limitando a liberdade de manifestação ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM O ESTADO DE PERIGO a) Existência de grave dano b) Que o dano seja atual (ou iminente) c) Que o perigo seja a causa determinante da declaração d) O conhecimento do perigo pela outra parte e) A existência de obrigação onerosa excessivamente f) Intenção do declarante de salvar-se a si ou a pessoa de sua família ou a terceiro. EX. depósito em dinheiro ou prestação de garantia exigidos por hospitais e clínicas, a título de calção, para que o paciente possa ser atendido em situação emergencial. Art. 157 "ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta". LESÃO A lesão que o novo Código admite como vício de consentimento para gerar a anulabilidade consiste na hipótese em que a pactuação do negócio tenha sido fruto de premente necessidade ou de inexperiência de uma das partes, circunstâncias que foram determinantes das prestações avençadas de maneira manifestamente desproporcional. O desequilíbrio entre as prestações deverá decorrer do estado de premência ou de inexperiência. O desequilíbrio deve ser congênito, ou seja, deve ter se dado no momento da contratação e não ser fruto de oscilações de mercado ulteriores ao negócio. O desequilíbrio deve persistir até o momento da anulação porque é daqueles defeitos que a lei permite sejam remediados a posteriori. CARACTERÍSTICAS DA LESÃO Para fins de anulabilidade, a lesão deve ocorrer no ato da formação do ato. Se ocorrer por decorrência de fatos supervenientes, é causa de revisão contratual com base na teoria da onerosidade excessiva. Lesão consumerista- fatos superveniente geram nulidade apenas da cláusula usurária, devendo o juiz rever o contrato para "restabelecer o equilíbrio da relação contratual", ajustando-o ao "valor corrente" e, se for o caso, ordenando "a restituição, em dobro, da quantia recebida em excesso, com juros legais a contar do pagamento indevido" (Medida Provisória 2.172-32, art. 1º, inc. II) EFEITOS DA LESÃO “Pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio, deduzindo desde logo, pretensão com vistas à revisão judicial do negócio por meio de redução do proveito do lesionador ou do complemento do preço”. Enunciado 291, IV Jornada de Direito Civil CFJ Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. No estado de perigo, o que determina a submissão da vítima ao negócio iníquo é o risco pessoal (perigo de vida ou de grave dano à saúde ou à integridade física de uma pessoa). Na lesão (ou estado de necessidade), o risco provém da iminência de danos patrimoniais, como a urgência de honrar compromissos, de evitar a falência ou a ruína dos negócios. LESÃO X ESTADO DE PERIGO VÍCIOS SOCIAIS FRAUDE CONTRA CREDORES SIMULAÇÃO Artifício ardil utilizado pelo devedor com o intuito de burlar o recebimento do credor; consiste na alienação de bens capazes de satisfazer a pretensão legítima do detentor do crédito.. A fraude contra credores, prevista no artigo 106 do Código Civil, é a mais comum dessas manobras. Contra essa artimanhautilizada pelo devedor, surgiu a Ação Pauliana, que visa a anulação da alienação fraudulenta, para que o credor possa, assim, ter o seu crédito satisfeito. FRAUDE CONTRA CREDORES (106,CC) Há dois elementos característicos: a) eventus damni (a insolvência) b) consilium fraudis (conluio fraudulento). Podemos ao analisar certo contrato presumi-lo como fraudulento, por exemplo, se este ocorre na clandestinidade, se há continuação da posse de bens alienados pelo devedor; se há falta de causa do negócio; se há parentesco ou afinidade entre o devedor e o terceiro; se ocorre a negociação a preço vil; e pela alienação de todos os bens. CARACTERÍSTICAS DA FRAUDE CONTRA CREDORES Credor Quirografário - “É o credor que não possui qualquer título de garantia ou preferência, em relação aos bens do devedor, devendo, por isso, ser pago segunda a força dos bens livres do devedor.” Devedor Insolvente - “É o devedor que deve mais do que possui, é aquele que não paga suas dívidas na data aprazada”. A ação que pode socorrer os credores em caso de fraude é a ação pauliana ou revocatória e, pode incidir não só nas alienações onerosas, mas igualmente nas gratuitas (doações). Há o ônus de se provar o consilium fraudis e eventus damni (art. 158 do C.C.). A ação pauliana visa prevenir a lesão aos direitos dos credores, e acarreta anulação do negócio. Embora maior parte da doutrina defenda que ocorra ineficácia relativa do negócio se demonstrada a fraude ao credor, então a sentença declara a ineficácia do ato fraudatório perante o credor, permanecendo o negócio válido entre os contratantes. AÇÃO PAULIANA SIMULAÇÃO Declaração de vontade de cunho enganoso; Objetivo – Produzir efeito oposto ao indicado; Causa de Nulidade do negócio jurídico; O declarante NÃO é vítima e sim o agente; Art. 167, §1º , I, II, III, §2º, CC/02 Simulação Absoluta: - Declaração de vontade ou confissão de dívida para não gerar efeitos jurídicos; - Situação jurídica irreal e lesiva; - Exemplo: Sujeito simula com outro a locação de um bem, sem que de fato o contrato exista; da pessoa que emite títulos de crédito em seu desfavor para demonstrar à determinado credor que existem outras dívidas a serem pagas. Simulação Relativa: - Há declaração de vontade ou confissão falsa como o objetivo de encobrir o ato; - Declaração emitida aparentando destinar direitos à alguém quando na verdade os transfere para terceiros; - Exemplo: Homem casado, pretende doar um bem a sua concubina; ante a proibição legal, o alienante simula uma compra e venda que, em seu bojo, encontre o ato que efetivamente, se quer praticar: a doação do bem com o efeito de transferência gratuita da propriedade. Ana Elisa empresta R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a seu amigo, Luiz Gustavo. No vencimento da obrigação, Luiz Gustavo não paga o empréstimo. Ana Elisa, dispondo de título executivo, ingressa com a ação de execução. Nenhum bem de Luiz Gustavo é encontrado para ser penhorado. Ana Elisa, porém, descobre que Luiz Gustavo, após vencido o débito, havia vendido para seu irmão Otacílio o único imóvel de que era titular, mais precisamente, uma sala comercial avaliada em R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais). Pergunta-se: 1) É válida a venda entre Luiz Gustavo e Otacílio? 2) A situação seria diferente caso, ao invés de venda, tivesse havido uma doação? 3) Que providências devem ser tomadas por Ana Elisa, caso ela queira reaver o dinheiro emprestado? Caso Concreto 1 Em ação anulatória de negócio jurídico ajuizada por Berenice em face de Cláudia, alega a autora que celebrou contrato preliminar de promessa de compra e venda com a ré, atribuindo a uma luxuosíssima mansão preço vil, o que só constatou posteriormente. Neste sentido, pretende a autora a anulação invocando ter ocorrido a figura da lesão. Por outro lado, em contestação, a ré sustenta que a autora é pessoa culta, que inclusive se qualificou como comerciante no instrumento do contrato. Logo, não poderia alegar que desconhecia o valor de seu próprio imóvel, devendo prevalecer o negócio celebrado. Pergunta-se: a) Se ficasse comprovado nos autos que o valor do bem estava próximo ao valor de mercado poderia se considerar a existência da figura da lesão? Justifique. b) O argumento da ré quanto às condições pessoais da autora é pertinente para o estudo da figura da lesão? Justifique. Caso Concreto 2 Carla sofre acidente, vindo a necessitar urgentemente de socorro médico. Um médico que estava na cidade a socorre e a interna em uma pequena clínica, que exige o pagamento de um exorbitante valor de trezentos mil reais. No dia seguinte, Cláudio, marido de Carla, após pagar o valor, consulta seu advogado para saber se tal negócio pode ser anulado. Com fundamentos legais, responda à consulta do cliente. Caso Concreto 3 Esmeralda precisa fazer um pagamento ao seu credor, Cláudio, por meio de depósito em conta bancária. Por engano, faz o depósito em conta de outra pessoa, Júlio. Este, feliz, saca o dinheiro de sua conta e o gasta. Mais tarde, quando Esmeralda exige o dinheiro de volta, Júlio alega que não coagiu ninguém a fazer o depósito e que o que aconteceu foi uma doação. Cláudio, por sua vez, cobra o dinheiro de Esmeralda. Pergunta-se: 1) Houve algum defeito do negócio jurídico na hipótese? Em caso afirmativo, qual? 2) Como ficam, respectivamente, as situações de Esmeralda, Cláudio e Júlio diante do ocorrido? Caso Concreto 4 Estevão, jovem de 19 anos, adquire com o produto de seu trabalho uma motocicleta e fica muito satisfeito com a compra. Sua mãe, Almerinda, não partilha de seu entusiasmo. Exige que o filho venda a moto, chora e ameaça deixar de falar com ele. Depois de muitos conflitos, Estevão cede aos pedidos da mãe e vende a fonte dos problemas a outro jovem, Ezequiel. Meses depois, Estevão, aluno do curso de Direito, aprende que os negócios jurídicos praticados por coação são anuláveis e começa a pensar em maneiras de reaver a motocicleta vendida. Pergunta-se: 1) Houve, na venda efetuada entre Estevão e Ezequiel, algum defeito do negócio jurídico? 2) O negócio jurídico em questão é válido? 3) Estevão pode fazer algo para reaver a motocicleta de Ezequiel? Caso Concreto 5 O dolo é vício de vontade que torna anulável o negócio jurídico. Argüida a prática do dolo num determinado negócio, é INCORRETO afirmar que: (A) a intenção de quem pratica o dolo é a de induzir o declarante a celebrar um negócio jurídico; (B) a utilização de recursos fraudulentos graves pode se dar por parte do outro contratante ou de terceiros, se forem do conhecimento daquele; (C) o silêncio intencional de uma das partes sobre fato relevante ao negócio também constitui dolo; (D) o dolo recíproco impede a anulação do negócio jurídico sobre o qual incidiu; (E) o dolo do representante de uma das partes obriga o representado a responder civilmente por todo o prejuízo do outro contratante, independentemente do proveito que o mesmo representado experimentar. Questão Objetiva 6 O Código Civil exige, para a validade do ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente: A) tenha capacidade de gozo, a capacidade de direito, a capacidade de aquisição. B) tenha capacidade de fato, a capacidade de ação, a capacidade de exercício. C) pessoa física, seja dotado de personalidade jurídica. D) tenha sempre mais de 18 anos de idade. E) nenhuma das respostas anteriores está correta. Questão Objetiva 7
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