Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-1 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3. HIDROSTÁTICA (Estática de Fluidos) 3.1. Lei Hidrostática de Pressões “There are no shear stresses in fluids at rest; hence only normal pressure forces are present. Therefore the pressure at any point in a fluid at rest is the same in every direction”. A hidrostática ocupa-se do estudo de fluidos em repouso, razão pela qual a força de contacto exercida sobre uma área tem apenas a componente vertical (normal). Designa-se por pressão a força aplicada por unidade de superfície (área). Admitindo um corpo de volume , limitado pela superfície A, mergulhado numa massa líquida; e considerando que dA representa um elemento de área nessa superfície e dF a força perpendicular que atua sobre a área elementar (dA), ver Figura 3.1, a pressão (p) é expressa por: dA dF p (3.1) Atenção: a força é sempre perpendicular a superfície, conforme ilustra a figura ao lado. Quando se considera toda a área, o efeito da pressão produzirá uma força resultante (impulsão/empuxo ou pressão total) que é obtida pela equação: A pdA , ou quando a pressão é a mesma em toda a área pA . Figura 3.1 – Representação da pressão exercida sobre uma área elementar. De acordo com a lei de Pascal (estabelecida por Leonardo da Vinci) “em qualquer ponto no interior de um líquido em repouso, a pressão é a mesma em todas as direcções”. Vamos demonstrar a lei considerando um prisma imaginário de dimensões elementares: comprimento dx, altura dz e espessura dy (ver Figura 3.2). O p é a pressão média em qualquer direção no plano de papel, px e pz são, respectivamente, as pressões médias nas direcções horizontal e vertical. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-2 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD x = cos z = sen 22 zx x z arctg (a) Pressão nas faces perpendiculares ao plano do papel (b) Revisão básica da trigonometria Figura 3.2 – Prisma imaginário no interior de um líquido em repouso. Pelo fato do prisma estar em equilíbrio, o somatório das forças é nulo. Portanto, para direção de X: Deste modo, senθdypddydzpx , com ddzsen θ d dz dypddydzpx pdydzdydzpx ppx Para direção de Z: 0zF Deste modo, dxdydzθcosdypddxdypz 2 1, com d dx θcos ½ dxdzdy 0xF Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-3 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD O terceiro termo dxdydz 2 1 é de ordem superior em relação aos outros dois termos e pode ser desprezado1. d dx dypddxdypz pdxdydxdypz ppz Finalmente, tem-se que ppp zx Nota: na demonstração acima desprezou-se o peso pelo fato do prisma ser de dimensões elementares. De acordo com a lei de Stevin (pressão exercida por uma coluna líquida) “a diferença de pressões entre dois pontos de massa de um líquido em equilíbrio é igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso volúmico do líquido (e.g. água = 9800 N/m3)”. O somatório das forças que atuam, na vertical, sobre o prisma deve ser: 0yF Logo, 021 AphAAp hpp 21 h pp 21 Figura 3.3 – Ilustração da pressão exercida, por uma coluna líquida em repouso, num prisma ideal. Finalmente, importa referir que a Hidrostática estuda fluidos em repouso, considerando a massa volúmica constante ( = constante). 1 Nota: na demonstração acima desprezou-se o peso pelo fato do prisma ser de dimensões elementares. A força correspondente ao peso do triângulo é dada por: *área do prisma triangular*largura (i.e. *½ dxdz*dy). Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-4 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Portanto, de acordo com a Lei Hidrostática de Pressões, a pressão num líquido em repouso será: tetanconsz p ou tetanconszp g 1 (3.2) onde: p – pressão num dado ponto (Pascal ou N/m2). Nota: 1 kgf/m2 = 9,8 N/m2 e 1 bar = 1,012*105 N/m2; z – cota geométrica do ponto, a que se refere a pressão, em relação a um plano horizontal de referência (m); – peso volúmico (N/m3); z p – cota piezométrica em relação a um plano horizontal de referência (assume uma valor constante em todos os pontos de um líquido) (m); e p é altura piezométrica (ou de pressão) (m). Nota importante: a pressão é uma grandeza escalar (não vetorial). 3.1.1. Pressões Absolutas e Relativas Entre a pressão absoluta e relativa existe a seguinte relação: aatmosféricrelativaabsoluta ppp (3.3) A pressão exercida na superfície de um líquido é exercida pelos gases sobrejacentes (e.g. pressão atmosférica). Considerando a pressão atmosférica (ver Figura 3.4), tem-se a seguinte situação: 11 hpp a 212 hpp Figura 3.4 – Representação da pressão num ponto no interior de um líquido em repouso. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-5 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Na hidráulica, geralmente, trabalha-se com pressões relativas (também pode receber a designação de pressão manométrica ou pressão efectiva) visto que o que interessa calcular ou medir é a diferença de pressão entre os pontos. Assim, como a pressão atmosférica atua de igual modo em todos os pontos é comum não ser considerada. Ver a Figura 3.5 que corresponde à uma situação em que se pretende determinar a pressão exercida pela massa líquida na parede do reservatório. Figura 3.5 – Pressão exercida pelo líquido, em repouso, na parede do reservatório. Como a pressão atmosférica atua de ambos os lados da parede, ela anula-se no ponto . Nota Importante: no caso de estudo dos gases a pressão atmosférica deverá ser sempre considerada. Saliente-se que a pressão atmosférica normal (i.e. correspondendo ao nível médio do mar) assume o valor de 1,012x105 N/m2 (1,033x104 kgf/m2) que equivale à uma altura de coluna de água de 10,33 m (i.e., 3310, pa m). Exercício 3.1 (modificado de Quintela, 2005: 14) Considere um reservatório de água, com superfície livre à pressão atmosférica normal, no qual mergulham os extremos de um tubo em U invertido, cheio de água (ver Figura 3.6). Figura 3.6 – Reservatório com tubo em U invertido (cheio de água). a) Calcular a pressão (absoluta e relativa) no ponto A no interior do tubo, situado 6,0 m acima da superfície livre. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-6 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD b) Calcular a altura máxima h para que não haja vaporização da água no ponto B (ev = 2450 N/m2). Resolução: na sala de aulas. 3.1.2. Medição das Pressões: Tubo Piezométrico e Manómetros A técnica mais simples para medição da pressão consiste no uso de um tubo piezométrico (também conhecido como piezómetro). Para o caso de escoamento sob pressão no interior de um conduto (i.e. escoamento de líquido sem superfície livre), a altura piezométrica ( p ) corresponde à altura a que subiria a superfície livre do líquido (acima do conduto), num tubo (geralmente vertical) de pequeno diâmetro (convém que o diâmetro seja > 1 cm para ser desprezável os efeitos da tensão superficial ou da capilaridade) designado por tubo piezométrico (ver Figura 3.7). Figura 3.7 – Ilustração do tubo piezométrico inserido num conduto horizontal. Manómetro é um instrumento utilizado para medir a pressão. Utiliza-se uma coluna de líquido para medir a diferença de pressão entre um ponto e a atmosfera, ou entre dois pontos, dos quais nenhum está à pressão atmosférica. O tubo piezométrico supracitado só é aplicável em situaçõesem que se pretende medir pequenas pressões (manométricas) em líquidos (ver Figura 3.7). Porém, quando se trata de pressões elevadas é preciso recorrer a manómetros de líquido. O manómetro de coluna líquida (técnica muito antiga) pode ser simplesmente um tubo transparente com a forma de U no qual se coloca uma certa quantidade de líquido (ver Figura 3.8). O líquido introduzido no tubo terá que respeitar às seguintes condições: i) ser imiscível com o líquido (cuja pressão se pretende medir) que se encontra no conduto ou recipiente; ii) possuir densidade superior a do líquido que se encontra no conduto ou recipiente. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-7 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Os manómetros de coluna líquida podem ser em U (só assim será possível medir pressões negativas) ou ter uma única coluna que pode ser vertical ou inclinada. Figura 3.8 – Ilustração do manómetro (de líquido) em U. Questão: Como determinaria as pressões em X, Y e a pressão p (a pressão na linha média do conduto) do líquido A no interior do conduto? A pressão em X: pghphp aAaX A pressão em Y: bBby ghhp (porque a extremidade do tubo está em contacto com a atmosfera) A pressão no interior do conduto , p: bBaAyx ghpghpp Para aprofundar este assunto deverá consultar, por exemplo Azevedo Netto et al. (1998: 27-29) e Massey (2002: 83-84). O último autor descreve (ver p. 90-91) um outro dispositivo usado na medição de pressão, o barómetro. Quando o fluído A é gasoso e o B líquido, pode-se desprezar o A. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-8 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Figura 3.9 – Manómetro. (a) Para medir diferença de pressão p em líquidos ou gases. (b) Para medir p nos líquidos apenas (adaptada de Daugherty et al., 1985: 36). 3.1.3. Prensa hidráulica e o Macaco hidráulico O fato de um aumento de pressão, num fluído confinado, ser transmitido uniformemente através do fluído, é aproveitado em dispositivos hidráulicos (e.g. prensa hidráulica e o macaco hidráulico) (Massey, 2002: 84-85). Figura 3.9 – Prensa hidráulica. Ao aplicar uma pequena força Fa sobre um pistão de área Aa (ver Figura 3.9) exerce-se um força FB, sobre um pistão de área AB, sujeitando-o a uma pressão BB A/Fp . a B aB a a B B A A FF A F A F (3.4) B BA A pzsyz p syzz pp BA BA syy pp BA Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-9 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3.2. Impulsão Hidrostática (ou Empuxo Hidrostático) Por impulsão hidrostática (ou simplesmente impulsão/empuxo) entende-se a força aplicada sobre superfícies mergulhadas. Aspectos a ter em consideração: a pressão do líquido provoca forças sobre a superfície com a qual contacta; as forças distribuídas sobre a superfície têm uma resultante (é esta força resultante que na prática interessa determinar a grandeza, a direção e a linha de acção); quando a superfície é plana e horizontal, o contacto com o líquido em repouso dá origem à uma força resultante (ou força total) que corresponde ao produto da pressão (p) pela área da superfície (A) (ver Figura 3.10) ghApA (3.5) Nessa situação: i) a direção de atuação da força é perpendicular ao plano (no sentido do fluído para o plano); ii) o ponto de atuação da força é o centróide ( centro de gravidade) do plano. Figura 3.10 – Pressão e impulsão sobre superfície horizontal [3]. quando a superfície não é horizontal, a pressão varia de ponto para ponto, sobre a superfície, e o cálculo da força total (impulsão/empuxo) é menos simples. O centróide do volume, corresponde ao centro de impulsão, depende da forma do volume considerado. Importa referir que não é exatamente o mesmo que o centro da gravidade do corpo que depende do modo como o peso está distribuído pelo corpo (ver Massey, 2002: 116). Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-10 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3.2.1. Impulsão (ou Empuxo) sobre superfície plana Considere uma superfície plana, mergulhada num líquido em repouso, que faz um ângulo com a superfície livre do líquido (ver Figura 3.11). Figura 3.11 – Impulsão hidrostática sobre superfície plana inclinada. Questão: como determinar a força resultante (impulsão) sobre uma superfície plana e inclinada? Regras básicas: 1. considerar que o eixo Oy coincide com o plano inclinado; 2. o eixo Ox é perpendicular ao eixo Oy (i.e. Ox é perpendicular ao plano inclinado); 3. ter em atenção que qualquer área elementar (ou porção) da superfície submersa está sob a acção de uma força devido à pressão do líquido; 4. saber que sobre qualquer porção de superfície (superfície elementar) dA mergulhada a uma profundidade h atua uma pressão p que é dada por ghp . Logo, a força correspondente sobre a porção da superfície será: AghAp , com ysenh (3.6a) Agysen (3.6b) Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-11 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD onde: é a força elementar; h é a profundidade da porção da área A que se relaciona com a coordenada y por ysenh . 5. ter presente que não são exercidas forças tangenciais sobre o plano da superfície porque o líquido está em repouso. Logo, a força é perpendicular ao elemento (ou porção) da superfície que por ser plana faz com que todas as forças elementares sejam paralelas entre si. Portanto, a força total (impulsão hidrostática) que atua num dos lados da superfície plana vem expressa da seguinte maneira: AygsenAgysen AA (3.7a) Nota: Ay A é o momento estático da área e respeita a condição 0AyAy A (3.7b) onde: A é a área total e y0 a coordenada (ou posição) do centro de gravidade. Finalmente, AhgAygsen 0 , com 0ysenh (3.7c) Além dos aspectos supracitados, é preciso conhecer a linha de acção da força total (perpendicular ao plano) e determinar o ponto no qual a linha de acção da força encontra o plano. Este ponto designa-se por Centro de Impulsão (CI) ou Centro de Pressão. A distância que separa o CI da superfície é medida sobre o plano inclinado e é igual a: distância ao centro de gravidade + uma distância d (3.8a) 0Ay I d 'GG (3.8b) Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-12 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD onde: IGG’ é o momento de inércia2 da área da superfície plana em relação ao eixo 0x, A a área da superfície e 0y a coordenada do centro de gravidade (medida, desde a superfície, sobre o plano – vertical ou inclinado – em que se encontra a placa). Quintela (2005: 22) apresenta uma tabela com a posição do centro de gravidade, área e o momento de inércia para várias figuras planas. QUADRO 3.1 – Momento de inércia (IGG’) e área de formas geométricas comuns. Designação Esquema Área (A) IGG’ Rectângulo ba 12 3ba I 'GG Triângulo ba 2 1 36 3ba I 'GG Círculo 2R 4 4R I 'GG Semicírculo 8 4R Parábola bh 3 2 3 2 h b 2 Momento de inércia mede a distribuição da massa de um corpo em torno de um eixo de rotação. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-13 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3.2.1.1. Impulsão sobre superfície plana premida em duas faces No caso de superfícies planas premidas nas duas faces (i.e. nos dois lados)pelo mesmo líquido e com superfície livre do líquido exibindo uma diferença de nível hs (ver Figura 3.12), a resultante das forças de pressão será: (3.9) onde: e hs são constantes. Figura 3.12 – Superfície plana(a) e vertical premidas nas duas faces. A impulsão resultante, com o ponto de aplicação (centro de impulsão) coincidente com o centro de gravidade da superfície, é expressa pela equação: Ahs (3.10) A equação (3.10) só é valida quando se despreza a espessura da superfície onde é exercida a impulsão excepto quando se trata de parede vertical. 3.2.2. Impulsão sobre superfície curva Ao contrário do que acontece com a superfície plana, no caso das superfícies curvas a resultante do sistema de forças de pressão não é uma força única. Nesse caso tem-se: impulsão vertical ( v) e impulsão horizontal ( h). O cálculo da impulsão hidrostática numa superfície curva tem procedimento diferente relativamente ao caso das superfícies planas (não se trata de algo complexo como vem referido em muitos livros! É apenas diferente!). O procedimento é diferente devido aos seguintes fatos: Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-14 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 1) as forças que atuam sobre áreas elementares (porções da superfície) não são todas paralelas; 2) como as forças não são paralelas a simples soma algébrica das respectivas grandezas não tem significado; 3) apenas podem ser somadas as componentes das forças atuantes, segundo direcções especificadas, separadamente de modo a calcular as componentes da força resultante; 4) é necessário determinar as componentes horizontal e vertical da força resultante (total). Analisemos os casos ilustrados nas figuras seguintes (Figura 3.13, 3.14) para melhor compreender a situação. (a) Impulsão sobre superfície curva (b) Componente vertical e horizontal da impulsão (c) Volume vertical ( L) e a projeção ortogonal da área (Apo) Figura 3.13 – Impulsão hidrostática sobre superfície curva. A impulsão vertical ( v) A componente vertical da impulsão é igual ao peso do volume de líquido ( L) delimitado pela superfície premida, pelas projectantes verticais tiradas pelo contorno da superfície e pela superfície livre (vide equação de v na Figura 3.13b). Lv (3.11) A impulsão horizontal ( h) A componente horizontal da impulsão é igual à impulsão hidrostática exercida sobre a superfície plana correspondente à projeção ortogonal da superfície curva num plano perpendicular (vide equação de h na Figura 3.13b). L Apo + = 90 ºC Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-15 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD poCGh Ah (3.12) onde: hCG é altura da coluna do líquido até a centro da gravidade da superfície plana correspondente à projeção ortogonal da superfície curva, Apo é a área da superfície plana correspondente à projeção ortogonal da superfície curva, conforme indica a Figura 3.13b. A impulsão resultante (força total ou global, ) A impulsão resultante, quando as componentes horizontal e vertical da força são coplanares3, obtém-se através da equação: 22 hv (3.13) A direção da impulsão é determinada através do ângulo formado com o plano horizontal (ver Figura 3.13a): h vtg , sendo h varctg (3.14) O caso anterior (representado na Figura 3.13) refere-se à uma comporta côncava. Iremos agora analisar uma situação correspondente à impulsão exercida sobre uma superfície cilíndrica convexa. 3 Forças que atuam no mesmo plano. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-16 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD (a) Impulsão sobre superfície cilíndrica (b) Forças atuantes (c) Volume ( L1) correspondente a força vertical v1 (d) Volume ( L2) correspondente a força vertical v2 Figura 3.14 – Impulsão hidrostática sobre superfície curva. A impulsão vertical ( v) De acordo com a Figura 3.14c, d: 21 vvv , com 11 Lv e 22 Lv (3.15) A impulsão horizontal ( h) De acordo com a Figura 3.14b: 21 hhh , com 111 poCGh Ah e 222 poCGh Ah (3.16) onde: hCG é altura da coluna do líquido até a centro da gravidade da superfície plana correspondente à projeção ortogonal da superfície curva, Apo é a área da superfície plana correspondente à projeção ortogonal da superfície curva. Nota: resolva os exercícios da Fichas 2B. Após a resolução poderá considerar-se um expert no assunto . Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-17 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3.2.3. Impulsão sobre corpos mergulhados Conceitos a saber sobre impulsão sobre corpos mergulhados num líquido em repouso: um corpo total ou parcialmente mergulhado num líquido fica sob a ação de uma força global para cima (designada por impulsão/empuxo); a impulsão, para cima, é exercida pelo líquido e deve-se ao fato da pressão nas regiões inferiores do corpo (Finf) ser superior à pressão nas regiões superiores (Fsup) – ver Figura 3.15b; a impulsão não tem componente horizontal porque as forças exercidas pelo fluído em cada lado do corpo são iguais (equilibram-se) – Figura 3.15b; (a) Corpo mergulhado com contorno ABCD (b) Forças atuantes Figura 3.15 – Impulsão sobre corpo mergulhado. a força para cima (representada na Figura 3.15b por Fin, DAB) corresponde ao peso do volume do líquido delimitado pela linha DABX’XD; a força para baixo (exercida na superfície DCB) corresponde ao peso do líquido na região DCBX’X; o líquido exerce sobre o corpo uma força resultante para cima que é: (3.17a) ABCDABCD g (3.17b) a impulsão é a resultante da força ascendente (para cima) exercida pelo líquido sobre o corpo ( corpog ). De acordo com o “princípio de ARQUIMEDES”4, a impulsão 4 Site com ilustrações do princípio de Arquimedes: http://www.grow.arizona.edu/Grow--GrowResources.php?ResourceId=197 Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-18 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD exercida sobre um corpo mergulhado é igual ao peso do volume do líquido deslocado. Quando a impulsão é maior que o peso do corpo, este flutua; se o corpo estiver parcialmente mergulhado a impulsão será igual ao peso do volume da parte mergulhada (Figura 3.16); (a) Corpo parcialmente mergulhado (b) Parte mergulhada Figura 3.16 – Impulsão sobre corpo parcialmente mergulhado. quando um corpo mergulhado não está apoiado, o equilíbrio apenas ocorre quando a impulsão sobre o corpo for rigorosamente equivalente ao seu peso. Se a impulsão for superior ao peso (e.g. o caso do balão no ar, bolha de ar na água) o corpo sobe até que a sua massa volúmica média seja equivalente a do fluído envolvente. As duas forças F1 e F2 são iguais a peso do volume de água que ocuparia o volume ocupado pelo objeto. Logo, F1 = peso do volume da água ABECD F2 = peso do volume da água ABFCD FB = F2 – F1 = peso do volume da água BECF Se FB for maior que o peso do objeto, o objeto subirá para a superfície da água. Se FB for menor que o peso do objeto, o objeto afunda-se até a base do reservatório. Figura 3.17 – Diagrama de pressão num objeto submerso. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-19 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Exercício 3-2 Uma bola plástica de 2,0 ft de diâmetro é colocada na água. Qual é o empuxo (buoyant force) atuante na bola? Indique se a bola flutua ou se afunda? Ficheiro:Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-20 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD 3.2.4. Equilíbrio de corpos flutuantes Um corpo flutuante apresenta, necessariamente, o peso inferior ao peso do volume do líquido que pode deslocar. Portanto, para que o corpo flutue a sua massa volúmica tem que ser inferior a do líquido. Nesse caso, o peso total do corpo vai ser igual ao produto do volume submerso pelo peso volúmico (ou específico) do corpo. A porção submersa do corpo é designada, na literatura brasileira, por carena ou querena. É ainda comum designar-se o centro de gravidade da parte submersa por centro de carena que corresponde ao ponto de aplicação da impulsão. Existem três estados possíveis de equilíbrio: i. Equilíbrio estável – quando sujeito a um deslocamento o corpo retoma a posição original; ii. Equilíbrio instável – nesse caso o corpo não regressa a posição inicial, afastando-se cada vez mais; iii. Equilíbrio neutro ou indiferente – quando sujeito a um deslocamento e depois abandonado, permanece na nova posição (não regressa à posição original e nem se afasta). Para garantir o equilíbrio estável dum corpo flutuante é necessário que se cumpram as seguintes condições: o centro de gravidade (CG) do corpo deve situar-se abaixo da posição do metacentro (MC), i.e. CG < MC; m 'GGIMC (3.18) onde: MC é a posição do metacentro, IGG’ o momento de inércia da área que a superfície do líquido interceta no flutuante relativo ao eixo sobre o qual se supõe que o corpo possa virar, m o volume da parte submersa do corpo (volume de carena). Quando o CG e MC coincidem o equilíbrio é neutro/indiferente. Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-21 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Nota: para ângulos pequenos (inferiores a 15º, fraca inclinação do corpo) a variação da posição do metacentro não é significativa podendo-se considerar a altura metacéntrica constante (a variação da distância entre CG e MC) (Azevedo Neto et al., 1998: 41-44, Massey, 2002: 118-131). Exercício 3-3 Considere um prisma rectangular de madeira com as dimensões indicadas na Figura e de densidade 0,82. Verifique se o prisma flutuará em condições estáveis na posição indicada. Figura 3.17 – Corpo flutuante. Resolução: Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-22 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD Exercício 3-4 Pretende-se colocar uma bóia cilíndrica de 80 kg, com 1,50 m de altura e 1,0 m de diâmetro, a flutuar com o eixo na vertical, em água do mar com massa volúmica 1026 kg/m3. Agarrado ao centro da superfície de topo da bóia está um corpo com 10 kg de massa. Pretende-se mostrar que haverá instabilidade inicial, com a bóia a flutuar livremente. Figura 3.18 – Corpo flutuante. Resolução: Ficheiro: Hidrostatica_v4.doc Pág. 3-23 de 3-23 Herlander MATA-LIMA, PhD REFERÊNCIAS AZEVEDO NETTO, J.M., FERNANDEZ Y FERNANDEZ, M., ARAUJO, R., ITO, A.E. (1998). Manual de Hidráulica. 8ª Edição, Editora Edgar Blücher, São Paulo. DAUGHERTY, R.L., FRANZINI, J.B. & FINNEMORE, E.J. (1985). Fluid Mechanics with Engineering Applications. 8th Edition, McGraw-Hill, New York. MASSEY, B.S. (2002). Mecânica dos Fluidos. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. QUINTELA, A.C. (2005). Hidráulica. 9ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Compartilhar