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Bruce G. Trigger HISTÓRIA DO PENSAMENTO ARQUEOLÓGICO Tradução: Ordep Trindade Serra 2a Edição 2004 Para Barbara SUMÁRIO Prefácio à edição brasileira Prefácio do autor 1. A importância da história da arqueologia Contribuições para a história da arqueologia O ambiente da arqueologia Interpretação arqueológica Desafios 2. Arqueologia Clássica e Antiquarianismo O Mundo Antigo ODYSSEUS O paradigma medieval da história Desenvolvimento da arqueologia histórica Antiquarismo no norte da Europa Identificação de instrumentos de pedra O paradigma da Ilustração Antiquarianismo científico Antiquarismo e o romantismo O Novo Mundo Impasses do antiquarianismo 3. Os inícios da arqueologia científica Datação relativa O desenvolvimento e expansão da arqueologia escandinava A antigüidade da humanidade Arqueologia paleolítica Reações anti-evolução Arqueologia na América do Norte Conclusão 4. A síntese imperial Ascensão do racismo A síntese de Lubbock Arqueologia colonial na América Arqueologia racista na África Arqueologia na Nova Zelândia Pré-história australiana 5. Arqueologia histórico-cultural Difusionismo A síntese monteliana da pré-história européia O conceito de cultura Kossinna e o enfoque histórico-cultural Childe e A Aurora da Civilização Européia Arqueologia nacional Arqueologia histórico-cultural na América do Norte Desenvolvimentos técnicos Conclusões 6. Arqueologia soviética A arqueologia na Rússia czarista Arqueologia nos tempos da Nova Política Econômica O nascimento da arqueologia soviética Consolidação Desenvolvimentos recentes Conclusões 7. Funcionalismo na arqueologia ocidental O desenvolvimento da antropologia social Funcionalismo ambiental Enfoques econômicos Childe e a arqueologia soviética Childe como arqueólogo marxista Grahame Clark Início do funcionalismo nos Estados Unidos O enfoque conjuntivo Arqueologia ecológica e arqueologia dos assentamentos Conclusões 8. Neo-evolucionismo e Nova Arqueologia Neo-evolucionismo A Nova Arqueologia Teoria de sistemas Anti-historicismo Arqueologia cataclísmica Conclusões 9. A explicação da diversidade Contato entre sociedades Neo-historicismo Idealismo e neomarxismo Arqueologia contextual A Arqueologia como tal Conclusões 10. A arqueologia e contexto social As metas da arqueologia Arqueologia: história e ciência Críticas relativistas Coleta de dados e generalizações empíricas Diálogo interno Limites da inferência comportamental As realizações da arqueologia Diálogo externo Perspectivas Futuras 11. Ensaio bibliográfico Arqueologia Clássica e o Antiquarismo Os inícios da Arqueologia Científica A Síntese Imperial Arqueologia histórico-cultural Arqueologia Soviética Funcionalismo na Arqueologia Ocidental Neo-evolucionismo e nova Arqueologia A explicação da diversidade A Arqueologia em seu Contexto Social Prefácio à edição brasileira Haiganuch Sarian Museu de Arqueologia e Etnologia Universidade de São Paulo Publicado em 1989 e várias vezes reimpresso, este livro de Bruce G. Trigger não é apenas uma recensão crítica da história da Arqueologia como uma disciplina. Mais do que isso, o autor oferece uma contribuição significativa sobre a natureza da Arqueologia, acrescentando sua própria opinião em relação a outros eminentes pensadores. No seu próprio dizer, "este livro examina as relações entre a Arqueologia e seu meio social em uma perspectiva histórica". Esta tradução nos chega em boa hora: não são poucos os leitores que se interessam pela Arqueologia, porém buscando mais os resultados obtidos por uma longa tradição de pesquisas de campo do que o entendimento profundo e acertado do "pensamento arqueológico", suas teorias e métodos, seu nível de reflexão, seu discurso próprio e diferenciador. Este livro de Trigger vem, pois, preencher uma lacuna em nosso meio, atendendo tanto a interessados em geral quanto a estudantes e pesquisadores dessa área. Trata-se, sem dúvida, de um filão promissor a ser seguido e explorado no mercado editorial brasileiro. Bruce G. Trigger (1937-) é professor de Arqueologia na McGill University, Canadá. Notabilizou-se com inúmeros artigos publicados em diferentes países e sobretudo com os livros Time and Traditions: Essays in Archaeological Interpretation (Edinburgh, 1978) e Gordon Childe: Revolutions in Archaeology (London, 1980). A sua História do pensamento arqueológico é uma obra de plena maturidade. Os dez capítulos de que se compõe apresentam-se cronologicamente, enfocando as maiores correntes teóricas e seu meio social e ressaltando que as abordagens interpretativas nas quais está interessado tendem a se sobrepor e interagir umas com as outras no espaço e no tempo. Desde a relevância da história da Arqueologia (cap. 1) até as sínteses da história do pensamento arqueológico no século XX (caps. 2 a 5), Trigger revela a natureza dessa disciplina como um produto social. Assim é que discorre sobre a Arqueologia Clássica e o Antiquarianismo, desde suas origens na Antigüidade até o Romantismo do final do século XVIII (cap. 2); o início da Arqueologia científica no século XIX (cap. 3) com a introdução da cronologia relativa e o estudo do desenvolvimento cultural a partir das perspectivas humanísticas (Escandinávia) e das ciências naturais (Inglaterra, França). Sob o título "A síntese imperial" (cap. 4), discute a raiz de um pensamento racista imperial baseado numa abordagem unilinear evolutiva que colocou os brancos acima dos povos de cor, opiniões estas que acompanharam o expansionismo europeu por todo o século XIX. Para completar esta série de capítulos históricos, examina no cap. 5 o desenvolvimento da Arqueologia histórico-cultural no início do século XX, surgindo de conceitos europeus de etnicidade e nacionalismo e a propagação antropológica do conceito de cultura. Seguem quatro capítulos explorando as tendências do pensamento arqueológico no decorrer do séc. XX, como o relato sobre a Arqueologia na União Soviética e a força de sua teoria marxista, sendo os soviéticos os pioneiros na década de 1930 a desenvolver a arqueologia dos assentamentos e a explicação social de dados arqueológicos (cap. 6). Passando pelo "Funcionalismo na Arqueologia ocidental" (cap. 7) e seu grande impacto na área a partir da Segunda Guerra Mundial, e pelo "Neo-evolucionismo e Nova Arqueologia" com seu anti-historicismo (cap. 8), completa com "A explicação da diversidade" (cap. 9) caracterizada pela expansão de várias correntes de pensamento na década de 1970 e seguintes e a reabilitação da História nas tendências neo-historicistas. Finalmente, é no capítulo conclusivo "A Arqueologia e seu contexto social" (cap. 10) que se revela mais profundamente o "pensamento arqueológico" de Trigger, acreditando como Childe (Archaeology and Anthropology, 1946; Archaeology as social science, 1967) que a Arqueologia pode contribuir para uma "ciência do progresso" mais objetiva. Enquanto conclui que fatores subjetivos influenciam a interpretação arqueológica em todos os seus níveis, ele também assinala que o registro arqueológico constrange e limita o que é possível acreditar sobre o passado. "Os achados da Arqueologia", diz Trigger, "ainda que subjetivamente interpretados, modificaram a percepção que a humanidade tem de sua história, de sua relação com a natureza, e de sua própria