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principais julgados de direito penal 2016

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Série Retrospectiva 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
1) Não se aplica o princípio da insignificância nos casos envolvendo Lei Maria da Penha 
Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência 
doméstica. 
STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). 
 
2) Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação 
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante 
(art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. 
É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – 
que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção 
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. 
A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o 
princípio da proporcionalidade. 
Obs: no caso concreto, o mérito da imputação feita contra os réus ainda não foi julgado e o 
STF não determinou o "trancamento" da ação penal. O habeas corpus foi concedido 
apenas para que fosse afastada a prisão preventiva dos acusados. 
STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
29/11/2016 (Info 849). 
 
3) Momento consumativo do roubo 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante 
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à 
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse 
mansa e pacífica ou desvigiada. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590). 
 
4) Prostituta que arranca cordão de cliente que não quis pagar o programa responde por 
exercício arbitrário das próprias razões 
A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar exercendo pretensão 
legítima, arranca cordão do pescoço de seu cliente pelo fato de ele não ter pago pelo serviço 
sexual combinado e praticado consensualmente, pratica o crime de exercício arbitrário das 
próprias razões (art. 345 do CP) e não roubo (art. 157 do CP). 
STJ. 6ª Turma. HC 211.888-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/5/2016 (Info 584). 
 
5) Contato físico entre autor e vítima não é indispensável para configurar estupro 
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor 
de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração 
do delito de estupro de vulnerável. 
 
Retrospectiva– Principais Julgados de Direito Penal 2016 
 
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Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o 
“ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a 
consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. 
STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
 
6) Não configuração do crime de desobediência na hipótese de não atendimento por 
Defensor Público-Geral de requisição judicial de nomeação de defensor 
Não configura o crime de desobediência (art. 330 do CP) a conduta de Defensor Público Geral 
que deixa de atender à requisição judicial de nomeação de defensor público para atuar em 
determinada ação penal. 
A Constituição Federal assegura às Defensorias Públicas autonomia funcional e administrativa 
(art. 134, § 2º). A autonomia administrativa e a independência funcional asseguradas 
constitucionalmente às Defensorias Públicas não permitem que o Poder Judiciário interfira nas 
escolhas e nos critérios de atuação dos Defensores Públicos que foram definidos pelo 
Defensor Público-Geral. 
STJ. 6ª Turma. HC 310.901-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/6/2016 (Info 586). 
 
7) Inconvencionalidade do crime de desacato 
O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico por ser incompatível 
com o artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica. 
A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a 
preponderância do Estado - personificado em seus agentes - sobre o indivíduo. 
A existência deste crime em nosso ordenamento jurídico é anacrônica, pois traduz 
desigualdade entre funcionários e particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de 
Direito preconizado pela CF/88 e pela Convenção Americana de Direitos Humanos. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1640084/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/12/2016. 
 
8) O falso pode ser absorvido pelo descaminho 
Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este 
absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 587). 
 
9) Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo 
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de 
Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. 
STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016 (Info 831). 
 
Obs: foi cancelada a súmula 512 do STJ: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista 
no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. 
 
 
 
 
Retrospectiva– Principais Julgados de Direito Penal 2016 
 
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10) Críticas de um líder religioso a outras religiões não configura, por si só, racismo 
Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da Igreja Católica, no qual ele faz 
críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé. 
O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, § 2º da Lei 
nº 7.716/89 (Lei do racismo). 
No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime. 
A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da liberdade religiosa é o 
direito que o indivíduo possui de não apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o 
de fazer proselitismo religioso. 
Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também 
se converterem à sua religião. 
Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as 
religiões (dizendo que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. 
Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, 
opressão, restrição de direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos 
demais grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever 
de ajudar os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de 
salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa. 
Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez comparações entre as religiões, 
procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve tentativa de subjugar 
os adeptos do espiritismo. 
Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não 
configura, por si, o elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria 
indispensável que tivesse ficado demonstrado o especial fim de supressão ou redução da 
dignidade do diferente, elemento que confere sentido à discriminação que atua como verbo 
núcleo do tipo. 
STJ. 6ª Turma. RHC 62.851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/2/2016 (Info 577).

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