Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: CONTROLE DE QUALIDADE PROFESSOR: JOSÉ MARIA RELATÓRIO DEVISITA TÉCNICA SENAI-CERTREM Aurenice Maria Mota Visita dia 18 de outubro de 2013 FORTALEZA-CEARÁ JUNHO/2013 2 INTRODUÇÃO O trigo é a ocupa a segunda maior cultura cultivada no mundo inteiro, estando atrás somente do arroz. O Brasil produz hoje cerca de 5 milhões de toneladas de trigo, entretanto, necessita importar trigo de países como Holanda e Argentina para suprir a demanda interna. Do grão de trigo se produz a farinha que é empregada predominantemente nos produtos de panificação, como alimentação de animais além disso, o grão de trigo de ser ingrediente de outros produtos como a cerveja. O controle dessa matéria-prima se faz através de analises como higroscopicidade, umidade, Ph (peso específico), atividade enzimática, força do glúten e estabilidade. Foi realizada visita ao Laboratório de Controle de Qualidade do Trigo do SENAI/CE - Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação“Senador José Dias de Macêdo” que atende a área de alimentos, atuando em âmbito nacional no segmento de moagem do trigo. Está localizado no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza- Ceará. APRESENTAÇÃO Fomos recepcionados pela Silvana que nos deu uma breve apresentação do SENAI/CERTREM, explicando sobre o ramo e a atividade desenvolvida e da parceria com o Governo Federal.Marinês, Engenheira de Alimentos responsável pelo laboratório de controle de qualidade do trigo, nos acompanhou durante a visita, os conhecimentos adquiridos contidos nesse breve relatório foram obtidos por meio dela. O SENAI/CE existe há mais de 30 anos e oferece serviços de qualificação profissional em várias áreas: Têxtil e Vestuário, Automotiva, Tecnologia da Informação, Segurança do Trabalho, Energia, Construção Civil, Automação e na área de Alimentos e Bebidas. CERTREM - Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação Senador José Dias de Macêdo – éa unidade do SENAI/CE, que atua na área de Alimentos e bebidas. OCERTREM realiza cursos de iniciação, qualificação e aperfeiçoamento profissional nos seguimentos de panificação, confeitaria, massas alimentícias, biscoitos, moagem e segurança de alimentos. Há também cursos de habilitação técnica, como por exemplo, Moleiro (técnico responsável pela moagem do trigo), assessoria técnica, tecnológica e serviços técnicos laboratoriais, prestando serviços para a indústria e outras instituições, tendo como maior cliente a Secretaria de Agricultura e Desenvolvido Agrário. 3 TRIGO COMO MATÉRIA-PRIMA O trigo, por ser uma planta de clima temperado não pode ser cultivado na região Nordeste. Por isso o trigo que é utilizado pelas industrias localizadas no Ceará é importado da Argentina, Canadá, EUA, Uruguai, Paraguai, chegando através do Cais do Porto. Todo o trigo importado deve ser classificado. De acordo com a legislação brasileira, através da IN 98- MAPA, essa classificação ocorre em tipos e classes. A classificação do tipo de trigo ocorre no próprio Cais do Porto, para tal se faz necessário algumas analises físicas: matéria estranha, impurezas, avaria e etc. O trigo pode ser classificado em melhorador, pão, doméstico, básico ou outros usos. A identificação da classe do trigo se faz por meio de três analises: atividade enzimática, força do glúten e estabilidade. O laboratório de Controle de Qualidade do Trigo do SENAI/CERTREM é a unidade credenciada pelo MAPA (ISO 17025) para realizar essa atividade. LABORATÓRIO DE MOAGEM No Laboratório de Moagem, Marinês nos explicou sobre a estrutura do grão, principais etapas no beneficiamento do trigo e os processos realizados na moagem do trigo. O moleiro é o técnico responsável pelo processamento do trigo, desde a chegada do grão até a saída da farinha. A primeira etapa da moagem do trigo consiste em retirar as impurezas, para não comprometer a qualidade da farinha obtida do trigo.Depois o trigo passa por condicionamento. Para facilitar a trituração do trigo (Figura 1), deve-se fazer umidificação do mesmo, entretanto a umidade inicial deve ser medida. A trituração é a quebra dos grãos em rolos paralelos, para retirar o endosperma do grão, que é onde se obtém maior parte da farinha. Durante a trituração, o trigo é passado pelo triturador até se obter rendimento de aproximadamente 75%, para a indústria. Após a trituração, a farinha é colocada no homogeneizador. 4 Figura 1. Trituradores do Laboratório. LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE A classificação do trigo é obtida através das analises de atividade enzimática, força do glúten e estabilidade. No Laboratório de Controle de Qualidade do Trigo, nos foram explicadas cada uma dessas analises individualmente. Analise De Umidade É realizada antes da moagem do trigo. Calcula-se a quantidade de água a ser adicionada ao trigo, geralmente o grão trigo possui de 12 a 14% de umidade, esse valor deve ser ajustado para 17% pois durante a moagem ocorre aquecimento do trigo, e perda de umidade do mesmo. A adição de água ao trigo evita o superaquecimento dos rolos de moagem e facilita o polimento dos grãos. FallingNumber O Teste do Número de Queda (ou FallingNumber) se utiliza para determinar o nível de atividade enzimática do grão de trigo. Pesa-se uma quantidade adequada de farinha de trigo, a ser determinada por uma tabela de correlacionado a umidade encontrada para a farinha, em seguida a massa é transferida para o tubo de ensaio do equipamento FallingNumber. Obtém-se uma mistura de farinha de trigo e águaque é aquecida dentro do equipamento FallingNumber a uma temperatura de aproximadamente 100°C em banho marinha. Dentro do equipamento, uma garra segura o êmboloe faz um movimento de vai e vem por 60 segundos causando uma homogeneização da soloção que gelatinizou. O número de queda ou o valor de FallingNumber é obtido através da medida do tempo(s) de queda deste êmbulo dentro da solução de farinha. Quanto maior a gelatinização do amido, mais viscoso o amido vai ser e mais demorado vai ser a descida. O êmbulo cai com maior facilidade se a atividade enzimática for alta, pois as enzimas quebram as cadeias de amido em glicose e água, deixando a solução menos viscosa. Uma solução muito viscosa e densa, indica uma 5 baixa atividade de enzimática. Sendo o número de queda inversamente proporcional á atividade enzimática. A atividade enzimática nos fornece informações importantes referentes ao estagio de germinação do grão trigo (sanidade do grão). Além disso influenciará de forma direta a qualidade dos produtos obtidos através desse grão (Figura 2). Figura 2: Valor de FallingNumber em relação ao tempo. Estabilidade A análise de estabilidade é um indicativo do tempo de batimento das massas.O aparelho utilizado para a realização desta análise chama-se Farinógrafo (figura 3) e consiste em uma masseira, que possui duas facas em “z” que giram em sentido contrário, onde é colocada a amostra, e um dinamômetro que mede a força requerida para a mistura da amostra e reproduz um gráfico através de um software que mostra as variações ocorridas durante o processo de mistura. O resultado é expresso graficamente. Quanto maior a absorção de água e a estabilidade melhor a condição da farinha para fabricação do pão francês. Figura 3:Farinógrafo Força do Glúten A quantificaçãoda força do glúten é clamada de alveografica. O equipamento utilizado nessa análise é o Alveógrafo (Figura 4). Consiste em adicionar solução salina (12,5%) á quantidade de farinha previamente pesada e hidratar essa mistura com 50% de água. A massa obtida é conformada em círculos uniformes e colocada em descanso a 6 25°C por aproximadamente 28 minutos. Após o descanso, a massa é colocada em um aparelho e, posteriormente, é inflada, sob pressão constante, uma quantidade de ar suficiente para a formação de uma bolha de massa, até sua extensão total e ruptura. A pressão da bolha é medida com o auxílio de um manômetro registrador (presente no equipamento), onde é feita a leitura do teste. Um sistema de programa (ALVEOLINK) descreve o gráfico dando resultados de elasticidade, expansividade e a força da massa. Quanto maior a curva dessa área, maior é a força do glúten, onde essa área é dada em trabalho. Figura 4. Alveógrafo 7. CONCLUSÃO A visita técnica ao Centro Regional de Treinamento em Panificação Senador José Dias de Macêdo – CERTREM permitiu aos alunos matriculados na Disciplina de Controle de Qualidade (UFC) visualizar os conceitos aprendidos nas aulas teóricas sendo aplicados na vida prática, bem como sua importância a nível industrial. O SENAI/CERTREM presta serviços de qualidade, para indústria e entidades ligadas ao setor do trigo, qualificam profissionais, colaborando assim com o desenvolvimento técnico e tecnológico na área de alimentos.
Compartilhar