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Aula 03 - Interpretação da lei Penal

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INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Conceito: é a atividade que consiste em extrair da norma penal seu exato alcance e real significado.
Natureza: a interpretação deve buscar a vontade da lei, desconsiderando a de quem a fez. A lei terminada independe de seu passado, importando apenas o que está contido em seus preceitos.
Espécies
1) Quanto ao sujeito que a elabora
a) autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração do texto. Pode ser: contextual, quando feita dentro do próprio texto interpretado (CP, art. 327), ou posterior, quando a lei interpretadora entra em vigor depois da interpretada.
Obs: a norma interpretativa tem efeito ex tunc (desde o início), uma vez que apenas esclarece o sentido da lei.
b) Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e cultores do direito (atenção: a exposição de motivos é interpretação doutrinária e não autêntica, uma vez que não é lei).
c) Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais (não tem força obrigatória). 
2) Quanto aos meios empregados
a) Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal das palavras.
b) Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro do ordenamento jurídico.
3) Quanto ao resultado
a) declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e a sua vontade.
b) Restritiva: quando a letra escrita da lei foi além da sua vontade (a lei disse mais do que queria, e, por isso, a interpretação vai restringir o seu significado).
c) Extensiva: a letra escrita da lei ficou aquém da sua vontade (a lei disse menos do que queria, e, por isso, a interpretação vai ampliar o seu significado).
O princípio ‘in dubio pro reo’( na dúvida a favor do réu).
a) Para alguns autores, só se aplica no campo da apreciação das provas, nunca para a interpretação da lei (como a interpretação vai buscar o exato sentido do texto, jamais restará dúvida de que possa ser feita a favor de alguém).
b) Para outros, esgotada a atividade interpretativa sem que se tenha conseguido extrair o significado da norma, a solução será dar interpretação mais favorável ao acusado.
Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva: é aquela que, ao longo do tempo, vai adaptando-se às mudanças político-sociais e às necessidades do momento.
4. ANALOGIA
Conceito: consiste em aplicar-se a uma hipótese não regulada por lei, disposição relativa a um caso semelhante. Na analogia, o fato não é regido por qualquer norma e, por essa razão, aplica-se uma de caso análogo. Exemplo: o art. 128, II, dispõe que o aborto praticado por médico não é punido “se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. Trata-se de causa de exclusão da ilicitude prevista exclusivamente para a hipótese de gravidez decorrente de estupro. No entanto, como não se trata de norma incriminadora, mas, ao contrário, permissiva (permite a prática de fato descrito como crime, no caso, o aborto), é possível estender o benefício, analogicamente, à gravidez resultante de atentado violento ao pudor. Ilustrativamente:
Art. 128, II, do Código Penal 
Aborto e gravidez decorrente de estupro
Analogia – aplicação do art. 128, II, do CP à hipótese de aborto em gravidez decorrente de atentado violento ao pudor.
Nenhuma Norma
Aborto em gravidez decorrente de atentado violento ao pudor
Fundamento: ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo direito).
Natureza Jurídica: forma de auto-integração da lei (não é fonte mediata do direito)
Distinção entre analogia, interpretação extensiva e interpretação analógica
Analogia: na analogia não há norma reguladora para a hipótese.
Interpretação extensiva: existe uma norma regulando a hipótese, de modo que não se aplica a norma do caso análogo; contudo tal norma não menciona expressamente essa eficácia, devendo o intérprete ampliar seu significado além do que estiver expresso.
Interpretação analógica: após uma seqüência casuística, segue-se uma formulação genérica, que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados (p. ex., crime praticado mediante paga, promessa de recompensa “ou outro motivo torpe” é interpretada analogicamente como qualquer motivo torpe equivalente aos casos mencionados). Na interpretação analógica, existe uma norma regulando a hipótese (o que não ocorre na analogia) expressamente (não é o caso da interpretação extensiva), mas de forma genérica, o que torna necessário o recurso à via interpretativa.
Nomenclatura: a analogia é também conhecida por integração analógica, suplemento analógico e aplicação analógica.
Espécies
legal ou “legis”: o caso é regido por norma regulador de hipótese semelhante.
B) Jurídica ou “júris”: a hipótese é regulada por princípio extraído do ordenamento jurídico em seu conjunto.
C) “in bonam partem”: a analogia é empregada em benefício do agente.
“in malam partem”: a analogia é empregada em prejuízo do agente.
Obs: não se admite o emprego de analogia para normas incriminadoras, uma vez que não se pode violar o princípio da reserva legal.
Analogia em norma penal incriminadora: a aplicação da analogia em norma penal incriminadora fere o principio da reserva legal, uma vez que um fato não definido em lei como crime estaria sendo considerado como tal. Imagine considerar típico o furto de uso (subtração de coisa alheia móvel para uso), por força da aplicação analógica do art. 155 do Código Penal (subtrair coisa alheia móvel com ânimo de assenhoreamento definitivo). Neste caso, um fato não considerado criminoso pela lei passaria a sê-lo, em evidente afronta ao princípio constitucional do art. 5 º XXXIX (reserva legal). A analogia in bona partem, em princípio, seria impossível, pois jamais será benéfica ao acusado a incriminação de um fato atípico. Há, no entanto, intrigante hipótese em que se fala em prego de analogia em tipo incriminador, para beneficiar o réu. O art. 12, § 1º, II, da Lei n. 6368/76 incrimina o agente que semeia, cultiva ou faz a colheita de planta com efeito psicotrópico, sem distinguir se a conduta é praticada com o fim de tráfico ilícito de entorpecentes, apenada com igual severidade, estando previstas as mesmas penas. À vista disto, indaga-se: como enquadrar o agente que planta droga para o uso próprio, como o estudante que mantém, em seu quartinho, um pequeno canteiro onde cultiva Cannabis sativa L (maconha), para fumar sozinho, de quem em quando? Entendemos que se trata de fato atípico, o qual não se enquadra nem na figura equiparada ao tráfico (se a finalidade é para consumo, não pode existir tal comparação), nem na do art. 16 da Lei de Tóxicos, que somente tipifica as condutas de “adquirir, guardar e trazer consigo” a droga. Assim, não há o entendimento de que, em princípio, o fato teria de enquadrado no art. 12, § 1º.II, porém aplica-se analogicamente o art. 16 da lei 6368.

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