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Mycobacterium sp - Transcrição de aula- UFBA medicina

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Mycobacterium 
Mico =fungo (em grego) 
*fungo causa micose (dãh!) 
É bactéria ou é fungo??? 
Esse, nome é altamente infeliz, porque ou é bactéria ou é fungo. Então, na minha opinião, o nome já era pra ter 
sido abolido há muito tempo, mas na medicina você não muda os nomes. Mas porque isso? Por que pensou-se 
uma certa época que essa bactéria era parecida com um fungo, e esse fungo não tinha nada a ver com "NÃO 
ENTENDI (14:00)". 
TAXONOMIA 
• O gênero Mycobacterium está classificado na família Mycobacteriaceae : 
Está dentro de uma família chamada Mycobacteriaceae que por sinal é um nome diferente (?)! 
• Outros gêneros desta família são Nocardia e Rhodococcus 
• A composição da família, no que diz res-peito aos gêneros, é assunto em discussão 
 
ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO 
• Mycobacterium tuberculosis 
• Bacilo de Koch ou BK 
• Mycobacterium leprae 
• Bacilo de Hansen 
• Mycobacterium bovis 
Isso é IMPORTANTE: aqui no Brasil, quando alguém fala em micobactéria essa criatura está provavelmente 
está falando de um desses três: nós temos o Mycobacterium tuberculosis, que se chama BK ou Bacilo de Koch, 
ou Mycobacterium leprae, que se diz Bacilo de Hansen, mas ninguém fala BH, e Mycobacterium bovis, que é o 
micróbio que infecta os bois e outros quadrúpedes correlatos, mas que pode chegar ao ser humano via ingestão 
de carne, leite (?), normalmente crus, tem gente que tem o hábito de comer leite (?) cru. 
Agora, exitem muitas espécies de micobactérias, o último livro mais atualizado que eu li estava perto de 75 a 85 
espécies, e as pessoas ficam temerosas, só que alguns são raros, muito menos freqüentes por aqui. Então, além 
daqueles 3 aqui referidos, que são importantes no Brasil, existe o Mycobacterium haemophilum, muito pouco 
importante entre nós, e eu não tenho escutado na televisão nem nas revistas de nenhum surto de tuberculose 
bovina entre nós, para nós médicos, por enquanto não existe tuberculose bovina entre nós, parece que não está 
havendo surto. 
OUTRAS MICOBACTÉRIAS 
Agora existe, o Brasil é um país com a epidemia da AIDS, tem aquelas infecções oportunistas, e elas podem se 
apresentar por outras bactérias que não o Mycobacterium tuberculosis nem o leprae. Mesmo assim essas 
bactérias estão relativamente pouco freqüentes aqui no Brasil. 
• São potencialmente patogênicas para o homem as seguintes espécies: 
– Complexo M. avium-intracellulare : Aqui a gente tem um quadro que provoca dores e febre, 
então, por enquanto, se chama complexo porque os especialistas não chegam a um acordo, se 
vão fazer duas espécies ou não. 
– M. kansasii : como o nome sugere, foi descoberto no estado americano de Kansas. Um 
fazendeiro lá apareceu com um quadro de tuberculose, indistinguível fisicamente da causada 
por BK, e quando tratado não deu certo. Aí quando veio um caso semelhante, viu-se que era 
uma nova espécie. Por isso, que ver qual é a espécie é muito importante, pois o remédio que usa 
não é o mesmo pra cada espécie. Está claro? 
– M. africanum - M. genavense 
– M. haemophilum - M. malmoense 
– M. marinum - M. scrofulaceum 
– M. simiae - M. szulgai 
– M. ulcerans - M. xenopi 
[17:50 -É ... que estar muito clara, causas de infecções em seres humanos, HBC (?) por exemplo, um monte de 
gente tem? 
Um achado clínico muito importante no geral... 
Em linguagem de barzinho: quando alguém falar em micobactéria e pensar em lepra ou tuberculose...? -18:30] 
 
Mycobacterium tuberculosis 
MORFOLOGIA 
Bem, como é o BK? 
• O BK é um bacilo imóvel e não esporulado (não formam esporos) 
• Nos tecidos humanos, mede ± 0,4 x 3,0 m 
– Podem ser vistas formas retas ou ligeira-mente encurvadas 
• O BK (bem como as outras micobactérias) não toma a coloração de Gram  É um bacilo que não se 
cora pelo método de gram,nós temos que usar a coloração de Ziehl- Neelsen pra ele, são chamados de 
bacilos alcóol ácido resistentes. 
• A análise da estrutura da parede celular mostra sua afinidade evolutiva com os bacilos gram-positivos: 
Como defesa?, tem uma parede celular muito peculiar. São bactérias muito diferentes das tantas que 
vocês vão ver por aí. 
Então, todo médico TEM que saber: (1) que o BK é um bacilo, claro, Bacilo de Koch, não é cocos, né? 
[hehehe] E (2) que é uma bactéria que não tinge pelo método de gram. Vocês têm que saber isso! Pra eles, a 
gente tinge eles com o quê? “Ziehl-Neelsen” (sala em coro) 
 
COLORAÇÃO 
• O BK pode ser evidenciado nas secreções e tecidos humanos por: 
– Coloração de Ziehl-Neelsen. O BK é uma das espécies de bacilos álcool-ácido resistentes 
(BAAR)  Porque depois que você cora ele com a fucsina vermelha, mesmo que jogue álcool 
ou derivados por cima dele, ele não se descora, ele resiste ao tratamento com álcool-ácido. 
Tranquilo? 
*Os alunos sempre perguntam: “Professor só o bacilo da tuberculose é álcool-ácido resistente?“ Não. TODAS 
as micobactérias são álcool-ácido resistentes, umas mais outras menos, mas todas são! Em linguagem de 
barzinho: umas se coram mais facilmente que outras. Na verdade, também existem bactérias que são álcool-
ácido resistentes, em pequeno grau, mas nós não usamos coloração de gram para elas. 
Está aqui uma coisa IMPORTANTE, algumas pessoas descobriram que eu posso “tingir” a bactéria com a 
bromofosfato de urela??? é uma substância fluorescente que impregna na parede dela, aí eu posso com o 
microscópio eu vejo 1b?? . Então é muito comum em vários lugares do mundo, aqui no Brasil a gente vê em 
algumas instituições públicas, tingir a bactéria com auramina–rodamina, entendeu? Isso é um oxidante que 
gruda nela, quando você ilumina com luz ultravioleta, ela aparece com um tom verde-amarelado. 
– Coloração de Kynioun 
– Coloração com fluorocromos 
• Auramina e/ou rodamina 
 
Está vendo? Isso aí é o escarro de alguém que foi tingido com fluorocromo. O que é que acontece? A gente 
quando bota no microscópio com luz ultravioleta a gente vê um tracinho brilhante e aumenta a sensibilidade 
diagnóstica. 
“Professor, essa fluorescência é usada só para BK, ou qualquer micobactéria funciona?”  Funciona em 
qualquer micobactéria. 
Entendido, gente? Então , o uso de fluorocromo facilita a visualização da bactéria, ou seja, ele aumenta a nossa 
sensibilidade diagnóstica. Agora, toda vez que eu encontro uma bactéria assim, que eu vejo isso aí, é claro, eu 
vou pegar o mesmo material e vou fazer também a coloração de Ziehl-Neelsen, pra saber se minha bactéria é 
álcool-ácido resistente. As colorações têm que ser usadas todas, a vantagem do fluorocromo [mais uma vez!] é 
que ele realmente amplia a sensibilidade diagnóstica, pois qualquer coisinha que estiver de amarelo, vai ser fácil 
de identeificar, então você aumenta a probabilidade de não dar um resultado falso negativo pro paciente. 
Isso aqui é a coloração de Ziehl-Neelsen, como foi feita na aula prática. Eu mandei pra turma de vocês, pra 
todos os alunos, um texto sobre isso que está lá no email da turma. 
Então aqui é um escarro de tuberculoso, que a gente cora pelo método de Ziehl-Neelsen, e cada tracinho 
vermelhinho desse é uma micobactéria, e isso vocês viram na aula prática. Quando a gente faz uma lâmina a 
gente tem que botar quantas cruzes (+) tem. É uma imposição do Ministério da Saúde, já que o Brasil é um país 
endêmico pra tuberculose, que o paciente quando for tratado que tenha caído a quantidade de cruzes. Então, 
deu-se o quadro diagnóstico baciloscopia 3+ 2+1+. Repare que o negócio das cruzes é uma maneira de 
você ver a intensidade de micróbios presentes. 
“Professor, essas bolinhas roxas têm a ver com neutrófilos, com célula imune?” Isso aqui são neutrófilos. 
Normalmente o escarro do tuberculoso, tem um monte de neutrófilos, fibra, muco, tem muito leucócito,às vezes 
tem hemácias, e tudo isso vai aparecer corado de azul, só as bactérias é que são vermelhinhas. Tudo isso a gente 
vai ver na aula prática. Se ao olhar 20 campos no microscópio você encontra mais de 10 bactérias por campo o 
resultado positivo. 
 
M. Tuberculosis – Fator Corda 
Fator corda é uma molécula orgânica, que é responsável pela união dessas bactérias. Enquanto elas produzem 
esse fator corda elas vêm a se agregar, formando essas “coisas” que têm aqui, como uma corda. O fator corda é 
uma substância glicolipidica. Várias bactérias possuem fator corda, inclusive a Mycobacterium tuberculosis. 
 
ps.: O fator corda é um efeito causado pela principal molécula contendo ácido micólico, a trealose 6,6-
dimicolato (TDM), um componente da parede celular das micobactérias envolvido em importantes mecanismos 
imunomoduladores responsáveis pela virulência das micobactérias. (Retirado de artigo do SCIELO) 
 
CULTIVO 
O cultivo do BK exige meios diferentes dos usados para as bactérias estudadas anteriormente neste 
curso. 
O BK pode ser cultivado em laboratório. Bem, como é que a gente cultiva o bacilo da tuberculose? Primeiro tem 
que saber que cultiva num meio que não é o que você já ouviu falar até hoje. O meio pra ele é um meio 
totalmente diferente. 
• Meios orgânicos complexos 
– Löwenstein-Jensen, modificado: Aqui no Brasil, a gente usa muito esse meio. Exitem alguns 
meios que são sólidos, como este Löwenstein, só que ele é (não entendi a palavra). Traduzindo 
em linguagem de barzinho: eu sei a composição dele quase que completamente. 
• Fórmula qualitativa do meio de Löwenstein-Jensen: 
• Fosfato monopotássico, sulfato de magnésio e citrato de magnésio 
• Asparagina 
• Glicerol 
• Verde de malaquita 
• Ovo total de galinha 
• Farinha de batata 
• Água destilada 
 
 
Nós compramos o meio na mão de fornecedores e aí está o meio. Ele é colocado no tubo, com tampa de rosca, 
já que é uma bactéria perigosa, inclinado, que é para aumentar a superfície e assim esses tubos são fáceis de 
guardar e serão armazenados na geladeira. Não se coloca esse meio em placa, porque ela é rasa e, com uma 
bactéria virulenta dessa, qualquer ventinho, haveria chance de contaminação. Ou seja, NÃO se faz cultura desse 
material em placa! Motivo: CONTAMINAÇÃO. 
– ATS (American Trudeau Society): É o mais comum. 
– Petragnani : Também são muito usados. 
• Meios sólidos semi-sintéticos 
– Middlebrook 7H10 e 7H11 
• Fórmula qualitativa do meio 7H10 
• Sais minerais definidos 
• Vitaminas (biotina, piridoxina) 
• Cofatores (cálcio, zinco, cobre) 
• OACD (ácido oléico, albumina, catalase, dextro-se) 
• Glicerol, verde de malaquita e agar 
• Fórmula qualitativa do meio 7H11 
• Idêntica à do anterior, exceto que contém hidrolisado de caseína 
Esses meios são semi-sintéticos, mas a gente sabe exatamente o que tem dentro deles. Só que na hora em que 
você colocar agar, verde de malaquita, você coloca um produto que é vegetal, no caso o verde de malaquita, ou 
o agar que é tirado de algas marinhas. Por isso que ele é chamado de meio semi-sintético. 
• São muito usados os equipamentos para monitoração contínua de hemoculturas 
• O sistema Bactec (BD) é usado por vários hospitais de nossa cidade 
• A empresa fornece os insumos para realização de hemocultura para BK 
• Este sistema apressa a obtenção de resultados, uma vez que a detecção em meios tradicionais pode 
demorar de 4-6 semanas 
 O aparelho que está fazendo a cultura é uma incubadora, é uma caixa de metal, que se chama Bactec, e ele 
fornece o material pra gente fazer a solução. Esse aparelho vai ser usado na hemocultura. O equipamento 
acompanha o crescimento da bactéria a partir da liberação de CO2 que ocorre e, após atingir o nível de uma 
colônia, retira o líquido para ver o tipo de bactéria que cresceu. 
 
• Meios líquidos semi-sintéticos 
– Middlebrook 7H9 e 7H12 
Esse H [do 7H9, 7H10, etc] é devido à maneira como o fabricante produz o meio. 
Essa bactéria é aeróbia restrita, ela respira, só cresce na presença de combustível, e o faz muito lentamente. Para 
se dividir em 2 ela demora quase 20 horas, muito diferente da Escherichia coli, que se reproduz a cada meia 
hora. Por isso, como ela cresce muuuito devagar, o médico não pode dar o escarro pro laboratório na segunda 
feira e pedir para ele examinar pra terça a cultura. O laboratório ia dizer: “Pô doutor, você não estudou 
microbiologia? Deveria saber que essa bactéria demora muuuito pra crescer!” Ela demora uma 5 semanas, por 
aí. É o tempo que temos que esperar para ver a colônia. Você tem que “fazer” a história clínica de tuberculose: 
tosse produtiva, há mais de 4 semanas, perda de peso, febre e outros sintomas mais. Faz um raio x de pulmão, 
tem uma imagem lá, tem um PPD positivo? O médico tem a obrigação de pedir uma baciloscopia, mas ele já 
pode tratar o paciente com base na história clínica de tuberculose. 
ESPECTRO DE HOSPEDEIROS 
• Cada espécie de micobactéria infecta uma gama específica de hospedeiros 
• Por exemplo, o homem e as cobaias são altamente sensíveis à infecção pelo BK, enquanto as aves e o 
gado são resistentes 
Esse slide é pra mostrar que há um monte de micobactéria por aqui, entretanto, a que infecta o homem não 
infecta o gato, nem o cachorro. Então cada hospedeiro vertebrado é infectado por uma micobactéria específica. 
 
ESTRUTURA DA PAREDE CELULAR 
As micobactérias são muito diferentes das outras que você já viu. Isso por causa da parede celular. As 
micobactéias têm lipídios em sua parede celular e são muito complexos, quer dizer, são razoavelmente 
complexos, numa quantidade muito maior do que vocês podem imaginar, em comparação com as outras 
bactérias. 
• As micobactérias são evolutivamente relacionadas às bactérias gram-positivas, muito embora não 
tomem a coloração de Gram 
• Apresentam uma parede celular peculiar, destacando-se a grande quantidade de lipí-dios pouco usuais 
em outros seres vivos 
COMPONENTES DA PARECE CELULAR 
Analisando essa parede a gente vê um monte de proteínas. 
• Lipídios: 
• Ácidos graxos de cadeia longa (C78-C90), chamados de ácidos micólicos 
• Cêras 
• Fator Corda: Aqui está o tal do fator Corda, que nada mais é do que uma molécula de açúcar, 
que possui uma ligação glicosídica, e também possui uma molécula de ácido graxo, por 
exemplo o ácido palmítico. Por isso a gente chama de glicolípico [ou glicolipídico]. Ele possui 
uma finalidade pra bactéria, acredito que ele atrapalha na ação lisossômica do hospedeiro, ele 
interfere na fusão do lisossoma com o fagossomo. 
 
Fórmula fundamental do ácido micólico: 
(Curiosidade: NÃO é p/ decorar!) 
• Proteínas 
• Tuberculoproteínas 
• Polissacarídios 
 
Essa figura ilustra a estrutura da parede celular da bactéria e é importante por causa do PPD. Se eu pegar uma 
micobactéria e cortar, teremos (de baixo pra cima): em azul claro, a membrana celular, em azul o GP, 
glicopeptídeo (peptideoglicano); em laranja há o arabinogalactana (feito de arabinose e galactose) ligado ao GP 
por ligações fosfodiéster, em rosa pink há o ácido micólico (preso à arabinogalactana). Mais superficial, a 
estrutura marcada por FC, com duas hastes pequenas e uma bolinha rosa médio em cima, demonstra o Fator 
Corda, que se prende à parede pelo ácido micólico, usando ligações hidrostáticas. Na superfície dessa bactéria 
se formam cadeias carbônicas longas, criando uma superfície altamente hidrofóbica. A longa cadeia em verde 
claro mostra o lipoarabinomanano (LAM), que se liga na membrana plasmática por uma ligação 
fosfatidilinositol. A cadeia rosa claro marcada por OL, é o outro líquido. 
 
Então, o que é que o professor Jefferson quer dizer?? Que a parede da micobactéria é MUITO diferente. 
É da parededessabactéria que eu retiro uma coisa denominada PPD (Derivado Protéico Purificado). Os médicos 
usam isso para inocular PPD na pele do paciente, para fazer a Reação de Mantoux ou teste tuberculínico, que 
vai dizer se o indivíduo foi infectado anteriormente pela bactéria (e não se está doente). Isso é detectado por um 
“carocinho” na pele formado pela migração de linfócitos T CD4. 
ESTRUTURA DA PAREDE CELULAR 
• O elevado teor de lipídios na parede das micobactérias está associado à: 
– Menor velocidade de crescimento 
– Crescimento em grumos, devido à hidrofobicidade da superfície celular 
– Maior resistência aos agentes químicos 
– Álcool-ácido resistência 
 
• Grande quantidade de lipídios que confere uma imensa lipotoxidade. Alguns 
especialistas acreditam que essa quantidade elevada de lipídios está relacionada com 
uma reprodução mais lenta (20h para fazer uma bipartição). 
• Essa característica também permite que as bactérias se agreguem mais, por serem 
muito hidrofóbicas. O que pode ser considerado uma característica de defesa, pois as 
bactérias que ficarem no interior desses agregados não estarão suscetíveis ao ataque de 
detergentes. 
• Esse quantidade de lipídios também está relacionada ao fato dessa bactéria não 
tomar a coloração de gram, por falta de afinidade química do corante com essa 
camada. Além disso, para que a bactéria mantenha o caráter ácido-resistente, é 
importante que a parede mantenha-se íntegra. 
FATORES DE VIRULÊNCIA 
• O BK não apresenta os seguintes fatores de virulência: 
• Cápsula (?) 
• Exotoxinas 
• Endotoxina (LPS ou LOS) 
• Proteases de IgA 
• Pêlos 
• Mimetismo antigênico 
Por que, então, causa doença tão grave? 
PATOGENIA 
• A grande destruição de tecido verificada na tuberculose tem sido atribuída à resposta imune celular 
montada pelo hospedeiro 
• Se o granuloma não consegue conter a replicação das bactérias, ocorre necrose caseosa e cavitação 
 
• Não há referências, até o momento, de que essas bactérias sintetizam lipotoxinas. 
Se elas não fazem lipotoxinas, elas não podem ser consideradas gram negativas. 
Além disso, elas não possuem cápsula, não fazem nenhum tipo de mimetismo, não 
produzem proteases para IgA. Entretanto, apesar da aparente ausência de 
virulência dessas bactérias, elas são muito deletérias ao tecido humano. Ainda não 
há explicação molecular para esse fato, mas o que se sabe é que esses 
microrganismos, mesmo sendo fagocitados pelos macrófagos, não são destruídos, 
elas permanecem vivas dentro dos macrófagos, contudo elas não se reproduzem. 
Acredita-se que isso ocorre devido à capacidade que essas bactérias possuem de 
tornar o macrófago inativo, por meio de ativação e inativação de genes 
responsáveis pelo controle do metabolismo. A conseqüência disso é a formação de 
granulomas, pois toda vez que o organismo não consegue destruir um antígeno, ele 
recorre à tentativa de isolá-lo. A evolução da infecção e do processo inflamatório 
leva à formação de necroses do tipo caseosa. Vale ressaltar que essa lesão é 
formada pela ação do sistema imune do hospedeiro, pois, como já foi dito, não há 
referências de que essas bactérias sintetizam substâncias de caráter tóxico. 
DEFINIÇÃO DE TUBERCULOSE 
• Entende-se por tuberculose a doença humana causada pelo BK ou pelo M. bovis. Na prática, a palavra 
significa doença decorrente de infecção pelo M. tuberculosis 
• Não se deve confundir infecção pelo BK com tuberculose, termo que implica em presença de 
lesões (doença) 
• Segundo dados da OMS, cerca de 1/3 da população humana está infectada pelo BK (isto pode ser 
verificado pelo teste tuberculínico) 
• Em 1996 foram registrados cerca de 6 milhões de casos novos no mundo todo com cerca de 2 a 3 
milhões de óbitos devido à doença 
• “Isso aqui é muito importante: você não pode confundir a infecção com a doença!” 
O indivíduo só pode ser considerado doente, quando há o surgimento dos sinais e 
sintomas que caracterizam tal enfermidade. Mais de 90% das pessoas, apesar de 
infectadas, não desenvolvem a doença. É importante salientar que a imunidade humoral 
é de extrema importância para o combate dessa infecção. 
OBS GERAL!! Acho que tudo o que foi dito nesse trecho da aula tem alta probabilidade de cair em prova. 
Foram 22 minutos para explicar 4 slides. 
TRANSMISSÃO 
• A doença é transmitida primariamente por aerossóis secundários (núcleos de gotículas suspensos no ar 
por longos períodos), gerados pela tosse, pelo espirro e pela fala 
• Uma tossida gera 3.000 núcleos de gotículas. Número idêntico é produzido por 5 minutos de fala; 
número muito maior por um espirro... 
• A sala ocupada por uma pessoa bacilífera pode ser infectante, mesmo depois que ela se retira, 
devido à permanência dos núcleos de gotículas no ar por tempo muito longo 
• Os fômites não têm importância na transmissão. Vestes, roupas de cama e objetos do paciente 
(talheres, pratos, xícaras) não têm papel na transmissão da doença. 
• Quem está infectado pela BK não necessariamente transmite a doença. O 
indivíduo tem que desenvolver uma doença pulmonar para transmitir. A 
tuberculose se caracteriza por uma tosse produtiva, com presença de 
neutrófilos, e outras células de defesa, e os bacilos BK. “O indivíduo tem que 
estar tossindo para transmitir a doença. Uma tosse seca não transmite”. Além 
disso, há a necessidade de inalar o microrganismo, pois a ingestão, devido às 
enzimas do trato gastrointestinal, neutraliza tais bactérias. Caso haja ingestão, 
há, no máximo, a possibilidade de ocorrer um tipo raríssimo de tuberculose, a 
intestinal. 
• Houve uma discussão extensa sobre a importância da saliva como forma de 
propagação da doença. Entretanto, o professor foi contrário a essa informação, 
referindo que a tosse e a produção de gotículas são as que realmente possuem 
relevância epidemiológica. “Tomar água num copo de um doente não 
transmite a doença”. 
 
ASPECTOS CLÍNICOS 
 Embora o BK esteja associado à produção de lesões em qualquer tecido ou órgão, em  90% dos 
casos os órgãos acometidos são os pulmões. 
 Com o acometimento pulmonar, as lesões serão evidenciadas em 
exames de imagem, como, por exemplo, raio X, que é o mais utilizado, e a 
tomografia computadorizada, utilizada quando o raio X não for suficiente 
para identificar as lesões. “Lesão cavitária” 
 Às vezes há derrame pleural. 
 
 
GRANULOMA 
 
 Existe a presença de grande quantidade de macrófagos e linfócitos. Não se sabe bem o porquê do 
numero extenso de linfócitos. Estrutura responsável pela tentativa de controle da infecção, caso não 
consiga, aparece a necrose. Isso foi abordado no início da aula com mais detalhes, portanto existe 
um alta probabilidade de cair. 
TESTE TUBERCULÍNICO 
• A “tuberculina” usada por Koch era um extrato de uma cultura fervida do bacilo (hoje denominada 
tuberculina velha) 
• Em 1934, Siebert obteve um precipitado proteico a partir da “alt Tuberkulin”, que passou a ser 
designado por PPD (protein purified derivative) 
• A “tuberculina” de Koch era um líquido preparado após ferver toda a bactéria, 
não havendo um processo de discriminação da substância resultante. 
• PPD é um frasco que contém proteínas puras removidas dessa bactéria. 
• Em 1941, a OMS determinou que um gran-de lote de PPD fosse adotado como padrão mundial para 
aferição da potência de todas as tuberculinas produzidas a partir de então (PPD-S) 
• Uma preparação de PPD com 5 UT equivale à 0,0001 mg da PPD-S em 0,1 mL de solução. 
• No Brasil, por recomendação do Ministério da Saúde, o teste tuberculínico é feito com PPD-RT 23 de 2 
UT 
• A técnica usada para testar a hipersensibilidade é o teste de Mantoux (ou intradermorreação de 
Mantoux) 
• Injeta-se 0,1 mL do PPD na face volar do antebraço e procede-se àleitura depois de 72 horas 
(Teste de Mantoux). 
• Caso o teste dê negativo, mas após algumas semanas, ele der positivo, a denominação disso é 
conversão tuberculínica. 
 Observações importantes 
o O teste de Mantoux não pode ser usado para diagnosticar tuberculose-doença. 
o Lembre-se de que estamos tratando de um teste de hipersensibilidade tardia, cuja 
positividade apenas denota infecção pelo BK ou por micobactérias correlatas. 
o Apenas o isolamento de bactérias viáveis a partir de uma amostra clínica tem valor para 
diagnóstico de tuberculose. (Viáveis quer dizer vivas) 
 Só pode ser considerado doente, se encontrar bactérias vivas oriundas de algum 
lugar do corpo. 
 De 0 a 4 mm 
o Teste negativo 
 De 5 a 9 mm 
o Infectado pelo BK, por micobactérias atípicas ou vacinado com BCG 
 10 mm ou mais 
o Infectado pelo BK, doente ou não, ou vacinado com BCG 
 Micobactérias atípicas = que não são BK 
 Até 25% dos pacientes com tuberculose podem apresentar teste tuberculínico negati-vo, quando 
testados com PPD de 5 UT 
 Algumas pessoas doentes (“tuberculosas”) estão imunossuprimidas, com 
anergia, o que leva a um teste negativo (falso negativo) Ainda não se sabe o 
motivo disso. Pacientes com AIDS podem ter resultado negativo também, 
por isso 5 mm pra esses tipos de pacientes já é um valor de alerta. Percebe-
se que esse teste tem uma sensibilidade relativamente baixa. 
 A maior parte desses resultados negativos tem sido atribuída à doença sistêmica. A positividade é 
obtida depois de cerca de 3 semanas com tratamento eficaz 
 Nos indivíduos infectados pelo HIV, a intensidade da resposta ao PPD cai à medida que caem as 
contagens de células CD4
+
 
 Com PPD de 5 UT, em apenas 35% dos pacientes que têm AIDS e tuberculose obtém-se reatividade de 
10 mm ou mais 
 Reatividade de 5 mm em indivíduos infectados pelo BK é suficiente para recomendação da 
quimioprofilaxia 
DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO 
 Amostras 
 Escarro, fluido pleural, LCR, Sangue, líquido sinovial, líquido ascítico, outros 
 Exames/Escarro 
 Coloração de Ziehl-Neelsen (sinonímia: ba-ciloscopia, exame direto, pesquisa de BAAR) 
 Cultura para BK 
 Métodos moleculares (PCR) 
TRATAMENTO (“não vai ser cobrado em prova”) 
• A tuberculose é tratada com uma associação de drogas, por período não inferior a 6 meses 
• Exemplo de esquema terapêutico 
– Izoniazida + 
– Rifampicina + 
– Pirazinamida 
• É preciso conhecer o perfil de sensibilidade das cepas locais 
PROFILAXIA 
• Vacinação com BCG, no primeiro ano de vida 
• Mesmo as pessoas vacinadas estão sujeitas a desenvolver doença após a vacinação 
• Há necessidade de uma vacina mais eficaz contra a tuberculose... 
• “A BCG não serve pra merda nenhuma”. A vacina serve para evitar a 
meningite bacteriana e a tuberculose disseminada em crianças, chamada 
de miliar. 
• Depois de 3 a 4 semanas de tratamento, a baciloscopia pode dar positiva, 
entretanto o indivíduo pode não transmitir mais a doença.

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