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MONOGRAFIA EUNICE COSTA LEITE.pdf

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UNIVERSIDADE CEUMA 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
COORDENADORIA DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
EUNICE COSTA LEITE 
 
 
 
 
 
O BPC EM QUESTÃO: uma análise sobre os direitos da pessoa idosa e pessoa 
com deficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2016 
 
EUNICE COSTA LEITE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O BPC EM QUESTÃO: uma análise sobre os direitos da pessoa idosa e pessoa 
com deficiência. 
 
Monografia apresentada ao Curso de Serviço 
Social da Universidade CEUMA, como requisito 
parcial para obtenção do Grau em Bacharel em 
Serviço Social. 
 
Orientadora Profª: Msc. Maria Anadete Abreu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2016 
 
EUNICE COSTA LEITE 
 
 
 
 
 
O BPC EM QUESTÃO: uma análise sobre os direitos da pessoa idosa e pessoa 
com deficiência. 
 
Monografia apresentada ao Curso de Serviço 
Social da Universidade CEUMA, como requisito 
parcial para obtenção do Grau em Bacharel em 
Serviço Social. 
 
Aprovada em:___/____/____ Nota:_____________ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
______________________________________________________ 
Profª: Msc. Maria Anadete Abreu (Orientadora) 
Universidade Ceuma 
 
 
 
_____________________________________________________ 
2° Examinador(a) 
Universidade Ceuma 
 
 
 
_____________________________________________________ 
3° Examinador(a) 
Universidade Ceuma 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por proporcionar a todos que tornaram minha vida mais afetuosa, 
além de ter me dado uma família maravilhosa, e amigas sinceras. Deus, que a mim 
atribuiu alma, e missões pelas quais já sabia que eu iria batalhar, e vencer 
agradecer é pouco. Por isso lutar, conquistar, vencer e até mesmo cair e perder, e o 
principal, viver é o meu modo de agradecer sempre. 
É difícil agradecer todas as pessoas que de algum modo, nos momentos 
serenos e ou apreensivos, fizeram ou fazem parte da minha vida, por isso agradeço 
à todos de coração. 
Agradeço a meus pais Bernardo Sena Soares, e Raimunda Costa Leite 
Soares, heroína qυе mе dеυ apoio, incentivo nas horas difíceis, de desânimo е 
cansaço. 
Ao mеυ Marido, e meus filhos qυе apesar dе todas as dificuldades mе 
fortaleceu е qυе pаrа mіm foi muito importante. 
Obrigada meus irmãos е sobrinhos, que nos momentos de minha 
ausência dedicados ао estudo superior, sempre fizeram entender qυе о futuro é feito 
а partir da constante dedicação nо presente! 
Obrigada. A minha orientadora Mª Anadete Abreu Pessoa qυе fez parte 
da minha formação е qυе vai continuar presentes em minha vida com certeza. 
Obrigada Deus por mais uma conquista na minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A democracia não é apenas a lei da maioria, é a 
lei da maioria respeitando o direito das minorias.” 
Clement Attlee 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como objetivo, analisar o Benefício de Prestação 
Continuada- BPC no contexto da proteção social direcionado ao idoso e a pessoa 
com deficiência, apresentando-se como um grande avanço dos direitos sociais a 
esses dois segmentos da sociedade. A metodologia utilizada para o estudo foi à 
pesquisa bibliográfica e documental. Discorre sobre o percurso histórico da proteção 
social brasileira, seguida da discussão dos programas de transferência de renda, 
focando no BPC. Descreve acerca dos instrumentos legais e políticas públicas 
voltadas as pessoas idosos e as deficientes com ênfase na Política de 
Assistência Social. Conclui que a questão da proteção social brasileira deve ir 
além do assistencialismo e que para a proteção social realmente acontecer a 
inclusão social deve ser efetivada dentro dos serviços dispostos a pessoa idosa 
e com deficiência. 
 
Palavras-chave: Idoso. Pessoa com deficiência. BPC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMMARY 
 
The objective of this study is to analyze the Benefit of Continuous Care - BPC in the 
context of social protection aimed at the elderly and the disabled, presenting itself as 
a major advance of social rights to these two segments of society. The methodology 
used for the study was bibliographic and documentary research. It discusses the 
historical course of Brazilian social protection, followed by discussion of income 
transfer policies, focusing on the BPC. It describes the legal instruments and public 
policies aimed at the elderly and the disabled with an emphasis on Social Assistance 
Policy. It concludes that the issue of Brazilian social protection must go beyond 
welfare and that for social protection to actually happen social inclusion must be 
carried out within the services provided to the elderly and disabled. 
 
Keywords: Elderly. People with disabilities. BPC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
BPC Benefício de Prestação Continuada 
CF Constituição Federal 
CNAS Conselho Nacional Assistência Social 
CRAS Centro de Referencia da Assistência Social 
CREAS Centro de Referencia Especializado em Assistência Social 
INSS Instituto Nacional de Seguro Social 
LA Liberdade Assistida 
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social 
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome 
NOB Norma Operacional Básica 
PAEFI Serviço de Atenção Especializado as Famílias e Indivíduos 
PAIF Serviço de Atenção Integral a Família 
PGRM Programa de Garantia de Renda Mínima 
PNAS Política Nacional de Assistência Social 
PNI Política Nacional do Idoso 
PSB Proteção Social Básica 
SNAS Secretária Nacional de Assistência Social 
SUAS Sistema único de Assistência Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9 
2 O BPC COMO PROTEÇÃO SOCIAL AO IDOSO E PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA NO BRASIL ................................................................................... 
 
12 
2.1 O benefício de prestação continuada: caracterização ...................................... 16 
2.2 O Benefício de Prestação Continuada e a Lei nº 8. 742/1993 - Lei 
orgânica de Assistência Social (LOAS) ............................................................ 
 
18 
3 A PROTEÇÃO SOCIAL ESTABELECIDA PELO BPC À PESSOA IDOSA 
E À PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA PNAS E NO SUAS ................................. 
 
21 
3.1 Reordenamento da rede de serviços socioassistenciais para a pessoa 
Idosa e pessoa com deficiência ......................................................................... 
 
29 
3.2 Serviços de proteção e inclusão social à pessoa com deficiência ................ 35 
4 AVANÇOS LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A CONCESSÃO DO 
BPC COMO UM DIRETO AO IDOSO E PESSOA COM DEFICIÊNCIA .............. 
 
38 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 42 
 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 45 
 
9 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho teve como objetivo analisar o Benefício de Prestação 
Continuada- BPC no contexto da proteção social direcionado ao idoso e à pessoacom deficiência, apresentando-se como um grande avanço dos direitos sociais a 
esses dois segmentos da sociedade que sofrem exclusão duplamente, tanto pela 
sua condição social como pela condição econômica. 
O BPC para muitas pessoas significa uma renda mensal certa, que não 
passa pelas esguelhas do clientelismo, validando ao cidadão sua autonomia. Nesse 
sentido, percebemos que o aspecto histórico do Brasil consolida um sistema de 
proteção social que não combate as expressões da Questão Social. Na maioria das 
vezes, há uma resolução imediata e passageira, impossibilitando intervir na raiz do 
problema. 
O programa esforça-se por ensejar a proteção social, amparando as 
pessoas idosas e deficientes, em face da uma vulnerabilidade social decorrente da 
velhice e da deficiência, agravada pela insuficiência de renda, na tentativa de 
garantir sustento e o acesso às demais Políticas sociais e a outras aquisições. 
O fato de o BPC ser um benefício que não tem ligação com a contribuição 
com a Previdência Social faz dele um programa diferente e inovador no que tange á 
garantia de renda no Brasil, já que esses direitos ao longo da historia só eram 
concedidos a quem trabalhava formalmente e contribuía para à Previdência Social. 
Tem-se, pois, um programa integrador de direitos sociais, que, fazendo 
parte da Politica Nacional de Assistência Social, garante a seu beneficiário não só 
uma renda, mas também uma integração social, fortalecendo os vínculos perdidos 
por conta de sua vulnerabilidade. 
Foi na Constituição Federal de 1988 que o Brasil passou a expressar a 
real importância quanto aos problemas sociais, e a Assistência Social adquiriu o 
status de Política Pública, passando a compor o tripé da Seguridade Social, 
juntamente com a Política de Saúde e Previdência, configurando-se como direito do 
cidadão e dever do Estado. 
Nesse contexto, foram criadas Políticas Públicas para buscar-se enfrentar 
a pobreza, presente no Brasil. Muitas foram as tentativas, principalmente os 
programas de transferência de renda. O BPC revelou-se o programa que garantiu ao 
idoso e ao deficiente uma melhor condição de vida de ante de suas vulnerabilidades 
10 
sociais. 
Na atualidade os Programas de Transferência de Renda trazem o debate, 
que se pronunciou durante toda a década de 1990, passando a construir, no século 
XXI, a estratégia principal no eixo da política de Assistência Social e do Sistema 
Brasileiro de Proteção Social. Compreende os Programas de Transferência de renda 
como aqueles destinados a efetuar uma transferência monetária da prévia 
contribuição a famílias pobres. No caso do BPC, concedidos aos idosos e aos 
deficientes. 
Este trabalho é de extrema relevância à medida em que se propõe 
trabalhar em uma análise de um programa nacional de transferência de renda 
inovador e que atenda ao público excluído pela sociedade. É importante refletir 
sobre como que esse programa tão significante é efetivado e aplicado aos seus 
beneficiários. 
Trata-se de pesquisa exploratória que, para conhecimento do objeto de 
estudo, se utiliza do Materialismo histórico dialético como método de abordagem, 
compreendendo-se que a realidade analisada é cheia de contradições e que o 
sistema econômico influencia sobremaneira a vida das pessoas; e que as 
desigualdades sociais são fruto da relação Capitalismo x Trabalho e se enfatizam 
com a evolução do Capitalismo. 
Com vistas ao alcance dos objetivos da pesquisa, foi realizado o seguinte 
procedimento metodológico: Pesquisa Bibliográfica – realizada a partir do registro 
disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como 
livros, artigos, teses etc. 
Para melhor explanação do conteúdo referente à temática desta 
investigação social, o trabalho foi dividido em quatro capítulos, sendo estes: 
Introdução, Capítulo II, Capítulo III, Capítulo IV, e a seção Considerações Finais. 
Nesse excurso epistemológico, na Introdução faz-se um apanhado do que 
será problematizado neste trabalho, a fim de orientar para o começo da 
contextualização que será feito nos capítulos subsequentes. 
No capítulo II, intitulado o BPC como proteção social ao idoso e pessoas 
com deficiência no Brasil, expõe-se o BPC como um programa de proteção social 
direcionados ao idoso e ao deficiente, assim como a caracterização do BPC e sua 
efetivação na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). 
O capítulo III, intitulado a proteção social estabelecida pelo BPC à pessoa 
11 
idosa e a pessoa com deficiência na PNAS e no SUAS, apresenta a proteção social 
estabelecida pelo BPC à pessoa idosa e a pessoa com deficiência na PNAS e no 
SUAS, assim como apresentando a rede de serviços socioassistenciais para a 
pessoa idosa e deficiente, concluindo com os serviços de proteção e inclusão social 
à pessoa com deficiência. 
O capítulo IV, intitulado avanços limites e possibilidades para a concessão 
do BPC como um direto ao idoso e pessoa com deficiência, disserta sobre os 
avanços e possibilidades para a concessão do BPC como um direito ao idoso e a 
pessoa com deficiência, apresentando assim as principais falhas na concessão do 
programa assim como os avanços na proteção social apresentado por ele. 
No que se refere à seção Considerações Finais, enfatizam-se os aspectos 
da análise geral do objeto de estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
2 O BPC COMO PROTEÇÃO SOCIAL AO IDOSO E PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA NO BRASIL 
 
Observa-se que, a partir do final do século XIX, ou seja: logo após a II 
Guerra Mundial nasceu um modelo oficial para a Proteção social disposta a cumprir 
a missão estadual de assegurar o estado de bem-estar social. Nasceu assim uma 
inevitável história visando o enfrentamento dos estragos causados pelo a II Guerra 
Mundial. Surgiu então o Welfare State que se iniciou na Inglaterra a partir de 1942, 
se estendendo-se até 1945 e 1975, tendo como base os três pilares1 (PEREIRA, 
1999). 
Nota-se no pensamento de Pereira (1999) que o Welfare State teve início 
no fim do século XIX início do século XX, visando amenizar as lacunas deixadas 
após o término da II Guerra. Segundo ele, essa foi a maneira que o Estado 
encontrou para garantir aos cidadãos o bem- estar social. 
Ressalta Pereira (1999) que o Welfare State surgiu pela primeira vez na 
Inglaterra no ano de 1942 e perdurou de 1945 a 1975; ele se fundamentava sob a 
ótica dos três pilares. 
Couto (2008, p. 52) define o Welfare State como: 
 
[...] implementador de políticas sociais baseadas nos princípios dos direitos 
sociais universais, igualitários e solidários. Sendo assim, o Estado utilizava 
de sua estruturação para poder beneficiar economicamente a população 
mais carente, com intuito de diminuir as desigualdades sociais. 
 
O início do sistema de proteção social no Brasil situa-se no período 
demarcado entre os anos de 1930 e 19432, período este que ensejou grandes 
transformações na sociedade brasileira. No dizer de Nepp (1994 apud SILVA; 
YAZBEK; GIONANNI, 2011, p. 25): 
 
Trata-se de um período marcado por grandes transformações 
socioeconômicas, pela passagem do modelo de desenvolvimento 
agroexportador para o modelo urbano- industrial. Nesse mesmo contexto, 
 
1
 Os três pilares, a defesa do pleno emprego, com John Maynard Keynes, com vistas ao meio de 
regulação econômica e social; a construção da Seguridade Social, com William Beveridge, que uniu 
ações no âmbito da Assistência Social, Saúde, Trabalho e Educação, com base no keynesianismo; 
e a sistematização dos direitos de cidadania, com T. H. Marshall, que rompeu com a visãoque 
aliava a política social ao paternalismo. (PEREIRA, 2008, p. 214). 
2
 Período conhecido como Era Vargas, onde vários direitos trabalhistas foram criados, e por isso 
Vargas era Chamado de Pai dos pobres. 
13 
ocorre também um profundo reordenamento no que diz respeito às funções 
do Estado Nacional, quando o Estado passa a assumir, mais 
extensivamente, a regulamentação ou provisão direta no campo da 
educação, saúde, previdência, programas de alimentação e nutrição, 
habitação popular, saneamento, transporte coletivo. 
 
Nesse período formou-se uma cidadania regulada, que, segundo Santos 
(1987 apud SILVA; YAZBEK; GIOVANNI, 2011, p. 26), “[...] significava que só era 
cidadão quem tinha carteira assinada e pertencia algum sindicato.” 
Nas décadas de 1970 e 1980, esse sistema alcançou a sua consolidação 
e expansão com fortes traços de orientação autoritária nos marcos da ditadura 
militar. Os programas e serviços sociais nesse período funcionavam como medidas 
compensatórias à repressão aberta e imposta direcionada aos movimentos sociais e 
ao movimento sindical. 
Os programas sociais nesse contexto foram utilizados como estratégias 
de controle por parte do Estado, no entanto, esses programas não impediam a 
rearticulação da sociedade civil, sobretudo a partir da década de 1970, eclosão dos 
"novos movimentos sociais" e a restruturação do que convencionou chamar de 
"Sindicalismo autêntico". (SILVA; YAZBEK; GIOVANNI, 2011, p. 26). 
Sendo assim, apareceram novas demandas sociais, advindas pelo 
resgate da década acumulada e agravada no período da ditadura além de lutas 
pelos direitos sociais, num movimento pela democracia e cidadania. 
Segundo Silva, Yazbek e Giovanni (2011), a pressão popular e as ideias 
revolucionárias dos movimentos sociais foram assimiladas na Constituição Brasileira 
de 1988, com o surgimento da Seguridade Social, que tinham como tripé a 
Assistência Social, a Previdência e a Saúde. 
Contudo, esse alargamento de direitos sociais rumo à universalização, 
que se constitui no âmbito do avanço da democratização da sociedade brasileira, 
passou a ser fortemente combatido durante toda década de 1990. O Governo 
Brasileiro passou adotar, de modo tardio, o chamado projeto do desenvolvimento 
econômico, sobre o efeito da ideologia neoliberal, na busca de inclusão no Brasil na 
chamada competitividade economia globalizada. Tratou-se de uma década de 
resistência por parte das elites conservadora no congresso, impedindo assim a 
regulamentação dos direitos sociais na constituição de 1988. 
No Brasil, como em outros países, especialmente nos denominados 
emergentes, teve como consequência a falta de progresso econômico e a 
14 
precarização e diminuição do valor da renda do trabalho, com consequente 
ampliação e aprofundamento da pobreza, que se alarga, inclusive, para os setores 
médios da sociedade. 
Nesse mesma circunstância, a questão social3, enquanto produto da luta 
política, colocou na agenda pública novos conteúdos rapidamente, sobretudo pelo 
que passou a se considerar novas formas de exclusão social e econômica, cujo eixo 
centralizador é representado pelas profundas transformações que vêm ocorrendo no 
mundo do trabalho. Enquanto produto, principalmente, esses dois fenômenos 
constitutivos das transformações que vêm acontecendo nas relações de trabalho 
que são o desemprego estrutural associado à precarização e as mudanças no perfil 
do trabalhador impostas pelo mercado capitalista globalizado e competitivo. 
Segundo Silva, Yazbek e Giovanni (2011, p. 27), 
 
Consequentemente, tem-se, um processo que viabilizar o que se pensava 
em um trabalho estável e seguro, representado pela carteira assinada e 
pela proteção de risco contingências social assegurada pelo Estado de 
Bem- Estar Social dos países de economia desenvolvida, e pelos precários 
Sistemas de Proteção Social, engendrados nos países em 
desenvolvimento. Tem-se o incremento das chamadas ocupações 
terceirizadas, autônomas, temporárias, instáveis e de baixa remuneração e 
o avanço já superdimensionado mercado informal de trabalho, que 
caracterizava as sociedades de capitalismo periférico, desempenhando 
papel funcional à reprodução e ao desenvolvimento da economia capitalista 
desses países. 
 
A situação acima marcou por um período no qual o Estado Brasileiro 
passou a orientar sua atuação pelos parâmetros do projeto neoliberal, cujo objetivo 
principal é inserir o país na competitividade da economia mundial globalizada, 
embora se saiba que o que vem ocorrendo é uma inserção seletiva e dependência. 
Assim, a chamada reforma do Estado brasileiro passou a fazer profundas mudanças 
no perfil e no seu formato como principal função a de Estado ajustador da economia 
nacional internacional. 
Alves (2009) atenta para a questão que, no Brasil, o Estado de Bem Estar 
Social não chegou a se constituir, nem de forma ampla nem restrita. O país viveu 
por muitos anos uma ditadura e formas de governos ditatoriais, que retiravam os 
direitos dos cidadãos, em contrapartida os movimentos sociais se organizaram mais 
 
3
 É um conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma 
raiz comum: a produção social é cada vez, mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente 
social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por parte da 
sociedade. (IAMAMOTO, 2007, p. 27). 
15 
e consolidaram as reivindicações de melhoria de vida na CF de 88. Tais direitos 
foram desmontados pelos ideais neoliberais implantados no Brasil na década de 
1990. 
Nos dizeres Silva, Yazbek e Giovanni (2011), no decorrer dos anos 1990, 
verificou-se a inclusão do Brasil na economia mundial, na qual se vem esforçando 
para construir um padrão de qualidade que o permita concorrer no interior da 
economia globalizada; sendo assim, o Estado Brasileiro passou da mais prioridade 
absoluta às áreas e setores econômicos dinâmicos. 
O processo foi-se desenvolvendo e marcado por profunda sujeição aos 
interesses dos sujeitos globais, com isso dando pouca atenção direcionada à 
integração da economia interna, acima de todas as áreas e setores da economia 
considerados não competitivos. Teve-se, por consequente, um Estado dominado à 
lógica do mercado, e se tornado cada vez mais difícil o processo da luta social por 
conquistas sociais que possam elevar o padrão de vida da Sociedade Brasileira. 
Segundo Silva, Yazbek e Giovanni (2011, p. 29): 
 
Assim, vêm descartadas, conquistas sociais, decorrente de lutas sociais das 
décadas de 1970 e 1980 considerando os direitos sociais e trabalhistas 
conquistado com obstáculos ao ajuste da economia às exigências da 
economia internacional. 
 
Os programas de transferência de renda surgiram como uma estratégia 
para diminuir as desigualdades, como uma forma de garantir a cidadania, e poder de 
escolha e autonomia dos cidadãos. O objetivo foi a “construção de uma sociedade 
mais justa”. 
Após a crise do Welfare State, iniciou-se o debate sobre os programas de 
transferência de renda que se vem ampliando, sobretudo, a partir da década de 
1980, mesmo já tendo sido desenvolvido programas desta natureza na Europa, a 
partir dos anos 1930. (SILVA, 2008). 
Tais programas nasceram como uma forma de “proteção social” das 
pessoas em situação de pobreza. As ações eram pensadas de forma que o mercado 
e o Capital não perdessem sua autonomia, e as classes subalternas não se 
revoltassem. Contudo, é importante destacar que os programas de transferência de 
renda também auxiliam no “lucro” do mercado já que os beneficiários também são 
consumidores. 
16 
Castel (2001) considera que osprogramas de transferência de renda são 
fundamentais para implantação de um sistema de proteção voltado para o bem-estar 
de toda a sociedade, não ficando restritos à questão da necessidade e que pode 
transformar-se em um sistema de proteção social, atuando sobre as relações 
socioeconômicas. 
Tem-se uma pobreza regulada ou controlada, para permitir o 
funcionamento da ordem com o controle social assumido por essas Políticas sociais. 
É importante considerar que a análise não pode invalidar o significado que esses 
programas têm para a população beneficiária de renda mínima e suas condições de 
subsistência. 
É função do Estado garantir o bem-estar da sociedade e para isso utiliza 
como instrumentos as Políticas Públicas, que são também os meios que permitem o 
alcance dos objetivos coletivos. Inseridos nesse assunto, estão os Programas de 
Garantia de Renda Mínima (PGRM), sendo, imprescindível considerá-los como 
direito e como Política Pública. (SILVA, 1999). 
A implementação do Neoliberalismo no Brasil fez com que muitos direitos 
assegurados na Constituição de 1988 retrocedessem e a população brasileira 
sofresse com as consequências de suas desigualdades. Como forma de enfrentar a 
pobreza e as desigualdades trazidas pelo Neoliberalismo, nasceram no Brasil 
algumas formas de transferência de renda. 
Os programas de transferência de renda no Brasil seguiam uma linha 
focalista, com o intuito principal de diminuir a profunda pobreza que se alastrava 
pelo país. Surgiram, então, os primeiros programas de renda mínima apresentados 
pelo Senado Federal em 1991, pelo Senador Suplicy, base para o Programa Bolsa 
Família e o Benefício de Prestação Continuada prevista na Lei Orgânicas da 
Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742/93, sendo este último o foco deste trabalho. 
 
2.1 O benefício de prestação continuada: caracterização 
 
O Benefício de Prestação Continuada e os demais programas de 
transferência de renda são expedientes que constituem respostas para a garantia da 
segurança e de sobrevivência das pessoas portadoras de deficiência e aos idosos, 
portanto é de grande importância na vida dos seus beneficiários. 
 
17 
O benefício de prestação continuada BPC é assegurado pela Constituição 
de 1988 ao idoso e ao deficiente, o qual se consolidou em 1996 como um novo 
programa de transferência de renda de abrangência nacional. 
O BPC representa como uma transferência de renda monetária mensal 
“[...] no valor de um salário mínimo. É um benefício pago a pessoas idosas a partir 
de 65 anos de idade e as pessoas portadoras de deficiências, consideradas 
incapacitadas para vida independente e para o trabalho.” (SILVA; YASBEK; 
GIOVANNI, 2011, p. 113). 
Para ter acesso ao BPC o usuário tem de seguir os critérios: 
 
Possuam renda familiar mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo, 
não estejam vinculados a nenhum regime de Previdência Social e não 
recebam benefícios de espécie alguma, ou seja, encontrem –se 
impossibilitados de promover sua manutenção ou tê-lo provida por sua 
família. (SILVA; YAZBEK; GIOVANNI, 2011, p. 112). 
 
O BPC é coordenado no âmbito nacional pela Secretária Nacional de 
Assistência Social do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome- 
MDS, sendo que sua implementação é feita por agências locais do Instituto Nacional 
de Seguro Social – INSS. 
 
O Benefício é reavaliado a cada dois anos, mediante a cooperação das 
Secretarias Estaduais e Municipais de Assistência Social, e cessa no 
momento em que ocorrer a recuperação da capacidade laborativa, no caso 
de pessoa portadora de deficiência, com alteração das condições 
socioeconômicas de ambos ou no caso de morte do beneficiário, não tendo 
os dependentes o direito de requerer pensão por morte. (SILVA; YAZBEK; 
GIOVANNI, 2011, p. 112). 
 
Para ter acesso ao benefício o usuário deverá entrar com o requerimento 
numa agência do INSS, apresentando algumas documentações tais como 
declaração de composição de renda familiar, comprovação de idade no caso de 
idoso, e a submissão a perícia médica no caso das pessoas portadoras de 
deficiência. (SILVA; YAZBEK; GIOVANNI, 2011). 
O BPC faz parte da proteção Social básica no âmbito do Sistema Único 
de Assistência Social – SUAS, dentro da Política Nacional de Assistência Social- 
PNAS. Volta-se para o enfrentamento da pobreza e a garantia de proteção social, 
juntamente às demais políticas setoriais. (SILVA; YAZBEK; GIOVANNI, 2011). 
 
18 
Para a pessoa idosa as ações são direcionadas a assegurar os direitos 
sociais, através de Programas de Atenção à pessoa Idosa na perspectiva de 
promover a sua integração, inclusão e participação social. Dessa forma, o padrão de 
proteção social do idoso no Brasil vem sendo estruturado através de políticas 
publicas de corte social como a Política Nacional do Idoso (PNI), que tem como 
objetivo assegurar os direitos sociais do idoso proporcionando condições de 
promoção da participação, autonomia e integração. 
Na implementação da PNI (Política Nacional do Idoso) e competência dos 
órgãos e entidades públicas desenvolver ações, programas, projetos para o 
atendimento das necessidades básicas do idoso mediante a participação da 
sociedade, família e de instituições governamentais. 
Quanto aos deficientes é assegurada a inserção na rede de atendimentos 
intersetorializados nas mais diversas Políticas Públicas, assegurando-lhes melhor 
qualidade de vida. 
Para efeito da concessão do benefício é considerado ao indivíduo e não à 
família; a renda deve ser exclusiva e não complementar, os beneficiários estão 
possibilitados a viverem exclusivamente dessa renda; esse benefício é mantido 
enquanto o beneficiário estiver na condição em que lhe deram origem. 
 
2.2 O Benefício de Prestação Continuada e a Lei nº 8. 742/1993 - Lei orgânica 
de Assistência Social (LOAS) 
 
O BPC tem suas bases legais estabelecidas na lei n° 8.742/1993 da Lei 
Orgânica da Assistência Social de acordo com o art. 20 da lei orgânica de 
assistência O Benefício de Prestação Continuada é a garantia de 1 (um) salário 
mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais e 
que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la 
provida por sua família. 
 
A primeira gestação da LOAS teve aborto provocado. Mas, o processo 
social era extremamente fecundante e se fortaleceu na luta. Em seu veto 
Collor afirma que a proposição não estava vinculada a uma assistência 
social responsável. É realmente paradoxal. (SPOSATI, 2004, p.49). 
 
 
19 
As lutas sociais efervesceram no Brasil na década de 1991 e 1992, 
principalmente com os movimentos de retirada de Collor da presidência, e segundo 
Sposat (2004, p. 50), “[...] as lutas sociais entre democracia e direitos sociais se 
mesclam.” E o nascimento da LOAS era mais próximo. 
A Lei Orgânica da Assistência Social foi votada em 7 de dezembro de 
1993, depois de inúmeras discussões, no período do governo do presidente Itamar 
Franco; ela foi publicada no Diário Oficial da União de 8 de dezembro de 1993, 
dando início assim à luta pertinente por implementação. (BRASIL, 1993). 
 
A colocação da Assistência Social entre os direitos sociais de cidadania – 
"há uma assistência que é devida e o dever do estado em prestá-la", implica 
na reversão da abordagem antes vigente na área, em que serviços e 
auxílios assistenciais eram oferecidos de forma paternalista, como dádivas 
ou benesses de forma descontínua e sem maiores preocupações com a 
qualidade, na medida da disponibilidade de recursos e dos interesses 
políticos dos governantes, ou de exercer o controle social sobre os grupos 
pobres e marginalizados, ou de obter legitimação e,principalmente apoio 
político-eleitoral. (BARBOSA,1991, p. 5). 
 
No pensamento de Barbosa (1991), a referida lei é composta de seis 
capítulos e trata dentre outras coisas, das definições e objetivos da assistência 
social, estabelecendo-se os princípios fundamentais da assistência que é a 
universalização, a dignidade e a autonomia. E das diretrizes que dão ênfase ao 
papel Estado na direção da política de Assistência Social em cada esfera de 
governo. Dispõe ainda sobre os benefícios, programas, serviços e projetos de 
Assistência Social. Trata também do Financiamento da Assistência Social, e das 
disposições gerais e passageiras, referentes ao reordenamento dos órgãos de 
assistência social em escala federal para a criação da lei 1993. 
 
A LOAS deixa claro que a Assistência Social é direito do cidadão e dever do 
Estado e que se trata de uma política de seguridade social não contributiva, 
que deve prover os mínimos sociais através de um conjunto integrado de 
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas. (CAMPELLO; NERI, 2013, p. 15). 
 
Das definições e dos objetivos da LOAS no seu capítulo I art. 2º, alguns 
diretos assegurados aos idosos e aos deficientes são apresentados. In Verbis: 
 
IV- a habitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária. 
V- a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
20 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de 
prover a própria manutenção ou tê-la provida pro sua família. 
Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às 
políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos 
mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências 
sociais e à universalização dos direitos sociais. 
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de 
deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o 
trabalho. 
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de 
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ 
(um quarto) do salário mínimo. (BRASIL, 1993). 
 
A LOAS introduziu novos paradigmas que se fundamentam nos conceitos 
de cidadania, mínimos sociais, universalização dos direitos sociais. Segundo Sposat 
(1995), propor mínimos sociais é garantir sobrevivência biológica, condições de 
qualidade de vida, desenvolvimento e suprimentos das necessidades humanas, 
básica da população idosa e pessoas com deficiência que não possuem condições 
de suprir suas necessidades humanas de sobrevivência e nem suas famílias por 
estarem na condição de pobreza e de extrema pobreza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
3 A PROTEÇÃO SOCIAL ESTABELECIDA PELO BPC À PESSOA IDOSA E À 
PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA PNAS E NO SUAS 
 
Após diversos seminários, fóruns municipais, estaduais e nacionais 
articulados com a sociedade civil, em busca das demandas da sociedade na área da 
Assistência Social, em setembro de 2004, o Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate a Fome (MDS) junto com a Secretária Nacional de Assistência Social 
(SNAS) tornou pública a versão final da PNAS, base para a implementação do 
SUAS (Sistema Único de Assistência Social) aprovado em julho de 2005 pelo 
Conselho Nacional de Assistência Social, por meio da NOB n.130, de 15 de julho de 
2005. Assim, com a consolidação dessa nova Política, firmou-se a Assistência 
Social, tornando-se mais forte, e uma ferramenta de combate aos resquícios de 
assistencialismo existentes na política. 
A Política Nacional de Assistência Social de 2004, aprovada pela 
Resolução de número 145, de 15 de outubro de 2004, do Conselho Nacional de 
Assistência Social- CNAS deliberada na IV Conferência Nacional de Assistência 
Social realizada em Brasília em dezembro 2003. 
Reafirma-se a necessidade de articulação com outras políticas, indicando 
o gesto que as Ações públicas devem ser múltiplas e integradas no enfrentamento 
das expressões da questão social, a PNAS apresenta como objetivos: 
 
-Promover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social 
básica e ou especial para a famílias, indivíduos e grupos que dela 
necessitam; 
-Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, 
ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e 
especiais, em áreas urbano e rural; 
-Assegurar que as ações no âmbito da Assistência Social tenham 
centralidade na família, e garantam a convivência familiar e comunitária. 
(BRASIL, 2005, p.27) 
 
A Política de Assistência Social respeita os princípios e as diretrizes 
estabelecidas pela LOAS, enunciados na Constituição Federal de 1988, que confere 
o status de Políticas Públicas inserida no sistema de proteção social brasileira, no 
campo de seguridade social brasileira. 
Dentre as diretrizes da LOAS está a designação e a coordenação de 
normas gerais, como a esfera federal, estadual e municipal melhorando assim a 
coordenação e a execução dos devidos programas sociais. 
22 
A PNAS/2004 veio consolidar a Assistência Social como direto de 
cidadania e gestão estatal, de forma compartilhada no âmbito dos três níveis de 
governo no intuito de detalhar as atribuições e competência de cada pacto federativo 
na provisão de ações sociassistenciais em articulação com a LOAS. 
A PNAS/2004 direciona assistência Social como Proteção social não 
contributiva, situando ações direcionadas a proteger os usuários dessas Políticas 
contra riscos sociais inerentes aos ciclos de vida e para o atendimento de 
necessidades individuais ou sociais. 
De acordo com o disposto na LOAS, capítulo II, seção I, artigo 4º, a 
Política Nacional de Assistência Social rege-se pelos seguintes princípios 
democráticos. In Verbis: 
 
I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as 
exigências de rentabilidade econômica; 
II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da 
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; 
III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a 
benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e 
comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; 
IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de 
qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e 
rurais; 
V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos 
assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos 
critérios para sua concessão. (BRASIL, 1993). 
 
A organização da Assistência Social tem as seguintes diretrizes, 
baseadas na Constituição Federal de 1988 e na LOAS: 
 
I - Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as 
normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos respectivos 
programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades 
beneficentes e de assistência social, garantindo o comando único das ações 
em cada esfera de governo, respeitando-se as diferenças e as 
características sócio-territoriais locais; 
II – Participação da população, por meio de organizações representativas, 
na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; 
III – Primazia da responsabilidade do Estado na condução da Política de 
Assistência Social em cada esfera de governo; 
IV – Centralidade na família para concepção e implementação dos 
benefícios, serviços, programas e projetos. (BRASIL, 1993). 
 
A descentralização passou a ser um elemento democrático efetivando a 
transferência para o âmbito da esfera municipale dos processos políticos decisórios. 
Observa-se que, além da forte presença do caráter assistencialista, há uma política 
23 
voltada para os programas sociais, mas para outros campos que visam o 
desenvolvimento econômico e social dos indivíduos que precisam da Assistência 
Social. 
A PNAS tem a finalidade de introduzir o SUAS que é uma peça 
fundamental na efetivação das políticas públicas. O SUAS foi implantado pois, a 
seguir a criação da PNAS constituindo-se: 
 
[...] na regulação e organização em todo o território nacional das ações 
socioassistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como 
foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o 
território como base de organização, que passam a ser definidos pelas 
funções que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam 
e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co-
financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das 
competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes 
têm o papel efetivo na sua implantação e implementação. O SUAS 
materializa o conteúdo da LOAS, cumprindo no tempo histórico dessa 
política as exigências para a realização dos objetivos e resultados 
esperados que devem consagrar direitos de cidadania e inclusão social 
(BRASIL, 2005, p. 39). 
 
A política nacional de Assistência Social representa a construção coletiva 
da reforma da política com a finalidade de implantar o SUAS, requisito essencial da 
LOAS para que se efetive a Assistência Social, enquanto Política Pública. Simões 
(2009) pontua que o SUAS tem como princípios: a territorialização, a 
descentralização e a intersetorialidade. O princípio de descentralização passa a ser 
um elemento democrático efetivando a transferência para o âmbito da esfera 
municipal e dos processos políticos decisórios. “A descentralização elege o 
munícipio como esfera primordial, com o reconhecimento de seu poder de 
autonomia, considerando-se as particularidades dos territórios, seus interesses e 
necessidades.” (SIMÕES, 2009, p. 308). 
A criação do SUAS veio com um modelo de gestão pública 
descentralizado e participativo, tendo como base o território e a família: 
 
Sendo a família uma instituição central do sistema, sua matricialidade é 
garantida à medida que, na assistência social, com base em indicadores 
das necessidades familiares, se desenvolva uma política de cunho 
universalista; a qual, para além da transferência de renda, em patamares 
aceitáveis, se desenvolva, prioritariamente, em redes de proteção social, 
que suportem as tarefas cotidianas e valorizem a convivência familiar e 
comunitária. (SIMÕES, 2009, p.307) 
 
24 
Simões (2009) apresenta a REDE/SUAS, que compõem as redes de 
proteção social, com vistas a agilizar o envio e troca de dados da transferência 
automática e regular de recursos. 
O SUAS apresenta também as competências de cada ente federativo que 
são: 
 
À União compete responder pela concessão dos BPCs, dando apoio técnico 
e financeiro para os serviços e programas de enfrentamento da pobreza, em 
âmbito nacional, bem como atender, juntamente com os Estados, o Distrito 
Federal e municípios, às ações assistenciais de emergência. Aos Estados, 
destinar recursos financeiros aos municípios, a título de participação, para 
pagamento de benefícios, mediante critérios estabelecidos pelos conselhos 
estaduais de assistência social; e, igualmente, apoiar, técnica e 
financeiramente, os serviços e programas de enfrentamento a pobreza, em 
âmbito regional e local; bem como atender, juntamente com os municípios, 
às ações assistenciais de emergência. Aos munícipios e Distrito Federal, 
destinar recursos financeiros para o custeio do pagamento de benefícios e 
serviços, mediante critérios estabelecidos pelos conselhos municipais de 
assistência social; e executar projetos de enfrentamento da pobreza, 
incluindo parcerias com entidades e organizações da sociedade civil; 
atender às ações assistenciais de caráter emergencial e prestar serviços 
assistenciais. (SIMÕES, 2009, p. 307). 
 
A PNAS e o SUAS ampliam os usuários da política: 
 
 [...] cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e 
riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos 
de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades 
estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal 
resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e/ou, no acesso às 
demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas 
de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção 
precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; 
estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem 
representar risco pessoal e social. (BRASIL, 2005, p. 27). 
 
Segundo Simões (2009), o SUAS é o sistema que estabelece a Política 
de Assistência Social brasileira, tendo por atribuições assistenciais: a vigilância 
social, a defesa dos direitos socioassistenciais e a proteção social. 
A vigilância compõe-se no processo da capacidade de diagnóstico e de 
gestão, assumida pelo órgão gestor, para tomar noção da presença de formas de 
vulnerabilidade social da população em um determinado território. Para esse fim 
desenvolve as seguintes ações: 
 
 
 
 
25 
-promoção de informações sistematizadas, indicadores e índices familiares; 
-identificação de pessoas com redução de capacidade pessoal (deficiência 
ou abandono) 
-identificação de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, vítimas 
de exploração, violência, maus-tratos e ameaças; assim como de quaisquer 
pessoas vítimas de apartação social (fragilização, por perda de autonomia e 
integridade pessoal; 
- controle dos padrões de serviços assistenciais 
- detecção e informação sobre as situações de precarização e 
vulnerabilização social; 
-implantação do Sistema Público de Dados das organizações de Assistência 
Social – Cadastro Nacional de Entidades. (SIMÕES, 2009, p.303). 
 
Quanto à defesa dos direitos socioassistenciais, Simões (2009, p. 304) 
afirma que se efetiva pela própria instituição do SUAS: 
 
Resultou do pacto federativo entre gestores públicos federais, estaduais e 
municipais e as organizações da sociedade civil, promovendo a 
descentralização da gestão quanto ao monitoramento e ao financiamento 
dos serviços assistenciais. 
 
A proteção social é dividida em Proteção Social Básica e Proteção Social 
Especial (subdividida em média complexidade e alta complexidade). A proteção 
social básica prioriza como objetivo a prevenção dos indivíduos que se encontram 
em situação de risco referentes ao desenvolvimento das potencialidades, nas 
aquisições e no fortalecimento de vínculos familiares. Ela busca a população que se 
encontra em situações vulneráveis diante da sociedade, provenientes da pobreza e 
da ausência de direitos nos serviços públicos, entre outros, ou da fragilidade de 
vínculos afetivos referentes a relacionamentos, e pertinentes a classe social em 
diferentes gêneros e grau social. “Com suas ações voltadas basicamente, para o 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, visando integrar as ações 
socioassistenciais, com as áreas da saúde e da educação.” (SIMÕES, 2009, p. 304-
305). 
Simões (2009, p. 312) atenta para o fato que “[...] a proteção básica incide 
sobre as famílias, seus membros e indivíduos, cujas direitos não foram violados, 
embora em situação de vulnerabilidade social.” Portanto, a Proteção Social Básica 
tem caráter essencialmente preventivo, desenvolvendo atividades prioritariamente 
voltadas para as famíliasbeneficiárias do Programa Bolsa-Família, idosos e pessoas 
com deficiência, beneficiária do BPC. 
A proteção social básica é promovida pelo CRAS (Centro de Referência 
da Assistência Social). Este objetiva retirar da situação de risco os usuários através 
26 
das potencialidades adquiridas pelo fortalecimento de vínculos familiares e sociais. 
Pois ele é voltado para a população que está inserida em áreas de vulnerabilidade 
social causadas pela pobreza, da dificuldade de acesso aos bens e serviços 
públicos, da fragilidade dos vínculos afetivos e com dificuldades para se relacionar 
socialmente. (BRASIL, 2005). 
Ressalte-se que a Proteção Social Básica (PSB) exercida pelo CRAS 
envolve diversas ações que lhe competem, a exemplo do BPC, Bolsa Família, 
capacitação e geração de renda, capacitação profissional, acolhimento, visitas 
domiciliares, oficinas temáticas e em especial o programa de apoio e integração a 
Família (PAIF), dentre outros. (COUTO; RAICHELIS; SILVA, 2010). 
Além de ser o responsável pelo desenvolvimento do Programa de 
Atenção Integral às Famílias, sob diversidade de culturas, o CRAS promove o 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. A equipe do CRAS presta 
informação e orientação para a população de sua área de abrangência, com a rede 
de proteção social local que se refere aos direitos de cidadania; mantém ativo um 
serviço de vigilância da exclusão social na produção, e divulgação de indicadores da 
área de abrangência do CRAS, em conexão a outros territórios. 
 
Para tanto, o CRAS deve desenvolver suas ações embasadas em dois 
eixos: a matricialidade sociofamiliar e a territorialização, onde o primeiro 
consiste: ‘A matricialidade sociofamiliar se refere à centralidade da família 
como núcleo social fundamental para a efetividade de todas as ações e 
serviços da política de assistência social’. (BRASIL, 2009a, p. 12). 
 
Sendo o CRAS um espaço público descentralizado que atende a uma 
determinada população, possibilita o acesso aos serviços e direitos sociais de forma 
mais acessíveis. Sua principal função é trabalhar diretamente com os membros das 
famílias e demais moradores do território. 
 
Sua finalidade é assegurar as condições fundamentais mínimas para que 
esses sujeitos sociais desenvolvam capacidades, superando a situação de 
vulnerabilidade social, a médio e a longo prazo. Tem por pressuposto que a 
situação de exclusão social seja a condição objetiva que aumente a 
probabilidade de ocorrência de violação dos direitos sociais. (SIMÕES, 
2009, p.315). 
 
Segundo Simões (2009, p. 316), o CRAS desenvolve as seguintes ações 
principais: 
 
27 
-fortalecimento dos vínculos intrafamiliares; 
-fortalecimentos da convivência comunitária e de desenvolvimento do 
sentido de pertencimento às redes micro territoriais; 
-informação, orientação e encaminhamento, com os respectivos 
acompanhamentos 
-inserção nos serviços, programas, projetos e benefícios da rede de 
proteção social básica e especial da assistência e das demais políticas 
públicas e sociais. 
 
Quanto à Proteção Social especial, segundo Simões (2009, p. 316), “[...] é 
uma modalidade de atendimento assistencial, destinada a famílias e indivíduos que 
se encontrem em situação de risco pessoal e social.” 
 
Requer, acompanhamento monitorado individual e maior flexibilidade nas 
soluções protetivas, de apoio e processos, que assegurem sua qualidade e 
efetividade, na reinserção almejada. Constitui-se em serviços estritamente 
vinculados ao sistema de garantias dos direitos; exigindo, muitas vezes, 
uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, o 
Ministério Público e órgãos do Poder Executivo. (SIMÕES, 2009, p. 317). 
 
A proteção Social Especial como já discorrido, pode ser dividida em 
proteção especial de média complexidade e proteção social especial de alta 
complexidade. 
Os atendimentos destinados à média complexidade são prestados nos 
CREAS de acordo com o PAEFI (Serviço de Atenção Especializado as Famílias e 
Indivíduos), sendo o CREAS uma unidade pública estatal de referência que tem por 
objetivos fortalecer as redes sociais de apoio à família, contribuindo no combate ao 
preconceito. Assegura proteção social às pessoas em algumas situações de 
violência, visando sua integridade física, mental e social, com vistas a fortalecer os 
vínculos familiares e a capacidade protetiva da família. (BRASIL, 2005). 
Tem como finalidade desenvolver trabalho para o público-alvo de crianças 
e adolescentes vítimas de abuso, exploração sexual, e mulheres vítimas de violência 
doméstica (física, psicológica, sexual), adolescentes e crianças em situação de 
mendicância, sob medidas de proteção ou medida pertinente aos pais ou 
responsáveis, crianças e adolescentes em cumprimento da medida de proteção em 
abrigo ou família acolhedora. Portanto, o CREAS oferece acompanhamento técnico 
especializado, psicossocial e jurídico, com a rede de serviços socioassistenciais e as 
demais políticas públicas (Saúde, Educação, Esporte e Cultura) e com o sistema de 
garantia de direitos (Ministério Público, Judiciário e Executivo, Conselho Tutelar, 
Vara da Infância e juventude Conselho do idoso). 
28 
Nessa perspectiva, o CREAS articula os serviços de média complexidade 
e opera a referência e a contrarreferência com a rede de serviços socioassistenciais 
da proteção social básica e especial, com as demais políticas públicas e demais 
instituições que compõem o Sistema de Garantia de Direitos e movimentos sociais. 
O CREAS atua dando à família o acesso a direitos socioassistenciais, 
buscando a construção de um espaço de acolhida, fortalecendo vínculos familiares e 
comunitários. 
Os serviços proporcionados nos CREAS devem ser desenvolvidos de 
modo articulado com a rede de serviços da assistência social, órgãos de defesa de 
direitos e das demais políticas públicas. 
O CREAS poderá ofertar os serviços de proteção e atendimento 
especializado a indivíduos e famílias; de proteção social a adolescentes em 
cumprimento de medida socioeducativa de liberdade assistida (LA) e de prestação 
de serviços à comunidade (PSC); e o Serviço Especializado em abordagem social, 
cujas prestações demandam procedimentos técnicos de caráter Inter profissional, 
em situações de: 
 
Negligência, abandono, ameaças, maus tratos, violência física, psicológica, 
sexual, abuso e/ou exploração sexual; afastamento do convívio familiar; 
tráfico de pessoas; situação de rua e mendicância; vivência de trabalho 
infantil; discriminação em decorrência de orientação sexual e/ou raça/etnia; 
e outras formas de violação decorrentes de discriminação/submissões a 
situações que provocam danos e agravos a condição de vida de indivíduos 
e famílias e os impedem de usufruir autonomia e bem estar. (BRASIL, 2005, 
p.16). 
 
Tais serviços, segundo Simões (2009, p. 319), podem ser: 
 
-serviços de orientação e apoio sócio familiar 
-plantão social; 
-abordagem de rua; 
-cuidados no domicílio; 
-habilitação e reabilitação, na comunidade, de pessoas com deficiência; 
 
De acordo com a cartilha do Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome (BRASIL, 2011) de orientações do CREAS, o número de CREAS a 
ser implantado no município deve considerar a projeção da demanda a ser atendida. 
Além disto, o porte do município também constitui uma referência importante para 
dimensionar o número de CREAS a ser implantado em cada localidade. 
29 
Os serviços de proteção social especial de alta complexidade, conforme 
Simões (2009, p. 320), “[...] são os que garantem a proteção integral para famílias, 
seus membros ou indivíduos que se encontram sem referência ou em situação de 
ameaça, necessitando ser retirados deuma vida familiar.” 
Basicamente, os serviços são prestados nos centros de referência, são: 
 
-atendimento integral institucional; 
-casa-lar; 
-República; 
-casa de passagem; 
-albergue; 
-atendimento domiciliar; 
-família substituta; 
-família acolhedora; 
-medida sócio educativas restritas e privativas de liberdades; 
-trabalho protetivo. (SIMÕES, 2009, p. 320) 
 
A principal diferença entre a proteção especial de média complexidade 
para a de alta complexidade, segundo Simões (2009), é que a primeira atende a 
famílias ou indivíduos que, mesmo com o direito violados, ainda têm vínculos 
familiares; já no segundo caso, o vínculo familiar foi desfeito e o indivíduo precisa 
sair da vida familiar. 
A rede de serviços socioassistenciais surgiram, então, para garantir a 
melhor efetividade do que a PNAS e SUAS propõem, a divisão em Proteção Básica 
e Especial. Isto fez com que os CREAS e CRAS se articulassem e formulassem 
serviços para atender a seus usuários, de acordo com suas particularidades e 
necessidades enquadrando-se nos níveis de proteção. 
A seguir aprofundaremos como que se dá a rede de serviços 
socioassistenciais frente às demandas e necessidades dos idosos e dos deficientes. 
 
3.1 Reordenamento da rede de serviços socioassistenciais para a pessoa 
Idosa e pessoa com deficiência 
 
Ao considerarmos que, como todo cidadão, a pessoa com deficiência e o 
idoso têm direitos à participação ampla na vida familiar e social, consideramos que 
os serviços necessários à sua inclusão social englobam várias Políticas Públicas tais 
como Saúde, Educação, acesso à Cultura e ao lazer, assim como ao ingresso ao 
mercado de trabalho, fazendo-os ser inseridos na vida produtiva, social e política. 
30 
É importante ressaltar, aqui, que não é função exclusiva da Política de 
Assistência Social garantir esses serviços múltiplos. Cabe às demais Políticas 
Públicas em todos os seus âmbitos estabelecer uma rede de serviços que 
proporcionem um atendimento integral, fazendo assim acontecer a intersetorialidade 
das políticas, melhorando a qualidade de vida de seus usuários. 
Essa visão de totalidade da Proteção social só se consolidou no Brasil a 
partir da Constituição de 1988. Até então as Políticas Públicas, principalmente as de 
cunho social, eram ofertadas com um viés assistencialista/paternalista e não visava 
a retirada do seus usuários das condições vulneráveis no qual se encontravam. 
No que tange ao deficiente e ao idoso, as Políticas a eles ofertadas, além 
de serem de cunho assistencialista, muitas vezes tinham um viés de caridade 
religiosa, tratando-os como seres que mereciam pena e não como sujeitos de 
direitos, que mereciam adentrar o convívio social. 
A Constituição de 1988 foi um divisor de águas no que tange a direitos de 
toda a população, principalmente às minorias sociais, que foram vistas em suas 
totalidades de direitos e necessidades. 
Após a Constituição de 1988, um reordenamento da rede de serviços 
socioassistenciais aconteceu no Brasil. Era preciso repensar as Políticas e os 
serviços delas ofertados aos seus usuários, afim de melhor atender as reais 
necessidades dos mesmos, partindo do novo conceito de proteção social. 
No que toca à Assistência Social, enquanto partícipe do tripé da 
Seguridade Social, ela deve ofertar proteção integral. “Assim, a melhor proteção é 
aquela que assegura aos cidadãos a sua inclusão nas oportunidades de integração 
oferecidas pelas políticas públicas, pelo mercado de trabalho e pelas diversas 
expressões de convívio familiar, comunitário e societário.” (BRASIL, 1997, p. 24). 
A Assistência Social tem que funcionar propiciando elementos protetivos, 
impedindo a: 
 
[...] discriminação, exclusão ou deterioração das condições de vida, já 
precárias, impostas pelos déficits e estigmas vivenciados por este grupo. 
Além de criar bloqueios protetivos deve articular-se no esforço global das 
políticas públicas objetivando elevar o patamar de qualidade de vida e dos 
índices de inclusão social econômica, cultural e política. (BRASIL, 2011, 
p.35). 
 
 
31 
É importante apresentar aqui que mudar a rede socioassistencial por si só 
não adiantaria: era preciso estudar e reorganizar a rede socioassistencial de forma 
coerente as demandas de seus usuários, rompendo com o viés assistencialista e 
ofertando serviços que trabalhassem a totalidade de seus usuários. “Assim, os 
serviços assistenciais devem ser flexíveis e adequados à realidade local, assim 
como, ao modelo organizacional de gestão pública adotado pelos governos 
municipais.” (BRASIL, 1997, p. 29). 
 
Ao examinar a rede de serviços assistenciais à luz das modernas 
concepções da Assistência Social, não se trata de propor a substituição 
irresponsável das ofertas existentes. Trata-se, sim, de introduzir de forma 
gradual um projeto coerente que permita o reordenamento e a inovação das 
ações tradicionais e inclusão de novas ações de proteção. (BRASIL, 1997, 
p.28). 
 
A PNAS 2004, assim como a LOAS e o SUAS, veio reorganizar a 
Assistência Social no Brasil. A PNAS norteia toda a implementação da política assim 
como seus serviços ofertados, ela apresenta algumas seguranças a serem 
garantidas aos seus usuários. Elas são: 
 
Segurança de acolhida: provida por meio da oferta pública de espaços e 
serviços adequados para a realização de ações de recepção, escuta 
profissional qualificada, referência, concessão de benefícios, aquisições 
materiais, sociais e educativas. Segurança Social de renda: é complementar 
à política de emprego e renda e se efetiva mediante a concessão de bolsas-
auxílios financeiros sob determinadas condicionalidades, com presença ou 
não de contrato de compromissos, e por meio da concessão de benefícios 
continuados para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de 
proteção social, que apresentem vulnerabilidades decorrentes do ciclo de 
vida e/ou incapacidade para a vida independente e para o trabalho. 
Segurança de convívio: se realiza por meio da oferta pública de serviços 
continuados e de trabalho socioeducativo que garantam a construção, 
restauração e fortalecimento de laços de pertencimento e vínculos sociais 
de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança, societárias. 
Segurança de desenvolvimento da autonomia: exige ações profissionais 
que visem o desenvolvimento de capacidade e habilidades para que 
indivíduos e grupos possam ter condições de exercitar escolhas, conquistar 
maiores possibilidades de independência pessoal, possam superar 
vicissitudes e contingências que impedem seu protagonismo social e 
político. Segurança de benefícios materiais ou em pecúnia: garantia de 
acesso à provisão estatal, em caráter provisório, de benefícios eventuais 
para indivíduos e famílias em situação de riscos e vulnerabilidade 
circunstancias, de emergência ou calamidade pública. (CAPACITA SUAS, 
2008, p. 46-47). 
 
A partir dessas seguranças acima supracitadas, a rede socioassistencial 
organiza e efetiva seus serviços na rede de acordo com a proteção Básica e 
32 
Especial, anteriormente apresentada neste trabalho. 
Os Serviços de Proteção Social Básica têm como base o PAIF, Serviço de 
Proteção e Atenção Integral à Família que consiste basicamente em: 
 
Trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de 
fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus 
vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na 
melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de 
potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo 
e proativo. Estratégia privilegiada para oferta de serviços a beneficiáriosde 
transferência de renda. (BRASIL, 2009b, p. 6). 
 
No âmbito da Proteção Básica, um dos principais programas é o Serviço 
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos que trabalha desde crianças de 06 
anos até idosos, consistindo em: 
 
Serviço realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a 
garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu 
ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e 
prevenir a ocorrência de situações de risco social. Forma de intervenção 
social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os 
usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências 
individuais e coletivas, na família e no território. (BRASIL, 2009b, p. 11). 
 
Os serviços destinados às crianças e aos adolescentes são divididos em 
crianças até seis anos, crianças e adolescentes de seis a quinze anos, adolescentes 
de 15 a 17 anos, e o serviço para idosos. As crianças ou adolescentes com 
deficiência são integradas aos serviços de acordo com a faixa etária assim como as 
demais, tentando assim propor a inclusão social. 
Quanto ao idoso, é destinado um serviço próprio a este público, que 
consiste em: 
 
[...] o desenvolvimento de atividades que contribuam no processo de 
envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de 
sociabilidades, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio 
comunitário e na prevenção de situações de risco social. A intervenção 
social deve estar pautada nas características, interesses e demandas dessa 
faixa etária e considerar que a vivência em grupo, as experimentações 
artísticas, culturais, esportivas e de lazer e a valorização das experiências 
vividas constituem formas privilegiadas de expressão, interação e proteção 
social. Devem incluir vivências que valorizam suas experiências e que 
estimulem e potencialize a condição de escolher e decidir. (BRASIL, 2009b, 
p. 12). 
 
33 
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos que contemplam 
os idosos e os deficientes. Tem em sua gênese a espera de: 
 
- Prevenção da ocorrência de situações de vulnerabilidade social; 
- Redução da ocorrência de riscos sociais, seu agravamento ou 
reincidência; 
- Aumento de acessos a serviços socioassistenciais e setoriais; 
- Ampliação do acesso aos direitos socioassistenciais; 
- Melhoria da qualidade de vida dos usuários e suas famílias. (BRASIL, 
2009b, p.19). 
 
No âmbito da Proteção Social Básica existe também o Serviço de Suporte 
Domiciliar que é 
 
Oferta de atenção por meio de cuidadores formais, de modo sistemático e 
planejado, no domicílio do usuário, a fim de apoiar as famílias nos cuidados 
cotidianos com o usuário, estimular o convívio familiar e comunitário e 
ampliar as possibilidades de acesso a serviços e direitos, promovendo a 
melhoria da qualidade de vida dos usuários, no seu próprio local de 
moradia. O cuidador formal presta seus serviços em períodos em que o 
cuidador familiar precisa ausentar-se: em situações emergenciais, para 
inserção em atividades de geração de renda, educacionais e outras. 
(BRASIL, 2009b, p. 20). 
 
Os usuários desse serviço são “[...] as pessoas que necessitam de 
cuidados, devido à dependência/limitação permanente ou temporária: pessoas 
idosas e pessoas com deficiência [...].” (BRASIL, 2009b, p. 22) Assim os usuários do 
BPC estão normalmente contemplados neste serviço. 
No que tange à Proteção Social Especial de Média Complexidade, tem-se 
pois o Serviço de Proteção Social Especial a Indivíduos e Famílias, que consiste em: 
 
Serviço ofertado de forma continuada no Centro de Referência 
Especializado da Assistência Social (CREAS) com a finalidade de assegurar 
atendimento especializado para apoio, orientação e acompanhamento a 
famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou 
violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para 
a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos 
familiares, comunitários e sociais, fortalecendo a função protetiva das 
famílias diante de um conjunto de condições que as vulnerabilizam. 
(BRASIL, 2009b, p. 25). 
 
Um importante Serviço dirigido principalmente a pessoas com deficiência 
e aos idosos é o Serviço de apoio ao processo de habilitação e reabilitação que 
consiste em: 
 
34 
O serviço de apoio ao processo de reabilitação e habilitação têm por 
finalidade a garantia de direitos, o desenvolvimento de mecanismos para a 
inclusão social, a equiparação de oportunidades e a participação das 
pessoas com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades 
individuais e sociais. (BRASIL, 2009b, p. 40). 
 
O público desse serviço são “[...] pessoas com deficiência e/ou pessoas 
idosas que vivenciam situações de vulnerabilidade, risco e violações de direitos ou 
pela ausência de acesso a possiblidades de inserção, habilitação e reabilitação.” 
(BRASIL, 2009b, p. 40). 
Na esfera da Proteção Especial de alta complexidade, o Serviço de 
Acolhimento é de suma importância. No geral ele consiste em: “Acolhimento 
destinado a famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou 
fragilizados, a fim de garantir proteção integral.” (BRASIL, 2009b, p. 43). 
Para as crianças e adolescentes, que contemplam as deficientes, este 
serviço oferta: 
 
Acolhimento provisório e excepcional para crianças e adolescentes de 
ambos os sexos, inclusive crianças e adolescentes com deficiência, sob 
medida de proteção e em situação de risco pessoal e social, cujas famílias 
ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir 
sua função de cuidado e proteção. (BRASIL, 2009b, p. 43-44). 
 
Quanto ao Idoso, o Serviço oferta: 
 
Acolhimento para pessoas idosas com 60 anos ou mais, de ambos os 
sexos, independentes e/ou com diversos graus de dependência. 
a) Grau de Dependência I - idosos independentes, mesmo que requeiram 
uso de equipamentos 
de auto-ajuda. 
b) Grau de Dependência II - idosos com dependência em até três atividades 
de auto-cuidado 
para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem 
comprometimento 
cognitivo ou com alteração cognitiva controlada. 
c) Grau de Dependência III - idosos com dependência que requeiram 
assistência em todas as 
atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento 
cognitivo. (BRASIL, 1997, p. 67). 
 
Tem-se, pois, até aqui, que os serviços socioassistenciais são compostos 
de vários serviços. Estes buscam fomentar a proteção social principalmente à 
população que se encontra em vulnerabilidade social. O reordenamento dos 
serviços socioassistenciais foi, sem dúvidas, um grande avanço na eficiência de 
35 
seus serviços, trabalhando a totalidade de seus usuários e suas necessidades de 
acordo com cada realidade. 
 
3.2 Serviços de proteção e inclusão social à pessoa com deficiência 
 
Aqui já foi discorrido que os serviços socioasssitenciais devem adequar-
se às realidades locais, buscando incorporar também a gestão de cada município, 
neste subcapítulo apresentaremos algumas atividades básicas de atenção e 
inclusão social destinado à pessoa com deficiência. 
Para que um programa de atenção à pessoa com deficiência, no âmbito 
da assistência social, funcione, ele deverá constituir-se em: 
 
Espaço de circulação de informações e base de articulação da malha de 
atendimentos prestados pelos serviços públicos locais e àqueles que, pela 
sua complexidade, se encontram fora do munícipio. Âncora de proteção que 
abriga sempre a pessoa portadora de deficiência, sua família e sua 
comunidade. (BRASIL, 1997, p. 29) 
 
Algumas ações de base compõem os principais serviços de proteção e 
inclusão social à pessoa com deficiência. Tais açõessão: 
 
Apoio, informação, orientação, e encaminhamento 
Requerimento de benefício de prestação continuada 
Desenvolvimento de programas de proteção especial às pessoas com 
deficiência: casas lares, abrigos, atendimentos personalizado e reabilitação 
baseada na comunidade 
Formação continuada dos prestadores de serviço. (BRASIL, 1997, p.30). 
 
O apoio, informação, orientação e encaminhamento consiste em criar 
condições ao deficiente ter uma vida satisfatória, com plena independência, 
introduzindo a comunidade neste processo. É na maioria das vezes o primeiro 
contato com os usuários da política sendo de suma importância. 
Assim, “[...] a escuta, a informação ampla e aconselhamento são de 
fundamental importância para inserir estas famílias e as pessoas com deficiências 
no circuito de proteção e inclusão.” (BRASIL, 1997, p. 31). 
É nesse primeiro momento que ocorre encaminhamento aos diversos 
serviços de atenção à pessoa com deficiência acontece, incluindo habitação e 
reabilitação dentro e fora dos munícipios, sendo imprescindíveis para seus usuários. 
 
36 
Em geral, as famílias de pessoas com deficiência são marcadas pela 
pobreza e a exclusão social; logo, fazer um bom atendimento é garantir-lhes que a 
Justiça social aconteça. 
Quanto ao requerimento do benefício de prestação continuada, a Políticas 
de base nos municípios têm papel fundamental na sua viabilização. São os 
profissionais da rede que apresentam e assessoram os documentos necessários 
para a obtenção do benefício. 
Desenvolvimento de programas de proteção especial às pessoas com 
deficiência: casas lares, abrigos, atendimentos personalizado e reabilitação baseada 
na comunidade. Consistem em: 
 
Casas Lares: são efetivas residências constituídas para abrigar pessoas 
portadoras de deficiência, individualmente ou em pequenos grupos, em 
condição de vida diária similar à da esfera familiar. Destinam-se àqueles 
que se encontram em situação de abandono ou que necessitem de 
permanência temporária, quando em processo de habitação/reabilitação 
fora do município. Os abrigos devem ser entendidos como medida de 
proteção, provisória e excepcional, utilizável se, e apenas se, a pessoa com 
deficiência, estiver em situação de abandono ou de risco pessoal ou social. 
Atendimento personalizado: uma série de atividades de apoio à família e 
comunidade na proteção cotidiana da pessoa com deficiência. [...] tem o 
pressuposto de atenção personalizada e singularizada, nos espaços familiar 
e comunitário. A reabilitação baseada na comunidade: é uma estratégia de 
organização social, onde a comunidade detecta necessidade e soluções 
próprias para atenção à pessoa com deficiente. (BRASIL, 1997, p. 37-38). 
 
No que se refere à formação continuada dos prestadores de serviços, é 
sem dúvidas a condição necessária para garantir a manutenção e a qualidade do 
atendimento. 
É preciso que os atendimentos, que promovam a inclusão social dos 
deficientes atendidos, assim como da sua família, os serviços de proteção e inclusão 
social para os deficientes, em suma, consistem em incluir o deficiente nas Políticas 
Públicas como um todo, sem deixar de observar-se e levar-se em consideração suas 
particularidades, fazendo um atendimento de forma integral. 
Incluir nessas esferas sociais remete a um processo constante de 
conhecimento e de reciprocidade; portanto, incluir não é tornar o outro igual, não é 
dominá-lo, ou submeter a uma forma de aprender o que não está a seu alcance, 
mas respeitar sua diferença e libertá-lo de peso com que comumente vive por ser 
diferente numa sociedade que estabelece padrões únicos, comuns, de convivência 
social. 
37 
O paradigma da inclusão baseia-se no modelo social da deficiência, tendo 
como pressuposto que a sociedade deve oferecer condições, modificando-se para 
favorecer a inclusão de pessoas com necessidades especiais. 
É valido refletir a respeito do processo de inclusão e, consequentemente, 
faz-se necessária uma análise dos questionamentos, que implicam no 
desenvolvimento do indivíduo na sociedade. Portanto, não podemos destacar a 
inclusão social sem uma leitura crítica do processo de Globalização e sua inserção 
no âmbito social. 
A inclusão da pessoa com deficiência traduz a aceitação e a valorização 
da diversidade humana, o protagonismo social, bem como os caminhos para 
organização de uma nova cultura que, portanto, pertence a todos. Então, esses 
fatores impulsionaram ações legais que fizeram com que estratégias para efetivação 
da inclusão social de pessoas com deficiência acontecessem, assim como as 
demais Políticas sociais, que nasceram de muita luta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
4 AVANÇOS LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A CONCESSÃO DO BPC 
COMO UM DIRETO AO IDOSO E PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
 
O Benefício de Prestação Continuada, como já discorrido, é estabelecido 
na LOAS e se efetiva pela gestão do SUAS, onde o benefício demonstra um grande 
impacto positivo no âmbito social e econômico por retirar 2,5 milhões de pessoas da 
indigência e assim ganhar espaço e efetividade na busca da superação da pobreza. 
Que o BPC é um grande avanço, no que tange aos direitos dos idosos e 
das pessoas com deficiência, não se pode contestar, contudo muitos são os limites 
para a concessão deste benefício, que fazem com que o usuário acabe 
experienciando situações que, ao invés de amenizar-lhe o sofrimento, avulta sua 
condição de vulnerável socialmente. Apresentaremos, aqui, alguns desses limites. 
Albernaz e Pereira (2009) afirmam que há fragilidade no requisito de 
miserabilidade social previsto na LOAS para a obtenção do BPC, onde o salário 
mínimo é dividido pelo número de pessoas da família. Essa divisão não pode 
ultrapassar o valor de ¼ do salário mínimo. Este pré-requisito é contraditório na 
medida que fere a primazia do benefício ser para promover a própria manutenção do 
beneficiário. 
Sobre a problemática acima apresentada, Simões (2009, p. 330) afirma 
que 
 
O critério legal de incapacidade de a família prover a própria manutenção 
não é realista, restrita a, apenas, 25% do salário mínimo, valor incompatível 
com a realidade social, pois o valor fixado pela União contradiz o disposto 
no art. 76 da CLT, que exige expressamente, como seu requisito, com 
relação aos trabalhadores, ser esse valor capaz de satisfazer, em 
determinada época e região do país, as suas necessidades normais de 
alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte. 
 
A afirmação de Simões (2009) nos mostra que o valor per capita, para 
solicitar o benefício, está inferior à realidade substanciada na Constituição Federal 
para garantir a sobrevivência dos sujeitos, constituindo-se um requisito falho no que 
tange comprovar carência ou falta de condições de sobrevivência. 
Albernaz e Pereira (2009, p. 5) atentam, porém, para a importância do 
laudo socioeconômico do Assistente Social, que “[...] se comprovar carência, mesmo 
referida renda seja superior ao limite, o direito ao benefício deve ser reconhecido 
porque prevalece o art. 20 da LOAS.” 
39 
Conforme Art. 20, 
 
O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo 
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) 
anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção nem de tê-la provida por sua família. (BRASIL, 1993). 
 
O que acontece em muitos casos, infelizmente, é que, por conta da 
burocracia, este item não é aplicado. 
Sposati (2004) sobre este assunto afirma que para ser incluído o 
requerente precisa mostrar a miserabilidade da família. Além de sua precariedade 
econômico-social. Necessita

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