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- UNIVFRSIEAEF AGOSTINHO NFTO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS EFPARTAMFNTO EF PSICLOGIA RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL: FSTUEO EF CASO EOS PROFFSSORFS EO FNSINO PRIMÁRIO EA FSCOLA SÃO MARCOS Autor: Bruno Apolinário Pinto Dala Orientadora: Me. Maria Ferreira Victória Chivukuvuku Luanda, 2016 II UNIVFRSIEAEF AGOSTINHO NFTO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS EFPARTAMFNTO EF PSICLOGIA RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL: FSTUEO EF CASO EOS PROFFSSORFS EO FNSINO PRIMÁRIO EA FSCOLA SÃO MARCOS Autor: Bruno Apolinário Pinto Dala Trabalho de fim do curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Psicologia Social, sob a orientação do Profª. Me. Maria Ferreira Victória Chivukuvuku. Luanda, 2016 III EFEICATÓRIA Esta obra é dedicada a todos os professores, principalmente aos do ensino primário, pois eles têm o privilégio de participar na formação e construção de personalidades, e com isso podem incutir novos valores, atitudes e comportamentos numa sociedade. O nosso futuro está nas mãos dos professores e nos demais educadores. Muito obrigado por existirem! IV AGRAEFCIMFNTO Primeiro agradeço ao criador da existência, pois sem ele o nada e o tudo seriam a mesma coisa e por mais que a vida seja difícil vale, sempre, a pena viver. Agradeço aos meus pais e irmão que, mesmo vivendo do pouco, sempre fizeram os possíveis para que não me faltasse o necessário Agradeço também aos meus amigos Sessenta, Lukamba, Domingos, Lisboa, Isabel, Maketa, Júlio, Iracelma, Marta, Xavier e outros por passarem comigo esses quatro anos cálidos e alegres em uma faculdade. Ainda agradeço o colega Gelson, Rodrigues, Danilson e amigos como Anil, Ani, Varsilon, Pedro, Sebilson, Mauro, André, Ismael, por caminharem dia e noite comigo e influenciarem a minha pessoa. Também agradeço a minha orientadora, Professora Victória, e o Professor Anibal Simões que estiveram sempre disponível à esclarecer as dúvidas que surgiam ao longo do trabalho e graças a eles o presente estudo ganhou sustento. Ainda agradeço a todos os professores do primeiro ao quarto ano, pois de uma ou de outra forma contribuíram para o enriquecimento da minha psique. V Resumo O presente estudo visa conhecer as representações sociais dos professores do ensino primário, da escola nº1251 “São Marcos”. O mesmo teve como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais, apoiada na abordagem de Moscovici e Jodelet. Utilizou-se o método qualitativo com base na análise do conteúdo na perspectiva de Bardin com auxílio do software Nvivo 11. Os participantes do estudo foram 6 professores (3 dos género masculino e 3 do género feminino). A média da idade dos participantes foi de 27 anos, com um desvio-padrão de 3,89. Os participantes evocaram 495 palavras. Tendo com maior incidência as palavras: ambiente (52), educação (24), escola (20) e alunos (13). Os professores têm conhecimento sobre a importância da Educação Ambiental nos primeiros anos de escolaridade, mas ainda assim suas aulas são mais viradas à teoria. A análise dos resultados mostram que os professores têm uma concepção de Educação Ambiental conservadora, cujo principal objectivo é cuidar, preservar e proteger o ambiente. Palavras-chave: Representação social; Educação Ambiental; Ensino Primário. VI Abstract The present study seeks to know the teachers' of the primary education social representations, of the school nº1251 "São Marcos". THE same had as theoretical referencial the Theory of the Social Representations, leaning in the approach of Moscovici and Jodelet. The qualitative method was used with base in the analysis of the content in the perspective of Bardin with aid of the software Nvivo 11. The participants of the study were 6 teachers (3 of the masculine géneros and 3 of the feminine género). THE average of the participants' age was of 27 years, with a deviation-pattern of 3,89. The participants evoked 495 words. Tends with larger incidence the words: adapt (52), education (24), school (20) and students (13). The teachers have knowledge on the importance of the Environmental Education in the first years of education, but nevertheless their classes are more turned to the theory. The analysis of the results shows that the teachers have a conception of conservative Environmental Education, whose main objectivo is to take care, to preserve and to protect the atmosphere. Keywords: Social representation; Environmental education; Primary education. VII ÍNEICF GFRAL Dedicatória.................................................................................................................. III Agradecimentos ......................................................................................................... IV Resumo ........................................................................................................................ V Abstract ...................................................................................................................... VI INTROEUÇÃO .......................................................................................................... 1 Problemática ................................................................................................................. 1 Justificação do Estudo .................................................................................................. 1 Motivação ..................................................................................................................... 2 Importância ................................................................................................................... 2 Actualidade ................................................................................................................... 2 Formulação da questão de investigação ....................................................................... 3 Objectivos do Estudo .................................................................................................... 3 Hipóteses ...................................................................................................................... 3 MFTOEOLOGIA ....................................................................................................... 3 Visão geral sobre o estudo ............................................................................................ 3 Método de pesquisa ...................................................................................................... 4 Local de estudo ............................................................................................................. 4 Tipo de pesquisa ........................................................................................................... 4 Instrumento a utilizar .................................................................................................... 5 Técnica a utilizar .......................................................................................................... 5 População e Amostra .................................................................................................... 5 Amostra ........................................................................................................................ 5 Análise e tratamento dos dados.................................................................................... 6 Variáveis sócio-demograficas....................................................................................... 6 Delimitação ................................................................................................................... 6 Limitação do estudo ..................................................................................................... 6 Critérios éticos .............................................................................................................. 7 Divisão do trabalho ....................................................................................................... 7 CAPÍTULO I-RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS ...................................................... 8 1.1-DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS ........................................................ 8 1.2-ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ..... 10 1.2.1-Contribuições de Émile Durkheim .................................................................... 10 VIII 1.3-TEORIAS SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .................................... 12 1.3.1-Abordagem ou Teoria dimensional ou processual ............................................ 12 1.3.2-Abordagem ou Teoria Societal .......................................................................... 13 1.3.3-Abordagem ou Teoria do Núcleo Central ......................................................... 15 1.4-CONCEPTUALIZAÇÃO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ......................... 18 1.5-ESTUDOS REALIZADOS SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ......... 20 CAPÍTULO II-ABOREAGFM HISTÓRICA SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL .......................................................................................................... 22 2.1-Contribuições de Patrick Geddes ......................................................................... 22 2.2-ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............ 24 2.2.1-Abordagem Conservacionista ou Recursista ..................................................... 24 2.2.2-Abordagem Crítica ............................................................................................ 25 2.2.3-Abordagem da Sustentabilidade ........................................................................ 27 2.3-CONCEPTUALIZAÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .............................. 29 2.4-ESTUDOS REALIZADOS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................ 31 CAPÍTULO III-ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS……………...33 3.1-Descrição do local de estudo ................................................................................ 33 3.2-Apresentação dos resultados ............................................................................... 33 3.2.1-Distribuição da amostra pelas variáveis sócio-demográficas ............................ 34 3.2.2-Análise lexical ................................................................................................... 36 3.2.3-Análise temática ................................................................................................ 42 3.2.4-Hipótese explicativa .......................................................................................... 44 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 45 Sugestões .................................................................................................................... 47 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 48 ANEXOS .................................................................................................................... 53 APÊNDICES .............................................................................................................. 55 IX LISTA EF TABFLAS F GRÁFICOS Tabela 1- Índice de validade de conteúdo .................................................................. 50 Tabela 2- Distribuição da amostra pelas variáveis sócio-demográficas. .................... 50 Gráfico 1- Distribuição da amostra por género .......................................................... 46 Gráfico 2- Distribuição da amostra por idade ............................................................ 48 Tabela 3- Análise das respostas às questões abertas .................................................. 50 Tabela 4- Disposição das palavras mais frequentes ................................................... 50 Tabela 4- Frequência dos verbos por modo ............................................................... 50 Gráfico3- Frequência dos verbos por modo ............................................................... 50 1 INTROEUÇÃO É cada vez mais visível o impacto dos actos humano sobre a natureza, trazendo consigo pobreza, desflorestação, extinções de numerosas espécies, doenças, mortes, entre outros, fruto do mau uso das riquezas da natureza e de uma educação ambiental de base ausente. Vimos, então, que “não é suficiente só informar as destruições provocadas pelos humanos no meio ambiente, é preciso um sistema educacional, com „atitudes‟ em defesa à natureza e a sociedade”. (Santos, 2007). Devemos reflectir sobre o papel da escola na resolução de problemas ambientais no nosso planeta, principalmente das escolas do ensino primário, pois é mais fácil orientar uma criança do que um adulto, portanto, é nessa fase que devemos aproveitar incutir valores e conhecimentos para práticas ambientais correctas. Neste trabalho investigamos as “representações sociais de professores do ensino primário sobre a educação ambiental”. O rumo de um país depende dos seus educadores, pais e professores, a qualidade do conhecimento desses vai ditar o futuro dos indivíduos e, por conseguinte da sociedade. O professor é um tradutor do mundo, um instigador da psique, um formador de atitudes, um agente de mudanças duradouras e global. Sem dúvida que o modo como um professor pensa o mundo vai influenciar na transmissão de conhecimentos e no impacto desses conhecimentos na vida dos seus educandos, no entanto, perceber o significado que os professores atribuem à educação ambiental é de extrema importância para compreender o estado ambiental actual das nossas sociedades. JUSTIFICATIVA EO FSTUEO a) Motivação O tema do presente estudo foi escolhido por razões essencialmente profissionais, visto que sou professor e serei Psicólogo Social, logo, nos preocupamos com a problemática ambiental acoplada à prática educativa para explicar os comportamentos dos indivíduos perante o meio ambiente. 2 O nosso tema, também, foi escolhido pelo facto de observarmos na sociedade angolana, principalmente luandense, um desrespeito total pelo meio ambiente. Por exemplo, as pessoas produzem muito lixo e não poucas têm consciência dos efeitos danosos do lixo para a nossa saúde e para a do planeta, quase que não há consciência ambiental colectiva e sustentável. b) Importância O presente estudo é importante ao nível da psicossociologia da educação, direccionado para o ensino básico e superior, quer seja a nível teórico, quer seja do ponto de vista prático. Ao nível teórico, o tema é importante, pois testa a teoria das representações sociais no nosso contexto com o intuito de ver até que ponto serve de modelo para explicar a nossa realidade social e acadêmica. Do ponto de vista prático, o nosso tema é importante, pois sabendo que ao transmitir os conhecimentos, raramente os professores do nosso país tocam na problemática ambiental, fenómeno que poderáter uma repercussão negativa no nosso meio ambiente. O nosso tema pode melhorar os problemas que muitos professores enfrentam na transmissão de conhecimentos relacionados com o ambiente, aumentar os conhecimentos de educação ambiental, as políticas das escolas sobre a educação ambiental e os programas escolares. c) Actualidade O estudo aqui apresentado é actual por duas razões: primeiro, pelo motivo já supracitado, por ser objecto de estudo em vários países como o Brasil, Portugal e Angola. Em segundo, pelo facto da nossa sociedade estar a viver uma precariedade em termos de saneamento, não há respeito pelo ambiente, por mais que o Executivo cria estratégias e mecanismos, vimos que estas tendências são insuficientes quando o homem não está educado. 3 FORMULAÇÃO EA QUFSTÃO EF INVFSTIGAÇÃO O problema identificado quer sob o ponto de vista prático quer sob o ponto de vista teórico fez surgir a seguinte pergunta de partida: Qual é a opinião que os professores do ensino primário da escola São Marcos têm sobre a educação ambiental? OBJFCTIVOS EO FSTUEO Para Prodanov e Freitas (2013, p.94) “a definição do objecto de estudo pode ser caracterizada como um desdobramento da pergunta básica do estudo, ou seja, os itens que serão pesquisados para solucionar o problema de pesquisa”. Sendo assim, na tentativa de responder a nossa pergunta de partida, decidimos traçar os seguintes objectivos: Objectivo geral Explorar as opiniões dos entrevistados sobre a educação ambiental. Objectivos específicos Realizar análise lexical das entrevistas; Efectuar análise temática e categorial das entrevistas; Distribuir as opiniões pelas variáveis sócio-demográficas. MFTOEOLOGIA Visão geral sobre o estudo Se viu mais atrás o nosso problema sintetizado na questão de investigação sobre qual é o significado que os professores do ensino primário atribuem a Educação Ambiental? Consideramos o significado que os professores atribuem à Educação Ambiental de tamanha importância, pois o que os professores pensam vai influenciar as suas práticas pedagógicas e por fim as acções dos seus alunos. 4 Método de pesquisa Conforme foi dito acima, utilizou-se neste estudo a abordagem qualitativa. Local de estudo A nossa pesquisa foi realizada na Escola do Iº e IIº Ciclo 1251 “São Marcos”, localizada no Bairro Kapolo II, Distrito do Kilamba Kiaxi, Rua da Igreja São Marcos. Tipo de pesquisa Sendo o nosso estudo qualitativo, aquele que nos permite explorar as opiniões das pessoas. Para atingir os nossos objectivos usamos: Tipo de pesquisa exploratório-descritivo De acordo com Gil (1999, p. 43) “tem como objectivo primordial a descrição de determinada população ou fenómeno ou estabelecimento de relações entre vaiáveis”. Prodanov e Freitas (2013, p.53) corroboram com Gil quando dizem que “a pesquisa exploratória possui planeamento flexível, o que permite o estudo do tema sob diversos ângulos e aspectos”. Ainda Gil (1999, p. 43) ressalta que o método exploratório “são pesquisas desenvolvidas com o objectivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado facto. Este tipo de pesquisa é realizado experimentalmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e peticionáveis”. Ao estabelecer a ligação entre essas duas pesquisas, muito utilizadas em ciências sociais, tal como é o nosso caso, Prodanov e Freitas (2013, p.53) ressaltam que “as pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a actuação prática”. 5 Instrumentos utilizados No presente estudo utilizamos como instrumento de pesquisa o: Guião de entrevista: a fim de levantar informações orais aos professores do ensino primário da Escola nº 1251 “São Marcos”. Técnica utilizadas No presente estudo recorremos como técnicas: Fntrevista: foco central foi a obtenção de dados por parte dos professores do ensino primário sobre a Educação Ambiental. Pesquisa bibliográfica: consistiu no levantamento de obras bibliográficas relacionadas com a pesquisa. Fez-se um levantamento em livros, artigos, revistas e monografias de diferentes autores, isto, para ter uma ideia clara em relação ao problema em questão. População Para Lakatos e Marconi (1991, p. 223), universo ou população “é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”. Portanto, temos como população, os directores, professores e alunos da Escola nº 1251 “São Marcos. Amostra Ainda para Lakatos e Markoni (1991, p. 223), o conceito de amostra é “uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada do universo (população), é um subconjunto do universo”. Para selecção da amostra a partir da população recorrer-se-á a amostragem não probabilística por acessibilidade ou por conveniência. Segundo Prodanov e Freitas (2013, p.98) nesse método de amostragem “o pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo. Aplicamos esse tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, em que não é requerido elevado nível de precisão”. 6 Tendo como grupo alvo, os professores do ensino primário da Escola nº1251 “São Marcos”. Análise e tratamento dos dados Para análise dos dados, fizemos a análise de conteúdo que é um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens.” (Bardin, 1977, p.38) devemos ressaltar que a análise será feita por intermédio do uso do Software Nvivo 11. Variáveis Sócio-Eemográficas a) Género; b) Idade; c) Nível de escolaridade; d) Especialidade; e) Tempo de trabalho. Eelimitação do estudo Sem sombra de duvidas os estudos sobre as representações sociais são muito abrangentes e complexos, principalmente quando falamos de assuntos como a prática educativa ambiental. Por esse motivo, para evitar generalizações, dos resultados, nosso estudo delimitou-se em Luanda, em uma escola pública, nomeadamente na escola nº1251 “São Marcos”. É de referir que o mesmo só foi realizado em uma amostra de 6 professore do ensino primário. Limitação Porém, quanto às limitações, sabendo que se trata de uma pesquisa qualitativa, deve se considerar a dificuldades em adquirir dados puros, sem manipulação por parte dos entrevistados e em inferir os resultados à população. Houve, também, dificuldade em convenser os estrevistados a participar na pequisa e outra dificuldade foi em adquirir literaturas nacionais (livros) sobre a Educação Ambiental, visto que pouco, ou quase nada se escreve sobre o tema em questão. 7 Critérios éticos Para que a pesquisa fosse realizada foi necessário solicitar autorização junto a Escola São Marcos. Posteriormente esclarecemos aos entrevistados sobre o propósito da pesquisa com um consentimento livre esclarecido. Eivisão do trabalho O presente trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo, o da fundamentação teórica, definimos os termos e os conceitos chaves da pesquisa, que são: Representações Sociais, Educação Ambiental, ensino primário. Já no segundo capítulo foi feito um aprofundamento ao estudo da Educação Ambiental, revisão histórica, da literatura e definimos sob o ponto de vista de vários autores o conceito de Educação Ambiental. No terceiro capítulo fizemos a apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos das entrevistas aplicada aos professores do ensino primário da Escola São Marcos. Para finalizar, apresentamos as conclusões e sugestões dasquais as principais são as seguintes: -Conciliar cada vez mais as teorias relacionadas ao ambiente à prática; -Realizar as aulas sobre Educação Ambiental fora das salas de aulas e fazer com que os alunos sejam os seus autores; -Introduzir nos programas e currículos escolares mais tema virados ao ambiente. Se possível, criar uma disciplina específica para a Educação Ambiental. Por fim, apresentamos as referências bibliográficas, os anexos que contém a entrevista e o consentimento livre esclarecido. 8 CAPÍTULO I-RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS 1.1-EFFINIÇÃO EF TFRMOS F CONCFITOS Representações sociais: são “saberes sociais construídos em relação a um objecto social, que eles também ajudam a formar.” (Jovchelovitch, 2000, p.32). Representações sociais: na visão de Jodelet (2001, p.38) “é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objectivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designada como saber de senso comum ou ainda saber ingénuo, natural, esta forma de conhecimento é diferenciada, entre outras, do conhecimento científico”. Fducação ambiental: para Marcatto (2002, p.14) é “um processo de formação dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passam a ser agentes transformadoras, participando activamente da busca de alternativas para a redução de impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais. Fducação ambiental: na perspectiva de Mello e Trajber (2007, p.15) é “uma educação que se propõe a fomentar processos continuados que possibilitem o respeito à diversidade biológica, cultural, étnica, juntamente com o fortalecimento da resistência da sociedade a um modelo devastador das relações de seres humanos entre si e destes com o meio ambiente”. Fnsino Primário: para Amado (2007, p.152) é aquele onde “ensina-se o que a cada individuo é necessário para se guiar por si mesmo e gozar a plenitude dos seus direitos”. Fducação: “a educação é definida como o fato social pelo qual uma sociedade transmite o seu património cultural e suas experiências de uma geração mais velha para uma nova, garantindo sua continuidade histórica”. (Ghiraldelli, 2006, p.8) Fscola: para Ghiraldelli (2006, p.10) é “um local com divisões internas para o estudo e para o lazer, regrado por discriminação de séries a partir das diferenças de idades e do grau de dificuldade do conteúdo do ensino”. 9 Aluno: é a “pessoa de parco saber em determinada matéria, ciência ou arte e que precisa de orientação e ensino”. (Houaiss, 2007) Professor: é “(…) aquele cuja profissão é dar aula ou aquele que transmite algum ensinamento à outra pessoa”. (Morosini et al., 2006, p.396) 10 1.2-ABOREAGFM HISTÓRICA EAS RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS 1.2.1-Contribuições de Émile Eurkheim As representações sociais por ser um assunto importante para a Psicologia Social, bem como para a sociedade angolana, é nosso objectivo realizar uma análise histórica sobre este assunto. Émile Durkheim, historicamente é dado como o pai das representações sociais. Para ele “As representações, (…) não têm por causas geradoras certos estados da consciência dos indivíduos, mas sim as condições em que se encontra o corpo social em seu conjunto.” (Durkheim, 2007, p.107-108) Isto quer dizer que as representações não têm a sua origem no psiquismo do homem, todavia são oriundas dos aglomerados sociais. Além disso, outro contributo que Durkheim pode nos oferecer, é ao entender o que são representações colectivas, para que servem e quais fenómenos constituem. Nas palavras de Vala e Monteiro (1993, p.368), entendemos que “(…) para Durkheim, as representações colectivas são produções sociais que se impõem aos indivíduos como forças exteriores, servem a coesão social e constituem fenómenos tão diversos como a religião, a ciência, os mitos e o senso comum”. Querendo nos dizer aqui que as representações sócias são resultados da sociedade e estão acima dos seres humanos como uma força externa e que formam fenómenos muito diversos como a religião, a ciência, os mitos e o senso comum servindo, assim, para a coesão social. Durkheim em suas contribuições soube identificar diversos elementos que compõem as representações sociais, um exemplo que os pesquisadores angolanos devem seguir. De acordo com Jodelet (2001, p.21-22), (…) As representações sociais são fenómenos complexos sempre activos e em acção na vida social. Em sua riqueza como fenómeno, descobrimos diversos elementos (alguns, às vezes, estudamos de modo isolado): informativa, cognitivos, ideológicos, normativos, crenças, valores, atitudes, opiniões, imagens etc. (…). Durkheim (1895) foi o primeiro a identificar tais objectos como produções mentais sociais, extraídos de um estudo sobre a ideia colectiva. 11 Porém, as representações sociais são fenómenos complexos e fazem parte da vida quotidiana. Durkheim, através dos seus estudos sobre o pensamento colectivo, foi o primeiro a descobrir os componentes, de produção mental, que constituem as representações sociais. Por último, podemos dizer que uma particularidade muito importante é que por ser sociólogo, Durkheim viu as representações do ângulo da sociologia, todavia por sermos estudiosos da psicologia social em Angola, devemos também nos situar na área que nos compete para melhor entender o nosso assunto, as representações sócias. Conforme nos alerta Moscovici (2007, p.45) sabendo as origens das representações devemos vê-las no ângulo de Psicólogos Sociais, diz então da seguinte forma: É óbvio que o conceito de representações sociais chegou até nós vindo de Durkheim. Mas nós temos uma visão diferente dele - ou, de qualquer modo, a psicologia social deve considerá-lo de um ângulo diferente - de como o faz a sociologia. A sociologia vê, ou melhor, viu as representações sociais como artifícios explanatórios, irredutíveis a qualquer análise posterior. Contudo, sabendo que Durkheim nos trouxe o conceito de representações sociais, a Psicologia social deve abordá-la em um ângulo distinto da sociologia, pois ela entende as representações sócias como elemento para ser descrito e não fragmentado para posteriormente ser analisado. 12 1.3-TFORIAS SOBRF AS RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS Para Sá (apud Almeida, 2009, p.718) “A grande teoria das representações sociais (...) desdobra-se em três correntes teóricas complementares (...).” todavia, estas correntes complementam uma a outra, explicando melhor uma determinada representação social. 1.3.1-Abordagem ou Teoria dimensional ou processual É nossa intenção nesse subcapítulo dissertar sobre a abordagem dimensional ou processual da representação social formulada por Moscovici e Jodelet. Assim, para Jodelet (2011, p.17) “Sempre há necessidade de estarmos informados sobre o mundo à nossa volta. Além de nos ajustar a ele, precisamos saber como nos comportar, dominá-lo física ou intelectualmente, identificar e resolver os problemas que se apresentam: é por isso que criamos representações”. Jodelet afirma que é imprescindível que tomamos conhecimento acerca do nosso arredor. E que criamos as representações sociais, não só para nos encaixar ao mundo, mas porque carecemos de saber como agir perante ele, controla-lo de modo real ou mental, reconhecer e dar solução as situações que se mostram. Os principais fenómenos que sustentam a teoria processual são a Ancoragem e Objectivação. E de acordo com Moscovici (2007, p.61) “Ancoragem - Esse é um processo que transforma algo estranho e perturbador, que nos intriga, em nosso sistemaparticular de categorias e o compara com um paradigma de uma categoria que nós pensamos ser apropriada”. Quer nos dizer Moscovici que a ancoragem é um processo que muda qualquer coisa estranha e incómodo, que nos perturba em nossa categoria individual e o equipara com um modelo que nos é conveniente. Ainda para Moscovici (2007, p.71), “Objectivação une a ideia de não- familiaridade com a de realidade, torna-se a verdadeira essência da realidade”. Aqui entendemos que objectivação liga a ideia de não conhecido com o que conhecemos com o que vivemos, e se transforma parte da existência. 13 Não menos importante que a ancoragem e a objectivação são os universo onde as representações sociais surgem ou são geradas, chamados de “universos Consensuais” e “Reitificados”. Para clarear melhor esse assunto, nada melhor do que mencionar as palavras de Moraes et al. (2014, p.26), quando dizem que: Os sistemas de pensamento formaram duas classes diferentes de universos, denominados por Moscovici de “Universos Consensuais” e “Universos Reificados”. Os universos consensuais expressam as actividades relacionadas ao senso comum e suas teorias para responder aos problemas que se impõem, em que os indivíduos elaboram sua construção do real a partir do meio onde vivem, explicando as coisas sem ser necessariamente um cientista ou especialista; nesse universo eclodem as representações sociais. Nos universos reificados, diferentemente, se manifestam os saberes e conhecimentos científicos, com objectividade e rigor lógico e metodológico. Porém, ambos os universos se inter-relacionam, dando forma à nossa realidade. Entendemos com isso que os sistemas de pensamentos deram origem a dois grupos de universo, chamados por Moscovici de “Consensuais” e ”Reitificados”. O primeiro diz respeito às manifestações do senso comum e suas abordagens para dar resposta às situações que surgem, nela as pessoas criam o real do meio onde residem, justificando os fenômenos sem ser um perito; neles surgem as representações sociais. Enquanto que nos “universos reitificados”, ao contrário, surgem os conhecimentos científicos, com objetivo e metodologia. Todavia, os dois se entrelaçam moldando a nossa realidade. 1.3.2-Abordagem ou Teoria Societal É irrefutável que a teoria de Moscovici traz conceitos importantes, que são premissas gerais que nos proporcionam substrato de análise que podem dar detalhes sobre a origem de uma representação social, porém não esgota as abordagens que este ramo pode oferecer. Uma dessas abordagens é a Teoria do Núcleo Central, desenvolvida por Jean-Claude Abric e a teoria Societal, desenvolvida por Willem Doise. 14 Podemos entender os objectivos dessa teoria nas palavras do próprio autor, diz então Doise (2002) que: O objectivo desta psicologia sempre foi o de articular explicações no nível do indivíduo e explicações de ordem social, mostrando como o indivíduo dispõe de processos que lhe permitem funcionar em sociedade e, de uma maneira complementar (...) orientam o funcionamento desses processos. Doise nos diz que o objetivo, da teoria do núcleo central, é de ligar as explicações dos indivíduos e as explicações da sociedade, revelando assim, como o individuo traz consigo processos que fazem com que actua na sociedade e, de uma forma integral, orientam a modo de como agem tais processos. Assim, para essa teoria, o indivíduo está intimamente ligado com a sociedade, é possível entender o exposto nas palavras de Mendonça e Lima (2015), que segundo eles “A abordagem societal proposta por Doise adopta uma perspectiva mais sociológica, enfatizando a inserção social dos indivíduos como fonte de variação dessas representações”. Como podemos entender a abordagem societal, de Doise, ocupa uma visão mais sociológica, destacando a inclusão social do indivíduo como causador de alteração dessas representações. Como psicólogos Sociais, outro aspecto que devemos ter em conta ao estudar essa teoria, é ela realizou os seus experimentos enfatizando as relações sociais diferente de muitas teorias de cariz experimental. Assim, Almeida (2009) nos diz que “centrado, sobretudo nos estudos das interacções sociais, Doise (1982) preconiza um procedimento experimental que leve em conta as normas e as representações construídas nas relações sociais vividas, e com as quais os sujeitos respondem na situação experimental”. Como se vê, Doise posicionava mais os seus trabalhos nas interações sociais e defendia uma metodologia experimental que leve em conta as representações que surgem nas relações sociais do quotidiano, e que com as mesmas os indivíduos respondem em situação experimental. 15 1.3.3-Abordagem ou Teoria do Núcleo Central Uma vez que abordamos no subcapítulo anterior sobre as contribuições de Durkheim, visto que é muito importante para quem está a estudar as representações sociais como é o nosso caso. Agora vamos abordar sobre as teorias que dão sustentabilidade a esse assunto, para isso trazemos como exemplo, para esse estudo, só a teoria criada por Abric, chamada de Teoria do Núcleo central. Nas palavras de Sá (1996, p.62): fica confirmado o criador dessa teoria “A teoria do núcleo central foi proposta pela primeira vez, dentro do quadro da pesquisa experimental que vem ser caracterizado, em 1976, através da tese de Doctorat sociales dÉtat de Jean-Claude Abric - Jeux, conflits et représentations sociales - na Université de Provence, sob a forma de uma hipótese a respeito da organização interna das representações sociais (…).” Portanto, a teoria do Núcleo Central surge com a tese de Doutoramento de Abric, dentro das teorias experimentais para explicar como estão organizadas as representações internamente. Um aspecto importante é o facto de essa teoria ter um lugar privilegiado nas teorias das representações, sendo assim de suma importância para os pesquisadores angolanos que pesquisam ou almejam pesquisar nessa área. Vala (1993, p.375) enfatiza esta excepção quando diz que É a pesquisa na área dos esquemas se tem debruçado sobre a organização interna destas estruturas, este problema não tem merecido o mesmo investimento no domínio das representações sociais, excepção feita aos trabalhos de Abric (1984) e Flament (1989) sobre a hipótese de que os elementos de uma representação se organizam de forma hierárquica em torno de um nó central. Como se vê, os estudos acerca das representações sociais tratam mais sobre os aspectos externo, a excepção surge com o trabalho de Abric e Flament, insto na teoria do núcleo central, sob o pressuposto que as representações sociais se organizam em torno de um núcleo. Um aspecto importante se deve ter em conta nessa teoria é a busca do núcleo central, pois ele permite a emersão no estudo das representações sociais. 16 Nas palavras de Sá (1996, p.71) que segundo ele: “(…) Abric conclui que o levantamento do núcleo central é importante inclusive para conhecer o próprio objecto da representação, ou seja, para saber o que afinal de contas está sendo representado”. Podemos notar então que a teoria do núcleo central não se limita em descrever as representações, ela também nos leva a conhecer qual objecto está sendo representado. E para finalizar, caso os pesquisadores angolanos pretendam aplicar esta teoria, é importante conhecer como funcionam os sistemas que norteiam esta teoria. Podemos entender como funcionam estes sistemas nas palavras de Vala e Monteiro (2004, p.484-485): Segundo Abric (1994), as representações sociais incluem dois sistemas de significações sociais: o sistema periférico e o sistema central. O sistema central, ou núcleo, é rígido, coerente e estável, é consensual, define a homogeneidade do grupo e está ligado à sua históriacolectiva. É ao sistema central que cabe determinar a organização da representação e gerar a significação dos elementos da representação. Por sua vez, os elementos periféricos são mais flexíveis, mudam, são sensíveis ao contexto, integram as experiencias individuais e é neles que se manifesta a heterogeneidade do grupo. As suas funções são a adaptação contextual da e a protecção do núcleo central. As representações sociais podem, desta forma, incluir divergências individuais, ao mesmo tempo que se encontram organizadas em torno de um nó central colectivamente partilhado. No entanto, Abric quer nos dizer que nas representações sociais estão contidas dois sistemas de significações sociais: "o sistema periférico" e o "sistema central". Enquanto o "central" é rigoroso, inflexível, lógico, inalterável, diz respeito a concentração do grupo e está relacionado à história do grupo. O sistema central tem como objectivo definir a coerência da representação social e produzir s sentidos dos componentes da representação. Portanto, os componentes "periféricos" são mais maleáveis, alteram, variam com o contexto, incorporam os hábitos individuais e é com eles que se manifesta a diferenciação da colectividade. Tem com funções de familiarizar e guardar o núcleo central. Assim, as representações sociais tendem a agrupar as diferenças interpessoais, ao mesmo momento que estão agrupados em volta de um "nó central" grupal "partilhado". 17 Fica claro que os sistemas periféricos são mais subjectivos, flexíveis, diferenciam o grupo e protegem o núcleo central. Enquanto o sistema central é estável, trazem a união do grupo. 18 1.4-CONCFPTUALIZAÇÃO EF RFPRFSFNTAÇÃO SOCIAL Depois de termos visto a panorâmica histórica sobre as representações sociais e sobre as teorias mais importantes, vamos definir este conceito na óptica de quatro autores mais representativos. Para Abric (1994) representação social é “o produto e o processo de uma actividade mental pela qual o individuo ou um grupo reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significação específica.” (apud Sá, 1996, p.36) Por sua vez, Moscovici (2013) representação social é: Um conjunto de conceitos, proposições e explicações criado na vida quotidiana no decurso da comunicação interindividual. São o equivalente, na nossa sociedade, dos mitos e sistema de crenças das sociedades tradicionais; podem ainda ser vistas como a versão contemporânea do senso comum. (Apud Vala & Monteiro, 1993, p.354) Outro autor preocupado em definir este conceito foi Jovchelovitch (2000, p.32) que define como “saberes sociais construídos em relação a um objecto social, que eles também ajudam a formar”. Por fim, temos Myers (2014, p.33), que diz que representações sociais são “Crenças socialmente compartilhadas – ideias e valores amplamente disseminados, inclusive nossas suposições e ideologias culturais”. Para ter uma ideia mais clara sobre os conceitos de Representação Social, o mapa conceitual abaixo, apoia-se nos conceitos fundamentais de cada autor, como pode ver na Figura 1 que se encontra a baixo. 19 Figura 1: Mapa conceitual das Representações Sociais. Fonte: Flaborado pelo autor Ao observar a Figura 1, apresentada a cima, concluímos que ao conceituar representação social, os vários autores definem de diferentes formas, porém todos enfatizam as crenças socialmente partilhadas, a atividade mental, os saberes sociais, os conceitos, preposições e as explicações da vida quotidiana. Representação Social Actividade mental Saberes sociais Conceitos, proposições, explicações da vida quotidiana Crenças socialmente compartilhadas 20 1.5-FSTUEOS RFALIZAEOS SOBRF AS RFPRFSFNTAÇÕFS SOCIAIS Os estudos sobre as representações sociais vêm sendo realizados em muitos países, visto que ela é importante para explicar a conduta das pessoas no seu quotidiano, bem como o conceito que as pessoas têm sobre uma situação ou fenómeno. Ente os diversos estudos podemos citar aqueles feitos nos Países de Expressão Portuguesa (PALOPs). Em Portugal, Batista (2006) realizou um estudo com o tema “Representações Sociais construídas pelos Professores de Adolescentes Institucionalizadas”. O estudo objectivou analisar que tipos de representações sociais possuem os professores de adolescentes institucionalizados, bem como ampliar conhecimentos teóricos sobre a problemática em questão. Neste estudo foi utilizado o método qualitativo, os dados foram coletados através de inquérito mediante entrevista (semi-directiva estruturada), participaram do estudo sete professores. O estudo conclui que na amostra existiam docentes que possuíam representações sociais negativas de adolescentes institucionalizados, condicionando o seu desempenho e expectativas, porém foi possível deparar-se com o inverso, professores que têm representações sociais positivas, não aceitando que o seu desempenho e expectativa se transforma diante os alunos institucionalizados. No Brasil, Saccol (2012), um estudo com o tema: “educação ambiental e representações sociais: um estudo com professoras dos anos iniciais do ensino fundamental”. Este estudo teve como objectivo identificar e compreender as representações sociais de educação ambiental dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental de Escolas municipais de Pato Branco. Participaram do estudo 12 docentes, sendo 6 de uma escola urbana e 6 de uma escola rural. Os dados foram colectados mediante entrevista, técnica de hierarquização de evocações e análise de documentos. Os dados foram tratados com base na análise de conteúdo. A análise e discussão dos resultados indicam que as representações sociais de educação ambiental dos participantes da pesquisa consistem em um conjunto de procedimentos cuja finalidade é desenvolver a consciência dos educandos para o respeito e a preservação do ambiente. 21 Em Angola, vamos mencionar o estudo de Cupata (2014) sujeitado ao tema “Representações sociais dos angolanos sobre os imigrantes cubanos: o caso do Sumbe”. O objetivo deste trabalho foi de analisar as representações sociais que os angolanos têm sobre os imigrantes cubanos. Os dados foram coletados através de questionários aplicados a 108 pessoas das duas instituições selecionadas e as entrevistas feitas a 15 pessoas das mesmas instituições. A análise e discussão dos dados revelaram queos angolanos, em particular os sumbenses (habitantes do município do Sumbe) têm uma imagem positiva sobre os imigrantes cubanos. Os dados revelaram também que apresença e a interacção com os cubanos exercem boas influências sobre os angolanos no âmbito da compreensão e a vivência em sociedades multiculturais. De acordo com que vimos, os estudos sobre as representações sociais têm-se apoiado nas experiências e ponto de vista das pessoas acerca de um assunto. É nesta senda que se pretende demostrar com este estudo que as representações sociais não são estáticas e, como tal, exercem uma grande influência no comportamento das pessoas e, sobretudo na prática dos docentes. 22 2-ABOREAGFM HISTÓRICA SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL 2.1-Contribuições de Patrick Geddes Neste capítulo pretendemos conhecer as raízes da Educação ambiental. Dissertaremos sobre as contribuições de Patrick Geddes à Educação Ambiental, com isso conheceremos melhor esse tipo de educação pouco estudada por nós, cientistas sociais angolanos. Patrick Geddes é considerado o pai da Educação Ambiental, para ele “uma criança em contacto com a realidadedo seu ambiente não só aprenderia melhor, mas também desenvolveria atitudes criativas em relação ao mundo em sua volta” (Dias apud Costa, 2016) Quer nos dizer com isso que um menino quando está em proximidade com o modo de vida de seu mundo além de aprender com mais propriedades tem ainda comportamentos inovadoras perante o ambiente ao seu redor. Outro interesse que Geddes demonstrava, era da participação das crianças para a sustentabilidade do planeta e que para ele a verdadeira riqueza não está no dinheiro em si, mas nos recursos naturais, pois estes é que geram o que chamamos de dinheiro. Conforme Maciel (2016), “se já dizia o filósofo escocês Patrick Geddes que‟ não vivemos pelo tilintar das nossas moedas, mas pela riqueza das nossas colheitas‟ as crianças são as primeiras a dar o exemplo para a „sustentabilidade‟”. Entendemos então que para Geddes não devemos viver pela satisfação que o dinheiro traz, mas sim pelos recursos que a terra gere e que a lição de equilíbrio é vista nos menores. Ainda Geddes, ansiava que a Educação Ambiental fizesse parte da educação formal, ou seja, aproximasse a criança do seu mundo natural e não de conhecimentos que estão muito distantes do seu quotidiano. 23 Segundo Dias, Patrick Geddes (...) não imaginava quanto tempo ainda iria demorar, para que a „Educação Ambiental‟ incorporasse as suas ideias nos seus processos, em que deslocava o educando do seu mundo natural e colocava-o em um mundo de conhecimentos fragmentados e desconectados da sua realidade”. (Apud Jesus & Faria, 2010) Portanto, Geddes não fazia ideia do tempo que faltava, para que a “Educação Ambiental” ligasse as suas ideias nos seus processos, em que tirava o estudante do seu “mundo natural” e metia-o em um “mundo” de informações desestruturadas e distante da sua vida. Finalmente Geddes, também, mostrou-se preocupado com o impacto que desenvolvimento da humanidade pode causar ao meio ambiente. De acordo com Dias (2002, p.21) Patrick Geddes “(...) expressou a sua preocupação com os efeitos da Revolução Industrial iniciada em 1779 na Inglaterra pelo desencadeamento do processo de urbanização e suas consequências para o ambiente natural” No entanto, Geddes mostrou-se alarmado com os resultados da Revolução Industrial que originou a actividade de “urbanização”, isto na Inglaterra em 1779 e seus efeitos para “ambiente natural”. 24 2.2-ABOREAGFNS TFÓRICAS SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL Existem várias correntes sobre a Educação Ambiental. No entanto, elas são classificadas em dois grandes grupos chamados de “longa tradição” e de “tradições recentes”. Sendo assim, Sauvé (2005, p.319), uma das maiores renomadas autoras no estudo sobre a Educação Ambiental, acrescenta que existe uma (...) pluralidade de correntes de pensamento e de prática na educação ambiental: naturalista, conservacionista, solucionadora de problemas, sistémica, holística, humanista, crítica, bio-regional, feminista etc. (Sauvé, 2002), que correspondem a outros tantos modos complementares de ligar-se ao meio ambiente. Podemos ver que Sauvé cita várias correntes de Educação ambiental, dentre as múltiplas correntes, citada pela autora, nos apegaremos apenas em três delas que veremos mais adiante. 2.2.1-Abordagem Conservacionista ou Recursista A Corrente Conservadora sempre fez parte da vida familiar ou da vida comunitária, mas teve o seu desenvolvimento em momentos “de guerra em meados do último século – por exemplo, fundindo velhas panelas para fazer munições (…) –, e ao constatar os primeiros sinais de esgotamento dos recursos depois do “boom” económico, após a segunda guerra mundial nos países desenvolvidos”. (Sauvé, 2005, p.19-20). Para Loureiro (2005) as características centrais da corrente “conservadora ou comportamentalista” são: -Compreensão naturalista e conservacionista da crise ambiental; -Educação entendida em sua dimensão individual, baseada em vivências práticas; -Despolitização do fazer educativo ambiental, apoiando-se em pedagogias comportamentalistas ou alternativas de cunho místico; -Foco na redução do consumo dos bens naturais, deslocando essa discussão do modo de produção que a define e situa; -Diluição da dimensão social na natureza, faltando entendimento dialéctico da relação sociedade-natureza; -Responsabilização pela degradação posta em um homem genérico, fora da história, descontextualizado social e politicamente”. (Apud Saccol, 2012, p.42) 25 Podemos notar que a corrente Conservadora tem como escopo à protecção, o cuidado e conservação do meio e vê na educação aliado para incutir comportamentos de cuidado ambiental sem, no entanto, levar em consideração os aspectos sócio- históricos do homem. Ainda Sauvé (2005, p.19-20) diz que Esta corrente agrupa as proposições centradas na “conservação” dos recursos, tanto no que concerne à sua qualidade como à sua quantidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plantas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que podem ser obtidos deles), o património genético, o património construído, etc. Quando se fala de “conservação da natureza”, como da biodiversidade, trata-se sobretudo de uma natureza-recurso. Encontramos aqui uma preocupação com a “administração do meio ambiente”, ou melhor dizendo, de gestão ambiental. Para Loureiro (2005) essa “(…) educação ambiental se inseriu em sectores governamentais e científicos ligados à conservação de bens naturais, num sentido comportamentalista, tecnicista e voltado para o ensino de ecologia e para a capacidade de resolver problemas”. (Apud Saccol, 2012, p.41) Não menos importante para essa corrente é o conceito dos três “R” que para Sauvé (2005, p.20) são (…) Os da Redução, da Reutilização e da Reciclagem, ou aqueles centrados em preocupações de gestão ambiental (gestão da água, gestão do lixo, gestão da energia, por exemplo) se associam à corrente conservacionista/recursista. Geralmente se dá ênfase ao desenvolvimento de habilidades de gestão ambiental e ao ecocivismo. Encontram-se aqui imperativos de acção: comportamentos individuais e projectos colectivos. Recentemente, a educação para o consumo, além de uma perspectiva económica, integrou mais explicitamente uma preocupação ambiental da conservação de recursos, associada a uma preocupação de equidade social. 2.2.2-Abordagem Crítica A corrente crítica reuniu contributos de várias áreas do saber. Sauvé (2005, p.30) nos diz que ela “(…) se inspira no campo da „teoria crítica‟, que foi inicialmente desenvolvida em ciências sociais e que integrou o campo da educação, para finalmente se encontrar com o da educação ambiental nos anos de 1980 (…)”. Portanto, conhecer o fundador dessa teoria é vital para nós, pesquisadores angolanos. Ela tem como fundador Max Horkheimer que segundo ele “a verdadeira 26 vida, que antigamente era obra da graça, deve resultar agora da vinculação vital à natureza, dos poderes, do sangue e da terra (Max Horkheimer, 1990, p.131)” Assim, para Horkheimer, o pai da Teoria Crítica, a vida real, que outrora era resultado do divino, hoje percebemos que é resultado da ligação da natureza com os “poderes, do sangue e da terra”. Outro aspecto importante que devemos reter, ao basear o nosso estudo nessa corrente é sobre os motivos do seu surgimento. De acordo com Saccol (2012, p.44), ela surge Para contrapor [o] (…) pensamento reducionista de perceber os temas ambientais antagónicos às questões sociais, de perceber a importância das relações entre os diferentes saberes e suas contribuições ao tema, de fundamentar uma nova orientação educativa capaz de intervir na crise ecológica e social éque surge a educação ambiental crítica. Assim, a educação ambiental crítica, aparece como resposta às abordagens que reduzem os fenómenos aos aspectos naturais sem pôr em causa os aspectos sociais, como uma forma de entender os contributos que os variados ramos do saber podem fornecer a questão ambiental, surge, ainda, como base para um recente sistema educativo que pode “intervir” nos problemas ambientais e humanos. Ainda, para explicar o processo dessa corrente Alves-Mazzotti e Gewandsznajder ressaltam que A abordagem crítica é essencialmente relacional: procura-se investigar o que ocorre nos grupos e instituições, relaciona as acções humanas com a cultura e as estruturas sociais e políticas, tentando compreender como as redes de poder são produzidas, mediadas e transformadas. Parte-se do pressuposto de que nenhum processo social pode ser compreendido de forma isolada. Como uma instância neutra acima dos conflitos ideológicos da sociedade. Ao contrário, esses processos estão sempre profundamente vinculados às desigualdades culturais, económicas e políticas que dominam nossa sociedade. (Apud Guimarães, 2004, p.32) Sem dúvida que esta corrente vem questionar os “dogmas” sociais e compreender os fenómenos sociais numa perspectiva sócio-histórica. Por, corroboram com a ideia supracitada Robottom e Hart (1993) dizem que 27 A educação ambiental que se inscreve numa perspectiva sociocrítica (socially critical environmental education) convida os participantes a entrar num processo de pesquisa em relação a suas próprias actividades de educação ambiental (...). É preciso considerar particularmente as rupturas entre o que o prático pensa que faz e o que na realidade faz e entre o que os participantes querem fazer e o que podem fazer em seu contexto de intervenção específica. O prático deve se comprometer neste questionamento, porque a busca de soluções válidas passa pela análise das relações entre a teoria e a prática. (...) A reflexão crítica deve abranger igualmente as premissas e valores que fundam as políticas educacionais, as estruturas organizacionais e as práticas em aula. O prático pode desenvolver, através deste enfoque crítico das realidades do meio, sua própria teoria da educação ambiental. (Apud Sauvé, 2005, p.32) 2.2.2-Abordagem da Sustentabilidade Actualmente é muito comum em conferências e, até mesmo, em aulas sobre o meio ambiente o termo sustentabilidade e/ou Desenvolvimento sustentável. Afinal o que é sustentabilidade? E desenvolvimento sustentável? Como tais ideologias penetram à Educação Ambiental? Estudar essa corrente é muito importante para nós, pesquisadores sociais angolanos, pois “acredita-se que a discussão sobre as definições de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade urbana pode auxiliar nas futuras actuações e proposições urbanas e políticas”. (Barbosa, 2008, p.1) É Sauvé (2005, p.37) que nos diz que “a ideologia do desenvolvimento sustentável, que conheceu sua expansão em meados dos anos de 1980, penetrou pouco a pouco o movimento da educação ambiental e se impôs como uma perspectiva dominante”. Ainda Barbosa (2008, p.2) ao abordar sobre o histórico dessa corrente ressalta que O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo preparatório a Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido um relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. 28 Para relatório Brundtland “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. (Barbosa, 2008, p.2). “Trata-se de aprender a utilizar racionalmente os recursos de hoje para que haja suficientemente para todos e se possa assegurar as necessidades do amanhã. A educação ambiental torna-se uma ferramenta, entre outras, a serviço do desenvolvimento sustentável”. (Sauvé, 2005, p.37). Outro aspecto importante para quem pretende estudar corrente é facto dela não ser unilateral, pois engloba outras dimensões teóricas e prática como é o caso de viabilidade ou sustentabilidade. O termo Sustentabilidade “significa a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”. (Cavalcanti apud Barbosa, 2008, p.7). Para finalizar, devemos entende que está corrente tem mito que proporcionar aos pesquisador sociais angolanos, pois A educação ambiental para o consumo sustentável se preocupa sobretudo em proporcionar a informação sobre os produtos (os modos de produção, os possíveis impactos ambientais, os custos de publicidade, etc.) e em desenvolver nos consumidores capacidades de escolha entre diferentes opções (...).A educação ambiental para o consumo sustentável deve considerar os processos sociais atuais ligados ao fenómeno da globalização (por exemplo, o ataque à identidade e a fragmentação dos grupos sociais). (...) A educação dos consumidores confronta directamente os interesses corporativos de grandes produtores e distribuidores, que, em muitos casos, actuaram com impunidade. Mas uma verdadeira cidadania não pode existir sem uma participação mais inteligente na defesa dos interesses e aspirações da população (...) para a valorização das pessoas, além da valorização da riqueza. (CI/CEAAL, 1996; Gaudiano, 1990 apud Sauvé, 2005, p.38- 39) Portanto, a Educação ambiental para o consumo não insere simplesmente na esfera biológica, fauna e flora, mas também, nos aspectos sociais, identidade social, forma de estar e viver no mundo, crenças e outros fenómenos sociais. 29 2.3-CONCFPTUALIZAÇÃO EF FEUCAÇÃO AMBIFNTAL Para Sauvé (2005, p.317) “trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interacções que está na base do desenvolvimento pessoal e social: a da relação com o meio em que vivemos, com essa „casa de vida‟ compartilhada.” No entender de Dias (apud Santos, 2014, p.36-37), Educação Ambiental é vista como “(...) um processo por meio do qual as pessoas aprendam como funciona o ambiente, como dependemos da sua sustentabilidade”. Segundo a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (UNESCO), Educação Ambiental é Um processo no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou colectivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros. (Apud Francisco, 2015, p.12-13) Lima (apud Guimarães, 1995, p.19) define Educação Ambiental “(...) como um instrumento de tomada de consciência do fenómeno do subdesenvolvimento e de suas implicações ambientais, que tem a responsabilidade de promover estudos e de criar condições para enfrentar esta problemática eficazmente”. Por fim, temos a definição de Schmidt, Nave e Guerra (apud Francisco, 2015, p.13) que segundo eles a educação ambiental é Um processo de aprendizagem permanente, que procura incrementar a informação e o conhecimento público sobre os problemas ambientais, promovendo o sentido crítico e a capacidade para intervir civicamente. 30 Figura 2: Mapa conceitual de Educação Ambiental. Fonte: Flaboaradopelo autor Observando a Figura 2, que é mostrada a cima, chegamos a concluir que ao definir Educação Ambiental, os vários autores conceituam de vários modos, todavia eles acentuam o processo, instrumento, dimensão, a tomada de consciência, o bem pessoal e social e a resolução de problemas ambientais. Educação Ambiental Processo Instrumento Dimensão Tomada de consciência Bem pessoal ou social Resolução de problemas ambientais 31 2.4-FSTUEOS RFALIZAEOS SOBRF A FEUCAÇÃO AMBIFNTAL Tal como os estudos das representações sociais, os estudos sobre a educação ambiental, também, têm sido temas de interesses em Países de Expressão Portuguesa (PALOPs). O primeiro estudo foi realizado aqui, em Angola, por Francisco (2015). Objectivou estudar as percepções sobre Educação Ambiental dos professores que leccionam as temáticas ambientais nos Institutos Médio Técnicos do Cuanza Sul, a relevância que lhe atribuem na formação dos alunos e o que consideram sobre a necessidade de ampliação do tempo lectivo desta componente de formação. Para recolha de dados usou-se o questionário em uma amostra de 15 professores que leccionam a disciplina de FAI (Fundamentos de Atitudes Integradoras) e 300 alunos da 10ª e 11ª classe, onde é leccionada esta disciplina. O estudo teve uma abordagem quantitativa e os resultados indicaram que há consenso entre as opiniões dos professores, pois, para eles a Educação Ambiental apresenta variadas “dimensões” e o fim primordial é incentivar “atitudes e comportamentos responsáveis. Todos referiram, também que não existe, mas seria importante a formação dos professores nessa área. O segundo estudo foi realizado em Brasil por Menezes (2012). Teve como objectivo avaliar como a educação ambiental vem sendo abordada no ensino primário e médio em consequência dos alunos virem a ser futuros autores “multiplicadores” em educação ambiental. A pesquisa é de abordagem qualitativa e foi realizada em duas escolas. Para colecta de dados usou-se entrevista e a observação directa em duas escolas. O estudo mostrou que os educadores das duas instituições escolares têm consciência da relevância da educação ambiental e focam- se mais em “actividade” que relaciona “consciencialização” e consideração ao meio ambiente. Por fim, a terceira pesquisa foi realizada, também, no Brasil por Pinesso (2006). O objectivo foi investigar as práticas de professores das séries iniciais relacionadas às questões ambientais. Foi um estudo com abordagem quantitativa, usou-se o questionário e a metodologia do grupo focal para colecta dos dados. O estudo concluiu que as professoras das séries iniciais criam actividades que incluem 32 assuntos ambientais e que os mesmos estão consciente sobre “importância” destas actividades, apesar de que há “lacuna” no que diz respeito a prática pedagógica e às “concepções” acerca da “natureza e a educação ambiental”. 33 CAPÍTULO III-ANÁLISF F INTFRPRFTAÇÃO EOS EAEOS 3.1-Eescrição do local de estudo A nossa pesquisa foi realizada na Escola do Iº e IIº Ciclo 1251 “São Marcos”, localizada no Bairro Kapolo II, Distrito do Kilamba Kiaxi, Rua da Igreja São Marcos. Foi fundada em 2005. 3.2-Apresentação dos resultados O nosso estudo tem como abordagem qualitativa. Para o tratamento dos dados fizemos uma análise de conteúdo que é um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens.” (Bardin, 1977, p.38). Antes de entrarmos para a análise do conteúdo, começaremos por apresentar o Quadro 1 relacionados ao IVC (Índice de Validação de conteúdo). Segundo Wynd IVC é “a proporção de itens que recebe uma pontuação de 3 ou 4 pelos juizes”18 (Apud Alexandre & Coluci, p.3066). Para calcular o Índice de Validade de Conteúdo usamos a seguinte fórmula: Tabela 1- Índice de Validade de Conteúdo (IVC). Perguntas Juízes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 3 4 2 4 2 2 4 2 3 1 2 1 3 3 3 3 3 3 2 1 2 4 3 3 2 3 2 3 3 3 2 2 3 2 3 2 4 3 4 3 3 4 4 2 2 2 4 4 4 5 3 3 3 2 4 2 2 2 2 2 4 4 6 3 4 3 4 2 4 4 4 4 4 3 4 ¾ 3 6 5 5 4 5 2 1 3 2 6 4 % 50 100 83,33 83,33 66,66 83,33 33,33 16,66 50 83,33 100 66,66 Fonte: Elaborado pelo autor. 34 ”Com a participação de cinco ou menos sujeitos, todos devem concordar para ser representativo. No caso de seis ou mais, recomenda-se uma taxa não inferior a 0,78”. (Polit, Beck, 2006; Lynn, 1986 apud Alexandre & Coluci, 2011, p.3065-3066) Sendo assim, os itens: 1, 5, 7, 8,9 e 12 foram eliminados em função do baixo (<0,78%) valor percentual dado pelos\ jurados. No entanto, a nossa entrevista foi composta por seis perguntas. 3.2.1-Eistribuição da amostra pelas variáveis sócio-demográficas O nosso estudo incide sobre entrevistas feitas em 6 professores do ensino primário. A amostra do presente estudo está constituída por 6 professores da escola 1251 “São Marcos”, tal como podemos ver na Tabela 2. Sujeitos Idade Gênero Nível de escolaridade Fspecialidade Tempo de Serviço S001 22 Fem. 3ºano/universitária Direito 4 anos S002 27 Fem. Licenciado Pedagogia 2 anos S003 32 Masc. Tec. Médio Ling. 10 anos 35 Tabela 2- Distribuição da amostra pelas variáveis sócio-demográficas. Fonte: Elaborado pelo autor. A tabela acima representa a distribuição dos inqueridos de acordo aos dados sócio-demográficos. Tal como vemos, os professores são jovens e na sua maioria frequentam ou frequentaram o ensino universitário, com essas características é bem provável que entenderão as questões apresentadas. Gráfico 1: Distribuição da amostra por género. Fonte: Elaborado pelo autor. Conforme se observa na Tabela 1 e no Gráfico 1, a amostra por 3 (50%) do género feminino e 3 (50%) do género masculino, os mesmos possuem habilitações literárias e experiência que lhes possibilita entender o assunto em estudo. Gráfico 2: Distribuição da amostra por idade. 50% 50% Género Masculino Feminino Portuguesa S004 28 Fem. Bacharel Psic. Clínica 9 anos S005 30 Masc. Bacharel Pedagogia 13 anos S006 23 Masc. Bacharel Direito 6 anos 36 Fonte: Elaborado pelo autor. Como podemos observar no Gráfico 2, a nossa amostra é constituída por professores jovens (idade máxima=38 e idade mínima=22) e a diferença entre as idades e a média das idades (Desvio padrão=3,89) não é muito acentuada. 3.2.2-Análise lexical Para se entender a codificação de um determinado conteudo é necessário “convenções” quanto ao texto, que segundo Bardin (1977, p.82) podemos especificar em um texto: -O número total de palavras presentes ou «ocorrências»; -O número total de palavras diferentes ou «vocábulos»; estes vocábulos representam o vocabulário (ou reportório léxico, campo lexical) que o autor do texto utiliza; -A relação ocorrências/vocábulos, ou O/V, dá conta da riqueza (ou da pobreza) do vocabulário utilizado pelo autor da mensagem, visto que indica o número médio de repetições por vocábulo no texto. Para nós, é revelador o estudo sistemático do vocabulário, tal como podemos observar na Tabela 1. -Existem 1121 palavras nas seis entrevistas (total de ocorrências) para um vocábulo de base 495 palavras. 22 38 32 3,89 Idade Idade Minima idade Máxima Média Desvio padrão 37 A relação O/V é igual a 2,26, número este que traduz a média de repetições do vocábulo.Isto significa que o reportório de base não é limitado. Mesmo com elevado número de palavras instrumentos, ainda assim, as palavras utilizadas são variadíssimas: o vocabulário, neste caso, é rico. Esta riqueza advém da elevada repetição dos substantivos e verbos. Como frisamos, o registo dos substantivos é o mais ricos, seguindamente surgem os verbos, todavia o reportório dos adjetivos é pobre. Tabela 3: Análise de respostas às questões abertas. Palavras Frequência absoluta Percentagem em relação ao número total de vocábulos O O/V Substantivos 183 36,8 433 2,36 Adjectivos 87 17,6 144 1,65 Verbos 133 26,9 202 1,51 Palavras instrumentos 93 18,7 342 3,67 Totais 495 100 1121 2,26 Legenda: V= vocábulo O = ocorrências O/V = relação ocorrências/vocábulos (riqueza/pobreza de reportório). Fonte: Elaborado pelo autor. -Quais são as palavras mais frequentes? A lista a seguir, indica por ordem decrescente de frequência as 40 palavras plenas e as 10 palavras instrumento mais frequentemente utilizadas. Os substantivos ambiental/ambiente surgem em primeiro lugar na lista das palavras plenas, em seguida aparece novamente os substantivos que são: educação, aluno e escola. 38 Isto quer dizer que a Educação Ambiental na percepção dos professores do ensino primário está ligada a educação dada pela escola aos alunos. Os aspectos acima são reforçados pelos verbos têm (9º lugar), são (10º lugar), deve (18º lugar) e cuidar (22º lugar). Assim, os alunos nesta fase têm e devem cuidar do ambiente. Surgem ainda, os substantivos conservação e protecção corroborando com os verbos o carácter cuidador do meio. Neste caso, para esses professores a Educação Ambiental é meramente conservadora. Para reforçar, ainda, essa especulação, pode-se ver que o substantivo planta(as) surge com maior frequência que homem. Percebe-se, então, que no ponto de vista dos professores as plantas estão mais relacionadas ao meio ambiente que o homem, contudo, o homem é um mero cuidador, alguém fora dele, um ser independente do meio. Infelizmente as instituições escolares transmitem, quase sempre, um conhecimento meramente teórico e conservacionista. Devemos entender que o homem é natureza, ele não está separado dela. Que explicação as palavras instrumentos podem fornecer? Os advérbios que, não, como e as preposições para, com são os mais frequentes exprimindo os propósitos da Educação Ambiental: “como e com que meio?”, “não deitar lixo, não pisar no jardim”, “ para proteger e conservar o ambiente”. Outra visão conservacionista e não crítica da Educação ambiental. 39 PALAVRAS PLENAS 1. AMBIENTAL/AMBIENTE 52S 2. EDUCAÇÃO 24S 3. ESCOLA (AS) 20S 4. ALUNO (OS) 13S 5. PLANTA(AS) 12S 6. MEIO (OS) 12A 7. SERE (ES) 12S 8. CONHECIMENTO (OS) 11S 9. TEM 10V 10. SÃO 9V 11. PARTE 8S 12. AULA (AS) 7S 13. HOMEM S7 14. TODOS 7A 15. PROFESSOR(ES) 6S 16. NATURAL(IS) 6A 17. COMUM 6A 18. DEVE 6V 19. MATERIAIS 6A 20. SALA (AS) 6S 21. CONSERVAÇÃO 5S 22. CUIDAR 5V 23. PESSOA (AS) 5S 24. PROTECÇÃO 5S 25. DIA 4S 26. ACTIVIDADE 4S 27. DIRECÇÃO 4S 28. ELEMENTO (OS) 4S PALAVRAS INSTRUMENTO 1. Que 42 2. Para 25 3. Não 19 4. Com 17 5. Como 15 6. Uma 14 7. Também 13 8. Dos, Das 13 9. Bem 11 10. Sobre 11 Tabela 4: Disposição das palavras mais frequentes. 40 Fonte: Elaborado pelo autor. Será que o tempo (ou modo) dos verbos é revelador? Outro aspecto importante na análise de conteúdo é o significado que os verbos podem transmitir. Para Bardin (1977, p.82) “também é possível estudar o modo (ou tempos) dos verbos presentes no texto, se previrmos que isso possa ser significativo”. No quadro abaixo se encontram os verbos com os seus respectivos modos e frequências. 29. ESTÃO 4V 30. FAZ 4V 31. FORMA 4S 32. INSTITUIÇÃO 4S 33. LIXO 4S 34. LUGAR (ES) 4S 35. PARTILHA 4S 36. VISAM 4V 37. LIMPA (AS) 3V 38. PROTEGER 3V 39. ANIMAIS 3A 40. ÁRVORES 3S Legenda: 1,2,3,4,…: posição ou ordem de frequência decrescente das palavras. 52, 24,…: número que indica a frequência de ocorrência nas entrevistas. V: verbo; A: adjectivo; S: substantivo. 41 Tabela 5: Frequência dos verbos por modo. Modos Frequência Percentagem Pretéritos 5 4,8 Condicional 5 4,8 Futuro do indicativo 1 1,0 Presente do indicativo 50 47,6 Infinitivo 38 36,2 Imperativo 6 5,7 Total 105 100,0 Fonte: Elaborado pelo autor. Gráfico 3: Frequência dos verbos por modo. Fonte: Elaborado pelo autor. Como era de se esperar, os entrevistados, pela função que ocupam e pelo grau académico que possuem, apresentaram um domínio da situação, 47% dos verbos encontram-se no presente do indicativo indicando domínio da situação. Os verbos no presente do indicativo: colaborar, cuidar, ajudar, colaborar, educar indicam que, tanto os conhecimentos, como as práticas dos professores têm como objectivo educar ou levar os alunos a entrarem em contacto com o seu meio ambiente, cuidá-lo e colaborar no bem-estar da sociedade. 47,6 36,2 5,7 4,8 4,8 1 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Presente do indicativo (domínio da situação) Infinivo (domínio dos resultados) Imperativo (domínio do conselho) Condicional (predição provável) Pretéritos (domínio do concluído) Futuro do indicativo (predição certa) Frequência dos verbos por Modo 42 3.2.3-Análise temática Tema 1: Ambiental O primeiro tema a surgir foi Ambiental, diz respeito à educação ambiental, logo o tema ambiental é muito importante quando esta se abordar este assunto. De acordo com Jacobi (2003, p.200) À medida que se observa cada vez mais dificuldade de manter-se a qualidade de vida nas cidades e regiões, é preciso fortalecer a importância de garantir padrões ambientais adequados e estimular uma crescente consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania e na reformulação de valores éticos e morais, individuais e colectivos, numa perspectiva orientada para o desenvolvimento sustentável. De acordo com o nosso autor, devemos “estimular” cada vez mais uma mente ambiental, isto se quisermos “manter” o bem-estar nas sociedades. Todavia esta consciência não deve se apoiar no além, mas sim ao exercer a “cidadania” e ao rever os padrões “éticos, morais, individuais e colectivos” numa visão dirigida ao desenvolvimento sustentável. Como podemos ver, as respostas dos entrevistados dá importância à protecção e ao conhecimento
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