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A crise dos anos 30. Bibliografia O: Hobsbawm (1994), cap.3; A: Bernanke (1995); Kindleberger (1986), cap. 14. C: Bairoch (1993), cap. 1; Dalton (1977), cap. 3, até p.106. AULA 15 1 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - I. • Aumento (bolha especulativa?) do volume de transações no mercado de ações de NY, que entra em crise em Outubro de 1929. • Produção industrial nos EUA já tinha começado a cair anteriormente. • Necessidade de levar de volta capital aos EUA para pagar dívidas, etc., estende crise para mercados de Europa. • Queda no volume e nos preços no comércio internacional também propaga a crise. • Crise se origina nos EUA, mas deve ser analisada fundamentalmente como uma crise internacional. 2 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - II. • Algumas causas possíveis da crise: – Políticas monetárias equivocadas (restritivas) provocam insuficiência de moeda nos EUA (versão “monetária”), e também em outros países posteriormente . – Corte nos investimentos e nos gastos de consumo que se amplificam pelo efeito multiplicador (versão “real”) . – Inexistência de um “emprestador internacional de última instância”, papel que tinha sido exercido pela Inglaterra até 1914. – De qualquer modo, tarifas, etc., nunca tinham permitido que o comercio internacional se recuperasse completamente, mas em 1927-8 houve queda nas tarifas. 3 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - III. • Evidências mostram que os países que abandonaram o padrão ouro começaram sua recuperação antes que os que ficaram nele. • Inclusive, houve fluxo de ouro para fora dos países que o defenderam, por medo de futuras desvalorizações (profecia auto-realizadora). • Crises bancárias levam à queda da quantidade de moeda independentemente da situação do ouro (queda do multiplicador dos meios de pagamento). • Fuga das reservas internacionais para o ouro. • Consequência: mesmo com mais ouro no país, quantidade de moeda cai levando à deflação. 4 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - IV. • Problema do lado da oferta: deflação das dívidas. • Segundo esta interpretação, queda nos preços do produto e no valor dos ativos impossibilita pagamento de dívidas, levando a um efeito dominó. • Veja-se que as dívidas estão garantidas (na melhor das hipóteses) em colaterais, mas estes mesmos colaterais caem de preço tanto para o devedor como para o credor que fica com o “mico” na mão. • Pânico generalizado reduz a possibilidade de tomar empréstimos mesmo para quem tem projetos lucrativos. • Redução de salários nominais é inviabilizada por fatores políticos (entre outros, manutenção dos valores nominais das dívidas financeiras). 5 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - V. • Abandono do padrão-ouro e adoção de medidas protecionistas de maneira unilateral por diversos países. • Plano Hoover (1931) suspende pagamentos de dívidas de guerra e reparações, mas a Conferência de Lausanne (1932) fracassa pela insistência dos EUA de tratar ambos assuntos como coisas completamente diferentes. • Conferência Monetária Mundial (1933) fracassa pela prioridade que os EUA dão aos assuntos domésticos. • Anos 20 e 30 apresentam aumento das tensões políticas e sociais em diversos países: polarização política, surgimento de governos autoritários (Itália, Alemanha, Portugal, Japão, etc.), Guerra Civil espanhola, Frente Popular na França, etc. 6 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - VI. • Formação de blocos monetários internacionais: –Inglaterra abandona o padrão ouro em 1931 → criação do bloco da libra. –EUA abandonam em 1933 → bloco do dólar. –França e outros países pretendem manter conversibilidade do ouro → bloco do ouro, que fracassa em 1936. 7 Aula 15 - Crise dos anos 30. 1. A crise de 1929 e a depressão dos anos 1930 - VII. • O tamanho e a abrangência da crise: – Economia mundial teve crescimento positivo do PIB per capita entre 1929 e 1939, de 1.1% a.a. – No período 1929-38, alguns países desenvolvidos apresentam queda do PIB per capita (EUA, Can, Sui, Hol, Fr, Aut, Bel) mas outros têm aumento (GB, nórdicos, Ita, Ale, URSS, Jap). – Comércio internacional cai 60 % em valor e 35% em volume de 1929 a 1932. – Em todas as economias, o desemprego em 1930/3 é maior que o de 1920/9. 8 Aula 15 - Crise dos anos 30. 2. Diferentes tentativas de sair da crise - I • O Nazismo em Alemanha. – Grande programa de dispêndio público (inicialmente em obras civis, crescentemente gastos militares). – Procura da autarquia econômica. – Acordos comerciais de troca direta para fugir da escassez de divisas. – Repressão contra representação dos trabalhadores, planejamento forçado às grandes indústrias privadas. – Gastos militares atingem 28% do PIB em 1938. – Taxa de desemprego artificialmente baixa ao tirar mulheres e adolescentes do mercado de trabalho. – (Obs: o autoritarismo em si não pode ser visto como a solução, porque a Itália também era autoritária e apresentou desempenho pífio nesses anos) 9 Aula 15 - Crise dos anos 30. . 2. Diferentes tentativas de sair da crise – II •EUA – Roosevelt e o “New Deal”. – EUA adotam uma política “keynesiana antes de Keynes” muito diferente da plataforma tradicional do Partido Democrata → ruptura com o laissez- faire (medida que não estava nos planos originais de Roosevelt?). – Aumento dos impostos, dos gastos do governo e da intervenção na esfera econômica. • Setor financeiro: aumento tanto do controle quanto da ajuda federal aos bancos. • Setor agrícola: política de preços mínimos e compras governamentais. • Políticas sociais: criação do seguro-desemprego e de esquemas de aposentadorias mínimas. – Criação da National Recovery Administration (e Lei de Recuperação Industrial) para estabelecer a “concorrência limpa” → mistura de planejamento privado com supervisão do governo e proteção aos trabalhadores. – Deve ser lembrado que os EUA estavam com as maiores tarifas de sua história nesses anos. 10 Aula 15 - Crise dos anos 30. 2. Diferentes tentativas de sair da crise - III •URSS fica fora da crise, com crescimento e industrialização acelerados nos anos 30 → provoca interesse generalizado, mesmo em países capitalistas, quanto à possibilidade de planejamento. •Publicação da “Teoria geral” de Keynes da a base teórica para a intervenção do estado na economia com fins de estabilização. – Convicção de que demanda agregada pode ser insuficiente, de que investimento flutua muito, e que portanto são precisas medidas compensatórias para alcançar o pleno emprego. 11 Aula 15 - Crise dos anos 30.
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