Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hayek e Friedman: a volta do liberalismo Prof. Giorgio Romano Tídia: Prof. Giorgio HPE 01 de dezembro de 2011 Friedrich Hayek (1899- 1992) Nascido no Império Austro-Húngaro 1931-1950 London School of Economics (contraponto teórico à crescente influencia de Keynes) 1950-1962 Universidade de Chicago 1944 O Caminho da servidão (The Road to Serfdom) publicado na Inglaterra e nos EUA 1945 Versão popular pela Reader´s Digest (EUA) Contestar ideia de que o fascismo seria forma autoritário do capitalismo. Friedrich Hayek 1960 The Constitution of Liberty (influencia Tatcher; referência para neoliberalismo) 1974 Prêmio Nobel junto com Gunnar Myrdal Depois do golpe de 1973 aproximação com ditadura de Pinochet (“I prefer a liberal dictator to democratic government lacking liberalism”) Escola Austríaca Karl Menger e Eugen von Bohm-Bawerk (1889 Teoria Positiva do Capital) Hayek: expoente mais famoso Relação com Schumpter: ambíguo Versão específica da teoria neoclássica: ênfase no individuo => Subjetivismo/ individualismo metodológico: os preços devem ser entendidos em termos de propósitos humanos individuais. Ações conscientes e únicas dos indivíduos gera ordem espontânea da economia de mercado. Escola Austríaca Radicalismo político da sua posição: qualquer afastamento da ortodoxia clássica significa um passo irreversível rumo ao socialismo (= servidão). Antagonismo a intervenção do governo na economia contra reformas sociais que ao invés de salvar acabam por destruir o capitalismo. Defesa da teoria do equilíbrio: mudanças nas condições de oferta e demanda acarretam ajustes nos preços relativos depressões como mal necessário para que o equilíbrio seja reestabelecido. Caminho da Servidão Anos 30 e 2ª Guerra Mundial: crise da civilização resultado de uma transformação do pensamento europeu que se acelerou mais entre alguns povos; Mundo liberal começou a ser alterado a partir da primeira guerra mundial => completo desvio da evolução de nossas ideias e da ordem social...afastando progressivamente das ideias básicas sobre as quais se erguera a civilização ocidental; Caminho da Servidão fomos aos poucos abandonando aquela liberdade de ação econômica sem a qual a liberdade política e social jamais existiu no passado; tendência moderno ao socialismo: renunciamos progressivamente ao liberalismo e ao individualismo; o individualismo começou a ter conotação negativa (associado ao egoísmo). Individualismo e liberdade Conceito de individuo parte central da civilização ocidental desde a Renascença: consolidação e proliferação ligado ao desenvolvimento do comércio (cidades italianas, Países Baixos e Grã-Bretanha) => período moderno da história européia: libertar o individuo das restrições que o mantinham sujeito a padrões determinados pelo costume e autoridade. Individualismo e liberdade Em um segundo momento: esforços empreendidos pelos indivíduos de modo espontâneo e não dirigido pela autoridade eram capazes de produzir uma complexa ordem de atividades econômicas liberdade econômica como subproduto imprevisto e não planejado da liberdade política, como também o desenvolvimento da ciência. Individualismo e liberdade Antes do liberalismo: conhecimento sufocado o que a autoridade considerava certo e conveniente fechou o caminho ao individuo inovador. Com a liberdade industrial: livre utilização dos novos conhecimentos desde que alguém se dispusesse a financiá-la. Revolta do indivíduo contra a espécia Augusto Comte: a eterna doença do Ocidente Hayek: a força que construiu nossa civilização Individualismo e liberdade Sec. 19/início sec. 20: Consciência da liberdade trazida a todas as classes capitalismo gerou elevação do padrão de vida, também para os trabalhadores => mas isso levou à descoberta de grandes mazelas na sociedade que os homens não mais estavam dispostas a tolerar; participação individual no progresso cada vez mais considerado natural e inevitável; e não mais encarado como decorrente da política de liberdade: o próprio sucesso do liberalismo tornou-se a causa do seu declínio. Individualismo e liberdade Impaciência crescente em face do lento progresso da política liberal => passou-se a acreditar cada vez mais que não se poderia esperar maior progresso dentro das velhas diretrizes. Surge como alternativa a completa reestruturação da sociedade (não ampliar ou melhorar o mecanismo existente). completo abandono da tradição individualista que criou a civilização ocidental. Individualismo e liberdade Nesse processo Inglaterra perdeu a liderança intelectual em detrimento da Alemanha/ Austria. Ex. liberalismo não passa de pretexto para justificar interesses egoístas; livre comércio como doutrina inventada pra defender os interesses do império britânico; ideias políticos inglesas ultrapassados. Individualismo e liberdade Liberdade política o indivíduo estar livre da coerção e do poder arbitrário de outros homens Liberdade socialista libertação das necessidades (poder/ riqueza) distribuição da riqueza (fazer desaparecer as grandes disparidades existentes na efetiva possibilidade de escolha) Perigo: o socialismo se apresenta como herdeiro aparente da tradição liberal, mas a realização de seu programa implicaria a destruição da liberdade. Crise do liberalismo => comunismo e fascismo resultado das mesmas tendências. Defesa do liberalismo Princípio básico do liberalismo: devemos utilizar ao máximo as forças espontâneas da sociedade. Para isso precisa “criar deliberadamente um sistema no qual a concorrência produza os maiores benefícios possíveis”. “Talvez nada tenha sido mais prejudicial à causa liberal do que a obstinada insistência de alguns liberais em certas regras primitivas, sobretudo o princípio de laissez-faire.” => É preciso melhorar gradativamente o arcabouço institucional de uma sociedade livre (criar as condições mais favoráveis ao seu crescimento) Ex. aperfeiçoamento do sistema monetário e a prevenção/ controle do monopólio. Economia como ciência social Economia e conhecimento papel dos pressupostos e das proposições até que ponto a análise econômica formal transmite algum conhecimento sobre o que acontece no mundo real. Crítica a transformar a economia em um ramo da lógica pura (atitude cientificista) Hayek contesta que a economia possa ser neutra (isente de julgamento de valores) Economia como ciência social Economia não é uma ciência física Def. ciência exata: qualquer fator importante na determinação dos fatos observados poderá ser, ele mesmo diretamente observado e mensurado. Abordagem econometria: limitar arbitrariamente os fatores que podem ser admitidos como causas possíveis de acontecimentos no mundo real. Economia como ciência social: admitir que em relação ao mercado e a outras estruturas sociais similares, existem muitos fatos que não podemos medir, informações imprecisas. Economia como ciência social Matemática na economia grande contribuição para descrever características gerais de um padrão; identificar interdependências de diferentes fatores de um mercado. Mas: gerou falsa impressão que apenas grandezas mensuráveis podem ser importantes. (“atenção praticamente exclusiva a fenômenos superficiais passíveis de mensuração quantitativa” falsa impressão que podemos moldar a sociedade de acordo com conhecimento exato (poder de previsão e controle) “não é possível chegar ao conhecimento pleno que viabilizaria o domínio dos acontecimentos”. Principais conceitos Hayek Economia de mercado estabelece taxas de juros baseada nas preferências individuais por bens presentes e futuros alocação eficiente de recursos Pessoas dão mais valor ao consumo presente que ao consumo futuro => mecanismo para estimular poupança: taxas de juros Recessões e crises causadas por uma política monetária frouxa superexpansãoda capacidade produtiva e especulação excessiva Crítica à política anticiclica Poupança não-voluntário (forçada) é estímulo artificial ao investimento aumento crédito/ diminui taxa de juros (abaixo da taxa natural) para induzir os empresários a tomar emprestado e investir desloca produção de bens de consumo => elevação preços dos bens de consumo (inflação) + sobreinvestimento Crítica à convenção keynesiana Concepção distorcida: pressuposto de simples correlação positiva entre o emprego total e o nível de demanda agregada de bens e serviços => levou à ideia de que é possível garantir sempre o plano emprego através da manutenção dos gastos monetários totais num nível adequado. Aumento da demanda agregada causa generalizada má alocação de recursos => desemprego Desemprego revela distorção da estrutura de preços relativos e salários (causa da distorção: fixação de preços de caráter monopolístico –incl. sindicatos- e governamental) Problema de coordenação e equilíbrio Ações espontâneas dos indivíduos produzem uma distribuição de recursos que pode ser entendida como se fosse feita de acordo com um único plano, embora ninguém o tenha planejado=> tese da mente social combinação de fragmentos de conhecimento existentes em diferentes mentes produzem resultados, que se tivessem de ser produzidos deliberadamente, exigiriam um conhecimento por parte da mente dirigente que nenhuma pessoa isolada pode possuir. Problema de coordenação e equilíbrio conceito de equilíbrio = relação entre ações => pressupostos concernentes à previsão ações de um indivíduo estão em equilíbrio na medida em que elas possam ser entendidas como parte de um plano; mudança no conhecimento relevante da pessoa => rompe relação de equilíbrio entre ações praticadas ante e aquelas praticadas depois; plano pode estar baseado em pressupostos errados no que diz respeito a fatos externos => pode ter de ser mudado Problema de coordenação e equilíbrio compatibilidade entre as ações de diferentes indivíduos (plano determinados simultaneamente, mas de modo independente por várias pessoas) => planos de diferentes indivíduos devem ser compatíveis - ações correspondentes por parte dos outros indivíduos; equilíbrio: planos se adaptem uns aos outros (compatibilidade mutua de intenções); passagem do tempo (ações sucessivas) essencial para dar significado ao conceito de equilíbrio. Principais conceitos Hayek Coordenação dos planos e ações individuais se da por meio da um processo de ajustes no tempo sistema de preços como cadeia de comunicação (preços como sinais) economia continuamente mudando ao longo do tempo. Tendência para o equilíbrio Crítica do Hayek à análise do equilíbrio puro: não está preocupado com o modo como essa correspondência é produzida (= como o equilíbrio é produzido) analise das certas condições nas quais o conhecimento e os propósitos dos diferentes membros da sociedade se tornem cada vez mais de acordo. Estado de equilíbrio: “sabidamente fictício” (economia como lógica pura) Tendência para o equilíbrio (economia como ciência empírica) Tendência para o equilíbrio Tese do homem econômico e do mercado perfeito: participantes sabem automaticamente tudo o que é relevante para suas decisões. Hayek: precisa entender 1) condições sob as quais é provável que as pessoas adquiram o conhecimento necessário e o processo pelo qual elas o adquirirão; 2) quanto conhecimento e que tipo de conhecimento os diferentes indivíduos devem possuir para que possamos falar em equilíbrio => conhecimento relevante; divisão do conhecimento. Tendência para o equilíbrio Aquisição real do conhecimento: pessoas aprendem com a experiência. Em princípio analise das escolhas possíveis exaustiva (todas as situações concebíveis) Solução: selecionar tipo ideias (relevantes para as condições do mundo real) Equilíbrio pressupõe constância dos dados. Obs: constância com relação a expectativas => isso não significa que as pessoas aprendem a prever eventos de maneira correta Tendência para o equilíbrio Comparação com partida de futebol. resultado do jogo fica fora do alcance daquilo que é cientificamente previsível isso não significa que não possamos fazer qualquer previsão sobre o curso do jogo (acontecimentos possíveis/ previsão de padrões) => usar método Popper (hipótese/ falsificação) Milton Friedman Friedman defendeu a volta às concepções pré-keynesianas equilíbrio neoclássico estabilidade intrínseca do sistema capitalista forças do mercado e crítica à discricionariedade Escola de Chicago – influencia década 1960 (economia neoclassica conservadora)=> governo Reagan 1962 Capitalismo e Liberdade 1976 Prêmio Nobel Escola de Chicago Henry C. Simons (1899- 1946) 1934 A Positive Program for Laissez-Faire defesa de reformas para ressuscitar a iniciativa privada competitiva e preservar sua vitalidade: eliminar poder de monopólio (grandes empresas e sindicatos) estabilidade monetária equidade por meio de imposto de renda dissenso anti-keynesiano Papel do governo: estabelecer a estrutura dentro da qual o mercado pode funcionar de maneira mais eficiente Principais conceitos Friedman Contra política fiscal para estabilizar a economia. Defesa política monetária (monetaristas), mas não o uso ativo como os keynesianos (frouxa pra promover o pleno emprego) Argumentos: autoridades não tem informações para prever movimento do ciclo econômico; efeito de defasagem: efeitos de longo prazo podem ser opostos aos efeitos de curto prazo pretendidos. política monetária neutra = aumento gradual e uniforme da oferta monetária para ajudar à expansão econômica. Principais conceitos Friedman Monetaristas: defesa da ortodoxia microeconômica concorrência perfeita impede efeito inflacionário original não pode haver interferência governamental para controlar/ influenciar preços/ salários política monetária deve se concentrar no Banco Central Crítica Galbraith: política monetária socialmente neutra? Para combater inflação: aumento taxas de juros: remuneração capital financeira => concentrador de renda Principais conceitos Friedman Dinheiro neutro => não afeta renda a longo prazo Inviabilidade de uma política monetária anticíclica por meio de expansão monetária (aumento exógeno da oferta de moeda) Efeito curto prazo: excesso de demanda agregada pressões sobre os preços Expectativas inflacionárias => Efeito longo prazo: Aumento taxa nominal de juros (taxa real + expectativa de inflação) Principais conceitos Friedman Tese principal: toda vez que o estoque nominal de moeda determinado pelas condições de oferta monetária exceder o estoque real de moeda demandado haverá um mecanismo de ajustamento => inflação não antecipada 1º autoridade monetária decide diminuir taxa nominal de juros 2º elevação dos preços 3º contração real da oferta monetária Principais conceitos Friedman Conclusão: No longo prazo existe estabilidade da função demanda de moeda 2) Portanto, a taxa nominal de juros e os salários nominais se alteram de forma a atingir os níveis reais compatíveis com a taxa de desemprego natural e o equilíbrio dos mercados. Principais conceitos Friedman: desemprego Efeito política expansionista sobre emprego 1º aumento nível de emprego (combinação de expectativa de aumento real pelos trabalhadores/ queda do salário real verificado de fato pelos empresários) 2º impacto inflação sobre salários reais => reversão movimento expansionista nível de emprego 3º continuação do afastamento da taxa de desemprego efetivo da taxa natural somente com nova expansão monetária/ mais inflação Principais conceitos Friedman: desemprego Taxa natural de desemprego reflete características estruturais do mercado de trabalho: Exemplos: Qualificação Mobilidade Informações => Causas reais e não monetárias Principais conceitos Friedman A liberdade é tantomaior quanto mais o indivíduo é deixado livre para utilizar a sua renda da maneira que desejar. exercício da liberdade exige renda. Proposta Friedman: imposto de renda zero para faixas de renda baixa negativo para extrema pobreza = renda mínima Keynes x Hayek Parte I: http://www.youtube.com/watch?v=O5jeXrKvJXU Parte II: http://www.youtube.com/watch?v=ELVbEG5qjVI
Compartilhar