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Políticas Públicas e Gestão Governamental

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parceiro
estraté ico:
especialistas em políticas públicas
e estão overnamental
apresentação
O Projeto Agenda de Melhorias apresenta-se como um movimento pela 
inovação na gestão pública. Inovar no sentido de criar mais valor pú-
blico, de buscar a consolidação de boas práticas e disseminá-las no 
âmbito da gestão governamental.
Essa ousada criação somente se viabilizou pela atitude republicana e 
pelo espírito empreendedor de dois Governadores do Estado de Minas 
Gerais, Aécio Neves e Antonio Anastasia, lideranças mineiras e nacio-
nais, que desenvolveram e consolidaram um ambiente inovador no qual 
prevalecem a governança, a responsabilidade e o rigor técnico e ético.
Ter como objeto de análise a experiência mineira de oito anos, em que 
se revigorou a importância de uma gestão eficiente e orientada para 
resultados, foi essencial para a construção das propostas aqui contidas. 
Desse patamar vislumbram-se avanços relevantes que devem ser bus-
cados pelas lideranças desse País. Tudo isso, sem abrir mão da ênfase 
no equilíbrio fiscal, pressuposto de qualquer avanço na gestão pública. 
É com a expectativa de um futuro promissor, que já se faz presente hoje, 
que se oferece à sociedade uma estratégia de desenvolvimento para Mi-
nas Gerais e propostas para um efetivo sistema de entrega de resultados 
para a gestão pública. 
Agradecemos aos coordenadores técnicos desse projeto, a todos os par-
ticipantes da Rede por uma Gestão Pública Inovadora, do Comitê Ges-
tor, aos facilitadores, às consultorias parceiras McKinsey & Company, 
Macroplan e Fundação Dom Cabral e ao MBC. Destacamos, particular-
mente, o papel decisivo do presidente do BDMG, Paulo Paiva, que, de 
primeira hora, apoiou essa iniciativa. 
 
Tadeu Barreto Guimarães
Fernando Lage de Melo
Diretores do projeto
* Este é um dos documentos
complementares, elaborado no âmbito
do Projeto Agenda de Melhorias. Os demais 
documentos do Projeto estão disponíveis
no site www.agendademelhorias.org.br
Este documento descreve e analisa um dos componentes do sistema 
de entregas de resultados do governo de Minas Gerais, a carreira do 
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental – EPPGG.
Tal documento visa subsidiar a construção de um conjunto de ações 
de melhorias e inovações, para que se alcance um novo patamar de 
efetividade dessa iniciativa. 
A estrutura parte da descrição da cadeia de processos e do mapa de 
relacionamento da iniciativa, que serviram de subsídios para estru-
turar as dimensões de análise constantes no Quadro 1. Essas dimen-
sões direcionaram a coleta de dados e dão a organização aos tópicos 
deste registro.
A coleta de dados foi realizada via análise de dados, documentos e 
entrevistas em profundidade com stakeholders envolvidos no compo-
nente, quais sejam: alunos, EPPGGs, professores, equipe da Escola 
de Governo e representantes do governo. No total foram ouvidos 56 
stakeholders.
Todas as recomendações contidas neste documento visam fortalecer 
a pioneira iniciativa, mantida com sucesso pelo governo do Estado de 
Minas Gerais. Nesse sentido, vale o comentário do especialista Fran-
cisco Longo: “Inovar é criar, mas também é consolidar as iniciativas. 
Mais do que dizer onde temos que inovar, deve-se perguntar o que 
temos que fazer para garantir a continuidade e que ferramentas de 
comunicação são necessárias para manter a ideia de que se continua 
inovando”.
É com esse espírito que o presente trabalho busca fazer proposições 
para a iniciativa de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governa-
mental (EPPGG).
resUMo
Dimensão de análise Descrição
Processo de entrada 
(atração)
Foram mapeados os mecanismos de atração para a entrada do EPPGG 
no governo.
Docentes
Foi analisado como se dá a seleção, como é o vínculo e como são 
avaliados os docentes do curso de formação do EPPGG.
Formação do EPPGG
Mapeou-se como é realizada a formação do EPPGG em termos de 
grade curricular, conteúdos, avaliações e prática profissional durante 
o curso.
Desenvolvimento
Foi verificado como é realizado o desenvolvimento do EPPGG pelo 
governo.
Desempenho Mapeou-se como é avaliado o desempenho do EPPGG pelo governo.
Remuneração Foi analisada a remuneração do EPPGG.
Carreira Realizou-se o mapeamento das perspectivas de carreira do EPPGG.
Quadro 1
Dimensões de análise.
Fonte:
FDC.
3
sumário
Cadeia de processos - EPPGG
1 Estratégia do governo
2 Processo de seleção dos alunos do CSAP
3 Formação do EPPGG 
 3.1 O Curso Superior de Administração Pública 
 3.2 Docentes do CSAP
4 Alocação do EPPGG
5 Gestão da carreira: remuneração, evasão e 
desenvolvimento do EPPGG
6 Propostas de melhorias
7 Considerações finais
Referências
Anexo A - Critérios de avaliação por disciplina – 
determinados no regimento interno da Escola de Governo
Ficha técnica
5
6
14
22
23
32
36
43
58
65
67
71
74
A cadeia de processos da carreira de EPPGG, apresentada na 
sequência, ilustra os macroprocessos finalísticos que formam as 
dimensões de análise do componente.
Carreira de EPPGG
Macroprocessos finalísticos
cadeia de processos - eppGG
Seleção dos 
Alunos
Formação dos 
Alunos
Alocação
dos EPPGGs
Gestão da carreira
de EPPGG
5
1
estratégia
do governo
O embrião da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, 
na Fundação João Pinheiro – FJP, surge na década de 1980, a partir 
do momento em que o Curso Superior de Administração Pública – 
CSAP foi autorizado a funcionar pelo Decreto Federal nº 92.745, de 
4 de junho de 1986, e pela Lei Estadual nº 9.360, de 9 de dezembro 
de 1986. A criação do CSAP teve como objetivo formar e capacitar 
servidores públicos aptos a atuar no processo de modernização do 
Estado. Após a sua autorização, o curso foi oferecido inicialmente em 
1987, entretanto, em março de 1988, foi transferido da Fundação João 
Pinheiro para a União de Negócios e Administração – UNA. 
Apesar da trajetória conturbada, a primeira turma de administradores 
públicos foi graduada e nomeada em 1992. Segundo Oliveira (2009), 
os problemas relacionados à continuidade de formação dessa primeira 
turma se devem aos choques políticos e questões referentes à 
estratégia de aplicação do curso. Nesse sentido, Nicácio (2003, p. 12) 
pontua: “Vale destacar o cenário adverso em que se deu a iniciativa da 
criação do CSAP. De certo modo, o curso foi lançado em um ambiente 
cuja preocupação central não consistia em melhorar o aparato 
governamental. Ao contrário, os esforços estavam direcionados para 
a redução do papel e do tamanho do estado, em detrimento de uma 
política voltada para a qualidade da ação governamental. E o CSAP, 
sendo um projeto com vistas a equipar o Estado de servidores bem 
formados para desempenhar de maneira eficiente suas atribuições e 
modernizá-lo, não se enquadrava nesta perspectiva.”
Após reformulações da formatação do curso e da grade curricular, o 
CSAP foi retomado em 1993, pela então criada Escola de Governo da FJP, 
e a partir daí passou a ser oferecido todos os anos. Excepcionalmente, 
ocorreu o ingresso de duas turmas em 1993, e, posteriormente, entre 
1994 e 2003, o número de turmas ofertadas passou a ser apenas uma. 
Entretanto, de 2004 em diante, a Escola de Governo passa a ofertar 
novamente duas turmas anuais, de ingresso semestral. Nesse mesmo 
ano, o curso de Administração Pública também passou por uma 
reforma curricular, aprovada pelo Conselho Estadual de Educação, 
por meio do parecer nº 689/2004, aprovado em 28/08/2004 e que 
permanece inalterada até o momento.
7
A Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho é hoje uma 
instituição de ensino superior que combina “autonomia acadêmica dos 
seus programas de ensino e pesquisa com subordinação aos objetivos 
de modernização da gestãoda máquina administrativa do governo do 
Estado” (FJP, 2007, p. 6). Além da graduação, a Escola de Governo 
também oferece cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu 
bem como programas de educação continuada.
Atualmente, são regularmente oferecidos os seguintes cursos na 
Escola de Governo:
•	 	Curso	 Superior	 de	 Administração	 Pública	 –	 CSAP	 –	 curso	 de	
graduação voltado para a formação dos Especialistas em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental – EPPGGs e de profissionais 
que atuarão nas áreas de gestão governamental e de formulação, 
implementação e avaliação de políticas públicas;
•	 	curso	 de	 mestrado	 em	 Administração	 Pública	 –	 curso	 stricto 
sensu credenciado pela Capes e que objetiva a formação teórica 
e técnica de alto nível com ênfase em questões centrais da 
administração pública moderna. O público-alvo do curso consiste 
em profissionais que atuam no serviço público, em centros de 
pesquisa, em instituições de ensino superior, no setor privado e 
em organizações não governamentais. Além da área de atuação, 
os interessados nos problemas da gestão pública e formulação, 
planejamento, implementação e avaliação de políticas públicas 
também fazem parte do público-alvo;
•	 	Programa	de	Especialização	em	Administração	Pública	–	Proap	
– programa que visa utilizar o conhecimento para a construção 
de uma visão estratégica da administração pública. O público-
alvo são profissionais de nível superior de diferentes esferas de 
governo e profissionais envolvidos na gestão pública;
•	 	curso	de	especialização	em	segurança	pública	–	curso	ministrado	
em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais, cujo objetivo 
é promover a reflexão e o debate sobre políticas de segurança 
pública e o papel da PMMG no planejamento e execução dessas 
políticas. O curso é exclusivo para oficiais capitães da força 
policial militar de Minas Gerais;
•	 	curso	 de	 especialização	 em	 gestão	 estratégica	 de	 segurança	
Pública – o curso tem como objetivo a capacitação de oficiais das 
polícias militares como gerentes estratégicos de suas respectivas 
corporações. Assim, é voltado para majores e tenentes-coronéis 
das polícias militares de Minas Gerais e demais Estados da União; 
8
•	 	cursos	de	extensão	–	o	curso	tem	por	objetivo	treinar,	capacitar,	
desenvolver e otimizar as potencialidades dos servidores públicos 
estaduais. Apesar de ministrado pela Escola de Governo, é 
coordenado pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão 
– SEPLAG. 
A Escola de Governo faz parte da estrutura orgânica da FJP e sua 
inserção na instituição pode ser vista no organograma a seguir.
Fonte:
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Dis-
ponível em: <http://www.fjp.gov.br>
Escola de Governo
Professor Paulo
Neves de Carvalho
Centro de Estatísticas
e Informações
Centro de Estudos
de Políticas Públicas
Paulo Camilo de
Oliveira Penna
Diretoria de
Planejamento,
Gestão e Finanças
Secretaria-Geral
Gerência de Ensino
e Pesquisa
Gerência de Extensão
e Relações
Internacionais
Gerência de
Capacitação
e Treinamento
Secretaria Registro
e Controle Acadêmico
Gerência de
Contabilidade
e Finanças
Gerência de
Planejamento
e Modernização
Institucional
Gerência de
Recursos Humanos
Gerência de
Logística e
Manutenção
Conselho Curador
Conselho Diretor da
Escola de Governo
Professor Paulo Neves
de Carvalho
Biblioteca Profa.
Maria Helena
de Andrade
Assessoria de
Tecnologia e Informação
Gabinete Procuradoria
Assessoria de 
Comunicação Social Auditoria Seccional
Presidência
Vice-Presidência
9
Figura 1
Organograma da Fundação
João Pinheiro.
No âmbito da missão da Fundação João Pinheiro, que é a de “contribuir 
para a qualidade e efetividade da administração e das políticas públicas, 
por meio da geração e difusão de informações e conhecimentos e 
da formação de gestores públicos”, a Escola de Governo Professor 
Paulo Neves de Carvalho tem a missão institucional de promover a 
modernização e profissionalização da administração pública de Minas 
Gerais. A consecução da sua missão é realizada mediante:
•	 	formação	 de	 Especialistas	 em	 Políticas	 Públicas	 e	
Gestão Governamental;
•	 	desenvolvimento	de	estudos	e	pesquisas	voltados	para	
a superação dos problemas do Estado identificados na 
área de administração pública;
•	 	formação	de	quadros	de	alto	nível,	através	da	qualificação	
e treinamento de profissionais encarregados da gestão 
de políticas públicas, dotando-os de competências 
que conduzam à melhor qualidade da administração 
pública;
•	 	criação	de	ethos próprio de uma burocracia profissional 
moderna, que fortaleça as instituições em sua dimensão 
pública (FJP, 2007, p. 7).
Por ser a Escola de Governo uma diretoria da Fundação João Pinheiro, 
sua visão de futuro mescla-se com a da instituição da qual faz parte. 
A FJP tem como visão de futuro: “Ser um centro de excelência na 
produção de informação e de conhecimento e na formação de gestores 
públicos”.
As opiniões dos entrevistados em relação à visão de futuro da escola 
divergem. Enquanto alguns colaboradores entrevistados salientam o 
processo de expansão dos cursos ofertados, como a criação de um 
doutorado, outros ressaltam a inexistência de uma visão de futuro 
própria da Escola de Governo, mas apenas aquela referente à Fundação 
João Pinheiro. 
Na percepção dos entrevistados, a Escola de Governo tem um papel 
importante na transformação e modernização da administração 
pública de Minas Gerais, principalmente no que se refere à formação 
dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental. 
10
Segundo a opinião de alguns stakeholders, a intenção é ampliar os 
cursos de formação e capacitação para aumentar a gama de servidores 
atendidos.
Um problema que pode ser constatado é o não envolvimento de forma 
mais explícita nessa missão de um dos elementos-chave nesse processo 
de modernização e profissionalização, que são os alunos do CSAP. Os 
alunos entrevistados comentam que nunca lhes foram apresentadas a 
missão, a visão e a estratégia da Escola de Governo. Eles acreditam que, 
por fazerem parte da Escola, deveriam estar mais envolvidos nessas 
questões. E argumentam que a dificuldade de estabelecer uma visão 
para a Escola se deve à fragmentação política existente em seu quadro 
funcional. Um trabalho de envolvimento desses alunos com a missão 
da Escola de Governo pode criar uma identificação mais profunda com 
a carreira de EPPGG. Outro ponto importante, que poderia auxiliar na 
consecução da missão, é a criação de uma visão de futuro específica 
para a Escola de Governo.
A relevância dessas discussões para o CSAP, sobre um maior 
envolvimento com missão e a criação de uma visão de futuro própria 
da Escola de Governo, se deve à sua própria trajetória suscetível a 
mudanças de orientação política. A ideia é que uma consolidação 
da razão de ser do CSAP – missão, visão de futuro, objetivos – é um 
elemento importante para “blindá-lo” em relação à possibilidade de 
descontinuidade, resultante das mudanças de governo e orientações 
políticas.
Atualmente, o CSAP é estruturado em torno de um núcleo básico e de 
um núcleo específico de disciplinas. A partir dessa estrutura, o CSAP 
tem como objetivos específicos: 
•		a	formação	de	servidores	para	composição	dos	quadros	para	o	setor	
público;
•	o	fortalecimento	de	competências	na	área	de	gestão	governamental;
•		o	 desenvolvimento	 de	 pesquisas	 relacionadas	 com	 as	 questões	 e	
problemas da administração pública;
•		o	treinamento	dos	alunos	em	órgãos	governamentais	na	formulação	
e execução de políticas públicas.
Segundo informações disponibilizadas pela Escola de Governo, o 
investimento em cada EPPGG, apurado em 2004, totalizava 
R$ 30.918,91, incluindo os custos diretos e indiretos. Os custos11
diretos referem-se ao pagamento da bolsa de estudo mensal, despesas 
de custeio, pagamento de docentes e subsídio-alimentação (opcional). 
Entre os custos indiretos, incluem-se gastos com água e luz, aquisição 
e manutenção do acervo da biblioteca, despesas com a coordenação 
e secretaria do curso, entre outros. A Escola de Governo avisa que o 
referido valor pode variar entre os alunos e as turmas do CSAP, devido 
à utilização do subsídio de alimentação, à titulação dos docentes que 
ministram as aulas e, também, à titulação do professor orientador. 
Devido aos investimentos feitos pelo governo de Minas Gerais na 
formação do EPPGG, o aluno precisa firmar um compromisso de 
permanência no governo por um período mínimo de dois anos após a 
conclusão do curso. Caso não cumpra o compromisso de permanência 
firmado, além de outros critérios, o EPPGG terá que restituir aos cofres 
públicos o valor do investimento correspondente aos quatro anos de 
estudo.
A regulamentação da multa rescisória da carreira de EPPGG está 
presente nos §§ 5º e 6º do artigo 8º da Lei Estadual nº 18.974, de 29 
de junho de 2010. De acordo com a referida lei:
§ 5º O aluno a que se refere o § 2º firmará termo de 
compromisso, obrigando-se a ressarcir ao Estado o 
valor atualizado dos serviços escolares recebidos e, 
se for o caso, o valor atualizado da bolsa de estudo 
mensal, na hipótese de:
I - abandonar o curso, a partir do quarto semestre, a 
não ser por motivo de saúde, devidamente atestado 
pelo órgão competente;
II - ser reprovado em três disciplinas previstas no 
currículo do CSAP;
III - não tomar posse no cargo de Especialista em 
Políticas Públicas e Gestão Governamental;
IV - não permanecer na carreira pelo período mínimo 
de dois anos após o ingresso.
§ 6º A Fundação João Pinheiro cobrará judicialmente 
as despesas decorrentes da aplicação do disposto 
no § 5º se não houver o ressarcimento pela via 
administrativa.
De acordo com os controles administrativos da Fundação João 
Pinheiro, até o momento, 40 integrantes da carreira abandonaram o 
curso antes de completarem dois anos de efetivo exercício. Desses, 
apenas seis pagaram o valor estipulado para a multa recisória, sendo 
que um de forma parcial. Sete ações judiciais foram consideradas 
12
improcedentes por prescrição do prazo ou por falta de assinatura de 
termo de compromisso que, atualmente, deve ser assinado no ato da 
matrícula. As demais ações se encontram em julgamento.
O investimento da Escola de Governo em cada aluno é um ponto que 
merece reflexão. Minas Gerais adotou um modelo único no País de 
formação de gestores, no formato de graduação com extensa carga 
horária, que vem sendo bem avaliado tanto pelos stakeholders como 
pelos órgãos oficiais (MEC). Contudo, o modelo ainda é questionado 
quando comparado ao adotado por outras Unidades da Federação e 
pelo governo federal. Nesses casos, a seleção é feita para candidatos 
com nível superior que são submetidos a um curso intensivo de gestão 
pública, como segunda etapa do concurso público, em formato mais 
rápido e, provavelmente, menos dispendioso. 
O governo de Minas chegou a adotar uma alternativa para ingresso na 
carreira com a Lei nº 15.304, de 2004. A norma previa a seleção de 
candidatos para o nível III da carreira que deveriam preencher como 
requisito ter formação em nível de mestrado, o que dava a possibilidade 
de recrutar profissionais especializados e com mais tempo de formação. 
A entrada alternativa foi utilizada apenas uma vez com a realização de 
concurso público, mas o dispositivo foi revogado com a entrada em 
vigor da nova lei que reestrutura a carreira em 2010.
O debate é ampliado quando levada em consideração a evasão1 
observada ao longo da carreira. Para alguns entrevistados, o governo 
mineiro estaria formando mão de obra qualificada para atuação em 
outras esferas de governo, notadamente o governo federal, além da 
iniciativa privada, mesmo que de forma residual. 
Perguntas importantes precisam ser respondidas para que a avaliação 
desse investimento seja analisada. Qual a expectativa do governo em 
relação à permanência desses profissionais na estrutura do Estado? O 
que seria suficiente para “pagar” um investimento estimado superior 
a R$ 1 milhão em cada turma do curso? A evasão é alta em relação 
ao observado em outras carreiras que não realizam o mesmo tipo de 
investimento? Interessa ao Estado de Minas Gerais, além de formar 
técnicos para sua própria administração, ser formador de quadros 
qualificados para outras esferas de governo? Haveria externalidades 
positivas na migração de egressos da Escola de Governo para o 
governo federal? As seções seguintes deste relatório apresentam dados 
objetivos e percepções de stakeholders que podem indicar respostas 
ou facilitar a reflexão sobre as questões apresentadas. 
1. Os dados de evasão serão apresentados e 
analisados no Capítulo 5 deste relatório.
13
2
processo de seleção
dos alunos do csap
Concomitantemente à reestruturação da carreira de Especialista em 
Políticas Públicas e Gestão Governamental em 2004, a Escola de 
Governo ampliou a oferta de 40 para 80 vagas anuais no CSAP. 
Os candidatos ao curso são selecionados por meio de concurso 
público vestibular, que é composto de duas etapas. Na primeira, 
constam provas escritas, constituídas de questões de múltipla escolha. 
Na segunda etapa do concurso, as provas escritas são constituídas 
de questões abertas. Os programas das provas do concurso 
público vestibular são divulgados antecipadamente. A partir dos 
conteúdos, as provas objetivam avaliar, em nível de ensino médio, os 
conhecimentos e habilidades (capacidade de raciocínio, pensamento 
crítico, compreensão, análise e síntese) do candidato.
O CSAP oferece uma série de benefícios que motiva muitos jovens a 
se candidatarem. Dentre os benefícios, primeiramente se destaca o 
fato de que é um curso gratuito e muito bem avaliado pelo MEC. Além 
disso, os aprovados no concurso público vestibular têm direito a uma 
bolsa de estudo mensal no valor de um salário mínimo vigente. Os 
benefícios se estendem, também, aos servidores do Poder Executivo 
Estadual que já tenham cumprido o período de estágio probatório. 
Esses servidores podem receber dispensa do ponto durante o período 
letivo, caso a instituição em que trabalham o permita, com direito à 
remuneração integral do cargo efetivo que ocupam. Por fim, talvez o 
maior benefício de todos: ainda há a garantia de um emprego. Após 
a colação de grau, o formando é nomeado para a classe inicial da 
carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental. 
Assim, pode-se dizer que a qualidade e gratuidade do curso, assim 
como a concessão de bolsas de estudo e a garantia de uma carreira 
ligada à formação, compõem o conjunto de fatores que explica a 
atratividade e a motivação para o ingresso no CSAP, o que tem feito 
desse, um dos cursos mais concorridos de Minas Gerais. A Tabela 
1 a seguir apresenta as quantidades de vagas ofertadas e o número 
de candidatos inscritos no concurso público vestibular, bem como a 
relação candidato/vaga.
15
Para fins de comparação, a Tabela 2 abaixo apresenta a relação 
candidato por vaga dos cursos mais concorridos da Universidade 
Federal de Minas Gerais (UFMG) para o vestibular de 2009.
Ano Inscritos Vagas Candidato/vaga
1995 901 40 22,5
1996 747 40 18,7
1997 698 40 17,5
1998 844 40 21,1
1999 1004 40 25,1
2000 648 40 16,2
2001 952 40 23,8
2002 1485 40 37,1
2003 1290 40 32,3
2004 / 1 1432 40 35,8
2004 / 2 804 40 20,1
2005 1091 80 13,6
2006 1257 80 15,7
2007 1373 80 17,2
2008 1046 80 13,1
2009 1516 80 19,0
Curso Candidatos Vagas Cand/Vaga
ADMINISTRACAO – D 792 50 15,8
ADMINISTRACAO – N 951 50 19,0
DIREITO – D 3103 200 15,5
DIREITO – N 3176 200 15,9
ENGENHARIA AMBIENTAL- D 1125 50 22,5
ENGENHARIA DE MINAS - D 992 60 16,5
ENGENHARIA QUIMICA - D 1307 60 21,8
GEOLOGIA – D 689 35 19,7
MEDICINA – I 10.077 320 31,5
TOTAL DE CANDIDATOS (NÃO TREINEIROS) 60.882 5.950 10,2
16
tabela 1
Vagas e candidatos no con-
curso público vestibular: 
1995-2009.
Fonte:
EG/FJP.
tabela 2
Relação candidato por
vaga para cursos com
concorrência superior
a 15 candidatos por
vaga - vestibular
UFMG 2009.
Fonte:
UFMG. http://www.ufmg.br/online/arquivos/
anexos/Candidato_vaga.pdf.
Neste mesmo ano, o curso de Gestão Pública noturno, recém-criado 
pela UFMG, teve 297 inscritos para um total de 80 vagas e relação 
candidato por vaga de 3,7. 
As opiniões dos entrevistados são díspares em relação ao processo 
seletivo do CSAP. Uma parte referenda a competitividade e a 
capacidade de concurso público vestibular em selecionar bons 
alunos, o que garante satisfação em relação ao processo. As críticas 
em relação ao processo seletivo abarcam desde a forma do mesmo até 
o tipo de aluno que acaba selecionando. Um professor entrevistado 
diz o seguinte sobre a forma do concurso: “Acho que não é o ideal. 
Talvez incorporar entrevistas, mas isso dá muito problema. Assim, não 
consigo imaginar uma saída. O que tentamos hoje é mudar o conteúdo 
programático das provas do vestibular”. 
Alguns alunos consideram o processo seletivo deficitário e que não 
deveria ser parecido com um vestibular. Para eles, a prova deveria 
ser mais parecida com um concurso público (incorporando conteúdos 
como raciocínio lógico, sociologia, etc.) do que com um vestibular 
tradicional.
As opiniões sobre a alta qualidade do corpo discente do CSAP são 
unânimes. Segundo professores entrevistados, a formação pregressa 
dos alunos é ótima. São críticos, proativos, com um nível intelectual 
alto. A maioria é composta de indivíduos jovens provenientes da classe 
média. Eles ressaltam que esse é um perfil recente. Antigamente, 
observava-se uma maior heterogeneidade dos alunos, dado que havia 
mais servidores cursando o CSAP. Se, por um lado, com a mudança 
de perfil, o nível acadêmico dos alunos melhorou, de outro, os alunos 
passaram a ter um perfil com menos experiência de vida e com um 
conhecimento mais limitado sobre a carreira do EPPGG.
Em relação ao perfil dos formandos que ingressam na carreira, o que 
pode ser observado ao longo do tempo é uma redução da média de 
idade. Excluída a primeira turma que apresentou média de idade 
no momento de ingresso na carreira superior a 32 anos, as turmas 
seguintes até o XVI CSAP apresentou variação entre 23 e 27 anos de 
idade, sendo a média geral das turmas inferior a 25 anos. O Gráfico 1 
abaixo, apresenta a média de idade de ingresso no cargo a partir da 2ª 
turma do CSAP.
17
Média de idade no início do exercício (por CSAP) Média de idade (Geral)
28.00
27.00
26.00
25.00
24.00
23.00
22.00
Id
ad
e
CSAP
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 16
26.64
24.69
26.77
26.06
25.17
25.94
25.22
23.81
14 15
23.63
24.48 24.44
23.75
23.08
24.81
23.58
24.13
Gráfico 1
Média de idade na data de 
início do exercício no cargo 
de EPPGG por CSAP (ex-
cluído o I CSAP).
Fonte:
Dados fornecidos pelo EpR (outubro
de 2009).
O processo de seleção do CSAP remete à discussão sobre o perfil 
dos candidatos aprovados. Se considerarmos apenas o critério 
meritocrático, a concorrência do concurso público vestibular e o perfil 
de alunos com bom capital humano, o processo seletivo pode ser, a 
princípio, considerado um sucesso para o CSAP. A grande questão é 
que uma seleção bem-sucedida para o CSAP não necessariamente é 
um sucesso na seleção de futuros EPPGGs. 
Para muitos stakeholders entrevistados um fator de motivação desejável 
para o ingresso no CSAP deveria ser o de querer atuar no setor público, 
que hoje seria pouco presente entre os alunos. Conforme menciona 
um professor: “[...] eles pensam mais no curso do que na carreira. 
Antigamente o foco era na carreira”. Para um grupo de alunos: “Falta a 
característica de querer ser EPPGG. Tem pessoas que estão pela bolsa 
e pelo emprego, não se comprometem com nada”. 
O que contribuiu para essa mudança de foco, segundo alguns 
entrevistados, é a própria mudança do perfil dos alunos. Quando os 
alunos servidores tinham uma maior representatividade nas turmas, a 
preocupação com a carreira era mais exacerbada. 
Além do problema relacionado à imaturidade dos alunos, ressaltado 
por alguns professores, um deles enfatiza esse novo perfil como um 
grande problema para a Escola. Há quem considere que o perfil dos 
ingressantes no CSAP, de ótima formação intelectual e socioeconômica 
os leva a ter uma grande ambição profissional e financeira. “De uma 
maneira geral são alunos de famílias ricas, de boas escolas. Eu vejo um 
problema nisso, porque essas são pessoas com grandes expectativas, 
que são difíceis de satisfazer. Assim, acho que a Escola poderia focar 
o seu público-alvo em pessoas mais humildes.”
18
Outro professor entrevistado critica os tipos de alunos que são 
selecionados e diz: “Creio que selecionamos os melhores, mas não 
os que vão ficar na carreira. Acho que tínhamos que tentar captar 
pessoas com um nível socioeconômico mais baixo”. Segundo esse 
ponto de vista, a estratégia deveria focar em alunos com um nível 
socioeconômico mais baixo, que, a princípio, teriam expectativas 
financeiras não tão ambiciosas. 
Foi sugerido por um entrevistado que a introdução de cotas para 
candidatos com um perfil socioeconômico mais baixo poderia ser uma 
solução. Entretanto, tal argumento considera verdadeiro o diagnóstico 
de que tais candidatos teriam expectativas salariais mais modestas e, 
consequentemente, tenderiam a permanecer na carreira. Essa linha 
argumentativa é apenas uma conjectura, pois não há evidências de 
que esteja correta.
A questão da motivação para o ingresso no CSAP remete ao problema 
de assimetria de informação entre a Escola de Governo e os candidatos 
do concurso público vestibular. Os motivos se concentram na 
qualidade do curso, muito bem avaliado pelo MEC2 , na existência 
de bolsa e emprego garantido no futuro. Um ponto interessante é 
que os alunos entrevistados propõem um mecanismo de sinalização 
de interesse, autosseleção, na carreira de EPPGG, que pode ser 
considerado contundente, que é a extinção das bolsas de estudo: “Se 
a bolsa acabasse, iria ter uma evasão inicial grande, mas achamos 
que ficariam apenas as pessoas que querem ser EPPGGs. A bolsa 
descaracteriza o curso. Ficou incoerente ao longo do tempo, pois antes 
era tempo integral”. É uma proposta extremada e polêmica, mas que
não deve ser descartada. Há a necessidade de maiores discussões 
para se entender melhor o problema.
Uma opção menos extrema seria a alteração no conteúdo das provas 
do concurso público vestibular, com o intuito de que se pareça menos 
com um vestibular e mais com um concurso público. Isso foi sugerido 
tanto por professores como por alunos entrevistados. Pelo conteúdo 
exigido atualmente, pode-se perguntar qual a contribuição para a 
carreira de EPPGG em exigir conhecimentos de Física, Química e 
Biologia. 
O problema é que, ao estruturar o concurso público vestibular nos 
moldes de um vestibular convencional, gera-se um problema de 
assimetria informacional conhecido como “seleção adversa”. Isso 
ocorre porque, pelo conteúdo exigido, a Escola de Governo não 
consegue selecionar candidatos realmente interessados em seguir 
a carreira de EPPGG. Só os candidatos conhecem o seu verdadeiro 
2. A avaliação do curso será apresentada 
no Capítulo 3 que trata da formação do 
EPPGG durante o curso superior na Escola 
de Governo.
19
interesse em seguir na carreira, e é preciso estruturar um processo 
seletivo que os faça revelar essa informação, o interesse. 
Um concurso públicovestibular similar ao vestibular da UFMG 
possibilita que os alunos façam ambos os vestibulares estudando 
os mesmos conteúdos. Assim, o CSAP pode aparecer como uma 
segunda opção, que revela um interesse não muito firme em seguir na 
carreira de EPPGG. O CSAP também pode ser a primeira opção, mas 
nessa situação se abre precedente para a realização de outros cursos 
superiores por parte do candidato, o que não é do interesse da Escola 
de Governo.
Ao diferenciar o conteúdo do concurso público vestibular do vestibular 
da UFMG, estar-se-ia utilizando um mecanismo de diminuição 
da assimetria de informações conhecido como autosseleção. A 
necessidade de estudar para um conteúdo mais específico impõe 
um custo, em termos de esforço, de se estudar o conteúdo de outros 
vestibulares. Assim, ao optar por fazer o concurso público vestibular, o 
candidato estaria se autosselecionando, o que sinalizaria seu interesse 
em seguir a carreira de EPPGG.
Independentemente de qualquer medida de âmbito estadual, uma 
Legislação Federal recente, a Lei nº 12.089 de 11 de novembro de 
2009, já trará impactos diretos na dinâmica da Escola de Governo. A 
citada lei proíbe que uma mesma pessoa possa ocupar duas vagas 
simultâneas em instituições públicas em todo território nacional. Os 
efeitos da lei ainda são recentes para serem analisados, principalmente 
porque autoriza a conclusão dos cursos simultâneos que tenham se 
iniciado antes da publicação da Lei. 
O importante é que, independentemente da interpretação se o 
perfil atual dos alunos é bom ou ruim, a Escola de Governo tenha 
posicionamento mais claro relativamente ao seu público-alvo e que 
isso venha acompanhado de ações para captar esse público.
A Escola de Governo descreve no Projeto Pedagógico do CSAP que 
o seu público-alvo são pessoas com o ensino médio concluído e que 
tenham interesse em ingressar na carreira de Especialista em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental, no entanto, esse interesse não é 
investigado no processo de seleção desses alunos. Por se tratar de 
um vestibular com caráter de concurso público, o processo de seleção 
observa as limitações da legislação referente a concursos no Brasil, 
que invariavelmente tem sido alvo de ações judiciais ao menor indício 
de falta de objetividade no processo seletivo. 
20
A partir dos dados coletados, percebe-se que a Escola de Governo não 
possui, de forma explícita, a descrição de um perfil de aluno almejado 
para o CSAP. No Projeto Pedagógico, há apenas uma menção, 
referente ao público-alvo, de que o candidato ao concurso público 
vestibular tenha interesse em ingressar na carreira de Especialista em 
Políticas Públicas e Gestão Governamental, mas sem qualquer ação 
ou estratégia para captar esses indivíduos. Para a retenção futura do 
EPPGG, principalmente após o término do contrato legal de dois anos, 
a definição mais clara do perfil do aluno torna-se chave. 
21
3
Formação do eppGG
o curso superior
de administração pública
3.1 
A atual grade curricular do CSAP é decorrente da reforma curricular 
ocorrida em 2004. Segundo a Fundação João Pinheiro (2007, p. 
12), “ela é fruto de um intenso processo de discussão conduzido no 
segundo semestre de 2003 e no primeiro semestre de 2004. Foram 
consultados alunos, ex-alunos e professores do curso de Administração 
Pública bem como Diretores, Superintendentes e Secretários de Estado 
que trabalham com os egressos do curso.”
As disciplinas do curso foram alocadas em sete áreas temáticas 
e dispostas de forma matricial ao longo dos oito semestres letivos 
do curso. A seguir, apresentam-se as áreas temáticas com as suas 
respectivas disciplinas.
23
Área temática de Fundamentos Quantitativos, 
Finanças e Orçamento Núcleo de Administração (Geral)
Matemática 60 h/a
Teoria Geral da 
Administração
60 h/a
Estatística 60 h/a Informática 30 h/a
Matemática Financeira 30 h/a
Organização, Sistemas 
e Métodos
60 h/a
Introdução à Contabi-
lidade
30 h/a
Administração de Ma-
teriais e Patrimônio
60 h/a
Administração Finan-
ceira e Orçamentária
60 h/a
Administração de 
Recursos Humanos
60 h/a
Contabilidade Pública 60 h/a
Planejamento 
Estratégico
30 h/a
Auditoria e Controle 60 h/a
Sistemas de Infor-
mação e Governança 
Eletrônica
60 h/a
Finanças Públicas 60 h/a
Elaboração, Gestão e 
Avaliação de Projetos
45 h/a
Marketing do Setor 
Público
60 h/a
Núcleo de Administração Pública Área temática de Sociologia e Política
Administração Pública 60 h/a Filosofia Política 60 h/a
Políticas Públicas 60 h/a
Formação Social do 
Brasil
60 h/a
Gestão Pública 30 h/a Sociologia 60 h/a
Planejamento Governa-
mental
30 h/a Teoria Política 60 h/a
Regulação e Gestão de 
Serviços Públicos
60 h/a
Sociologia das Organi-
zações
60 h/a
Tópicos Especiais em 
Administração Pública I
30 h/a Política Brasileira 60 h/a
Tópicos Especiais em 
Administração Pública II
30 h/a
Psicologia Organiza-
cional
60 h/a
Tópicos Especiais em 
Administração Pública 
III
30 h/a Políticas Sociais 60 h/a
Administração Muni-
cipal
60 h/a
Área temática de Economia Área temática de Direito
Microeconomia 60 h/a Introdução ao Direito 45 h/a
Macroeconomia 60 h/a Direito Constitucional 60 h/a
Economia do Setor 
Público
60 h/a Direito Administrativo I 60 h/a
Crescimento e Desenvol-
vimento Econômico
30 h/a Direito Administrativo II 60 h/a
Avaliação Social de 
Projetos
30 h/a
Total Geral: 2.760 h / a
Economia Brasileira 60 h/a
Núcleo de Metodologia e Pesquisa
Introdução ao Pensa-
mento Científico
30 h/a
Metodologia Científica 30 h/a
Métodos Quantitativos 
Aplicados à Gestão 
Pública
60 h/a
Metodologia de Pes-
quisa
60 h/a
Estágio Supervisio-
nado I
150 h/a
Estágio Supervisiona-
do II
150 h/a
Quadro 2
Grade curricular
do CSAP.
Fonte:
EG/FJP.
24
A maioria dos entrevistados fala que deveria haver uma maior mescla 
de disciplinas teóricas com disciplinas práticas, conforme relato a 
seguir: “Há muita teoria e prática de menos. Faltam matérias práticas 
e professores com experiência prática. Faltam mecanismos para 
aplicação prática. Os estágios não curriculares são para “tirar xerox”. 
A consultoria júnior não absorve todo mundo, além do fato de que a 
seleção tem critérios desconhecidos, com a preferência pelos alunos 
de determinados CSAPs”. 
Para diminuir um pouco os problemas constatados pelos alunos, uma 
professora entrevistada propõe a inclusão na grade curricular de uma 
disciplina para mostrar na prática a administração pública, a partir de 
visitas aos órgãos públicos. 
Em relação aos conteúdos programáticos do CSAP, há uma crítica 
unânime entre os entrevistados de que esse é um ponto com problemas. 
Apesar da formação sólida nas disciplinas básicas e de formação 
analítica, os alunos carecem de maior e melhor conhecimento em 
gestão. Nas palavras de um entrevistado: “A formação deles é boa, 
mas se foca muito em políticas sociais. Eles são muito focados na área 
finalística. É preciso dar foco na área meio. É preciso ter mais coisas na 
área de gestão de pessoas, RH. Existem problemas em outras áreas, 
mas acho esse um problema mais sério”. 
Essa crítica sobre a ênfase em políticas públicas e a escassez 
de conhecimentos em recursos humanos é recorrente. Nesse 
sentido, outra entrevistada diz o seguinte: “O que eles têm lá não 
está acompanhando os desenvolvimentos em RH, como Gestão da 
Competência. Por isso, não acho que eles saem com uma visão de 
política de desenvolvimento”. 
Além do déficit em disciplinas e conteúdos vinculados aos recursos 
humanos, há também uma deficiência vinculada à gestão de projeto. 
“O problema da gestão de projeto é que a Escola ainda não absorveu, 
e o governo trabalha assim”, diz um dos entrevistados.Alguns 
observam que esses problemas se devem ao fato de que os conteúdos 
programáticos não acompanharam a modernização da administração.
Desde sua criação até o final de 2009, 520 alunos foram graduados 
pela Fundação João Pinheiro. Nove integrantes da primeira turma 
formaram em uma entidade particular após descontinuidade do curso 
logo no primeiro ano de sua implementação. 
 
A Tabela 3 a seguir apresenta as turmas formadas pelo CSAP e os seus 
respectivos números de graduados.
25
Com exceção para a primeira turma do CSAP, que apresentou evasão 
muito acima da média, a evasão total3 do curso apresentou ao longo 
do tempo uma redução dos índices observados nas duas primeiras 
turmas, que foram superiores a 30%. 
De acordo com pesquisa (SILVA FILHO, 2007) realizada com base nos 
dados do INEP, referente ao período de 2001 a 2005, a evasão total 
média nacional foi de 48%, sendo de 33% para instituições públicas 
e 53% para instituições privadas. O CSAP, que teve evasão total média 
de 22,21% para todo o período e 18,75% quando excluída a primeira 
turma, apresenta índice relativamente baixo se comparado com outros 
cursos superiores. 
Uma informação apresentada pela pesquisa fornece subsídios para 
analisar a realidade do CSAP. Quando analisada a evasão média anual4 
foi constatada uma correlação entre número de candidatos por vaga e 
evasão. Segundo a pesquisa, os cursos com maior demanda, como é 
o caso aqui analisado, apresentam menor evasão.
CSAP Formatura Graduados Evasão
I 1994 9 77,5%
II 1997-dez. 27 32,5%
III 1998-jun. 27 32,5%
IV 1998-dez. 31 22,5%
V 1999-dez. 36 10,0%
VI 2000-dez. 32 20,0%
VII 2001-dez. 30 25,0%
VIII 2002-dez. 33 17,5%
IX 2003-dez. 34 15,0%
X 2004-dez. 34 15,0%
XI 2005-dez. 36 10,0%
XII 2006-dez. 34 15,0%
XIII 2007-dez. 33 17,5%
XIV 2008-jun. 36 10,0%
XV 2008-dez. 33 17,5%
XVI 2009-jun. 30 25,0%
XVII 2009-dez. 34 15,0%
Total 529 22,21%
tabela 3
Turmas do CSAP
e graduados.
Fonte:
EG/FJP.
3. A evasão total mede o número de alunos 
que, tendo entrado num determinado 
curso, IES ou sistema de ensino, não 
obteve o diploma ao final de um certo 
número de anos. (SIlvA FIlhO, 2007).
4. A evasão anual média mede qual a 
percentagem de alunos matriculados num 
sistema de ensino, em uma IES, ou em um 
curso que, não tendo se formado, também 
não se matriculou no ano seguinte. (SIlvA 
FIlhO, 2007).
26
Como referência para comparação internacional, a evasão do CSAP se 
aproxima a de instituições de ensino superior americanas, classificadas 
como “privadas muito seletivas”, que, de acordo com o referido estudo, 
apresentam índice de evasão total médio de 16%, o menor observado 
para instituições daquele país.
O curso sempre foi bem avaliado pelo MEC. No extinto “provão”, 
obteve, entre 1997 e 2003, conceito A, com exceção de 1998, quando 
o provão não foi realizado. Em 2006, o curso foi, também, considerado 
o melhor em Administração do País pelo Enade, quando foi o primeiro 
colocado entre os 1.475 cursos superiores de Administração. Em um 
indicador de qualidade das instituições de ensino superior recém-
divulgado pelo MEC, o CSAP obteve nota 5 (máxima) no Índice Geral 
de Cursos – IGC. Por fim, cabe mencionar a avaliação do Guia do 
Estudante, da Editora Abril, no qual o curso obteve nota 5, o mais alto 
conceito atribuído pela publicação a um curso. Apenas 16 cursos da 
área de Administração obtiveram essa classificação, dentre 120 cursos 
avaliados em todo o País.
Entre os alunos, há uma discordância sobre a avaliação do curso. 
Se, de um lado, há elogios em relação à sua multidisciplinaridade, 
de outro há uma crítica em relação à mesma. A parte que visualiza a 
multidisciplinaridade como algo positivo se deve ao fato de que eles 
atuarão no Estado em todas as áreas. Assim, conhecer a sociedade no 
maior número de aspectos possível seria benéfico. Os que a criticam 
argumentam que ele não foca em nada, que não aprofunda em nada, 
ou seja, é muito superficial. 
Essa polarização também é observada entre os não alunos. Na opinião 
de um entrevistado, a gama de temáticas é algo fantástico, entretanto, 
o seguinte depoimento critica isso: “Existe uma Escola que tem uma 
formação direcionada a desempenhar, atender as demandas do 
governo. Atualmente o aluno sai generalista, ele demora a atender a 
essas demandas”.
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%
E
va
sã
o 
to
ta
l p
or
 C
S
A
P
2 3 4 5 6 8 9 10 11 12 13 1614 15 17
Gráfico 2
Evasão total do CSAP
por turma (excluído o I 
CSAP).
Fonte: 
EpR (dados de outubro de 2009).
CSAP
Evasão por CSAP Média
27
7
Embora a formação generalista proporcionada pelo CSAP possua o 
argumento de preparar o profissional para atuar nas mais diversas áreas 
e esferas do governo do Estado de Minas Gerais, esse argumento não 
pode se sobrepor à formação relativa a ferramentas básicas de gestão. 
Existe um consenso por parte dos mais diversos stakeholders (alunos, 
professores, gestores, etc.) de que o CSAP é deficiente na área de 
gestão, quando esta deveria ser o carro-chefe do curso. 
Os mecanismos de avaliação dos alunos e as notas por eles obtidas 
no CSAP integram o concurso público de EPPGG, dado que o Curso 
de Administração Pública da Escola de Governo é uma etapa da 
seleção, daí a natureza especial de todo esse processo. A reprovação 
em três disciplinas do currículo leva à obrigação de ressarcimento, ao 
Estado, dos valores equivalentes à qualificação e bolsas recebidas pelo 
aluno, pois essa é uma obrigação e norma que regulamenta o ingresso 
na carreira de EPPGG. Dentre as disciplinas, merece destaque o 
Estágio Supervisionado I e Estágio Supervisionado II, realizados, 
respectivamente, nos sétimo e oitavo períodos da grade curricular e 
com carga horária prevista de 150 horas para cada.
As críticas dos entrevistados se concentram na avaliação do Estágio 
Supervisionado. Segundo os entrevistados, as avaliações são muito 
benevolentes. Nas palavras de um entrevistado: “Não me recordo de 
alguém que não tenha passado”. Outro entrevistado critica a inexistência 
de relatórios padronizados para se avaliarem esses estágios.
Segundo dados da coordenação do curso, do X ao XVIII CSAP, seis 
alunos foram reprovados em Estágio II. No XIX CSAP, dois alunos foram 
reprovados no Estágio I. 
Visando ao desenvolvimento, à avaliação e ao reconhecimento de 
competências e conhecimentos adquiridos, o CSAP inclui as chamadas 
Atividades Complementares de Graduação – ACGs – na sua matriz 
curricular. As ACGs objetivam enriquecer a formação dos alunos a 
partir de práticas nas seguintes modalidades:
28
Quadro 3
Atividades Complementares 
de Graduação – ACGs.
Fonte:
EG/FJP.
Atividades Modalidades
ENSINO
a) Atividades de monitoria em disciplinas do curso.
b) Integração com disciplinas de pós-graduação latu e stricto sensu da 
Escola de Governo.
c) Participação em grupos de estudo.
d) Certificação em língua estrangeira.
e) Realização de estágios extracurriculares em órgãos públicos.
f) Realização de estágios extracurriculares em empresas privadas.
g) Representação discente nos órgãos colegiados da Escola de Governo.
h) Realização de estágios voluntários em órgãos e entidades públicas.
PESQUISA
a) Atividades de iniciação à pesquisa e projetos da Consultoria Júnior que 
envolvam um produto.
b) Participação em concursos de monografia.
c) Premiação ou menção honrosa em concursos de monografias.
d) Publicação de trabalhos científicos em periódicos indexados.
e) Publicação de trabalhos científicos em periódicos não indexados.
f) Apresentação de trabalhos em eventos científicos nacionais.
g) Apresentação de trabalhos em eventos científicos internacionais.
h) Assistência a defesas de dissertações de mestrado e teses de doutorado.i) Assistência a seminários de pesquisa promovidos pela Escola de Gover-
no.
j) Assistência da aula magna dos CSAPs.
k) Assistência de seminários de estágio.
EXTENSÃO
a) Participação nas atividades do Laboratório de Políticas Públicas.
b) Participação em cursos de extensão presenciais.
c) Participação em cursos de extensão a distância.
d) Participação em eventos (congressos, seminários, encontros, simpósios, 
palestras, etc.).
e) Trabalho voluntário em ONGs.
f) Participação em atividades de direção do DA.
g) Participação em atividades de direção da João Pinheiro Consultoria Júnior. 
h) Participação em atividades de simulações.
INTERCÂMBIO 
CULTURAL
a) Participação em programas de intercâmbio cultural.
b) Participação em programas de intercâmbio mediados pela Escola de 
Governo.
29
Essa gama de possibilidades é lembrada pelos entrevistados. Segundo 
as palavras de um ex-aluno: “Há muitas possibilidades. Eu comecei a 
fazer estágio no segundo período. Antes do estágio eu ainda trabalhei 
com pesquisa”. Entretanto, não é cobrado do aluno a exploração 
dessas possibilidades. Esta dinâmica de buscar agregar valor ao 
conhecimento via experiência prática está relacionada ao perfil de 
alunos com atitudes de proatividade.
Os programas de intercâmbio consistem em um ponto que poderia 
ser melhorado, segundo a opinião de um grupo de alunos. Segundo 
eles: “Faltam maiores opções de intercâmbio. A instituição faz esforço, 
apresentaram mais opções, mas ainda pode melhorar”.
No que tange às expectativas em relação ao CSAP, há uma demanda 
por parte dos alunos de uma aproximação da teoria da prática. A falta 
de compatibilização entre a teoria e a prática não é um problema 
defrontado apenas pelo CSAP a maioria dos cursos superiores, no 
Brasil, vinculado à área de ciências sociais aplicadas padece dessa 
deficiência. 
Segundo a Escola de Governo, o desenvolvimento de atividades práticas 
é uma preocupação permanente. Objetivando propiciar aos alunos uma 
inserção na realidade à qual se integrarão como servidores públicos 
estaduais, a Escola os estimula a participar de estágios voluntários 
ou extracurriculares desde o início do curso. Complementando essas 
atividades voluntárias, tem-se o Estágio Supervisionado, obrigatório, 
curricular, realizado no sétimo e oitavo períodos da grade curricular e 
com carga horária prevista de 300 horas.
No Estágio Supervisionado, os alunos são acompanhados, em grupo e 
individualmente, por dois professores, um responsável pela disciplina 
de Estágio I e outro pela disciplina Metodologia de Pesquisa. Além dos 
professores, há também a participação dos supervisores de estágio 
nos locais de trabalho e dos orientadores na elaboração do projeto e 
do trabalho de conclusão do curso.
Os alunos entrevistados avaliam que há uma boa oferta de vagas 
de estágio no governo de Minas Gerais. Dado que essas vagas são 
oferecidas apenas aos alunos da Escola, eles entendem isso como 
uma valorização. Segundo um ex-aluno, isso melhorou ao longo do 
tempo. Segundo suas palavras: “Na minha época, os estágios eram 
basicamente na própria FJP. Hoje, há estágios extracurriculares nos 
mais diversos órgãos do governo”. 
Uma demanda dos alunos é iniciar o estágio o mais cedo possível. 
Isso é endossado pelos próprios professores. Conforme palavras de um 
deles: “Acho que a própria administração pública poderia utilizar mais. 
Eles poderiam ser inseridos mais cedo. Chegou ao quarto período, 
manda para o trabalho”.
30
31
Alguns entrevistados criticam os mecanismos de acompanhamento 
dos estagiários, a inexistência deles, e a pouca atuação e empenho 
dos tutores.
Os alunos também demandam a criação de projetos de extensão na 
Escola. Uma sugestão de um grupo de alunos entrevistados é a parceria 
da Escola com prefeituras no período das férias. Outra sugestão é a de 
transformar a Consultoria Júnior em um projeto de extensão vinculado 
à Escola.
O problema da prática profissional não é algo trivial de se solucionar. 
Entretanto, devido à relação da Escola de Governo, e da FJP, com o 
empregador dos seus alunos, o CSAP encontra-se em uma posição 
privilegiada para resolver isso. Dificilmente o governo de Minas Gerais 
se oporia a uma ampliação da atuação do EPPGG em formação no 
aparato estatal. Possivelmente, é algo que agradaria a todas as partes 
envolvidas.
Apesar dos problemas relativos à prática profissional, as entrevistas 
indicam que muitos avanços foram feitos em termos de oferta e 
diversidade de oportunidades, se antes os estágios eram restritos à 
própria FJP, hoje é possível estagiar em diversos órgãos públicos. 
Ao serem indagados sobre o que a Escola espera dos alunos, alguns 
stakeholders entrevistados pontuaram que ela deseja uma dedicação 
exclusiva de seus alunos, para que a atenção não seja desviada da 
administração pública, conforme relata um dos entrevistados: “Posso 
dizer o que a Escola não quer. Eles não querem que os alunos tenham 
foco em outra formação que não a administração pública. Por isso, 
dificulta-se ao máximo a frequência em outro curso com uma grade 
curricular complicada. Para tanto, colocam-se aulas em período 
integral, nas sextas-feiras, e uma mudança de turno, metade do curso 
é feito no turno da manhã e a outra metade no turno da tarde.”
Com a garantia de uma bolsa mensal de um salário mínimo para os seus 
alunos, seria interessante que o curso adquirisse um caráter integral. 
Na verdade, faltam argumentos para que não o seja. Isso poderia ser 
feito com estágios ao longo de todo o curso, e não apenas no 7º e 8º 
semestres. Essa política não apenas satisfaria o desejo dos alunos por 
maior quantidade de prática, como também os auxiliaria na escolha da 
trajetória de carreira, dado que eles fariam o Estágio Supervisionado I 
e II após algumas experiências. Por fim, a estrutura integral do curso 
criaria um desincentivo para a realização de outros cursos superiores, 
garantindo uma maior dedicação ao CSAP e um maior foco na futura 
carreira de EPPGG.
31
32
Docentes do csap
3.2 
O ingresso no quadro de servidores da FJP é feito por meio de 
concurso público para professores permanentes e um processo de 
credenciamento para professores colaboradores. 
Quando há necessidade de contratação de docentes colaboradores, 
é aberto processo de credenciamento. São considerados docentes 
colaboradores todos os ocupantes de cargos comissionados na 
Fundação João Pinheiro não pertencentes ao quadro de servidores 
estaduais, desenvolvendo atividades docentes na Escola de Governo, 
servidores estaduais lotados ou à disposição de outros órgãos e 
entidades da administração pública estadual, desenvolvendo atividades 
docentes na Escola de Governo, e professores contratados na forma da 
lei, inclusive professores visitantes.
Os profissionais interessados em ficar à disposição como docentes 
em determinadas disciplinas são submetidos a um processo de 
credenciamento, para o qual é constituída uma banca avaliadora 
específica, composta por dois servidores do quadro de docentes 
permanentes da Escola de Governo.
A comissão de credenciamento de docentes colaboradores pré-
seleciona para o credenciamento os candidatos que possuam 
titulação, especialização e experiência profissional compatíveis 
com a área de conhecimento e com as necessidades do respectivo 
programa acadêmico, ou seja, de capacitação e treinamento, a partir 
da documentação apresentada pelos interessados.
Segundo parte dos stakeholders entrevistados, um grande problema 
na seleção dos professores da Escola de Governo é que o salário não 
é competitivo para trazer bons profissionais para a Escola. Entretanto, 
no que tange especificamente à área de administração pública, um 
entrevistado argumenta que “gestão pública é uma área frágil, pois não 
tem docentes e nem literatura”. Um grupo dealunos critica a exigência 
de titularidade, dado que, segundo eles, isso “tira bons profissionais 
que não têm titulação e, em alguns casos, deixa professores que têm 
o título, mas não têm didática”.
De acordo com dados da Fundação João Pinheiro de 2007, pouco 
mais da metade dos professores fazia parte do quadro de servidores 
efetivos da Fundação, enquanto aproximadamente 44% eram de 
professores externos.
32
Os alunos entrevistados criticam essa quantidade de professores 
temporários, com contratos administrativos, pois, segundo eles, isso 
“reduz o compromisso do profissional com a Escola”. Ainda argumentam 
que “menos compromisso significa não ter disponibilidade fora de sala 
de aula, didática pior, não se preocupam tanto com o aluno aprender, 
formar uma causa”. 
Segundo dados obtidos com a coordenação do curso, em 2010 o 
número de docentes externos é de quatro apenas.
Esse mesmo grupo de alunos também critica parte dos professores 
com dedicação exclusiva. Para eles, “alguns professores da casa 
são pesquisadores, sem perfil de dar aulas, e estão ali apenas para 
complementar renda”.
Há uma constatação generalizada de que os alunos se frustram com 
o curso. Não encontram um bom ensino de gestão por causa do perfil 
de professores, que são muito acadêmicos, segundo eles. Conforme 
um entrevistado: “Faltam profissionais com maior experiência em 
administração pública. Tinha-se que mesclar melhor a teoria com a 
prática”. 
Devido a isso, os alunos apreciam muito professores que também 
atuam na administração pública. Um professor observa que os alunos 
são mais críticos em relação a isso depois de formados. Nas palavras 
dele, os alunos “refletem melhor sobre as suas expectativas quando já 
estão na carreira”.
Na avaliação do corpo docente da Escola de Governo, há uma 
disparidade nas opiniões. Enquanto alguns elogiam a formação 
do corpo docente, com muitos mestres e doutores, outros criticam 
um viés acadêmico do mesmo. Nas palavras de um professor: “Eu 
escuto dos alunos que os docentes EPPGGs são os melhores. Eles 
têm a experiência para levar para sala de aula. Os pesquisadores têm 
uma bagagem teórica, mas não possuem tanta facilidade para fazer a 
conexão com a realidade”. 
Essas palavras são validadas pelos alunos, mas um grupo deles 
ressalta que são esses professores que possuem o maior risco de sair, 
por possuírem menor titulação.
Regime de trabalho Número % do corpo docente
Dedicação exclusiva / efetivo 24 55,82
Aulista / Contrato Administrativo 19 44,18
tabela 4
Tipos de vínculos dos
docentes do CSAP.
Fonte:
Fundação João Pinheiro, 2007, P. 101.
33
A composição do grupo de professores para uma graduação com 
as peculiaridades do CSAP demanda a formação de um mix que 
agregue professores efetivos, com maior identificação com o curso 
como um todo, mais estáveis e capazes de manter o eixo central da 
formação; docentes servidores públicos, que podem contribuir com 
a aproximação entre a teoria e a prática do administrador público; e 
ainda docentes mais próximos à realidade da iniciativa privada, como 
aposta para oxigenação e inovação para o processo de formação, 
principalmente ligados aos conteúdos de gestão, apontados como 
deficiente, segundo a percepção dos entrevistados. Certo é que não 
existe uma composição exata entre as três categorias de professores 
e a adequação da origem dos docentes deverá ser permanentemente 
acompanhada e avaliada pela Escola.
 Outro ponto que merece ser ressaltado é que o nível de formação 
acadêmico, exigido pelos órgãos oficiais de avaliação do ensino 
superior, não podem ser abandonadas para possibilitar o recrutamento 
de docentes servidores públicos. A solução para essa restrição, ao 
médio prazo, passa pelo incentivo da formação em nível de mestrado 
e doutorado de servidores com potencial para a docência. 
O processo formal de avaliação dos docentes ocorre semestralmente, 
mediante levantamentos de opinião junto aos alunos em relação a 
aspectos didático-pedagógicos e de operação institucional do CSAP. As 
informações são disponibilizadas aos professores, à direção da escola 
e ao colegiado de graduação, que as utiliza para auxiliar na alocação 
do quadro docente.
O Projeto Pedagógico da Escola de Governo apresenta as dimensões 
investigadas na avaliação dos docentes pelo corpo discente, que 
ocorreu no primeiro semestre de 2007. Assim, nesse mesmo semestre, 
os alunos avaliaram os seguintes tópicos referentes às disciplinas 
ofertadas e à atuação dos professores:
a) domínio de conteúdo dos professores;
b) clareza de exposição dos professores;
c) metodologia de avaliação utilizada pelos professores;
d) assiduidade e pontualidade dos professores;
e) adequação quantitativa da bibliografia indicada pelos professores;
f) autoavaliação do aluno quanto ao seu envolvimento e compromisso 
com as disciplinas cursadas;
g) autoavaliação do aluno quanto ao seu desempenho nas disciplinas 
cursadas.
34
A maioria dos entrevistados considera que os mecanismos de 
avaliação dos docentes melhoraram muito nos últimos anos e que 
hoje eles podem ser considerados como bons. Apesar disso, ainda 
existem criticas por parte dos alunos. Na opinião deles, “na avaliação 
dos alunos para os professores existe subjetividade, é preciso criar 
mecanismo mais objetivo de avaliação do professor”.
Criticou-se, anteriormente, a falta de uma política de envolvimento dos 
alunos com a missão da Escola, para criar uma maior identificação. O 
argumento utilizado referente aos alunos também pode ser direcionado 
aos professores. Os professores entrevistados consideram alto o seu 
comprometimento com a Escola. Eles sabem que a qualidade dos seus 
alunos, na média, é maior do que em outras universidades, e também 
acreditam na importância da Escola de Governo. Entretanto, no olhar 
de alguns professores sobre os seus colegas, o comprometimento não 
é em relação à Escola. Segundo um depoimento, “o que há hoje é 
um comprometimento com as disciplinas, e em relação ao curso é 
bem menor”. Nesse sentido, para um dos professores, perdeu-se ao 
longo do tempo uma visão mais compartilhada do curso. Assim, pelas 
entrevistas, é possível identificar uma deficiência no sentimento de 
unidade, por parte dos docentes, para a formação de EPPGGs. Por 
isso, é preciso que a Escola de Governo crie mecanismos para envolver, 
e comprometer, os professores com a sua missão institucional. Cabe 
ressaltar também que a maior preocupação de parte dos docentes 
com as suas disciplinas do que com o CASP pode ser decorrente de 
uma falta de compromisso com a missão da Escola de Governo, ou 
mesmo da ausência de uma visão de futuro própria. 
35
4
alocação do epp
A reestruturação da carreira de EPPGG se enquadra no âmbito da 
reforma gerencial preconizada pelo Choque de Gestão, ocorrido em 
Minas Gerais em 2003-2006. O governo mineiro almejou, com essa 
nova carreira, um maior alinhamento, em termos de perfil, do fluxo de 
administradores públicos que ingressam anualmente no Estado com 
as necessidades da administração pública de Minas Gerais. Além do 
mais, “com a alteração da nomenclatura dos cargos da carreira (de AP 
para EPPGG), buscou-se ressaltar o papel estratégico da carreira na 
gestão governamental e, mais especificamente, na gestão de políticas 
públicas” (COUTINHO; BERNARDO, 2010, p. 8).
Alguns dos stakeholders entrevistados ressaltaram a importância 
do EPPGG como força motriz na transformação e evolução da 
Administração Pública e, por isso, tais profissionais são demandados 
e encarados como uma das principais fontes de recursos humanos 
do Estado de Minas Gerais. Há quem diga que esses profissionais são 
mal aproveitados. Apesar da habilidade de inovar no setor público, um 
dos entrevistados ressalta: “Ambiente sem orientação a desenvolver 
coisas novas. A ideia é seguiro que é feito há muitos anos. É frustrante 
chegar ao governo motivado a fazer coisas novas. Chegar ao governo e 
ter pouca autonomia para inovar”.
Em relação às expectativas sobre os EPPGGs de que eles se tornem 
uma força motriz na transformação e evolução da administração 
pública, é importante a existência de apoio para a concretização dessas 
expectativas. O ambiente no qual o EPPGG será inserido constitui 
um fator-chave para o desenvolvimento do potencial modernizador 
desses profissionais, o que sugere reforçar o processo de análise, 
além do perfil de competência de cada profissional, das unidades que 
os receberão, bem como mecanismos de acompanhamento de sua 
inserção profissional.
As atribuições, gerais e específicas, do Especialista em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental estão definidas na Lei Estadual nº 
18.974, de 29 de junho de 2010, e no Decreto no 45.010, de 16 de 
janeiro de 2009. De acordo com a Lei nº 18.974:
37
Art. 4º – São atribuições gerais do Especialista em Políticas 
Públicas e Gestão Governamental:
I – a formulação, a avaliação e a supervisão de políticas 
públicas;
II – o exercício de atividades relacionadas às áreas de 
planejamento e avaliação, administração financeira e 
orçamentária, contabilidade, modernização da gestão, 
racionalização de processos, gestão e tecnologia da 
informação, recursos logísticos, recursos materiais, recursos 
humanos e administração patrimonial. 
O Anexo I do Decreto nº 45.010 define as atribuições específicas do 
cargo de EPPGG com o seguinte texto:
1. Participar da elaboração, desenvolvimento, planejamento, 
implementação, execução, suporte, acompanhamento e 
avaliação de atividades, planos, projetos, programas ou 
estudos ligados às áreas de gestão de pessoas, gestão 
social, comunicação, gestão da informação, governança 
eletrônica, estatística, recursos logísticos, materiais e 
patrimoniais, economia, planejamento, orçamento, finança 
e contabilidade, bem como a informações operacionais e 
gerenciais e ao desenvolvimento organizacional.
2. Gerenciar, executar e orientar atividades e tarefas 
necessárias à elaboração, ao planejamento, à 
implementação, à supervisão, ao controle e à coordenação 
de políticas públicas.
3. Elaborar, propor, coordenar e acompanhar projetos e 
iniciativas de inovação e modernização do modelo de 
gestão do arranjo institucional.
4. Elaborar, propor, acompanhar e/ou monitorar as metas 
firmadas por meio de contratualização de resultados.
5. Participar da elaboração de diretrizes conforme as 
necessidades presentes e futuras da instituição, e da 
decisão sobre as políticas de ação, normas e medidas a 
serem propostas.
6. Articular, de maneira sistêmica, os recursos e as 
capacidades técnicas disponíveis à consecução dos 
objetivos institucionais.
7. Apresentar e/ou expor trabalhos nas áreas correlatas à sua 
área de atuação.
38
8. Promover e incentivar, em seu âmbito de atuação, 
o compartilhamento de informações e a busca de 
experiências entre as instituições.
9. Participar de atividades de elaboração, proposição 
e acompanhamento do cumprimento das normas, 
instruções e regulamentos da instituição.
10. Prestar assessoramento técnico e especializado em sua 
área de atuação a dirigentes de instituições.
11. Executar outras atividades correlatas, compatíveis 
com as atribuições gerais definidas no art. 4º da Lei nº 
15.304, de 2004, conforme necessidade do serviço e 
orientação superior ou norma interna adotada pelo órgão 
ou entidade. 
Devido à necessidade de gerenciar e executar atividades relacionadas 
à elaboração, implementação, coordenação e ao controle de políticas 
públicas em diversas áreas temáticas e de diversos órgãos, é preciso que 
o profissional EPPGG tenha uma formação generalista e diversificada. 
Na Escola de Governo, essa formação teórica generalista e diversificada 
é complementada pelo Estágio Curricular Supervisionado, que visa dar 
subsídios para a futura atuação na área de escolha.
Assim, após a formação na Escola de Governo, o EPPGG deve ser capaz 
de atuar em funções técnicas, de direção, coordenação e supervisão 
em diferentes níveis e áreas da administração pública. 
No que tange ao profissional EPPGG, os entrevistados, no geral, 
definiram-os como pessoas jovens com uma excelente formação e 
ocupando cargos estratégicos no governo. Salientam que é uma carreira 
diferenciada que forma gestores com alto grau de conhecimento 
técnico para atuar em vários setores da administração pública de 
Minas Gerais.
A Lei Estadual no 18.974, de 29 de junho de 2010, define o 
quantitativo de 1.450 vagas de Especialista em Políticas Públicas e 
Gestão Governamental lotadas no Quadro de Pessoal da Secretaria de 
Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG. Entretanto, o exercício 
do cargo dar-se-á nas unidades administrativas dos órgãos e entidades 
da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo 
Estadual.
Segundo um dos entrevistados, apesar do aumento da oferta de vagas 
anuais no CSAP, de 40 para 80, ocorrido em 2004, ela não é suficiente 
para preencher a demanda por EPPGGs, que é sempre maior do que 
a quantidade de profissionais formados. 
39
O processo de alocação dos EPPGGs tem início com a definição 
das vagas disponíveis para a realização do estágio supervisionado 
obrigatório, realizado no último ano do curso. O local de realização 
do estágio e o desenvolvimento da monografia de final de curso 
funcionam como o principal critério para a alocação inicial do servidor 
após nomeado, havendo, contudo, possibilidade de alteração à critério 
da SEPLAG. 
São muitas as críticas dos entrevistados em relação à alocação dos 
EPPGGs. A grande demanda por EPPGGs e a pequena oferta deles 
tornam o processo de alocação uma “incógnita”, como expressam 
alguns dos entrevistados. Dado que as solicitações por esses 
profissionais são maiores que a disponibilidade dos mesmos, vários 
entrevistados entendem que a SEPLAG se utiliza de critérios políticos e 
estratégicos na definição da alocação. Gestores entrevistados acreditam 
que o processo deveria ser mais transparente, público. Por causa 
disso, os alunos reclamam que as escolhas deles com base no local 
onde se está realizando o estágio supervisionado não são realizadas. 
Além dos referidos problemas, alguns entrevistados criticam que os 
EPPGGs não são alocados de acordo com as suas competências. Ou 
seja, se um determinado EPPGG é o mais adequado a assumir um 
cargo em determinado órgão, isso não é observado pelo órgão que 
demanda e nem pelos EPPGGs. Segundo um professor, os EPPGGs 
querem galgar posições e eles acham que só as principais secretarias 
possibilitarão isso. Além disso, esses EPPGGs, nas palavras do 
professor, “não querem secretarias menores, pois são lugares cheios 
de problemas e sem infraestrutura”. 
Um dos entrevistados considera isso uma miopia dos EPPGGs, dado 
que, nas palavras dele: “A questão é que são lugares com grandes 
possibilidades, pois uma pequena solução administrativa pode dar 
grande visibilidade a quem a implementa. Os alunos não visualizam 
isso”.
O art. 3º da Lei Estadual nº 15.304 definia os possíveis locais de 
exercício do EPPGG de forma restritiva, concentrando sua atuação 
nas secretarias sistêmicas como SEPLAG, Secretaria da Fazenda, 
Secretaria de Governo, Advocacia-Geral do Estado e Auditoria-Geral 
do Estado. Além dessas Secretarias, o exercício de EPPGGs também 
poderia se dar nas Superintendências de Planejamento, Gestão e 
Finanças das Secretarias setoriais e nos gabinetes de Secretário de 
Estado, Secretário Adjunto e Subsecretários. O exercício em unidades 
diversas das citadas, apenas se daria em caso de ocupação de cargo 
comissionado ou função gratificada. 
 
A partir de junho de 2010, com a promulgação da Lei nº 18.974, o 
exercício do EPPGG ficouaberto a qualquer unidade da Administração 
Estadual, dando maior flexibilidade para a distribuição desses 
40
servidores e um caráter mais descentralizado para a carreira, antes 
voltada mais para o sistema central de planejamento e coordenação.
 
Segundo dados de 20085, havia 106 servidores em exercício na 
própria SEPLAG, aproximadamente 45% do total. Considerando 
órgãos vinculados à SEPLAG (onze servidores) e o programa Estado 
para Resultados (nove servidores), o número e o percentual sobem, 
respectivamente, para 126 e 53%. A prioridade da SEPLAG na lotação 
desses profissionais se deve ao papel da mesma na coordenação do 
Choque de Gestão. 
Além da SEPLAG, profissionais também foram alocados na Secretaria 
de Saúde (17 servidores – aproximadamente 7,2%), na Secretaria 
de Defesa Social (13 – aproximadamente 5,5%) e na Secretaria de 
Transportes e Obras Públicas (incluindo os lotados no DER, órgão 
vinculado à Secretaria – 10 servidores – aproximadamente 4,2%). 
Alguns servidores, seis no total, foram cedidos à Prefeitura de Belo 
Horizonte, à Assembleia Legislativa e ao Ministério Público. 
Um dos grupos de alunos entrevistados critica as restrições de lugares 
de exercício que a Lei nº 15.304 impunha em seu artigo 3º. Segundo 
eles, deveria haver uma expansão das possibilidades de lotação, o que 
foi atendido pela mais recente legislação.
Após o processo de definição do local de exercício, não há um 
procedimento formal para melhorar a inserção do EPPGG no local de 
trabalho. Informalmente, um procedimento é o de alocar o EPPGG no 
mesmo local de realização do estágio supervisionado. Nessa situação, 
o processo de inserção se dá pelo próprio estágio supervisionado.
Os entrevistados ressaltam a ocorrência de problemas na inserção 
dos EPPGGs nos seus locais de lotação, conforme argumenta um 
entrevistado: “Antigamente, os EPPGGs eram mal recebidos pelos 
demais servidores e hoje eles são mais aceitos, acho que devido ao 
aval do governo aos EPPGGs. A fase de resistência à chegada deles foi 
superada. A resistência acontecia muitas vezes pela arrogância de um 
ou outro EPPGG. Isso acontece devido ao fato de que durante o curso 
se fala muito aos alunos sobre a importância deles na administração 
pública”.
Entretanto, os problemas de inserção não se devem apenas aos alunos, 
como o depoimento anterior pode fazer crer, mas também a questões 
políticas e institucionais. Por integrarem uma carreira lotada e gerida 
pela SEPLAG, podem ser identificados como agentes de controle 
dessa Secretaria, o que não necessariamente interessa às unidades 
setoriais. O seguinte depoimento de um entrevistado joga luz sobre 
esses problemas: “No Estado, os EPPGGs muitas vezes não são bem-
vindos. Em alguns lugares, eles são incentivados a sair.
41
5. lEMOS; NEvES, 2008, p. 6-7.
O problema é que eles vêm da SEPLAG, e a SEPLAG acha que é o 
órgão de controle, e as secretarias não gostam disso”. 
Apesar dos problemas mencionados, a pesquisa realizada por Lemos 
e Neves (2008) junto a gestores que participaram do Choque de 
Gestão revela que a participação dos EPPGGs é entendida pelos seus 
pares como fundamental. Alguns entrevistados reconhecem que hoje 
os EPPGGs são reconhecidos pelos demais servidores, fato que tem 
ajudado a diminuir os problemas de sua inserção.
Em termos de mobilidade funcional, a estrutura da carreira de EPPGG 
permite que o servidor possa atuar em qualquer secretaria ou órgão da 
Administração Pública do Poder Executivo Estadual. Segundo Coutinho 
e Bernardo (2010, p. 9) “os servidores da carreira são distribuídos entre 
os diversos órgãos; portanto, pode-se dizer que possuem uma atuação 
matricial, uma vez que os EPPGGs possuem relativa mobilidade 
institucional e a carreira está inserida horizontalmente nos diversos 
órgãos.”
Os alunos consideram boa a mobilidade funcional na carreira, 
conforme palavras de um EPPGG entrevistado: “Hoje, as regras são 
claras. Após 12 meses, você pode solicitar posições. Antigamente era 
muito discricionário. Hoje é bem melhor”.
42
5
Gestão da carreira:
remuneração, evasão e 
desenvolvimento do epp
A seção II da Lei Estadual no 18.974, de 29 de junho de 2010, 
redefiniu os procedimentos para o desenvolvimento dentro da carreira 
de EPPGG adotando um inovador modelo de pontos que passa a valer 
a partir de janeiro de 2011. De acordo com a referida Lei:
Art. 11. O desenvolvimento na carreira de Especialista em 
Políticas Públicas e Gestão Governamental dar-se-á por meio 
de progressão ou promoção, que serão concedidas mediante 
o acúmulo de pontos, conforme distribuição prevista no 
Anexo II.
§ 1º Progressão é a passagem do servidor da carreira de 
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental 
do grau em que se encontra para o grau subsequente, no 
mesmo nível da carreira, sendo concedida ao servidor sempre 
que acumular cinco pontos, a partir da conclusão do período 
de estágio probatório, segundo os critérios apresentados no 
Anexo II.
§ 2º Promoção é a passagem do servidor da carreira de 
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental 
para o nível imediatamente superior da carreira, sendo 
concedida ao servidor sempre que acumular cinquenta 
pontos, a partir da conclusão do período de estágio probatório, 
segundo os critérios apresentados no Anexo II, observado o 
disposto no § 7º .
§ 3º O posicionamento do servidor no nível para o qual foi 
promovido dar-se-á no primeiro grau cujo vencimento básico 
seja superior ao percebido pelo servidor no momento da 
promoção.
§ 4º A contagem de pontos para a progressão e promoção terá 
início com a entrada em exercício no cargo de Especialista 
em Políticas Públicas e Gestão Governamental e produzirá 
efeitos após a conclusão do estágio probatório.
§ 5º Para fins de acumulação de pontos, conforme os critérios 
previstos no Anexo II, somente serão admitidos títulos ou 
certificados obtidos pelo servidor após o início do exercício 
do cargo de Especialista em Políticas Públicas e Gestão 
Governamental e que sejam compatíveis com as atribuições 
da carreira, nos termos do regulamento.
§ 6º A progressão do servidor poderá implicar seu 
posicionamento em grau acima do subsequente àquele em 
que se encontra, desde que tenha atingido pontuação igual 
ou superior a dez pontos, na forma do Anexo II, observado o 
disposto no § 12.
44
§ 7º A promoção do servidor para o nível subsequente àquele 
em que se encontra ocorrerá somente após o interstício de 
quatro anos de efetivo exercício no mesmo nível.
§ 8º A contagem do interstício de que trata o § 7º para fins de 
concessão da primeira promoção ocorrerá a partir do término 
do período de estágio probatório.
§ 9º Os atos de progressão e promoção na carreira de 
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental 
serão publicados nos meses de janeiro, abril, agosto e 
outubro.
§ 10. Os critérios e prazos para a apresentação e a aceitação de 
certificados e títulos para comprovação do cumprimento das 
exigências do Anexo II serão estabelecidos em regulamento.
§ 11. A pontuação correspondente a títulos ou certificados 
apresentados para fins de concessão de progressão não 
poderá ser utilizada para obtenção de novas progressões na 
carreira, ressalvada a hipótese de aproveitamento de saldo 
de pontos prevista no § 13.
§ 12. A pontuação correspondente a títulos ou certificados 
apresentados para fins de concessão de progressão poderá 
ser utilizada, uma única vez, para fins de promoção na 
carreira, nos termos do § 2º .
§ 13. Caso o servidor possua pontuação excedente após a 
concessão de progressão ou promoção na carreira, o saldo 
de pontos poderá ser aproveitado para a próxima progressão 
ou promoção, observados os critérios previstos no Anexo II.
A partir da nova Lei, a carreira de EPPGG passou a ser estruturada 
em cinco

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