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Apostila - Personalidade

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PERSONALIDADE
O conceito de personalidade acompanha a nossa cultura desde os tempos dos gregos e seu teatro. A palavra personalidade vem da palavra persona, que seria as máscaras que os atores gregos utilizavam em seus papéis com o intuito de melhor caracterizar um repertório de comportamentos esperado de suas personagens. Imagine um ator dramatizando uma personagem de índole má em cenas de forte impacto trágico. Uma máscara com feições faciais “más” teria a função de comunicar ao público que comportamentos esperar daquela personagem. Dentro desse entendimento, o rótulo que a máscara outorgava de certa forma era adequado por propiciar ao público um fácil entendimento das condutas das personagens com seus pares. Mas qual a necessidade que os antigos psicólogos observaram em emprestar essa terminologia?
 
Desde que o homem é homem existiu uma tentativa de entender o porquê das pessoas se comportarem da forma como o fazem. Perseguindo esse objetivo a psicologia nasceu e se desenvolveu com uma de suas aplicações muito bem delineadas – explicar o comportamento desviante, o problemático ou comportamento anormal. Através do entendimento do comportamento anormal seria possível o entendimento do comportamento dito normal. Mas como dizer que duas ou mais pessoas padecem de um mesmo problema mental por apresentarem os mesmos comportamentos anormais? A solução foi categorizar, ou seja, pessoas com uma personalidade X apresentariam comportamentos característicos. Assim, por exemplo, indivíduos com uma personalidade obsessiva apresentariam em comum comportamentos como o seguimento inflexível de regras e normas sociais, afeto frio, checagem, devoção excessiva ao trabalho, perfeccionismo, dente outros. Ou seja, tão logo a psicologia conseguisse catalogar e descrever alguns comportamentos, modernamente chamados de critérios diagnósticos, então seria possível pensar na personalidade X e não na Y ou Z. Hum... ideia nada original. Vide as máscaras. Troque-as por nomes de personalidades e você terá um mesmo efeito. Uma máscara com feições de desespero e um diagnóstico de personalidade ansiosa rapidamente informa a todos que comportamentos e sofrimento esperar de seu coadjuvante.
O objetivo da categorização era descrever similaridades e semelhanças da realidade psicológica, permitindo então a predição de comportamentos do sujeito diagnosticado. Até aí não há nada de errado pois algumas tradições em psicologia e mesmo da psiquiatria continuam a trabalhar sob essa fórmula com alguns bons resultados. O problema é a estreita amplitude de possibilidades terapêuticas e as deletérias consequências sociais que esse modelo admite. Nesse último ponto, observa-se o forte viés cultural que perpassa o diagnóstico da personalidade, assumindo com isso o caráter histórico pernicioso dos “rótulos” morais.
Imagine um cliente que apresenta comportamentos perfeccionistas, um comerciante que planeja tudo de forma a nunca ter um prejuízo que vá ameaçar seu negócio e por isso oferecer perigo ao seu bem estar. Alguns comportamentos de interesse: preocupação excessiva com a adequabilidade de certa transação financeira, dúvida recorrente após realizar alguma compra, regras rígidas de como se conduzir em questões envolvendo negociações, controle rigoroso dos gastos familiares, e lógico, frieza afetiva. Acrescenta-se a isso o montante de tempo ao longo do dia em que o cliente passa se preocupando com números, ansiedade e sintomas orgânicos que lhe trazem enorme sofrimento. Posso dizer que o cliente tem uma personalidade “avarenta” se pensar em um rótulo social do senso comum brasileiro. Ou mesmo uma personalidade bastante “virtuosa”, se cogitarmos o senso comum de culturas com forte tradição comercial. Por outro lado também, posso dizer no meio científico que ele tem uma personalidade obsessivo-compulsiva. Opa! Mas a ciência não é isenta das determinações histórico-culturais? Bom, até sua segunda edição em 1968-1980 o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-II) citava a homossexualidade como um desvio da normalidade. Concluindo, comportamento é apenas comportamento, regido pelas mesmas leis (ver texto do Robson). O rótulo da personalidade é produto das práticas verbais (e preconceitos!) de determinada comunidade em certo tempo. Nesse sentido trazem sim juízo ético e moral.
Alguns psicólogos partidários das teorias da personalidade começaram também a questionar a ideia da imutabilidade da personalidade já que conviviam com um fato bastante familiar a todos os cidadãos: as pessoas mudam seus jeitos de se comportar ao longo da vida! Bingo! Mas e agora? Como prever comportamentos já que não encontro mais a personalidade? O que fazer com a tão importante ciência? A solução encontrada: paciente “José Silva” tem uma personalidade narcisista mas mudou para uma ansiosa após se casar. Ou modernamente, uma personalidade borderline comórbida a uma personalidade dependente (pasmem, mais de uma morbidade!). Um avanço aqui foi que se abriu um viés mais humanista ao assunto quando os cientistas se depararam com alguma possibilidade da mudança nas pessoas. Furtamo-nos portanto do destino cruel! Mas se a personalidade muda então por que continuar usando esse conceito?
Teoria comportamental
Segundo a análise do comportamento não há possibilidade em se conceber uma propriedade comum e imutável aos comportamentos de um ser humano. Na melhor das hipóteses poderíamos falar apenas de traços-substantivos, que seriam a forma como usualmente respondemos a um mesmo contexto. Mesmo esta estará sujeita a mudanças ao longo da vida do indivíduo a depender da história de aprendizagem recente (leia-se reforçamento).
A análise do comportamento confere uma visão diferente do ser humano à psicologia. Se um cliente apresenta comportamentos obsessivos que lhe trazem sofrimento caberá ao terapeuta comportamental tecer algumas perguntas que direcionam a atenção do cliente para a descrição da tríplice contingência (essa elegantemente explicada pelo colega Robson): “Em que situações aparecem as dúvidas obsessivas?”; “Quem está presente?”; “Onde não ocorre?”; “Em que momentos elas são mais intensas e frequentes?”; “O que acontece logo após as dúvidas?”; “E a médio e longo prazo que consequências ela apresenta?”; “Desde quando começaram?”. Ou até mesmo, “Em que momento da sua vida elas estiveram mais “calmas”? Aqui é digno de nota que os clientes ditos com personalidade obsessivo-compulsiva relatem baixa frequência de comportamentos perfeccionistas quando saem de férias. Interessante! Outro contexto, outros comportamentos, portanto, outras consequências.
Os comportamentos aprendidos do homem não são controlados por traços ou estruturas de personalidade formadas e sim pelas consequências que se seguiram da interação dos comportamentos com o meio e também pelos eventos presentes no momento em que tais consequências ocorreram. Para a compreensão da repertório comportamental é imprescindível observarmos como e em que condições o comportamento é aprendido.
Em síntese, consigo analisar comportamentos sem precisar recorrer a conceitos de personalidade. Explicar por exemplo que alguém apresenta comportamentos obsessivos porque tem uma personalidade obsessiva, ou inversamente, tem uma personalidade obsessiva porque apresenta comportamentos obsessivos, não explica nada. Até porque duas ou mais pessoas com o mesmo rótulo nunca apresentarão o mesmo conjunto de comportamentos, dado é claro suas distintas histórias de aprendizagem. Fazer isso é explicar um conceito criado, no caso personalidade, através de outro conceito, categoria de comportamentos arbitrariamente assumidos como sendo daquela personalidade. Por esse motivo esse tipo de explicação é chamado de circular e também ad-hoc, barrando uma investigação clínica pormenorizada.
A análise comportamental clínica prefere análises contextuais. Explicar os comportamentos não por um conceito, e sim a partir de seus efeitos, traz a psicologia para o campo das ciências naturais, abrindo com isso um leque confiávelde possibilidades de intervenção. Nunca nenhum psicólogo soube explicar com detalhes como mudar uma personalidade mas a análise experimental do comportamento já apresentou inúmeras evidências de como mudar comportamentos, e de maneira bastante pormenorizada. Respondendo então a pergunta título do texto: terapia comportamental possibilita aos clientes mudanças significativas de comportamentos que têm como consequências últimas relacionamentos interpessoais mais ricos e genuínos, sentimentos vivenciados plenamente, problemas satisfatoriamente resolvidos, decisões tomadas com boa análise, valores pessoais redefinidos ou mesmo descobertos, perdas pessoais reconstruídas, vidas conjugais reencontradas, enfim, dificuldades muito humanas superadas. Fica claro que o autoconhecimento e uma melhor qualidade de vida são alterados nesse processo, não uma suposta entidade sem dimensão no tempo e no espaço chamada de personalidade. Esta é interpretação, especulação livre e desimpedida, por isso, a nosso ver, desnecessária.
 
Freud e a Psicanálise
“A psicanálise é usualmente creditada pela importância que a partir dela se passou a atribuir às motivações inconscientes (…), às experiências infantis e seus reflexos no adulto, ou ainda pelo relevo que atribui ao conflito.
(…) Com a teoria psicanalítica, acede-se, pela primeira vez, à tentativa de dar significado ao projeto de vida do sujeito individual na sua totalidade.”
Correia Jesuíno
Segundo Freud, a personalidade é determinada, na sua maioria, pelos impulsos sexuais e está centrada no desenvolvimento psicossexual.
De focar que a vida psíquica é regida pelo princípio do prazer, isto é, a realização imediata dos desejos que entra em conflito com o ego, e pelo princípio da realidade, sendo este o que domina a vida consciente e corresponde à necessidade de adaptação ao real social, procurando um comportamento moderado e controlado. Através do princípio da realidade, o ego, em função das exigências do superego, avalia se as pulsões do id provenientes do princípio do prazer, são concretizáveis ou não.
Freud agrupa as pulsões em: pulsões de vida e pulsões de morte, sendo que as primeiras consistem em pulsões de auto conservação que visam a manutenção do indivíduo e as pulsões sexuais; e as pulsões de morte ou destrutivas explicam as tendências agressivas ou de ausência total de tensões.
A estrutura da personalidade está dividida em id, ego e superego. O id é o inconsciente de onde brotam as pulsões, o ego é o consciente que a partir do superego, que é uma estância moral, determina se as pulsões podem ser satisfeitas ou não.
Freud atribui também grande importância aos estádios de desenvolvimento da personalidade. Estes encontram-se divididos em cinco estádios, sendo que o primeiro é o oral, o segundo anal, o terceiro fálico, o quarto latência e o quinto genital.
O estádio oral vai desde o nascimento aos 12/18 meses de idade e as fontes de prazer são os lábios, a boca e a língua. Estas manifestam-se ao mamar, comer e morder. Contudo, neste estádio é gerado um conflito na altura do desmame, sendo que as características da personalidade, dependendo da resolução do mesmo, poderão ser: optimismo, quando a criança ultrapassa o conflito, ou o pessimismo, quando esta deixa de mamar muito cedo; a impaciência; a inveja; e a agressividade.
Quanto ao estádio anal, podemos dizer que este vai dos 12/18 meses aos 3 anos de idade. As fontes de prazer são o ânus, no que diz respeito a reter ou expulsar, a controlar e constata-se no asseio. Neste estádio o conflito pode ser no treino e consequentemente provoca na personalidade a avareza, a obstinação, a ordem compulsiva e a meticulosidade, isto no caso do retentivo anal, visto que, se se verificar expulsivo-anal, constata-se a crueldade, a destruição, a desordem e a desarrumação.
No que diz respeito ao estádio fálico, que vai dos 3 aos 5/6 anos de idade, podemos referir que é muito importante, sendo que é neste estádio que se forma o superego. As suas fontes de prazer são os órgãos genitais, sendo que a criança explora o próprio corpo e o dos outros, tocando-os. O conflito estará presente no Complexo de Édipo, no caso masculino, e no Complexo de Electra, no caso feminino. Estes complexos são muito importantes na formação da personalidade, visto que, da resolução dos mesmos, que se baseia na independência por parte dos rapazes e das raparigas em relação aos pais; poderão advir o orgulho ou a humildade, a sedução ou a timidez, a castidade ou a promiscuidade. Tal é definido através do superego que se forma, pela primeira vez, neste estádio.
Relativamente ao estádio de latência, que vais dos 5/6 anos aos 12/13 anos de idade, podemos dizer que as pulsões estão adormecidas, visto que se verifica a ausência de interesses sexuais, presentes no estádio anterior, passando a verificarem-se a curiosidade intelectual e o relacionamento social da criança. Neste estádio, as características da personalidade consistem na aprendizagem social e no desenvolvimento da consciência moral.
Finalmente, em relação ao estádio genital, que se verifica depois da puberdade, podemos referir que começam a existir contatos sexuais com outras pessoas, não existindo conflito, como também acontece no estádio anterior.
Contudo, ao longo do desenvolvimento, se obtivermos excessivas satisfações, ou a não satisfação de algumas pulsões, estamos perante fixações, sendo que a criança cobra ao primeiro estádio a satisfação da pulsão, mesmo estando num estádio avançado.
De realçar ainda que as características da personalidade de cada indivíduo resultariam, maioritariamente das características inatas, das relações de objeto que estabelece, das identificações, das formas de resolução de conflitos intrapsíquicos e dos mecanismos de defesa que o ego utilizou.
Psicodrama
Os papéis são, segundo Moreno, os embriões e os precursores do “eu”, porque há neles um esforço para se agruparem, integrando-se em uma unidade existencial. Eles estão presentes desde o nascimento e, segundo Moreno, surgem antes da linguagem, pois as matrizes de ação são anteriores às matrizes verbais. Estes papéis carregam consigo as regras sociais, características e peculiaridades próprias da cultura em que se estruturam. Moreno considera que o homem encontra-se cindido entre os desejos de sua pessoa privada e a dimensão social dos papéis que desempenha no cotidiano. ” O papel é a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos” (MORENO, 1990, p.27) Segundo ele, os indivíduos têm três tipos fundamentais de papéis: os psicossomáticos, os sociais e os psicodramáticos. Nos primeiros, há a formatação biológica dos contatos sensoriais entre a criança e seu mundo, até a constituição de um eu parcial fisiológico, responsável pelas relações com o corpo. Os papéis sociais se encarregam da reprodução da cultura em que o indivíduo está inserido, o que dá forma à conserva cultural, constituindo um eu parcial social, responsável pelas relações com a sociedade; e, somente nos últimos, nos psicodramáticos, é possível a utilização consciente da espontaneidade e da criatividade, constituindo um eu parcial psicodramático, responsável pelas relações com a psique. A contínua interação entre os papéis e sua integração através de vínculos operacionais vai proporcionar a emergência de um eu inteiro, integrado em “eu e mim”.1 O que precisa ser reafirmado é que esse processo de desenvolvimento de um “eu” não se dá individualmente, pois não há como os papéis serem desempenhados sem seus contra papéis, dessa forma, os papéis complementares são de fundamental importância na constituição da identidade humana. Mas essa constituição não assegura a permanência, pois as pessoas desenvolvem muitos papéis e muitos contra papéis, que ficam em contínua interação, possibilitando, em última instância, momentos de identidade. Essa constante aprendizagem de novos papéis é possível através da constante interação entre o eue suas circunstâncias, passando por um processo que vai desde o ensaio do novo papel, seu desempenho, a percepção que se tem dele até a representação propriamente dita. Essas etapas que são nomeadas pelo psicodrama de: role-taking, role-playing e role-creating, acontecem para quase todos os novos papéis. Para aqueles que não passam pelas três etapas, há a consideração de uma atuação de papel e não de sua representação verdadeira. A atuação de papel acontece por falta de espontaneidade criadora, ou por que o indivíduo está em um “campo tenso”, ou seja, vivenciando uma situação ameaçadora, ou por que sua espontaneidade está em um estado patológico, distorcendo suas percepções, dissociando a representação dos papéis-contra papéis e interferindo na integração do eu. Como os papéis são unidades de ação tangíveis, eles podem ser medidos pela sociometria e classificados segundo suas qualidades: papel rudimentar, papel normal, papel 1 Correspondente, mas não igual, ao ego psicanalítico. Hiperdesenvolvido, papel ausente, papel pervertido etc. Assim, em psicodrama os comportamentos regressivos são considerados patologias do papel e necessitam de tratamento através da sociatria.

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