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ROTEIRO GERAL DE ESTUDOS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO RECURSOS E EXECUÇÃO RECURSO DE REVISTA O recurso de revista possui natureza extraordinária, conforme quadro comparativo abaixo: O recurso de revista, assim como o de embargos, não se prestar ao reexame de fatos ou provas, mas apenas de questões exclusivamente de direito. [Súmula 126, TST] Cabe recurso de revista, em dissídios individuais, em duas hipóteses: a) de decisão do TRT em RO; e b) de decisão do TRT em AP Ainda que se esteja diante de uma dessas duas hipóteses, somente caberá recurso de revista se: a) questão for exclusivamente de direito e b) se o recorrente estiver diante de uma das hipóteses específicas de cabimento de recurso de revista, a seguir apresentadas: Hipóteses de cabimento do Recurso de Revista: O Procedimento Sumário é de única instância. Assim, de uma sentença neste procedimento não cabe recurso ordinário, recurso de revista ou embargos ao TST. Da sentença neste procedimento cabe apenas o recurso extraordinário ao STF se houver violação à Constituição. Não há que se falar em ofensa ao Princípio do Duplo Grau de Jurisdição, uma vez que este não é uma garantia constitucional, estando sujeito a limites impostos pela lei. [Art. 102, III, CF]. No procedimento sumaríssimo o recurso de revista é cabível quando o acórdão do TRT contrariar a Constituição Federal ou Súmulas. Não é hipótese de cabimento de recurso de revista neste procedimento a contrariedade à orientação jurisprudencial [OJ 352, SDI-1, TST]. Na execução, o RR será cabível somente diante de ofensa literal e direta à Constituição Federal [art. 896, § 2°, CLT e súmula 266, TST]. Súmula 266, TST. A admissibilidade do recurso de revista contra acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal. No mesmo sentido é a OJ 352 da SDI-1, TST , Observe-se: Quando o recurso de revista tiver por fundamento contrariedade à súmula, OJ ou a acórdão de outro TRT ou da SDI, o caso é de divergência jurisprudencial. Ressalte-se quanto à divergência jurisprudencial os seguintes dispositivos: Art. 896, § 4º. A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. alterado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998). Súmula 333, TST. RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO (alterada) - Res. 155/2009, DJ 26 e 27.02.2009 e 02.03.2009 Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 337, TST. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 317 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. (ex- Súmula nº 337 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003). II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (ex-OJ nº 317 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003) Súmula 296, TST. RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDADE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 37 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. (ex-Súmula nº 296 - Res. 6/1989, DJ 19.04.1989) II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. (ex-OJ nº 37 da SBDI-1 - inserida em 01.02.1995) Súmula 23, TST. RECURSO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos. O prequestionamento é pressuposto do recurso de revista, assim como dos demais recursos de natureza extraordinária. A matéria estará prequestionada quando houver sido tratada no acórdão impugnado, ou seja, o TST só conhecerá o recurso, perante a manifestação explícita do TRT no acórdão sobre a discussão abordada no RR, inclusive quanto à matéria de ordem pública. [OJ 62, SDI-I, TST] Caso o TRT não se pronuncie quando à matéria impugnada, deverá ser oposto embargos de declaração com o objetivo de fazê-lo se manifestar quando à tal matéria, sob pena de preclusão [súmula 297, I, TST]. Entretanto, se apesar de opostos embargos de declaração, o Tribunal não se manifestar quanto à matéria impugnada, será considerada prequestionada[súmula 297, II, TST]. Súmula 297, TST. I- Diz-se pré-questionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II- Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão. III- Considera-se pré-questionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração. Súmula 184, TST. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. Registre-se que a palavra “explicitamente” no inciso I da súmula 297 do TST não faz alusão ao dispositivo legal, o que deve estar em evidência é a tese sustentada na decisão, sendo indiferente a referência expressa da norma legal [OJ 118, SDI – 1, TST]. OJ 118, SDI-I, TST. Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como pré-questionado este. Embora prevista no art. 896-A da CLT, atualmente a transcendência não é um pressuposto de admissibilidade do recurso de revista, posto que ainda não regulamentado. Quando a decisão recorrida está em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista. Também será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação. [Art. 896, §5º, CLT] O recurso de revista é dirigido ao Presidente do Tribunal do TRT (art. 896, § 1°, CLT), o qual poderá delegar o exame dos pressupostos de admissibilidade ao vice- presidente, de acordo com a previsão do Regimento Interno. Assim, ainda que o advogado possua mandato com poderes limitados ao âmbito do TRT, poderá interpor recurso de revista, já que este é interposto no TRT [OJ 374, SDI-1, TST]. OJ 374, SDI-1, TST. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. REGULARIDADE. PROCURAÇÃO OU SUBSTABELECIMENTO COM CLÁUSULA LIMITATIVA DE PODERESAO ÂMBITO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (DJe divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É regular a representação processual do subscritor do agravo de instrumento ou do recurso de revista que detém mandato com poderes de representação limitados ao âmbito do Tribunal Regional do Trabalho, pois, embora a apreciação desse recurso seja realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a sua interposição é ato praticado perante o Tribunal Regional do Trabalho, circunstância que legitima a atuação do advogado no feito. EMBARGOS AO TST A Lei 11.496/2007 alterou a redação do artigo 894 da CLT, bem como o artigo 3º, III, “b” da Lei 7.701/88, para modificar o processamento dos Embargos ao TST. Com a alteração, os Embargos ficam restritos às divergências e não mais quando contrariarem letra de Lei Federal ou violarem a CF. Os dispositivos supramencionados determinam quais são as hipóteses específicas de cabimento dos Embargos ao TST: Art. 894, CLT. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 dias: I – de decisão não unânime de julgamento que: a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e b) (vetado) II – das DECISÕES DAS TURMAS que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela SEÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com SÚMULA ou ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIALdo Tribunal Superior do Trabalho ou do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Art. 3º, Lei 7701/88. Compete à Seção de Dissídios Individuais julgar: I - originariamente: a) as ações rescisórias propostas contra decisões das Turmas do Tribunal Superior do Trabalho e suas próprias, inclusive as anteriores à especialização em seções; e b) os mandados de segurança de sua competência originária, na forma da lei. III - em última instância: a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária; b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais; Portanto, caberá Embargos ao TST, para SDI, em uma hipótese: de decisões de turma do TST que contrariar: Acórdão de outra turma do TST Acórdão da SDI SALVO se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula ou orientação jurisprudencial do tribunal superior do trabalho ou do supremo tribunal federal. Vale ressaltar que a OJ 294 da SDI-1 do TST, que afirma que cabe embargos ao TST da decisão da Turma do TST que nega seguimento ao recurso de revista pela análise dos pressupostos intrínsecos, desde que o embargante aponte violação expressa ao art. 896 da CLT, merece ser cancelada. Isso porque a Lei 11496 de 2007 excluiu das hipóteses de cabimento dos embargos ao TST a violação à Constituição e a Lei Federal, razão pela qual não é mais cabível tal recurso por violação ao art. 896 da CLT. Observe-se o teor da orientação jurisprudencial referida: OJ-SDI1-294, TST. EMBARGOS À SDI CONTRA DECISÃO EM RECURSO DE REVISTA NÃO CONHECIDO QUANTO AOS PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS. NECESSÁRIA A INDICAÇÃO EXPRESSA DE OFENSA AO ART. 896 DA CLT. DJ 11.08.03 Para a admissibilidade e conhecimento de embargos, interpostos contra decisão mediante a qual não foi conhecido o recurso de revista pela análise dos pressupostos intrínsecos, necessário que a parte embargante aponte expressamente a violação ao art. 896 da CLT. O recurso de Embargos ao TST apresenta diversas semelhanças com o Recurso de Revista, pois apesar de serem recursos distintos, julgados por órgãos diferentes do TST, em hipóteses de cabimento que lhe são singulares, ambos possuem natureza extraordinária. Os embargos, assim como o recurso de revista, não se presta a reexame de fatos ou provas; propondo-se a discutir apenas matéria direito. [Súmula 126, TST]. Aplica-se aos Embargos ao TST as mesmas súmulas e orientações jurisprudenciais mencionadas no tópico destinado a análise do recurso de revista no que tange a divergência jurisprudencial e ao prequestionamento. Deve ser memorizada a nova OJ 378 do TST, segundo a qual não encontra amparo no art. 894 da CLT, quer na redação anterior quer na redação posterior à Lei n.º 11.496, de 22.06.2007, recurso de embargos interposto à decisão monocrática exarada nos moldes dos arts. 557 do CPC e 896, § 5º, da CLT, pois o comando legal restringe seu cabimento à pretensão de reforma de decisão colegiada proferida por Turma do Tribunal Superior do Trabalho. 378, SDI-1. EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. NÃO CABIMENTO (DJe divulgado em 19, 20 e 22.04.2010). Não encontra amparo no art. 894 da CLT, quer na redação anterior quer na redação posterior à Lei n.º 11.496, de 22.06.2007, recurso de embargos interposto à decisão monocrática exarada nos moldes dos arts. 557 do CPC e 896, § 5º, da CLT, pois o comando legal restringe seu cabimento à pretensão de reforma de decisão colegiada proferida por Turma do Tribunal Superior do Trabalho. Convém analisar as Súmulas 218 e 353 do TST. A primeira veda a interposição de RR em face de uma decisão do TRT que julga o agravo de instrumento, eis que não se trata de decisão que aprecie o mérito. A segunda, Súmula 353, veda a interposição de Embargos ao TST (SDI) em face de uma decisão do TST (turma) que julga o Agravo de Instrumento, EXCETO: Quando a decisão que não conhece do agravo de instrumento se fundamentar na ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso; Quando a decisão que nega provimento ao agravo for contrária à decisão monocrática do Relator e sustentar a ausência dos pressupostos extrínsecos deste recurso; Para revisão dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do RR, cuja ausência haja sido declarada originariamente pela Turma no julgamento do Agravo; Para impugnar o conhecimento de agravo de instrumento; Para impugnar a imposição de multas previstas no art. 538, § único, do CPC, ou no art. 557, § 2º, do CPC. Os embargos ao TST das decisões de turmas do TST em execução de sentença condiciona-se à demonstração de divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho em relação à interpretação de dispositivo constitucional (súmula 433 TST). Súmula 433, TST. EMBARGOS. ADMISSIBILIDADE. PROCESSO EM FASE DE EXECUÇÃO. ACÓRDÃO DE TURMA PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496, DE 26.06.2007. DIVERGÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL - Res. 177/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012. A admissibilidade do recurso de embargos contra acórdão de Turma em Recurso de Revista em fase de execução, publicado na vigência da Lei nº 11.496, de 26.06.2007, condiciona-se à demonstração de divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho em relação à interpretação de dispositivo constitucional. AGRAVO NOS PRÓPRIOS AUTOS – ANTIGO AGRAVO DE INSTRUMENTO Sua finalidade é a de destrancar recurso, ou seja, atacar o despacho que nega seguimento a recurso [Art. 897, „‟b‟‟, CLT]. Caso o Juízo a quo impeça a tramitação regular do recurso, por entender que os pressupostos de admissibilidade não estão presentes, o meio apropriado para impugnar este despacho denegatório é o agravo nos próprios autos. Poderá ser interposto em face das decisões que denegarem seguimento a RO, RR, Rext, recurso adesivo. Não cabe agravo de instrumento contra decisões que denegarem seguimento ao recursode Embargos ao TST, sendo, nesse caso, o agravo regimental o recurso adequado, conforme o inciso VII do artigo 235 do RI do TRT: Art. 235, VII, RI do TRT. Do despacho do relator que negar prosseguimento a recurso, ressalvada a hipótese do artigo 239. A 12.275/2010, inseriu o § 7° no artigo 899 da CLT, passando a exigir depósito recursal para interposição do agravo de instrumento, no importe de 50% do valor do depósito de recurso ao qual se pretende destrancar. Os recursos no processo do trabalho, com exceção dos embargos de declaração, serão dirigidos, previamente, para o Juízo que proferiu a decisão impugnada, a fim de que seja realizado o juízo de admissibilidade. O agravo de instrumento será dirigido ao juiz prolator do despacho, no prazo de oito dias. O agravo de instrumento admite juízo de retratação, logo o juízo que denegou seguimento ao recurso poderá reconsiderar sua decisão, sendo o que se denomina efeito regressivo. Caso o juiz mantenha a decisão agravada, a outra parte será intimada para apresentar a contra minuta ao agravo de instrumento, bem como as contrarrazões ao recurso principal, no prazo de 8 dias [Art. 897, § 6º, CLT]. O agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada. [Art. 897, § 4º, CLT]. Caso provido o agravo, a turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, observando-se a partir de então, se for o caso, o procedimento relativo a tal recurso (Art. 897, § 7º, CLT). O recurso de revista é dirigido ao Presidente do Tribunal do TRT (art. 896, § 1°, CLT), o qual poderá delegar o exame dos pressupostos de admissibilidade ao vice- presidente, de acordo com a previsão do Regimento Interno. Assim, ainda que o advogado possua mandato com poderes limitados ao âmbito do TRT, poderá interpor recurso de revista e agravo de instrumento para destrancá-lo, já que são interposto no TRT [OJ 374, SDI-1, TST]. OJ 374, SDI-1, TST. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. REGULARIDADE. PROCURAÇÃO OU SUBSTABELECIMENTO COM CLÁUSULA LIMITATIVA DE PODERES AO ÂMBITO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (DJe divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É regular a representação processual do subscritor do agravo de instrumento ou do recurso de revista que detém mandato com poderes de representação limitados ao âmbito do Tribunal Regional do Trabalho, pois, embora a apreciação desse recurso seja realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a sua interposição é ato praticado perante o Tribunal Regional do Trabalho, circunstância que legitima a atuação do advogado no feito. O fato de o presidente do TRT entender cabível o recurso de revista apenas quanto à parte das matérias veiculadas, não impede a apreciação integral de recurso, sendo incabível a interposição de agravo de instrumento. [Súmula 285, TST]. Súmula 285, TST. RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE PARCIAL PELO JUIZ- PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. EFEITO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento. Atenção! Nos termos da OJ 412 da SDI-1 d TST é incabível agravo inominado (art. 557, §1º, do CPC) ou agravo regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado. OJ412 da SDI-1, TST. AGRAVO INOMINADO OU AGRAVO REGIMENTAL. INTERPOSIÇÃO EM FACE DE DECISÃO COLEGIADA. NÃO CABIMENTO. ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012) É incabível agravo inominado (art. 557, §1º, do CPC) ou agravo regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas hipóteses expressamente previstas. Inaplicável, no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Os Embargos de Declaração estão previstos no artigo 897-A, CLT, embora os dispositivos do CPC (artigos 535-538) também sejam aplicados subsidiariamente. No Processo do Trabalho, os Embargos de Declaração representam o meio adequado para impugnar, no prazo de cinco dias, sentença ou acórdão quando estas decisões apresentarem omissão, contradição ou obscuridade. Este recurso também é cabível por manifesto equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso. IMPORTANTE MEMORIZAR! Hipóteses de cabimento - quando houver: Omissão; Obscuridade; Contradição; e MANIFESTO equívoco na analise dos pressupostos EXTRÍNSECOS do recurso. A súmula 297, II, do TST admite a interposição dos Embargos Declaratórios com o intuito de prequestionar a matéria. A matéria estará prequestionada quando no acórdão recorrido houver tese explícita acerca da matéria que se deseja impugnar. Caso não haja, devem ser opostos Embargos de Declaração, sob pena de preclusão. [Súmula 184 do TST]. Súmula 297, TST. I - Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II - Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão. Súmula 184, TST. Ocorre preclusão quando não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. Os embargos de declaração tem prazo de 5 dias e, nos termos da OJ 192 da SDI-I do TST, o prazo é em dobro para os entes públicos que não exploram atividade econômica. OJ 192, SDI-I, TST. Decreto-Lei 779/69. É em dobro o prazo para a interposição de Embargos Declaratórios por pessoa jurídica de Direito Público. Os embargos de declaração são dirigidos ao juiz que proferiu a sentença ou, no Tribunal, ao relator, com o objetivo de eliminar eventual vício presente na decisão originado por omissão, obscuridade, contradição ou manifesto equívoco em relação aos pressupostos extrínsecos. Em regra, não há manifestação da outra parte nos Embargos de Declaração, entretanto, se o juiz vislumbrar efeito modificativo no julgado, deverá permitir a manifestação da outra parte sob pena de nulidade da decisão (OJ 142, SDI-I, I, TST). Atenção, nos termos da OJ 142, SDI-I, item II do TST “quando opostos embargos de declaração de sentença a ausência de manifestação não gera nulidade, em razão do efeito devolutivo em profundidade do RO.” Atenção! A interposição de Embargos de Declaração interrompe (zera) o prazo para interposição de outros recursos até que seja proferida a decisão, para as duas partes. Com o intuito de evitar um aproveitamento inadequado deste recurso, há previsão para aplicação de multa se os Embargos forem manifestamente protelatórios. (art. 538, CPC). Os Embargos de Declaração com efeito modificativo possibilitam a interposição de RO complementar. Não cabem Embargos de Declaração contra decisão de admissibilidade do recurso de revista, não tendo o efeito de interromper qualquer prazo recursal(OJ 377, SDI-1) OJ 377, SDI-1 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO DE REVISTA EXARADO POR PRESIDENTE DO TRT. DESCABIMENTO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL (DJe divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) Não cabem embargos de declaração interpostos contra decisão de admissibilidade do recurso de revista, não tendo o efeito de interromper qualquer prazo recursal. Vale ressaltar que também cabem Embargos Declaratórios em face de decisão monocrática do relator nas hipóteses previstas no artigo557, CPC. [súmula 421, TST]. Súmula 421, TST. EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART. 557 DO CPC. CABIMENTO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 74 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005. I - Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de recurso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo e conclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos de declaração, em decisão aclaratória, também monocrática, quando se pretende tão-somente suprir omissão e não, modificação do julgado. II - Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declaratórios deverão ser submetidos ao pronunciamento do Colegiado, convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual. (ex-OJ nº 74 da SBDI-2 - inserida em 08.11.2000). LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO Na execução do processo do trabalho aplicam-se os artigos 876 e seguintes da CLT. Subsidiariamente, aplica-se a Lei de Execução Fiscal (Lei 6830/80) e posteriormente o CPC. Assim, ordena o artigo 889 da CLT. Art. 889, CLT. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. A. EXECUÇÃO PROVISÓRIA E EXECUÇÃO DEFINITIVA A execução é provisória quando há um recurso pendente de julgamento, ou seja, a sentença não transitou em julgado. Considerando que os recursos no processo do trabalho possuem efeito meramente devolutivo, é possível a execução provisória, que segue apenas até a penhora (art. 899, CLT). A execução provisória SEMPRE será requerida pela parte interessada, não podendo ser determinada exofficio. Art. 899, CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora. A execução é definitiva, quando a sentença ou acórdão tiverem transitado em julgado, caso em que seu início poderá ser determinado de ofício pelo juiz ou a requerimento do interessado (art. 878, CLT) Art. 878, CLT. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou exofficio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho. IMPORTANTE MEMORIZAR! Execução provisória: transcorre até a penhora. Só são praticados atos de constrição. Execução definitiva: não se limita à penhora. São praticados atos de constrição e expropriação do bem. B. TRÂMITE DA LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO Sempre que a sentença for ilíquida far-se-á necessária a sua liquidação, que poderá ser de três modalidades: cálculos, artigos e arbitramento (art. 879, CLT) a) Cálculos: A liquidação mediante cálculos depende apenas de simples operações aritméticas, pois a sentença oferece todos os elementos necessários para determinar o valor condenatório. b) Arbitramento: consiste em exame pericial, de pessoas ou coisas, com a finalidade de apurar o quantum relativo à obrigação pecuniária que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados casos, de individualizar, com precisão, o objeto da condenação. Ressalte-se desde já que nesta hipótese o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo pericial. Após a apresentação deste as partes terão o direito de se manifestar em 10 dias, conforme estabelece o art. 475-D doCPC. Observe-se: Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. c) Artigos: impõe-se a liquidação mediante artigos quando há necessidade de alegar e provar fatos novos, para quantificar ou individualizar o objeto da condenação. Na liquidação não será possível modificar ou inovar a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal (art. 879, § 1º, CLT). Em se tratando de liquidação por cálculos, o cálculo de liquidação, inclusive quanto a contribuição previdenciária, poderão ser apresentados pelas partes ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, à critério do juiz (art. 879, § 3°), que, preferencialmente, deverá se intimar as partes para a apresentá-lo (art. 879, § 1°-B, CLT). Após a apresentação dos cálculos, o juiz poderá permitir a manifestação das partes, caso em que elas poderão manifestar-se quanto aos cálculos no prazo sucessivo de 10 dias, sob pena de preclusão. (art. 879, §2º, CLT). Em seguida, nos termos do § 3º do artigo 879 da CLT, a União será intimada para se manifestar, no prazo de 10 dias, em relação às contribuições previdenciárias, sob pena de preclusão. Após o retorno, os autos serão conclusos para apreciação dos cálculos pelo juiz, que e seguida proferirá sentença de liquidação. Proferida a sentença de liquidação é expedido mandado de citação e penhora, a ser cumprido por oficial de justiça (art. 880, §2º, CLT), para que o executado pague ou garanta o juízo, no prazo de 48 horas. Para garantia do juízo o executado poderá depositar o valor da execução ou nomear bens à penhora. Caso o executado não pague ou garanta o juízo, o juiz mandará penhorar tantos bens quantos bastem para a garantia do juízo, observada a ordem de penhora prevista no art. 655 do CPC. Art. 882, CLT. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil. Art. 883, CLT. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial. Ressalte-se que a execução dos bens passíveis de penhora, no Processo do Trabalho, segue a ordem de preferência do artigo 655 do CPC e não da Lei dos Executivos Fiscais. Observe-se o teor do art. 655 do CPC: Art. 655, CPC. I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos. § 1º. Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. § 2º. Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado. São impenhoráveis os bens descritos no artigo 649, CPC e na Lei 8009/90 (bem de família) Acerca da penhora “online” cumpre ressaltar: Na execução definitiva o juiz sempre pode realizar a penhora “online”, inclusive afastando outro bem já nomeado à penhora pelo executado. Na execução provisória o juiz só não pode realizar penhora “online” quando o executado nomear outros bens à penhora. Neste caso, se há garantiado juízo, não é possível bloquear dinheiro, pois a execução tem que ocorrer da forma menos gravosa possível para o executado. (súmula 417, TST). Súmula 417, TST. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. A referida Súmula, no inciso III, esclarece que em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do executado, o ato do juiz que afastar o bem que este tenha nomeado a penhora e efetuar penhora “online”. Neste caso, se o valor bloqueado for suficiente para garantir o juízo e não houver transcorrido o prazo de 5 dias para a apresentação de embargos à execução, não há que se falar em Mandado de Segurança, apesar de ferir direito líquido e certo, pois neste caso há meio próprio para impugnar a decisão, os embargos à execução, sendo esta, portanto, a medida processual adequada para impugnar o ato do juiz. Entretanto, se incabíveis os embargos, seja porque não garantido o juízo, seja porque já ultrapassado o prazo para os embargos à execução, então, a medida processual cabível para impugnar o ato do juiz será o mandado de segurança. Garantido o juízo, o executado terá 5 dias para apresentar Embargos à Execução e o exeqüente, o mesmo prazo, para apresentar Impugnação à Sentença de Liquidação, sendo ambas as petições endereçadas ao juiz da execução. Segundo o § 1° do art. 884, CLT, poderão ser arguidas nos embargos à execução as seguintes matérias: cumprimento da decisão, quitação ou prescrição da dívida (art. 884, §1º, CLT), entretanto, outras matérias também podem ser arguidas. Ressalte-se que nos embargos o executado poderá arguir a inexigibilidade do título, quando a sentença executada tiver por fundamento lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatível com a constituição. Observe-se o teor do art. 844, § 5º da CLT: Art. 844, § 5º, CLT. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. Sua interposição é dependente da garantia do juízo, eis que seu prazo de cinco dias se inicia somente após o cumprimento deste requisito. Os embargos à execução no Processo do Trabalho tramitam nos mesmos autos da execução. Após a manifestação das partes por meio de embargos à execução e impugnação à sentença de liquidação, o juiz proferirá decisão definitiva na execução (art. 884,§ 4º, CLT), na qual serão julgados concomitantemente os embargos e a impugnação. A sentença na execução poderá ser impugnada por meio de agravo de petição(art. 897, “a”, CLT). O acórdão proferido pelo TRT em Agravo de Petição poderá ser impugnado por meio do Recurso de Revista para o TST, DESDE QUE haja ofensa à Constituição no julgado (art. 896, § 2º, CLT). C. EMBARGOS DE TERCEIROS Os Embargos de Terceiros não estão previstos na CLT, razão pela qual se aplicam subsidiariamente os artigos 1046 e seguintes do CPC. Sempre que ocorrer penhora, arresto, sequestro, enfim, apreensão de um bem que pertença à terceiro, ou seja, parte alheia ao processo, o meio adequado para impugnar esta apreensão judicial será os Embargos de Terceiros. Os Embargos de Terceiro serão apresentados como ação incidental em qualquer fase do processo. Poderão ser apresentados até 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. [Art. 1048, CPC] Quando propostos na execução, da sentença de Embargos de Terceiros cabe Agravo de Petição. Acerca da competência para julgar os Embargos de Terceiro vale destacar a súmula 419 do TST. Súmula 419, TST. COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO POR CARTA. EMBARGOS DE TERCEIRO. JUÍZO DEPRECANTE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último. (ex-OJ nº 114 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003). D. AGRAVO DE PETIÇÃO O Agravo de Petição é o recurso adequado para impugnar a sentença proferida na execução no Processo do Trabalho (jamais se pensa em RO!). Este recurso possui um pressuposto de admissibilidade específico, qual seja a delimitação das matérias e valores impugnados, sob pena de não ser recebido (Art. 897, §1º, CLT). Este pressuposto tem a finalidade de permitir a imediata e definitiva execução dos valores incontroversos. Neste sentido, o TST enunciou a Súmula 416 do TST, que veda a possibilidade de mandado de segurança por parte do executado, a fim de impedir a execução em relação aos valores incontroversos. Súmula 416 do TST. Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. DISSÍDIO COLETIVO Existem duas maneiras de solução dos conflitos coletivos: Autocompositivas: convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho e a mediação; Heterocompositivas: jurisdição e arbitragem (art. 114, §§ 1° e 2°, CF). Quanto à arbitragem,vale destacar o MPT pode “atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho” (art. 83, XI, da LC 75/93). Segundo Valentin Carrion “os dissídios como denomina a CLT, na acepção de processo, ou seja, o meio de exercer uma ação para compor a lide, podem ser individuais ou coletivos. Aqueles tem por objeto direitos individuais subjetivos, de um empregado (dissídio individual singular) ou vários (dissídio individual plúrimo). O dissídio coletivo visa direitos coletivos, ou seja, contém as pretensões de um grupo, coletividade ou categoria profissional de trabalhadores, sem distinção dos membros que a compõe, de forma genérica”. (Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, ed. em CD-ROM, 1999, comentário ao art. 856, verbete 1.). De acordo com o art. 220 do RITST, os dissídios coletivos subdividem-se em: I – de natureza econômica: para a instituição de normas e condições de trabalho; II – de natureza jurídica: para a interpretação de cláusulas de sentença normativa, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e de atos normativos; III – originários: quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de trabalho decretadas em sentença normativa; IV – de revisão: quando destinadas a reavaliar normas e condições coletivas de trabalho preexistentes que se hajam tornadas injustas ou ineficazes pela modificação das condições que a ditaram;e V – declaração sobre a paralisação do trabalho: decorrente de greve. (grifos nossos). O dissídio coletivo de natureza econômica (art. 114, § 2°, CF) subdivide-se em: a) originário (art. 867, par. Único, a, CLT); b) revisional (art. 873 a 875, CLT); e c) de extensão, que visa estender a toda a categoria as normas ou condições que tiverem como destinatário apenas parte dela (art. 868 a 871, CLT). A Constituição da República estabeleceu como requisito específico para os dissídios coletivos de natureza econômica o comum acordo (art. 114, § 2, CF), sendo, para alguns, pressuposto de desenvolvimento constituição e de válido e regular do processo, para outros, condição da ação – interesse de agir. Art. 114. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O dissídios coletivos de greve pode ter natureza exclusivamente declaratória, quando apenas declarar a abusividade ou não da greve, ou mista, quando além da declaração ainda constituir novas relações de trabalho (art. 114, § 3°, CF e art. 8° da Lei 7783/89). O MPT pode suscitar dissídio coletivo em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público. [ art. 114, § 3°, CF]. Art. 114. § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). No dissídio coletivo de extensão o Tribunal pode estender as condições de trabalho a todos os empregados de uma mesma empresa, embora o dissídio tenha sido suscitado por apenas uma parte deles (juízo de equidade). [art. 868, CLT]. O dissídio coletivo de revisão poderá ser proposto quando decorrido mais de um ano da vigência da sentença normativa. As partes no dissídio coletivo são suscitante e suscitado. O dissídio coletivo é uma ação de competência originária dos Tribunais, TRT e TST, segundo o âmbito territorial do conflito ou a representação das entidades sindicais, de modo que, se o dissídio limitar-se a base territorial do TRT, este será o Tribunal competente para julgá-lo (art. 678, I, a, e art. 6°, Lei 7783/89); se ultrapassar referida base, será de competência do TST (art. 702, I, b, e art. 2°, I, a, Lei 7783/89). Possuem legitimidade para suscitar o dissídio coletivo, de um lado, necessariamente, o sindicato da categoria profissional e, do outro lado, o sindicato da categorial econômica ou empresa(s). Embora bastante criticado, o art. 856 da CLT estabelece que o Presidente dos Tribunais Regionais do Trabalho tem legitimidade para suscitar o dissídio em caso de greve. Art. 856 - A instância será instaurada mediante representação escrita ao Presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por iniciativa do presidente, ou, ainda, a requerimento da Procuradoria da Justiça do Trabalho, sempre que ocorrer suspensão do trabalho. Art. 857 - A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no art. 856, quando ocorrer suspensão do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 7.321, de 14.2.1945) Como já referido,o MPT também possuem legitimidade em caso de greve em atividade essencial (art. 114, § 3°, CLT). Em caso de greve apenas o sindicato da categoria econômica possui legitimidade para ajuizar o dissídio coletivo, não podendo fazê-lo a categoria profissional, já que fomentou o movimento grevista. [OJ 12, SDC] OJ 12, SDC, TST GREVE. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA. ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM" DO SINDICATO PROFISSIONAL QUE DE-FLAGRA O MOVIMENTO (cancelada) – Res. 166/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010. Não se legitima o Sindicato profissional a requerer judicialmente a qualificação legal de movimento paredista que ele próprio fomentou. Quando não houver sindicato representativo da categoria profissional ou econômica, o dissídio coletivo poderá se ajuizado pelas federações e, na ausência destas, pelas confederações , no âmbito de suas representações. [art. 857, parágrafo único, CLT] Art. 857 - A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no art. 856, quando ocorrer suspensão do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 7.321, de 14.2.1945) Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas, no âmbito de sua representação. (Redação dada pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955) A decisão proferida em dissídio coletivo denomina-se sentença normativa. Tal decisão não é executada, mas cumprida, por meio de ação de cumprimento proposta perante o juiz do trabalho. A petição inicial do dissídio coletivo deverá ser escrita (art. 856, CLT), dirigida ao Presidente do Tribunal que designará uma audiência de conciliação (art. 860, CLT). O Presidente do Tribunal não está adstrito as propostas de conciliação das partes (art. 862, CLT). Havendo ou não o acordo, o processo será distribuído, por sorteio, para relator e revisor, sendo julgado pela SDC. A sentença normativa vigorará desde o seu termo inicial até que sentença normativa, acordo coletivo ou convenção coletiva superveniente produza sua revogação tácita ou expressa. O prazo máximo, entretanto, de vigência da sentença normativa é de 4 anos. Nesse sentido é o precedente normativo 120 aprovado pelo TST em maio de 2011, em consonância com o art. 868 da CLT. PN-120 SENTENÇA NORMATIVA. DURAÇÃO. POSSIBILIDADE E LIMITES (positivo) - (Res. 176/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011). A sentença normativa vigora, desde seu termo inicial até que sentença normativa, convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente produza sua revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o prazo máximo legal de quatro anos de vigência. O recurso cabível para impugnar a sentença normativa proferida pelo TRT é o Recurso Ordinário de competência do TST. [art. 895, II, CLT]. Em caso de acordo, apenas o MPT poderá interpor Recurso Ordinário. [art. 83, VI, LC 75/93 e art. 7°, § 5°, Lei 7701/88]. É possível a propositura da ação de cumprimento independentemente do transito em julgado da sentença normativa. [súmula 246, TST] Súmula 246, TST. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA NORMATIVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É dispensável o trânsito em julgado da sentença normativa para a propositura da ação de cumprimento. A Lei 7701/88 estabelece o Recurso Ordinário interposto de sentença normativa poderá ter efeito suspensivo na medida e extensão conferidas em despacho pelo Presidente do TST. A sentença normativa somente produz coisa julgada formal, segundo o entendimento do TST. [súmula 397, TST] Súmula 397, TST. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IV, DO CPC. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU DE RECURSO. INVIABILIDADE. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 116 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão proferida emação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 572 do CPC. (ex-OJ nº 116 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003). AÇÃO RESCISÓRIA A ação rescisória está prevista pelo artigo 836 da CLT, e seu processamento no Processo do Trabalho segue as normas do Processo Civil, com aplicação subsidiária dos dispositivos 485 ao 495, no que for compatível aos princípios do Processo do Trabalho. Além destes, por se tratar de uma nova ação deve atender também aos requisitos do artigo 282 do CPC, que regula a petição inicial. Quando a prova mencionar que ocorreu o trânsito em julgado é possível que a resposta tenha por fundamento a ação rescisória ou a execução definitiva. A ação rescisória no Processo Civil, de acordo com o artigo 488, II do CPC, está sujeita ao depósito prévio de 5% sobre o valor da causa. No entanto, no Processo do Trabalho o depósito prévio é de 20% sobre o valor da causa da ação rescisória, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor da ação rescisória. [art. 836, CLT]. Art. 836, CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado. Art. 488, CPC. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do Art. 282, devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público. As hipóteses de cabimento da ação rescisória no Processo do Trabalho estão previstas no artigo 485 do CPC. Art. 485, CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa. Nas hipóteses de juízo incompetente e ofensa a coisa julgada só haverá juízo rescindente, isto é, só existirá a rescisão do julgado, sem que haja novo julgamento. Isto se dá, pois no primeiro caso a competência para julgar a lide não é da Justiça do Trabalho, portanto não há que se falar em novo julgamento; já na segunda hipótese não haverá novo julgamento porque já existe uma decisão protegida pelo manto da coisa julgada, logo cabe ao Judiciário apenas rescindir a segunda decisão que está ofendendo a primeira. Nos demais casos, haverá o juízo rescindente, bem como o juízo rescisório, ou seja, haverá a rescisão de uma decisão e o novo julgamento pelo Tribunal. PRAZO A ação rescisória é uma ação que tem por finalidade a desconstituição de sentença ou acórdão. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 anos (prazo decadencial), contados do trânsito em julgado da decisão rescindenda (art. 495 do CPC e Súmula 100, TST). A observância do disposto nas Súmulas 100 e 299 do TST é indispensável para a propositura de ação rescisória. Súmula 100, TST. I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subseqüente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias. Súmula 299, TST. I - É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda. II - Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 10 (dez) dias para que o faça, sob pena de indeferimento. III - A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. IV - O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formaçãoda coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescindida. Competência para Ação Rescisória: A ação rescisória é uma ação de competência originária dos Tribunais. Assim, perante uma ação rescisória proposta em face de sentença que transitou em julgado, a competência será do TRT à que está subordinado o juízo de 1º grau que proferiu a decisão. Cada Tribunal é competente para julgar ação rescisória de suas decisões. Atente-se para o fato de que se o acórdão do TST NÃO apreciar o mérito da causa, como ocorre, quando aquela Corte não conhece do recurso interposto, a ação rescisória voltar-se-á contra o acórdão regional que tenha adentrado no mérito, sendo competente o TRT para processá-la e julgá-la. Observe-se as súmulas e orientações Jurisprudenciais relacionadas ao CABIMENTO da Ação Rescisória: Súmula 259, TST. Só por rescisória é atacável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do Art. 831 da Consolidação das Leis do Trabalho. Súmula 407, TST. A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas. Art. 487, CPC. Tem legitimidade para propor a ação: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. Súmula 514, STF. Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos. Súmula 401, STJ. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. Súmula 219, TST. I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70. Súmula 329, TST. Honorários advocatícios. Art. 133 da CF/1988 (mantida). Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento consubstanciado na Súmula nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho. OJ 84, SDI-2, TST. AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DA DECISÃO RESCINDENDA E/OU DA CERTIDÃO DE SEU TRÂNSITO EM JULGADO DEVIDAMENTE AUTENTICADAS. PEÇAS ESSENCIAIS PARA A CONSTITUIÇÃO VÁLIDA E REGULAR DO FEITO. ARGÜIÇÃO DE OFÍCIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. Alterada em 26.11.02 A decisão rescindenda e/ou a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente autenticadas, à exceção de cópias reprográficas apresentadas por pessoa jurídica de direito público, a teor do art. 24 da Lei nº 10.522/02, são peças essenciais para o julgamento da ação rescisória. Em fase recursal, verificada a ausência de qualquer delas, cumpre ao Relator do recurso ordinário argüir, de ofício, a extinção do processo, sem julgamento do mérito, por falta de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do feito. A Lei 11.280/2006 deu nova redação ao artigo 489 do CPC, para estabelecer que o ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, entretanto, em caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, é possível a concessão de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. Art. 489, CPC. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. O recurso ordinário previsto nesta súmula 158 do TST tem previsão no artigo 895, II, CLT. Contra as decisões dos Tribunais Regionais em processos de sua competência originária é cabível a interposição de RO para o TST. Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista. MANDADO DE SEGURANÇA O Mandado de Segurança está previsto no artigo 5º, LXIX da CF e está disciplinado pela Lei 12.016/2009, que foi sancionada em agosto de 2009. Art. 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; [...]. Art. 1º, Lei 12016/2009. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. §1º. Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. § 2º. Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. §3º. Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. Este remédio constitucional visa proteger qualquer direito líquido e certo do cidadão, salvo o direito de locomoção e o direito de acesso a informações pessoais, que são protegidos pelo habeas corpus e habeas data, respectivamente. A Carta Magna também prevê o mandado de segurança coletivo, que pode ser impetrado pela organização sindical, dentre outras entidades. Art. 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Conclui-se que o mandado de segurança é ação utilizada, diante da inexistência de outro meio jurídico, para proteger um direito líquido e certo, que fora violado por um ato de autoridade. O MS pode compelir a autoridade pública a praticar ou deixar de praticar algum ato. Inicialmente, apenas os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho tinham competência para apreciar e julgar mandado de segurança, uma vez que o artigo 652 e 653 da CLT não incluem o mandado de segurança no âmbito da atuação jurisdicional dos órgãos de primeira instância. Contudo, o advento da EC 45/2004, que modificou substancialmente o artigo 114 da CF, parece-nos que a Vara do Trabalho será funcionalmente competente para processar ejulgar mandado de segurança também. Art. 114, VII, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; [...]. Cumpre salientar que o estudo das súmulas e OJ’s relativas ao Mandado de Segurança são fundamentais para o Exame de Ordem de II fase. Alguns Dispositivos Relevantes: Art. 23, Lei 12016/09. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Súmula 632, STF. É constitucional lei que fixa PRAZO DE DECADÊNCIA para a impetração do Mandado de Segurança. Súmula 512, STF. Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança. Súmula 105, STJ. Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. Súmula 266, STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. Súmula 267, STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. Súmula 268, STF. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. Súmula 33, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado. OJ 99, SDI – 2, TST. Mandado de segurança. Esgotamento de todas as vias recursais disponíveis. Trânsito em julgado formal. Descabimento. Esgotadas as vias recursais existentes, não cabe mandado de segurança. OJ 140, SDI – 2, TST. Não cabe mando de segurança para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segurança. Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade. OJ 148, SDI – 2, TST. É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário em mandado de segurança, a comprovação do recolhimento das custas processuais no prazo recursal, sob pena de deserção. Súmula 414, TST. I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar). Súmula 417, TST. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. Súmula 418, TST. A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. OJ 67, SDI – 2, TST. Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT. OJ 92, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido. OJ 98, SDI – 2, TST. É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito. OJ 137, SDI – 2, TST. Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, caput e § único, da CLT.
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