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Cap 12 Antidepressivos

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ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 
Marcelo A. Cabral 
 
1
12) FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS 
 
 
Os distúrbios afetivos caracterizam-se mais por alterações 
do humor (depressão ou mania) do que por distúrbios do 
pensamento. A depressão constitui a manifestação mais comum, 
podendo variar de uma condição muito discreta, formando uma 
fronteira com a normalidade, até a depressão grave – algumas 
vezes denominada depressão psicótica – acompanhada de 
alucinações e delírios. 
Os sintomas da depressão incluem componentes 
emocionais e biológicos: 
- sintomas emocionais: aflição, apatia e pessimismo, baixa auto-
estima, sentimento de culpa, inadequação e feiúra, indecisão e 
perda da motivação; incapacidade de vivenciar o prazer. 
- sintomas biológicos: retardo do pensamento e da ação, perda 
da libido, distúrbio do sono e perda do apetite. 
A mania é, na maioria dos aspectos, exatamente o 
oposto, com exuberância excessiva, entusiasmo e autoconfiança, 
acompanhados de ações impulsivas. Esses sinais estão 
geralmente combinados com irritabilidade, impaciência e 
agressividade, e, algumas vezes, com delírios de grandeza do 
tipo napoleônico. 
Existem dois tipos distintos de síndrome depressiva: a 
depressão unipolar, em que as flutuações do humor ocorrem 
sempre na mesma direção, e o distúrbio afetivo bipolar, em que 
a depressão alterna com a mania. 
A principal teoria bioquímica da depressão é a hipótese 
da monoamina, que estabelece ser a depressão causada por um 
déficit funcional dos transmissores das monoaminas 
(noradrenalina e/ou 5-HT) em certos locais do cérebro, ao passo 
que a mania resulta de um excesso funcional. Apesar de a 
hipótese da monoamina em sua forma mais simples não ser 
mais sustentável como explicação para a depressão, a 
manipulação farmacológica da transmissão de monoaminas 
continua sendo a abordagem terapêutica mais bem sucedida. 
O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica se 
dá através do bloqueio da recaptação da NE e da 5HT no 
neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da 
Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsável pela 
inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, nos 
sistemas noradrenérgico e serotoninérgico do Sistema 
Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas 
na terapia dos transtornos da afetividade. 
Os fármacos antidepressivos são classificados nas 
seguintes categorias: 
- antidepressivos tricíclicos (TCA): imipramina e amitriptilina. 
Trata-se de inibidores não seletivos da captação de monoaminas 
(noradrenalina e serotonina); 
- inibidores seletivos da captação de 5-HT: fluoxetina, 
fluvoxamina, paroxetina, sertralina; 
- inibidores da MAO: fenelzina, tranilcipromina – que não são 
seletivos para MAO-A/MAO-B; clorgilina e moclobemida, que 
são MAO-A seletivos. 
- antidepressivos atípicos: nomifensiva, maprotilina, mianserina, 
bupropiona e trazodona. 
 
a) Antidepressivos tricíclicos (imipramina, desipramina, 
clomipramina, amitriptilina, nortriptilina, protriptilina): 
O principal efeito do TCA consiste em bloquear a recaptação de 
aminas (noradrenalina e/ou 5-HT) pelas terminações nervosas 
pré-sinápticas através de sua competição pelo sítio de ligação da 
proteína transportadora. Foi sugerido que a melhora dos 
sintomas emocionais reflete principalmente uma potencialização 
da transmissão mediada pela 5-HT, e o alívio dos sintomas 
biológicos resulta da facilitação da transmissão noradrenérgica. 
Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma 
diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo 
Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de 
NE 
Os TCA produzem acentuada potencialização dos 
efeitos do álcool por motivos que ainda não estão bem 
esclarecidos, podendo ocorrer a morte devido depressão 
respiratória. Os TCA também interagem com vários agentes 
anti-hipertensivos tendo conseqüências potencialmente 
perigosas, razão pela qual sua administração a pacientes 
hipertensos exige rigorosa monitorização. Além disso, não 
devem ser administrados junto com IMAO. 
Os ADT são potentes anticolinérgicos e por esta 
característica seus efeitos colaterais são explicados. 
Efeitos colaterais importantes: sedação (bloqueio H1); 
hipotensão postural (bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos), 
boca seca, visão turva, constipação (bloqueio muscarínico). 
 
b) inibidores seletivos da captação de 5-HT (fluoxetina, 
fluvoxamina, paroxemina, sertralina, citalopram): 
As drogas desse tipo (denominadas SSRI – inibidores seletivos 
da recaptação de serotonina) incluem a fluxetina, a 
fluvoxamina, a paroxetina e a sertralina. Na atualidade a 
fluoxetina é o agente antidepressivo mais prescrito. Além de 
exibir seletividade para a captação de 5-HT em relação a 
captação de noradrenalina, tem menos tendência a causar efeitos 
colaterais anticolinérgicos em comparação com os TCA e são 
menos perigosos em superdosagem. O efeito antidepressivo dos 
ISRS parece ser conseqüência do bloqueio seletivo da 
recaptação da serotonina (5-HT). 
 Os efeitos colaterais comuns consistem em náuseas, 
anorexia, insônia, perda da libido e falta de orgasmo. Pode 
ocorrer uma perigosa “reação da serotonina” (hipertermia, 
rigidez muscular, colapso cardiovascular) se forem 
administrados com IMAO 
 
 
c) Inibidores da MAO (fenelzina, tranilcipromina, iproniazida, 
pargilina, clorgilina, selegilina, moclobemida): 
A monoamina oxidase, juntamente com a catecol-O-
metil transferase, são as principais enzimas de degradação das 
catecolaminas. 
No interior dos neurônios simpáticos, a MAO controla 
o conteúdo de dopamina e noradrenalina, e a reserva liberável 
de noradrenalina aumenta quando a enzima é inibida. 
O principal efeito dos IMAO consiste em aumentar as 
concentrações citoplasmáticas das monoaminas (5-HT, 
noradrenalina e dopamina) nas terminações nervosas 
(principalmente do cérebro), sem afetar acentuadamente as 
reservas vesiculares que formam o reservatório passível de 
liberação com a estimulação nervosa. Nos seres humanos 
normais, os IMAO causam aumento imediato da atividade 
motora, e verifica-se o aparecimento de euforia e de excitação 
no decorrer de poucos dias. Isto se opõe à ação dos TCA, que só 
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 
 
Marcelo A. Cabral 
 
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causam sedação e confusão quando administrados a indivíduos 
sem depressão. 
A ação desses medicamentos é de longa duração 
(semanas), em virtude da inibição irreversível da MAO. A 
moclobemida possui curta duração. 
Os principais efeitos colaterais são a hipotensão 
postural (bloqueio simpático), efeitos semelhantes ao da 
atropina, aumento do peso corporal, estimulação do SNC, 
causando inquietação, insônia, lesão hepática (rara). A 
superdosagem aguda causa estimulação do SNC, e algumas 
vezes convulsões. 
Pode ocorrer uma resposta hipertensiva grave a 
alimentos contendo tiramina (Reação do queijo) A tiramina é 
normalmente metabolizada pela MAO localizada no trato 
gastrintestinal e no fígado. Em pacientes que fazem uso dos 
inibidores da MAO, a tiramina é absorvida no intestino, 
transportada pelo sangue e captada por neurônios simpáticos, 
onde é transportada até as vesículas sinápticas pelo VMAT 
(transportador vesicular de monoaminas – transporta 
noradrenalina citosólica para o interior das vesículas). Através 
desse mecanismo, um estímulo agudo com grandes quantidades 
de tiramina (como acontece na ingestão de queijos e vinhos) 
pode provocar deslocamento agudo da noradrenalina vesicular e 
liberação não vesicular maciça de noardrenalina das 
terminações nervosas, através de reversão do NET 
(transportador de noradrenalina – transporta, normalmente, 
noradrenalina da sinápse para o meio intracelular). 
Os IMAO não devem ser administrados juntamente 
com os TCA e SSRI.d) Antidepressivos atípicos (nomifensina e maprotilina, 
mianserina, trazodona e bupropiona): 
Esses fármacos são heterogêneos. Não possuem um 
mecanismo de ação em comum. Alguns são bloqueadores fracos 
da captação de monoamina, ao passo que outros atuam através 
de mecanismos desconhecidos. A maioria é de ação bastante 
curta. Os efeitos indesejáveis e a toxidade aguda variam, mas 
são menores do que a dos TCA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Referências Bibliográficas 
 
1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001; 
2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; 
3. CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna. 6 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005; 
4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de 
 Janeiro: Guanabara Koogan, 2009; 
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7. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
 8. PORTH, C. M. Fisiopatologia. 6 edição. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2004 
 
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