Buscar

CCJ0025-WL-A-LC-Apostila - Guido Cavalcanti

Prévia do material em texto

Apostila – Prof. Guido Cavalvanti
	
Conteúdo
 
1 - Admissão de Empregos: fundamentos legais e exigências previstas. 1
2 - Jornada de Trabalho. 7
3- Rescisão do Contrato de Trabalho. 14
4- Previdência Social 28
5- Folha de Pagamento 38
6- Justiça do Trabalho. 40
 
1 - Admissão de Empregos: fundamentos legais e exigências previstas
 
1.1 - Contrato de Trabalho
 
}  Trata-se de um contrato específico, originalmente pertencente ao Direito Civil, mas que pela especialização e características próprias, acabou criando princípios e situações próprias, que demandaram um ramo específico do Direito.
}  A CLT conceitua em seu artigo 442: Contrato individual de Trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. 
}  É um acordo de vontades.
}   Pode ser tácito ou expresso, no qual uma pessoa física, (não há empregado pessoa jurídica), compromete-se, mediante pagamento de uma contraprestação salarial, a prestar trabalho não-eventual e subordinado em proveito de outra pessoa, física ou jurídica, denominada empregador.
}  A doutrina afirma que um nome mais apropriado seria contrato de emprego, pois contrato de trabalho é um termo genérico, que englobaria também o contrato do autônomo, do empresário.
}   Para o trabalhador, nasce à obrigação de fazer (a de prestar o trabalho) e para o empregador, a contrapartida (obrigação de dar salário)
}  Vamos ao texto legal:
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. (Incluído pela Lei nº 8.949, de 9.12.1994) 
Art. 442-A.  Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. (Redação dada pela Lei nº 11.644, de 2008). 
 
1.2 - Empregado
 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
 Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
 
}  Sempre é pessoa física; 
}  Não é trabalho eventual; 
}  Está subordinado; 
}  Sempre há onerosidade (pagamento de salário); 
}  Sempre há pessoalidade;
}  Alteridade (o risco da atividade econômica pertence unicamente ao empregador);
}  O empregado do artigo estudado é o empregado urbano, já que o empregado rural tem legislação própria (lei 5.889/1973).
}  Também não há distinção, segundo o artigo 6, entre trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. 
 
1.3 - Empregador
 
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
 
}  Empregador é a pessoa física ou jurídica que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. 
 
1.4 - Elementos Essenciais à validade do Contrato de Trabalho
 
}  O artigo 104 do Código Civil dispõe que a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
}  A lei trabalhista não prescreve,em regra, forma especial, podendo inclusive ser verbal, com algumas exceções, como o contrato de aprendiz, do trabalhador temporário e o marítimo, que necessita de forma específica
 
1.5 - Trabalho ilícito e trabalho proibido
 
}  Observe que em relação o objeto lícito, é preciso diferenciar trabalho proibido de trabalho ilícito. O trabalho proibido é trabalho lícito. Exemplo: trabalhador menor de 14 anos, ou ainda o trabalho para mulher que demande força muscular contínua de mais de 20 kilos 
}  Já o trabalho ilícito não produz qualquer efeito trabalhista. 
}  Ex: não seria possível o reconhecimento de vinculo empregatício para o traficante que labora acondicionando drogas. 
}  A título de curiosidade, há uma forte confusão doutrinária sobre o empregado de jogo do bicho. Antigamente eram radicais em não reconhecer vínculo do apontador, mas hoje essa posição tem sido relativizada 
 
1.6 - Características do contrato de trabalho
 
}  De Direito Privado: as partes são livres para estipular as cláusulas do contrato, desde que respeitem as normas de proteção mínimas. 
}  Informal: Não existe forma solene do contrato de trabalho. Admite-se tanto a forma verbal quanto a tácita. 
}  Bilateral: gera direitos e obrigações para ambas as partes (empregado e empregador)
}  Intuitu personae: o empregado tem que prestar o trabalho pessoalmente. 
}  Sinalagmático: as partes se obrigado a prestações recíprocas e antagônicas.
}  Consensual: nasce do livre consentimento das partes
}  De trato sucessivo ou de débito permanente:  os direitos e obrigações se renovam a cada período. 
}  Oneroso: não há relação de trabalho a título gratuito 
 
1.7 - Classificação dos contratos de trabalho
 
}  Tácito ou Expresso
}  Verbal ou Escrito
}  Por prazo indeterminado
}  Por prazo determinado
 
1.7.1 - Tácito
 
}  No tácito a reiteração na prestação de serviços pelo obreiro ao empregador, sem oposição do último, caracteriza um ajuste tácito
 
1.7.2 - Contrato expresso
 
}  É o que foi acordado de forma clara, precisa. O contrato expresso pode ser escrito ou verbal.
}  No contrato escrito, a simples assinatura da CTPS já caracteriza um contrato escrito. 
}  Assim como um contrato escrito e específico, por meio de assinatura das partes, contendo nome, qualificação do empregador e empregado, objeto do contrato, direitos e obrigações dos contratantes, jornada, etc 
}  Já no contrato verbal, o fato da CTPS não ter sido assinada (prazo de 48 horas, contado da admissão) gera simples ilícito administrativo (passível de autuação pelo auditor fiscal) 
}  Mas observe que alguns contratos precisam ser escritos, como já dito
 
1.7.3 - Contrato por prazo indeterminado
 
}  É a regra, passando o empregado a integrar, permanentemente a atividade empresarial. Existe uma presunção (relativa) de que tenha sido pactuado por prazo indeterminado, cabendo ao empregado prova em contrário
 
1.7.4 - Contrato prazo determinado
 
}  também chamado de contrato a termo é determinado, ou pelo menos com previsão aproximada de término, como por exemplo nos contratos de safra: 
}     § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.  (Parágrafo único renumerado pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) 
 
}        § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) 
}             a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (como exemplos poderíamos citar o caso de contratar um empregado, para atender a um breve aumento de produção em certo período do ano (trasitoriedade) ou mesmo para realizar serviços de montagem de uma máquina) 
 
}        b) de atividades empresariais de caráter transitório;  (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (Exemplo de empresa que só funcionaria em certas épocas do ano, como por exemplo fogos de artifício) 
 
}       c) de contrato de experiência. (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (Ë uma modalidade de contrato por prazo determinado. Ambos os contratantes irão se testar mutuamente. 
 
}  O prazo máximo de validade é de 90 dias, admitindo-se, dentro do prazo máximo de validade, uma única prorrogação. (artigo 451). 
}  Apesar denão existir no texto a obrigatoriedade de ser contrato escrito, é comum nos tribunais entenderem assim. 
}  Observe que o contrato por prazo determinado não pode ser estipulado por prazo superior a dois anos (artigo 445 da CLT)
}  O contrato a termo somente admite uma única prorrogação. Se houver mais de uma prorrogação, o contrato será considerado por prazo indeterminado
}  Entre o final de um contrato e o início de outro, é necessário que haja decorrido mais de seis meses. 
}  Nos contratos por prazo determinado, em regra, não há de se falar em aviso prévio.
}  Segundo o artigo 479 da CLT, o empregador que romper o contrato por prazo determinado antes do termo final pagará ao obreiro metade dos salários que seriam devidos até o final do contrato, além de multa de 40% do FGTS.
}  Já no artigo 480, o empregado que rompe o contrato por prazo determinado, indenizará o empregador pelos prejuízos causados. O valor máximo não excederá àquele que teria direito o obreiro em idênticas condições. 
}  No contrato a termo, pode haver cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão. Caso seja corretamente pactuada, não se aplicará o disposto nos artigos 479 e 480 
}  É de se observar que existe o contrato por prazo determinado da lei 9601/98.
}  Essa lei foi uma tentativa de flexibilizar a CLT
}  Ela entrou em contradição direta com a CLT, afirmando que poderia o contrato a termo ser prorrogado inúmeras vezes, mas isso só no caso de prévia negociação coletiva. 
}  Foi uma lei pouco utilizada, já que os sindicatos tem muita resistência sobre o tema. 
}  Observe que também existe um tipo específico de contrato a termo: o chamado contrato de trabalho temporário da lei 6.019/74:
}  que é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. 
}  Esse contrato não pode ultrapassar os 3 meses, salvo autorização expressa
}  Por fim, existe o contrato de trabalho por obra certa, que é mais uma modalidade de contrato pro prazo determinado. 
}  O empregador é um construtor, que exerce atividade em caráter permanente e, como empregado, um obreiro encarregado de realizar obra ou serviço certo. 
}  Esse contrato se submete as regras gerais do contrato por prazo determinado. Ele se esgota com o final da obra - Mesmo que a obra continue, mas esgotado o serviço para qual o trabalhador foi contratado.
}  Terminado o contrato em face do término da obra, o trabalhador levantará o saldo existente no FGTS.
}  Se houver rompimento antecipado do contrato, receberá o obreiro a multa de 40% do FGTS, acrescida da multa prevista no artigo 479 da CLT
 
2 - Jornada de Trabalho
 
}  Jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o emprego se coloca a disposição do empregador em virtude do respectivo contrato. 
}  É por meio da jornada que pode ser aferido o salário do obreiro, quando sua remuneração é fixada levando-se em conta o tempo trabalhado ou à disposição do empregador. Art.4.
}  A jornada é essencial para preservar a saúde do trabalhador e evitar acidentes e doenças profissionais.
}  A jornada estendida aumenta o desemprego, reduz o contato do trabalhador com a família, estudos e lazer 
}  Esses direitos estão positivados, pois a Constituição fixou a responsabilidade do empregador pela reparação do dano causado, por dolo ou culpa, em virtude de acidente de trabalho ou doença profissional.
}  A constituição fixou a jornada diária em 8 horas, e a semanal em 44, facultando a compensação de horários ou a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva 
}  Não obstante, o TST, em sucessivos julgados, tem admitido a escala de revezamento que fixa a jornada na modalidade de 12 por 36 horas, desde que seja estabelecida por convenção ou acordo.
}  Esse jornada é muito freqüente em práticas hospitalares. Apesar do longo tempo de uso, só é valida se for corroborada por convenção coletiva 
 
2.1   - Já os trabalhadores que trabalham em turnos ininterruptos: 
 
}  XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
}  Trabalho por turno é aquele em que grupos de trabalhadores se sucedem na empresa, permitindo o funcionamento constante dela 
}  Observe a súmula 360 do TST:
 
“A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art. 7, inciso XIV, da Constituição.”
 
}  Portanto, mesmo que a empresa não funcione aos domingos, isso não quer dizer que não exista turno ininterrupto de revezamento. 
}  O legislador, ao fixar o turno de 6 horas, foi desestimular tal prática, uma vez que o esse revezamento é prejudicial à saúde, pois, por vezes tem que trabalhar em dias e horários alternados.
}  Mas uma questão interessante foi fixada pelo TST na súmula 423. Trabalhador de turno ininterrupto, que acaba trabalhando 8, por meio de convenção coletiva, não tem direito do horas extras. 
}  Mas observe que, trabalhador de turno ininterrupto, que exerce atividade em alternância de turno (manha e noite) faz jus a jornada especial do inciso XIV. 
 
2.2 – Formas de prorrogação da Jornada
 
}  Mediante acordo escrito individual ou coletivo, em número não excedente a 2 horas, com pagamento da remuneração extraordinária, no mínimo, 50% da normal. (CLT, art. 59)
§ 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal. 
}  Toda vez que o empregado permanecer a disposição do empregador, após esgotar-se a jornada normal, haverá trabalho extraordinário 
}  Fixada a jornada normal de trabalho, inferior à jornada máxima imposta pela CF (8 horas), em p.ex., 6 horas, o labor após a sexta hora configuraria jornada suplementar, a ser remunerada com adicional.
}  Sempre lembrar que as empresas que possuem mais de 10 empregados são obrigadas a manter controle da jornada. É a súmula 338 do TST. A não apresentação gera presunção relativa da veracidade. 
}  Sempre lembrar também que em caso de compensação de jornada através de banco de horas (celebrado através de acordo coletivo) as horas suplementares não serão remuneradas.
}  Mas, se houver rescisão, sem que tenha havido a compensação, fará o trabalhador jus ao pagamento de horas extras.
}  Observe também que o TST já admitiu inúmeras vezes o sistema de compensação de horários denominado “semana espanhola” onde o obreiro alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em outra.
}  Se for caso de força maior (acidente ferroviário) a prorrogação será sem limites de horas. Será estendida pelo número de horas necessárias, sempre remunerando pelas horas suplementares, com adicional mínimo de 50%.
}  Se for um serviço ou conclusão de obra inadiável (se for ocasionar prejuízo manifesto) até o limite de 12 horas (4 de prorrogação) também com 50% mínimos.
}  Observe que a prorrogação extraordinária (para evitar prejuízo manifesto) deve ser comunicada ao Ministério do Trabalho no prazo de 10 dias, conforme art. 61.
 
 § 1º - O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo ou contrato coletivo e deverá ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à autoridade competente em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.
 
}  E se o trabalho for interrompido, frente a força maior? Parágrafo 3: 
 
§ 3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias,em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano.
 
}  Observar que deve ser comunicado também a autoridade competente. 
}  Também observar que, mesmo assim, o trabalhador é remunerado com adicional de 50%. (isso porque o risco da atividade econômica pertence ao empregador)
2.2.1          -Prorrogação de atividade insalubre: o artigo 60 da CLT afirma que quaisquer prorrogação só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene de trabalho, que, procederão exames ao local. 
}  A fiscalização verificará se o labor suplementar não trará conseqüências maléficas à saúde do obreiro. 
 
2.3      – Empregados Excluídos do controle de Jornada
 
}  Os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação do horário de trabalho, e os gerentes e os diretores que exercem cargo de confiança, são excluídos do controle de jornada, nos termos do artigo 62.
}  Podemos citar como exemplos de cargos incompatíveis com controle de horários: vendedores (viajantes ou pracistas), motoristas (de ônibus, caminhão, que fazem viagens para outros municípios)
}  Observe que tal situação deve ser anotada na CTPS.
 
2.4      –Intervalos Inter e Intrajornada
 
}  O intervalo interjornada é a pausa concedida ao obreiro entre o final de uma jornada diária e o início de nova. O artigo 66 assegura um intervalo de, no mínimo, 11 horas consecutivas.
}  As horas que forem subtraídas do intervalos interjornada serão pagas como horas extras. 50%. 
 
2.4.1 - Intrajornada
}  São as pausas que ocorrem dentro  da jornada diária. Objetivando o repouso e a alimentação do trabalhador. 
}  Quando a jornada exceder 6 horas: é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso e alimentação de, no mínimo, uma hora e, salvo acordo, não poderá exceder 2 horas.
}  Quando a jornada diária não exceder 4 horas, mas não ultrapassar 6, o intervalo será de 15 minutos.
}  O limite mínimo de 1 hora, poderá ser diminuído por deliberação do M. do Trabalho, após prévia fiscalização, onde fique comprovado que o estabelecimento possui refeitório. 
}  Não sendo concedidos os intervalos, ficará o empregador a remunerar o período correspondente, com acréscimo de, no mínimo 50% sobre o valor da remuneração
}  Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 minutos.
}  Para trabalhadores de câmaras frigoríficas e ambientes quentes e frios, depois de 1 hora e 40 minutos de trabalho contínuo, terá um repouso de 20 minutos.
}  Quem trabalha em minas e subsolo, a cada período de 3 horas, haverá uma pausa de 15 minutos
}  Mulher para amamentar o filho, até que complete 6 meses, terá direito a 2 descansos especiais de 30 minutos. Não deduzidos da jornada.
}  Observe que o TST já julgou algumas vezes a invalidade de convenção coletiva que discipline redução de intervalo, já que é matéria de competência federal. 
}  Se o patrão não concede o intervalo, o período correspondente será remunerado como hora-extra, sendo hora normal acrescida de 50%.
 
2.5 – Horas in itinere e variações de horário
 
}  Significa o tempo correspondente à ida e volta da residência, em transporte fornecido pelo empregador.
“ O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para seu retorno, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando trata-se de local de difícil acesso e não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução.”
 
}  A insuficiência de transporte não enseja o pagamento de horas extras
}  Se o empregador oferecer transporte, não há proibição dele cobrar parcialmente ou não. Mas isso não afasta o direito das horas in itinere.
}  A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada e os transportes públicos é circunstancia que também gera o direito as horas in intinere 
Não serão computadas como jornada extraordinária as variações de horário não excedentes a 5 minutos (observando o limite máximo de 10 minutos
 
2.6 – Sobreaviso, prontidão e uso de celulares ou BIP
 
}  O artigo 244 da CLT , afirma que as estradas de ferro poderão ter empregado de sobreaviso. 
}  Ele permanece em casa, aguardando a qualquer momento o chamado. 
}  Isso sendo feito uma escala com prazo máximo de 24 horas, sendo remuneradas as horas de sobreaviso a razão de 1/3 do salário normal. 
 
                2.6.1 - Prontidão 
}  É quando o ferroviário fica nas dependências da estrada, aguardando ordens. Isso com uma escala de 12 horas, sendo remunerado a razão de 2/3 do salário normal.
}  Por analogia, essas regras tem sido utilizadas para outras categorias. 
}  Uso de BIP ou celular não tem caracterizado como horas de sobreaviso. 
 
2.7 – Trabalho em Regime de Tempo Parcial
 
}  É o regime de tempo que não excede 25 horas semanais. 
}  Terá um salário proporcional a sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. 
 
2.7.1 - Para quem já estava em outro regime de horário:
}  A adoção desse regime será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista da negociação coletiva e opção manifestada por cada empregado do estabelecimento
}  Esses trabalhadores não poderão prestar horas extras nem poderão converter um terço de férias em abono pecuniário. 
}  As férias desses trabalhadores são diferenciadas:
}  Art. 130-a da CLT: sendo no mínimo de 8 dias (para a duração de trabalho semanal igual ou inferior a 5 horas) e no máximo de 18 dias (para a duração do trabalho semanal superior a 22 horas, até 25 horas)
 
2.8 – Trabalho Noturno
 
}  O artigo 73 estabelece horário noturno, como aquele compreendido entre 22 horas e 5 h, fixando o adicional noturno em 20% sobre a figura diurna.
}  Estabelece também que a hora de trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. (hora noturna reduzida)
}  A hora noturna de advogado está entre 20h e 5 h do dia seguinte, com adicional de 25%. 
}  O vigia noturno tem direito a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos.
}  Obreiros que trabalham em exploração de petróleo tem leis próprias diferenciadas.
}  Observem a súmula 60 do TST:
“Cumprida integralmente a jornada no período noturno e uma vez prorrogada, devido é também o adicional noturno quanto as horas prorrogadas.”
}  O adicional noturno pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos 
 
2.9 – Repouso Semanal Remunerado e Feriados
 
}  Consiste na interrupção semanal, com sustação pelo prazo de 24 horas, sem prejuízo da remuneração. 
}  Feriado vem na legislação, previstos no calendário anual. Todos não podem ter prejuízos na remuneração do obreiro.
}  O repouso é preferencialmente ao domingo.
}  Os trabalhadores avulsos têm esse direito, assim como os trabalhadores temporários
}  Não será devida a remuneração do repouso e dos feriados quando, sem motivo justo, o empregado não tiver trabalhado durante toda semana anterior, cumprindo integralmente seu horário de trabalho.
}  As empresas autorizadas a trabalhar no domingo, deverão organizar escala de revezamento, de forma a permitir que pelo menos de 7 em 7 semanas o repouso remunerado coincida com o domingo
}  Para trabalhadores de comércio (a lei 10.101/2000) autorizou trabalho aos domingos, sendo que o repouso semanal deverá coincidir pelo menos uma vez, em 3 semanas. 
}  Também no comércio, segundo a lei 11.603/2007, permitiu trabalho em feriados, desde que autorizadas em convenção coletiva. (observada legislação municipal
}  De qualquer forma, laborando aos domingos, o empregado deverá gozar a folga compensatória, sob pena de receber em dobro a remuneração do dia trabalhado.
}  Se for atividade justificada por exigência técnica, o trabalho em feriados ou domingos será paga em dobro
 
3- RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
 
3.1 – Aviso Prévio
 
}  O Aviso prévio tem origem no direito civil. 
}  É a comunicação antecipada de uma parte a outra, do desejode romper  o contrato, estabelecendo um termo final a relação. 
}  Em direito do trabalho, em regra, é utilizado nos contrato de prazo indeterminado. 
}  Nos contratos por prazo determinado, o aviso prévio não é,em regra utilizado, haja vista que, no pacto a termo, as partes já ajustam, desde o início, o termo final (pré-fixado), ou mesmo tem uma previsão aproximada do seu término (como ocorre nos contratos de safra).
}  O aviso prévio só pode incidir nos contratos determinados quando no pacto houver a previsão da cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão, prevista no art. 481 da CLT.
}  O aviso prévio tem natureza:
 
1- Comunicação 
2- Tempo: para que as partes possam se ajustar ao término do liame empregatício
3- Pagamento
 
}  O aviso prévio corresponde a uma cláusula dos contratos por prazo indeterminado. (explícita ou implícita)
}  É um ato unilateral:  é exercido unilateralmente pelo empregado ou pelo empregador.
}  Receptício: haja vista que o aviso prévio somente produz efeitos após a comunicação à parte contrária.
}  Potestativo: constitui um direito potestativo do obreiro ou do empregador. Resta a outra parte sujeitar-se a vontade do outro .
 
3.2   – Prazo do Aviso Prévio
 
}  O aviso prévio é proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias, nos termos da lei.
}  Trata-se de um sistema de proteção ao emprego. (já que a estabilidade está em uma situação jurídica diferenciada – nasceu justamente para substituir esse antigo instituto) 
}  Serve justamente para tornar mais onerosa a despedida de trabalhadores mais antigos. 
}  A eficácia da norma dependerá de lei que fixe essa proporcionalidade, o que não impede que algumas convenções e acordos coletivos, ou mesmo cláusulas de contratos, estipulem progressão do aviso prévio. 
}  Não estando regulado de forma diferente, será de 30 dias o aviso prévio.
}  O critério de contagem faz-se com a exclusão do dia do começo e inclusão do dia de seu término
}  Observem o entendimento do TST. :
“O prazo de aviso prévio de 60 dias, concedido por meio de norma coletiva que silencia sobre alcance de seus efeitos jurídicos, computa-se integralmente como tempo de serviço – repercutindo nas verbas rescisórias”
 
3.3 – Consequencias Jurídicas da falta do Aviso Prévio 
 
}  A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado :
}  o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (CLT, art. 487, 1) integra (cálculo de gratificação natalina, férias, recolhimento fundiário e previdência
}  O TST, segundo súmula 305, já entendeu que o aviso prévio (trabalhado ou não) está sujeito a contribuição ao FGTS.
}  Mesmo que o aviso prévio seja indenizado, a baixa da CTPS deve ser anotada ao término do cumprimento, mesmo que indenizado. 
}  Disciplina que o reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado da despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso
}  A falta do aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo (CLT, art. 487, 2)
3.4 – Redução de Horário
 
}  Se o empregador, manifestar desejo de romper o liame, terá direito o obreiro à redução no horário de trabalho em duas horas diárias (CLT, art. 488), 
}  Sem prejuízo do salário. (isso serve para que o empregado tenha tempo de buscar no mercado de trabalho uma nova ocupação.
}  O obreiro pode optar por faltar 7 dias corridos, em vez de reduzir diariamente sua jornada em 2 horas.
}  No ato de recebimento do aviso prévio, deve o obreiro indicar sua opção
}  Caso o empregado não conceda a redução de horário ao empregado, considera-se que o aviso prévio não foi dado, haja vista o desvio de finalidade do instituto.
}  O TST considera ilegal substituir o período que se reduz da jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas correspondentes a título de horas suplementares
}  O TST já afirmou diversas vezes: aviso prévio não reduzido no tempo resulta que o ato em si não se formaliza.
 
3.5 – reconsideração do Aviso Prévio
 
}  O artigo 489 dispõe:
 
“Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração”
 
}  Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso não tivesse sido dado.
}  A concessão do aviso prévio não tem o condão de extinguir o contrato de emprego, mas tão somente de indicar um prazo para seu término
}  O aviso prévio é um ato unilateral, mas a reconsideração é um ato bilateral. ( a outra parte pode aceitar ou não – podendo ser esse aceite expresso ou tácito)
}  Dá-se reconsideração expressa quando a parte pré-avisada, de forma verbal ou escrita, expressamente aceita a reconsideração.
}  A reconsideração tácita, por sua vez, ocorre quando, expirado o prazo de aviso, o obreiro continua prestando serviços normalmente, sem a oposição do empregador. 
 
3.5 – Justa Causa no Curso do Aviso Prévio
 
}  Observe que o aviso prévio não extingue o liame, mas tão somente estabelece um termo final ao pacto laboral. 
}  Nada impede que, durante o cumprimento o empregador ou o próprio obreiro cometa uma falta grave, a ensejar a brusca ruptura do contrato
}  A falta grave ocorrida no curso do aviso prévio transforma a simples resilição contratual (dispensa imotivada do obreiro ou pedido de demissão) em resolução contratual (dispensa por justa causa ou rescisão indireta) Isso é o que versam os artigos 490 e 491
}  O empregador que, durante o prazo do aviso prévio , praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato, sujeita-se ao pagamento da remuneração correspondente ao prazo do referido aviso, sem prejuízo da indenização que for devida.
}  O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer qualquer das faltas consideradas pela lei como justa para a rescisão, perde o direito ao restante do respectivo prazo
}  Se o empregador cometer falta grave no curso do aviso, estará o obreiro liberado do cumprimento do restante do aviso prévio.
}  Se for o empregado que comete a falta, não fará jus o obreiro ao restante do aviso, além de perder o direito às verbas rescisórias de natureza indenizatória, 
}  Salvo se a falta grave cometida for a de abandono de emprego, pois haverá a presunção de que o trabalhador deixou o antigo trabalho por ter encontrado um novo labor. Isso foi conferido pela súmula 73 do TST
 
3.6 – Entendimentos Jurisprudenciais Relevantes.
 
}  Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato, o empregado tem direito a 50% do valor do aviso prévio, do 13 e das férias proporcionais.
}  A cessação da atividade da empresa, com o pagamento da indenização, simples ou em dobro, não exclui, por si só, o direito do empregado ao aviso prévio.
}  A ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso do prazo do aviso prévio dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito às verbas rescisórias de natureza indenizatória 
}  Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência.
}  O aviso prévio é um direito irrenunciável. 
}  O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o FGTS.
}  O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade
}  No caso de concessão de auxílio-doença, no curso do aviso prévio, todavia, só se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício previdenciário. 
}  A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso, ainda que indenizado
3.7 - Terminação do Contrato de Trabalho
 
}  A CLT utilizaa palavra rescisão englobando qualquer forma de terminação do liame empregatício, mas isso não é de uma apropriada utilização técnica.
}  Existem na verdade a resilição, resolução, rescisão, formas atípicas e extinção normal do contrato
 
3.7.1 – Resilição
 
}  Ocorre resilicão do contrato de trabalho quando uma ou ambas as partes resolvem, imotivadamente ou sem justo motivo, romper o pacto de emprego.  Pode ocorrer de 3 modos:
 
- dispensa sem justa causa do empregado
- pedido de demissão do obreiro
- distrato 
 
}  A dispensa sem justa causa ocorre quando o empregador, imotivadamente, rompe o liame. Terá o obreiro jus a:
1-Aviso prévio trabalhado ou indenizado;
2- Saldo de salários (conforme a hipótese)
3-Indenização das férias integrais não gozadas, simples ou em dobro (conforme a hipótese), acrescida do terço constitucional;
4-Indenização das férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional;
5-Gratificação natalina proporcional do ano em curso;
6-Indenização compensatória de 40% dos depósitos do FGTS
7-Levantamento do saldo existente na conta vinculada do FGTS
8-Guias de seguro-desemprego
9-Indenização acional no valor de um salário mensal do obreiro, prevista no lei 7.238/1984, quando dispensado nos 30 dias que antecedem a data-base de sua categoria.
 
}  Também representa hipótese de resilição contratual o pedido de demissão do obreiro, situação na qual o trabalhador rompe imotivadamente o pacto de emprego.
 
}  Ao pedir demissão, faz jus o obreiro aos seguintes direitos:
 
1- Saldo de salário (conforme hipótese)
2- Indenização das férias integrais não gozadas, simples ou em dobro (conforme hipótese), acrescida do terço constitucional;
3- Indenização das férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional, mesmo que o empregado ainda não tenha completado um ano de empresa.
4- Gratificação natalina proporcional do ano em curso. 
 
}  A última hipótese de resilição é o distrato. 
}  Situaçao em que o pacto de emprego é extinto imotivadamente por vontade de ambos os contratantes, por mútuo acordo. 
}  Mesmo se assim for, ao trabalhador deverão ser assegurados todos os direitos, como se a ruptura contratual fosse imotivadamente deliberada pelo empregador.
}  Surge também o plano de demissão voluntária (PDV), muito utilizado por empresas públicas. 
}  Nele, são garantidos ao empregado todos os direitos atinentes à dispensa imotivada, somando-se a isso um plus remuneratório, que incentive o laborante a aderir ao plano
 
3.7.2 – Resolução
 
}  Na resolução contratual, o término do contrato ocorre em razão de ato faltoso praticado por uma ou mesmo por ambas as partes do pacto de emprego.
}  A resolução relaciona-se com a inexecução faltosa das obrigações contratuais, por parte de um ou dos dois contraentes.
}  Pode ter 3 formas:
 
1- Dispensa do empregado por justa causa
2- Rescisão ou despedida indireta
3- Culpa recíproca
 
3.7.2.1- Justa Causa
 
}  Toda vez que o empregado cometer falta considerada pela legislação consolidada como grave.
}  Há uma quebra da boa-fé, confiança, poder de obediência e diligência, o que torna incompatível a continuidade da relação de emprego. 
}  Tendo em vista que o empregado é subordinado juridicamente ao empregador, pode o obreiro sofrer as seguintes sanções:
 
Advertência (verbal ou escrita); suspensão disciplinar (CLT, art. 474) e dispensa por justa causa
 
}  A configuração da justa causa depende da comprovação de alguns requisitos, a saber:
}  Gravidade da falta: um dos elementos essenciais à caracterização da justa causa é a gravidade da falta. 
}  A culpa deve ser apreciada in concreto, levando-se em consideração o tempo, o meio, a classe social, os usos, costumes, e hábito sociais, etc. 
}  Proporcionalidade da pena: é derivada da própria gravidade da falta, em que a pena deve ser proporcional à falta cometida. (dosimetria da pena)
}  Non bis in idem: na aplicação da penalidade deve-se levar em consideração que para cada falta somente se admite uma única penalidade
}  Inalteração da punição: uma vez aplicada a penalidade, ela não pode ser substituída por uma de natureza mais grave. A gravidade da pena pode ser até reduzida, mas nunca agravada depois de reduzida. 
}  Imediaticidade: após o conhecimento e a apuração da falta, o obreiro deve ser imediatamente punido, pois falta conhecida e não punida é falta tacitamente perdoada. (importa em renúncia)
 
3.7.2.2 – Vinculação entre a infração e a Pena
 
}  O Empregador se vincula ao fato ensejador da justa causa. 
}  Há uma vinculação entre a infração cometida e a penalidade praticada, não podendo o empregador aproveitar-se de falta ocorrida recentemente para punir infração antes não apenada
 
3.7.2.3 – Conduta Dolosa ou Culpa do Obreiro
 
}  Não será lícita a aplicação da justa causa se não comprovado que o empregado agiu com dolo ou culpa (negligencia, imprudência ou imperícia). Ë o requisito subjetivo para configuração da justa causa.
Hipóteses legais de falta grave:
 
 O artigo 482 da CLT estabelece as hipóteses de resolução do contrato de trabalho em face de falta grave praticada pelo empregado.:
 
}  Ato de improbidade (CLT, art. 482, a) – consiste o ato de improbidade na desonestidade, fraude, má-fe do obreiro, que provoque risco ou prejuízo à integridade patrimonial do empregador ou de terceiro, com o objetivo de alcançar vantagem para si ou para outrem. Como exemplo podemos citar: furto ou roubo de bens da empresa, apropriação indébita de recursos, falsificação de documentos, etc.
 
}  Incontinência de conduta – é o desregramento ligado à vida sexual do indivíduo, que leva à perturbação do ambiente de trabalho ou mesmo prejudica suas obrigações contratuais, com a prática de obscenidades e pornografia nas dependências da empresa. Ex. assédio sexual, pratica de atos de pedofilia, etc.
 
}  Mau procedimento (CLT, art. 482,b) – comportamento incorreto do empregado, na prática de atos pessoais que atinjam a moral, salvo o sexual, levando à perturbação do ambiente. Ex. empregado que dirige o veículo da empresa sem autorização, totalmente alcoolizado, o que destrói ou danifica equipamentos propositadamente, porta drogas, vende, etc.
 
}  Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. 9art. 482, c) – Na primeira hipótese, é a negociação habitual, por conta própria ou alheia, sem permissão do empregador. Há concorrência desleal. 
 
}  Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena. – o que é a justa causa não é a condenação, mas sim a não suspensão da pena, permanecendo o empregado preso, trazendo uma impossibilidade física.
 
}  Desídia no desempenho das respectivas funções: - é o desempenho com negligencia, imprudência, má vontade, displicência, desleixo, desatenção, indiferença, desinteresse, etc.  Isso impõe um comportamento reiterado e contínuo. A Justiça recomenda que faltas anteriores devem ser punidas sob forma de advertência
 
}  Embriaguez habitual ou em serviço. (art. 482,f) – esse embriaguez pode ser proveniente tanto do álcool como também de drogas. A habitual é a que ocorre repetidamente, fora do local e horário de trabalho, trazendo conseqüências para a execução das obrigações. A justa causa só pode ser caracterizada se a embriaguez repercutisse no desempenho das atividades laborais, como perda de reflexos, coordenação motora, memória, etc. 
Isso é bem controverso, pois a OMS considera alcoolismo como doença, defendendo que o contrato deveria ser suspenso e haver tratamento pela previdência social.
}  A segunda hipótese é a embriaguez em serviço. Ela ocorre em local de serviço. Observe que há necessidade de repetição 
 
}  Violaçao de segredo da empresa – há quebra de lealdade, fidelidade, confiança pelo empregado. Ex. Obreiro que divulga segredos da empresa, patentes, invenções, fórmulas, etc.
 
}  Ato de indisciplina ou de insubordinação – descumprimento de ordens emanadas em caráter geral, direcionadas a todos os empregados ou insubordinação, com o descumprimento de ordens pessoais de serviço, dadas diretamente pelo empregador. 
 
}  Abandono de emprego (CLT, 482,i) Ausência continuada e injustificada do obreiro ao trabalho por certo lapso temporal.  Dois elementos devem estar presentes para configuração do abandono.
Objetivo: consiste no real afastamento do empregado, sem qualquer justificativa. Não existe na lei um número de dias. A jurisprudência tem fixado o prazo de 30 dias, baseando-se nos artigos 472, 474 e 853.
}  Para configuração de abandono, o obreiro deve faltar por 30 dias contínuos. Caso as faltas não sejam contínuas, porém intercaladas, pode ser configurada a desídia, mas não o abandono. O TST já expressou no sentido de 30 dias, na súmula 32. 
}  O empregador não precisa esperar necessariamente os 30 dias se comprovar que o obreiro já ingressou em novo emprego
}  A doutrina não tem conferido qualquer validade às convocações feitas ao obreiro para retorno ao emprego, por meio de órgãos a imprensa, especialmente em jornais, 
}  Haja vista que o empregado não tem a obrigação de acompanhar os noticiários. O que deve fazer o empregador é dar ciência inequívoca ao obreiro. (AR ou notificação extrajudicial ou judicial)
}  Outra forma é a intenção, desejo, animo do obreiro de abandonar o emprego, devendo ser demonstrada a clara intenção do empregado de não mais comparecer ao serviço
 
}  Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. 
 
}  Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem .
 
}  Prática constante de jogos de azar
 
}  Atos atentatórios à segurança nacional (isso foi um dispositivo de 1966, influenciado pelo golpe militar. Muita gente entende que esse dispositivo não foi recepcionado 
 
3.8 – Outras Infrações Praticadas pelo Obreiro a Justificar a resolução Contratual
 
}  Muita gente discute se a lista é taxativa ou exemplificativa. 
}  Talvez a corrente vencedora é a que afirma que a lista é taxativa. Mas, existem alguns casos pacíficos, que, apesar de não estarem relacionados, são presentes:
 
}  Não observância das normas de segurança e medicina do trabalho, e o não uso dos EPIs;
 
}  Em caso de urgência ou acidente, o empregado se recusar, sem causa justificada, a executar serviço extraordinário;
 
}  Bancário que reiteradamente paga contas inexigíveis;
 
}  Greve deflagrada em caso de não observância da lei 7.783/89;
 
}  Declaração falsa sobre o percurso abrangido pelo vale transporte; 
 
}  Desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz;
 
Se ficar configurada a justa causa, não terá direito ao:
1-      aviso prévio, 
2-      as férias proporcionais, 
3-      ao 13 salário, 
4-      ao levantamento do FGTS, 
5-      a indenização compensatória de 40%, 
6-      as guias do seguro desemprego, 
7-      apenas fazendo jus ao saldo de salários e a indenização das férias não gozadas, simples ou em dobro, acrescidas do terço constitucional 
 
3.9   – Despedida Indireta 
 
}  Ocorre quando a falta grave é cometida pelo empregador.
}  A única maneira do empregado provar esse tipo de despedida é no ajuizamento de ação trabalhista. A CLT, no art. 483, afirma
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:
 a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; 
 b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; 
 c) correr perigo manifesto de mal considerável; 
 d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; 
 e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; 
 f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
 g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
 
3.10 – Culpa Recíproca
 
}  O artigo 484 da CLT: 
 
Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade. 
}  Ambos praticam, com simultaneidade, justa causa (482 e 483). Nesses casos, reduz o juiz pela metade, a indenização a que teria direito o obreiro em caso de dispensa imotivada. 
}  O TST já se expressou na súmula 14, reconhecida a culpa recíproca o empregado tem direito a 50% do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais. 
 
3.11 – Rescisão
 
}  É a ruptura contratual decorrente de nulidade. 
}  É o que acontece quando a administração pública, direta ou indireta, desrespeita o mandamento constitucional insculpido no art. 37, II, e contrata servidores e/ou empregados públicos sem a realização prévia de concurso, gerando a nulidade do contrato celebrado.
}  p.ex., ausência de concurso público. O obreiro terá direito a contraprestação salarial pelos dias efetivamente laborados.
 
3.12 – Formas atípicas de Extinção do Contrato de Trabalho
 
3.12.1 - Extinção da empresa ou estabelecimento
}  O princípio da alteridade: os riscos da atividade econômica são da empresa, então, extinta a empresa, serão devidas aos obreiros todas as verbas atinentes à dispensa imotivada, além do respectivo aviso prévio. 
}  Mas se ficar comprovada a força maior ( a indenização pode ser paga pela metade), falência (em que não incide a multa do art. 477, da CLT, em caso de quitação rescisória fora do prazo legal) e o fato do príncipe (que transfere a responsabilidade do pagamento indenizatório do obreiro à administração pública
 
3.12.2 – Morte do empregado
 
}  Tendo em vista que o contrato de trabalho é intuitu personae, com sua morte termina o vínculo empregatício.
}  Os herdeiros terão direito à gratificação natalina proporcional do ano em curso, 
}  Indenização das férias integrais, simples ou em dobro (conforme o caso), acrescidas do terço constitucional, 
}  indenização das férias proporcionais, também acrescidas do terço constitucional e saldo de salários.
}  O espólio não terá direito a indenização de 40% do FGTS, nem a aviso prévio. Mas obviamente levantarão o saldo do FGTS. 
 
3.13 – Homologação das Verbas Trabalhistas
 
}  O recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter esecificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor. 
}  O pagamento feito ao obreiro quita as parcelas, mas não o impede de postular no judiciário eventuais diferenças ou, até mesmo, verbas que não foram pagas, sendo esse o entendimento predominante
 
4- Previdência Social
 
4.1 – Seguridade Social
 
}  a previdência está inserida dentro do sistema de seguridade.
}  Assim sendo, a seguridade social compreende:
 
1- Saúde;
2- Previdência social;
3- Assistência social;
 
4.2 - Saúde
 
}  A Constituição Federal de 1988 previu a criação de um Sistema Único de Saúde.
}  A saber: antes da Constituição Federal de 1988, quem cuidava do sistema de saúde do Brasil era o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), que era uma autarquia federal.
 
4.3 - Previdência Social – artigo 201 da Constituição Federal
 
}  A previdência social, no que se refere ao Regime Geral, pertinente à maioria dos trabalhadores é atualmente administrado pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
}  autarquia federal resultante da fusão dos antigos INPS (que cuidava da concessão e manutenção de benefícios) e IAPAS 
}  Incumbe ao Instituto Nacionalde Seguro Social: 
}  a arrecadação e a administração das contribuições previdenciárias;
}  a concessão e a manutenção das prestações previdenciárias.
 
4.4 - Assistência Social – artigo 203 da Constituição Federal
}  A assistência social é, em parte, realizada pela Comunidade Solidária, programa segundo o qual que os projetos surgem da própria comunidade e, posteriormente, são submetidos a uma comissão que avaliará a possibilidade de sua implementação.
}  Além da Comunidade Solidária, atuam na assistência social entidades particulares – Associações Beneficentes – que gozam de benefícios tributários (assim, há a colaboração indireta do Governo 
}  O Instituto Nacional de Seguro Social, extraordinariamente, também atua na área da assistência social. Isso ocorre no caso da garantia de um salário-mínimo de benefício mensal.
 
4.5 - Universalidade de cobertura
 
}  Na área da saúde: já foi atingida, pois todos os eventos têm cobertura pelo Estado.
}  Na área da previdência: ainda não foi atingida, pois não são todos os eventos que são atendidos, mas apenas os previstos em lei.
}  Na área de assistência social: ainda não foi atingida. O governo apenas dá uma cobertura esporádica a determinados eventos.
 
4.6 – PREVIDÊNCIA
 
}  Três são os regimes previdenciários previstos na Constituição Federal: o regime estatutário, o regime geral e o regime complementar facultativo.
 
4.6.1 - Regime Estatutário
 
}  Esse é o regime obrigatório dos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, previsto no artigo 40 da Constituição Federal.
}  Esse regime garante aos servidores públicos regras de aposentadoria e pensão diferentes daquelas impostas aos trabalhadores comuns, principalmente no que diz respeito ao valor dos benefícios.
 
4.6.2 - Regime Geral
 
}  É o regime obrigatório aplicado a todos os que não pertencem ao regime estatutário.
}  Como regra, pertencem a esse regime as pessoas que atuam na iniciativa privada. Entretanto, pertencem ainda a tal regime os funcionários públicos não abrangidos por regime próprio.
}  O artigo 201 da Constituição Federal descreve o rol de eventos que devem ser cobertos pela previdência social. Para cada um desses eventos a legislação prevê a cobertura por uma prestação previdenciária:
 
Doença: corresponde à incapacidade temporária. O benefício é o auxílio-doença
 
Invalidez: é uma incapacidade definitiva. O benefício é a aposentadoria por invalidez
 
Morte: os benefícios previdenciários são personalíssimos; sendo assim, com a morte do segurado, eles são extintos. É concedido, entretanto, aos dependentes do segurado o benefício denominado pensão por morte
 
Idade avançada (idade cronológica): o benefício é a aposentadoria por idade.
 
Para proteção à maternidade, especialmente à gestante, o benefício é o salário-maternidade;
 
Desemprego: que decorre da perda involuntária do trabalho, coberto pelo seguro-desemprego (o auxílio-desemprego, apesar de ser benefício previdenciário, não é pago pelo Instituto Nacional de Seguro Social.
}  Ele é concedido pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, que é administrado pela Caixa Econômica Federal);
 
Encargos familiares: é previsto o salário-família, pago ao trabalhador de baixa renda que tiver filho de até 14 anos ou inválido de qualquer idade.
 
Recolhimento à prisão: paga-se auxílio-reclusão aos dependentes do segurado de baixa renda que se encontre detido ou recluso em razão de condenação judicial.
 
4.6.3 - Regime Complementar (Facultativo)
 
}  Trata-se da previdência complementar, que pode ser pública ou privada, de acordo com o que dispõem os artigos 40, §§ 14 a 16, e 202 da Constituição Federal.
}  Possibilitando a criação de regimes de previdência complementar por União, Estados, Distrito Federal e Municípios para seus servidores.
}  Apesar de estar constitucionalmente prevista, ainda não está em vigor no Brasil. 
 
4.7 - Previdência Complementar Privada
 
}  Compreende planos de previdência complementar administrados por instituições de natureza privada. Podem ser contratados por qualquer pessoa e se classificam em:
}  Planos mantidos por entidades abertas
}  Planos mantidos por entidades fechadas:
}  ocorre quando uma empresa ou grupo de empresas cria um sistema de previdência complementar para seus funcionários. Exemplo: os funcionários aposentados pelo Banco do Brasil 
 
4.8 – Beneficiários da Previdência Social
}  A Lei n. 8.213/91 estabelece quem são as pessoas que têm direito aos benefícios previdenciários e quais os requisitos necessários para fazer jus aos benefícios.
}  Os vínculos que os segurados e os dependentes mantêm com a previdência social são diferentes. 
}  Não se confunde o dependente da previdência social com os dependentes dos demais ramos do Direito 
 
4.9 – Segurado
 
}  O segurado mantém um vínculo com a previdência social baseado em contribuição – ele contribui com a previdência.
}  O segurado mantém com a previdência uma relação que implica direitos e deveres para ambas as partes, 
}  sendo que a previdência tem o direito de receber contribuições e o dever de conceder as prestações, e o segurado tem o dever de contribuir e o direito de receber as prestações 
}  O segurado empregado começa a ser considerado filiado à previdência no momento em que é contratado como empregado.
}  O contribuinte individual só é considerado filiado à previdência após pagar a 1.ª contribuição.
}  O segurado empregado não precisa comprovar que contribui, basta ser empregado para ser considerado filiado.
}  Outra regra distinta é a de que o contribuinte empregado pode contribuir, desde o início da sua filiação, pelo valor máximo, ou seja, o teto da contribuição.
}  já o contribuinte individual passa por fases, escalas de salário-base
 
4.9.1 – Empregado
 
}  É o segurado que presta pessoalmente serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração.
}  Todos os funcionários públicos federais comissionados são segurados obrigatórios como empregados .
 
4.9.1.1 - Empregado doméstico
 
}  É aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial destas, em atividades sem fins lucrativos.
}  Caso haja alguma atividade comercial na residência, já não pode mais ser considerado empregado doméstico (ver Lei n. 8.213/91, artigo 11, inciso II
 
4.9.2 - Contribuinte individual
}  Considera-se contribuinte individual o antigo autônomo, o equiparado a autônomo e o empresário.
}  São ainda considerados contribuintes individuais equiparados a autônomo o padre, o pastor, o pai de santo, o bispo etc.
 
4.9.3 - Trabalhador avulso
 
}  É aquele que trabalha com a intermediação obrigatória do sindicato ou do órgão gestor de mão-de-obra. Exemplo: trabalhadores da área portuária.
 
4.9.4 - Segurado especial
 
}  É o pequeno produtor rural, o parceiro, o meeiro, o pescador artesanal, o garimpeiro e os que exerçam a sua atividade em regime de economia familiar.
}  O segurado especial não contribui mensalmente; sua contribuição é anual.
}  Estes segurados podem requerer vários benefícios, no valor de um salário mínimo, comprovando apenas o tempo de serviço, sem precisar comprovar a contribuição (artigo 39 da Lei 8213/91 
 
4.9.5 - Segurado Facultativo (artigo 13 da Lei n. 8213/91)
 
}  É toda pessoa que, sem exercer atividade que determine filiação obrigatória, contribui voluntariamente para a previdência social.
}  É todo aquele que não é considerado obrigatório. Exemplos:
}  dona de casa;
}  estudante, com mais de 16 anos;
}  síndico de edifício que não seja empregado
}  Lembrete: a idade mínima para ingressar no sistema previdenciário é 16 anos 
 
4.10 – Período de Graça (Artigo 15 da Lei n. 8.213/91)
 
}  Como regra, a pessoa mantém a sua condição de segurado enquanto contribui, ou seja, enquanto estiver filiado à previdência.
}  Entretanto, a legislação prevê que,em determinadas circunstâncias, mesmo havendo a interrupção das contribuições e não estando o trabalhador exercendo atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém o seu vínculo com a previdência social.
Exemplos:
1-      Quem está recebendo auxílio-doença não está contribuindo, mas este período, apesar de não haver contribuição, é contado como se tivesse ocorrido. 
2-      Quem trabalha, mas vai prestar o serviço militar. Durante três meses, após o término do serviço militar, o segurado encontra-se no Período de Graça
3-      O preso tem um Período de Graça de 12 meses após o livramento.
 
4.10.1 - Regra Geral do Período de Graça Aplicada aos Segurados
 
}  O segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social mantém sua condição de segurado até doze meses após a cessação das contribuições.
}  Esse prazo será prorrogado para até vinte e quatro meses se o segurado já houver pagado mais de vinte e quatro contribuições.
 
4.11 – Dependentes da Previdência Social.
 
}  Os dependentes são titulares de direitos próprios. Mantêm uma relação jurídica pessoal com a Previdência.
}  A Lei da Previdência diz quem são seus dependentes e os classifica em dependentes de 1.ª classe, 2.ª classe e 3.ª classe
 
4.11.1 - Dependentes de 1.ª Classe:
 
}  cônjuge (a);
}  companheiro (a);
}  filhos de qualquer condição: menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de qualquer idade.
}  Os dependentes de 1.ª classe gozam da presunção legal de dependência econômica
}  Os dependentes de 1.ª classe concorrem entre si. Havendo mais de um, deve-se dividir o valor da pensão em cotas-partes iguais 
}  Não basta existir dependentes de 1.ª classe, é necessário que haja a habilitação dos dependentes junto à previdência social.
}  Caso os dependentes de 1.ª classe não se habilitem, subsistirá o direito das classes inferiores
}  No momento que o dependente deixar de sê-lo, por completar 21 anos, por exemplo, a sua cota-parte passará aos outros dependentes da mesma classe. Caso seja o único dependente, cessará o benefício
}  Os dependentes da 1.ª classe podem se habilitar a qualquer tempo 
}  Caso o filho perca a condição de dependente por completar 21 anos e depois vier a se tornar inválido, não terá mais direito a ser dependente
4.11.1.1 - Cônjuge
}  Perdem a condição de dependentes caso se separem (separação de fato, separação judicial ou divórcio) e não fiquem com direito a pensão alimentícia.
}  Caso tenham direito a pensão alimentícia, subsiste o direito de ser dependente.
}  Ressalta-se, ainda, que é possível cumular aposentadoria com a pensão por morte do marido (ou da mulher). 
4.11.1.2 - Filhos
}  Ressalta-se que, ao completar 21 anos, perde a condição de dependente, mesmo que esteja fazendo faculdade. Caso seja inválido, a condição de dependente se perpetuará enquanto durar a invalidez.
}  Frisa-se também que, caso a pessoa se emancipe antes dos 21 anos, perderá a condição de dependente.
 
4.11.2 - Dependentes de 2.ª Classe
 
}  Pais (pai ou mãe): naturais ou adotivos
É necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial, com o segurado da previdência. Basta que comprovem que o filho ou filha contribuía para a manutenção da casa
 
4.11.3 - Dependente de 3.ª Classe
 
}  Irmãos: de qualquer natureza, menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de qualquer idade.
}  Também é necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial, com o segurado da previdência.
 
Observação: Havia uma 4.ª classe, composta por pessoas designadas pelo segurado.Hoje, essa 4.ª classe não existe mais
 
4.12 – Carência. Conceito 
 
}  Carência é o número mínimo de contribuições mensais necessário para que o beneficiário faça jus ao benefício.
}  As contribuições devem ser mensais. 
}  Exemplo: carência de 12 meses deve ser paga em 12 meses; não é permitido pagar contribuições atrasadas ou antecipar o recolhimento de contribuições futuras para suprir período de carência. 
}  Caso haja atraso no pagamento de uma prestação, esta não contará como carência
}  Cada benefício possui um tempo de carencia próprio 
}  Alguns benefícios, nao possuem carencia. 
 
 
5- Folha de Pagamento e Justiça do Trabalho
 
}  A empresa precisa preparar a folha de pagamento de seus empregados, pois é um documento obrigatório para efeito de fiscalização trabalhista e previdenciária.
}   Para elaborá-la, não existe modelo oficial, podem ser adotados critérios que melhor atendam às necessidades de cada empresa. No mínimo, a folha de pagamento deve apresentar os seguintes elementos:
 • Nome dos empregados (segurados), indicando cargo;
• Função ou serviço prestado;
• Valor bruto dos salários;
• Valor da contribuição de Previdência, descontado dos salários;
• Valor líquido que os empregados receberão. 
 
5.1 - Cálculo de folha de pagamento
 
1-      Valor bruto dos salários: 
 
}  É o valor considerado, para a empresa, como despesa total de salários. Além dos salários, é, também, despesa, para a empresa, a contribuição de Previdência parte empresa e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
 
2-Previdência Social – INSS
 
}  Essa contribuição é descontada dele em folha de pagamento, e varia de acordo com a faixa salarial de cada empregado, sendo calculada mediante aplicação de um percentual sobre o salário de contribuição 
}  Atualmente, o cálculo é feito com base na seguinte tabela:
Tabela de Contribuição da Previdência Social  
Salário de Contribuição R$       Alíquota para fins de
                                                       Recolhimento ao INSS (%)  
Até 840,55                                      7,65           
De 840,56 até 1.050,00                8,65         
De 1.050,01 até 1.400,91              9,00       
De 1.400,92 até 2.801,82              11,00     
 
}  O valor limite para contribuição é de R$ 308,20 (teto de contribuição)
}  A Contribuição de Previdência parte referente à empresa corresponde a 26,8% sobre o valor bruto da folha de pagamento (Esses percentuais podem ser alterados pela Previdência. Portanto, o contabilista deve ficar atento a possíveis alterações).
O valor de 26,8% tem o seguinte destino:
Previdência Social.....................................................20,0 %
Seguro Acidente do Trabalho.....................................1,0 a 3%
Terceiros.....................................................................5,8 % 
 
3- FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
 
}  Corresponde a 8% sobre o valor bruto da folha de pagamento, o qual será recolhido na Caixa Econômica Federal, em nome dos empregados, constituindo-se em despesa paga pela empresa aos empregados.
 
4 - IRF – (Imposto de Renda na Fonte)
 
}  É um imposto variável de acordo com o valor do salário. Sobre o valor bruto do salário, aplica-se a tabela progressiva
}  O valor retido do funcionário deverá ser repassado aos cofres públicos de acordo com os prazos estipulados pelo governo federal.
 
5-Salário-Família
 
}  É um auxílio da Previdência Social aos trabalhadores de baixa renda que possuem filhos menores de 14 anos de idade. 
}  A empresa paga esse valor para o empregado e é reembolsada pela Previdência Social quando efetua os recolhimentos correspondentes à folha de pagamento.
Salário  Valor unitário da quota (por filho)           
}  Até R$ 435,56                                 R$ 22,34 
}  De R$ 435,57 a R$ 654,67             R$ 15,74               
}  Acima de R$ 654,67                      Extinto   
 
6- JUSTIÇA DO TRABALHO
 
}  De acordo com o artigo 111 da Constituição da República, a Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição:
 
Primeira instância - Varas do Trabalho 
 
}  (designação dada pela Emenda Constitucional nº 24/99 às antigas Juntas de Conciliação e Julgamento)
}  Julgam apenas dissídios individuais.
}  A jurisdição da Vara é local, abrangendo geralmente um ou alguns municípios.
}  Sua competência é determinadapela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado em outro local ou no estrangeiro 
}  A Vara compõe-se de um juiz do trabalho titular e um juiz do trabalho substituto.
}  Em comarcas onde não exista Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a jurisdição trabalhista ao juiz de direito. 
 
Segunda instância - Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) :
 
}  Julgam recursos ordinários contra decisões de Varas do Trabalho, ações originárias  (dissídios coletivos de categorias de sua área de jurisdição:
}  Ações rescisórias de decisões suas ou das Varas e os mandados de segurança contra atos de seus juízes. 
}  A Justiça do Trabalho conta com 24 TRTs:
}   1ª Região (Rio de Janeiro) 
 2ª Região (São Paulo)  
 3ª Região (Minas Gerais) 
 4ª Região (Rio Grande do Sul) 
 5ª Região (Bahia)  
 6ª Região (Pernambuco) 
 7ª Região (Ceará) 
 8ª Região  (Pará) 
 9ª Região (Paraná) 
 10ª Região (Distrito Federal) 
  11ª Região (Amazonas)  
  12ª Região (Santa Catarina) 
 13ª Região (Paraíba) 
 14ª Região (Rondônia)  
 15ª Região (Campinas/SP),
16ª Região (Maranhão)  
17ª Região (Espírito Santo) 
 18ª Região (Goiás)  
 19ª Região (Alagoas) 
 20ª Região (Sergipe) 
 21ª Região (Rio Grande do Norte) 
 22ª Região (Piauí); 
 23ª Região (Mato Grosso); 
 24ª Região (Mato Grosso do Sul). 
 
Instância extraordinária - Tribunal Superior do Trabalho (TST)
}  O TST, com sede em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, tem por principal função uniformizar a jurisprudência trabalhista
}  De acordo com o artigo 111-A, "O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. 
 
6.1 – Competência da Justiça do Trabalho
 
}  A  Emenda Constitucional 45/2004 que ampliou a competência da Justiça do Trabalho. 
}  A jurisdição é o poder-dever do Estado de dizer o direito, aplicando a norma jurídica ao caso concreto
}  A competência se divide em função da matéria (ratione materiae), das pessoas (ratione personae), da função (ou hierarquia) e do território (ratione loci).
6.1.1 – Competência em Razão da Matéria
 
}  A competência ratione materiae é estabelecida de acordo com a natureza do litígio descrito na petição inicial, ou seja, a competência material varia de acordo com o pedido feito pelo autor.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
 
I – as ações oriundas (origem direta) da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II – as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatoos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
Etc… 
}  A EC 45/2004 trouxe alterações essenciais. Entre elas, considerada pela doutrina a mais importante, destaca-se a ampliação da competência da Justiça Laboral para processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho, e não mais apenas das relações de emprego.
}  Relação de trabalho corresponde a qualquer vinculo jurídico através do qual uma pessoa física executa serviços ou obras para outro, existindo como contraprestação um pagamento. A relação de trabalho, portanto, é gênero da qual a relação de emprego é espécie
}  Seria a Justiça do Trabalho competente para processar e julgar ações originárias das relações de trabalho firmadas em relação contratual de consumo, reguladas pelo CDC?
}  2ª – Se o litígio entre o fornecedor e o consumidor abranger a relação de trabalho existente entre ambos, a Justiça Laboral será competente para processar e julgar a questão.
}  Obs.: As ações previdenciárias decorrentes de acidente de trabalho não se encontram sob a competência da Justiça Laboral, sendo competente para processar e julgar tal ação a Justiça Comum (Varas de Acidente de Trabalho), em face do INSS, conforme ilustra o art. 643, § 2º da CLT.
}  O art.144, CF, atribui competência à Justiça do Trabalho para processar e julgar ações que envolvam representação sindical, como ações entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores ou entre sindicatos e empregadores.
}  Por outro lado, a mudança trazida pela EC 45/2004 determinou que os litígios intersindicais, envolvendo disputa de base territorial são julgados pela Justiça do Trabalho, e não mais pela Justiça Estadual
}  O inciso II do art. 114 estabeleceu como competência da Justiça do Trabalho processar e julgar ações que envolvam o exercício do direito de greve, podendo ser ações individuais ou coletivas.
}  A EC 45/2004 também estabeleceu como competência da Justiça do Trabalho a apreciação das ações ligadas às sanções administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho
}  A jurisprudência não era pacífica (embora o STF já adotasse expressamente essa teoria) quanto à competência da Justiça do Trabalho para julgar ações de indenização relativas a danos morais e materiais, decorrentes da relação de trabalho.
}  A Súmula 392 pacificou o assunto e preceituou que a Justiça do Trabalho é competente para dissolver controvérsias relativas à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho.
}  Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação de servidor público relativamente a vantagens trabalhistas anteriores à instituição do regime jurídico único .
 
6.1.2          – Competência em razão da Pessoa
 
}  A competência em razão da pessoa é estabelecida através da hierarquia, ou melhor, a fixação da competência de um órgão é estabelecida através da ação realizada por órgão inferior.
}  A competência para conhecer mandado de segurança, por exemplo, ocorre através da determinação da autoridade coatora 
}  Se a autoridade coatora for um Ministro de Estado, será competente para conhecer o mandado de segurança o TST, sendo este, também, competente originariamente no caso de mandado de segurança contra ato de Ministro do TST ou do próprio TST.
}   Restou ressalvada a competência originária do STF para julgar o HC contra ato coator do TST.
}  Temos, por fim, que a competência em razão da pessoa e da matéria é absoluta, podendo, assim, ser alegada pelas partes ou declarada de ofício pelo juiz a qualquer tempo.
}  Os atos praticados por juiz incompetente são nulos, cabendo ação rescisória para desconstituir decisão nula pela incompetência.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes