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ADI 4815- BIOGRAFAIS NÃO AUTORIZADAS

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Faculdades de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul
FADERGS
Direito
BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS
ADI 4815
Joal Ferreira da Silva
Thiago Bica
Teoria da Constituição e Direitos Fundamentais
Turma: 43 AN
Porto Alegre
2013
INTRODUÇÃO
O presenta trabalho tem por escopo a busca de uma visão crítica, analítica e zetética sobre o assunto supracitado, fazendo com que o acadêmico reflita sobre a matéria apresentada, buscando um entendimento mais aprofundado em âmbito jurídico.
Biografias não autorizadas e a ADI 4815
A Ação foi movida, no ano de 2012, pela Associação Nacional dos Editores de Livros, contrária aos artigos 20 e 21 do Código Civil sobre o direito à inviolabilidade da vida privada e à honra, logo nos deparamos com um conflito de normas, ou seja, princípios e regras que colidem entre si. 
Entendemos com isso que a colisão de normas constitucionais pode ser um dos mais graves problemas da sociedade jurídico-contemporânea, uma vez que, normas constitucionais, especificamente as advindas do processo constituinte originário, não guardam hierarquia entre si (princípio da unidade da Constituição) e, portanto, não permitiriam, em caso de colisão, uma solução de precedência a priori ou absoluta em favor de uma ou de outra norma.
No caso  das colisões entre princípios, as mesmas devem ser solucionadas a partir de uma cessão de um princípio em relação a outro, em que o princípio cedente possui peso menor do que o princípio precedente. Por esse viés, não se analisa a dimensão de validade dos princípios. Esses são válidos, sendo afastados pelo sopesamento de interesses exigido no caso concreto. [3]
OS HARD CASES
Quando não há no caso concreto, regra que se aplica a tal no ordenamento jurídico, ou ainda quando há mais de uma regra solucionadora de tal caso, ou então, quando a solução do caso causa extrema estranheza aos costumes e a coletividade, o magistrado então irá se deparar com o um caso difícil (hard case), diferente dos casos fáceis (easy cases), onde simplesmente com a regra o magistrado soluciona a lide, em tese, pragmática e analiticamente.
A dificuldade em encontrar uma solução para os casos difíceis é clara. Dois são os principais protagonistas que discorrem e muito divergem acerca da solução de tais casos, Herbert L. A. Hart [1] e Ronald Dworkin [2], sendo que, este propõe que existe sim uma solução correta – única - aos hard cases, enquanto àquele discorre sobre a impossibilidade de uma única solução correta destes casos no âmbito do direito.
Afirma Dworkin (2007, p. 43):
“Se duas regras entram em conflito, uma delas não pode ser válida e qual deve ser abandonada ou reformulada, deve ser tomada recorrendo a considerações que estão além da própria regra. Um sistema jurídico que regula estes conflitos através de outras regras, que dão precedência à regra promulgada pela autoridade de grau superior, à regra promulgada mais recentemente, à regra mais específica ou outra coisa desse gênero”.
Para exemplificar, Dworkin (2007, p.42), debate um trecho de decisão do caso Henningsen contra Bloonfield Motors, abaixo transcrito:
“A distinção lógica entre regras e princípios aparece mais claramente quando consideramos princípios que nem mesmo se assemelham a regras. Consideremos a proposição que aparece em “(d)” nos extratos da decisão Henningsen: “o fabricante tem uma obrigação especial no que diz respeito à fabricação, promoção e venda de carros”. Essa formulação não pretende definir os deveres específicos que essa obrigação específica acarreta, nem nos informa que direitos os compradores de automóveis adquirem em consequência dela. Simplesmente afirma – e este é um elo importante no caso Henningsen – que os fabricantes de carros devem observar padrões mais elevados do que os de outros fabricantes e estão menos autorizados a basear-se no princípio competitivo da liberdade de contrato. Isto não significa que nunca possam apoiar-se nesse princípio ou que os tribunais tenham o poder de reescrever à vontade os contratos de compra e venda de automóveis; significa apenas que, se uma cláusula específica parecer injusta ou onerosa, os tribunais têm menos razões para fazê-la cumprir do que se a cláusula disse respeito à compra de gravatas.”
A PONDERAÇÃO
A ponderação, enquanto efeito do terceiro princípio parcial do princípio da proporcionalidade, deve ser disposto enquanto fase de integração das possibilidades jurídicas aos fatos elencados e em dissonância com o respectivo ordenamento jurídico. 
Por esse juízo, observa-se que, o princípio da proporcionalidade, enquanto parâmetro existente no âmbito das novas tendências de interpretação jurídica, provoca uma certa limitação acerca dos entendimentos consubstanciados sobre determinados princípios jurídicos, que são valorados em extrema essência, a exemplo do próprio princípio da dignidade da pessoa humana.
Assim, trata-se de fenômeno perigoso, e, por que não, comprometedor da estabilidade de determinado ordenamento jurídico, é dizer, a determinação de uma certa supremacia a um determinado princípio, podendo gerar, por via inversa, a violação ou do mesmo princípio (em outro efeito), ou de outros princípios, além de direitos, verificando-se, pois, cada casuística.
Em síntese: diante da análise da teoria da colisão, perderia o pleno sentido a existência da técnica da ponderação, se existisse princípios absolutos, que diante de todos os casos, possuísse sempre o maior peso, sendo, portanto, previsível a sua aplicação.
A INCOSNTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL.
Vamos transcrever os dois artigos, muito citados e muito escamoteados na literalidade dos respectivos textos, fim de patentear os equívocos que têm sido cometidos em consequência da sua leitura desonesta ou simplesmente da falta de sua leitura – pois muita gente tem discutido este tema sem ler as normas legais que se lhe referem. Mesmo os textos da Constituição Federal:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a essa norma.
Que é, pois, que o Código Civil, nos Arts. 20 e 21 do CC proíbe?
O Art. 20 proíbe que se divulguem escritos ou transmita-se a palavra de alguém, ou publique-se, exponha-se ou se utilize a imagem de alguém, sob as condições de lesão da sua honra, da sua boa fama ou da sua respeitabilidade, ou de que tais atos persigam fins comerciais. 
O Art. 21 protege a inviolabilidade da vida privada da pessoa natural.
Não aparece, como se vê, nos textos dos Arts. 20 e 21, a palavra livro nem a sua espécie biografia.
C
onvém ler a Constituição Federal. Providência prudente e indispensável que, é fácil notar, a maioria das pessoas não tem feito antes de discutir este tema: Art. 5º. IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Direito fundamental. “Cláusula pétrea”. Insusceptível de transgressão, de modificação e de, muito menos, supressão. Expressão de um princípio fundamental declarado em diversos documentos de direitos internacionais – conquistas essenciais e irrenunciáveis da Humanidade. 
O inciso IX do Art. 5º se completa no inciso X, com grave e justa sanção: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. As duas normasse harmonizam entre si. Repare-se que no inciso X se contém a sanção à violação da norma que ele impõe.
INTERESSES VÃO ALÉM DO CAMPO JURÍDICO!!!
A discussão sobre a Lei das Biografias ultrapassa o campo jurídico e envolve também interesses econômicos. A porta-voz e presidente da diretoria do grupo Procure Saber, Paula Lavigne, afirmou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “Nosso grupo é contra a comercialização de uma biografia não autorizada. Não é justo que só os biógrafos e seus editores lucrem com isso e nunca o biografado ou seus herdeiros”.
O interesse no lucro muitas vezes se sobrepõe à preocupação com a honra do biografado ou com a veracidade dos fatos veiculados. Prova disso é que, conforme Luiz Schwarcz, da Editora Companhia das Letras, escreveu em sua coluna, a família de Garrincha permitiu que a obra de Ruy Castro sobre o jogador voltasse a circular após volumoso acordo, sem se preocupar com o conteúdo ou a capa da obra.
O professor de direito da UFPR Sérgio Staut chama atenção para o peso que o dinheiro tem nessa briga. “As duas partes estão travestindo o interesse econômico com direito”, avalia e acrescenta: “Não sei se uma grande editora está tão preocupada com a tutela da liberdade de expressão, como está em lucrar com a obra de um biografado importante. E não sei se os biografados estão tão interessados em proteger a sua imagem, sendo que, diariamente, expõem sua privacidade”.
RETIRADO DO SITE: http://www.gazetadopovo.com.br/m/conteudo.phtml?id=1417500&tit=O-limite-da-privacidade
CONCLUSÃO
Ao término deste trabalho nota-se de antemão que a proposta adotada pela (Anel) nada mais é que um “golpe econômico”, na busca sanar suas infrutíferas biografias não autorizadas, e não somente as de hoje, incluído nesta grande lista as de ontem também. Deste modo entende-se que de acordo com a evolução da sociedade, o direito possa evoluir de maneira benéfica a essas instituições que dizem prestar informações sobre a vida de seus biografados.
Ainda nem mencionei a falácia da PONDERAÇÃO, que visa à razoabilidade e proporcionalidade da sociedade, mas o que eu quero dizer com isso? Sim o fator continua econômico, uma vez que um dos princípios que rege a sociedade é o principio da economia, ou seja, nossa CONSTITUIÇÃO visa o lucro de modo descarado.
Veja o quadro abaixo:
MUDANÇA LEGISLATIVA
O Projeto de Lei 393/11 prevê alteração no Artigo 20 do Código Civil com o objetivo de garantir a divulgação de imagens e informações biográficas sobre pessoas de notoriedade pública.
Como é
• Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
• Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Como ficaria
• Art. 20 - o Caput permanece o mesmo.
• § 1º Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
• § 2° A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade.
VETADAS
Confira algumas das obras que contam histórias de famosos brasileiros proibidas de circular por decisão judicial:
• “Noel Rosa, uma Biografia” – João Máximo e Carlos Didier, Editora Companhia das Letras (1990)
• “Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha” – Ruy Castro, Editora Companhia das Letras (1995) [Prêmio Jabuti 1996 de Melhor Ensaio e Biografia]
• “Roberto Carlos em Detalhes” – Paulo César de Araújo, Editora Planeta (2006)
• “Sinfonia de Minas Gerais - A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa” – Alaor Barbosa, Editora Lge (2007)
• “Lampião – o Mata Sete” – Pedro de Morais (2011)
Referências bibliográficas:
HART, H. L. A. O conceito de direito. Lisboa: Fundação Caloute Gulbenkian, 1994.
MAXIMILIANO, C. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
 J.J CANOTILHO. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p. 1222/3.
BOBBIO, Norberto.  O Futuro da Democracia: Uma defesa das regras do jogo; tradução de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
Notas
[1] Herbert Lionel Adolphus Hart, referido como H. L. A. Hart (Harrowgate, 18 de julho de 1907 — Oxford, 19 de dezembro de 1994) foi um influente filósofo do direito inglês. Foi autor da obra The Concept of Law e professor na Universidade de Oxford, tendo desenvolvido uma sofisticada teoria sobre o positivismo jurídico nos marcos da filosofia analítica, além de publicar estudos sobre a responsabilidade jurídica (causalidade e imputação), o direito penal e a história do pensamento jurídico com ênfase na obra de Bentham.
[2] Ronald Dworkin (Worcester, Massachusetts, 11 de dezembro de 1931) é um filósofo do Direito norte-americano, conhecido por suas contribuições para a Filosofia do Direito e Filosofia Política. Sua teoria do direito com integridade, é uma das principais visões contemporâneas sobre a natureza do direito.
[3] ALEXY, Robert. Op. Cit., 2011, p.94.
You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=p8B_UBERIhQ

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