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• DAS PESSOAS • Dispõe o art. 1º do CC que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”, ou seja, a pessoa natural é o ser humano considerado sujeito de direitos e deveres, em outros termos: para ser pessoa basta nascer com vida e adquirir personalidade. • Quando começa a personalidade civil? • O art. 2º do CC responde o questionamento ao estabelecer que “a personalidade civil começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. • Nascituro: Conceito. • Teorias da personalidade: Qual vigora? • A) Teoria Natalista; • B) Teoria Concepcionista; • C) Teoria Condicional (desdobramento da Teoria Natalista) • Teoria condicional • O nascituro possui direitos sob uma condição suspensiva, ou seja, há uma proteção, pois há no nascituro uma personalidade condicional que surge com o nascimento com vida e é extinta caso o feto não viva. • Adeptos: Serpa Lopes • Teoria concepcionista, segundo a qual o nascituro adquire a personalidade jurídica desde a concepção, sendo, desta forma, considerado como pessoa. • Adeptos: Maria Helena Diniz e Flavio Tarturce, dentre outros. • O STJ tem acolhido a teoria concepcionista, reconhecendo ao nascituro o direito à reparação do dano moral. (REsp 399.039-SP) • OBS.: o nascituro tem a proteção legal de seus direitos desde o momento da concepção, são alguns desses direitos, os direitos da personalidade (dentre eles a vida, sendo tipificado o crime de aborto no Código Penal); pode receber doações, pode ser beneficiado por legado e herança; pode ser-lhe nomeado um curador para a defesa dos seus interesses. • Vários dispositivos do Código Civil protegem o Nascituro: artigos 542, 1.609, § único, 1.779, dentre outros. • DA CAPACIDADE • A capacidade é a medida da personalidade. A capacidade expressa no art. 1º é a capacidade de direito (de aquisição ou de gozo de direitos), aquela em que todas as pessoas a possuem. Entretanto, nem todos possuem capacidade de fato (de exercício de direito), também chamada de capacidade de ação, é aquela em que as pessoas podem exercer por si só os atos da vida civil. • Capacidade de direito – Basta nascer com vida. • Capacidade de fato ou de exercício- a pessoa deve ser maior de 18 anos. • Quem possui a capacidade de fato e a capacidade de direito, possui capacidade plena (Cd+ Cf = Cp). • Quem possui apenas a de direito possui capacidade limitada e necessita que outrem o substitua ou complete sua vontade, são os chamados incapazes. • Exemplo: Ação de alimentos • CAPACIDADE E LEGITIMIDADE • Qual a diferença entre os dois institutos. • Importante distinguir capacidade e legitimidade, nem toda pessoa capaz é legitimada para a prática de determinado ato. • Exemplos: um pai que tem capacidade plena, só estará legitimado a vender a um filho se a sua esposa e os demais filhos expressamente consentirem (art. 496 do CC). • O tutor, que embora seja capaz, não pode adquirir os bens do tutelado (art. 1749, I). • DA INCAPACIDADE • A incapacidade pode ser de fato ou de exercício. Se a capacidade plena é a aptidão para praticar todos os atos da vida civil, a incapacidade é da falta de aptidão para praticar tais atos. • Espécies: • A) Absoluta – expressa no art. 3º, CC. É a proibição TOTAL do exercício, por si só do direito. Os atos destes deverão ser praticados por um REPRESENTANTE legal, sob pena de nulidade. • B) Relativa – expressa no art. 4º, CC. Permite que o incapaz pratique os atos da vida civil, desde que ASSISTIDO, sob pena de anulabilidade. • Exemplos: Institutos da Representação e Assistência presentes nas ações de Alimentos, Revisional de Alimentos, Execução de Alimentos e Cumprimento de Sentença. • Da incapacidade absoluta – o rol dos absolutamente incapazes está no art. 3º, são considerados incapazes: • Os menores de dezesseis anos; • Os privados do necessário discernimento por enfermidade ou deficiência mental; • OBS.: a senilidade (velhice), por si só, não é motivo de incapacidade, a não ser que venha acompanhada de estado mental patológico. Na análise do caso concreto, deve ser avaliado se o agente, independente de sua idade, tinha capacidade de entender o ato ou negócio jurídico. • Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. • Da incapacidade relativa – o rol dos relativamente incapazes está no art. 4º, são relativamente incapazes: • Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; • Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os deficientes mentais de discernimento reduzido; • Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo (Exemplo: portadores da síndrome de Down); • Os pródigos (pródigo é aquele que desordenadamente gasta e destrói o seu próprio patrimônio) – artigo 1782 do CC; • Os índios (O Estatuto do Índio – Lei nº 6001/73, coloca os indígenas e suas comunidades, enquanto ainda não integradas à comunidade nacional, sob regime tutelar. A Lei nº 371/67 autoriza a FUNAI, a qual exerce os poderes de representação ou assistência jurídica tutelar ao índio, na forma estabelecida da legislação comum ou em legislação especial). CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE • Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram. Por exemplo, se for a menoridade, cessará pela maioridade ou pela emancipação. • A) Maioridade: Cessa a menoridade no primeiro dia que a pessoa perfaz os 18 anos, passando a responder civilmente pelos danos causados a terceiros. • Emancipação: Antes da idade legal o agente poderá adquirir capacidade plena através da EMANCIPAÇÃO, tal antecipação da capacidade plena encontra fundamento legal no parágrafo único do art. 5º, e poderá ser: voluntária, judicial ou legal. • Voluntária: decorre de ato unilateral dos pais, concedido por quem detém o poder familiar. Feito por ambos os pais ou por um na falta do outro. Exigido instrumento público. A emancipação é irrevogável. • Judicial: deferida por sentença, depois de ouvido o tutor, desde que o menor conte com dezesseis anos completos. • OBS: As emancipações voluntária e judicial passam pelo cartório de registro para produzirem efeitos. • Legal: nos casos de casamento, exercício de emprego público efetivo, colação de grau em curso de ensino superior, e o estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha autonomia própria. • Emancipação legal; • A) Pelo casamento – enquanto não atingirem a maioridade, os menores de dezoito anos, que desejam se casar, necessitam da autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais (art. 1.517 do CC). Uma vez alcançada pelo matrimônio, não haverá retorno ao estado anterior de incapacidade relativa, pela dissolução do vínculo conjugal, por morte de um dos cônjuges, ou pelo divórcio. • Pelo exercício de emprego público efetivo – apenas os efetivos. Não são atingidos pela norma os interinos, os contratados a título temporário, e o cargo de confiança no qual o ocupante pode ser exonerado ad nutum; • d) Pela colação de grau em curso superior; • e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria – importante destacar que a emancipação não se adquire com a pura celebração do contrato de trabalho, deve existir a economia própria, descartando dessa maneira, os contratos de aprendizagem e os de jornada de tempo parcial. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL • EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL – A extinção pode ocorrer nos seguintes casos: • Morte Real – possui previsão no art. 6º do CC. Ocorre quando há paralisação encefálica (art. 3º da Lei nº 9.434/97).É confirmada com o atestado de óbito ou pela justificação de óbito (em casos de pessoas desaparecidas em catástrofes, quando for provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o corpo do falecido, como prevê a LRP no art. 88). • OBS 1: Maria Helena Diniz observa que a noção comum de morte tem sido a ocorrência de parada cardíaca prolongada e a ausência de respiração, ou seja, a cessação total e permanente das funções vitais, mas, para efeito de transplante, tem a lei considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos estejam em pleno funcionamento, ainda que ativos por drogas. • OBS 2: Nos termos da LRP (lei 6015/73) artigos 77 e seguintes, a morte deve ser atestada por um médico ressalvada a hipótese de não haver profissional habilitado no local, neste caso será necessário duas testemunhas para atestarem. • CComoriência (Morte Simultânea) - art. 8º do CC – ocorre quando duas ou mais pessoas morrem na mesma situação sem poder determinar quem morreu primeiro. É questão pertinente e importante para o direito sucessório (A Jurisprudência tem entendido o seguinte: Não havendo prova da precedência das mortes, a presunção legal é a da comoriência, ou seja, da simultaneidade dos falecimentos, não havendo transmissão entre os comorientes). • Morte Civil – instituto comum do Direito Romano, e no Brasil há apenas resquícios (Ex: art. 1.816 do CC). Trata o herdeiro, afastado da herança por indignidade, como se ele “morto fosse antes da abertura da sucessão”. Tem efeitos apenas nesta questão patrimonial, a personalidade, para os demais efeitos é conservada. • Morte presumida – Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A declaração de ausência produz efeitos patrimoniais, permitindo a abertura da sucessão provisória e, depois, a definitiva. • O artigo 7º traz outras hipóteses de morte presumida que não se confundem com a ausência. • • Art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: • • I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; • • II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. • Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. • • Na hipótese do artigo 7º pretende-se que se declare a morte que se supõe ter ocorrido, sem decretação de ausência. A sentença declaratória de morte presumida será registrada em registro público (artigo 9º, IV do CC). ATOS DE REGISTRO CIVIL • Tem por finalidade determinar o registro dos fatos essenciais ligado ao estado das pessoas. • Lei 6.015/73: Art 1° e & 1°, a saber: • “I- o registro civil de pessoas naturais; • II- o registro civil das pessoas jurídicas; • III- o registro de títulos e documentos; • IV- o registro de imóveis”. • Art. 9º Serão registrados em registro público: • I - os nascimentos, casamentos e óbitos; • II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; • III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; • IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. • Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: • I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; • II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; • Averbação é qualquer anotação feita à margem do registro, para indicar as alterações ocorridas no estado jurídico do registrado. • São obrigados a fazer declaração de nascimento: • A) Os pais; • B) o parente mais próximo; • C) os administradores de hospitais ou os médicos e parteiras; • D) pessoa idônea da casa em que ocorrer o parto; e • E) as pessoas encarregadas da guarda do menor. • Responsáveis pelo registro em regra: Os oficiais de Registro Civil de pessoas naturais. • Exceção: comandantes de aeronaves e autoridades consulares. • Procedimento registral: Art. 29 a 113 da Lei de registros públicos. • Outras: Estatuto da Criança e do Adolescente: Art . 102, & 1° c/c Art . 62 da Lei; • Decreto Lei 7845/45; • Decreto lei 5860/43; • Lei 3764/60 e etc.. • Art. 5° , LXXVI: São gratuito para os reconhecidamente pobres na forma da Lei. • A) o registro civil de nascimento; • B) a certidão de óbito. • Art. 1.512: O casamento é civil e gratuita sua celebração. • Parágrafo único: “A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei”. DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL • O nome é uma forma de individualização do ser humano no seio da família e da sociedade, mesmo após sua morte. • Destacam-se um aspecto público e outro individual: • A) Público: O Estado tem interesse em que as pessoas sejam identificadas na sociedade. • Aspecto individual: consiste no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros. • Art. 17 CC: • Art 18 CC: • O pseudônimo ou codinome é o nome escolhido pela pessoa para o exercício de uma atividade específica, como é muito comum no meio artístico e literários. Observe-se que o pseudônimo possui a mesma proteção que o nome real da pessoa (art. 19, CC). Muitos artistas, por exemplo, utilizam-se deste “recurso”, é muito comum, principalmente no meio sertanejo. Luiz José e Emival Eterno, quem são? Leandro e Leonardo; Vinicius Felix de Miranda e José Roberto Ferreira? Bruno e Marrone, dentre outros. • Elementos do nome: • Art 16: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. • Nome completo: prenome (nome de batismo) + sobrenome ou apelido familiar (nome de família) • Apesar de não haver previsão no CC de 2002, é comum encontrarmos agnomes, estes são sinais que distinguem as pessoas de uma mesma família que têm o mesmo nome. • São agnomes: Neto, Filho, Júnior, Segundo, Sobrinho, etc. • Prenome: nome próprio de cada pessoa (simples ou composto). • O apelido, também denominado cognome ou alcunha, é a designação atribuída a alguém, em virtude de uma particularidade. Há apelidos que se agregam à personalidade da pessoa, que podem ser acrescentados, sob algumas condições, ao nome, é exemplo disto o ex- presidente Lula : Luís Inácio LULA da Silva (outros exemplos: Xuxa, Didi Mocó, Pelé etc.). • Sobrenome: identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe. Também conhecido por patronímico ou apelido familiar. Imutabilidade do nome: retificação de prenome, adições intermediárias, mudanças no sobrenome e outras hipóteses • O prenome deve ser imutável, permitida a retificação no caso de erro gráfico, bem como exposição ao ridículo. Retificação de prenome • A) Em caso de erro gráfico: realizada no cartório, com manifestação conclusiva do MP e correção “ de ofício pelo oficial de registro no próprio cartório onde se encontrar o assentamento ; • B) Expor ao ridículo o seu portador: Art 109 da lei de Registros Públicos( lei 6015/73). • Exemplos: nomes masculinos em mulheres. • Os apelidos públicos notórios somente são acrescentados entre o prenome e o nome. • Exemplo: Maria da Graça “Xuxa” Menghel. • Adições intermediárias: • Costuma-se acrescentar mais um prenome ou nomes intermediários, como o sobrenome materno, o do avós, bem como apelidos populares pelos quais a pessoa é conhecida. • Em vez de substituir o prenome, podendo o interessadorequerer a adição do apelido, como por exemplo: Luiz Inácio “Lula” da Silva. • Mudança de nome. • O sobrenome ou patromínico só deve ser alterado em casos excepcionais. • STJ: “ o nome pode ser modificado desde que motivadamente justificado” • Outras hipóteses: O nome completo pode sofrer alterações no casamento, no divórcio, na adoção, no reconhecimento de filho, na união estável e no caso de transexualismo. • Artigo 1565 & 1° CC: “ qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro”. • Artigo 1571: “ dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; SALVO, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial” • OBS: O cônjuge perde o direito de conservar o sobrenome do outro se o casamento for declarado nulo ou putativo. Os efeitos do casamento cessam para o futuro, sendo considerados produzidos todos os que tenham se verificado até a data da sentença que lhe ponha fim. • Conclusão: A alteração pode ocorrer nos seguintes casos: • Quando houver erro gráfico (art. 110 e ss. da LRP – ação de procedimento sumário, no próprio cartório, com manifestação do MP e sentença do juiz) e mudança de sexo; • Quando expuser seu portador ao ridículo; • Quando houver apelido público notório - com previsão no art. 58 da LRP (Lei de Registros Públicos – Lei 6.015/73), podem substituir o prenome. • • Quando houver necessidade de proteger testemunhas de crimes; • Homonímia – nomes iguais; • Quando houver prenome de uso; • Tradução de nomes estrangeiros; • Adoção; • Reconhecimento de filho; • Casamento; • Dissolução da sociedade conjugal (divórcio). DO ESTADO • Para Pablo: O Estado da pessoa é o conjunto de atributos que ela detém e desempenha dentro da sociedade. • Apresenta três aspectos: individual, familiar e o político. • Tais atributos são irrenunciáveis, inalienáveis e imprescritíveis (Segundo Pablo Stolze). • Indivisível= O estado é uno e não comporta uma duplicidade de condição, ou se é solteiro, ou se é casado; • Imprescritível= Não se desfaz com o passar do tempo. • Inalienável= Ninguém pode vender o seu estado de filho ou de brasileiro, por exemplo. • Para Gonçalves as principais características ou atributos do estado são: Indivisibilidade (o estado é uno e indivisível e regulamentado por normas de ordem pública), indisponibilidade (trata-se de bem fora do comércio, inalienável e irrenunciável) e imprescritibilidade (não se perde nem se adquire o estado pela prescrição). • Estado Individual – é modo de ser da pessoa quanto à idade, o sexo e a saúde. São aspectos ou particularidades da constituição orgânica. • Exemplo: homem, mulher, maioridade, menoridade. • Estado Familiar – é o que indica sua situação na família, em relação ao matrimônio e parentesco. A pessoa poderá ser casada, solteira, viúva, divorciada ou judicialmente separada, sob o prisma do direito matrimonial. Quanto ao parentesco, vinculam-se umas às outras, por consanguinidade ou afinidade, nas linhas reta ou colateral. Note-se que, a despeito de a união estável ser considerada entidade familiar, desconhece-se o estado civil “convivente”, razão pela qual não se deve inserir essa condição na presente categoria; • Note-se que, a despeito de a união estável ser considerada entidade familiar, desconhece-se o estado civil “convivente”, razão pela qual não se deve inserir essa condição na presente categoria; • Estado Político – categoria que interessa ao Direito constitucional, e que classifica as pessoas em nacionais e estrangeiros. Para tanto, leva-se em conta a posição do indivíduo em face do Estado; DO DOMÍCILIO • DOMICÍLIO – Arts. 70 a 78 do Código Civil: É o lugar onde a pessoa natural estabelece a sua residência, com ânimo definitivo, exerce sua profissão ou tem suas ocupações habituais. É o local onde responde por suas obrigações (arts. 327 e 1.785 do CC; art. 94 do CPC). • Para Bebiláqua: domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela, de modo definitivo, estabelece sua residência e o centro principal de sua atividade, ou seja é o local onde o indivíduo responde por suas obrigações, ou o local onde estabelece a sede principal de sua residência e seus negócios. • A diferença entre DOMICÍLIO / RESIDÊNCIA e HABITAÇÃO (ou MORADIA), é a seguinte: • A RESIDÊNCIA é o local onde o indivíduo se fixa. Tem apenas o elemento objetivo, que é o lugar. • HABITAÇÃO – no dizer de Maria Helena Diniz – que é aquele lugar onde eventualmente e acidentalmente a pessoa permanece, sem o ânimo de ficar – a exemplo de alguém que aluga uma casa na praia para passar o verão. • Já o DOMICÍLIO é o lugar em que ele se fixa com o animus (vontade) de ali permanecer em definitivo. • • Obs.2: O direito brasileiro admite a pluralidade de domicílios quando a pessoa natural vive alternadamente em mais de uma residência. É admitida também a ausência do domicílio no caso dos ciganos que trocam permanentemente de lugar, nestes casos, será considerado como seu domicílio o local onde a pessoa for encontrada. • Art. 71 do CC. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. • • Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. • Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. • Art. 73 do CC. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. • Espécies de Domicílio • O domicílio poderá ser: 1) voluntário; e 2) necessário (legal). • 1) O voluntário: é aquele que depende da vontade exclusiva do interessado. Qualquer pessoa, não sujeita a domicílio necessário, tem a liberdade de estabelecer o local em que pretende instalar a sua residência com ânimo definitivo. O domicílio voluntário pode ser geral (fixado livremente) ou especial (fixado com base no contrato, sendo denominado conforme o caso, foro contratual ou de eleição). • O geral ou comum, escolhido livremente, pode ser mudado, conforme prescreve o art. 74. • “Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar”. • “Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem”. • O domicílio especial (Súmula 335 do STF, art.78 do CC e art.111 do CPC) pode ser o do contrato, a que alude o artigo 78 do CC, e o de eleição, disciplinado no artigo 111 do CPC. O primeiro é a sede jurídica ou o local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes. O foro de eleição é o escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às referidas obrigações e direitos recíprocos. • “Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”. • Será necessário ou legal (art. 76, parágrafo único) quando estabelecido por lei. Possui esse tipo de domicílio o incapaz (domicílio do seu representante ou assistente), o servidor público (o domicílio é o local onde exerce permanentemente suas funções), o militar (se servir ao Exército o domicilio é o local onde exerce atividade, se servir à Aeronáutica ou a Marinha, o domicílio corresponderá a sede do comando), o marítimo e o preso (o do marítimo será o local onde o navio estiver matriculado, e o preso, onde cumpre a pena). • “Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz,o servidor público, o militar, o marítimo e o preso”. • “Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença”. DIREITOS DA PERSONALIDADE • Conceito: São direitos inalienáveis que se encontram fora do comércio e que merecem a proteção legal. Inerentes à pessoa humana e ligados a ela de maneira perpétua e permanente. • Exemplos: direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra. • Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: • X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; • Fundamentos dos direitos da personalidade. • Uma corrente minoritária defendida por Nicola Coviello, nega a existência dos direitos naturais alegando ser inconcebível alguém ter direitos sobre sua própria pessoa. • Doutrina majoritária reconhece tais direitos inalienáveis contra ameaça e transgressão da autoridade e particulares. • Dividem-se em duas categorias: os inatos e os adquiridos. • Inatos – são aqueles que são inerentes as pessoas humanas e que não necessitam estar positivadas para serem reconhecidos (p. ex, o direito a vida, à integridade física e moral); • Adquiridos – decorrem do status individual e existem na extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo. • Características: • Segundo o CC, art. 11, com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. • A) Intransmissibilidade e Irrenunciabilidade: os direitos de personalidade são indisponíveis, não podem transmitir a terceiros, pois nascem e extinguem com eles. • Exemplo: ninguém pode desfrutar em nome de outrem de bens como a vida, a honra e a liberdade.. • Exceção: direitos autorais e relativos à imagem, que podem ser explorados comercialmente, mediante retribuição pecuniária. • Assim, a indisponibilidade dos direitos da personalidade não é absoluta e sim relativa • STJ: “ O direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima. • B) Absolutismo: impõe a todos um dever de abstenção, de respeito. Te caráter geral, inerente a toda pessoa. • C) Não limitação: rol exemplificativo. • Exemplos: direito a alimentos, ao planejamento familiar, ao leite materno, ao meio ambiente ecológico, á velhice digna. • Imprescritibilidade: os direitos da personalidade não se extinguem pelo uso e pelo decurso do tempo. • Impenhorabilidade: não podem ser penhorados, porém não é absoluta, uma vez que seu uso pode ser cedido para fins comerciais. • Não sujeito à desapropriação: os direitos da personalidade inatos não são suscetíveis de dasapropriação, por se ligarem à pessoa humana. • Vitaliciedade: são adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até a morte. Mesmo após a morte, alguns direitos são resguardados. • Exemplo: respeito ao morto, à sua honra ou memória e aos eu direito moral de autor. • Atos de disposição do próprio corpo (arts. 13 e 14 do CC) • O artigo 199, § 4º da CF proíbe a comercialização de órgãos do corpo humano (“§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização”). • A lei 9.343/97 disciplina a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. • Direito a não submissão a tratamento médico de risco (art. 15 do CC). • A regra obriga aos médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem previa autorização do paciente, que tem prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento perigoso. • Direito ao nome (arts. 16 ao 19 do CC): • Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome (art. 16 do CC). • • O Prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo (Lei 6.015/73, art. 55, parágrafo único). • • Irmãos não podem ter o mesmo prenome, a não ser que seja duplo, estabelecendo a distinção (Lei 6.015/73, art. 63, parágrafo único). • O Sobrenome é imutável (art. 56 da lei 6.015/73). Adquiri-se com o nascimento (art. 55 da Lei 6.015/73). O sobrenome pode ser o do pai, o da mãe ou o de ambos. • Dispõe o artigo 19 que o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza de proteção que se dá ao nome. • Direito a proteção à palavra e à imagem – o art. 20, determina que poderão ser proibidas a transmissão da palavra e a divulgação de escritos, a requerimento do autor e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais, salvo se autorizadas, ou necessárias a administração da justiça ou à manutenção da ordem pública. • O parágrafo único do art. 20 ainda complementa que, em casos de mortos ou ausentes, as partes legitimas para requerer essa proteção são: o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. • A proteção à transmissão da palavra abrange a tutela da voz, que é a emanação natural do som da pessoa, também protegida como direito da personalidade, como dispõe o inciso XXVIII, a, do art. 5º da CF, vejamos: • XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: • a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; • • O mesmo tratamento é dado à exposição ou à utilização de imagem de uma pessoa, visto a proteção conferida pelo art. 5º, X, CF. • Direito de proteção à intimidade: art. 21, CC. • “Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma”. • A CF protege todos os aspectos da intimidade da pessoa, concedendo ao prejudicado a prerrogativa de pleitear que cesse o ato lesivo ou ilegal. • Caso o dano, material ou moral, já tenha ocorrido, o direito à indenização é assegurado expressamente pelo artigo 5º, X, da CF. • Pacto de São José da Costa Rica • Por fim, vale registrar que a Convenção Interamericana de Direito Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), inserida em nosso ordenamento jurídico pelo Decreto nº 678 de 06/11/192, determina, no plano internacional, que os Estados se comprometam a respeitar e garantir os direitos da personalidade. • DA AUSÊNCIA • O art.22 do CC explica que o ausente é a pessoa que desaparece do seu domicílio sem dar notícias do seu paradeiro, bem como, sem deixar um representante ou procurador para administrar seus bens. Neste caso, o juiz, mediante requerimento de qualquer interessado ou do MP, declarará a ausência e nomear-lhe-á curador. O juiz também nomeará curador quando for deixado mandatário e este não quer ou não pode continuar o mandato, ou seus poderes são insuficientes (art. 23, CC). Ao nomear o curador o juiz fixará os poderes e obrigações, observando sempre as circunstâncias do caso concreto. • O art.25, é muito claro ao estabelecer que o cônjuge é o curador legítimo do ausente, desde que, não esteja separado judicialmente ou separado de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência. Na sua falta, a curadoria cabe aos pais ou aos descendentes do ausente. Na falta do cônjuge, pais e descendentes, compete ao juiz nomear curador dativo. • A situação do ausente passa por três fases: • Curadoria dos bens do ausente (regulamentadas nos arts. 22 a 25, CC): Equipara-se à morte somente para o fim de permitir a abertura da sucessão. A esposa do ausente não é considerada viúva. Esse período tem duração de 01 ano. Cessa a curadoria: a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente; b) pela certeza de morte do ausente, c) com a sucessão provisória. • Sucessão provisória (arts. 26 a 36, CC): são legítimos para requerer a abertura da sucessão provisória: a) o cônjuge não separado judicialmente; b) os herdeiros (presumidos, legítimos ou testamentários); c) os que tiverem sobre os bens do ausente direitos; d) os credores de obrigações vencidas e não pagas (todos estão no art. 27, CC). • Os bens entregues aos herdeiros, em caráter provisório e condicional, ou seja, desde que apresentem garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos (art. 30, CC). Se não o fizerem, os respectivos quinhões ficam sob a administração do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz, desde que este preste a garantia. • Aos herdeiros cabem a si os frutos e os rendimentos provenientes dos bens que estão “sobre a sua responsabilidade”. Caso o ausente apareça, se provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e nos rendimentos. Caso contrário, recebe o que é seu de direito. • Cessa a sucessão provisória pelo comparecimento do desaparecido e converter-se- á em definitiva quando (arts. 37 e 38, CC): • Houver certeza de morte do ausente; • Passados 10 anos de julgado da sentença de abertura da sucessão provisória; • Quando o ausente contar com oitenta anos de idade e houverem decorrido cinco anos das últimas notícias suas. • Sucessão definitiva (arts. 37 a 39, CC): ao se passar 10 anos da abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. • O ausente terá sua morte presumida e encerram-se os direitos da personalidade. • Segundo o art. 39 do CC, os bens passam aos herdeiros em caráter definitivo, entretanto, caso o ausente retorne num período de 10 anos após a abertura desta sucessão, ele retoma seus bens no estado em que se encontrarem. Caso o ausente não regresse nesse lapso temporal, e nenhum dos interessados promova a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do município ou do DF, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. • Obs: A ausência (na fase da sucessão definitiva) constitui causa de dissolução da sociedade conjugal, nos termos do artigo 1.571, §1º do CC (“o casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”).
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