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Bases da cirurgia – 06/06 CHOQUE EM CIRURGIA . É uma alteração hemodinâmica e metabólica aguda, extremamente grave, que pode ocorrer devido patologias clínicas e cirúrgicas. A maioria necessita intervenção médica para reversão; Conceito: redução significativa da quantidade de O2 consumido pelos tecidos causada por queda de fluxos sanguíneo, bloqueios metabólicos intracelulares ou uma combinação; Diagnóstico: . A alteração básica do choque ocorre nos tecidos e na microcirculação; . Os capilares formam uma extensa rede e no repouso estão fechados, mas se abrem com estímulos teciduais, permitindo a perfusão do sangue; - Padrão desigual, mosaico da mão – resposta fisiológica do nosso organismo da perfusão capilar (alteração do pH); - Receptores Alfa ou Beta nas vênulas da rede capilar, ou receptores Alfa das arteríolas; Fisiopatologia . O fluxo de sangue através da microcirculação é regulado pelo estímulo dos receptores adrenérgicos que respondem às catecolaminas produzidas pelas supra-renais ou pelos gânglios do SNA. Exceção: circulação cerebral e coronariana; - Cérebro e coronária – instinto de sobrevivência: não pode faltar sangue ao coração e cérebro; . Receptores alfa: vasoconstritor e responde à noradrenalina; . Receptores beta: vasodilatador e responde à adrenalina; . Na liberação adrenérgica, o sangue desvia dos capilares e segue diretamente para as vênulas sem perfundir os tecidos; - Shunt periférico – durante o susto (fecha circulação periférica e abre a central); . Portanto, a opção biológica na emergência é de sacrificar a perfusão de todo o organismo para manter o coração e o cérebro; . A microcirculação está inserida na circulação pulmonar e sistêmica; . Os capilares pulmonares reagem com vasoconstrição à hipóxia, provocando aumento na resistência pulmonar, achado comum em pacientes graves; Fatores desencadeantes do choque Queda ou inadequação do volume circulante: perda real do volume ou aumento do continente (vasodilatação); Hemorragias, perda de água/eletrólitos (diarreia), vasodilatação primária (drogas, toxinas), aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de líquidos (choque séptico); Queda ou inadequação do débito cardíaco: DC insuficiente não mantém o fluxo sanguíneo necessário; IAM , arritmias graves, pericardite constrictiva. Nas infecções/inflamações, o DC está elevado, porém é insuficiente para atender as demandas dos tecidos periféricos; Bloqueio do metabolismo celular-aeróbico; Fluxo sg está preservado, porém as células não tem condições metabólicas adequadas; Toxinas, venenos, hipóxia, alterações da composição ácido-básica ou hidroeletrolítica; Ciclo vicioso Hipovolemia – queda de débito cardíaco – hipofluxo de microcirculação – desvio circulatório para shunts – dilatação de capilares por acidose local (ácido lático) – vasodilatação e estase periférica – hipovolemia; Padrões hemodinâmicos do choque . Padrão hipovolêmico: queda da PA e venosa, vasoconstrição com aumento da RPT (resistência periférica total) e queda do DC; - Tomou tiro na mesentérica inferior – hemorragia; . Padrão cardiogênico: queda primária do DC, lentidão de fluxo na periferia, elevação da PVC (pressão venosa central) e esmagamento da PA, com queda predominante da sistólica aproximando-se da diastólica; - Represa sangue do lado esquerdo; . Padrão hiperdinâmico: vasodilatação periférica e aumento do DC. Existe alargamento da PA com queda maior da sistólica; taquicárdico, pletórico – comum em infecções (choques sépticos); - Pletórico – quente, porque a rede capilar está totalmente aberta, acumulando-se na periferia (periferia aberta); . Padrão hipodinâmico; fases terminais de qualquer choque. Há queda do DC, vasoconstrição periférica com queda ou elevação da PV; . Choque compensado: alterações dinâmicas controladas, porém não se sustentam espontaneamente, sendo necessária a manutenção de DVA (drogas vasoativas); . Choque supercompensado: ocorrência de exagero na resposta adrenérgica provocando PA acima dos valores prévios devido à vasoconstrição (mediadores da suprarenal). Comum em adultos jovens; Quadro clínico . PA: queda súbita ou gradual; alargamento ou estreitamento; .Perfusão periférica: leito ungueal ou locais de circulação terminal; lentidão, aumento da velocidade, com aspecto pletórico ou vasodilatado; . PVC: útil para medidas terapêuticas iniciais; . Nível de consciência: geralmente não há alteração exceto em idosos; . Diurese: depende da perfusão renal, reduzida precocemente no choque – oligúria; Quadro laboratorial . O diagnóstico é essencialmente clínico; . Úteis para tratamento; Tratamento . Instabilidade hemodinâmica = choque; . 1 – tabela sequencial com: PA, P, FC, FR, T, PVC, perfusão periférica e diurese; . 2 – profissional exclusivo para reavaliações; - De 10 em 10 minutos, 15 em 15, dependendo da gravidade do paciente; . 3 – dosagens laboratoriais = gaso arterial e venosa, HMG, sódio, potássio, ureia, creatinina, glicemia, proteínas, coagulograma e culturas (sg, urina e secreções) – orientar tratamento e auxiliar diagnósticos; . 4 – administrar volume é a primeira medida mesmo sem perda visível, exceto se PVC > 10 cmH2O (choque cardiogênico, choque misto); . A quantidade é controlada através das medidas seriadas do QC, PA, P, PVC e diurese; . A velocidade é rápida no início (20 ml/min ou 500-600 ml/30min) seguido de reavaliação: se melhor, único tratamento necessário; . Administrar volume – se piorou: - Aumento da PVC sem aumento da PA: significa que função cardíaca está insuficiente para redistribuir o volume e houve queda do DC – associar drogas com efeito cardiotônico (choque cardiogênico); - Ascite, edema periférico ou pulmonar, PV baixa: alteração da permeabilidade capilar e o volume não se mantem em circulação (choque distributivo – hiperdinâmico); - Resposta inicial favorável, mas fugaz, necessitando de perfusões crescentes – causa provável é vasodilatação mantida e intensa (fase terminal do choque); . Uso de drogas efeito em microcirculação (DVA) ou sobre o coração (cardiotônico). Classificados de acordo com seu efeito: - Cardiotônico: digital, quando quer aumentar o DC; impregna no tecido e metabolização lenta; DVA com efeito beta estimulante das fibras cardíacas; - Vasodilatadores: DVA com efeito beta estimulante que promovem vasodilatação no nível dos shunts – aumenta o fluxo periférico, mas não melhora o consumo de O2. Tem efeito potente beta cardíaco e aumento do DC tem sido sua indicação. Ex: isoprotenerol. Coadjuvante no choque hipodinâmico com bradicardia; - Vasodilatadores: DVA com efeito alfa bloqueador – aumento o DC indiretamente por redução da RPT. Empregadas em síndromes de baixo débito (não estando em choque cardiogênico) ou em choques supercompensados. Ex: sedativos (levomepromazina) e o nitroprussiato de sódio cujo efeito único é de vasodilatação periférica (emergência hipertensiva); - Vasoconstritores: efeito periférico e beta cardíaco. Empregadas porque promovem elevação da PA garantindo o fluxo cerebral e coronário e agem diretamente sobre as fibras cardíacas aumentando do débito. Ex: adrenalina, noradrenalina, dopamina; - Adrenalina: estimulante alfa e beta periférico. Pouco potente para controlar a PA e produz muita taquicardia; empregada como coadjuvante no choque anafilático, acompanhado de broncoespasmo ou em choques com bradicardia para aumentar a FC; - Noradrenalina: estimulante alfa periférico e beta cardíaco. Bastante potente, pouco taquicardizante e não provoca arritmias; emprega para elevar a PA. Seu inconveniente é a possibilidade de vasoconstrição excessiva e oligúria; - Dopamina: ação alfa periférico e beta cardíaco menos potente que a nora, mas provoca muito mais taquicardia e arritmias; tem efeito exclusivo de estimular receptores dopaminérgicos renais podendo provocar a diurese. Pode ser empregada como diurético e no choque para manter a PA; - Dobutamina: ação beta cardíaco com aumento da contratilidade e do débito, sem produzir muita taquicardiaou arritmias; empregada em choque com componente cardiogênico (auxiliar do digital); - Associações de drogas; é frequente uma droga não controlar todas as alterações hemodinâmicas no choque ou EC indesejáveis; devem ser removidos. E possível associar drogas para controlar a associação; . Tratamento – princípios na utilização de DVA em choque: - Veia central exclusiva e bombas de infusão para que a dose se mantenha constante; - A dose da droga deve ser ajustada de acordo com as medias da PA ou de outros parâmetros que se queira corrigir; - Não obtendo a resposta esperada substituir ou associar; - O uso de DVA é transitório, destinado apenas à modificação do distúrbio hemodinâmico. Havendo estabilidade, retirar a droga progressivamente; havendo mais de uma, retirar uma por vez; CHOQUES COMPLEXOS . Não podem ser controlados apenas através da manipulação das alterações hemodinâmicas ou quando o paciente apresenta insuficiências orgânicas (renal/respiratório); . É necessário as medidas das pressões das artérias e do capilar pulmonar, do DC e o cálculo das resistências periférica e pulmonar; Remoção da causa do choque: . Junto com a correção do distúrbio hemodinâmico, deve-se identificar e corrigir o fator desencadeante do choque; . O ideal é estabilizar o paciente antes de se iniciar a cirurgia, mas o momento ideal não deve ser perdido; . Selecionar a melhor opção técnica: rapidez e segurança; . Preferir estomas ao invés de anastomoses; punções (melhor) > drenagens; Profilaxia do choque: . Verificar presença de patologias prévias, como HAS e cardiopatias; . Manter expansão de volume em ligeiro excesso; . Manter aporte tecidual de O2 (pO2: 80 mmHg e HB: 12 g%) ; . Cuidado com infecções e manipulação de focos; - Sempre deve ser feito cultura e realizar antibiograma – antibióticos (CCIH); Conclusões . Devemos saber qual o melhor procedimento cirúrgico e o melhor momento para se operar; . Multidisciplinaridade.
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