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Análise de Energia dos Sistemas Fechados II MEC-1507 Sistemas Térmicos I Luiz Guilherme Vieira Meira de Souza Calores Específicos Sabe-se que são necessárias diferentes quantidades de energia para elevar em um grau a temperatura de massas idênticas de substâncias diferentes. É necessário cerca de 4,5 kJ de energia para elevar a temperatura de 1 kg de ferro de 20°C para 30°C. Para o caso de 1 kg de água, essa quantidade de energia é de cerca de 41,8 kJ. 3 Calores Específicos É interessante obter uma propriedade que permita comparar as capacidades de armazenamento de energia de várias substâncias. Essa propriedade é o calor específico, que é definido como a energia necessária para elevar em um grau a temperatura de uma massa unitária de uma substância. 4 Calores Específicos 5 Calores Específicos 6 Calores Específicos Em estudos termodinâmicos, tem-se interesse em dois tipos de calor específico: cv - calor específico a volume constante; A quantidade de energia necessária para elevar em um grau a temperatura de uma massa unitária de uma substância enquanto o volume permanece constante. cp - calor específico a pressão constante. A quantidade de energia necessária para elevar em um grau a temperatura de uma massa unitária de uma substância enquanto a pressão permanece constante. 7 Calores Específicos cp é sempre maior que cv, pois à pressão constante o sistema pode expandir e a energia devida ao trabalho de expansão também deve ser fornecida ao sistema. 8 Calores Específicos 8 Considera-se uma massa fixa em um sistema estacionário fechado que passa por um processo a volume constante. Sem trabalho de compressão ou de expansão. O princípio de conservação de energia para esse processo pode ser expresso na forma diferencial por: 9 Calores Específicos O lado esquerdo da equação representa a quantidade líquida de energia transferida para o sistema. Pela definição de cv, essa energia deve ser igual a cvdT. Assim: 10 Calores Específicos De maneira similar, uma expressão para o calor específico a pressão constante pode ser obtida. Considera-se um processo de expansão ou compressão a pressão constante. 11 Calores Específicos 12 Calores Específicos Esses dois tipos de calores específicos dependem do estado que, em geral, é determinado por duas propriedades independentes e intensivas. Ou seja, a energia necessária para elevar em um grau a temperatura de uma substância é diferente sob temperaturas e pressões diferentes. 13 Calores Específicos Outra observação que pode ser feita é que cv está relacionado a variações da energia interna e cp a variações da entalpia. cv poderia ser definido como a variação da energia interna de uma substância por unidade de variação de temperatura a volume constante. cp poderia ser definido como a variação na entalpia de uma substância por unidade de variação de temperatura a pressão constante. 14 Calores Específicos Em outras palavras: cv é uma medida da variação da energia interna de uma substância com a temperatura. cp é uma medida da variação da entalpia de uma substância com a temperatura. 15 Calores Específicos A energia interna ou a entalpia de uma substância podem ser alteradas por quaisquer formas de transferência de energia. O calor é apenas uma delas. Portanto, o termo energia específica seria mais apropriado do que o termo calor específico. 16 Calores Específicos Uma unidade usual utilizada para os calores específicos é kJ/kg.°C ou kJ/kg.K. Essas duas unidades são idênticas, visto que ΔT(°C) = ΔT(K) e uma variação de temperatura de 1°C é equivalente a uma variação de 1 K. 17 Calores Específicos Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Foi demonstrado experimentalmente por Joule em 1843 que para um gás ideal a energia interna é função apenas da temperatura. 19 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Joule submergiu dois tanques conectados a um tubo e a uma válvula em um banho d’água. 20 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Inicialmente, um tanque continha ar a alta pressão e o outro, vácuo. Quando atingiu-se o equilíbrio térmico, a válvula foi aberta e as pressões se igualaram. Joule não observou nenhuma variação de temperatura do banho d’água, indicando que não houve transferência de calor entre o ar e a água. 21 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Como também não houve realização de trabalho, ele concluiu que a energia interna do ar não variou, mesmo havendo variação de pressão e volume. Dessa forma, ele postulou que a energia interna é função apenas da temperatura e não da pressão ou do volume específico. O mesmo não é válido para gases com comportamento muito afastado do ideal. 22 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Utilizando a definição de entalpia e a equação do estado de um gás ideal, tem-se: Como R é constante e u= u(T), tem-se que h=h(T). 23 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Como u e h dependem somente da temperatura, cv e cp também ficam sob a mesma condição. A uma dada temperatura, u, h, cv e cp de um gás ideal têm valores fixos. Assim: 24 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais A variação da energia interna ou da entalpia de um gás ideal durante o processo de um estado 1 para um estado 2 é determinada pela integração dessas equações: Para realizar essas integrações, é necessário ter relações de cv e cp como funções da temperatura. 25 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais A baixas pressões, todos os gases reais aproximam-se do comportamento do gás ideal e, portanto, seus calores específicos dependem somente da temperatura. Os calores específicos dos gases reais a baixas pressões são chamados de calores específicos de gases ideais ou calores específicos a pressão zero e, geralmente, são indicados como cp0 e cv0. 26 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais A figura abaixo mostra o comportamento de cp0 (T) para alguns gases comuns. 27 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais _ Expressões analíticas precisas para os calores específicos do gás ideal com base em medições diretas estão disponíveis e são fornecidas como polinômios de terceiro grau para vários gases. 28 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais As integrações para obtenção de Δu e de Δh não são complicadas, mas demandam tempo. Para evitar isso, os valores de u e h de vários gases são expressos em tabelas com pequenos intervalos de temperatura. Essas tabelas são obtidas a partir de um estado de referência arbitrário (0 K), considerado como estado 1 e realizando as integrações. 29 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Tanto a entalpia como a energia interna recebem valor zero no estado de referência. 30 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Os calores específicos de gases com moléculas complexas (moléculas com dois ou mais átomos) são maiores e aumentam com a temperatura. A variação dos calores específicos com a temperatura é suave e pode ser aproximada como linear em intervalos de temperatura pequenos. 31 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Portanto, as funções integrais dos calores específicos podem ser substituídas por valores constantes dos calores específicos médios e realizam-se as integrações: 32 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Os valores do calor específico de alguns gases comuns são listados em função da temperatura em tabelas. Esses calores específicos médios são avaliados à temperatura média (T1+T2)/2. 33 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Caso a temperatura final seja desconhecida, os calores específicos podem ser avaliados a T1 ou a uma temperatura média estimada. Depois calcula-se T2 e, em seguida, recalcula-se o valor do calor específico até haver uma convergência. Outra maneira é fazer uma média entre os calores específicos avaliados a T1 e a T2. Esses dois métodos produzem resultados razoavelmente bons. 34 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais 35 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Os calores específicos de gás ideal para gases monatômicos, como o argônio, o neônio e o hélio, permanecem constantes em todo o intervalo de temperatura. Assim, Δu e Δh dos gases monatômicos podem ser facilmente avaliados utilizando as expressões para calores específicos médios. 36 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais As relações para Δu e Δh apresentadas anteriormente são válidas para todos os processos. A presença do calor específico a volume constante cv em uma equação não indica que essa equação é válida somente para um processo a volume constante. Pelo contrário, a relação Δu=cv,medΔT é válida para qualquer gás ideal que passe por qualquer processo. O mesmo pode ser dito para cp e Δh. 37 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Uma relação especial entre os gases ideais é: Ela é deduzida a partir de: 38 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Essa é uma relação importante para os gases ideais, pois permite determinar um calor específico a partir do outro e da constante do gás. Quando os calores específicos forem dados em base molar (kJ/kmol.°C ou kJ/kmol.K), o R da equação deve ser substituído por Ru. 39 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Outra propriedade do gás ideal é chamada razão dos calores específicos (k), definida por: A razão dos calores específicos também varia com a temperatura, mas essa variação é bem suave. 40 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Para o caso de gases monoatômicos, seu valor é basicamente constante em 1,667. Muitos gases diatômicos, inclusive o ar, têm uma razão de calores específicos de cerca de 1,4 à temperatura ambiente. 41 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos dos Gases Ideais Exercícios Ar a 300 K e 200 kPa é aquecido a pressão constante até 600 K. Determine a variação da energia interna do ar por unidade de massa, usando: a) dados da tabela do ar; b) a forma funcional do calor específico; c) o valor médio do calor específico. 43 Exercício 1 Um arranjo pistão-cilindro contém 25 g de vapor de água saturado, mantido à pressão constante de 300 kPa. Um aquecedor a resistência dentro do cilindro é ligado e circula uma corrente de 0,2 A por cinco minutos a partir de uma fonte de 120 V. Ao mesmo tempo, ocorre uma perda de calor de 3,7 kJ. 44 Exercício 2 Determine a temperatura final do vapor. 45 Exercício 2 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Uma substância cujo volume específico (ou densidade) é constante é chamada de substância incompressível. Os volumes específicos de sólidos e líquidos permanecem essencialmente constantes durante um processo. Portanto, líquidos e sólidos podem ser aproximados como substâncias incompressíveis sem comprometer muito a precisão. 47 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Pode ser provado matematicamente que os calores específicos a volume constante e a pressão constante são idênticos para substâncias incompressíveis. 48 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Portanto, para sólidos e líquidos, os subíndices de cp e cv podem ser eliminados e os dois calores específicos podem ser representados por um único símbolo c. Os valores de calor específico para líquidos e sólidos são encontrados em tabelas. 49 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Assim como nos gases ideais, os calores específicos das substâncias incompressíveis dependem somente da temperatura. Desse modo: 50 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos A partir da definição de entalpia h=u+Pv e observando-se que v = constante, a forma diferencial da variação da entalpia é: 51 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Integrando-se a equação anterior, tem-se: Nos sólidos, o termo vΔP é insignificante. Assim: 52 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Para os líquidos, são encontrados dois casos especiais: Processos a pressão constante, como em aquecedores (ΔP = 0): Processos a temperatura constante, como em bombas (ΔT = 0): 53 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Para um processo entre dois estados (1 e 2) a última equação pode ser escrita como: Admitindo-se que o estado 2 seja líquido comprimido com temperatura e pressão conhecidas e que o estado 1 seja líquido saturado na mesma temperatura, a entalpia do líquido comprimido pode ser expressa por: 54 Energia Interna, Entalpia e Calores Específicos de Sólidos e Líquidos Exercícios Determine a entalpia da água líquida a 100 °C e 15 MPa usando: (a) usando as tabelas de líquido comprimido; (b) aproximando-a como um líquido saturado; (c) usando a correção. 56 Exercício 3 Um bloco de ferro de 50 kg a 80°C é mergulhado em um tanque termicamente isolado que contém 0,5 m³ de água líquida a 25°C. Determine a temperatura quando o equilíbrio térmico for atingido. 57 Exercício 4
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