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Soluc¸a˜o da Primeira prova de Microeconomia 1 Departamento de Economia, Universidade de Bras´ılia Bras´ılia, maio de 2009 Questa˜o 1 (20 pontos): Verdadeiro ou falso (justifique ambos os casos sucintamente): a) A hipo´tese de taxa marginal de substituic¸a˜o decrescente significa que o consumidor prefere diversificac¸a˜o a` especializac¸a˜o no consumo. R: Verdadeiro. Taxa marginal de substituic¸a˜o decrescente implica curvas de indiferenc¸a convexas com relac¸a˜o a` origem. Um mapa de indiferenc¸a com esse formato representa prefereˆncias bem comportadas, em particular, prefereˆncias convexas. A hiopo´tese de convexidade das prefereˆncias esta´ associada ao con- sumidor preferir diversificar o consumo. b) O n´ıvel de utilidade de um consumidor na˜o varia ao longo da curva de demanda Marshalliana desse consumidor. R: Falso. A utilidade do consumidor varia ao longo da curva de demanda. Em particular, quanto maior o prec¸o do bem, menor sera´ a utilidade associada ao ponto da curva de demanda. c) A func¸a˜o de demanda de um consumidor e´ decrescente, exceto se o efeito renda e o efeito substituic¸a˜o ocorrem em sentidos contra´rios. R: Falso. Pode ocorrer que o efeito renda e o efeito substituic¸a˜o tenham sentidos contra´rios, mas que o bem na˜o seja de Giffen (bem inferior que na˜o e´ bem de Giffen). d) E´ imposs´ıvel que para um mesmo consumidor as elasticidades prec¸o e renda de um determinado bem sejam ambas positivas. R: Verdadeiro. Se a elasticidade renda de um consumidor e´ positiva, enta˜o o bem e´ normal. Portanto, a equac¸a˜o de Slutsky mostra que esse bem na˜o pode ser de Giffen, ou seja, sua elasticidade prec¸o e´ necessariamente negativa. e) Se um aumento de sala´rio reduz o tempo dedicado ao lazer (ou seja, aumenta o tempo dedicado ao trabalho), enta˜o lazer e´ um bem inferior. R: Falso. A equac¸a˜o de Slutsky para o caso de lazer, onde o consumidor e´ ofertante de trabalho (ou seja, vendedor l´ıquido de lazer), mostra que lazer pode ser tanto um bem inferior como um bem normal nesse caso. Questa˜o 2 (20 pontos): Suponha que a utilidade de Rafael seja u(x1, x2) = x 0,2 1 x 0,8 2 , onde x1 e´ a quantidade de alimentos que Paulo consome e x2 e´ a quantidade de todos os outros bens que Paulo consome (um bem composto, portanto). Suponha que o prec¸o do bem 2 e´ p2 = 1. a) Se a renda de Rafael e´ R$1000 e o prec¸o de x1 e´ R$2, qual e´ o consumo de alimentos de Rafael? R: O problema do consumidor para essa func¸a˜o de utilidade e´: max x1,x2 x0,21 x 0,8 2 s.a.p1x1 + p2x2 = m O Langrageano do problema e´: L = x0,21 x0,82 + λ (m− p1x1 − p2x2) as CPOs sa˜o: 0, 2x−0,81 x 0,8 2 = λ ∗p1 0, 8x0,21 x −0,2 2 = λ ∗p2 p1x1 + p2x2 = m 1 Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos: x2 4x1 = p1 p2 ⇒ x2 = 4p1 p2 x1 Substituimos agora essa expressa˜o para x2 na reta orc¸amenta´ria (terceira CPO): m = p1x1 + p2 ( 4 p1 p2 x1 ) ⇒ x1 = 1 5 m p1 E portanto substituindo x1 de volta em x2, temos que as func¸o˜es de demanda sa˜o dadas por: Resolvendo o problema acima, encontramos: x1(p1, p2,m) = 1 5 ( m p1 ) e x2(p1, p2,m) = 4 5 ( m p2 ) Para os valores dados, temos que a demanda por alimentos de Rafael e´ x∗1 = 100 (e x ∗ 2 = 800). b) Se o prec¸o de x1 duplicar, qual sera´ o novo consumo de alimentos de Rafael? R: O novo consumo de x1 de Rafael sera´ 50 nesse caso. O consumo de x2 sera´ x2 = 800. c) Suponha agora que o governo resolve subsidiar alimentos, mantendo o prec¸o igual a R$2 - ou seja, concendendo um subs´ıdio de R$2 por unidade de consumida de x1. Se o governo financia esse subs´ıdio por meio da cobranc¸a de um imposto sobre a renda, qual e´ o novo n´ıvel de consumo de x1 de Rafael? R: Se a relac¸a˜o de prec¸os volta a ser a antiga, o equil´ıbrio do consumidor volta a satisfazer no o´timo a relac¸a˜o de taxa marginal de subsitutic¸a˜o entre os bens igual aos prec¸os relativos, ou seja, x∗2 4x∗1 = p1 p2 = 2 1 , ou seja, x∗2 = 8x ∗ 1. A nova restric¸a˜o orc¸amenta´ria e´: 2x1 + x2 = mˆ, onde mˆ = m− 2x1 = 1000− 2x1. Sabendo que x∗2 = 8x∗1 no o´timo, obtemos que o seguinte sistema: 10x1 = mˆ e mˆ = m− 2x1 ⇒ mˆ = 5 6 m = 5 6 1000 Enta˜o as novas demandas sa˜o: x∗∗1 = 500 6 e x∗∗2 = 2000 3 d) Construa um diagrama comparando as situac¸o˜es em b) e c) e mostre em qual situac¸a˜o o consumidor esta´ melhor. R: O diagrama esta´ representado na figura abaixo. O ponto E e´ o equil´ıbrio inicial. Quando o prec¸o do bem 1 aumenta, o equil´ıbrio se desloca para o ponto Eˆ. Quando o governo adota o subs´ıdio, a restric¸a˜o orc¸amenta´ria volta a ter a mesma inclinac¸a˜o de antes, pore´m ela se encontra a esquerda da restric¸a˜o orc¸amenta´ria original, ja´ que o governo taxa o indiv´ıduo para pagar o subs´ıdio (logo, o novo ponto de o´timo de consumo no caso em que o governo adota o subs´ıdio, E˜, se encontra na intersec¸a˜o das duas restric¸o˜es orc¸amenta´rias). Calculando a utilidade nos dois casos, temos que: sem subs´ıdio : u(x∗1, x ∗ 2) = 50 0,28000,8 = 459, 48 com subs´ıdio : u(x∗∗1 , x ∗∗ 2 ) = ( 500 6 )0,2( 2000 3 )0,8 = 439, 84 Logo, o consumidor esta´ melhor na situac¸a˜o sem o subs´ıdio. Portanto, Rafael estaria melhor se o governo na˜o interferisse no aumento de prec¸o do bem 1. 2 6 - x2 x1 m p2 m p1 Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ sE e e e e e e e e e e e e e e e e e ee m pˆ1 ff sEˆQQQ Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q QQ s E˜ Questa˜o 3 (20 pontos): Considere a func¸a˜o de utilidade dada por u(x1, x2) = x 2 1x2, onde x1 e x2 sa˜o as quantidades consumidas dos bens 1 e 2, respectivamente. a) Calcule as func¸o˜es de demandas Marshallianas e a func¸a˜o de utilidade indireta. R: O problema do consumidor para essa func¸a˜o de utilidade e´: max x1,x2 x21x2 s.a.p1x1 + p2x2 = m O Langrageano do problema e´: L = xα1x1−α2 + λ (m− p1x1 − p2x2) As condic¸o˜es de primeira ordem (CPOs) desse problema sa˜o: λ∗p1 = 2x1x2 λ∗p2 = x21 m = p1x1 + p2x2 Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos: x2 x1 = p1 2p2 ⇒ x2 = p1 2p2 x1 Substituimos agora essa expressa˜o para x2 na reta orc¸amenta´ria (terceira CPO): m = p1x1 + p2 ( p1 2p2 x1 ) ⇒ x1 = 2 3 m p1 E portanto substituindo x1 de volta em x2, temos que as func¸o˜es de demanda sa˜o dadas por: x1(p1, p2,m) = 2 3 m p1 e x2(p1, p2,m) = 1 3 m p2 A func¸a˜o de utilidade indireta e´: v(p1, p2,m) = 4 27 ( m3 p21p2 ) 3 b) Suponha que os prec¸os dos bens 1 e 2 sa˜o p1 = R$4 e p2 = R$2, respectivamente, e que a renda do consumidor e´ R$90. Calcule a quantidade consumida de cada bem. R: Usando as demandas derivadas no item acima, obtemos: x∗1 = 2 3 90 4 = 15 e x∗2 = 1 3 90 2 = 15 c) Calcule as elasticidades prec¸o e renda do bem 1. Se a renda aumentar em 10%, voceˆ pode dizer o que ocorre com o consumo do bem, sem ter conhecimento do valor original da renda? R: As elasticidades do bem 1 sa˜o: �11 = p1 x1 ∂x1 ∂p1 = − p12 3 m p1 2 3 m p21 = −1 η1 = m x1 ∂x1 ∂m = m 2 3 m p1 2 3 1 p1 = 1 Se a renda aumentar em 10%, enta˜o o consumo do bem 1 aumentara´ em 10%. d) Suponha que os prec¸os dos bens e a renda sa˜o como dados no item b). Calcule a variac¸a˜o no excedente do consumidor no caso em que o prec¸o do bem 2 aumenta para R$4. R: A variac¸a˜o no EC e´: ∆EC = ∫ 2 4 x2(p1, p2,m)dp2 = − ∫ 4 2 1 3 90 p2 dp2 = −30[ln(4)− ln(2)] = −20, 79. Questa˜o 4 (20 pontos): Suponha que a func¸a˜o utilidade indireta de um consumidor e´ dada por: v(p1, p2,m) = 50 [ 1 p 1/2 1p2 ]2/3 m. a) Encontre as func¸o˜es de demanda Marshallianas dos dois bens e as frac¸o˜es da renda gastas com cada bem. R: Pela identidade de Roy, temos que: xM1 (p1, p2,m) = − ∂v(p1,p2,m) ∂p1 ∂v(p1,p2,m) ∂m = −50(−2/3)(p 1/2 1 p2) −2/3−1m(1/2)p−1/21 p2 50(p 1/2 1 p2) −2/3 = m 3p1 , xM2 (p1, p2,m) = − ∂v(p1,p2,m) ∂p2 ∂v(p1,p2,m) ∂m = −50(−2/3)(p 1/2 1 p2) −2/3−1mp1/21 50(p 1/2 1 p2) −2/3 = 2m 3p2 . As frac¸o˜es da renda gastas com cada bem sa˜o: s1 = p1x M 1 (p1, p2,m) m = 1 3 e s2 = p2x M 2 (p1, p2,m) m = 2 3 . b) Encontre a func¸a˜o dispeˆndio desse consumidor. Use o lema de Shephard para encontrar as demandas Hicksianas dos dois bens. R: Usando a relac¸a˜o de dualidade v(p1, p2, e(p1, p2, u)) = u obtemos: v(p1, p2, e(p1, p2, u)) = 50 [ 1 p 1/2 1 p2 ]2/3 e(p1, p2, u) = u ⇒ e(p1, p2, u) = 1 50 p 1/3 1 p 2/3 2 u. 4 Usando o Lema de Shephard, encontramos as demandas Hicksianas: xh1(p1, p2, u) = ∂e(p1, p2, u) ∂p1 = 1 150 p −2/3 1 p 2/3 2 u xh2(p1, p2, u) = ∂e(p1, p2, u) ∂p2 = 1 75 p 1/3 1 p −1/3 2 u c) Usando os resultados de a) e b), verifique a equac¸a˜o de Slutsky para o bem x1. R: Derivando a demanda Marshallina e a demanda Hicksiana para o bem 1, em relac¸a˜o ao seu prec¸o, e derivando a demanda Marshalliana desse bem em relac¸a˜o a renda, obtemos: ∂xM1 (p1, p2,m) ∂p1 = − m 3p21 ∂xh1(p1, p2, u) ∂p1 = − 1 225 p −5/3 1 p 2/3 2 u ∂xM1 (p1, p2,m) ∂m = 1 3p1 Enta˜o: ∂xh1(p1, p2, v(p1, p2,m)) ∂p1 − xM1 (p1, p2,m) ∂xM1 (p1, p2,m) ∂m = − 1 225 p −5/3 1 p 2/3 2 50 [ 1 p 1/2 1 p2 ]2/3 m− m 3p1 ( 1 3p1 ) = −2m 9p21 − m 9p21 = − m 3p21 = ∂xM1 (p1, p2,m) ∂p1 . Questa˜o 5 (20 pontos): Suponha que existam apenas 3 bens e que um certo indiv´ıduo escolhe as cestas xi = (xi1, x i 2, x i 3) aos prec¸os p i = (pi1, p i 2, p i 3), i = 0, 1, 2 (logo, existem treˆs observac¸o˜es de consumo desse indiv´ıduo), onde p0 = 11 2 x0 = 519 9 p1 = 11 1 x1 = 1212 12 p2 = 12 1 x2 = 2711 1 . (a) Mostre que essas observac¸o˜es satisfazem o Axioma Fraco da prefereˆncia revelada. (b) Mostre que essas observac¸o˜es na˜o satisfazem o Axioma Forte da prefereˆncia revelada. R: A tabela abaixo, com os custos de cada cesta para cada situac¸a˜o de prec¸o, mostra que a cesta 0 foi revelada preferida a` cesta 2 (x0Rpx2), a cesta 1 foi revelada preferida a` cesta 0 (x1Rpx0), e que a cesta 2 foi revelada preferida a` cesta 1 (x2Rpx1). Portanto na˜o ocorre violac¸a˜o do AFrPR, mas ocorre violac¸a˜o do AFoPR, pois a prefereˆncia revelada e´ intransitiva (x1Rpx0, x0Rpx2, mas na˜o ocorre (x1Rpx2). Cesta Obs 0 Cesta Obs 1 Cesta Obs 2 Prec¸os Obs 0 42 48 40(*) Prec¸os Obs 1 33(*) 36 39 Prec¸os Obs 2 52 48(*) 50 5
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