Buscar

1 - Transiç_o para o Capitalismo Mercantilismo e fisiocracia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Definição de capitalismo
O capitalismo é um sistema econômico que funciona de modo bem diverso de seus anteriores e dos sistemas não capitalistas contemporâneos.
A abordagem que Hunt dá ao sistema Capitalismo é baseada em seu modo de produção, que por sua vez é definido pelas forças produtivas e pelas relações sociais de produção.
Forças produtivas são a tecnologia de uma sociedade, que consiste no estado atual do conhecimento técnico ou produtivo, nas especializações, técnicas organizacionais, etc, bem como das ferramentas, implementos, máquinas e prédios usados na produção. Outros recursos como matérias-primas, devem ser continuamente extraídos da natureza. Maquinaria, ferramentas e outros implementos de produção desgastam-se com o uso e devem ser substituídos. Mais importante ainda são os seres humanos, que fazem o esforço necessário para assegurar a disponibilidade das matérias-primas e para transformá-las em produtos acabados, devem ter uma quantidade mínima de roupas, alimentos, moradia e outros bens necessários à vida em sociedade.
Os modos de produção historicamente que não atenderam a essas necessidades mínimas de produção contínua desapareceram. A maioria dos modos de produção que continuaram a existir por muito tempo, produziu não apenas o suficiente para as necessidades mínimas, mas também um excedente social. Excedente social é aquela arte da produção material da sociedade que sobra, após serem deduzidos os custos materiais necessários para serem produzidos.
O desenvolvimento histórico das forças produtivas tem resultado em aumento nos excedentes sociais e como resultado dessa interação econômica, há o desenvolvimento de relações sociais de produção. Cada sociedade tem se dividido em 2 grupos separados: a maioria das pessoas que trabalham para gerar os excedentes sociais e uma minoria que se apropria desse excedente e o controla.
O Capitalismo é caracterizado é caracterizado por 4 conjuntos de arranjos institucionais e comportamentais: produção de mercadorias, orientada para o mercado; propriedade privada dos meios de produção; grande segmento da população que não pode existir, a não ser que venda sua força de trabalho no mercado; e comportamento individualista, aquisitivo, maximizador , da maioria dos indivíduos dentro do sistema econômico.
Quando uma mercadoria é avaliada por seu uso na satisfação das necessidades, diz-se que ela tem valor de uso. Porém, no capitalismo os produtos podem ser vendidos no mercado, em troca de dinheiro. Esse dinheiro é desejado para trocar por outros produtos que atendam outras necessidades. O valor que lhes é atribuído quando em uma relação de troca por moeda, e não pelo seu uso, é chamado de valor de troca. Os produtos só possuem valor de troca quando em um modo de produção caracterizado pela produção de mercadorias. Essa produção de mercadorias existe quando não há qualquer interesse pessoal imediato dos produtores com a utilização dessas mercadorias, mas sim pelo valor que ele pode adquirir no mercado com a troca desta por moeda. Deste modo os produtos do trabalho humano são apenas mercadorias e a sociedade é caracterizado como voltada para a produção de mercadorias.
A atividade produtiva de uma pessoa, no modelo capitalista, não tem qualquer ligação direta com seu consumo, e ambos devem ser mediados pelo mercado. A atividade produtiva de uma pessoa deve ser altamente especializada, para que ela assim dependa de outras pessoas, também especializadas, que produzam produtos que atendam outras necessidades e sejam vendidos no mercado, tendo assim valor de troca. Essas dependências econômicas são extremamente complexas e não envolvem interação e associação pessoal direta. O indivíduo interage somente com a instituição social impessoal do mercado, no qual ele troca mercadorias por moeda e moeda por mercadorias.
A segunda característica é a propriedade privada dos meios de produção. Que nada mais é do que a sociedade dar a certas pessoas o direito de determinar como matérias-primas, ferramentas, maquinaria e prédios destinados á produção, serão utilizados.
A terceira característica é a que grande segmento da população que não pode existir, a não ser que venda sua força de trabalho no mercado. A concentração de poder, portanto, é essencial para que os capitalistas apropriem-se do excedente social e que a classe trabalhadora não tenha qualquer controle sobre os meios necessários para a execução de suas atividades produtivas. Esta classe mais baixa então só deve possuir e controlar uma coisa: sua força de trabalho, fazendo com que o trabalhador só tenha essa força de trabalho como produto para se trocar por moeda (ou salário) e obter os produtos que atendam suas necessidades. O capitalismo faz, portanto, com que o trabalho humano seja uma mercadoria em si mesma.
A quarta e última característica é o comportamento individualista, aquisitivo, maximizador. Para assegurar uma oferta adequada ao trabalho e facilitar o rígido controle dos trabalhadores, é necessário que produzam mercadorias cujo valor exceda em muito o valor das mercadorias que consomem. Primeiramente os trabalhadores recebiam salários muito baixos, o que fazia com que eles e suas famílias vivessem em situação de extrema pobreza e insegurança, e para mudar essa situação, o trabalhador desejava trabalhar mais tempo e mais intensamente para obter um salário melhor. À medida que o capitalismo evoluiu, a produtividade dos trabalhadores foi crescendo, eles começaram a organizar-se em sindicatos para lutar por poder de compra e esta vem crescendo lenta e firmemente. Deste modo, o capitalismo é obrigado a recorrer a outros tipos de motivações, como o consumismo. 
O consumismo tem com ideologia a crença de que mais renda para comprar produtos, por si só traz mais felicidade. Isto enseja ainda mais o desejo dos trabalhadores por trabalhos assalariados. O ambiente competitivo e economicamente seguro que os trabalhadores disputam, então cria sentimentos subjetivos de ansiedade, solidão e alienação. A maioria dos trabalhadores vê como causa desses sentimentos, sua própria incapacidade de comprar produtos suficientes para fazê-los felizes. Como não identificam a verdadeira origem de seus problemas, caem em um círculo vicioso asfixiante, no qual quanto mais se tem, mais necessidade se sente; quanto mais rápido se cresce, mais devagar se parece crescer; quanto mais arduamente se trabalha, maior parece ser a necessidade se trabalhar arduamente.
O comportamento combativo e aquisitivo também é induzido entre os capitalistas. A competição por fatias maiores do excedente social faz com que o capitalista deseje controlar um volume maior de capital, desenvolvendo esforços frenéticos para obter lucros e converter esses lucros em mais capital. 
No processo de produção, os capitalistas se apropriam do excedente social produzido (ou mais-valia como diria Marx) sob a forma de mercadorias. Para que essa mais-valia seja convertida em lucro monetário, elas devem ser vendidas no mercado. Quando tal procura pelos produtos não se concretiza, o capitalismo sofre depressões: os lucros caem, trabalhadores são demitidos e crises econômicas se espalham.
Economia Europeia Pré-Capitalista
Primeiramente devemos entender o que foi o feudalismo. Feudalismo foi um sistema econômico e social. Na hierarquia feudal o camponês era protegido pelos senhores feudais, que por sua vez, deviam fidelidade e eram protegidos por senhores mais poderosos, e daí por diante indo até o rei. Os fracos eram protegidos pelos fortes, mas a um custo de pagamento de moedas, alimentos, trabalho, fidelidade militar. Os senhores concediam o feudo (de direito hereditários) a seus vassalos, para que eles cultivassem a terra em regime de subsistência agrícola, pecuária e extrativista, e uma parte deveria ser dada aos senhores da terra como pagamento pelo uso da terra.
Não havia leis nos feudos e o que governava eram os costumes, com sistemas de serviços e obrigações mútuas em toda a hierarquia, diferentemente do sistema capitalistas que se baseia nocumprimento de leis de caráter universalistas e contratos que raramente são relaxados pelas circunstâncias.
Existiam duas classes distintas nos feudos: os nobres, ou senhores, e servos ou vassalos. Servos não eram escravos de fato, pois não podiam ser vendidos e nem separados de suas famílias e terras, no entanto, todas as obrigações, meio que pesadas, que eles tinham para com os senhores, tornavam o servo longe de estar livre. O senhor vivia do trabalho dos servos que cultivavam seus campos e pagavam impostos em espécie ou moedas de acordo com cada costume, e em troca davam proteção e “justiça”. Neste período havia também a grande força da Igreja Católica, que de longe era a maior dona de terras no período. Esta dava em troca a seus servos, “serviços” espirituais.
Além dos feudos a Europa tinha muitas cidades, que eram centros manufatureiros importantes. Os bens manufatureiros eram vendidos aos feudos e as vezes comercializados a longas distâncias. As instituições econômicas dominantes nessas cidades eram as guildas – associações artesanais, profissionais e de ofício, existentes desde o império romano. Quem quisesse produzir ou vender qualquer bem ou serviço, teria que estar em uma guilda. Entretanto, as guildas se envolviam em questões sociais e religiosas, mantendo como preocupação principal o controle da vida pessoal, religiosa, econômica e sócia de seus membros. Ela estava mais voltada para a salvação espiritual de seus membros do que para lucros.
A sociedade medieval era predominantemente agrária, e foram as revoluções nos campos que trouxeram as mudanças profundas ao longo de séculos que resultaram na dissolução do feudalismo e início do capitalismo. Como exemplo podemos citar o sistema de 3 campos, que aumentou em 50% a área cultivada. Isso permitiu a plantações de aveia e forragem, que permitiu a criação de mais cavalos, que possibilitou a substituição dos bois como fonte de energia na agricultura, para os cavalos que são mais rápidos no ato de arar. Isso aumentou as áreas cultiváveis com os mesmos recursos e a produção de alimentos disparou, aumentando as remessas de alimentos para centros urbanos cada vez mais populosos. O cavalo também tornou mais eficiente o transporte dos homens, bens e mercadorias, reduzindo assim seus custos. Essas revoluções resultaram em um aumento da população e maior concentração urbana. O crescimento das vilas e cidades conduziu a uma maior especialização das atividades, aumentando a produção de bens manufaturados e o comércio inter-regional e de longa distância.
Crescimento no Comércio de Longa Distância
O crescimento no comércio foi sustentado pela evolução econômica interna da Europa. O crescimento da atividade agrícola significava que o excedente de alimentos e manufaturados tornava-se disponível tanto para mercados locais quanto para o internacional. Entretanto ele não pode ser considerado a principal força na dissolução no feudalismo, pois o comércio tendeu a contribuir para a consolidação e perpetuação das relações e econômicas feudais, principalmente na Europa Oriental. O que acontecia então era uma diferença nos estágios de desenvolvimento do feudalismo em diferentes locais: na Europa Ocidental o feudalismo tinha atingido seu pleno potencial econômico, mas na Europa Oriental ele era novo e vigoroso.
	Antes de o comércio ter atingido uma significância na vida europeia ocidental, o feudalismo já estava se dissolvendo. O excedente social se tornava cada vez menor para sustentar uma classe dominante que crescia rapidamente e isso provocou conflitos dentro desta mesma classe dominante.
A expansão do comércio, particularmente de longa distância, levou ao estabelecimento de cidades industriais e comerciais: as cruzadas foram fator importante na expansão do comércio; houve aumento no comércio com os vikings e árabes e a consolidação de grandes feiras comerciais durante o século XII ao século XIV. Por volta do século XV as feiras já estavam sendo substituídas por cidades comerciais de mercado permanente. Os comércios e negócios dessas cidades se tornaram incompatíveis com os costumes restritivos e as tradições feudais. Desenvolveram-se sistemas complexos de câmbio, compensação e facilidades creditícias. Novos sistemas de leis comerciais foram criadas , sendo considerados base para as modernas leis capitalistas de contratos, títulos, representação comercial e execuções em hasta pública.
No sistema artesanal feudal, o produtor (mestre artesão) era também o vendedor. Entretanto, as indústrias que apareciam nas novas cidades eram basicamente de exportação, nas quais o produtor estava distante do comprador final. Os artesãos então tinham que vender seus produtos aos comerciantes que por sua vez transportavam o produto e o revendiam. O artesão das cidades desistiu da terra para dedicar-se inteiramente ao trabalho com o qual ele poderia obter uma renda monetária.
Sistema Doméstico de Trabalho e Nascimento da Indústria Capitalista
O aumento no comércio levou a um maior controle do capitalista comerciante pelo controle do processo produtivo. Por volta do século XVI a indústria artesanal começou a ser substituída, nas indústrias de exportação, pelo sistema doméstico de trabalho. Neste sistema o capitalista fornecia a matéria-prima ao artesão e lhe pagava uma quantia para transformá-la em produtos acabados. Deste modo o capitalista era dono do produto ao longo de todo o processo produtivo. O capitalista comerciante era dono das ferramentas e máquinas, e frequentemente do prédio aonde acontecia a produção.
O artesão já não vendia o produto acabado, vendia agora somente sua força de trabalho, tornando o capitalista comerciante controlador do processo de produção. As primeiras indústrias a funcionarem dessa maneira foram as têxteis, principalmente na Inglaterra. Os artesões e suas famílias agora dependiam dos capitalistas comerciantes.
O capitalismo só se tornaria dominante quando esse tipo de controle da produção se estendesse a outras indústrias e isso só poderia acontecer se quebrassem a autossuficiência dos feudos e suas tradições e costumes destruídos. A agricultura também deveria se tornar capitalista.
Declínio do Sistema Senhorial
As cidades dependiam da agricultura para conseguir alimentos e grande parte das matérias-primas utilizadas nas indústrias de exportação. Isso estimulava as especializações urbanas e rurais e um grande fluxo de comércio entre o campo e a cidade. Senhores feudais começaram a depender das cidades para conseguir bens manufaturados e procuravam cada vez mais os bens de luxo que os mercados vendiam.
Os camponeses dos feudos também descobriram que poderiam trocar seus excedentes por moedas, e estas poderiam pagar as taxas aos senhores feudais. Isso dava mais incentivo para o camponês produzir e obter mais excedentes. O efeito cumulativo foi o rompimento gradual dos laços feudais, substituídos pelo mercado e pela busca do lucro como princípio da organização da produção. Houve também uma alienação do domínio dos senhores feudais, quando eles começaram a arrendar suas terras aos camponeses, em lugar de administrá-las diretamente. Isso os tornou em Latifundiários.
O esfacelamento do sistema feudal, todavia, deve ser lembrando também pela Guerra dos Cem Anos, entre Inglaterra e França (1337 – 1453) que estabeleceu uma inquietação e desordem geral nos feudos e a Peste Negra, que provocou grande despovoamento da Europa e consequentemente uma enorme falta de mão-de-obra que fez os salários aumentaram e o aluguel das terras, agora abundante, despencar. Os senhores feudais então tentaram reestabelecer os serviços obrigatórios dos servos e camponeses. Descobriram, entretanto, que não se podia mais voltar à situação anterior. O mercado tinha se estendido às regiões rurais tinha levado a liberdade, a independência e a prosperidade aos camponeses.
Como resultado houve várias revoltas por toda a Europa, chamadas de revoltas dos camponeses do final do século XIV ao inicio do século XVI. E Na Alemanha, durante o século XVI, foram mortas maisde 100.000 pessoas pelo império do Sacro Imperador Romano.
Qualquer sistema econômico gera uma ou mais classes, cujos privilégios dependem da continuação desse sistema. As classes dominantes então fazem de tudo para resistir a mudanças e proteger suas posições. A nobreza feudal desencadeou uma reação selvagem contra o novo sistema capitalista de mercado, mas as forças da mudança mitigaram essa reação. Embora as mudanças estivessem sendo introduzidas pelos comerciantes e pequenos senhores em ascensão, os camponeses foram as vítimas políticas das convulsões sociais e ironicamente eles estavam lá lutando para proteger o status quo.
Surgimento da Classe Trabalhadora
Na primeira parte do século XVI houve uma grande ruptura que conduziu ao capitalismo: uma classe trabalhadora sistematicamente privada do controle sobre o processo de produção e forçada a uma situação em que a venda de sua força de trabalho fosse a única possibilidade de sobrevivência.
Nos movimentos de cerceamento da Inglaterra, a nobreza feudal cercava e fechava terras até então usadas como pasto comum, para pasto de ovelhas que atendiam a demanda por lã da indústria têxtil. As ovelhas davam bons lucros e exigiam poucos trabalhadores. Esses cercamentos e o crescimento da população destruíram os laços feudais remanescentes, expulsando os camponeses das áreas rurais e fazendo-os migrar para as cidades. Nas cidades então houve um aumento na disponibilidade de homens para a indústrias, marinha, exércitos, mais homens para colonizar novas terras e mais potenciais consumidores de produtos. As guildas nesse momento passaram a se preocupar mais com a renda de seus membros.
Outras forças na Transição para o Capitalismo
Durante o século XVI houve um despertar intelectual que promoveu o progresso científico e a corroboração do pensamento acumulador capitalista.
As grandes navegações e posteriormente a colonização, trouxeram novos mercados e mais disponibilidades de matérias-primas e mão-de-obra barata (escravos). A escassez aguda de moedas foi suprida por uma entrada abundante de ouro e prata advindos das Américas. Isso causou grande inflação nos preços dos produtos, em descompasso com o aumento dos salários. A classe capitalista foi muito beneficiada nesse período, pois recebeu lucros cada vez maiores, pagou salários cada vez menores, comprando matérias-primas que se valorizavam quando eram mantidas em estoque.
Esses lucros maiores foram acumulados em forma de capital. O capital inclui matérias-primas para a produção e comércio, ferramentas, equipamentos, fábricas, meios de transporte e dinheiro. O capital, entretanto só pode se tornar dinheiro em um contexto social que existam relações de sociais necessárias a produção de mercadorias a à propriedade privada. É em virtude da propriedade do capital que ela aufere seus lucros, e esses lucros são reinvestidos ou usados para aumentar o capital. Essa acumulação de capital leva a mais lucros, que leva mais acumulação e o sistema contínuo em uma espiral ascendente. A propriedade do capital, deste modo, é a fonte dos lucros.
As quatros fontes iniciais principais de acumulação de capital foram: (1) o volume do comércio, que cresceu rapidamente; (2) o sistema industrial de produção doméstica; (3) o movimento dos cercamentos; (4) a grande inflação dos preços. Havia algumas outras também menos importantes, como a pilhagem colonial, a pirataria e o comércio de escravos.
Entre os séculos XVI e XVII, o sistema doméstico de trabalho foi ampliado até tornar-se comum em quase todas as indústrias. O maior grau de especialização do sistema permitiu aumentos de produtividade e os avanços técnicos da construção naval e da navegação abaixaram os custos de transporte. A nova classe burguesa (ou capitalista) substituiu, lenta e inexoravelmente a nobreza como classe dominante. O aparecimento dos Estados-nação assinalou essa transição. Os novos monarcas procuravam apoio dos burgueses em seus esforços de derrotar seus rivais feudais e unificar o estado sob o mesmo poder central. Essa unificação libertou os mercados do sistema feudal (moeda, leis, pesos, medidas); consolidou muitos mercados; e deu proteção militar aos empreendimentos comerciais. Em troca os monarcas dependiam das fontes de receitas capitalistas.
Mercantilismo
A fase inicial do mercantilismo se chama bulionismo, quando a escassez de ouro e prata na Europa no século XVI e XVII fez com que fossem estabelecidas políticas de atração destes metais e proibição de sua exportação.
Os governos tentavam a todo custo manter um saldo positivo da balança comercial, para que mais dinheiro entrasse do que saísse do país. Assim as exportações foram estimuladas pelos governos e as importações desestimuladas ou até mesmo proibidas. Foram criados pelos países vários monopólios comerciais para garantir o controle sobre o preço do produto vendido. Os governos poderiam proibir que determinados grupos estrangeiro e até mesmo do mesmo país concorressem no mesmo lugar, para garantir os lucros exorbitantes do monopólio. As matérias primas das colônias eram compradas baratas e os bens manufaturados vendidos caros.
Havia também o controle da produção interna através de isenções tributárias e outros privilégios para estimular as indústrias exportadoras. O estado se envolvia na regulamentação dos métodos de produção e da qualidade dos produtos.
Na Inglaterra, o Estatuto dos Artífices (1563) transferiu para o estado as funções das antigas corporações de artífices e levou ao controle central sobre o treinamento dos trabalhadores da indústria, as condições dos empregos e a alocação de mão-de-obra. Houve regulamentação dos salários e da qualidade das mercadorias. Os mercantilistas acreditavam que a melhor maneira de promover os interesses do Estado era promover políticas que aumentassem os lucros dos mercados-capitalistas.
O capital mercantil gerava lucro quando o preço pelo qual uma mercadoria era vendida era suficientemente alto para cobrir o preço pago por ela, mais as despesas de manuseio, armazenagem, transporte e venda da mercadoria e, mais ainda, uma excedente sobre esses custos. O excedente era o lucro do mercador.
Valor e Lucro Mercantilista
No mercantilismo, havia 3 noções importantes sobre a teoria do valor: (1) o “valor” ou “valor natural” das mercadorias, que era o seu preço real de mercado; (2) refere-se as forças da oferta e demanda como determinantes do valor de mercado; (3) os autores mercantilistas sempre discutiam “valor intrínseco” ou valor de uso como o fator mais importante na determinação da demanda, sendo portanto um determinante causal do valor de mercado.
Os mercantilistas pensavam que: O mercado é o melhor juiz do valor; as coisas valem tão somente o preço pelo qual podem ser vendidas; o preço dos produtos é seu valor atual; o valor de todos os produtos deriva do seu uso, coisas que não tem valor de uso não tem valor algum; o valor de todos os produtos deriva de seu uso e seu preço, caro ou barato, deriva de sua abundância e de sua escassez.
O lucro no período era resultado das grandes inflações do século XVI e XVII (como discutido anteriormente) através dos aumentos do valor dos estoques e das diferentes condições de produção em várias regiões do globo, juntamente com o fato de que havia pouca mobilidade de recursos, tecnologia e mão-de-obra entre essas regiões que faziam com que os preços relativos de mercadorias fossem muito diferentes nas várias regiões do mundo. Os mercadores então compravam os produtos em lugares baratos e vendiam em lugares em que os preços fossem caros.
Dessa maneira, os autores mercantilistas entediam o valor de uma mercadoria em termos de mercado e não de produção.
Escritos posteriores ao mercantilismo e Filosofia do Individualismo
Duas novidades econômicas tornaram a visão mercantilista insatisfatória: (1) a difusão do comércio e aumento da concorrência (principalmente dentro dos próprios estados-nações) foram diminuindo a diferença no preço produtivo entre as diversas regiões do mundo, diminuindo os lucros docomércio; (2) aumento no controle capitalista dos processos produtivos e comerciais como os sistemas domésticos de trabalho e guildas. Os mestres deixaram de ser trabalhadores passando a ser organizadores e controladores do processo produtivo e os artificies passaram a ser simples trabalhadores contratados.
A partir do século XVII os capitalistas produtores passaram a entrar no ramo do comércio e os interesses desses geralmente conflitavam com os interesses com os interesses dos mercantilistas. Isso levou a duas mudanças importantes nas ideias econômicas: a filosofia do individualismo e uma nova interpretação de que os preços era determinados pelas condições de produção e os lucros eram originários do processo produtivo.
O paternalismo cristão que condenavam o lucro, a ambição e a aquisição de bens foi substituído pelo pensamento individualista e egoísta, que segundo a nova filosofia, levavam o homem a agir e gerar as riquezas na sociedade. Todo ato dos seres humanos, nesse contexto, estavam relacionados com a autopreservação e que por isso eram egoístas no sentido mais puro do termo. As doutrinas individualistas e egoístas foram ansiosamente defendidas pelos capitalistas e começaram a dominar as publicações acadêmicas, que era em sua maioria formada em sua maioria por pessoas da classe burguesa. A filosofia do individualismo deu base para os fundamentos do liberalismo clássico, que defendia a ideia de que o ser humano deveria ser independente, dirigir-se a si mesmo, ser autônomo, livre – deveria ser um indivíduo, uma unidade distinta de massa social e não ficar perdido nela.
Protestantismo e Ética Individualista
No contexto do individualismo, a teologia protestante surge como uma resposta religiosa da burguesia, através da Reforma. O protestantismo não só “libertou” os capitalistas e sua ética individualista da condenação religiosa, como também acabou transformado em virtudes os motivos pessoais, egoístas e aquisitivos que a Igreja medieval tanto desprezara.
O princípio básico do protestantismo é o de que o homem é justo pela fé e não pelas obras. Assim, os motivos das ações eram mais importantes que os atos em si. A fé era “nada mais que a verdade no coração”. Essa abordagem subjetiva da religião (e assim individualista) agradava muitíssimo aos artesão da nova classe média e os pequenos comerciantes.
Os capitalistas assim, encontraram uma religião na qual, com o tempo, “os lucros...passaram a ser considerados uma vontade de Deus, uma marca de Seus favores e uma prova de sucesso em se ter sido chamado”.
Políticas econômicas do Individualismo
O novo individualismo levou a inúmeros protestos contra a subordinação dos assuntos econômicos à vontade do Estado. Desde meados do século XVII, quase todos os autores mercantilistas condenaram os monopólios que o Estado concedia e outras formas de protecionismo e favoritismo na economia interna (contrariamente ao comércio internacional). Muitos achavam que em um mercado em concorrência o preço pudesse flutuar livremente até encontrar seu nível adequado (equilíbrio de mercado).
O individualismo pregava que todo homem era motivado pelo interesse o próprio e que deveriam ter liberdade para competir por si sós num mercado livre, para que o bem-estar público fosse maximizado. A ambição, o egoísmo e o comportamento aquisitivo tenderiam a contribuir para a industrialização e para uma economia próspera. Os capitalistas então começaram a lutar por mais direitos de propriedade e maior certeza no cumprimento dos contratos entre os indivíduos.
Primórdios da Teoria Clássica de Preços e Lucros
Com a integração entre produção e comércio e a dificuldade cada vez maior de obter lucro com simples exploração das diferenças de preço, começou uma nova orientação para entender os preços e os lucros: a mão-de-obra que não tinha o controle sobre o processo produtivo trouxe a tona a discussão de que a produção era o processo de geração do lucro.
A indústria capitalista começou a obter aumentos substanciais da produtividade do trabalho, aumentando a divisão do trabalho, pel especialização das tarefas. Os pensadores econômicos à época do século XVIII identificaram dois princípios que norteavam a produtividade: os recursos naturais só se transformavam em mercadorias com valor de troca depois de o trabalhador os ter transformado em mercadorias com valor de uso. A especialização e a divisão do trabalho deixou claro que a troca de mercadorias era nada mais do que a troca dos diferentes trabalhos especializados incorporados nessas mercadorias.
Deste modo, se o trabalho é mais importante determinante dos preços em geral, ele também tem de ser a fonte dos lucros, porque eles são obtidos pela compra e pela venda. Quando os lucros são auferidos através do controle do processo de produção, têm de refletir a diferença entre os preços pagos pelos insumos necessários à produção e a quantidade produzida. Os autores então começaram a enxergar o lucro como um excedente que restava após os trabalhadores terem conseguido as mercadorias necessárias para o seu próprio consumo. Assim a quantidade trabalho incorporada a uma mercadoria era ao mesmo tempo, o determinante do preço e a fonte do valor excedente ou lucro.
Fisiocratas
Grupo de reformadores sociais franceses, discípulos intelectuais de François Quesnay (1694 – 1774). Sua influência imediata na economia durou cerca de 2 décadas e terminou com seu membro ais influente, Turgot, perdendo seu cargo de controlador geral das finanças francesas em 1776.
Os fisiocratas achavam que a sociedade era governada pelas leis naturais e que os problemas que França passava a época (desordem de tributação, agricultura ineficiente, privilégios para grupos econômicos) eram causados pela incapacidade do governo de compreender essas leis e ordenarem a produção e o comércio segundo elas.
Os fisiocratas advogavam uma reforma política: abolição das guildas; remoção de tarifas , impostos e subsídios, etc que atrapalhassem a indústria e comércio; troca da agricultura de pequena escala e ineficiente pela agricultura de larga escala e capitalista; imposto único como renda para o governo, das atividades agrícolas.
As medidas propostas pelos fisiocratas, contudo, esbarravam na ordem social vigente e não conseguiram ser implementadas por eles. Algo parecido aconteceu após a Revolução Francesa, mas por meios de revoltas e guerras e não por mudanças pelo governo estabelecido.
A importância dos fisiocratas foi basicamente intelectual e não política. Quesnay discute sobre (1) a noção de trabalho produtivo e improdutivo de excedente econômico (2) interdependência mútua dos processos de produção (3) fluxos circulares da moeda e das mercadorias e as crises econômicas que podem ser causadas pelo entesouramento do dinheiro.
Ideias econômicas de Quesnay
Em Tableau Economique, Quesnay pressupõe que a produção ocorre em ciclos anuais e que tudo o que é produzido em um ano é consumido naquele ano ou se transforma nos insumos necessários para a produção do ano seguinte. O centro da atenção é a agricultura.
Os fisiocratas achavam que só através do contato direto com a natureza, na produção extrativa ou agrícola, é que o trabalho humano poderia produzir um excedente. Os agricultores eram, portanto, chamados de classe produtiva. Os produtores de mercadorias industrializadas eram chamados de classe estéril, não porque não produzissem, mas porque o valor que produziam era, presumivelmente, igual aos custos necessários de matérias-primas mais os necessários salários de subsistência dos produtores. Não se achava que pudessem sobrar qualquer excedente ou lucro na atividade industrial. Havia, portanto, 3 classes: a classe produtiva (capitalistas / trabalhadores agrícolas); classe estéril (capitalistas / trabalhadores de indústrias); classe ociosa (donos de terras, eu consumiam o excedente produzido pela classe produtiva).

Outros materiais