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5_Economia_Marginalista_Jevons_e_Menger

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Aula 5 – A economia marginalista: William Jevons e Carl Menger
Hunt, E. — História do Pensamento Econômico. Capítulo 11: O triunfo do utilitarismo: a economia de Jevons, Menger e Walras.
Contexto da época da Longa Depressão na Europa (1840-1873): alta e rápida expansão da economia na Europa inteira e também nos EUA, com surto de crescimento industrial na Inglaterra (em que a indústria de bens de capital se tornou bem dinâmica).
Com isso, a concentração de capital tornou-se agressiva e competitiva, sendo o início das fusões empresariais (muitas empresas “quebravam” e eram então compradas por outras) – início dos monopólios e oligopólios.
A nova forma de capitalismo (que se acirraria no século XX) se iniciava no final do século XIX, mais precisamente a partir da década de 1870 - “um sistema econômico dominado por centenas ou milhares de empresas colossais nas esferas importantes da indústria, das finanças, dos transportes e do comércio.”
Início das relações diferenciadas em empresas grandes e pequenas: hierarquias e burocracias (grandes) e antigas relações sociais de produção (pequenas empresas). Entretanto, as duas formas de empresa tinham suas relações intermediadas pelo mercado.
Três livros marcaram a economia daquele período: “Teoria da Economia Política”, de William Jevons, “Princípios da Economia”, de Carl Menger e “Elementos de Economia Política Pura”, de Leon Walras.
Os três livros faziam análise (que discordavam da de Smith) sobre a não relação direta entre o valor de uso e o valor de troca, formulando então a teoria do valor-utilidade, e a noção de utilidade marginal decrescente (o início da teoria econômica moderna, em que a matemática foi incorporada às teorias, nesse caso, para o cálculo da utilidade).
Teoria da utilidade marginal e da troca, de Jevons
Para Jevons, o valor era o valor de troca ou o preço (ao contrário de Marx, por exemplo, em que o valor era o valor do trabalho incorporado à mercadoria).
As pessoas, para ele, tinham apenas duas características que as definiam como agentes econômicos: extraem utilidade no consumo de mercadorias e são maximizadoras racionais e calculistas (satisfazem as necessidades ao máximo e com o mínimo de esforço – esse, para Jevons, seria o único elemento da ação humana a ser estudado pela economia).
As pessoas extrairiam a utilidade do consumo de mercadorias. E o grau de utilidade final (ou utilidade marginal) seria o quanto, após o uso, a mercadoria ainda valeria (dependendo da mercadoria, a utilidade aumentaria com o uso ou se desgastaria).
Cálculo da utilidade marginal
A utilidade total extraída dependia da quantidade consumida, podendo ser estudada através da função UT = f (Q), que diz, basicamente, que a utilidade total tinha relação direta com a quantidade consumida.
A lógica da maximização (da utilidade, já descrita acima) poderia então ser formulada através de cálculos: “a função de utilidade total era maximizada quando a quantidade era aumentada ao ponto de a utilidade marginal ser igual a zero” (p. 281).
Com base nisso, um indivíduo só compraria ou venderia voluntariamente uma mercadoria se “o que estivesse comprando lhe desse mais utilidade do que a utilidade perdida com o que ele estivesse vendendo.” (p. 282).
- Para Jevons, a harmonia social era o estado natural do mercado, e não o conflito de classes.
Teoria do capital de Jevons
Teoria que ressaltava a dimensão temporal da produção. Tinha como objetivo “refutar a conclusão de Ricardo de que a taxa de lucro variava em sentido inverso ao salário”.
Produção = Lucro + Salários
“Como a acumulação de capital beneficiava a todos os operários, Jevons achava que o trabalhador deveria considerar o capitalista o 'verdadeiro procurador, que usava seu capital para o bem dos outros e não para o seu próprio bem'”. (p. 284).
Como os processos da economia proporcionariam benefícios para capitalistas e empregados, para Jevons, a Economia não é “somente a ciência da troca ou do valor: também é a ciência da capitalização”.
Teoria da utilidade marginal, dos preços e da distribuição da renda, de Menger
Em sua teoria econômica, Menger rejeitou o uso de equações matemáticas e expressou suas teorias verbalmente e com o auxílio de exemplos numéricos, como a do quadro abaixo.
“A utilidade total pode ser calculada pela simples soma das utilidades marginais da coluna, até chegar-se ao número de unidades consumidas. Por exemplo, seis unidades da mercadoria II dão uma utilidade total de 39.” (p. 287).
Segundo Menger, através de cálculos com a tabela acima, o consumidor maximizava a utilidade das suas mercadorias. Ele “acreditava que o equilíbrio com o qual o indivíduo maximizava sua utilidade fosse atingido quando o indivíduo igualasse a utilidade marginal obtida através de qualquer mercadoria à utilidade marginal obtida através de cada uma das mercadorias por ele consumidas.” (p. 288). Entretanto, só faria sentido se todas as mercadorias, e de todos os tipos, tivesse o mesmo preço unitário. Sendo assim, a formulação de Menger era mais improvável que a de Jevons. 
Porém, a determinação de preços de Menger era mais atual do que a de Jevons: era baseada na oferta e na procura, e que eram, por sua vez, explicados pelo conceito de utilidade. “Os preços dos 'fatores de produção' – terra, trabalho e capital – também eram determinados pela sua oferta e procura. Sua oferta era determinada pelos cálculos de utilidade, feitos por seus proprietários, e sua procura era determinada por sua produtividade na geração de bens de consumo e pela utilidade obtida pelos consumidores através do consumo dessas mercadorias.” (p. 289).
Lei da procura de Menger: a quantidade de uma mercadoria (que as pessoas estavam dispostas a comprar) dependia do preço da mercadoria, e a quantidade procurada e o seu preço eram inversamente relacionados.
Lei da oferta (menos adequada que a da procura): a oferta era uma quantidade preexistente, que já estava nas mãos do vendedor; o vendedor resolveria a quantidade e por quanto queria vender as mercadorias (sob a perspectiva da maximização).
A combinação dos desejos de comprar e vender era o que determinava os preços (lei de livre concorrência, que só traria benefícios segundo Menger).
Para Menger, as mercadorias produzidas para o consumo eram “bens de primeira ordem”, e os fatores de produção de “bens de ordem superior” (trabalho, matérias-primas e instrumentos). Para ele, o valor pago pelos bens de ordem superior refletia o seu grau de contribuição para a produção, e com isso, para Menger, “quando cada insumo custava o equivalente ao valor de sua contribuição para a produção, o valor da produção total seria totalmente formado pelos insumos. Portanto, não haveria qualquer excedente a ser expropriado por qualquer pessoa ou classe.” (p. 291).
Ele também incorporou a dimensão temporal na produção, para ele a satisfação das necessidades dependia da disponibilidade de bens durante certos períodos de tempo.
Menger achava que a sociedade era um todo orgânico que evoluíra, intrínseca e determinantemente para seu estado atual, e que as instituições sociais e leis não podiam e não deviam ser desrespeitadas. Ele acreditava que o lucro era necessário para a manutenção da propriedade privada.
Os argumentos de Menger sobre metodologia
Para ele, a ciência deveria ser isenta de valores normativos, éticos ou morais (primeiro princípio). A ciência era a compreensão da realidade concreta, e não da desejada.
Entretanto, “a tentativa de Menger de colocar as leis da propriedade privada e da distribuição de renda acima de qualquer discussão teórica ou moral constitui uma importantíssima violação do princípio da ciência social livre de valores.” (p. 293).
O segundo princípio era que, somente era possível entender economias individuas, e não agregados sociais, como classes ou nações. Não era impossível entender os interesses nacionais, só não era possível entender cientificamente da mesma forma concreta.
“(...) o individualismo
metodológico de Menger e sua crença de que suas teorias eram isentas de valores levaram à crença de que as instituições e as leis existentes estavam acima de qualquer reforma; os esforços reformistas eram, em sua opinião, estranhos à ciência e socialmente prejudiciais.” (p. 294).

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