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VI - INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS Maurício P. F. Fontes1I 11Professor Titular do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (MG). Email: mpfontes@ufv.br e Tinker Visiting Professor da Sta.nford University, USA. Email: núontes@sta.nford.edu Conteúdo INTRODUÇÃO····································,··:····.·························································· ................................................................ 171 AMBIENTE DO INTEMPERISMO ........................... '. ....................................................................................................... 173 Rochas: Base Fundamental ............................................................... : .............................................................................. 173 Classificação 1 Genética das Rochas ...................................................................................... ." ........................................ 17 4 Rochas Ígneas .................................................................................................................................................................. 17 4 Rochas Sedimentares .................................................................................................................................................... 177 Rochas Metamórficas ... ................................................................................................................................................ 179 TIPOS DE INTEMPERISMO .............................................................................................................................................. 181 Intemperismo Físico .......................................................................................................................................................... 181 Intemperismo Físico-Termal ....................................................................................................................................... 181 Intemperismo Físico-Mecânico .................................................................................................................................. 183 Intemperismo Químico ................................................................................................................................................ 183 Principais Agentes do Intemperismo Químico ................................................................................................ 183 Principais Reações do Intemperismo Químico ................................................................................................. 185 Intemperismo Biológico ............................................................................................................................................... 189 SUSCEPTIBILIDADE DAS ROCHAS AO INTEMPERISMO ............................................... ................................. 190 INTEMPERISMO X CLIMA ................................................................................................................................................ 198 Climas do Brasil ................................................................................................................................................................. 198 Diagramas Intemperismo Versus Clima ..................................................................................................................... 200 LITERATURA CITADA ...................................................................................................................................................... 202 INTRODUÇÃO Intemperismo é o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que promovem a quebra física e a alteração química das rochas próximas da, ou, na superfície da crosta terrestre. Por meio de uma complexa interação de processos, o fenômeno transforma as KER, J.C.; CUR I N.; SCHAEFER, C.E.G.R. & VIDAL-TORRADO, P., eds. Pedologia; Fundam.entos. Viçosa, MG, SBCS, 2012. 343p. .... - - lt li li 1 1 J 172 MAURÍCIO P. F. FONTES rochas e seus minerais em produtos em equilíbrio mais estável com as condições físico químicas prevalecentes no ambiente. O termo intemperismo deriva do latim intemperie, que significa os rigores das variações das condições atmosféricas (temperatura, chuva, vento e umidade). Meteorização é termo sinônimo e, algumas vezes, empregado na literatura, proveniente da palavra" meteoro", que se refere a qualquer fenômeno que ocorre na atmosfera terrestre: chuva, granizo, neve, vento, aurora boreal, relâmpago, trovão, estrela cadente, etc. (Ferreira, 2004). O intemperismo, processo geológico exógeno, é o primeiro passo para inúmeros outros processos geológicos, geomorfológicos e biogeoquímicos e é especialmente importante em dois outros processos de dinâmica externa do globo: a formação de rochas sedimentares e a gênese de solos. Com relação às rochas sedimentares, o intemperismo inicia o processo sedimentar com a produção dos sedimentos, tanto solúveis quanto sólidos, que são formadores destas rochas. Em termos da gênese de solos, o intemperismo é o responsável pela decomposição e desagregação das rochas, transformando-as de materiais compactos em materiais desagregados, sobre os quais atuarão os fatores e processos de formação de solos. Assim, o intemperismo pode ser visto como um processo intermediário em transformações do tipo rocha=> sedimento=> rocha, na formação das rochas sedimentares, ou r.ocha sapró!ito => solo, na gênese e desenvolvimento dos solos. Em ambos os casos, o intemperismo é um processo essencialmente geológico, mas, no segundo caso, ele também se torna pedológico, sendo de particular importância para a vida na Terra. ' O intemperismo relaciona-se diretamente com diversas características dos saprolitos e dos solos formados na superfície da crosta, conforme a sua intensidade de atuação e a natureza das rochas e dos minerais envolvidos. Com isto, ele é um processo que pode, parcialmente, desde controlar a fertilidade natural dos solos, pelo suprimento de nutrientes, até atuar como agente tamponante, contra diversos problemas ambientais preocupantes nos dias de hoje, como: (i) impacto da chuva ácida em solos; (ii) relação entre níveis de C02 na atmosfera e intemperismo de minerais silicatados ricos em Ca; (iii) interação de metais pesados e contaminantes orgânicos com produtos do intemperismo (Wilson, 2004). Ainda em termos de meio ambiente, o intemperismo tem influência significativa na drenagem ácida, que é um problema ambiental relativamente sério, capaz de comprometer a qualidade dos recursos hídricos de uma região. O processo inicia-se quando minerais, como a pirita e outros sulfetos, são expostos ao ar atmosférico e, na presença de oxigênio e água, sofrem oxidação e produzem soluções de reação fortemente ácida, com a possibilidade de elementos tóxicos como Al, As, Cd, Cu, Hg, Pb, etc., serem solubilizados nas águas de drenagem (Evangelou, 1995; Mello & Abrahão, 1998). Na área da mineração, o intemperismo tem papel preponderante na gênese das bauxitas brasileiras, que são formadas por intenso intemperismo tropical de diversos tipos de rochas (Melfi, 1997), assim como nos depósitos lateríticos1, em geral, que aparecem em 75% do território nacional, produzindo jazidas que contribuem com cerca de 30% da produção mineral brasileira, excluindo o carvão e o petróleo (Melfi et al., 1988; Toledo et al., 2000). 1 Depósitos la teríticos: nomenclatura utilizada em Geologia para designar depósitos supergênicos ou de ambiente superficial, formados por remobilização química, com acúmulo residual de diversos elementos como Al, Fe, Mn, Ni, Nb, etc. PEDOLOGIA -=- .- mine: li 11 terr= en "'- esta:- VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS173 Em síntese, o intemperismo em muito ultrapassou as fronteiras da dinâmica externa o globo terrestre para se firmar como um fenômeno com implicações na agricultura, na mineração e nas ciências ambientais, qualificando-se, atualmente, como importante rocesso merecedor de mais estudos nas Ciências da Terra. AMBIENTE DO INTEMPERISMO / O intemperismo manifesta-se na superfície do globo terrestre, para onde confluem a influências da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera e da litosfera. Assim, os agentes intempéricos presentes nas três primeiras esferas atuam nas rochas da parte superior da quarta esfera, cada uma delas com suas especificidades, que influenciam o fenômeno do intemperismo. A atmosfera é o envoltório gas0so do globo terrestre, a ele preso pela força da gravidade. Ela tem papel importante na proteção da vida na Terra, ao filtrar os raios solares ultravioletas e a tenuar os extremos de temperatura entre o dia e a noite, mantendo o calor dentro do ·ólucro gasoso. A atmosfera terrestre tem uma composição aproximada de 78,1 % de ..... ·trogênio, 20,9 % de oxigênio e o restante de argônio (0,0934 % ), gás carbônico (0,033 % ) e tros gases nobres (Strahler, 1971). A hidros_fera engloba toda água da superfície terrestre e diversos compartimentos, incluindo oceanos, lagos, rios e água subterrânea, assim o flS geleiras. Às trocas contínuas da água entre os diversos compartimentos denomina- :e ciclo hidrológico, um dos mais importantes processos de dinâmica externa da Terra tCarrnann, 2000) e que desempenha papel preponderante no intemperismo. A biosfera é -onstituída de todos os organismos vivos e da matéria orgânica que produzem, ;:onsiderados como uma coisa única (Press et al., 2006). Ela engloba todos os seres vivos da :-erra e seus ecossistemas e exerce influência importante no intemperismo de rochas e ~ · erais. A litosfera é a càmada mais externa da Terra, forte e rígida, que contém a crosta eo manto superior e, por extensão, as placas tectônicas e os continentes (Press et al., 2006). E na litosfera que são encontrados os componentes sobre os quais vai atuar o processo de :.. ernperismo, quais sejam, os minerais e as rochas expostos na superfície da crosta terrestre. Rochas: Base Fundamental As rochas, que têm os minerais como suas unidades constituintes, são a base · und amental sobre as quais se vai desenvolver o processo de intemperismo. A maioria das rochas, especialmente as ígneas e metamórficas, e seus minerais ;: mponentes, particularmente os primários, foram formados em ambientes de altas :emperaturas e sujeitos a grandes pressões. Quando expostos na superfície do globo :crrestre, eles são colocados em ambiente bem diferente daqueles de sua formação. Este é, tão, um ambiente propício à alteração das rochas e minerais, em busca de maior abilidade nestas novas condições. As rochas, conforme suas origens, diferem entre si quanto à sua composição :::rineralógica, textura e estrutura. A composição mineralógica trata da presença dos PE DO LOGIA ,11 li! I!, li; 1:: 1!: 174 MAURÍCIO P. F. FONTES minerais essenciais, que são aqueles sempre presentes e mais abundantes em determinada rocha. Ela também determina a composição química da rocha, como somatório das composições químicas de todos seus minerais. A textura refere-se ao tamanho, forma e arranjo entre os cristais ou grãos constituintes da rocha. A estrutura da rocha indica o seu aspecto geral externo, que se pode manifestar de formas diversas . Por influência de todas estas características, as rochas variam em sua resistência física, estabilidade química e permeabilidade à água e gases . Essas variações influenciam, de modo decisivo, a maneira com que elas são afetadas pelo intemperismo e, por consequência, para entender de modo mais completo o processo de intemperismo, é necessário compreender a origem e as características das rochas constituintes da crosta terrestre. Enfatiza-se que a revisão dos conceitos de rochas aqui apresentada,destina-se a dar base ao estudo do intemperismo e, por isto, a abordagem será simplificada e concisa. Para maior detalhamento, recomenda-se consultar a vasta literatura que faz excelente cobertura do assunto, especialmente, Flint & Skinner (1977); Hamblin (1985); Oberlander & Muller (1987); Ernst (1988); Nahon (1991); Madureira Filho et al. (2000); Ruberti et al. (2000); Szabó et al. (2000); Press et al., 2006. Classificação Genética das Rochas De acordo com sua origem, as rochas podem ser classificadas em ígneas, sedimentares e metamórficas. , Rochas Ígneas Rochas ígneas são aquelas que se originam do resfriamento e da solidificação de massas de rochas fundidas, denominadas magma, no interior da crosta terrestre. Seu nome provém do latim ignis que significa fogo, pois a fusão das rochas para a formação do magma depende, principalmente, de altas temperaturas. Em conjunto com as metamórficas, elas perfazem 95 %, em volume, das rochas da crosta terrestre e são componentes importantes do embasamento cristalino do continente sul-americano. As rochas ígneas podem ser intrusivas ou extrusivas. As primeiras são massas pétreas que resultam da solidificação dos magmas sem que estes consigam, em seu movimento ascendente, atingir a superfície da crosta terrestre. As últimas são formações de origem ígnea cujo material consolida-se depois de alcançar a superfície da crosta sob a forma de erupção tranquila ou explosiva. As características distintivas e importantes das rochas ígneas, diretamente ligadas ao intemperismo, são: composição química e mineralógica, cor, textura e estrutura. A composição química das rochas ígneas baseia-se na quantidade de sílica (Si02) presente e distinguem-se em: • Rochas ácidas: > 65 % d e Si02 em peso • Rochas intermediárias : 52 % < Si02 < 65 % • Rochas básicas: 45 % < Si02 < 52 % • Rochas ultrabásicas: < 45 % Si02 PEDOLOGIA E• , miner1 ricos ei são: q1 lado, e; Mg. El1 exemp o cristal tempe; magm detern conhec dos mi A minera estável interna a troca estruh A , das roe St OI Figura] Fonte: B VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 175 Esta composição química, por sua vez, está diretamente relacionada com a composição mineralógica das rochas, pois os minerais mais ricos em silício, Si02, são também os mais ricos em Al. Eles são coletivamente chamados de félsicos e os seus principais representantes são: quartzo, feldspatos potássicos, plagioclásios cálcio-sódicos e muscovita. Por outro lado, os minerais menos ricos em Si02 são aqueles que contêm maior quantidade de Fe e Mg. Eles são coletivamente chamados de ferromagnesianos ou máficos e os seus principais exemplos são: olivina, piroxênios (augita), anfibólios (hornblenda) e biotita. Outro aspecto importante da mineralogia das rochas ígneas refere-se à ordem de cristalização dos principais min rais primários, aqueles que se formam sob altas temperaturas e, ou, pressão, com o resfriamento da massa magmática. À medida que o magma resfria-se, cristalizam-se os diversos minerais, obedecendo a sequências determinadas pela temperatura e p~la composição do magma. Estas sequências são conhecidas como séries de reação de Bowen, sendo distinguidas como série descontínua dos minerais ferromagnesianos e série contínua dos plagioclásios. A série é chamada de descontínua, pois, à medida que a temperatura diminui, os minerais anteriormente formados reagem com o líquido residual, originando um mineral, estável nas novas condições de temperatura, mas com composição química e estrutura interna diferentes. Por outro lado, a série é denominada contínua, quando se observa que a troca dos elementos Ca e Na mo difica apenas a composição química, não alterando a estrutura interna destes minerais . A ,ordem de cristalização,no magma, dos principais minerais primários formadores das róchas ígneas (Figura 1) tem um importante relacionamento com o intemperismo. Série descontínua Olivina Série contínua Alta; Plagioclásio-Ca Temperaturas Piroxênios '\ Aniibólios Biotita Plagioclásio-Na / Feldspato-K + Muscovita + Quartzo Figura 1. Ordem de cristalização dos minerais primários no magma. Fonte: Bowen (1928). PEDOLOGIA (> lOOO ºC) Baixas Temperaturas (- 600 °C) 11 11 • •• 176 MAURÍCIO P. F. FONTES Os minerais que se cristalizam em temperaturas mais altas advêm de magmas menos viscosos e mais pobres em Si02, o que forma silicatos com menor grau de polimerização. Os que se cristalizam em temperaturas mais baixas são mais ricos em silício e com maior grau de polimerização deste elemento. Por isto, as duas séries de reações culminam com o quartzo, silicato com estrutura cristalina de maior complexidade e que se forma quando não existem mais metais na massa magmática, sobrando, essencialmente, Si e O. A cor das rochas ígneas é definida pela proporção de minerais félsicos em relação aos minerais máficos, fazendo com que'"a rocha apresente cor mais clara ou mais escura, conforme a maior quantidade de um ou outro tipo de minerais. Assim, uma subdivisão geral das rochas ígneas quanto à cor é apresentada, lembrando qu~ _ exceções são observadas na natureza: • Rochas leucocráticas: são rochas claras porque apresentam maior proporção de minerais félsicos. Ex: granito, riolito, sienitos claros. • Rochas mesocráticas: são rochas de coloração entre clara e escura, por apresentarem proporção semelhante entre minerais félsicos e máficos. Ex: sienito, diorito, andesito. • Rochas melanocráticas: são rochas de coloração escura, porque são mais ricas em minerais máficos. Ex: basalto, diabás,io, gabro, peridotito. A textura das rochas ígneas está diretamep.te relacionada com a profundidade de resfriamento e consolidaçãü da massa magmática, que pode ocorrer em profundidade maior, intermediária ou na ·superfície da crosta terrestre. Associados à profundidade estão o tempo de resfriamento e a consequente lentidão ou rapidez com que os minerais cristalizam-se e os cristais desenvolvem-se. Assim, percebe-se facilmente que a rocha formada em profundidade maior, ou seja, a intrusiva, tem mais tempo para o desenvolvimento dos minerais e a sua textura é mais grosseira. A rocha extrusiva, ao contrário, tem a textura mais fina. Assim, são listadas a seguir as diferentes texturas das rochas ígneas: • Fanerítica: textura grosseira, com minerais que são facilmente perceptíveis ao olho nu ou facilmente sentidos ao tato . Ex: rochas magmáticas plutônicas, como granito, sienito, gabro, peridotito. • Média: textura intermediária, cujos minerais são moderadamente visíveis ao olho nu ou sentidos ao tato . Ex: rochas intrusivas de baixa profundidade, como diabásio. • Afanítica: textura fina, na qual não se distinguem os minerais ao olho nu e nem se sente qualquer tamanho de grão ao tato. Ex: rochas extrusivas de diferentes tipos de magma, como riolito, traquito, basalto, olivina-basalto. A estrutura das rochas ígneas é também importante característica ligada à atuação do intemperismo. Em geral, a estrutura destas rochas é maciça e os seus minerais constituintes são distribuídos de maneira aleatória. Isto acontece porque o magma tende a se resfriar e a se consolidar sem a influência_ de pressões dirigidas, como nas metamórficas, ou de sedimentação lenta, como nas sedimentares, o que, em ambas as situações, provoca a orientação dos minerais placoides ou prismáticos. Contudo, em alguns casos, as rochas ígneas desenvolvem certos tipos de estrutura, especialmente, as ígneas vulcânicas ou extrusivas. Vesículas e amígdalas presentes em basaltos e outras PEDOLOGIA rochas ígneas, esqueci relacior campo~ minerai são mai e biotita se torna Rochas Ro, sedime crosta t, e, por ü e planta de detc sedime1 têm COl estratm espessu intempi do proc deste Cé' Os : sólidos e apresen chamad primeirc formadc se origü reação e por açãc campo~ naformj águas, ti Os :;1::::· De rochass 1 1 1 VI - !NTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 177 rochas extrusivas são exemplos importantes de estruturas diferenciadas nas rochas ígneas, que podem influenciar a atuação do intemperismo. Por último, ao analisar a atuação do intemperismo sobre estas rochas, não se pode esquecer de que algumas das características das rochas ígneas são fortemente relacionadas entre si. A composição química, por exemplo, está diretamente ligada à composição mineralógica e à cor. Rochas mais ácidas são mais claras e mais ricas em minerais félsicos, como quartzo, feldspatos e muscovita, ao passo que as rochas básicas ão mais escuras e mais ricas em minerais máficos, como olivina; piroxênios, anfibólios e biotita. Por estas correlações, a simples observação de uma destas características pode- e tornar mais fácil a inferência sobre o comportamento de outros atributos. Rochas Sedimentares Rochas sedimentares são aquelas formadas pela deposição e consolidação de edimentos, provenientes da dt struição de rochas pré-existentes na superfície da crosta terrestre. Elas cobrem aproximadamente 75 % da superfície da crosta terrestre e, p or isto, influenciam a maioria das paisagens e solos da Terra. Fósseis de animais e plantas são comuns nas :i;:9chas sedimentares, onde eles são preservados com riqueza e detalhes, ajudando a contar a 'história do planeta Terra. Por sua formação edimentar, muitas vezes com deposição lenta dos sedimentos, as rochas sedimentares êm como sua característic.a mais óbvia a ocorrência em camadas, chamadas de estra tos, que podem variar desde alguns centímetros até alguns quilômetros de e p essura. Nas rochas sedimentares importantes em geomorfologia e pedologia, o intemperismo atua duplamente. Inicialmente, quando de sua formação, como parte o processo sedimentar e, posteriormente, ao transformá-la em solo, ênfase principal este capítulo. Os sedimentos formados ·quando da destruição das rochas pré-existentes podem ser sólidos ou solúveis. Os sedimentos sólidos, também denominados sedimentos mecânicos, apresentam-se tanto na forma de minerais primários resistentes ao intemperismo, chamados de minerais detríticos, quanto na forma de novos minerais secundários. Os rimeiros são minerais herdados da rocha de origem, enquanto os últimos são geralmente armados a partir dos minerais primários. Minerais secundários são aqueles, então, que e originam de transformações químicas dos minerais primários . Eles são formados em reação de baixas temperaturas na superfície terrestre continental, em lagos ou oceanos, • or ação do intemperismo. Eles são constituintes da maioria das rochas sedimentares e omponentes essenciais nos solos. Os sedimentos solúveis, por sua vez, apresentam-se na forma de solutos, dissolvidos pelas reações do intemperismo e transportados pelas águas, tendo, geralmente, como destinação final, os mares e oceanos. Os sedimentos sólidos são chamados de sedimentos elásticos e os sedimentos olúveis são denominados sedimentos químicos, nomes que identificarão dois importantes grupos das rochas sedimentares. De acordo com a natureza, o tamanho e o tipo de sedimentos que as formam, as rochas sedimentares podem ser classificadas em (Quadro 1): PEDOLOGIA li p .. 178 MAURÍCIO P. F. FONTES Quadro 1. Classificação das rochas sedimentares elásticas Químicas Orgânicas , Epiclásticas / '- Piroclásticas '- Evaporitos De reações químicas ou bioquímicas Fonte: Adaptado de Dorofeeff (1961) e Press et al., (200.6). I - Psefitos PsamitosPelitos As rÓchas elásticas são formadas pela deposição e consolidação de sedimentos sólidos na forma de minerais detríticos e, ou, minerais secundários. As rochas epiclásticas, sua primeira subdivisão, são caracterizadas por terem os seus sedimentos transportados, preferencialmente, pela água ou pelo vento. Estas, por sua vez, se subdividem em três diferentes tipos de rochas q~anto à textura de seus sedimentos formadores. Os psefitos são formados pelos sedimentos maiores, denominados cascalhos (> 2 mm de 0) e seus principais exemplos são os conglomerados e as brechas. Os psamitos são produtos da consolidação de sedimentos do tamanho da fração areia (2 - 0,05 mm) e seus exemplos mais importantes são os arerutos. É importante observar que, como os sedimentos formadores dos psefitos e psamitos são maiores, a sua consolidação somente acontece com auxílio de um cimento que possa unir as partículas maiores entre si. Esta cimentação é natural e manifesta-se na forma de algum agente cimentante químico presente no ambiente de formação da rocha. Existem vários cimentos naturais, como argila, calcário, óxidos de ferro e sílica, os quais têm, algumas vezes, o seu nome incluído no nome da rocha para caracterizá-la. Por exemplo, conglomerado silicoso, arenito calcário, arenito ferruginoso, etc. Os pelitos, última subdivisão das epiclásticas, são rochas formadas pela deposição dos sedimentos menores que são transportados, denominados silte e argila (<O.OS mm de 0). Por serem tão pequenos, estes sedimentos consolidam-se apenas pela compressão provocada pelo peso das camadas superiores, aliada à saída da água intersticial e à pequena elevação da temperatura, suficientes para provocar a formação de forças de ligação entre as partículas . São exemplos importantes os siltitos, os argilitos e os folhelhos. As rochas piroclásticas, segunda subdivisão das epiclásticas, são rochas formadas pela consolidação de sedimentos sólidos oriundos de manifestações vulcânicas. Assim, PE DO LOGIA elas p ol 1 sedime' 1 deposi~ muitas sedime vulcâru As que fo r sedime são roe a consE gema e conhec produt aumen seu prc bioquí1 pequen o quer princii: os que calcári, dolorní (CaMg1 As sedime carbon; coma s calcári. carbon sendo e produz tempoE antraci Rocha, deo!1 rocha~ de "tr proces "trans rochas 1 1 1 VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 179 e as podem ser entendidas como uma fase transicional entre as rochas ígneas e as ::edimentares, visto que são de formação ígnea extrusiva, mas sujeitas ao transporte e à ~eposição. O que faz com que elas sejam classificadas como sedimentares é o fato de que _,_ uitas vezes elas apresentam fósseis, característica normalmente associada às rochas ::edimentares . São exemplos importantes os tufos vulcânicos ou tufitos e as brechas cânicas. As rochas químicas são formadas pela deposição e sedimentação de componentes '"'Ue fo ram dissolvidos, transportados em solução e precipitados quimicamente. Os s.:edimentos são, então, solúveis e se precipitam de diferentes maneiras. Os evaporitos s.:ão rochas nas quais a precipiti}ção dos sedimentos dá-se pela evaporação da água e a con sequente insolubilização dos sais em solução. Exemplos importantes são: sal- a-ema e gesso. Outros tipos importantes das rochas sedimentares químicas são aquelas ronhecidas como de reações químicas ou bioquímicas. As de reações químicas são _ rodutos de reações inorgânicas, nas quais o abaixamento de temperatura ou o aumento da concentração do sol ·.1to no meio, por exemplo, pode fazer o sal atingir o s.:eu produto de solubilidade (K ) e, como consequência, precipitar-se. As de reações ps '_ioquímicas são resultantes de atividades de plantas e animais. Por exemplo, ~ equenas plantas no mar podem influenciar a quantidade de C02 dissolvido em água, qu e pode provocar a predpit.ação de ,alguns sais, especialmente os carbonatos. Os ~ r incipais exemplos destas rochas são os calcári9s e os dolomitos . Os calcários são q ue apresentam em sua con~tituição mais de 50 % do mineral calcita e podem ser -alcário calcítico (> 95 % CaC03), calcário magnesiano (90 - 95 % CaCO) ou calcário olomítico (50 - 90 % CaCO). Os dolomitos têm mais de 50 % do mineral dolomita Ca..\1g(C03)2)· As rochas orgânicas são aquelas formadas pela deposição e consolidação de sedimentos orgânicos de origens diversas. Algumas plantas e animais podem absorver carbonato de Ca e utilizá-lo para.formação de seus corpos, carapaças e partes duras que -om a sua morte vão se acumular nos fundos dos mares. Este é um tipo comum de rocha -alcár ia de formação orgânica. Na realidade, a maioria das rochas sedimentares carbonatadas, em sua maioria, sofrem tanto a influência química quanto a orgânica, sendo difícil separá-las com exatidão. Outras rochas orgânicas importantes são aquelas :::-rod uzidas pela sedimentação e consolidação de grandes massas de material vegetal em :empos pretéritos, que possibilitaram a formação dos carvões minerais, como a hulha e a 3.Titracita. Rochas Metamórficas Rochas metamórficas são rochas resultantes do metamorfismo ou de transformações 'e outras rochas pré-existentes, sejam elas rochas ígneas, sedimentares ou mesmo outra :-ocha metamórfica. Apesar de serem as rochas ígneas e sedimentares também resultantes ~e " transformações" de rochas pré-existentes, nas metamórficas estas tranformações ~ rocessam-se no estado sólido, diferentemente das ígneas e sedimentares, cujas :ransformações" são precedidas da destruição das rochas pré-existentes. Assim, as -ochas metamórficas são efetivamente caracterizadas por uma metamorfose, ou seja, uma PEDOLOGIA .... 11 li li 180 MAURÍCIO P. F. FONTES mudança em que não existe perda da natureza da matéria, porque não há destruição da rocha. O processo geológico responsável por sua formação é denominado metamorfismo, processo este que pode levar a rocha a sofrer alterações apenas físicas, como crescimento de cristais, ocasionando novas texturas; pode levar a alterações químicas mais intensas, como o surgimento de novos minerais, ou, finalmente, pode levar a alterações profundas, como o aparecimento de novas texturas e novos minerais, pela atuação conjunta de alterações físicas e químicas. As rochas metamórficas ocupam posição destacada nos afloramentos importantes que aparecem no território brasileiro. Além disto, são rochas desta classe que são encontradas em grande quaI).tidade no embasamento cristalino, sobre o qual repousam todas as demais formações geológicas do continente. O estudo destas rochas é dificultado pela complexidade apresentada pelo conjunto de seus representantes, em virtude dos múltiplos agentes que influem no metamorfismo, como temperatura, pressão e atuação de fluidos. Complexidade esta que é, às vezes, aumentada por processos como o metassomatismo, que é um caso especial de metamorfismo, no qual os líquidos e gases exercem papel importante. Em geral, este é um processo que preserva as texturas originais das rochas, preservando, com isto, as formas e os tamanhos dos minerais originais. Transformação importante em algumas rochas, por exemplo, é a metassomatização dos feldspatos que, algumas vezes, aparecem totalmente pseudomorfizados em caulinita na rocha metamorfoseada. O metamorfismo deste tipo, em geral, está restrito às imediações de um corpo intrusivo, que fornece os fluidos capazes de provocar a metassomatização das rochas; 'encaixantes. Os principais fatores que influem nas características finais das rochas metamórficas são o tipo de rocha original que sofre o metamorfismo e a espécie e grau de metamorfismos envolvidos no processo. Uma das maneiras de estudar as rochas metamórficas é agrupá- las em classes químicas, que são dependentes,principalmente, da composição mineralógica das rochas de origem. Dentro das classes químicas, os principais exemplos de rochas metamórficas passam a depender também da espécie e do grau de metamorfismo (Quadro 2). Quadro 2. Classificação das rochas metamórficas com os mais importantes exemplos · ROCHAS DE ORIGEM Granitos, arenitos e quartzitos Argilitos, siltitos e folhelhos Calcários e dolomitos Basaltos, gabros e dioritos Peridotitos e serpentinitos Sedimentos ferruginosos Fonte: Dorofeeff (1961). CLASSES QUÍMICAS EXEMPLOS Quartzo-Feldspáticas Gnaísses e quartzitos Aluminosas Ardósia, filito e micaxisto Carbonatadas Mármore, escarmíto e tactito Básicas A1úibolitos e metabasitos Magnesianas Talcoxisto, esteatito e talcito Ferruginosas ltabiritos e martita-quartzito PEDOLOGIA Ass · i dá-se pel~ do tipo siJ brando, o que é um Uma sua estru também e metamórf produzirn em forma chamada 1 minerais l desenvoh Assir metamórf suas peet entendim, do intemi: Usua A atuação los e indiv tem UIDCl lntemJ Oinb tamanhos mineralóg passando primáriosj individua; OintJ englobar tJ Intempj InteJ noturnas 1 VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 181 Assim, dentro de algumas classes químicas, a diferenciação das rochas metamórficas - =-se pelo grau de metamorfismo. Por exemplo, a partir de uma mesma rocha de origem · o siltito ou argilito, pode-se originar a ardósia, que é uma rocha de intemperismo o, ou o filito, uma rocha de metamorfismo intermediário, ou, ainda, o micaxisto, _ .:e é uma rocha de metamorfismo intenso. ·ma característica importante das rochas metamórficas que deve ser enfatizada é a =-~ estrutura. Por serem comuns as ocorrências de pressões orientadas ou dirigidas, -oo bém conhecidas como pressões cisalhantes, existe tendência geral de que a rocha =.--eramórfica tenha uma orientação preferencial 'Ôe seus minerais passíveis de orientação, : uzindo foliações de diversos tipos. Rochas nas quais a foliação é função dos minerais _ fo rma de placa (micas, cloritas, etc.) ou prismáticos (anfibólios) desenvolvem a :....-.amada estrutura xistosa, ao passo que rochas nas quais existe, além da orientação dos ::-; erais placoides ou prismáticos, uma segregação entre os minerais claros e escuros, -= 3 envolvem a chamada estrutura gnáissica. Assim, foram apresentadas as rochas magmáticas ou ígneas, sedimentares e -etamórficas e suas características relevantes para o intemperismo. O conhecimento de :=õcla peculiaridades, apesar de que em forma bastante resumida, faz com que o ...... endimento de sua natureza mell;mre a capacidade de predição de como será a atuação io intemperismo nestes materiais no ambiente solo. TIPOS DE INTEMPERISMO Usualmente, são reconhecidos três tipos de intemperismo: físico, químico e biológico. _.\ a tuação conjunta destas três formas de intemperismo faz com que seja difícil separá- -º e individualizar os seus efeitos co:mpletamente. Assim, esta divisão entre esses tipos :em um cunho mais didático, servindo para simplificar o seu estudo. Intemperismo Físico O intemperismo físico é aquele que faz com que a rocha original desintegre-se em :amanhos menores, sem que haja mudança apreciável em sua composição química ou ~· eralógica. Teoricamente, uma rocha pode ser subdividida em tamanhos menores, _ ando por matacões, calhaus, cascalhos, do que se tem um conjunto de minerais ::Timários, e atingir o tamanho das frações areia e silte, do que se têm minerais primários, dividualizados apenas por processos de quebra física. O intemperismo físico pode ser subdividido em termal e mecânico e caracteriza-se por 2n0Iobar todos os processos que promovem os esforços suficientes para quebrar as rochas. Intemperismo Físico-Termal Intemperismo físico termal é aquele que se caracteriza pelas flutuações diurnas e :--oturnas de temperatura, que provocam a fratura superficial ou a desintegração dos PEDOLOGIA 182 MAURÍCIO P. F. FONTES grãos das rochas (Blackwelder, 1933) . Em tese, cada vez que a temperatura eleva-se, os minerais componentes das rochas expandem-se, para, em seguida, contraírem-se, em virtude da diminuição da temperatura . Como diferentes minerais têm diferentes coeficientes de dilatação volumétrica, eles expandem e contraem sob diferentes taxas, o que faz com que, com o tempo, os esforços produzidos sejam suficientes para enfraquecer as ligações entre os minerais e, eventualmente, provocar a ruptura da rocha. Figura 2. Basalto fraturado ou diaclasado pelo intemperismo físico. Fonte: Cortesia Prof. J. C. Ker. Características das rochas que influem neste tipo de intemperismo são a composição mineral, a textura e a cor. A composição mineral influi, fazendo com que rochas que têm maior número de minerais sejam mais susceptíveis a este intemperismo. Uma rocha ígnea com diversos minerais primários, como quartzo, feldspato e micas, por exemplo, sofrerá muito maior influência do intemperismo físico termal, comparada com um argilito, no qual os processos de expansão e contração atuarão basicamente apenas sobre um tipo de mineral, essencialmente em bloco, não causando rupturas . A textura é outro fator importante, pois minerais maiores se expandem e se contraem com mais intensidade e, com isto, rochas mais grosseiras têm maior possibilidade de desintegração. O granito, rocha fanerítica, será mais facilmente atacado pelo intemperismo físico-termal que seu correspondente afanítico, riolito. A cor é também característica que influi na atuação do intemperismo termal, observando-se que rochas mais escuras sofrem mais este tipo d e intemperismo, comparadas com rochas claras. A radiação solar que atinge uma rocha escura é totalmente absorvida e transformada em calor, ao passo que a mesma radiação, atingindo uma rocha clara, tem boa parte refletida, não produzindo energia calorífica . PEDOLOGIA Assim,r atacadai Intem1 EstE mecânic mecânic . Ex da super confinan A libera caracteri locais on · Cc parades: ordem d( suficienb o suficier para fra i temperat . Cr: e, a parti cristaliza interna e tenhamc vezes, a quebras ( Intemp Oin1 da rocha química e formado1 individu; reações q Principai • Água A ág atuando maioria c VI - INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 183 Assim, rochas melanocráticas, ou seja, as rochas máficas, em geral, são mais intensamente atacadas que as rochas leucocráticas ou félsicas . Intemperismo Físico Mecânico Este é um tipo de intemperismo no qual são considerados quaisquer esforços mecânicos que levam à fragmentação da rocha. Exemplos importantes destas forças mecânicas são: · Exposição superficial da rocha: os blocos de rochas, quando estão ainda debaixo da superfície da crosta terrestre, onde foram formados, estão sujeitos a grandes pressões confinantes, que são liberadas quando estas rochas são expostas à superfície pela erosão. A liberação da pressão na parte superficial do bloco de rochas leva à sua ruptura, caracterizando-se um intemperismo físico mecânico importante, principalmente nos locais onde as temperaturas não permitem o congelamento/ fusão da água. · Congelamento/fusão da água: a água, ao se congelar, pode gerar pressão suficiente para desintegrar a maioria das rochas. Com o congelamento, ela aumenta de volume d a ordem de 9 % , ao passar da forma líquida para a sólida (gelo). Assim, onde exista umidade suficiente para que a água_penetre em frestas e poros das rochas e a temperatura diminua o suficiente para seu congelamento, a's pressões internas criadas são grandes o suficiente para fragmentar a rocha. Este processo pode ser mais eficiente em ambientes onde a temperatu,ra flutue em torno· de O ºC várias vezes ao ano.· Cristalização de sais: soluções salinas podem penetrar em fendas e poros em rochas e, a partir daí, fragmentá-la por diferentes maneiras. A primeira e mais comum é a cristalização do sal dissolvido nesta solução, com o consequente aumento da pressão interna e posterior quebra da rocha. Outra maneira é a expansão térmica dos sais que tenham coeficientes de expansão maiores que aqueles das rochas mais comuns. Algumas vezes, a própria hidratação· de sais cristalizados pode provocar expansão e causar quebras e rupturas nas rochas (Birkeland, 1999) . Intemperismo Químico O intemperismo químico é aquele no qual a composição química e, ou, mineralógica da rocha original sofre mudanças marcantes. Ele é caracterizado por uma transformação química dos minerais primários, oriundos da rocha original, para minerais secundários, formados pelo intemperismo. Esta transformação química realiza-se por meio da ação individualizada ou conjunta dos agentes do intemperismo, por meio de uma série d e reações químicas inerentes ao processo. Principais Agentes do Intemperismo Químico • Água A água é, sem sombra de dúvida, o principal agente do intemperismo químico, atuando de duas maneiras principais. Primeiramente, a água atua como solvente da maioria das reações que se processam no ambiente do intemperismo, sendo conhecida, '-- - \ PEDOLOGIA 1 ••• i 1 11 1 t 1: ·, 1, 'i 184 MAURÍCIO P. F. FONTES por isto, como solvente universal. Outra atuação importante da água é como reagente em uma das principais reações do intemperismo. A água pode também carregar agentes químicos, tais como exsuda tos de raízes e prótons (H+), que podem promover a quelatação e acidificação do meio, aumentando a taxa de intemperismo. Além de tudo isto, a água é o meio de transporte e retirada dos produtos do intemperismo, pois os elementos solubilizados e solvatados durante o processo de intemperismo são por ela removidos dos locais de reação, e lixiviados do perfil e carregados pelas águas para os riachos, ribeirões e rios até os oceanos . Como solvente universal e participante da maioria das reações do intemperismo, a água começa a sua atuação ao chegar ao solo na forma de chuva. Neste momento, provavelmente, ela apresenta um pH neutro, mas em sua descid,a para a terra, ela passa pela atmosfera, o que faz com que seja alterada pelos gases nela contidos. Esta interferência dos gases é importante para o intemperismo e será abordada mais à frente. • Temperatura ) . A temperatura influencia a velocidade das reações químicas. Praticamente, todas as reaçõe5:isão acel~.r.adas quando a temperatura é aumentada. Existe uma regra consensual de qm:1 reações que não são instantâneas sofrem um acréscimo de 2 a 3 vezes em sua velocidade com o aumento de 10 ºC da_temperatura. Assim sendo, a temperatura torna-se importante agente do intemperismo químico, pois'atua em todas as suas reações, de maneira generalizada, aumentando a velocidade, à medida que aumenta a temperatura média do ambiente onde ocorre o intemperismo. Além do efeito direto, a temperatura influencia indiretamente algumas reações, pois maiores temperaturas promovem maior dissociação da água, fazendo com que a concentração hidrogeniônica aumente e a reação seja mais intensa. • Gases Os gases desempenham papel importante no intemperismo químico, participando da composição química da água da chuva e tendo participação essencial em algumas reações químicas, especialmente a oxidação. O principal gás que se combina com a água, quando a chuva passa pela atmosfera, é o C02, que faz com que o pH final da água da chuva seja ligeiramente ácido, de acordo com as seguintes reações : H 2C03 ~ H+ + HCOt HC031- 4 H + + cot A dissolução do gás carbônico na água de chuva faz com que seja formado o ácido carbônico, que é um ácido fraco, cuja primeira constante de dissociação ácida (K.) é igual a 4,37 xl0-7. Com os equilíbrios atingidos e com pressão de C02 na atmosfera igual a 0,03 %, calcula-se o pH da água de chuva em aproximadamente 5,65, nas condições atmosféricas usualmente encontradas na Terra. PEDOLOGIA c • c VI - INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 185 Atmosferas mais poluídas, que apresentam gases como S02, S03' N02, dentre outros, podem manifestar o fenômeno conhecido como chuva ácida, pois, por equilíbrios emelhantes, serão formados ácidos, tais como: H 2S04 (K. = 10+3), H 2S03 (K. = 1,3 x 10-2), 0 3 (K. = 3,98 x 10-2), dentre outros, que, por serem ácidos fortes, provocarão maior concentração de H+ proveniente de suas dissociações ácidas e um consequente decréscimo muito maior do pH. Nestas situações, o intemperismo químico pode ser muito intensificado pela chuva ácida. Mas, em geral, as condições mais frequentemente encontradas nos mais diversos ambientes terrestres são aquelas nas quais as águas da chuva têm apenas o C02 nela dissolvido. Estas condições fazem com que o abaixamento de pH provocado seja apenas suficiente para tornar a água da chuva mais ativa, em termos de atuação no intemperismo. Outro gás importante no intemperismo químico é o 0 2, pela sua abundância e pela forma química com que aparece na atmosfera. O elemento oxigênio é o segundo mais eletronegativo da tabela periódica e ocorre, na atmosfera, na forma molecular 0 2 com os dois átomos ligados por duas ligações covalentes. A sua configuração eletrônica é ls22s22p4, com dois de seus três orbitais p ocupados com um elétron cada. Então, o oxigênio pode completar O-Octeto de elétrons em sua camada externa de valência pela aquisição de dois elétrons e a formação do ânion 0 2-. Esta característica faz dele um elemento ávido por receber elétrons, sendo por isto conhecido corri.ó ,ireceptor universal de elétrons" e participante da maioria das-reações de oxidação que ocorrem naturalmente na superfície da crosta terrestre. / I Principais Réações do Intemperismo Químico As principais reações do intemperismo que promovem a alteração química e, consequentemente, alteração estrutural e mineralógica dos minerais são a dissolução, a hidrólise e a oxidação. Estas reações podem ser caracterizadas por serem congruentes ou incongruentes. Congruente é aque~a na qual a reação processa-se e o mineral é completamente dissolvido ou solubilizado, enquanto incongruente é aquela na qual algum ou todos os íons liberados na reação precipitam-se formando novos minerais. No intemperismo, em se tratando de uma reação incongruente de um mineral, a quantidade de substâncias em solução não corresponde à fórmula do mineral que está sendo intemperizado. • Dissolução Normalmente, a dissolução caracteriza-se por ser uma reação congruente. Sais como NaCl, CaS04 e CaC03 são exemplos de minerais dissolvidos completamente pela água, como pode ser visto pelas reações: NaCl => Na+ + CI- CaSO => Ca2+ + SO 2-4 4 CaC03 => Ca2+ + COt CaC03 + C02 + Hp => Ca2+ + 2HCOt PEDOLOGIA 1 .... '. )1 : li 'I , , : 1 11 186 MAURÍCIO P. F. FONTES A dissolução congruente dos carbonatos, especialmente os de Ca, é uma reação que pode acontecer pela capacidade que tem o carbonato de ser dissolvido pela água, ou a reação pode ser acelerada pela presença do C02 dissolvido na água da chuva, algumas vezes chamada de" carbonatação". Esta dissolução das rochas calcárias produz exemplos notáveis de depressões circulares fechadas, características dos relevos cársticos em várias regiões do Brasil. Nestas regiões, os solos formados das rochas calcárias, na maioria das condições brasileiras, estarão diretamente relacionados com as impurezas da rocha, pois os carbonatos serão, em princípio, completamente solubilizado? e lixiviados pelas águas percolantes. Observa-se que, em cadga unia das reações de dissolução, a es tequiometria molar dos componentes do.mineral reagente é igual à estequiometria das fases solúveis, caracterizando-se uma reação congruente, neste caso, uma dissolução c?ngruente. '--, A hidrólise é l,\ma reação química na qual os reagentes são o H + ou a OH-, provenientes . da quebra ou ionização da molécula da água. Ela é, sem dúvida, a mais importante reação de alteração dos minerais silicatados, principalmente dos feldspatos. A hidrólise é influenciada pela dissolução do C02 nas águas das chuvas, que faz com que a atuação desta reação seja mais intensa pelo aumento de concentração protônica na água. Nas regiões onde ocorrem as chuvas ácidas, esta r: ação atua muito mais intensamente. A hidrólise pode ser congruente, quando todos os produtos são solúveis, como na reação de alteração do diopsídio e da forsterita: CaMgSi20 6 + 2H+ + 20H+ 4H+ => Ca 2+ + Mg2+ + 2H4Si0/ (diopsídio) Mg SiO + 4H+ + 40H => 2Mg2+ + 40H + H SiO 0 2 4 4 4 (forsterita) O formato H+OH é consistentemente utilizado para indicar que a dissociação de moléculas de água é que produz os reagentes que dão nome a esta reação . As formas iônicas de Ca e Mg indicam que estes elementos estão na forma solúvel, assim como a forma H4Si0/ indica a presença da sílica solúvel como produto da reação. A presença de prótons é também importante e sua principal fonte é a dissociação do C02 atmosférico em água, como já abordado, mas outras possíveis fontes de H+ são a hidrólise do Ale do Fe, produzidos durante o próprio intemperismo, e uma grande variedade de ácidos orgânicos, produzidos na área de influência da biosfera. A hidrólise pode ser uma reação incongruente quando, entre os produtos da reação, são formados novos minerais. Talvez esta seja uma das principais reações do intemperismo químico, com diversos e variados exemplos. Destaca-se como uma das mais importantes reações do intemperismo a reação de hidrólise dos feldspatos, em geral, especialmente a dos potássicos, como mostrado a seguir: PEDOLOGIA (f parte d sofrerá produt Es norma elevad maisv 1972; alumi VI - INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 187 5KA1Sip8 + 16H+ + 160H + 4H+ ~ KA14 (Si7Al)020(0H)4 + 8H4Si0/ + 4K+ (feldspato-K) (vermiculita dioctaedral) esta reação, o feldspato potássico é o reagente que, por hidrólise incongruente, ~ra produtos como o K+ e a sílica solúvel, mas gera também a vermiculita dioctaedral mineral secundário silicatado do tipo 2:1. Esta reação acontece quando as condições · e intemperismo são menos intensas e, ou, em um meio no qual a drenagem não é forte o _uficiente para retirar do sistema os produtos solúveis, o que faz com que a formação de minerais secundários 2:1 seja favorecida. Em condições mais intensas de intemperismo e drenagem mais eficiente, uma maior arte da sílica solúvel e todo o K+ podem ser removidos do sistema, e o feldspato potássico ::ofrerá a seguinte reação: 2KA1Sip8 + 9H+ + 90H- + 2H+ ~ Al2Si20 5(0H) 4 + 4H4Si0/ + 2K+ (feldspato-K) ( caulinita) esta reação, o principal produto da'hidrólise incongruente é a caulinita, um dos m ais importantes minerais secundários silicatados para os solos brasileiros, especialmente os Latossolos e Argissolos. Este mineral tende a predominar amplamente na fração argilá da grande maioria dos solos em nosso País (Curi & Franzmeier, 1984, 1987; Fontes & Weed, 1991; Fernandes, 2000; Melo et al., 2001a; Coelho & Vidal-Torrado, _003; Kampf & Curi, 2003; Correa et al., 2008a). Em condições ainda mais intensas de intemperismo, a caulinita pode passar de produto a reagente e sua hidrólise obedecerá à reação: Al2Si20 5(0H) 4 + SH+ + 50H ~ 2Al(OH)3 + 2H4Si0/ ( caulinita) (gibbsita) Este é um dos estádios finais de intemperismo, com a formação da gibbsita, o que, normalmente, ocorre em condições de substanciais taxas de precipitação pluvial e elevadas temperaturas, por longos períodos de tempo, sendo característica dos solos mais velhos da Terra. Esta situação é bem tipificada nos Latossolos argilosos das chapadas do Planalto Central Brasileiro. Outra possibilidade de formação da gibbsita, na qual a hidrólise desempenha papel essencial, é a alteração ou decomposição dos feldspatos diretamente a gibbsita (Gardner, 1972; Lodding, 1972; Bhattacharyya, 2000). A reação com um dos feldspatos mais aluminosos, o plagioclásio cálcico, é exemplificada a seguir: CaAl2Sip8 + 6H+ + 60H + 2H+ ~ 2Al(OH)3 + 2H4Si0/ + Ca++ (plagioclásio-Ca) (gibbsita) PEDOLOGIA ' / \ / ',,.--- 'J f 1 1 ~ l ) 188 MAURÍCIO P. F. FONTES Normalmente, esta reação ocorre em zonas de alteração ou saprólito e sob regime forte de intemperismo, como é o caso das regiões úmidas e ambientes muito bem drenados. Esta é uma importante reação na formação de bauxitas, especialmente as do Sudeste e Sul do Brasil, formadas a partir do intemperismo de rochas ígneas e metamórficas, sob condições de altas temperaturas e altas precipitações pluviométricas (Beissner et al., 1997; Formoso et al., 1997; Oliveira & Toledo, 1997; Schulmann et al., 1997; Sigolo & Boulangé, 1997) • Oxidação A oxidação é a reação na qual um dos reagentes perde elétrons e, por ~onsequência, outro reagente tem de ganhar elétrons. Nas condições de intemperismo prevalecentes na superfície da terra, o 0 2 atmosférico está sempre presente e, pelo seu comportamento, está sempre apto a receber elétrons para completar o octeto em sua última camada eletrônica. Assim, a oxidação, em termos de reação do intemperismo, pode ser definida como uma reação entre diferentes elementos químicos e o oxigênio. O resultado final da reação é a remoção de um ou mais elétrons de um elemento formador do mineral, causando a sua instabilidade estrutural. Assim, como o O é o receptor universal de elétrons, o Fe é o elemento mais comum~nte' envolvido nas reações de oxidação como o elemento doador 1 de elétrons. Esta é uma reação de relevâ.ncia no intemperismo dos minerais ", ferromagnesianos, gerando minerais secundários importantes. Normalmente, a reação de oxidaqâo que altera os principais minerais primários é precedida pela hidrólise, o que leva à denominação comum de reação hidrolítica e oxidativa na alteração dos minerais ferromagnesianos. Pela presença do Fe, que é extremamente insolúvel nas condições normais de intemperismo, a reação de oxidação é usualmente uma reação incongruente, conforme o exemplo de reação da faialita, mineral membro terminal da série isomórfica das olivinas, constituída apenas por Fe: Fe SiO + nÁ+ => 2~2+ + H SiO º 2 4 r-1 7e 4 4 Fe2Si04 + 1/2 0 2 + 2H20 => Fe20 3 + H4Si0/ (faialita) (hematita) Inicialmente, tem-se a reação de hidrólise na qual a faialita é alterada, liberando o Fe em sua forma reduzida e sílica solúvel. Posteriormente, o Fe 2+ é oxidado na presença da água, originando a hematita. A reação final tem, então, como reagentes, a faialita e o O molecular (02), dando, como produtos finais, a hematita, um dos principais óxidos de Fe dos solos tropicais, e a sílica solúvel, que pode ser lixiviada ou participar da formação de minerais secundários silicatados. Outro exemplo importante, apenas um pouco mais complexo, é a hidrólise e oxidação da biotita, nas condições mais intensas de intemperismo tropical. PEDOLOGIA 1 2KQ 2K(Mgz (mi A reação secund pseudc nasqm deste l respect 2 % de • horizor Jr., 200! A tropica Estes m & Fran Correa óxidos adsorvi Cd,Cu: óxidos agregac granule Intem O i desde 1: alteraçÊ como e~ mais es1 As ser ativ: crescin1, As organis nutrien extrusã aument uma da VI - INTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 189 2K(Mgle) Si3AI010(0H)2 + Hp + 14H+ => Al2Sip5(0H)4 + 4H4Si0/ + 2K+ + 4Mg2• + ~ · re2• + 1/2 0 2 + H 20 => 2Fe00H +Jr 2K(Mgle) S~Al010(0H\ + 112 0 2+ ~O+ 13ff => Al2Sip s(OH\ + 2Fe00H + 4H4Si0/ + 2K+ + 4Mg2• (mica biotita) ( caulinita) (goethita) A reação de intemperização da biotita, que engloba hidrólise e oxidação, é uma reação incongruente, pois ela é responsável pela formaçãor de importantes minerais secundários, como caulinita e goethita . A presença de caulinita sob a forma de pseudomorfos de biotita não é incomum em horizontes C de solos derivados de rochas, nas quais a biotita estav a originalmente presente. A coloração amarelada ou avermelhada deste horizonte indicará se o óxido de Fe formado foi a goethita ou a hematita, respectivamente, devendo ser ressaltado que, por seu poder pigmentante, apenas de 1 a 2 % de hematita de tamanho pequeno é suficiente para dar tonalidade avermelhada aos horizontes dos solos (Scheffer et al., 1958; Resende, 1976; Fontes, 1988; Fontes & Carvalho Jr ., 2005) . A reação de oxidação é de importância singular no intemperismo das regiões tropicais, por ser respOF1sáv el pela ,formação do par de óxidos de Fe hematita-goethita. Estes minerais são típicos da fração argila da grar1de maioria dos solos brasileiros (Curi & Franzmeier, 1984, 1987;,Fontes & Weed, 1991; Fernandes, 2000; Melo et al., 2001b; Correa et al., 2008b) e responsáveis por diversos atributos por eles apresentados . Os óxidos áe Fe possuem superfície específica alta e, por sua natureza química, podem adsorver ânions, como fosfatos ou arsenatos, ou podem adsorver metais pesados, como Cd, Cu, Ni, Zn, Pb etc., o que os torna de muita importância agrícola e ambiental. Os óxidos de ferro também influem na estrutura dos solos, ajudando na formação de agregados pequenos e extremamente estáveis, como na estrutura forte muito pequena granular(" pó de café) dos Latossolos brasileiros. · Intemperismo Biológico O intemperismo biológico é aquele em que os organismos vivos, que podem variar d esde bactérias e fungos até plantas superiores e animais . As ações de quebra ou de al teração de minerais e rochas pelos organismos podem ser físicas ou químicas, mas, como elas são provenientes da ação dos organismos, pode-se diferenciar adicionalmente mais este tipo d e intemperismo. As ações físicas de quebra de minerais e rochas são de natureza mecânica e podem er ativadas pelo simples fracionamento de par tículas, por pequenos animais, ou pelo crescimento e penetração de raízes em fendas de solos e rochas, provocando sua ruptura. As ações químicas de alteração de minerais e rochas são variadas. A respiração dos organismos produz C02, que se dissolve na água,. diminuindo seu pH. A absorção de n utrientes básicos, na forma de metais alcalinos e alcalino-terrosos, com consequente extrusão de prótons, também provoca diminuição do pH. Todas estas são ações que aumentam a concentração de H· no meio, intensificando a atuação da hidrólise, que é uma das principais reações do intemperismo químico . PE DO L OGIA ... 11 li 190 MAURÍCIO P. F. FONTES Importante ação biológica dá-se pelo fenômeno da quelatação, responsável por considerável intemperismo de minerais e rochas. Quelatação é um processo biológico no qual os organismos produzem substâncias conhecidas como quelatos, que têm a habilidade de aprisionar cátions metálicos por uma ou mais de suas ligações químicas. Esta capacidade de agarrar os cátions metálicos faz com que eles possam ser mais facilmente removidos da estrutura cristalina, tornando os minerais e rochas mais fáceis de decompor. Dados da literatura mostram que os liquens excretam agentes quelantes e que estes são responsáveis por extensiva alteração das rochas em que eles estão instalados (Schatz, 1963; Jackson & Keller, 1970). Outra forma importante de ação química provocada por organismos, caracterizando o intemperismo biológico, é a que acontece nas florestas de coníferas, prir1cipalmente de climas temperados e frios. Nesta situação, a liteira caracteriza-se por uma decomposição incompleta da matéria orgânica, produzindo quantidades grandes de ácidos orgânicos, que promoverão uma acidez elevada. Esta acidez solubiliza praticamente todos os minerais primários, deixando apenas aqueles muito resistentes ao intemperismo, principalmente, o quartzo. A reação química é, às vezes, chamada de acidólise e é característica da formação dos solos classificados como Espodossolos. Em ambientes tropicais brasileiros, processos similares ocorrem nas ár~ils,de restinga, em áreas próximas ao rio Negro (Amazônia) e, possivelmente, no rio Taquari (Pantanal) e em áreas altimontanas. I SUSCEPTIBILIDADE DAS ROCHAS AO INTEMPERISMO As rochas sofrem intemperismo em diferentes velocidades e a variação de sua resistência ao intemperismo depende de certas características, ou atributos, que as tomam mais ou menos susceptíveis aos ataques intempéricos. Atributos importantes na susceptibilidade das rochas ao intemperismo são: composição mineralógica, cor, textura e estrutura. Ver definição e discussão destes atributos no início do capítulo, no item 2.1. • Composição mineralógica Os minerais variam em sua resistência ao intemperismo, alguns se intemperizam muito rapidamente (103 anos), enquanto outros o fazem bem devagar (10 5 a 106 anos) de modo que persistem por vários ciclos sedimentares (Nahon, 1991; Birkeland, 1999). A resistência dos minerais ao intemperismo depende, essencialmente, da composição química, tamanho e estrutura. Goldich (1938) demonstrou que os minerais primários formadores de rochas mais comuns e de tamanho de areia e silte exibem diferentes graus de estabilidade. Ele concluiu que olivina intemperiza-se muito facilmente e que sua taxa de decomposição é maior do que a de qualquer outro mineral silicatado ferromagnesiano. Augi ta (piroxênio), relativamente mais estável que olivina, decompõe- se mais rapidamente que hornblenda, que, por sua ve'z, é mais estável que biotita. Feldspatos potássicos são mais resistentes que plagioclásios cálcio-sádicos e, dentre estes, plagioclásio sódico é o mais resistente. Dos silicatos de AI, a muscovita tende a ser a mais resistente ao intemperismo. Ainda de acordo comGoldich (1938), como grupo, os minerais máficos PEDOLOGIA 1 são me os mim ao inte_ Ofü Figura ~ Fonte: G A, as sérit domai A! por Gc intemr estávei enquai de inti compo primeF estruh: por últ existar mais fc A da fra1 (Quad VI - lNTEMPERISMO DE R OCHAS E MINERAIS 191 - -o menos estáveis que os minerais félsicos e, por esta razão, torna-se-ia evidente que - minerais deveriam ser arranjados em duas séries, em ordem de estabilidade frente "'º intemperismo (Figura 3). Olivina Augita Hornblenda Biotita Plagioclásio Ca Plagioclásio Ca-Na Plagioclásio Na-Ca Plagioclásio -Na Feldspato-K Musco vi ta Qu~rtzo Rgura 3. Série de estabilidade dos minerais frente ao intemperismo: Fonte: Goldich (1938). · Menos estável Mais estável Aos petrologistas da época ficou evidente a semelhança do arranjo desta tabela com séries de reações contínuas e descontínuas, de cristalização dos minerais primários o magma, apresentadas por Bowen (1922, 1928). Assim, a sequência dé estabilidade dos minerais frente ao intemperismo, proposta : r Goldich, postula que os primeiros minerais formados são os mais susceptíveis ao ·~temperismo, enquanto os últimos a se formarem são os mais resistentes. Os menos ._:; áYeis frente ao intemperismo são os primeiros a desaparecer das frações areia e silte, uanto os mais resistentes tendem a permanecer, mesmo em níveis bastante intensos ~e intemperismo. A razão deste comportamento está fundamentalmente ligada à - mposição química e estrutura dos minerais primários. Os minerais que se formam "?rim-eiro cristalizam-se sob condições magmáticas de maior riqueza em metais e sua _trutura tem, então,maior número de ligações de caráter iônico. Aqueles que se formam : r último cristalizam-se de soluções magmáticas mais ricas em Si e O, fazendo com que · am maior polimerização dos tetraedros de Si e maior número de ligações de caráter :::tais for temente covalente. sequência de estabilidade frente ao intemperismo para minerais do tamanho .; a fração argila foi proposta por Jackson e colaboradores e consta de 13 estádios adro 3). PEDOLOGIA 192 MAURÍCIO P. F. F ONTES Quadro 3. Classificação das rochas metamórficas com os mais importantes exemplos 1 2 3 4 5 6 7 8 Gesso (também halita, nitrato de sódio, cloreto de amônia, sulfato de sódio, etc.) Calcita (também dolomita, aragonita, apatita, etc.) Olivina-hornblenda (também piroxênios, diopsídio, etc.) Biotita (também glauconita, clorita, antigorita, nonhonita, etc.) Albita (também anortita, microclínio, estilbita, etc.) Quartzo (também cristobalita, etc.) Ilita (também muscovita, sericita, etc.) Intermediários hidratados de mica ou vermiculita 9 Montmorilonita (também beidelita, etc.) 10 Caulinita (também haloisita, etc.) 11 Gibbsita (também bohemita, etc.) 12 Hematita (também goethita, etc.) 13 Anatásio (também rutilo, ilmenita, coríndon, etc.) Fonte: Jackson et al. (1948); Jackson & Sherrnan (1953); Jackson (1965, 1968). Quando em tamanho muito pequeno, os minerais primários têm uma estabilidade muito menor. Mesmo o quartzo e a muscovita, extremamente resistentes ao intemperismo nas frações silte e areia, tornam-se mais facilmente intemperizáveis do que todos os minerais secundários na fração argila. Daí a dificuldade de encontrar-se estes minerais, nesta fração, na maioria dos solos. Ainda assim, é mais fácil encontrar ili ta ou muscovita na fração argila de alguns solos, pois, nesta fração, o quartzo e a muscovita trocam de lugar na sequência de estabilidade, com o quartzo tornando-se menos resistente ao intemperismo que a muscovita e os minerais a ela assemelhados. Outro ponto interessante na discussão da sequência de estabilidade dos minerais da fração argila frente ao intemperismo diz respeito a uma discordância com relação à presença dos plagioclásios cálcicas nesta sequência. Jackson et al. (1948) e Jackson & Sherman (1953) colocam a anortita (plagioclásio cálcico - CaA12Si20 8) como um dos minerais do estádio 5 da sequência, junto com albita (NaAl Si:,08) e microclínio (KA1Sip8) . Contudo, Jackson (1965) já não registra a presença da anortita, citando apenas os minerais albita e microclínio no estádio 5 de sua sequência de estabilidade. Mais tarde, Jackson (1968) faz menção genérica a plagioclásio, mas não especifica se é cálcico ou sódico, duas possibilidades plausíveis. Seguindo a lógica do que foi discutido até agora, esperar-se-ia a presença dos plagioclásios cálcicas logo após a olivina-hornblenda e antes mesmo da biotita, pela grande susceptibilidade destes minerais frente ao intemperismo. A conciliação dos preceitos estabelecidos por Bowen (1922, 1928), Goldich (1938) e Jackson e seus colaboradores (Jackson et al., 1948; Jackson & Sherman, 1953; Jackson, 1965; Jackson, 1968), com a introdução do plagioclásio cálcico (anortita) na sequência de P EDO LOGIA • ! mtemp, apreser capacid do inter De ou mais em alta.1 Por out minerai félsicos Prin; a se cris- Ú1tiJ a se crist Figura 4. 192'. fraç Fonte: DE A I" predize VI - INTEMPERISMO DE R OCHAS E MINERAIS 193 intemperismo dos minerais da fração argila, é apresentada na figura 4. Esta forma de apresentar estas diferentes correntes de pensamento permite aumentar em muito a capacidade de predição de como a maioria das rochas e minerais responderão à atuação do intemperismo. De acordo com os conceitos de Bowen, rochas provenientes de magmas mais escuros, ou mais pobres em Si02 formarão maiores quantidades de minerais que se cristalizarão em altas temperaturas e serão mais ricas em minerais máficos e plagioclásios cálcicas. Por outro lado, rochas provenientes de magmas mais claros terão maior quantidade de minerais que se cristalizarão em temperaturas mais baixas e serão mais ricas em minerais fél sicos. BOWEN GOLDICH JACKSON Gesso Calcita Primeiros a se cristalizar Último a se cristalizar Menos estável Menos estável l ·t ]--------• Olivina-hornblenda u:o:nblcnd Mais estável Plagioclásio-Ca ~ Anortita ,---------- Biotita Plagioclásio-Na}----- Albita-Microclínio Feldspato-K Muscovita ~ Quartzo Quartzo ---------.. Muscovita Vermiculita Montmorilonita Caulinita Gibbsita Hematita Anatásio Mais estável Figura 4. Séries de reações contínuas e descontínuas de cristalização dos minerais do magma (Bowen, 1922, 1928), série de estabilidade dos minerais das frações areia e silte (Goldich, 1938) e da fração argila Oackson, 1968) frente ao intemperismo. fonte: Desenvolvido a partir de Buol et ai., 1981 e Essington, 2004. Aliando estas informações com a sequência de estabilidade de Goldich, pode-se ?redizer a relativa estabilidade das rochas frente ao intemperismo. Rochas magmáticas PEDOLOGIA li li 194 MAURÍCIO P. F. FONTES ou ígneas semelhantes em suas texturas e estruturas, mas com maior quantidade de minerais primários facilmente intemperizáveis, minerais máficos, decompor-se-ão mais rapidamente do que aquelas com maior quantidade de minerais primários resistentes ao intemperismo, os minerais félsicos. Por exemplo, o gabro intemperizar-se-á mais rapidamente que o granito, assim como o basalto (equivalente afanítico do gabro) intemperizar-se-á mais rapidamente que o riolito (equivalente afanítico do granito), tudo mais permanecendo constante. Por outro lado, utilizando a sequência proposta por JacksoR e colaboradores, pode- se predizer que rochas sedimentares formadas por minerais mais susceptíveis ao intemperismo, ou seja, aquelas que aparecem no topo da sequência de estabilidade, serão mais facilmente intemperizadas que aquelas que possuem minerais mais abaixo na sequência. Por exemplo, rocha calcária sofre intemperismo químico ou decomposição mais rapidamente que um argilito caulinítico, e assim por diante. Além disto, as inferências de atuação maior ou menor do intemperismo podem se estender aos solos. Assim, solos originários de material de origem, com presença de minerais como olivina, hornblenda, plagioclásio cálcico ou biotita, por exemplo, e que na fração silte fino ou argila ainda apresentam estes minerais são, sem dúvida, solos mais jovens. Porém, solos.originários destes mesmos materiais de origem, que tenham em suas frações silte fino e argila, 'apenas minerais secundários mais resistentes ao intemperismo, como caulinita, hematita, goethita ou gibbsita, por exemplo, são, definitivaplente, solos mais desenvolvidos ou mais velhos (Costa, 1979; Reatto et al., 1998). ' • Cor A cor é uma característica ou atributo da rocha que está intimamente ligada à composição química e mineralógica e que influencia, de modo significativo, o intemperismo das rochas, especialmente o intemperismo físico . Rochas mais pobres em Si02, consequ~ntemente, mais ricas em minerais máficos, são mais escuras e mais susceptíveis ao intemperismo, enquanto rochas mais ricas em Si02, ácidas e de coloração clara, são mais resistentes. Assim, espera-se que gabro e basalto, rochas de coloração escura, sejam intemperizadas com mais facilidade que granitos e riolitos, de col01:a:ção clara, se todas as outras condições forem semelhantes. • Textura A textura das rochas tem um efeito significativo na susceptibilidade que a rocha apresenta ao intemperismo, tanto físico quanto químico. Em geral, as rochas de textura mais grossa intemperizam-se mais rapidamente que rochas de textura mais fina. Maiores grãos sãoresponsáveis por maiores dilatações e contrações quando da atuação do intemperismo físico. Tão logo o intemperismo químico começa, maiores expansões/ contrações irão significar maiores espaços entre os minerais, facilitando a penetração de água, calor e gases. Smith (1962), trabalhando com várias rochas ígneas básicas, mostrou que, embora similares em mineralogia, rochas com diferentes texturas PEDOLOGIA 1 responc fina sãc de basa parte ei extrem; p erfil. • Estrut Ae ao inten típicas provocé que linl e as rea1 Figura 5. m at Foto: M .f Urr cerrad condici é horiz VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 195 -=:...~...-.-..... -=em diferentemente aos ataques intempéricos e que aquelas de granulação mais : 3 mais resistentes à desintegração. A autora observou que nos solos derivados .cca.. o, rocha de granulação fina, ainda existiam pedaços da rocha com apenas a --.= i:'- erna alterada, enquanto, para as rochas de granulação média, os solos eram - amente fr iáveis, esboroavam-se com facilidade, quando úmidos, ao longo do tura --~ ctrutura das rochas é atributo importante quanto à resistência que elas apresentam - - ~ perismo. As rochas metamórficas e sedimentares, em geral, apresentam estruturas - -~ como xistosidade, foliação gnáissica, estratificação, etc., que, usualmente, -am menor resistência ao intemperismo. Nestas rochas, estas estruturas são como -= - a de fraquezas naturais por onde a penetração da água e dos gases é facilitada do intemperismo são aceleradas (Figura 5) . - . Alteração de gnaisse mostrando estrutura original da rocha praticamente preservada em -a:erial altamente transformado mineralogicamente pelo in temperismo. ? F. Fontes . ..... -m exemplo desta linha de raciocínio ocorre em algumas áreas da região dos _ :.io: brasileiros, onde a orientação das camadas de rochas metapelíticas pobres ~--~-= .... ·-:ona a existência de classes distintas de solos. Em situações em que tal orientação -:izontalizada, dificultando a infiltração da água e condicionando uma drenagem PEDOLOGIA ... 11 li • 1 196 MAURÍCIO P. F. FONTES mais restrita, predominam os Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Amarelos. Onde a orientação das camadas é inclinada, facilitando a infiltração da água e propiciando melhor drenagem, aparecem os Latossolos Vermelhos, com maior espessura do solum (horizontes A+ B) (Chagas et al., 1997). Normalmente, as rochas ígneas apresentam uma estrutura maciça, na qual os minerais são distribuídos de uma maneira aleatória, o que, de certa forma, dificulta a atuação do intemperismo. As estruturas maciças típicas das rochas ígneas tendem a se quebrar, inicialmente pelo intemperismo físico, em blocos mais ou menos isodimensionais menores, o que favorece o ataque do intemperismo químico de modo semelhante por todas as direções, caracterizando a chamada de "esfoliação esferoidal". Exemplo de esfoliação esferoidal, na qual camadas da rocha arranjam-se como camadas de uma cebola, pode ser visto na figura 6. Figura 6. Basalto sofrendo descamação típica da esfoliação esferoidal. Fonte: Cortesia Prof. J. C. Ker. os saprólitos destas rochas, a meteorização química transforma inteiramente a rocha e os minerais, mas a feição característica qa esfoliação esferoidal permanece impressa. Nestas situações, a feição que se denomina vulgarmente de "cebolinhas" aparece nos horizontes C de rochas escuras, como mostrado na figura 7, a seguir. PEDOLOGIA Figura 7. sob: Foto: M. f A < estrutu regiões que o gi bloc os mineral (Figura A intemp, plutôni1 fossem soleira 1 profunc Pm muito e Err horizor VI - lNTEMPERISMO DE ROCHAS E MINERAIS 197 Figura 7. Alteração de diabásio, mostrando a esfoliação esferoidal típica da atuação do intemperismo sobre estru,turas maciças de rochas. Foto: M.P.F. Fontes. A dificuldade de meteorização de algumas rochas ígneas, como função de sua estrutura maciça, pode ser vista em algumas situações. Não é incomum encontrar, em regiões onde existe a ocorrência de gnaisse com intrusões de diabásio, a tendência de que o gnaisse já esteja quase totalmente intemperizado e o diabásio ainda se encontre em blocos maiores. Claramente, existe influência marcante da estrutura, pois, mineralogicamente, espera-se-ia maior facilidade de intemperização para o diabásio (Figura 8). A estrutura em foliação gnáissica na rocha encaixante permitiu maior intemperização, principalmente química, ao passo que a estrutura maciça do corpo plutônico de diabásio ofereceu resistência suficiente para que a atuação do intemperismo fosse muito menos intensa. O que se observa hoje, então, é a rocha diabásio presente na soleira quase intacta, enquanto a rocha encaixante gnaisse já está alterada formando um profundo manto de intemperismo. Por outro lado, também nas rochas ígneas, a presença de estruturas do tipo vesículas, muito comuns em basaltos, pode tornar a rocha mais susceptível ao intemperismo. Em geral, estruturas típicas das rochas podem ser observadas nos saprólitos ou nos horizontes C dos mais diversos solos. PEDOLOGIA li 198 MAURÍCIO P. F. FONTES Figura 8. Soleira de diabásio em saprólito de gnaisse. Foto: M. P . F. Fontes. INTEMPERISMO X CLIMA O clima é o fator individual mais importante na definição do tipo e intensidade de atuação do intemperismo, sendo esta influência dependente dos efeitos combinados da temperatura, das precipitações e da vegetação. Nos climas mais frios, as temperaturas mais baixas não favorecem o intemperismo químico e, assim, o intemperismo físico, especialmente o mecânico, é o que mais atua. Nas regiões temperadas, as condições climáticas variam de subúmidas a subáridas e as temperaturas variam de frias a quentes. Nestas condições, ambos os tipos de intemperismo podem atuar, dependendo d as condições locais. Nos desertos de baixa latitude, tanto ao norte quanto ao sul do equador, o intemperismo químico é mínimo por causa da baixa precipitação pluv ial, mas o intemperismo físico é um pouco mais evidente. As condições climáticas dos trópicos úmidos são tais que o intemperismo químico é muito intenso, como consequência d as altas precipitações e temperaturas, que proporcionam os reagentes e aceleram as reações do intemperismo. Estas condições são as mais encontradas no Brasil e uma descrição sumária dos diferentes tipos de climas brasileiros torna-se importante neste ponto. Climas do Brasil A maior parte do território brasileiro localiza-se na zona entre os trópicos e as baixas altitudes do relevo explicam a predominância de climas quentes, com médias de P EDOLOGIA tempe1 & Dan semiár Cl d e Ko1 mensa. É o cli Amazc coincic p or ter superic precipi não pa: Cl climas e e maio equato1 Danni-1 boa pai clima a e seco e ampli tt Un As, As' comum doNor anual f quilôm, passo q Ou (Cwa, C SudestE consen de temi 9 ºC. A~ Cli equator se pela , do ser ti do Vale torno d, excedei leva às e das Sec VI - l NTEMPERISMO DE R OC HAS E MINERAIS 199 temperatura superiores a 20 ºC. De acordo com Azevedo (1968), Nimer (1979) e Mendonça & Danni-Oliveira (2007), são os seguintes os climas do Brasil: equatorial, tropical, semiárido e subtropical, com alguns deles apresentando variedades regionais . Clima Equatorial (Af, Am): Os climas do tipo equatorial correspondem ao grupo A de Kóppen, isto é, climas quentes e úmidos, que não têm estação fria, a temperatura mensal é uniforme e as médias térmicas mensais são superiores a 18 ºC (Andrade, 1968). É o clima predominante na porção norte do Brasil, compreendida pelos estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Amapá, parte do Mato Grosso
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