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CCJ0034-WL-A-PP-Dos Crimes Contra a Administração da Justiça-Renan Marques

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ALUNO:
MATRÍCULA:
PROF: RENAN MARQUES – Penal IV
Atenção ! – o presente material foi elaborado com base nos livros de Rogério Sanches Cunha(Direito Penal: Parte especial, 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 e Código Penal Para Concursos, 5ª Ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2012), Rogério Greco(Código Penal Comentado, Ed. Impetus, 2011) e Fernando Capez (Curso de Direito Penal: Parte Especial: dos crimes contra os costumes a dos crimes contra a administração pública,Volume 3, São Paulo: Ed. Saraiva, 2011)
	3. Dos crimes contra a Administração da Justiça
3.1Considerações Iniciais.
	Os crimes contra a Administração da Justiça visam proteger toda a atuação e atividade da justiça, para que esta consiga alcançar os fins que lhe são próprios. Os crimes aqui considerados são fatos que não afrontam apenas a instituição física da justiça (os prédios e os funcionários), mas também a função da justiça, atingindo o prestígio e a eficácia de tal função.
	Em um Estado Democrático de Direito, não restam dúvidas de que as atividades judiciais precisam estar garantidas contra atos atentatórios a sua atividade, ao seu império e a sua própria existência. 
3.2 Dos crimes contra a Administração da Justiça em espécie. 
3.2.1 Denunciação caluniosa (Art. 339 CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 339 do CP e ocorre na seguinte situação: “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente”.
- Veja que a ação do sujeito é a de dar causa à instauração (provocar o início, fazer com que seja iniciado, inaugurado) de investigação policial (entende a doutrina que é a instauração de qualquer tipo de investigação policial, ainda que não seja iniciado formalmente o inquérito policial, ou seja, basta haver o início de investigações preliminares. Logicamente, se já for iniciado formalmente o inquérito policial também estará configurado o crime), processo judicial (relaciona-se à instauração de processo judicial que seja de natureza penal, ou seja, deve ser instaurado um processo penal. Vale lembrar que o processo penal estará instaurado com o recebimento da denúncia ou queixa), instauração de investigação administrativa (o processo administrativo tem a finalidade de controlar as condutas dos agentes da Administração Pública, sendo um processo realizado pelos próprios funcionário públicos) inquérito civil (é um inquérito presidido pelo Ministério Público e está previsto na Lei de Ação Civil Pública, tendo a finalidade de proteger o patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos) ou ação de improbidade administrativa (é uma ação prevista na Lei 8.429/1992 – Lei de improbidade administrativa, que dispõe sobre as sanções aplicáveis ao agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício do mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional), contra alguém (é uma pessoa determinada, ou seja, somente haverá o crime de denunciação caluniosa se o sujeito mencionar uma pessoa específica), imputando-lhe crime de que o sabe inocente (o sujeito tem a certeza de que outra pessoa é inocente e que não houve o cometimento de qualquer crime por parte desta pessoa). Assim, percebe-se que se houver dúvida quanto a inocência da pessoa que o sujeito imputa o crime, NÃO haverá o crime de denunciação caluniosa.
Ex. Sujeito resolve inventar uma história de que o seu colega de trabalho da empresa particular que eles trabalham está furtando bens da empresa, mesmo sabendo que o colega era inocente e não tinha cometido o crime. Em decorrência disso o chefe da empresa acionou a autoridade policial competente que deu início a investigações policiais. Neste caso resta configurado o crime de denunciação caluniosa. 
OBS: Causa de aumento de pena – O Código Penal prevê o no Art. 339, § 1º, que: “A pena é aumentada de sexta parte (1/6), se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto”. Ou seja, na primeira hipótese o agente NÃO se identifica. Por sua vez, na segunda hipótese, o agente utiliza um nome fictício como forma de não ser reconhecido. Com estas ações a conduta do sujeito passa a ser mais censurável pelo Direito Penal, existindo as causas de aumento de pena.
OBS: Causa de diminuição de pena – O Código Penal prevê no Art. 339, § 2º, que: “A pena é diminuída de metade (1/2), se a imputação é de prática de contravenção”. Ou seja, pode haver a prática de denunciação caluniosa quando o sujeito der causa à instauração dos procedimentos mencionados no Art. 339 do CP imputando a alguém contravenção de que o sabe inocente, entretanto, haverá uma causa obrigatória de diminuição de pena, devendo haver a redução de metade da pena do sujeito ativo do crime. Neste caso, a conduta do agente é menos censurável.
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa que foi vítima da imputação falsa do crime. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Além disso, afirma a doutrina que quando Código Penal fala que o autor do crime “imputa a alguém crime de que o sabe inocente”, SOMENTE existe o crime quando houver dolo direto na conduta do criminoso, NÃO sendo possível o cometimento do crime de denunciação caluniosa pelo dolo eventual, uma vez que o crime exige a ciência da inocência da vítima. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre no exato momento em que houver a instauração de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa. 
- A tentativa é possível, já que se pode fracionar o inter crimines, desde que o crime não chegue a consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. O sujeito passivo é o Estado, bem como aquele que ficou prejudicado com o comportamento praticado pelo sujeito ativo do crime. 
3.2.2 Comunicação falsa de crime ou de contravenção (Art. 340 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 340 do CP e ocorre na seguinte situação: “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado”.
- Veja que a ação do sujeito é a de provocar (dar causa, promover, ensejar) a ação de autoridade pública (não é qualquer autoridade, e sim aquela que tem o poder necessário para instaurar algum procedimento policial ou judicial Ex. delegado de polícia, juiz, promotor), comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado (o sujeito age com dolo direto e sabe, efetivamente, que não existe nenhum crime ou contravenção. O sujeito tem certeza de que o crime ou contravenção não ocorreu). Percebe-se que o crime ou contravenção são imaginários, criados de forma falsa pelo sujeito ativo do crime em estudo, ou seja, o fato realmente não ocorreu, fazendo com que o Estado pratique, em vão, qualquer ação no sentido de elucidar os fatos. Como se percebe, neste crime NÃO há a imputação a uma pessoa determinada do crime ou contravenção que o sujeito sabe não se ter verificado. Além disso, a provocação da ação da autoridade pública pode ser feita oralmente ou por escrito. 
Ex. Pessoa informa a um delegado de polícia que ocorreu um crime de roubo no seu bairro, entretanto, a pessoa sabe que nunca existiu este crime, vindo o delegado a fazer investigações policias na região. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- A doutrina informa que NÃO existe objeto material neste crime. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Além disso, informa a doutrina que DEVE o sujeito agir com dolo direto, consistente na vontade de comunicar falsamente a ocorrênciade crime e contravenção, tendo o agente a certeza de que o crime ou contravenção NÃO se verificou. Assim, se houver dúvida quanto a existência do crime ou contravenção, NÃO haverá este crime. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre no exato momento em que a autoridade pública praticar alguma ação no sentido de elucidar o crime ou contravenção. Desta forma, NÃO se exige, a efetiva instauração de algum procedimento, basta haver qualquer ação por parte da autoridade. 
- A tentativa é possível, pois o agente pode fazer comunicação falsa de crime ou contravenção a uma autoridade pública e esta NÃO iniciar as investigações por circunstâncias alheias a sua vontade. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. O sujeito passivo é o Estado.
OBS: Se ligue na seguinte distinção !
( Comunicação falsa de crime ou de contravenção (Art. 340 do CP) X Denunciação caluniosa (Art. 339 CP) – Na comunicação falsa de crime ou contravenção o agente NÃO aponta um indivíduo determinado como autor do crime ou contravenção que ele sabe não ter ocorrido. Por sua vez, na denunciação caluniosa o sujeito indica uma pessoa determinada como autora do crime ou contravenção que ele sabe não ter ocorrido. 
3.2.3 Autoacusação falsa (Art. 341 CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 341 do CP e ocorre na seguinte situação:“Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem”
- Veja que a ação do sujeito é a de acusar-se (incriminar-se, imputar a si mesmo), perante a autoridade (não é qualquer autoridade, e sim aquela que tem o poder necessário para instaurar algum procedimento policial ou judicial Ex. delegado de polícia, juiz, promotor), de crime inexistente (o sujeito tem certeza de que o crime efetivamente NÃO existiu) ou praticado por outrem (o sujeito tem certeza de que o crime foi praticado por outra pessoa). Vale ressaltar que este crime pode ser praticado por escrito ou verbalmente, mas sempre dirigido à autoridade pública. Além disso, percebe-se que acusar-se, perante autoridade de contravenção penal inexistente ou praticado por outrem é fato atípico e o sujeito que praticar esta ação NÃO responderá por crime algum. 
Ex. Pessoa acusa-se da prática de crime de tráfico de entorpecentes, entretanto este crime foi praticado pelo traficante da comunidade em que ele vive e que é chefe de uma boca de fumo. Neste caso, sujeito tinha certeza de que o crime foi praticado por outrem e responderá por autoacusação falsa. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- A doutrina informa que NÃO existe objeto material neste crime. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Há a vontade livre e consciente de autoacusar-se, assumindo um crime inexistente ou praticado por outra pessoa. Ressalta a doutrina que os motivos do crime podem ser os mais variados possíveis, como cometer o crime por motivo altruísta (Ex. assumir a responsabilidade pela prática do crime em razão do grau de parentesco com o verdadeiro autor), podem ser motivos nobres (amor, compaixão), ou motivos pecuniários (receber dinheiro para autoacusar-se e livrar o verdadeiro autor do crime do processo penal), mas independentemente do motivo o sujeito irá responder pelo crime.
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre no exato momento em que a autoacusação é levada ao conhecimento da autoridade competente, independentemente de que esta tenha tomado qualquer providencia no sentido de apurar os fatos.
- A tentativa via de regra NÃO é possível, pois trata-se de crime formal. Entretanto, a doutrina informa que a depender da forma como o crime for praticado será possível ou não a tentativa, se de forma verbal, NÃO será possível a tentativa, mas se for de forma escrita, será possível a tentativa. 
e) Sujeito Ativo e Passivo.
- Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. O sujeito passivo é o Estado.
OBS: Se ligue na seguinte distinção:
( Autoacusação falsa (Art. 341 CP) X Comunicação falsa de crime ou de contravenção (Art. 340 do CP) X Denunciação caluniosa (Art. 339 CP) – No crime de autoacusação falsa o agente atribui a si mesmo a prática de crime inexistente ou cometido por outra pessoa. Na comunicação falsa de crime ou contravenção o agente NÃO aponta um indivíduo determinado como autor do crime ou contravenção que ele sabe não ter ocorrido. Por sua vez, na denunciação caluniosa o sujeito indica uma pessoa determinada como autora do crime ou contravenção que ele sabe não ter ocorrido. 
3.2.4 Falso testemunho ou falsa perícia (Art. 342 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 342 do CP e ocorre na seguinte situação:“ Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”.
- Veja que as conduta do sujeito é a de fazer afirmação falsa (o sujeito mente sobre determinado fato, o fato não condiz com a realidade – é também chamada de falsidade positiva) ou negar a verdade (é negar um fato que ocorreu, não reconhecendo que ele é verdadeiro, o agente tem ciência da verdade, mas nega o que sabe – também é chamada de falsidade negativa) ou calar a verdade (neste caso o sujeito impede com o silêncio que os fatos cheguem ao conhecimento daquele que irá proferir o julgamento – há uma ocultação da verdade) como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete (estes são os sujeitos ativos do crime de falso testemunho, ou seja, as pessoas que podem vir a cometer este crime) em processo judicial (é aquele que tramita em juízo cível ou criminal e é dirigido por um juiz), ou administrativo (todo processo que ocorre no âmbito da Administração Pública), inquérito policial (é o procedimento presidido pelo delegado de polícia e que busca investigar a ocorrência de um crime), ou em juízo arbitral (é aquele capaz de dirimir extrajudicialmente os litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, nos termos da Lei n. 9307/1996). Vale ressaltar que em todas as condutas a falsidade manifesta-se sobre aquilo que a testemunha teve ciência em relação ao crime. Por fim, a maioria da doutrina (inclusive a banca FCC) entende que somente restará caracterizado o crime de falso testemunho se a falsidade incidir sobre episódio relevante, que possa influir no momento decisório, em outras palavras, não se caracteriza quando versar sobre tema acessório ou impertinente ao objeto do processo. 
Ex. Testemunha em processo judicial penal faz afirmação falsa e diz que o autor do crime de roubo estava na sua residência na hora do crime, não podendo ter cometido o crime, ou seja, a testemunha mente ao inventar um álibi para beneficiar o autor do crime. (falsidade positiva)
Ex. Perito, em processo judicial penal, que no laudo pericial faz afirmações falsas quanto à existência de vestígios de combustão de pólvora nas mãos da vítima, como forma de caracterizar um suicídio e não um homicídio. Ou perito que faz afirmações falsas quanto ao local em que se encontrava o corpo na cena do crime. (falsidade positiva)
Ex. Testemunha de acusação que nega falsamente que a vítima do homicídio tenha anteriormente tentado estuprar a filha do acusado. (falsidade negativa)
Ex. Perito que omite dados relevantes ao elaborar laudo pericial, de forma a criar prova benéfica ao acusado. (ocultação da verdade). Ou testemunha que omite que o autor de um crime estava com outro comparsa para beneficiar este último. 
OBS: Causa de aumento de pena – O Código Penal prevê o no Art. 342, § 1º, que: “As penas aumentam-se de um sexto a um terço (1/6 a 1/3), se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. Nestas situações, a conduta do sujeito é mais censurável. 
OBS: Causa de extinção da punibilidade– O Código Penal prevê no Art. 342, § 2º, que: “O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”. Observe que haverá a extinção da punibilidade se ANTES da SENTENÇA o agente se retratar (é desdizer o que tinha afirmado, contando a verdade e demonstrando sincero arrependimento) ou declarar a verdade (é revelar o que tinha ocultado). Nestes casos haverá a extinção da punibilidade. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a declaração falsa, bem como o laudo falso.
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA.
d) Consumação e tentativa. 
- O crime se consuma o momento em que o juiz encerra o depoimento da testemunha, no crime de falso testemunho, e no crime de falsa perícia no momento da entrega do laudo pericial, da tradução ou da interpretação falsos. É de extrema importância que o depoimento seja concluído, reduzido a termo e assinado para que se possa consumar o crime de falso testemunho, pois enquanto não concluído o depoimento ele poderá ser alterado para ficar condizente com a realidade. 
- A maioria da doutrina entende que NÃO é possível haver a tentativa, já que se trata de crime formal. Basta que a afirmação seja falsa para que venha a se consumar o crime, devendo haver a comprovação da falsidade, ainda que o juiz não tenha utilizado o depoimento falso na sua sentença. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime será a testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o intérprete. O Sujeito passivo é o Estado, bem como aquele que foi prejudicado com o comportamento levado a efeito pelo sujeito ativo do crime. 
OBS: A vítima NÃO pode ser considerada testemunha e não comete o crime em análise, pois ela é considerada ofendido, nos termos do Art. 201 do Código de Processo Penal.
OBS: Doutrinariamente o crime de falso testemunho é classificado como de mão própria, ou seja, de atuação intransferível, indelegável, que somente pode ser praticados por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. Desta forma, a maioria da doutrina entende que NÃO é possível haver coatoria, mas é possível haver participação.
OBS: Somente em UM caso o STF entendeu poder haver coautoria, que foi quando advogado instrui testemunha a apresentar falsa versão favorável à causa que patrocina. O entendimento do STF foi o de que é possível, em tese, atribuir a ADVOGADO a COATORIA pelo crime de falso testemunho. (STF, HC/SP, Processo 75037)
3.2.5 Coação no curso do processo (Art. 344 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 342 do CP e ocorre na seguinte situação: “Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.”.
- Veja que a ação do sujeito é a de usar (empregar) de violência (coação física) ou grave ameaça (séria intimidação, revestida de potencialidade de causar intimidação), com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade (Ex. delegado, juiz, promotor), parte (autor ou réu) ou qualquer outra pessoa que funcione ou é chamada a intervir (Ex. escrivão, perito, tradutor, intérprete, testemunha, jurado, etc.) em processo judicial (processos cíveis ou penais que são dirigidos por um juiz), policial (refere-se ao inquérito policial) ou administrativo (é o realizado pela Administração Pública), ou em juízo arbitral (é aquele capaz de dirimir extrajudicialmente os litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, nos termos da Lei n. 9307/1996). Vale ressaltar que o sujeito responderá por este crime e também pelo crime correspondente à violência, por expressa disposição da lei. Além disso, para poder responder por este crime é indispensável que qualquer dos procedimentos mencionados já estejam em curso e o sujeito use de violência ou grave ameaça contra as pessoas previstas no crime. 
Ex. Acusado tenta impedir que testemunha de acusação deponha contra a sua pessoa e durante o processo penal liga para a testemunha e a ameaça de morte.
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa contra o qual foi praticada a violência ou dirigida a grave ameaça. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Ou seja, é o dolo, é a vontade livre e consciente de praticar violência ou grave ameaça, acrescido do fim especial de favorecer interesse próprio ou alheio, Ex. obter prova favorável, impedir a produção de alguma prova, obter uma sentença favorável ou o arquivamento de um inquérito policial. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre com a prática da violência ou grave ameaça contra qualquer das pessoas indicadas no tipo penal, independentemente de o sujeito alcançar o favorecimento de interesse próprio ou alheio. Trata-se de crime formal. 
- A doutrina entende a tentativa NÃO é possível, pois se trata de crime formal. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado, bem como aquele que foi vítima da violência ou grave ameaça praticada pelo sujeito. 
3.2.6 Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 do CP)
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 345 do CP e ocorre na seguinte situação: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.”
- Veja que a ação do sujeito é a de fazer justiça pelas próprias mãos (o sujeito age por si mesmo, de acordo com a sua vontade, NÃO solicitando a intervenção do Estado, que é o verdadeiro responsável pela aplicação da Justiça no caso concreto), para satisfazer pretensão (o sujeito tem um direito que deveria ter sido exercido através do Poder Judiciário), embora legítima (o direito do sujeito está pautada na lei. Se for uma pretensão ilegítima não haverá o cometimento do presente crime contra a administração da justiça, o sujeito cometerá outro crime), salvo quando a lei o permite (se a própria lei permite o sujeito agir de determinada forma NÃO haverá crime, como quando o sujeito utiliza-se da legítima defesa). A doutrina afirma que o agente pode se valer de vários meios para praticar o crime em estudo, como violência física, ameaça, subtração, fraude, havendo uma ressalva de que o agente responderá também pela pena correspondente a violência.
Ex. Credor entra na residência do devedor e subtrai, sem violência ou grave ameaça, uma televisão como forma de pagamento da dívida, tendo em vista que esta estava vencida e o devedor se recusava a pagá-la. Houve o cometimento do crime de exercício arbitrário das próprias razões e NÃO o crime de furto. 
Ex. Médico que retém o paciente no hospital até que este pague as dívidas com a internação, praticará o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa ou a coisa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA.
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre quando o agente efetivamente, fazendo justiça com as próprias mãos, consegue satisfazer sua pretensão. A doutrina majoritária entende que trata-se de um crime material.
- A tentativa é possível. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado, bem como aquele prejudicado com a conduta praticada pelo sujeito ativo. 
OBS: Ação Penal Privada – Nos termos do Art.345, parágrafo único: “Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa”. Ou seja, SOMENTE no caso de NÃO haver o emprego de violência, o crime de exercício arbitrário das próprias razões deverá iniciar com a apresentação da queixa-crime, sendo uma ação penal privada. Por outro lado, SE HOUVER o emprego de violência contra a pessoa, a ação penal será pública incondicionada. 
3.2.7 Fraude processual (Art. 347 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 347 do CP e ocorre na seguinte situação: “Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:”
- Veja que a ação do sujeito é a de inovar artificiosamente (valer-se de um artifício com a finalidade de enganar, iludir, modificando o estado de lugar, coisa ou pessoa), na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar (é o local, o ambiente, Ex. Abrir um caminho no ambiente que não existia; ou por exemplo alterar a cena do crime), de coisa (bem móvel ou imóvel, Ex. eliminar vestígios de sangue da roupa de uma vítima de homicídio, ou colocar uma arma na mão da vítima de homicídio para fazer crer que o que houve foi suicídio) ou de pessoa (relaciona-se ao estado físico da pessoa, seja externo ou interno, Ex. Fazer cirurgia plástica no rosto para apagar traços característicos e não ser identificado pela polícia ou fazer cirurgia de esterilização para não vim a responder por processo de investigação de paternidade.), com o fim de induzir em erro o juiz ou o perito (a finalidade específica do sujeito é fazer com que o juiz ou o perito cheguem a conclusões equivocadas e não venham a aplicar de forma correta a lei, o que iria beneficiar o sujeito ativo do crime). Perceba que é condição para que o sujeito venha a responder por tal crime que já tenha sido iniciado o processo judicial de natureza civil ou administrativa.
OBS: Causa de aumento de pena – Esclarece o Art. 347, parágrafo único do CP que: “Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.” Observe que caso a inovação tenha a finalidade de produzir efeito em processo penal, MESMO que este NÃO tenha iniciado (diferentemente dos processos civis ou administrativos que exigem o início do processo), as penas aplicam-se em dobro. Ou seja, a conduta do sujeito é mais censurável, pois os bens tutelados pelo direito penal são os mais relevantes. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é o lugar, a coisa ou a pessoa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Além disso, deve o sujeito ter a finalidade especial de induzir em erro juiz ou perito, ou seja, o sujeito faz modificações no lugar, na coisa ou na própria pessoa para que o juiz ou o perito façam avaliações que não condizem com a verdade, vindo a aplicar de forma errada a lei penal. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre com a inovação artificiosa, independentemente do fato de ter o agente conseguido alcançar sua finalidade, que era de induzir em erro o juiz ou o perito. O que basta é que a inovação praticada pelo sujeito contenha idoneidade suficiente para induzir o juiz ou o perito em erro. Ou seja, trata-se de crime formal. 
- Via de regra, como se trata de crime formal, NÃO é possível a tentativa. Entretanto, parte da doutrina (inclusive a FCC ) admite a tentativa a depender de como o crime for praticado, tendo em vista que a conduta descrita no tipo é fracionável.
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado, bem como aquele prejudicado com a conduta praticada pelo sujeito ativo. 
3.2.8 Favorecimento pessoal (Art. 348 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 348 do CP e ocorre na seguinte situação: “Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.”
- Veja que a ação do sujeito é a de auxiliar a subtrair-se à ação (é ajudar, prestar auxílio de qualquer natureza no sentido de que alguém consiga escapar da ação de uma autoridade pública) de autoridade pública (Ex. delegado, promotor, juiz) autor de crime (o sujeito auxilia o autor de um crime anterior. Ou seja, o sujeito que presta o auxílio SOMENTE tomou conhecimento deste crime anterior quando prestou o auxílio) a que é cominada pena de reclusão (nesta modalidade de favorecimento real a pena do crime anterior deve ser de reclusão). Perceber-se que este crime possui dois requisitos: 
1º) A prática de crime anterior – deve ter havido a prática de um crime anterior e que o sujeito ativo do favorecimento pessoal dele NÃO tinha conhecimento prévio, sob pena de ser partícipe ou até mesmo autor ou coautor deste crime anterior. Ou seja, como já foi dito, o sujeito ativo do favorecimento pessoal apenas toma conhecimento da ocorrência do crime quando vem prestar auxílio para que outra pessoa escape da ação da autoridade pública. Além disso, repare no detalhe de que deve haver a prática de crime anterior, assim, NÃO haverá o crime se houver a prestação de auxílio a quem cometeu anteriormente uma contravenção penal, sendo este um fato atípico, um indiferente penal. 
2º) Crime anterior apenado com reclusão – para que o sujeito responda por favorecimento pessoal o crime anterior praticado por quem recebe auxílio deve ter pena de reclusão. 
Ex. Pessoa acaba de cometer o crime de roubo em um estabelecimento comercial, tendo subtraído com violência e grave ameaça R$ 1.000,00 reais do caixa. Tal pessoa tem contra si expedido um mandado de prisão pelo juiz competente e então resolve ir à casa de um amigo e informar que precisa se esconder da polícia, contando a este amigo que havia cometido um crime de roubo. O amigo presta auxílio e abriga em sua residência o sujeito que cometeu o roubo para que este consiga subtrair-se à ação da autoridade pública. Este amigo pratica o crime de favorecimento pessoal. 
Ex. Fornecer automóvel e dinheiro para a fuga de pessoa que cometeu crime anterior apenado com reclusão, ou levá-lo a um esconderijo, ou auxiliá-lo a disfarçar-se, ou despistar com falsas informações o verdadeiro paradeiro do criminoso. 
OBS: Favorecimento Pessoal Privilegiado – nos termos do Art. 348, § 1º “Se ao crime NÃO é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.” Ou seja, se o crime anterior praticado por quem recebe auxílio é apenado com pena de detenção quem pratica favorecimento pessoal terá uma pena base menor, sendo a sua conduta menos censurável. 
OBS: Escusa Absolutória – nos termos do Art. 348, § 2º do CP: “Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.” Ou seja, ficará isento de pena, estando imune à prática do crime de favorecimento pessoal, se a pessoa que presta o auxílio for ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso. Esta escusa absolutória é fundada na inexigibilidade de conduta diversa e a maioria da doutrina entende que ela pode se estender a quem detém união estável com o criminoso. Tal artigo se justifica tendo-se atenção aos laços de especial afeto que ligam os membros de uma família. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- A doutrina informa que NÃO há objeto material do crime.
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre quando o sujeito ativo do crime, efetivamente, presta o auxílio necessário para que o autor do crime anterior se subtraia à ação da autoridade pública, sendo necessário o sucesso do referido auxílio para que venha a se consumar o crime. 
- A tentativa é possível se o sujeito presta auxílioao criminoso, mas este não consiga subtrair-se da ação da autoridade pública, ou seja, se o auxílio NÃO for realizado com sucesso haverá o crime de favorecimento pessoal na forma tentada. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado.
OBS: Se ligue nas seguintes distinções !
1ª) Favorecimento pessoal (Art. 348 do CP) X Participação no crime anterior – para que ocorra o crime de favorecimento pessoal, aquele a quem o agente auxilia já deverá ter consumado o crime anterior. Entretanto, se o auxílio, não importando sua natureza, for oferecido anteriormente à prática do crime, o agente responderá a título de participação no delito praticado por aquele a quem supostamente auxiliaria, e não por favorecimento pessoal. 
Ex. Se o sujeito já sabia que um amigo seu iria roubar um bem de uma loja e afirma que prestaria auxílio a este colega se ele precisasse escapar da autoridade pública. Neste caso o sujeito que presta auxílio será partícipe do crime de roubo. 
2º) Favorecimento pessoal (Art. 348 do CP) X Prevaricação (Art. 319 do CP) – Se o agente que presta auxílio é funcionário público e tem o dever legal de capturar o foragido e retarda ou deixa de praticar indevidamente esse ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, cometerá o crime de prevaricação.
3ª) Favorecimento pessoal (Art. 348 do CP) X Corrupção Passiva (Art. 317 do CP) – Se o agente é funcionário público e tem o dever legal de capturar o foragido, contudo recebe indevida vantagem econômica ou aceita promessa de tal vantagem para não capturá-lo, cometerá o crime de corrupção passiva (Art. 317, § 1º, CP). Se o funcionário público, recebendo a vantagem, além de não capturá-lo acabar por auxiliá-lo na fuga – Ex. autoridade policial que ao se deparar com o criminoso recebe dinheiro para não capturá-lo, e, além disso, ainda o auxilia na sua fuga ao dar informações erradas sobre o seu paradeiro às demais autoridades públicas – responderá por corrupção passiva (Art. 317, § 1º, CP) e por favorecimento pessoal (Art. 348 do CP).
4º ) Favorecimento pessoal (Art. 348 do CP) X Facilitação de fuga de pessoa presa (Art. 351 do CP) – Na conduta de prestar auxílio para a fuga de autor de crime anterior, este deve estar solto para que possa responder por favorecimento pessoal. Do contrário, se o sujeito presta auxílio a autor de crime anterior que está preso, e o ajuda a fugir, responderá pelo crime de facilitação de fuga de pessoa presa (Art. 351 do CP).
3.2.9 Favorecimento real (Art. 349 do CP).
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 349 do CP e ocorre na seguinte situação: “Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:”
- Veja que a ação do sujeito é a de prestar a criminoso (neste caso há o cometimento de um crime anterior por outra pessoa, podendo ser apenado com reclusão ou detenção), fora dos casos de coautoria ou de receptação (quem presta auxílio NÃO pode ser nem autor nem partícipe do crime anterior, bem como NÃO pode praticar o crime de receptação), auxílio (é ajudar, prestar auxílio de qualquer natureza) destinado a tornar seguro o proveito do crime (a finalidade de quem presta auxílio é tornar seguro o proveito do crime para que este não seja encontrado). A doutrina tem entendido que proveito do crime é toda vantagem ou utilidade, material ou moral, obtida ou esperada em razão do crime anterior, seja direta ou indiretamente. Desta forma, considera-se proveito do crime tanto o produto do crime (Ex. o bem móvel que foi furtada), quanto a coisa que venha a substituir a que foi objeto material do crime (Ex. Ouro resultante da fusão das jóias subtraídas). Para que haja o crime de favorecimento real, NÃO poderá o agente que presta o auxílio ter, de alguma forma, concorrido para a prática do crime anterior que resultou em um proveito, sob pena de haver coautoria ou participação no crime anterior. Também NÃO poderá ter cometido o crime de receptação (Art. 180 do CP), sob pena de vir a responder por este crime. 
Ex. Pessoa acaba de cometer o crime de roubo em um estabelecimento comercial, tendo subtraído com violência e grave ameaça R$ 1.000,00 reais do caixa. Tal pessoa tem contra si a expedição de um mandado de prisão pelo juiz competente e então resolve ir à casa de um amigo e informar que precisa esconder da policia o dinheiro que foi roubado (proveito do crime). O amigo presta auxílio e esconde em sua residência o dinheiro que foi roubado para que o proveito do crime fique em local seguro. Neste caso, o amigo que prestou auxílio ao criminoso responderá por favorecimento real.
Ex. Sujeito presta a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o veículo furtado, ou o dinheiro roubado, as jóias apropriadas, etc. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é o proveito do crime.
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre com a efetiva prestação do auxílio ao criminoso, ainda que este não consiga tornar seguro o proveito do crime. Ou seja, trata-se de crime formal.
- Via de regra, como se trata de crime formal, a tentativa não é possível. Entretanto, para parte da doutrina, como o crime é plurisubsistente, há a possibilidade de ser fracionado o inter crimines, razão pela qual seria possível a tentativa. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado.
3.2.10 Art. 349-A do Código Penal.
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 349-A do CP e ocorre na seguinte situação: “Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.”
- Veja que as ações do sujeito são as de ingressar (fazer com que o aparelho entre no estabelecimento prisional), promover (diligenciar, tomando as medidas necessárias para a entrada), intermediar (é interceder, intervir, servindo o agente como um intermediário entre o preso que deseja possuir o aparelho de comunicação e um terceiro, que se dispõe a fornecê-lo), auxiliar (é ajudar de qualquer forma) ou facilitar (é remover os obstáculos, as dificuldades) a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel (celulares), de rádio (walkie-talkies) ou similar (pagers, aparelhos que permitam o acesso a internet como tablets), sem autorização legal (a entrada dos aparelhos não foi permitida), em estabelecimento prisional (são as penitenciárias, cadeias públicas, presídios, casas de albergado, ou qualquer estabelecimento destinado ao recolhimento dos presos provisórios ou definitivos). Percebe-se que tal crime visa proibir a intercomunicabilidade entre os presos, ou seja, a transmissão de informações entre as pessoas, sendo pelo menos uma delas habitante prisional. 
Ex. Mulher de um presidiário leva um bolo de chocolate para o marido que está em penitenciária, contendo um aparelho celular dentro do bolo, sem autorização legal.
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é o aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA. Deve o agente ter ainda a ciência de que age sem autorização legal. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre com a prática de qualquer das condutas previstas no tipo do Art. 349-A do Código Penal, ou seja, quando o agente conseguir ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Parte da doutrina (Rogério Greco) entende que para que haja a consumação do crime deve o aparelhochegar às mãos de alguém que se encontre preso.
- A tentativa é possível, pois se trata de crime plurisubsistentes, podendo ser fracionado o inter crimines e não vindo a se consumar o crime por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, inclusive o próprio preso que se encontra dentro do estabelecimento prisional. Já o sujeito passivo será o Estado.
OBS: Se ligue na seguinte distinção !
( Prevaricação Imprópria (Art. 319-A do CP) x Crime do Art. 349-A do CP – Caso o diretor de Penitenciária e/ou agente público deixe de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo, responderão pelo crime de prevaricação imprópria e não pelo crime do Art. 349-A do CP.
3.2.11 Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança (Art. 351 do CP)
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança Simples – Art. 351 caput, do Código Penal.
a) Tipo Objetivo.
- Ele está Art. 351 do CP e ocorre na seguinte situação: “Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva.”
- Veja que as ações do sujeito são as de promover (promover a fuga é praticar todos os atos necessários à execução do ato) ou facilitar (facilitar a fuga é prestar auxílio à fuga executada pelo próprio preso, ex. fornecer instrumentos como serras, escadas, cordas, ou fornecer disfarces ou qualquer outro instrumento útil para a fuga do preso) a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva. Ou seja, as condutas são dirigidas em benefício de uma pessoa que tenha sido legalmente presa. Além disso, vale lembrar que a prisão de natureza penal poderá ser cautelar (prisão em flagrante, preventiva ou temporária) ou definitiva (quando o agente já está cumprindo pena após o transito em julgado da sentença), podendo cumprir a pena em qualquer estabelecimento carcerário (ex. delegacias de polícia, penitenciárias). Poderá ainda o sujeito estar preso fora ou dentro de um estabelecimento prisional (ex. sujeito que foi preso em flagrante e está dentro de uma viatura policial), e outra pessoa promova ou facilite a sua fuga. Por sua vez, medida de segurança detentiva é aquela cumprida em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, nos termos do Art. 96, I, do Código Penal, sendo aplicada tal medida, em regra, para o inimputável e, excepcionalmente ao semi-imputável, nos moldes do Art. 97 e 98 do Código Penal. 
Ex. Sujeito está cumprindo pena de prisão por ter cometido crime de roubo com sentença transitada em julgado, tendo a mãe do preso facilitado a fuga deste ao lhe fornecer uma corda para fugir da penitenciária, tendo o preso obtido êxito na fuga. 
OBS: Se ligue no detalhe de que somente irá responder por este crime quem auxiliar ou facilitar a fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança que responde a um processo criminal, ou seja, se a pessoa, por exemplo, está em hospital psiquiátrico por determinação do juízo cível e tem a sua fuga auxiliada ou facilitada, quem ajudou o sujeito a fugir não cometerá o crime em análise. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa presa ou submetida a medida de segurança. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime pode ser praticado na forma DOLOSA. Além disso, conforme expressa previsão do Art. 351, §4º, do CP no caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa, sendo possível o cometimento do crime na forma CULPOSA. Ou seja, nesta modalidade culposa, somente quem pode ser sujeito ativo do crime é o funcionário incumbido da custódia ou guarda.
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação ocorre quando o preso ou o internado obtém êxito na fuga, ainda que por um breve espaço de tempo, sendo um crime material. 
- A tentativa é possível, pois se trata de crime plurisubsistentes, podendo ser fracionado o inter crimines e não vindo a se consumar o crime por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o Estado.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança Qualificada - Art. 351, §1º e § 3º do Código Penal. 
- Estabelece o Art. 351, §1º, do CP que: “Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos.” Desta forma, se o crime for praticado a mão armada (arma é todo e qualquer instrumento fabricado com ou sem finalidade bélica, porém capaz de servir ao ataque e defesa de alguém, ex: revólver, facas de cozinha, espadas, estiletes, pedaço de madeira), ou por mais de uma pessoa (neste caso o crime foi praticado com o concurso de pessoas, isto é, duas ou mais pessoas auxiliaram ou facilitaram a fuga do preso ou de quem está submetido a medida de segurança), ou se o crime é praticado mediante arrombamento (o agente para alcançar a fuga usa de violência contra a coisa, ex: cerrar grades) a pena base do crime será mais elevada, pois a conduta do sujeito foi mais censurável, configurando a fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança qualificada.
- Estabelece o Art. 351, § 3º, do CP que: “A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado”. Ou seja, neste caso o preso teve o auxílio de uma pessoa que tem a custódia ou a guarda do preso ou internado, tendo maior facilidade para praticar o crime, ex. Carcereiro que fornece uma pá para que o preso cave um túnel e possa fugir da penitenciária. Por conta disso, a conduta do sujeito é mais censurável. 
3.2.12 Evasão mediante violência contra a pessoa. (Art. 352 do CP)
a) Tipo Objetivo.
- Ele está Art. 352 do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.”
- Veja que as condutas do são as de evadir-se (conseguir efetivamente fugir, conseguindo escapar da custódia ou guarda de outrem) ou tentar evadir-se (não conseguir fugir da custódia ou guarda de outrem por circunstâncias alheias a sua vontade) o preso (neste caso o sujeito deve estar em um estabelecimento prisional, em penitenciária, em delegacia, ou em viatura policial sendo transportado, valendo ressaltar que em todos estes casos a execução do ato de prisão já terminou) ou o indivíduo submetido à medida de segurança detentiva (medida de segurança é aplicada para aqueles que tinham doença mental ao tempo da prática do crime), usando de violência contra a pessoa (trata-se de violência física que deve ser exercida contra qualquer pessoas, ex. funcionário, outro preso ou familiares deste, para conseguir evadir-se ou tentar evadir-se). Vale ressaltar que a evasão ou a tentativa violenta de evasão poderá ocorrer dentro ou fora do estabelecimento prisional. Além disso, neste crime pune-se o crime tentado da mesma forma que o crime consumado, sendo crime tanto a evasão como a tentativa de evasão mediante violência. Percebe-se, também que NÃO é considerado crime a conduta do agente de evadir-se ou tentar evadir-se estando preso ou submetido a medida de segurança SEM o uso de violência contra a pessoa, devendo o candidato ficar atento a este detalhe. Por fim, por expressa disposição legal, o agente responderá pelo crime do Art. 352 do CP e também por eventual crime corresponde à violência. 
Ex. Sujeito está em uma penitenciário cumprindo pena em virtude da pratica do crime de roubo e então resolve espancar um guarda para conseguir as chaves da cadeia e sair dela. Neste caso se ele conseguir fugir ou écapturado por outros guardas ao tentar fugir, restará configurado o crime de evasão mediante violência à pessoa. 
OBS: NÃO haverá o crime em estudo se a violência for praticada contra coisa, na hipótese em que um preso, por exemplo, vier a destruir as grades da cela em que se encontrava recolhido, podendo, neste caso, ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado, se a coisa for pública, nos termos do Art. 163, parágrafo único, III, do Código Penal. Da mesma forma, em obediência ao princípio da legalidade, não poderá ser responsabilizado pelo crime em estudo se empregar somente ameaça (violência moral), pois somente haverá o crime do Art. 352 se houver o emprego de violência física. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa que foi vítima da violência. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA, consistindo o dolo na intenção de evadir-se ou tentar evadir-se utilizando-se de violência contra alguém. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação do crime ocorre quando o agente conegue fugir (evadir-se) ou dá início à execução da fuga (tentar evadir-se), utilizando-se de violência contra a pessoa. 
- Trata-se de crime excepcional, punindo-se a tentativa coma a mesma pena do crime consumado, sem qualquer redução de pena. É o que a doutrina chama de delito de atentado (nome que pode ser cobrado em provas do CESPE). 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser somente o preso (administrativo, civil ou penal, provisório ou definitivo) ou o indivíduo submetido à medida de segurança, sendo, portanto um crime próprio. Por sua vez, o sujeito passivo é o Estado. 
3.2.13 Arrebatamento de preso. (Art. 353 do CP)
a) Tipo Objetivo.
- Ele está Art. 353 do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência.”
- Veja que a conduta do agente é a de arrebatar (significa tomar das mãos, arrancar, tirar com violência) preso (pessoa que está sob a custódia do Estado em virtude de uma prisão definitiva ou provisória, podendo o crime ocorrer dentro ou fora do estabelecimento prisional, ex. em viatura policial, em delegacia, no fórum, na cadeia sob a guarda do carcereiro), a fim de maltratá-lo (por maus tratos entende-se qualquer agressão contra a pessoa, tendo variada casuística, indo desde as vias de fato vexatórias - ex. cuspir na cara do preso, da um tapa em seu rosto, puxar o seu cabelo - até o extremo do linchamento – ex. espancar o preso deixando-o em grave estado), do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda (abrange qualquer tipo de prisão, seja definitiva ou provisória). Note-se que o Art. 353 do CP somente faz referência ao indivíduo que esteja preso, e NÃO ao indivíduo submetido a medida de segurança, sendo um fato atípico se a conduta for cometida contra este último. 
Ex. Pessoa está em viatura policial e particulares resolvem retirar o preso de dentro da viatura para linchá-lo, já que ele tinha cometido o crime de estupro contra uma adolescente. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é o preso que foi arrebatado com a finalidade de ser maltratado. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA, sendo o dolo consistente na vontade consciente de retirar o preso da custódia da autoridade com a finalidade específica de maltratá-lo. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação do crime ocorre com o efetivo arrebatamento, ou seja, com a violenta retirada do preso do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda, independentemente do fato de ter o agente conseguido maltratá-lo, tendo em vista que se trata de crime formal. 
- Apesar de crime formal, a doutrina afirma que o inter crimines pode ser fracionado, sendo possível a tentativa. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Por sua vez, o sujeito passivo é o Estado, bem como o preso que foi arrebatado. 
3.2.14 Motim de presos. (Art. 354 do CP)
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 354 do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.”
- Veja que as condutas do crime são as de amotinarem-se (amotinar está no sentido de revolta, alvoroço, agito) presos (veja que a palavra preso está no plural, querendo significar que a infração penal se configurará quando existir, no mínimo, 2 ou mais presos querendo praticar um motim, ou seja, trata-se de crime de concurso necessário de pessoas. Além disso, somente pessoas que gozem do status de preso é que podem cometer o crime, seja preso definitivo ou provisório, como aqueles que estão presos preventivamente), perturbando a ordem ou disciplina da prisão (a prisão diz respeito a qualquer estabelecimento prisional, ou seja, o crime pode ocorrer no interior de uma penitenciária, em delegacias, ou até mesmo no interior de um ônibus cuja finalidade seja o transporte de presos). Por fim, por expressa disposição legal a pena do crime de motim de presos soma-se as penas correspondentes à violência, ou seja, se, por exemplo, há o crime de motim de presos e um agente carcerário é ferido, os presos responderão pelo crime de motim de presos e pelas eventuais lesões corporais.
Ex. 10 presos se agruparam para reivindicar melhoras na alimentação e vestuário, vindo a agredir agentes carcerários e a perturbar a ordem e a disciplina da prisão. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- A doutrina informa que NÃO existe objeto material no crime em estudo. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA, tendo os presos a finalidade de agruparem-se para perturbar a ordem ou disciplina da prisão. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação do crime ocorre quando, com o motim de presos, ou seja, com a reunião tumultuária, ocorre a efetiva perturbação da ordem ou disciplina da prisão. A doutrina esclarece, ainda, que esta perturbação deve ter um tempo juridicamente relevante. 
- A tentativa é possível, apesar de difícil configuração, já que é possível haver o fracionamento do inter crimines, uma vez que se trata de crime plurissubsistente. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeitos ativos do crime SOMENTE podem ser os presos, ou seja, trata-se de crime próprio quanto ao sujeito ativo, já que se exige esta qualidade específica para o cometimento do crime, além disso, a doutrina esclarece que trata-se de crime plurissubjetivo, já que somente pode ser praticado por número plural de presos (delito coletivo ou multitudinário – nomenclatura que pode ser usada em provas do CESPE). Por sua vez o sujeito passivo do crime é o Estado e, eventualmente, alguém que for vítima de violência praticada durante o motim. 
3.2. 15 Patrocínio infiel. (Art. 355 do CP)
a) Tipo Objetivo.
- Ele está no Art. 355 do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.”
- Veja que a conduta do agente é a de trair (trair importa em um comportamento daquele que é infiel, que quebrou a confiança que nele havia depositado), na qualidade de advogado ou procurador, (o advogado é o bacharel em Direito regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil) o dever profissional, prejudicando interesse (a conduta do advogado ou procurador deve causar prejuízo, seja de ordem material ou moral, e o interesse prejudicado deve ser legítimo) cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. A doutrina destaca ainda que o patrocínio infiel deve se empreendidoem causa judicial, pouco importando sua natureza ou espécie – ex. civil ou penal. Desta forma, a atuação extrajudicial do profissional – ex. em fase de inquérito policial ou civil, sindicância, mera consulta – NÃO caracteriza o crime em análise, sendo possível, apenas, punição disciplinar pela OAB. 
Ex. Advogado se manifesta de forma contrária aos interesses de seu cliente, fazendo por exemplo, um acordo que irá lhe prejudicar em uma causa trabalhista. 
Ex. Advogado que, de forma proposital, não recorre da sentença, ou deixa o crime prescrever. 
b) Bem jurídico e Objeto Material.
- O bem jurídico protegido é a administração da justiça.
- O objeto material do crime é a pessoa que tem seu interesse prejudicado em virtude do comportamento praticado pelo agente. 
c) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA, devendo o agente, atuar sabendo que irá trair seu dever funcional, e ciente de que age em prejuízo do cliente, pouco importando os motivos que o levaram a proceder. Desta forma NÃO se pune a conduta culposa, pelo erro profissional fico o advogado ou procurador sujeito às penas de eventual infração disciplinar. 
d) Consumação e tentativa. 
- A consumação do crime ocorre quando, após a traição praticada pelo agente, ocorre o prejuízo, ou seja, trata-se de crime material, sendo necessária a ocorrência efetiva de um prejuízo causado ao patrocinado. 
- A tentativa é possível segundo a doutrina, já que o advogado pode trair o seu dever profissional e não conseguir causar prejuízo a parte por circunstâncias alheias a sua vontade. 
e) Sujeito Ativo e Passivo. 
- O sujeito ativo do crime SOMENTE pode ser advogado ou procurador judicial, ou seja, trata-se de crime próprio quanto ao sujeito ativo. Por sua vez, o sujeito passivo é o Estado, bem como aquele prejudicado pelo patrocínio infiel. 
OBS: Patrocínio simultâneo ou tergiversação – Art. 355, Parágrafo único, CP.
- O Art. 355, parágrafo único, do Código Penal prevê uma forma equiparada de patrocínio infiel que possui um nome próprio, o de patrocínio simultâneo ou tergiversação, que ocorre na seguinte situação: “Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.”
- No caso do Art. 355 parágrafo único do CP, existem duas formas de infidelidade profissional, com as seguintes condutas:
1ª) Patrocínio simultâneo – o advogado ou procurador judicial, de forma concomitante, ou seja, ao mesmo tempo, defende os interesses de partes contrárias.
Ex. O advogado representa o autor e o réu em um mesmo processo civil de indenização por danos morais. 
2ª) Patrocínio sucessivo(ou tergiversação) – o advogado ou procurador judicial, renuncia ao mandato de uma parte (ou por ela é dispensado) e passa, em seguida, a representar a outra parte. Ou seja, inicialmente, o advogado ou procurador judicial, representava uma parte no processo, e depois passa a representar a outra parte no mesmo processo. 
Ex. Advogado representava o réu em um processo civil de indenização por danos morais, depois renunciou ao mandato e passou a representar o autor no mesmo processo. 
- A consumação nos dois crimes ocorre com o patrocínio simultâneo ou sucessivo, independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo ao patrocinado traído, tendo em vista que se trata de crime formal. 
- Apesar de ser crime formal, a doutrina entende que é possível haver a tentativa, já que é um crime que pode ter fracionado o seu inter crimines, mesmo que seja de difícil configuração.

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