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Giardia lamblia Glêzia Renata da Silva Lacerda Graduada em Biomedicina / ASCES Mestre em Biotecnologia Industrial/ UFPE Doutoranda em Ciências Biológicas/ UFPE História Anton van Leeuwenhoek (1681) observou pela primeira vez ”animalúnculos móveis” em suas próprias fezes; Vilem Lambl (1859) identificou e descreveu o parasita encontrado em material humano como Cercomonas intestinalis; Davaine (1875) descreveu o Hexamintus duodenalis, isolado a partir de coelhos. Kunstler (1882) observou que as espécies descritas anteriormente apresentavam morfologia e biologia distintas e criou o gênero Giardia. História MUITAS ESPÉCIES FORAM DESCRITAS, COM BASE NO HOSPEDEIRO DE ORIGEM, PORÉM O GÊNERO Giardia FOI DIVIDIDO EM TRÊS ESPÉCIES: Giardia duodenalis (humanos, vários mamíferos, aves e répteis) Giardia muris (roedores, aves e répteis) Giardia agilis (anfíbios) Giardia duodenalis É UM COMPLEXO QUE INCLUI ISOLADOS DE MORFOLOGIA IDÊNTICA, MAS GENÉTICA DISTINTA. Giardia duodenalis = Giardia intestinalis = Giardia lamblia O gênero Giardia Compreende um grupo de protozoários flagelados; Parasitam o intestino delgado de humanos, animais domésticos ou animais selvagens; Causa a infecção conhecida como GIARDÍASE, destacando-se como um dos protozoários mais frequentes em exames coproparasitológicos, O gênero Giardia A GIARDÍASE É UMA DAS CAUSAS MAIS COMUNS DE DIARREIA ENTRE CRIANÇAS, QUE EM CONSEQUÊNCIA DA INFECÇÃO, MUITAS VEZES, APRESENTAM PROBLEMAS DE MÁ NUTRIÇÃO E RETARDO NO DESENVOLVIMENTO. É uma das parasitoses mais frequentemente encontradas no Brasil. Morfologia Organismo simples; Apresenta algumas características de células eucarióticas (presença de carioteca, citoesqueleto complexo, vacúolos lisossômicos); Estão ausentes organelas típicas, tais como mitocôndrias, peroxissomos, complexo de Golgi. APRESENTA DUAS FORMAS EVOLUTIVAS QUE DIFEREM QUANTO À ESTRUTURA E À BIOQUÍMICA: O TROFOZOÍTO E O CISTO Morfologia - Trofozoíto Aderido à mucosa do intestino delgado (duodeno); É a forma responsável pelas manifestações clínicas da infecção; Achatado dorsoventralmente (formato piriforme); Apresenta simetria bilateral com 20 µm de Comprimento / 10 µm de Largura; Possui quatro pares de flagelos (anterior, ventral, posterior e caudal) e dois núcleos. Morfologia - Trofozoíto Face dorsal lisa e convexa Face ventral Côncava com discos suctoriais ou adesivos; A proteína giardina permite a adesão do parasito à mucosa intestinal; Abaixo do disco adesivo é observada a presença dos corpos medianos, em formato de vírgula. ENCONTRADOS APENAS EM PROTOZOÁRIOS DO GÊNERO Giardia Morfologia - Trofozoíto Abaixo do disco adesivo é observada a presença dos corpos medianos, em formato de vírgula. N (núcleos); FA (flagelos anteriores); FP (flagelos posteriores); FV (flagelos ventrais); FC (flagelos caudais); DA (disco adesivo); CM (corpos medianos) Morfologia Cisto Oval ou elipsoide; É a forma responsável pela transmissão do parasita; Apresenta 12 µm C / 8 µm L; Possui quatro núcleos; Axonemas de flagelos; Membrana destacada do citoplasma. Morfologia - Cisto A parede glicoproteica torna este parasito resistente a variações de temperatura, de umidade e à ação de produtos químicos; Resistentes no ambiente por 2 meses. N (núcleos); FI (flagelos completamente internalizados); FD (fragmentos do disco adesivo); PC (parede cística) Ciclo Biológico PARASITO MONOXENO 1 e 2) Ingestão de cistos (10 – 100 são suficientes para produzir infecção); 3) O desencistamento inicia no meio ácido do estômago e completa no duodeno e jejuno; 4) No intestino delgado ocorre a formação dos trofozoítos que por divisão binária, originam 2 trofozoíitos binucleados idênticos; 5) Encistamento do parasito no ceco e eliminação no meio exterior através das fezes. Ciclo Biológico Os trofozoítos multiplicam-se por DIVISÃO BINÁRIA longitudinal. Estímulos que conduzem ao encistamento: pH intestinal; Concentração de sais biliares; Destacamento do trofozoíto da mucosa. Ciclo Biológico Trofozoítos aderidos à mucosa intestinal, através do disco adesivo. Transmissão Os cistos são as formas infectantes; Via fecal-oral; Ingestão de águas sem tratamento ou deficientemente tratadas; Alimentos contaminados (verduras cruas e frutas mal lavadas), os quais também podem ser contaminados por cistos veiculados por moscas e baratas; Transmissão direta de pessoa a pessoa, por meio de mãos contaminadas, em locais de aglomeração humana (creches, orfanatos, asilos, presídios, escolas e enfermarias pediátricas); Através do sexo oral. Imunidade IgA é capaz de reconhecer proteínas presentes no disco adesivo de trofozoítos, interferindo na capacidade de adesão. Participação celular através de reações de citotoxicidade dependente de anticorpos, além de influenciar a intensidade e a duração da resposta imunológica. Sintomatologia A maioria das infecções são assintomáticas, podendo haver eliminação de cistos nas fezes por até 6 meses; Primo-infecção ingestão de muitos cistos pode desencadear diarreia aquosa, explosiva, com odor fétido, gases e dor abdominal; Nas infecções crônicas, pode haver diarreia, esteatorreia, irritabilidade, náuseas, vômitos, emagrecimento e má-absorção, especialmente em crianças; Quadros crônicos também estão associados à desnutrição má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), vitamina B12, ferro e lactose compromete o desenvolvimento físico e cognitivo. Patogenia LESÕES ANATOPATOLÓGICAS: Achatamento e/ou atrofia das microvilosidades – reduzindo área de absorção da mucosa; Infiltração de elementos inflamatórios; Desencadeia resposta inflamatória e imune com produção de IgA e IgE que ativa mastócitos e libera histamina – edema na mucosa – aumento de motilidade do intestino – diarreia. Aumento da secreção de muco; Má-absorção intestinal (deficiência enzimática – dissacaridases). Depende da cepa, idade, quantidade de cistos ingeridos e resposta imunológica. Diagnóstico Parasitológico Deve-se observar o aspecto e consistência da amostra fecal: Fezes DIARREICAS: Presença de TROFOZOÍTOS Colher fezes no laboratório e examinar rapidamente (trofozoítos viáveis entre 15-20 minutos); Coletar em recipientes contendo substâncias fixadoras - formol a 10%, MIF (mertiolato-iodo-formol) e SAF (acetato de sódio-ácido acético-formaldeído). O exame parasitológico de fezes é a principal alternativa no diagnóstico de Giardia lamblia Diagnóstico Parasitológico Deve-se observar o aspecto e consistência da amostra fecal: Fezes FORMADAS: Presença de CISTOS Liberação intermitente de cistos, conhecida como período negativo, o qual pode durar em média 10 dias; Análise de, pelo menos, 3 amostras em dias alternados; Não ultrapassar 48h entre a coleta e a análise manter amostra a 4 ºC, por uma semana, no máximo. O exame parasitológico de fezes é a principal alternativa no diagnóstico de Giardia lamblia Diagnóstico Parasitológico Pacientes com diarreia crônica que mantem os exames negativados, apesar da presença de trofozoítos no duodeno --: Entero-Test® Ingere cápsula gelatinosa amarrada a um barbanteque permanece fora da boca; Após 4 horas, a cápsula é retirada e analisada imediatamente ao microscópio. Diagnóstico Imunológico Pesquisa de anticorpos anti-Giardia por ELISA no soro Baixa sensibilidade e baixa especificidade; Ocorrência de falso-positivos Pesquisa de antígenos por ELISA nas fezes Sensibilidade em torno de 85% a 95% e especificidade de 90 a 100%. Profilaxia Medidas de higiene pessoal (lavagem correta das mãos); Destino correto das fezes (fossas e rede de esgoto); Não tomar banho em águas de recreação por, pelo menos, duas semanas, após o término dos sintomas; Proteção dos alimentos; Tratamento correto da água; Os cistos resistem à cloração da água, portanto, recomenda-se fervê-la. Tratamento de doentes e de portadores assintomáticos. Tratamento Metronidazol (mais utilizado, porém apresenta muitos efeitos colaterais e em alguns casos resistência do parasita ao medicamento após longos períodos de uso); Tinidazol; Secnidazol; Albendazol; Nitazoxanida – amplo espectro – inibe enzimas indispensáveis a vida do parasita – Annita ®
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