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CURSO DE GEOMETRIA ANALI´TICA por Jose´ Adonai Pereira Seixas Maceio´-2009 Conteu´do 1 Vetores no Plano e no Espac¸o 1 1.1 Segmentos Orientados no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Vetores no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.3 Segmentos Orientados no Espac¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.4 Vetores no Espac¸o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.6 Sugesto˜es & Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2 Produtos Escalar e Vetorial 21 2.1 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.2 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.4 Sugesto˜es & Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3 Retas e Planos 33 3.1 Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.2 Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.2.1 Distaˆncia de um Ponto a um Plano . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.4 Sugesto˜es & Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4 Coˆnicas 41 4.1 Elipses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 4.1.1 Transladando uma Elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.1.2 Rotacionando uma Elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.2 Hipe´rboles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 4.3 Para´bolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.5 Sugesto˜es & Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 5 Qua´dricas 57 5.1 Esferas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 5.2 Elipso´ides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 5.3 Parabolo´ides Hiperbo´licos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 5.4 Parabolo´ides El´ıticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5.5 Cilindros Sobre Coˆnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5.7 Sugesto˜es & Respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Refereˆncias Bibliogra´ficas 65 Parte 1 Vetores no Plano e no Espac¸o Os vetores sa˜o objetos matema´ticos que prove´m da F´ısica. Nesta cieˆncia, tem-se as gran- dezas escalares, que se caracterizam por nu´meros reais, por exemplo, a massa ou a temperatura de um corpo, e aquelas vetoriais que se expressam atrave´s de uma magnitude e um sentido, como, por exemplo, uma forc¸a arrastando um objeto. Sa˜o essas grandezas vetoriais que motivam a construc¸a˜o do que chamamos de vetor. 1.1 Segmentos Orientados no Plano A interpretac¸a˜o geome´trica mostrada na figura 1, que descreve o conjunto dos nu´meros reais R como uma reta orientada, sobre a qual se escolhe um ponto O, o qual corresponde ao nu´mero zero e uma unidade de medida, que corresponde ao nu´mero 1, pode ser aplicada ao plano e ao espac¸o, produzindo o que chamaremos de plano e espac¸o cartesiano, e que denotaremos por R2 e R3, respectivamente. Figura 1: Os Nu´meros Reais R r 0 r 1 r√ 3 r pi +∞−∞ r −√2 Para construir o R2, tomamos duas co´pias de R, as quais chamamos de eixos coordenados. Estes eixos sa˜o denotados por eixo-x e eixo-y. O passo seguinte consiste em dispor os eixos coordenados em um plano euclidiano de modo que eles se interceptem ortogonalmente em suas origens, o que produz o ponto O, que sera´ associado a` dupla (2-upla) nula (0, 0), conforme figura ao lado. Feito isso, dado um outro ponto A do plano, associamos a` A a dupla (a1, a2), que e´ constru´ıda assim: a1 e´ a projec¸a˜o de A sobre o eixo-x, e a2 e´ aquela sobre o eixo-y. Em O s - 6 x y Figura 2: Plano Cartesiano R2 sBb2 r b1 r sAa2 r a1 r outras palavras: trac¸ando-se por A, uma reta perpendicular ao eixo-x determinamos a1, e com uma reta perpendicular ao eixo-y, determinamos a2. Agora escreveremos A = (a1, a2), e fica estabelecida uma bijec¸a˜o entre o plano euclidiano que fixamos e o conjunto R2 = {(a1, a2), a1 ∈ R, a2 ∈ R} = {(x, y), x ∈ R, y ∈ R}, 1 Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 2 que chamaremos plano cartesiano R2. Chamaremos a1 e a2 de coordenadas de A. As expresso˜es abscissa de A e ordenada de A tambe´m sa˜o usadas para a1 e a2, respectivamente. Conve´m observar que em R2, duas duplas A = (a1, a2) e B = (b1, b2) sa˜o iguais se a1 = b1 e a2 = b2. Exemplo 1.1. Neste exemplo, vamos marcar no plano cartesiano R2 os pontos A = (1, 0), B = ( √ 2, 1), C = (0, 1), D = (0, 2) e E = (−1, 2). √ 2 x-1 A C = (0, 1) B = ( √ 2, 1) E = (−1, 2) D = (0, 2) y 1-1 Exerc´ıcio Resposta Represente os pontos A = (3,−4), B = (3,−1), C = (−5, 1), D = (−3,−2), E = (0, 4), F = (−4, 0), G = (√5, 3) e encontre as coordena- das (a) Das projec¸o˜es dos pontos dados sobre o eixo-x; (b) Idem, sobre o eixo-y; (c) Dos pontos sime´tricos dos pontos dados em relac¸a˜o ao eixo-x; (d) Idem, com relac¸a˜o ao eixo-y; (e) Idem, com relac¸a˜o a` or´ıgem; (f) Idem, com relac¸a˜o a` bissetriz y = x. Em R2, podemos somar duplas e multiplicar uma dupla por um nu´mero real. Definic¸a˜o 1.2. Se A = (a1, a2) e B = (b1, b2), a soma de A com B, indicada por A + B, e´ a dupla A+B = (a1 + b1, a2 + b2). Definic¸a˜o 1.3. Se A = (a1, a2) e a ∈ R, o produto de A pelo nu´mero real a, indicado por aA, e´ a dupla aA = (aa1, aa2). Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 3 Exemplo 1.4. Dados os pontos A = (1, 0), B = ( √ 2, 1), C = (0, 1), D = (0, 2) e E = (−1, 2), temos que: (i) A+ C = (1, 0) + (0, 1) = (1, 1), A+B = (1, 0) + ( √ 2, 1) = (1 + √ 2, 1). (ii) 2E = 2(−1, 2) = (−2, 4), √2B = √2(√2, 1) = (2,√2). (iii) E −D = (−1, 2)− (0, 2) = (−1− 0, 2− 2) = (−1, 0). 1-2 Exerc´ıcio Resposta Dados os pontos A = (3,−4), B = (3,−1), C = (−5, 1), D = (−3,−2), E = (0, 4), F = (−4, 0), G = (√5, 3), calcule (a) A− A+B −B; (b) −A−B − C −D − E − F +G. Temos as seguintes propriedades destas operac¸o˜es. Proposic¸a˜o 1.5. Se A,B,C ∈ R2 e a, b ∈ R, enta˜o valem as seguintes propriedades: (i) [Comutatividade] A+B = B + A; (ii) [Associatividade] (A+B) + C = A+ (B + C); (iii) [Elemento Neutro] a n-upla O = (0, 0), chamada dupla nula (ou zero), e´ a u´nica dupla tal que A+O = A; (iv) [Sime´trico] a dupla −A = (−a1,−a2), chamada sime´trico da dupla A, e´ a u´nica dupla tal que A+ (−A) = O. (v) [Distributividade] a(A+B) = aA+ aB; (vi) [Distributividade] (a+ b)A = aA+ bA; (vii) [Associatividade] (ab)A = a(bA); (vii) 1A = A. Demonstrac¸a˜o. Vejamos a demonstrac¸a˜o de (ii). Temos que (A+B) + C = (a1 + b1, a2 + b2) + (c1, c2) = ((a1 + b1) + c1, (a2 + b2) + c2)) = (a1 + (b1 + c1), a2 + (b2 + c2)) = A+ (B + C). O importante aqui e´ que, em R, vale a propriedade associativa. As demais propriedades sa˜o igualmente simples, e sera˜o deixadas como exerc´ıcio para o leitor. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 4 Dados dois pontos no plano R2, digamos A = (a1, a2) e B = (b1, b2), o segmento orientado AB e´ o segmento de reta ligando A e B, nesta ordem. Como conjunto de pontos, os segmentos orientados AB e BA sa˜o iguais. Entretanto, eles representam segmento orientados diferentes: BA sera´ chamado segmento orientado oposto de AB. Dado um segmento orientado AB, A 6= B, consideraremos treˆs objetos importantes para o seu estudo, a saber: a reta l que o conte´m, a dife- renc¸a B − A = (b1, b2)− (a1, a2) = (b1 − a1, b2 − a2) e a inclinac¸a˜o (declividade) de l dada por Figura 4: O Segmento Orientado AB b1a1 x α X = (b1, a2) Aa2 b1 − a1 b2 − a2 b2 B y l m(l) = tgα = b2 − a2 b1 − a1 , que esta´ bem definida para b1 − a1 6= 0. Aqui α e´ o aˆngulo que l (ou AB) faz com eixo-x.No caso em que na˜o podemos definir m, isto e´, quando b1 = a1, diremos que AB e´ vertical (isto e´ razoa´vel?). A partir da figura 4 , vamos definir o comprimento de AB, o que sera´ indicado por ∥∥AB∥∥, e que coincidira´ com a distaˆncia entre os pontos A e B, que indicamos por d(A,B). Aplicando o teorema de Pita´goras ao triaˆngulo retaˆngulo (em X) 4ABX, vem que∥∥AB∥∥ = d(A,B) = √(b1 − a1)2 + (b2 − a2)2. Dizemos que dois segmentos orientados AB e CD teˆm a mesma direc¸a˜o se as retas que os conte´m sa˜o paralelas. Em outras palavras, se l e´ a reta que conte´m AB e r e´ aquela que conte´m CD, os segmentos teˆm a mesma direc¸a˜o, se m(l) = m(s), ou ambos os segmentos sa˜o verticais. O c1 d1a1 xb1 c2 C a2 A b2 B d2 D y Agora vamos formalizar a noc¸a˜o de mesmo sentido entre dois segmentos orientados. Na figura acima, vemos segmentos AB e CD com a mesma direc¸a˜o. Entretanto, o nosso sentimento percebe mais alguma coisa comum entre eles: o sentido. Em cada caso, saindo da extremidade inicial (A num caso, C no outro) chegamos na extremidade final, se subimos e, ao mesmo tempo, caminhamos para a direita. Como formalizar esta noc¸a˜o? E´ simples. Olhamos as diferenc¸as Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 5 associadas a eles, a saber: B − A = (b1 − a1, b2 − a2) e D − C = (d1 − c1, d2 − c2). Agora observamos que as coordenadas b1 − a1 e d1 − c1 devem ter o mesmo sinal (no caso da figura, positivo). Observe que b1 − a1 e d1 − c1 ter o mesmo sinal obriga que o mesmo ocorra com as ordenadas b2 − a2 e d2 − c2. Portanto, temos a seguinte definic¸a˜o. Definic¸a˜o 1.6. Diremos que AB e CD teˆm o mesmo sentido se m(l) = m(s), (b1 − a1)(d1 − c1) > 0, e (portanto) (b2 − a2)(d2 − c2) > 0 ou, no caso que os segmentos sa˜o verticais, exigimos apenas que (b2 − a2)(d2 − c2) > 0. Observac¸a˜o 1.7. Em particular, os segmentos AB e BA teˆm a mesma direc¸a˜o, mas na˜o teˆm o mesmo sentido. De fato, B−A = (b1−a1, b2−a2) e A − B = (a1 − b1, a2 − b2) e o produto de suas abscissas e´ (b1 − a1)(a1 − b1) = −(b1 − a1)2 < 0. Note tambe´m que AB tem o mesmo sentido e comprimento que o segmento orientado ligado a origem dado por OX, onde X = B − A. O xO xb1 − a1b1 − a1a1a1 b1b1 b2 − a2b2 − a2 XXAA a2a2 b2b2 BB yy Exemplo 1.8. Vamos considerar, no plano cartesiano R2, os pontos A = (1, 0), B = (0, 2), C = (2, 1), D = (1, 3) e E = (5,−2) e F = (3, 2). Vamos olhar as coordenadas de B−A, D−C e F − E. Temos que (i) B − A = (0, 2)− (1, 0) = (−1, 2). (ii) D − C = (1, 3)− (2, 1) = (−1, 2). (iii) F − E = (3, 2)− (5,−2) = (−2, 4). As inclinac¸o˜es das retas suportes de AB, CD e EF sa˜o iguais a−2, como e´ fa´cil de ver. Portanto, os treˆs segmentos teˆm a mesma direc¸a˜o. Ale´m disto as razo˜es entre as abscissas de (i), (ii) e (iii) sa˜o sempre positivas, ora 1, ora 1/2. Isto significa que o treˆs segmentos teˆm o mesmo sentido. Para finalizar, observamos que Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 6 d(A,B) = ∥∥AB∥∥ = √(−1)2 + 22 = √5, d(C,D) = ∥∥CD∥∥ = √(−1)2 + 22 = √5 e d(E,F ) = ∥∥EF∥∥ = √(−2)2 + 44 = 2√5. Portanto, os segmentos AB e CD teˆm compri- mentos iguais. Os segmentos orientados com o mesmo comprimento e mesmo sentido desempe- nhara˜o papel fundamental no nosso estudo, como veremos a seguir. −2 E 32 xA 5 1 C B F 3 D y 1-3 Exerc´ıcio Resposta Dados A = (0, 0), B = (3,−4), C = (−3, 4), D = (−2, 2) e E = (10,−3), calcule as distaˆncias d(A,B), d(B,C), d(A,C), d(C,D), d(A,D), d(D,E). 1-4 Exerc´ıcio Resposta Os pontos A = (3,−7) e B = (−1, 4) sa˜o ve´rtices consecutivos de um quadrado. Calcule a a´rea do quadrado. 1-5 Exerc´ıcio Resposta Os pontos P = (3, 5) e Q = (1,−3) sa˜o ve´rtices opostos de um quadrado. Calcule a a´rea do quadrado. 1-6 Exerc´ıcio Resposta Ache a a´rea do triaˆngulo equila´tero do qual A = (−3, 2) e B = (1, 6) sa˜o ve´rtices. 1.2 Vetores no Plano Seja AB o segmento orientado determinado pelos pontos A = (a1, a2) e B = (b1, b2). Agora imagine todos os outros segmentos que teˆm o mesmo comprimento e sentido que AB. Na˜o tente desenhar isto: o plano ficaria repleto de segmentos e na˜o haveria espac¸o para mais nada. O que fazemos, para visualizar tal situac¸a˜o, e´ desenhar alguns, como na figura abaixo, onde Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 7 Figura 8: Vetor AB O a1 b1 xb1 − a1 X b2 − a2 Aa2 b1 − a1 b2 − a2U R b2 s1 − r1 B s2 − r2P V q1 − p1 Sq2 − p2 Qy introduzimos, agora, uma nova forma de ver o sentido de um segmento orientado: uma seta ligando o ponto inicial ao ponto final de cada segmento orientado. Bem, e´ a` essa colec¸a˜o de segmentos orientados “parecidos” que chamaremos de vetor AB, e que indicaremos por −→ AB. Na˜o esquec¸a: −→ AB e´ um conjunto de segmentos orientado, um para cada ponto do plano. Devido a sua importaˆncia no estudo dos vetores, o par (b1 − a1, b2 − a2) sera´ chamado coordenadas do vetor −→ AB. Onde esta´ a importaˆncia destes nu´meros? E´ simples: Olhe a figura 8 . Veja o representante na origem. Ele e´ o segmento OX, onde X = B − A = (b1 − a1, b2 − a2). Olhe outro representante, digamos o localizado em P = (p1, p2) e que termina em Q = (q1, q2). Note que Q− P = (q1 − p1, q2 − p2) deve coincidir com (b1 − a1, b2 − a2). Percebeu? Agora olhe para R e S. O que acontece com S −R = (s1 − r1, s2 − r2)? Isto nos da´ uma nova maneira de ver o vetor −→ AB: −→ AB = {PQ, Q = (q1, q2), P = (p1, p2); q1 − p1 = b1 − a1 e q2 − p2 = b2 − a2}, ou, alternativamente, −→ AB = {PQ, Q = (q1, q2), P = (p1, p2); Q−P = B−A}. De agora em diante vamos indicar o vetor−→ AB, tambe´m, por −−−−−−→ O(B − A), ou −−−−→B − A, ou−−−−−−−−−−−→ (b1 − a1, b2 − a2) ou, mais simplesmente, por (b1 − a1, b2 − a2). Neste ponto, duas coisas devem ser observadas com atenc¸a˜o: a primeira e´ que se PQ ∈ −→AB, O u1 x −→ u u2 U P −→ u Q y enta˜o −→ PQ = −→ AB; a outra e´ que quando escrevemos −→ u = (u1, u2), estamos pensando no vetor cujo representante (elemento -lembre que −→ u e´ um conjunto) localizado (comec¸ando) na origem termina no ponto (u1, u2). E´ um bom exerc´ıcio para o leitor adivinhar o ponto Q onde terminara´ o representante de −→ u localizado em P = (p1, p2). Note que, na figura, usamos −→ u nos dois segmentos. Isto poderia ser feito em qualquer outro representante. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 8 Definic¸a˜o 1.9. Como os representantes de um vetor −→ u = −→ AB teˆm o mesmo comprimento, a saber a distaˆncia de A a B (‖B − A‖), este valor comum sera´ chamado comprimento ou norma do vetor −→ u = −→ AB, o que indicaremos por ∥∥∥−→u ∥∥∥. Em particular, se tomamos o representante −→ OU , U = (u1, u2), temos ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √u21 + u22. Exemplo 1.10. Consideremos os dois vetores−→ u = (3, 2) e −→ v = (1, 3). Vamos localiza´-los em O = (0, 0) e em P = (4, 1). Na pra´tica, estando em um ponto qualquer P , para dese- nhar −→ u , devemos caminhar 3 unidades para a direita e 2 para cima. E para desenhar −→ v , o que devemos fazer? Quando localizamos −→ u na origem, a outra extremidade e´ U = (3, 2), e quando localizamos −→ u em P = (4, 1), a outra extremidade deve ser Q = (7, 3), porque deve- mos caminhar 3 unidades para a direita e 2 para cima, isto e´, Q = P+U . Neste ponto, o leitor deve O 31 4 x75 −→ u 1 −→ u −→ v 2 U −→ v 3 V Q y fazer uma discussa˜o ana´loga para o vetor −→ v . Quanto a`s normas destes vetores, temos que∥∥∥−→u ∥∥∥ = √32 + 22 = √13 e ∥∥∥−→v ∥∥∥ = √12 + 32 = √10. Agora vamos imaginar que −→u e −→v sa˜o duas forc¸as de intensidades (medidas em Newtons) √ 13 N e √ 10 N , respectivamente. Qual a resultante −→ r ? Bem, sabemos que a resultante aparece na diagonal do paralelogramo formadocom os vetores −→ u e −→ v , constru´ıdo como mostra a figura abaixo: aplicamos as forc¸as em um ponto e, a seguir, colocamos na extremidade final de cada um deles, um representante do outro. O x751 83 4 −→ u 1 −→ v −→ u 2 U −→ r −→ v 3 −→ vV 5 −→ r −→ u −→ v −→ u R y Vamos olhar atentamente a figura. Note que, nos dois paralelogramos, a projec¸a˜o na horizontal do vetor −→ r sempre mede 4, enquanto sua projec¸a˜o na vertical mede 5. Em particular, no paralelogramo constru´ıdo na origem, −→ r termina em R = (4, 5), que e´ exatamente a soma das extremidades de −→ u com aquela de −→ v , isto e´, R = U + V . Concorda? Portanto a intensidade da resultante e´ ∥∥∥−→r ∥∥∥ = √42 + 52 = √41 Newtons. Este exemplo motiva a seguinte definic¸a˜o. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 9 Definic¸a˜o 1.11. [Soma de Vetores] Sejam −→ u = (u1, u2) e −→ v = (v1, v2) dois vetores (que localizados na origem terminam em U = (u1, u2) e V = (v1, v2)). A soma de −→ u com −→ v e´ definida como sendo o vetor (de coordenadas) −→ u + −→ v = (u1 + v1, u2 + v2) = U + V. Figura 12: Soma de Vetores O xu1 + v1u1v1 −→ u −→ vu2 U −→ u + −→ v −→ vv2 V −→ u u2 + v2 R y Definic¸a˜o 1.12. [Produto por Escalar] Sejam −→ v = (v1, v2) = V um vetor e a ∈ R um nu´mero real. O produto de a por −→ v e´ definido como sendo o vetor a −→ v = (av1, av2) = aV. Portanto, se a > 0, os representantes de a −→ v teˆm todos o mesmo sentido que os representantes de −→ v . Se a < 0, os representantes de a −→ v teˆm todos o sentido contra´rio ao de −→ v . A figura 13 -(a) mostra o vetor a −→ v , para o caso a > 1. Ja´ a figura 13 -(b) mostra o vetor a −→ v , para o caso −1 < a < 0. Observe que o comprimento de a−→v e´ |a| vezes o comprimento de −→ v . Isto e´ um fato geral, ∥∥∥a−→v ∥∥∥ = √(av1)2 + (av2)2 = √a2v21 + a2v22 = |a|√v21 + v22 = |a|∥∥∥−→v ∥∥∥ . Figura 13 (a): O vetor a −→ v , a > 1 O v1 xav1 −→ v v2 V av2 aV y Figura 13 (b): O vetor a −→ v , − 1 < a < 0 aV av2 v1 x Oav1 −→ v v2 V y Neste ponto o leitor deve ter observado que as operac¸o˜es com vetores se reduzem a`quelas operac¸o˜es que fizemos com duplas (reveja as definic¸o˜es 1.2 e 1.3 ). Portanto, suas propriedades devem valer tambe´m para vetores. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 10 Proposic¸a˜o 1.13. Se −→ u , −→ v , −→ w sa˜o vetores no plano e a, b ∈ R, enta˜o valem as seguintes propriedades: (i) [comutatividade] −→ u + −→ v = −→ v + −→ u ; (ii) [Associatividade] ( −→ u + −→ v ) + −→ w = −→ u + ( −→ v + −→ w ); (iii) [Elemento Neutro] o vetor O = (0, 0), chamada vetor nulo e´ a u´nica vetor tal que−→ u +O = −→ u ; (iv) [Sime´trico] o vetor −−→u = (−1)−→u , chamada sime´trico de −→u , e´ o u´nico vetor tal que−→ u + (−−→u ) = O. (v) [Distributividade] a( −→ u + −→ v ) = a −→ u + a −→ v ; (vi) [Distributividade] (a+ b) −→ u = a −→ u + b −→ u ; (vii) [Associatividade] (ab) −→ u = a(b −→ u ); (vii) 1 −→ u = −→ u . Retomando a figura onde constru´ımos a soma de dois vetores −→ u e −→ v , vemos que o pa- ralelogramo pode ser omitido, e a soma obtida simplesmente colocando um deles, digamos −→ u , ligando P a Q, seguido de −→ v localizado em Q, o que atingira´ o ponto R. O vetor soma enta˜o de- ve ser −→ PR. A pergunta que se faz agora e´: e a diferenc¸a −→ v − −→u como aparece? Bem, para respondeˆ-la vamos usar algumas das propriedades acima. Temos que −→ u + ( −→ v − −→u ) = −→v . Logo a diferenc¸a −→ v −−→u e´ o vetor que localizado no final de −→ u termina no final de −→ v . Isto e´ exatamente a outra diagonal do paralelogramo. Ainda considerando o aspecto geome´trico da soma de vetores, gostar´ıamos de observar que P −→ u −→ v Q −→ v −→ u −→ v −−→u R −→ u + −→ v as propriedades comutativa e associativa mostram que se queremos somar va´rios vetores, preci- samos apenas coloca´-los, em qualquer ordem, seguidos um do outro e a sua soma estara´ ligando a extremidade inicial do primeiro a` extremidade final do u´ltimo. Na figura abaixo, vemos a soma de nove vetores. 9∑ i=1 −→ vi −→ v5 −→ v1 −→ v4 −→ v9 −→ v2 −→ v3 −→ v6 −→ v7 −→ v8 Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 11 Agora, fixemos um ponto P = (p1, p2) no plano e um vetor −→ v de coordenadas (v1, v2). Lem- bre, outra vez, que isto significa que −→ v = −−→ OV e V = (v1, v2). Localizando −→ v em P , obteremos o representante PQ, que, claro, termina em Q. Quem e´ Q? Ja´ hav´ıamos proposto este problema, mas agora vamos resolveˆ-lo. Note que a soma −→ OP + −→ PQ = −→ OP + −→ v = (p1 + v1, p2 + v2), Figura 16: Soma de um ponto com um Vetor O v1 q1 xp1 −→ v v2 V −−→ OP + −→ v p2 P −→ v q2 Q y que, pelo que fizemos acima, sa˜o as coordenadas do vetor −→ OQ. Portanto, Q = (p1 + v1, p2 + v2), e obtemos o seguinte resultado. Proposic¸a˜o 1.14. Sejam P = (p1, p2) um ponto no plano e −→ v = −−→ OV um vetor de coordenadas (v1, v2). Se −→ v = −→ PQ, enta˜o Q = (p1 +v1, p2 +v2) = P +V . Em outras palavras, o representante de −→ v que comec¸a em P , termina em Q = P+V . Portanto, V = Q−P determina as coordenadas do vetor −→ v = −→ PQ. Observac¸a˜o 1.15. Em muitos textos de Geometria Anal´ıtica, o ponto Q acima e´ chamado soma do ponto P com o vetor −→ v . Exemplo 1.16. Sejam P,Q dois pontos arbitra´rios do plano. Enta˜o −→ v = −→ PQ = Q − P e −→u = 1 2 −→ v e´ o vetor que tem o mesmo sentido que −→ v e mede a metade de −→ v . Logo, se somamos P a −→ u atingiremos o ponto me´dio M do segmento PQ. Portanto, M = P + −→ u = P + 1 2 −→ v = P + 1 2 (Q− P ) = P +Q 2 e´ o ponto me´dio de PQ. Figura 17: Ponto Me´dio q1p1O x p2 P −→ u M q2 Q y Exemplo 1.17. Sejam A,B,C os ve´rtices de um triaˆngulo. Considere P e Q como sendo os pontos me´dios dos lados AB e BC. Enta˜o P = A+B 2 e Q = B+C 2 . Temos que −→ PQ = Q− P = B + C 2 − A+B 2 = C − A 2 = 1 2 −→ AC. Note que isto confirma o fato, da Geometria Euclidi- ana, que diz que o segmento que une os pontos me´dios de dois lados de um triaˆngulo e´ paralelo ao terceiro lado e mede metade deste. C A −→ v Q 1 2 −→ v P B Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 12 Exemplo 1.18. Dados A = (1, 1), B = (5, 5) e C = (6,−1), considere o triaˆngulo 4ABC. Vamos calcular o tamanho da mediana relativa ao lado AB, isto e´, a distaˆncia de C ao ponto me´dio do lado AB, que indicaremos por M . Assim, M = A+B 2 = (3, 3). Logo a mediana vale ‖M − C‖ = ‖(−3, 4)‖ = 3 √ 2. C = (6,−1) O x A = (1, 1) M = (3, 3) B = (5, 5) y Existem dois vetores especiais no plano, que sa˜o conhecidos como base canoˆnica. Eles sa˜o indi- cados por −→ i e −→ j , ou alternativamente, sem usar se- tas acima, e1 e e2. Eles sa˜o os vetores dados por e1 = −→ i = (1, 0) e e2 = −→ j = (0, 1). Proposic¸a˜o 1.19. Se −→ v = (v1, v2), enta˜o −→ v = v1 −→ i + v2 −→ j . Figura 20: Base Canoˆnica O v1(1, 0) x −→ i −→ j (0, 1) −→ v v2 V y Demonstrac¸a˜o. De fato, v1 −→ i + v2 −→ j = v1(1, 0) + v2(0, 1) = (v1, 0) + (0, v2) = (v1, v2) = −→ v . 1.3 Segmentos Orientados no Espac¸o A construc¸a˜o do plano R2 e´ feita a partir de duas co´pias de R, como vimos. A construc¸a˜o do espac¸o cartesiano de treˆs dimenso˜es, o R3, e´ feita de forma semelhante, so´ que a partir de treˆs co´pias de R, as quais, tambe´m, chamamosde eixos coordenados. Estes eixos sa˜o denotados por eixo-x, eixo-y e eixo-z. Eles determinam o que chamamos de planos coordenados (veja a figura 21 a seguir), que sa˜o treˆs, a saber: (i) o plano plano-xy determinado pelos eixos eixo-x e eixo-y; (ii) o plano plano-xz determinado pelos eixos eixo-x e eixo-z; (iii) o plano plano-yz determinado pelos eixos eixo-y e eixo-z. O passo seguinte consiste em dispor tais eixos no espac¸o (como este em que vivemos) de modo que eles se interceptem ortogonalmente em suas origens, o que produz o ponto O, que sera´ associado a` tripla de nu´meros reais (3-upla) nula (0, 0, 0). Feito isso, dado um outro ponto A do espac¸o, associamos a ele a tripla (a1, a2, a3), que e´ constru´ıda assim: (a1, a2) e´ a projec¸a˜o de A sobre o plano plano-xy, e a3 e´ aquela sobre o eixo-z. Em outras palavras: trac¸ando-se por A uma reta perpendicular ao plano-xy determinamos a1 e a2, e com uma reta perpendicular ao eixo-z, determinamos a3. Outra forma de ver esta construc¸a˜o consiste simplesmente em marcar a dupla (a1, a2) no plano-xy e, partir dele subir a3 unidades (ou descer, se a3 < 0). Agora escreveremos A = (a1, a2, a3), e fica estabelecida uma bijec¸a˜o entre o espac¸o e o conjunto R3 = {(a1, a2, a3), a1 ∈ R, a2 ∈ R, a3 ∈ R} = {(x, y, z), x ∈ R, y ∈ R, z ∈ R}, Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 13 que chamaremos espac¸o cartesiano R3. Chamaremos a1 e a2 e a3 de coordenadas de A. As expresso˜es abscissa de A, ordenada e altura de A tambe´m sa˜o usadas para a1, a2 e a3, respecti- vamente. x plano-xy (a1, a2, 0) a1 y a2 plano-xz Figura 21: { O Espac¸o Cartesiano e seu Planos Coordenados A plano-yz a3 z Exemplo 1.20. Neste exemplo, vamos marcar no espac¸o cartesiano R3 os pontos A = (1, 0, 0), B = (2,−1, 4), C = (0, 3, 2). x (2,−1, 0) 2 A = (1, 0, 0) y3 −1 2 B C 4 z 1-7 Exerc´ıcio Resposta Represente os pontos A = (3, 4, 6), B = (5,−3, 1), C = (−3, 2,−1), D = (−1,−5,−3) e encontre as coordenadas (a) das projec¸o˜es dos pontos dados sobre o plano-xy; (b) idem, sobre o plano-yz; (c) idem, sobre o plano-xz. 1-8 Exerc´ıcio Resposta Mostre que o triaˆngulo 4ABC, onde A = (3, 1,−2), B = (0,−4, 2) e C = (−3, 2, 1), e´ iso´sceles. Esboce o triaˆngulo. Em R3, duas tripla A = (a1, a2, a3) e B = (b1, b2, b3) sa˜o iguais se a1 = b1, a2 = b2 e a3 = b3 e como fizemos para o R2, podemos somar triplas e multiplicar uma tripla por um nu´mero real. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 14 Definic¸a˜o 1.21. Se A = (a1, a2, a3) e B = (b1, b2, b3), a soma de A com B, indicada por A+B, e´ a tripla A+B = (a1 + b1, a2 + b2, a3 + b3). Definic¸a˜o 1.22. Se A = (a1, a2, a3) e a ∈ R, o produto de A pelo nu´mero real a, indicado por aA, e´ a tripla aA = (aa1, aa2, aa3). Exemplo 1.23. Dados os pontos A = (1, 0, 0), B = ( √ 2, 1,−1), C = (0, 1, 2), D = (0, 2, pi) e E = (−1, 2, 3), temos que: (i) A+ C = (1, 0, 0) + (0, 1, 2) = (1, 1, 2). (ii) A+B = (1, 0, 0) + ( √ 2, 1,−1) = (1 +√2, 1,−1). (iii) 2E = 2(−1, 2, 3) = (−2, 4, 6). (iv) √ 2B = √ 2( √ 2, 1,−1) = (2,√2,−√2). (vi) E −D = (−1, 2, 3)− (0, 2, pi) = (−1− 0, 2− 2, 3− pi) = (−1, 0, 3− pi). Como para R2, vale a seguinte proposic¸a˜o. Proposic¸a˜o 1.24. Se A,B,C ∈ R3 e a, b ∈ R, enta˜o valem as seguintes propriedades: (i) [Comutatividade] A+B = B + A; (ii) [Associatividade] (A+B) + C = A+ (B + C); (iii) [Elemento Neutro] a n-upla O = (0, 0, 0), chamada tripla nula (ou zero), e´ a u´nica dupla tal que A+O = A; (iv) [Sime´trico] a dupla −A = (−a1,−a2,−a3), chamada sime´trico da tripla A, e´ a u´nica tripla tal que A+ (−A) = O. (v) [Distributividade] a(A+B) = aA+ aB; (vi) [Distributividade] (a+ b)A = aA+ bA; (vii) [Associatividade] (ab)A = a(bA); (vii) 1A = A. Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 15 As noc¸o˜es de segmentos orientados e vetores no plano que estudamos pode ser facilmente estendida para o espac¸o. So´ precisamos ajustar a noc¸a˜o de segmentos com o mesmo sentido. Dados dois pontos do espac¸o R3, digamos A = (a1, a2, a3) e B = (b1, b2, b3), o segmento orientado AB e´ o segmento de reta ligando A e B, nesta ordem. Como conjunto de pontos, os segmentos orientados AB e BA sa˜o iguais. Entretanto, eles representam segmento orientados diferentes: BA sera´ chamado segmento orientado oposto de AB. Foi exatamente isto que fizemos no caso plano. Lembra? Dado um segmento orientado AB, A = (a1, a2, a3) e B = (b1, b2, b3), a diferenc¸a B − A = (b1, b2, b3)− (a1, a2, a3) = (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3) sera´ fundamental para o que faremos a seguir. Inicialmente, definimos o comprimento de AB, que coincide com a distaˆncia de A a B, indicado por ∥∥AB∥∥ ou por d(A,B), e´ dado por∥∥AB∥∥ = d(A,B) = √(b1 − a1)2 + (b2 − a2)2 + (b3 − a3)2. Para ver que de fato tal distaˆncia e´ dada por esta expressa˜o, na figura ao lado vemos um triaˆngulo retaˆngulo de ve´rtices A, B e X, onde X = (b1, b2, a3), e com hipotenusa AB. Os catetos do triaˆngulo medem b3 − a3 e l. Logo,∥∥AB∥∥ = √l2 + (b3 − a3)2. Por outro lado, l e´ a hipotenusa do triaˆngulo de x b2 − a2 b1 b3 − a3l a1 X y a2 b2 Aa3 B b3 z catetos b1 − a1 e b2 − a2. Donde, l2 = (b1 − a1)2 + (b2 − a2)2. Portanto,∥∥AB∥∥ = √l2 + (b3 − a3)2 = √(b1 − a1)2 + (b2 − a2)2 + (b3 − a3)2. Dois segmentos orientados AB e CD teˆm a mesma direc¸a˜o se sa˜o paralelos, isto e´, se esta˜o contidos em retas paralelas. (Observe que aqui duas retas r e s sa˜o paralelas se sa˜o coplanares e na˜o se cruzam.) Em termos das diferenc¸as B − A e D − C, isto significa que existe um nu´mero real na˜o-nulo a tal que B − A = a(D − C). Agora, se tal nu´mero a e´ positivo, diremos que os segmentos AB e CD teˆm o mesmo sentido. O leitor atento, neste momento, deveria verificar que esta forma de definir mesmo sentido tambe´m funcionaria para o caso plano (definic¸a˜o 1.6 ). A figura 24 mostra treˆs segmentos orientados (AB, CD e EF ) com F ′Figura 24: Mesmo Sentido em R3 x E′ B′ b1 A′ a1 E b2 y a2 Aa3 B C F b3 Dz o mesmo sentido. (Observe que as projec¸o˜es de segmentos com o mesmo sentido nos planos coordenados teˆm o mesmo sentido, conforme a definic¸a˜o 1.6 . Os segmentos A′B′ e E ′F ′ teˆm o mesmo sentido como segmentos do plano-xy.) Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 16 1.4 Vetores no Espac¸o Seguindo as mesmas ide´ias do caso plano, vamos definir vetor, agora no R3. Sejam AB e CD, segmentos orientados dados pelos pontos A = (a1, a2, a3), B = (b1, b2, b3), C = (c1, c2, c3) e D = (d1, d2, d3). Vamos supor que eles teˆm o mesmo sentido e o mesmo comprimento. Logo, B − A = (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3) = a(d1 − c1, d2 − c2, d3 − c3) = a(D − C), a > 0 (∗) e √ (b1 − a1)2 + (b2 − a2)2 + (b3 − a3)2 = √ (d1 − c1)2 + (d2 − c2)2 + (d3 − c3)2. (∗∗) Substituindo (∗) em (∗∗), vem que a = 1 e, portanto, B −A = D − C. Isto nos leva a` seguinte definic¸a˜o, que poderia ser adotada em qualquer caso, plano ou na˜o. Definic¸a˜o 1.25. [Vetor] Dado o segmento orientado AB, o vetor −→ AB e´ definido como sendo o conjunto de todos os segmentos orientados que teˆm o mesmo sentido e comprimento que AB. Em outras palavras, −→ AB = {PQ; Q− P = B − A}. Figura 25: Vetor −→ u = −→ AB no Espac¸o x q1 − p1 P q2 − p2 −→ u q3 − p3 Q u1 yO u2 −→ u u3 U b1 − a1 A b2 − a2 −→ u −→ u b3 − a3 B y Na figura 25 , vemos va´rios representantes do vetor −→ u = −→ AB. Dentre eles destacam-se, os segmentos AB, PQ e OV , este u´ltimo ligado a origem. Observe que B − A = Q− P = V −O = V. Em particular, V = (v1, v2, v3) = (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3) = B − A. Se −→ u = −→ AB, a tripla B − A = (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3)) sera´ chamada coordenadas do vetor −→ u . Como fizemos antes, vamos indicar o vetor−→ u = −→ AB, por −−−−−−→ O(B − A), ou −−−−→B − A, ou−−−−−−−−−−−−−−−−−−→ (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3) ou, mais simplesmente, por −→ u = (b1 − a1, b2 − a2, b3 − a3). Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 17 Definic¸a˜o 1.26. Como os representantes de um vetor −→ u = −→ AB teˆm o mesmo comprimento, a saber a distaˆncia de A a B (‖B − A‖), este valor comum sera´ chamado comprimento ou norma do vetor −→ u = −→ AB, o que indicaremos por ∥∥∥−→u ∥∥∥. Em particular, se tomamos o representante −→ OU , U = (u1, u2, u3), temos ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √u21 + u22 + u23. 1-9 Exerc´ıcio Resposta Na figura do exemplo 1.29 , vemos os vetores −→ u = (4, 4, 3) e −→ v = (3, 2,−1). Calcule suas normas. 1-10 Exerc´ıcio Sugesta˜o Dados dois nu´meros reais s e t, calcule a normas de −→ u = (cos t, sen t), que e´ do plano, e de −→ v = (cos s sen t, sen s sen t, cos t). Quanto a`s operac¸o˜es com vetores as definic¸o˜es e interpretac¸o˜es geome´tricas funcionam do mesmo modo que no caso plano. Por exemplo, para somar dois vetores no espac¸o, desenhamos o paralelogramo no plano que conte´m os vetores e a soma sera´, portanto, obtida na diagonal principal. Repetindo as definic¸o˜es, temos Definic¸a˜o 1.27. [Soma de Vetores no Espac¸o] Sejam −→ u = (u1, u2, u3) e −→ v = (v1, v2, v3) dois vetores (que localizados na origem terminam em U = (u1, u2, u3) e V = (v1, v2, v3)). A soma de −→ u com −→ v e´ definida como sendo o vetor (de coordenadas) −→ u + −→ v = (u1 + v1, u2 + v2, u3 + v3) = U + V. x Figura 26: Soma de Vetores no Espac¸o u1 + v1 v1 u1 yu2 v2 u2 + v2 −→ v V −→ u −→ u + −→ v v3 U u3 u3 + v3 z Vetores no Plano e no Espac¸o (J. Adonai) - 18 Definic¸a˜o 1.28. [Produto por Escalar] Sejam −→ v = (v1, v2, v3) = V um vetor e a ∈ R um nu´mero real. O produto de a por −→ v e´ definido como sendo o vetor a −→ v = (av1, av2, av3) = aV. Exemplo 1.29. Consideremos os dois vetores−→ u = (4, 4, 3) e −→ v = (3, 2,−1). Vamos localizar estes vetores em O = (0, 0, 0) e em P = (1, 5, 2). Estando em um ponto qualquer P , para desenhar−→ u , devemos caminhar quatro unidades ao longo do eixo-x, quatro paralelamente ao eixo-y,e depois subimos treˆs unidades. A soma −→ u + −→ v vale −→ u + −→ v = (4, 4, 3) + (3, 2,−1) = (7, 6, 2). Agora observe que o segmento orientado de −→ u localizado em P deve terminar em x V 4 R 3 −→ v S1 y 94 −→ u −→ u + −→ v U P 2 Q 3 5 z Q = P + −→ u = (1, 5, 2) + (4, 4, 3) = (5, 9, 5). Enquanto o de −→ v , termina em R = P + −→ v = (1, 5, 2) + (3, 2,−1) = (4, 7, 1). Como exerc´ıcio, o leitor deve calcular o ponto S, onde termina o representante de −→ u + −→ v localizado em P . A base canoˆnica do R3 tem treˆs vetores. Eles sa˜o os vetores dados por e1 = −→ i = (1, 0, 0), e2 = −→ j = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1). Proposic¸a˜o 1.30. Se −→ v = (v1, v2, v3), enta˜o −→ v = v1 −→ i + v2 −→ j + v3 −→ k . 1-11 Exerc´ıcio Como exerc´ıcio, prove a proposic¸a˜o acima e se inspire na figura 20 para esboc¸ar −→ v , −→ i , −→ j e −→ k . 1-12 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o [Aplicac¸a˜o a F´ısica] De- termine a resultante das forc¸as −→ F1, de intensidade 10 N, e −→ F2, de intensi- dade 15N , que atuam sobre um corpo localizado na origem, como mostra a figura ao lado. x V 4 R3 −→ v −→ F2 S1 y 4 9−300 −→ u −→ u + −→ vO x U P 2 450 Q3 −→ F1 5 y z Parte 1 Sugesto˜es & Respostas 1-1 Voltar (c) A′ = (3, 4), B′ = (3, 1), C ′ = (−5,−1) e D′ = (−3, 2). (f) A′ = (−4, 3), B′ = (−1, 3), C ′ = (1,−5) e D′ = (−2,−3). 1-2 Voltar (a) (0, 0). (b) (6 + √ 5, 5). 1-3 Voltar d(A,B) = 5, d(B,C) = 10, d(A,C) = 5, d(C,D) = √ 5, d(A,D) = 2 √ 2, d(D,E) = 13. 1-4 Voltar O lado do quadrado mede d(A,B) = √ 137. Logo, a a´rea pedida vale 137 unidades de a´rea. Por queˆ? 1-5 Voltar A diagonal do quadrado mede d(A,B) = 2 √ 17. Logo, o lado do quadrado vale 2 √ 17 cos 45o = √ 34. Portanto, a a´rea do quadrado mede 34 unidades de a´rea. 1-6 Voltar A a´rea de um triaˆngulo equila´tero de lado x e´ A = x 2 √ 3 4 . No nosso caso, temos x = d(A,B) = 4 √ 2. Logo A = 8 √ 3. 1-7 Voltar (a) A′ = (3, 4, 0), B′ = (5,−3, 0), C ′ = (−3, 2, 0), D′ = (−1,−5, 0). (b) A′′ = (0, 4, 6), B′′ = (0,−3, 1), C ′′ = (0, 2,−1), D′′ = (0,−5,−3). 1-8 Voltar Mostre que d(A,C) = d(B,C) = √ 42. 1-9 Voltar Temos que ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √42 + 42 + 32 = √√41 e ∥∥∥−→v ∥∥∥ = √32 + 32 + (−1)2√√19. 1-10 Voltar Temos que ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √cos2 t+ sen2 t = 1. Agora verifique que ∥∥∥−→v ∥∥∥ tambe´m e´ igual a 1. 19 Sugesto˜es & Respostas (J. Adonai) - 20 1-12 Voltar Olhe a figura 29 e note que se −→ v faz um aˆngulo θ com o eixo-x, enta˜o v1 = ‖v‖ cos θ e v2 = ‖v‖ sen θ. Portanto, podemos escrever −→ v = (v1, v2) = v1 −→ i + v2 −→ j = (‖v‖ cos θ)−→i + (‖v‖ sen θ)−→j . No nosso exerc´ıcio, ficamos com −→ F1 = (10 cos pi 4 ) −→ i + (10 sen pi 4 ) −→ j = 5 √ 2 −→ i + 5 √ 2 −→ j . e −→ F2 = (15 cos pi 6 ) −→ i − (15 sen pi 6 ) −→ j = 15 √ 3 2 −→ i − 15 2 −→ j . Figura 29: Base Canoˆnica O v1(1, 0) x −→ i −→ j θ (0, 1) −→ v v2 V y Logo, −→ F1 + −→ F1 = (5 √ 2 + 15 √ 3 2 ) −→ i +−15 2 + 5 √ 2) −→ j . A intensidade da resultante e´ ∥∥∥−→F1 +−→F2∥∥∥ = 5√13− 3√2 + 3√6 Newtons. Parte 2 Produtos Escalar e Vetorial Nesta parte estudaremos outra noc¸a˜o geome´trica importante na geometria: o aˆngulo entre dois vetores. Com este objetivo, introduziremos os produto escalar (ou interno) e vetorial entre dois vetores. Antes, vamos combinar uma coisa: toda definic¸a˜o estabelecida para vetores no espac¸o, que fac¸a uso das treˆs coordenadas, sera´ automaticamente considerada tambe´m va´lida para o plano, considerando-se, neste caso, a terceira coordenada nula. Em outras palavras, dado−→ u = (u1, u2) no plano, escreveremos −→ u = (u1, u2, 0) e consideraremos −→ u como um vetor no espac¸o. 2.1 Produto Escalar Definic¸a˜o 2.1. Dados vetores −→ u = (u1, u2, u3), −→ v = (v1, v2, v3). O produto escalar (ou interno) de −→ u por −→ v , indicado por −→ u · −→v , e´ o nu´mero real dado por −→ u · −→v = u1v1 + u2v2 + u3v3. Exemplo 2.2. Se −→ u = (1, 2) e −→ v = (3, 1) e −→ w = (−2, 1), enta˜o −→u · −→v = 5 e −→u · −→w = 0. Agora, se −→ U = (1, 2,−1) e −→V = (0,−2,−1), temos que −→U · −→V = (1, 2,−1) · (0,−2,−1) = −3. 2-1 Exerc´ıcio Resposta Se −→ u = (1, 2) e −→ v = (3,−1), −→w = (−2, 1, 0) e −→s = (1, 2,−1), calcule−→ u · −→v e −→w · −→s . A seguinte proposic¸a˜o descreve as propriedades deste produto. Proposic¸a˜o 2.3. Se −→ u , −→ v , −→ w e a ∈ R sa˜o arbitra´rios, enta˜o valem as seguintes propriedades: (i) [Positividade] −→ u · −→u ≥ 0, e −→u · −→u = 0 se, e somente se, −→u = (0, 0); (ii) [Comutatividade] −→ u · −→v = −→v · −→u ; (iii) [Distributividade] −→ u · (−→v +−→w ) = −→u · −→v +−→u · −→w ; 21 Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 22 (iv) [Homogeneidade] (a −→ u ) · −→v = −→u · (a−→v ) = a(−→u · −→v ). Demonstrac¸a˜o. Com −→ u = (u1, u2), −→ v = (v1, v2) e −→ w = (w1, w2), temos que −→ u · (−→v +−→w ) = u1(v1 + w1) + u2(v2 + w2) = u1v1 + u1w1 + u2v2 + u2w2 = (u1v1 + u2v2) + (u1w1 + u2w2) = −→ u · −→v +−→u · −→w . Assim, fica provado (iii). Retomando aqui as definic¸o˜es 1.9 e 1.26 , vemos que dado um vetor −→ u , na˜o importando se no plano ou no espac¸o, temos que ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √−→u · −→u . De fato, se −→ u = (u1, u2, u3) e´ um vetor do espac¸o, enta˜o −→ u · −→u = u1u1 + u2u2+ u3u3 = ‖u‖2 , donde segue-se a nossa afirmac¸a˜o. Destacamos aqui mais algumas propriedades envolvendo a ‖ ‖ e do produto escalar. Proposic¸a˜o 2.4. Dados −→ u , −→ v ∈ Rn e a ∈ R, temos que (i) ∥∥∥−→u ∥∥∥ ≥ 0, e ∥∥∥−→u ∥∥∥ = 0 se, e somente se, −→u = O; (ii) ∥∥∥a−→u ∥∥∥ = |a| ∥∥∥−→u ∥∥∥, onde |a| e´ o valor absoluto de a; (iii) se −→ u 6= O, o vetor −→ωu = −→u / ∥∥∥−→u ∥∥∥ e´ unita´rio. (Este vetor e´ conhecido como vetor unita´rio na direc¸a˜o de −→ u ); (iv) ∥∥∥−→u +−→v ∥∥∥2 = ∥∥∥−→u ∥∥∥2 + 2−→u · −→v + ∥∥∥−→v ∥∥∥2 = ∥∥∥−→u ∥∥∥2 + 2−→v · −→u + ∥∥∥−→v ∥∥∥2; (v) ∥∥∥−→v −−→u ∥∥∥2 = ∥∥∥−→v ∥∥∥2 − 2−→v · −→u + ∥∥∥−→u ∥∥∥2 = ∥∥∥−→v ∥∥∥2 − 2−→u · −→v + ∥∥∥−→u ∥∥∥2. Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 23 Demonstrac¸a˜o. Temos que ∥∥∥a−→u ∥∥∥ = √(a−→u ) · (a−→u ) = √a2(−→u · −→u ) = |a| ∥∥∥−→u ∥∥∥ , o que prova (ii). Agora, usando (ii), vem que ∥∥∥−→ωu∥∥∥ = ∥∥∥∥∥∥ −→ u∥∥∥−→u ∥∥∥ ∥∥∥∥∥∥ = 1∥∥∥−→u ∥∥∥ ∥∥∥−→u ∥∥∥ = 1, e segue-se (iii). Para (iv), simplesmente expandimos ∥∥∥−→u +−→v ∥∥∥2, usando a distributividade e a comutatividade do produto escalar.∥∥∥−→u +−→v ∥∥∥2 = (−→u +−→v ) · (−→u +−→v ) = −→u ·−→u +−→u ·−→v +−→v ·−→u +−→v ·−→v = ∥∥∥−→u ∥∥∥2 +2−→u ·−→v +∥∥∥−→v ∥∥∥2 . Os demais itens sa˜o, tambe´m, de prova simples, e sera˜o deixados como exerc´ıcios. Definic¸a˜o 2.5. Um vetor −→ u e´ dito unita´rio se ∥∥∥−→u ∥∥∥ = 1. Exemplo 2.6. O vetor −→ u = ( √ 3 2 , 1 2 ) e´, claramente, unita´rio. Mais geralmente, dado um nu´mero real θ, o vetor −→ u = (cos θ, sen θ) e´ unita´rio, porque cos2 θ + sen2 θ = 1. 2-2 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o Dados dois nu´meros reais u, v, verifique que o vetor −→ u = (cosu sen v, senu sen v, cos v) e´ unita´rio. Tomemos agora −→ u , −→ v dois vetores no plano que fazem entre si um aˆngulo θ, como mostra a figura ao lado, onde −→ u e −→ v aparecem localiza- dos em P . Note o vetor −→ v −−→u , esboc¸ado conforme dis- cussa˜o anterior. Aplicando a lei dos cossenos ao triaˆngulo 4PQR, obtemos que∥∥∥−→v −−→u ∥∥∥2 = ∥∥∥−→u ∥∥∥2 + ∥∥∥−→v ∥∥∥2 − 2∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ cos θ, o que comparado com (v) da proposic¸a˜o 2.4 da´ que −→ u · −→v = ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ cos θ. P −→ uθ −→ v R −→ v −−→u Q Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 24 Assim vemos que a noc¸a˜o de produto interno esta´ bem ligada a` noc¸a˜o de aˆngulo entre vetores, e obtemos o seguinte belo resultado. Proposic¸a˜o 2.7. Dados −→ u e −→ v fazendo um aˆngulo θ entre si, vale −→ u · −→v = ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ cos θ. Em particular, eles sa˜o ortogonais se, e somente se, −→ u · −→v = 0. Exemplo 2.8. Consideremos a base canoˆnica −→ i = (1, 0, 0), −→ j = (0, 1, 0) e −→ k = (0, 0, 1). Temos que −→ i ·−→j = 0, −→i ·−→k = 0 e −→j ·−→k = 0. Tambe´m temos ∥∥∥−→i ∥∥∥ = 1, ∥∥∥−→j ∥∥∥ = 1 e ∥∥∥−→k ∥∥∥ = 1. Logo, eles sa˜o unita´rios e perpendiculares entre si. Por esta raza˜o, em A´lgebra Linear, dizemos que estes treˆs vetores formam uma base ortonormal. 2-3 Exerc´ıcio Sugesta˜o Sejam M = (3,−1, 6), N = (−1, 7,−2) e P = (1,−3, 2). Mostre que 4MNP e´ retaˆngulo em P . Esboce o triaˆngulo. 2-4 Exerc´ıcio Sugesta˜o Seja4ABC ⊂ R2 um triaˆngulo escaleno tal que a altura relativa ao lado BC, hBC , tenha comprimento igual a` metade do comprimento de BC. Mostre que o aˆngulo interno  e´ agudo. 2-5 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o [Aplicac¸a˜o a F´ısica] Calcule o trabalho W realizado pela forc¸a −→ F =−→ i + 2 −→ j − 3−→k , medida em Newtons, para deslocar uma part´ıcula de A = (1, 0, 1) ate´ B = (2, 3, 0), ao longo do segmento de reta AB. (A unidade de medida adotada aqui e´ metros. Exemplo 2.9. Seja −→ u = (u1, u2) (pense u1 > 0 e u2 > 0), e considere o vetor −→ v = (−u2, u1). Vamos fazer algumas contas com estes vetores. Primeiro vamos calcular os seus comprimentos. Temos que ∥∥∥−→u ∥∥∥ = √u21 + u22∥∥∥−→v ∥∥∥ = √(−u2)2 + u21 = √u21 + u22 = ∥∥∥−→u ∥∥∥ . Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 25 Logo, eles teˆm a mesma norma. Agora vamos cal- cular o aˆngulo entre eles. Temos que −→ u ·−→v = (u1, u2) · (−u2, u1) = u1(−u2)+u2u1 = 0. Usando a proposic¸a˜o 2.7 , vem que −→ u e −→ v sa˜o ve- tores ortogonais, isto e´, o aˆngulo entre eles mede 90o. Na verdade, −→ v e´ a rotac¸a˜o de 90o, no sen- tido anti-hora´rio, do vetor −→ u . Por exemplo, se−→ u = (3, 4), enta˜o −→ v = (−4, 3) teˆm norma 5 e sa˜o ortogonais. O−u2 u1 x −→ u u2 −→ v u1 y Continuando com a nossa discussa˜o geome´- trica construiremos, agora, o que chamamos de projec¸a˜o ortogonal de um vetor na direc¸a˜o de ou- tro na˜o-nulo dado. Sejam, enta˜o, −→ u 6= O e −→v como na figura 32 , onde usamos −→ wu = −→ u∥∥∥−→u ∥∥∥ para indicar o vetor unita´rio na direc¸a˜o de −→ u , θ e´ o aˆngulo entre −→ u e −→ v e P−→ u −→ v e´ o vetor obtido pela projec¸a˜o ortogonal de −→ v sobre −→ u . Assim P−→ u −→ v = a −→ wu, onde a = ∥∥∥−→v ∥∥∥ cos θ = −→wu · −→v = −→v · −→u∥∥∥−→u ∥∥∥ . Figura 32: Projec¸a˜ode −→ v sobre −→ u a P−→ u −→ v θ −→ wu −→ u −→ v v − P−→ u −→ v Logo, P−→ u −→ v = a −→ wu = −→v · −→u∥∥∥−→u ∥∥∥ −→u∥∥∥−→u ∥∥∥ = −→v · −→u∥∥∥−→u ∥∥∥2 −→u . Da construc¸a˜o de P−→ u −→ v decorre facilmente que o vetor −→ v − P−→ u −→ v e´ ortogonal a −→ u , o que pode ser verificado, tambe´m, analiticamente. De fato, −→ u · (−→v − P−→ u −→ v ) = −→ u · −→v − −→v · −→u∥∥∥−→u ∥∥∥2 −→u = −→u · −→v −−→v · −→u = 0. Exemplo 2.10. Consideremos os pontos A = (2, 0, 0), B = (0, 2, 1) e C = (0, 0, 2). Usando a noc¸a˜o de projec¸a˜o que introduzimos ha´ pouco, vamos calcular a altura relativa ao lado AC do Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 26 triaˆngulo4ABC. Vamos, portanto, definir −→u = C−A, −→v = B−A, projetar −→v sobre −→u e obter o vetor altura dado por −→ h = v − P−→ u −→ v . Temos que −→ u = (−2, 0, 2), −→v = (−2, 2, 1). Portanto, −→ h = v − P−→ u −→ v = v − −→v · −→u∥∥∥−→u ∥∥∥2 −→u = (−2, 2, 1)− 3 4 (−2, 0, 2) = (−1 2 , 2− 1 2 ). Em particular, a altura que queremos calcular e´ dada por h = ∥∥∥−→h ∥∥∥ = ∥∥∥∥(−12 , 2− 12) ∥∥∥∥ = 3√22 . x A y −→ v −→ u −→ h B C z Para terminar exemplo, vamos calcular a a´rea do triaˆngulo: a´rea(4ABC) = 1 2 ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→h ∥∥∥ = 1 2 2 √ 2 3 √ 2 2 = 3. Finalizamos esta sec¸a˜o com um corola´rio da proposic¸a˜o 2.7 . Este corola´rio constitui a famosa desigualdade de Cauchy-Schwarz. Corola´rio 2.11. Dados vetores −→ u e −→ v , enta˜o |−→u · −→v | ≤ ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ , e a igualdade ocorre se, somente se, os vetores sa˜o colineares, isto e´, sa˜o paralelos. Demonstrac¸a˜o. Segue-se da proposic¸a˜o 2.7 , observando que | cos θ| ≤ 1 e que −→u e −→v sa˜o colineares se, somente se, o aˆngulo entre eles mede 0o ou 180o, casos onde o cosseno vale 1. Exemplo 2.12. [O Problema dos Piratas] Dois piratas decidem esconder um tesouro rou bado a`s margens de um rio, onde ha´ uma ve- lha a´rvore de eucalipto situada em um ponto que denotam por B, que esta´ diretamente ao oeste de uma outra a´rvore de pinho denotada por ponto P . No banco do rio, pro´ximo as a´rvores, eles fincam uma estaca em um ponto que denotam por S. Para enterrar o tesouro, um dos piratas parte de S, anda ate´ B e a´ı gira 90o a` esquerda e anda um trecho igual a` distaˆncia de S a B, onde marca o ponto Q, isto e´, d(S,B) = d(B,Q). O segundo pirata agora parte de S e anda para P , onde gira 90o a` direita e anda um trecho igual a` distaˆncia de S a Rio S BP Q T R Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 27 P onde marca R, ou d(S, P ) = d(P,R). Os dois piratas agora avanc¸amum de encontro ao outro e enterram o tesouro no ponto onde se encontram, isto e´, no ponto me´dio de RQ, indicado por T . Alguns anos depois os dois piratas retornam em busca do tesouro e teˆm uma desagrada´vel surpresa ao descobrir a estaca S havia sido levada pela correnteza. Os piratas pensaram que nunca encontrariam o tesouro ate´ que um deles pensou em usar Geometria Anal´ıtica para tentar descobrir a posic¸a˜o onde devia estar a estaca S. E, de fato, isto ocorreu. Vejamos a soluc¸a˜o. Vamos introduzir o nosso referencial carte- siano (R2) considerando sua origem O no ponto me´dio entre as a´rvores P e B. Assim, B = (a, 0) e P = (−a, 0), onde a = d(P,B) e´ a distaˆncia en- tre as a´rvores. Vamos indicar a estaca perdida por S = (x, y), onde x e y na˜o sa˜o conhecidos, posto que a estaca foi perdida. Agora considere os veto- res −→ u , −→ v , −→ z e −→ w como na figura ao lado. Note que −→ v e´ a rotac¸a˜o de 90o no sentido hora´rio de −→ u e −→ w e´ a rotac¸a˜o de 900 no sentido anti-hora´rio de−→ z . Temos que S = (x, y) −→ u −→ z x P B −→ w −→ v Q (0, a) R y −→ u = P − S = (−a, 0)− (x, y) = (−a− x,−y) −→ z = B − S = (a, 0)− (x, y) = (a− x,−y). Agora, de acordo com o exemplo 2.9 , obtemos que −→ v = −(−(−y), (−a− x)) = (−y, a+ x) −→ w = (−(−y), a− x) = (y, a− x). Usando as ide´ias da proposic¸a˜o 1.14 (soma de ponto com vetor), vem que R = S + ( −→ u + −→ v ) = (x, y) + (−a− x,−y) + (−y, a+ x) = (y − a, a+ x) Q = S + ( −→ z + −→ w ) = (x, y) + (a− x,−y) + (y, a− x) = (a− y, a− x). Portanto, T , que e´ o ponto me´dio de RQ, e´ dado por T = R +Q 2 = 1 2 ((y − a, 2y + a+ x) + (a− y, 2y + a− x)) = 1 2 (0, 2a) = (0, a), e o tesouro se encontrava a uma distaˆncia a acima da origem. 2.2 Produto Vetorial Em muita situac¸o˜es em Geometria Anal´ıtica, precisamos construir um vetor perpendicular a dois outros vetores dados. Dentre as va´rias formas poss´ıveis de se fazer isto, existe uma especial, conhecida como produto vetorial, que abordaremos a seguir. Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 28 Definic¸a˜o 2.13. Sejam −→ u = (u1, u2, u3) e −→ v = (v1, v2, v3) dois vetores no espac¸o. O produto vetorial de −→ u por −→ v , denotado por −→ u ×−→v (ou −→u ∧ −→v ), e´ definido por −→ u ×−→v = (u2v3 − u3v2, u3v1 − u1v3, u1v2 − u2v1), que pode ser facilmente lembrado expandindo o determinante abaixo ao longo da primeira linha: −→ u ×−→v = ∣∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k u1 u2 u3 v1 v2 v3 ∣∣∣∣∣∣∣ = (u2v3 − u3v2) −→ i + (u3v1 − u1v3)−→j + (u1v2 − u2v1)−→k , onde {−→i ,−→j ,−→k } e´ a base canoˆnica do R3. Exemplo 2.14. Sejam −→ u = (1, 1, 2) e −→ v = (3,−1, 1). O produto vetorial de −→u por −→v e´ o vetor −→ u ×−→v = ∣∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k 1 1 2 3 −1 1 ∣∣∣∣∣∣∣ = 3 −→ i + 5 −→ j − 4−→k = (3, 5,−4). Note que ( −→ u × −→v ) · −→u = (3, 5,−4) · (1, 1, 2) = 0. Tambe´m (−→u × −→v ) · −→v = 0, o que diz que−→ u ×−→v e´ perpendicular a −→u e a −→v . Esta propriedade e´ verdadeira em geral, como veremos. Proposic¸a˜o 2.15. Sejam −→ u , −→ v , −→ w ∈ R3 e a ∈ R. As seguintes propriedades sa˜o verificadas. (i) −→ u ×−→v = −(−→v ×−→u ); (ii) a( −→ u ×−→v ) = (a−→u )×−→v = −→u × (a−→v ); (iii) −→ u × (−→v +−→w ) = −→u ×−→v +−→u ×−→w ; (iv) ( −→ u ×−→v ) · −→w = det (−→u ,−→v ,−→w ); (v) −→ u ×−→v e´ perpendicular a −→u e a −→v , isto e´, (−→u ×−→v ) · −→u = (−→u ×−→v ) · −→v = 0; (vi) ∥∥∥−→u ×−→v ∥∥∥2 = ∥∥∥−→u ∥∥∥2 ∥∥∥−→v ∥∥∥2 − (−→u · −→v )2. Em (iv), ( −→ u , −→ v , −→ w ) indica a matriz cujas colunas (ou linhas) sa˜o as coordenadas de −→ u , −→ v e −→ w . Assim, det ( −→ u , −→ v , −→ w ) = ∣∣∣∣∣∣ u1 v1 w1 u2 v2 w2 u3 v3 w3 ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣ u1 u2 u3 v1 v2 v3 w1 w2 w3 ∣∣∣∣∣∣ . Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 29 Demonstrac¸a˜o. A demonstrac¸a˜o destas propriedades e´ feita via computac¸a˜o direta, usando a definic¸a˜o 2.13 . Note que (v) segue-se facilmente de (iv). 2-6 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o Calcule um vetor perpendicular aos vetores −→ u = (1, 0, 2) e −→ v = (3,−1, 1). 2-7 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o [Aplicac¸a˜o a F´ısica] Calcule o momento da forc¸a −→ F = ( −→ i + 2 −→ k )N , relativamente a` origem, aplicada sobre um objeto, situado no ponto, com coordenadas medidas em metro, P = (3,−1, 1). Corola´rio 2.16. Se −→ u , −→ v ∈ R3, enta˜o ∥∥∥−→u ×−→v ∥∥∥ = ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ sen θ, onde θ e´ o aˆngulo entre −→ u e −→ v . Em particular, (i) a a´rea do paralelogramo formado por −→ u e −→ v e´ ∥∥∥−→u ×−→v ∥∥∥; (ii) −→ u e −→ v sa˜o paralelos se, e somente se, o seu produto vetorial e´ nulo. Demonstrac¸a˜o. O item (vi) da proposic¸a˜o 2.15 , junto com a equac¸a˜o da proposic¸a˜o 2.7 , implica que ∥∥∥−→u ×−→v ∥∥∥ = √∥∥∥−→u ∥∥∥2 ∥∥∥−→v ∥∥∥2 − (−→u · −→v )2 = √∥∥∥−→u ∥∥∥2 ∥∥∥−→v ∥∥∥2 (1− cos2 θ) = ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ sen θ. −→ u θ −→ v h Com relac¸a˜o a` afirmac¸a˜o feita sobre a a´rea do paralelogramo, observe que h, a altura do paralelogramo, relativamente ao lado determinado por −→ u , e´ h = ∥∥∥−→v ∥∥∥ sen θ. Logo sua a´rea, que e´ dada pelo produto da base pela altura, e´ ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ sen θ, o que prova (i). Para (ii), observe que os vetores sa˜o paralelos se, e somente se, o aˆngulo entre eles e´ zero ou 1800, casos nos quais o seno e´ nulo, como quer´ıamos. Sejam −→ u e −→ v dois vetores na˜o-paralelos. Portanto, −→ u ×−→v 6= O. Ate´ aqui sabemos que−→ u × −→v e´ perpendicular a −→u e a −→v e que o seu comprimento e´ ∥∥∥−→u ∥∥∥∥∥∥−→v ∥∥∥ sen θ, onde θ e´ o (menor) aˆngulo entre −→ u e −→ v , aˆngulo este que pode variar entre zero e 180o (ou entre zero e pi radianos). Para completar a geometria deste produto precisamos saber como desenha´-lo, posto Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 30 que ele pode apontar para um dos dois semi-espac¸os determinados pelo plano que conte´m os vetores. Como fazer? Bem, inicialmente considere a base canoˆnica {−→i ,−→j ,−→k }. Um ca´lculo direto, mostra que −→ k = −→ i ×−→j (fac¸a as contas). Portanto, neste caso, facilmente esboc¸amos o triedro {−→i ,−→j ,−→i ×−→j }, o qual dizemos que obedece a regra da ma˜o direita: com a ma˜o direita com o gesto “OK”, estique o dedo indicador na direc¸a˜o de −→ u e o dedo me´dio na direc¸a˜o de−→ v . O vetor −→ u × −→v deve ficar ao longo do polegar. Voceˆ pode dizer, tambe´m, que o vetor−→ k = −→ i ×−→j veˆ −→i (o primeiro fator) a` sua direita e −→j (o segundo fator) a` sua esquerda. Para o caso geral, procedemos de modo ana´logo: o triedro {−→u ,−→v ,−→u ×−→v } deve, tambe´m, obedecer a regra citada, que funciona assim: voceˆ desenha −→ u e −→ v e o (menor) aˆngulo entre eles. Ha´ agora duas possibilidades para desenhar o produto vetorial −→ u ×−→v . Voceˆ escolhe aquela que fac¸a “parecer” {−→u ,−→v ,−→u ×−→v } com {−→i ,−→j ,−→k }. Isto e´ o mesmo que exigir que −→u ×−→v veja −→u a` sua direita e, portanto, −→ v a` sua esquerda. −→ v ×−→u = −(−→u ×−→v ) esquerda x direita −→ i −→ u y −→ j Figura 37: Produto Vetorialθ −→ k −→ v direita z esquerda −→ u ×−→v Corola´rio 2.17. Dados treˆs pontos A,B,C ∈ R3, a a´rea do triaˆngulo 4ABC e´ dada por a´rea(4ABC) = 1 2 ‖(C − A)× (B − A)‖ . Em particular, os pontos esta˜o alinhados se, e somente se, o vetor (C − A)× (B − A) e´ nulo. Demonstrac¸a˜o. Sera´ deixada como exerc´ıcio. Sugerimos apenas que o leitor fac¸a uma figura, considere os vetores −→ u = C − A, −→v = B − A e use a proposic¸a˜o anterior. Exemplo 2.18. Vamos recalcular, agora usando o resultado acima, a a´rea do triaˆngulo 4ABC do exemplo 2.10 . Temos que A = (2, 0, 0), B = (0, 2, 1) e C = (0, 0, 2) e a´rea(4ABC) = 1 2 ‖(C − A)×(B − A)‖ = 1 2 ‖(−2, 0, 2)× (−2, 2, 1)‖ = 1 2 ‖ ∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k −2 0 2 −2 2 1 ∣∣∣∣∣∣ ‖ = 1 2 ‖(4,−2, 4)‖ = ‖(2,−1, 2)‖ = √9 = 3. Produtos Escalar e Vetorial (J. Adonai) - 31 A expressa˜o ( −→ u ×−→v ) · −→w = det (−→u ,−→v ,−→w ) dada no item (iv) da proposic¸a˜o 2.15 e´ comumente chamada produto misto. Ele tem uma aplicac¸a˜o pra´tica muito u´til. Ele (na verdade o seu valor absoluto) coincide com o volume do que chamamos paralelep´ıpedo gerado pelos vetores −→ u ,−→ v e −→ w , como vemos ao lado. Vejamos o ca´lculo do volume do paralelep´ıpedo, que vamos indicar por Ω. Antes observe que sua altura h, relativamente a` base gerada por −→ u e −→ v , e´ h = ∥∥∥−→w∥∥∥ cosα, onde α e´ o aˆngulo entre −→ w e −→ u ×−→v . Logo, −→ v −→ u θ −→ w αh −→ u ×−→v vol(Ω) = a´rea(base) altura = ∥∥∥−→u ×−→v ∥∥∥∥∥∥−→w∥∥∥ cosα = (−→u ×−→v ) · −→w . Se α tem medida maior do que 90o, devemos por o valor absoluto nesta fo´rmula: vol(Ω) = |(−→u ×−→v ) · −→w | = | det(−→u ,−→v ,−→w )|. Exemplo 2.19. Vamos calcular o volume do te- traedro T , de ve´rtices O = (0, 0, 0), A = (3, 2, 1), B = (0, 2, 1) e C = (0, 0, 2). Como sabemos, este tetraedro e´ a sexta parte do paralelep´ıpedo gerado pelos vetores que comec¸am no ponto O e termi- nam em A, B e C. Chamemos −→ u = A− O = A,−→ v = B−O = B e −→w = C−O = C, estes vetores. Logo, vol(T ) = 1 6 (| det(−→u ,−→v ,−→w )|) = 1 6 | det 3 2 10 2 1 0 0 2 | = 1 6 |12| = 2. x A −→ u y O −→ v B C z −→ u ×−→v 2-8 Exerc´ıcio Sugesta˜o Calcule o volume do tetraedro T , de ve´rtices D = (3, 4, 2), A = (3, 2, 1), B = (0, 2, 1) e C = (0, 0, 2). Parte 2 Sugesto˜es & Respostas 2-1 Voltar −→ u · −→v = 1 e −→w · −→s = 0. 2-2 Voltar De fato −→ u · −→u = (cosu sen v)2 + (senu sen v)2 + (cos v)2 = (cos2 u+ sen2 u) sen2 v + cos2 v = sen2 v + cos2 v = 1. 2-3 Voltar Considere −→ u = M − P e −→v = N − P , e mostre que −→u · −→v = 0. 2-4 Voltar Ponha A = (0, h), B = (−a, 0) e C = (b, 0), onde 2h = a + b. Agora mostre que−→ u · −→v > 0, onde −→u = B −A e −→v = C −A. A condic¸a˜o −→u · −→v > 0 implica que o aˆngulo  e´ agudo. Por queˆ? 2-5 Voltar W e´ definido por W = −→ F · −→AB = −→F · (B − A) = (1, 2,−3) · (1, 3,−1) = 9 J, onde J significa Joules (ou Newtons vezes metros). 2-6 Voltar O produto vetorial de −→ u por −→ v e´ um tal vetor. −→ u ×−→v = ∣∣∣∣∣∣∣ −→ i −→ j −→ k 1 0 2 3 −1 1 ∣∣∣∣∣∣∣ = 2 −→ i + 5 −→ j − 1−→k = (2, 5,−1). 2-7 Voltar O vetor momento e´ definido pelo produto −→ M = −→ F ×−→OP . Logo −→M = (−→i + 2−→k )× (3 −→ i −−→j +−→k ) = (2−→i + 5−→j −−→k ) Nm. 2-8 Voltar Considere a sexta parte do paralelep´ıpedo gerado por −−→ DA, −−→ DB e −−→ DC o volume pedido e´ vol(T ) = 2. 32 Parte 3 Retas e Planos A partir de agora sempre que quisermos produzir um conceito que cabe em R2 e R3, escreveremos Rn, n = 2, 3. 3.1 Retas A figura 40 ao lado mostra um ponto P , os vetores −→ v 6= O e −→n (perpendicular a −→v ) e a reta l que passa por P e e´ paralela a −→ v . Se X e´ um ponto qualquer de l, enta˜o o vetor −→ u = X−P deve ser um mu´ltiplo de −→ v , isto e´, existe t ∈ R tal que −→ u = X − P = t−→v , ou X = P + t −→ v , equac¸a˜o que descreve os pontos de l, e motiva a seguinte definic¸a˜o. O s - 6 x y Figura 40: Reta passando por P e paralela a −→ v s����� �� �� � �� �� �� �� �� �� �� � �� �* �� �� �*s X ����� P −→ u = X − P �� �* A A AK −→ v −→ n l = (P, −→ v ) l(O, −→ v ) Definic¸a˜o 3.1. Dados P, −→ v ∈ Rn, n = 2, 3, −→v 6= O, o subconjunto l(P, −→ v ) = {X ∈ Rn; X = P + t−→v , t ∈ R}. e´ chamado reta que passa por P e e´ paralela ao vetor −→ v . A equac¸a˜o X = P + t −→ v e´ a equac¸a˜o parame´trica de l. Exemplo 3.2. [Reta por dois pontos] Dados P,Q ∈ Rn, P 6= Q, a reta l(P,−→v ) = l(Q,−→v ) que passa por P (ou Q) e e´ paralela ao vetor −→ v = Q− P coincide com a reta que passa pelos pontos P e Q (indicaremos esta reta, tambe´m, por lPQ). Com efeito, para t = 1, obtemos X = P + t(Q− P ) = Q. Figura 41: Reta Passando por P e Q O xq1p1 p2 MP −→ vq2 Q lPQ = l(P, −→ v ) y 33 Retas e Planos (J. Adonai) - 34 Logo, Q ∈ l(P,−→v ). Deixando t percorrer o intervalo fechado [0, 1], obtemos o segmento de reta PQ. Assim, PQ = {X = P + t(Q− P ); 0 ≤ t ≤ 1}. Para t = 1/2, reobtemos M = P + 1 2 (Q− P ) = P +Q 2 ∈ PQ, o ponto me´dio de PQ (veja o exemplo 1.16 ). Observe que d(M,P ) = d(M,Q) = ‖M − P‖ = ‖M −Q‖ = d(P,Q)/2. 3-1 Exerc´ıcio Sugesta˜o Encontre a equac¸a˜o parame´trica da reta em R3 que passa pelo ponto P = (3,−1, 2) e e´ paralela ao vetor −→u = −→i +−→j − 2−→k . Ache, tambe´m, o ponto onde a reta fura o plano-xy. 3-2 Exerc´ıcio Sugesta˜o Dado o triaˆngulo 4ABC, de ve´rtices A = (3,−1,−1), B = (1, 2,−7) e C = (−5, 14,−3). (a) Encontre a equac¸a˜o parame´trica da mediana que passa por A. (b) Encontre a equac¸a˜o parame´trica da mediana que passa por B. (c) Mostre que as medianas obtidas interceptam-se no baricentro do triaˆngulo. Exemplo 3.3. Tomemos, em R2, P = (x0, y0) e −→ v = (v1, v2) 6= (0, 0). Se X = (x, y) ∈ l(P,−→v ) = {X = (x, y) = (x0, y0) + t(v1, v2), t ∈ R} e´ um ponto qualquer de l, enta˜o x = x0 + tv1 e y = y0 + tv2, t ∈ R. Donde v2x = v2x0 + tv2v1 e v1y = v1y0 + tv1v2 e, portanto, ax+ by = c, onde a = −v2, b = v1 e c = ax0 + by0. Esta e´ a equac¸a˜o cartesiana de l(P,−→v ), forma usual nos textos elementares de Geometria Anal´ıtica, e que pode ser reescrita como (X − P ) · −→n = 0, onde −→ n = (a, b) = (−v2, v1) e´ o vetor perpendicular a −→v (veja o exemplo 2.9 ) e, portanto, a l(P, −→ v ). Observac¸a˜o 3.4. Uma reta l(P, −→ v ) na˜o determina unicamente P e −→ v . De fato, se Q ∈ l e´ um ponto qualquer de l e −→ w = λ −→ v , λ 6= 0, enta˜o l(P,−→v ) = l(Q,−→w ). Retas e Planos (J. Adonai) - 35 Exemplo 3.5. Sejam l1 = l(P, −→ v ) e l2 = l(q, −→ w ) duas retas no R2 que na˜o sa˜o paralelas. Logo, l1 e l2 devem se tocar num u´nico ponto R (o que pode na˜o ocorrer no R3, como mostra o exemplo 3.6 ). Este ponto e´ tal que existem t1, t2 ∈ R tais que R = P + t1−→v = Q+ t2−→w . Exemplo 3.6. Consideremos as retas l1 = l(P, −→ i ) e l2 = l(O, −→ j ), onde P = (0, 0, 1), Note que l2 e´ o eixo-y. E´ claro que os vetores −→ i e −→ j na˜o sa˜o paralelos. Assim, l1 e l2 na˜o sa˜o paralelas. Entretanto, ao contra´rio do que ocorre no plano (exemplo 3.5 ), l1 e l2 na˜o se interceptam. De fato, se R e´ um ponto onde estas retas se inter- ceptam, enta˜o R = P + t1 −→ v = (t1, 0, 1) e R = O + t2 −→ w = (0, t2, 0), para alguns t1, t2 ∈ R. Isto implica que (t1, 0, 1) = (0, t2, 0). Donde, obtemos que 1 = 0, um absurdo. Por- tanto, devemos mesmo ter l1 ∩ l2 = ∅. x −→ i y −→ j l(O, −→ j ) P l(P, −→ i ) z 3.2 Planos Nosso objetivo agora e´ construir planos no R3. Sejam −→ u e −→ v dois vetores na˜o-colineares, isto e´, na˜o-paralelos. Em cada ponto P do espac¸o, estes vetores determinam um plano que passa por P e e´ paralelo a −→ u e −→ v , como mostra a figura 42 a seguir. Seja pi(P, −→ u , −→ v ) este plano. Dados dois nu´meros reais quaisquer s, t, o vetor (que chamamos de combinac¸a˜o linear de −→ u e −→ v ) s −→ u + t −→ v localizado em P termina em um ponto X do plano pi(P, −→ u , −→ v ), isto e´, X = P + s −→ u + t −→ v ∈ pi(P,−→u ,−→v ). Agora imagine todas as possibilidades para os es- calares s e t. Com certeza os pontos X = P + s −→ u + t −→ v esgotara˜o o plano pi(P, −→ u , −→ v ). A equac¸a˜oX = P + s −→ u + t −→ v e´ chamada equac¸a˜o parame´trica de pi(P, −→ u , −→ v ). qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq 6 z - y pi(P, −→ u , −→ v ) � � � � � x �� �� �� �� @ @ @ @ @ @ @ @ �� ��* @ @ @ � � � @ @ @ @R �� �* XXXXXXXXz @ @ @R −→ u s −→ u −→ v t −→ v sXX − Pss P O s Figura 43: Plano que passa por P e e´ paralelo a −→ u e −→ v Exemplo 3.7. Sejam P,Q,R ∈ R3 treˆs pontos tais que o triaˆngulo4PQR seja na˜o-degenerado, Retas e Planos (J. Adonai) - 36 isto e´, os vetores −→ u = Q− P e −→v = R− P na˜o sa˜o paralelos. Enta˜o, o plano pi(P, −→ u , −→ v ) = {X ∈ R3; X = P + s(Q− P ) + t(R− P ), s, t ∈ R} conte´m os pontos Q e R. Para ver isto, ponha s = 1 e t = 0, para obter Q, e s = 0 e t = 1, para encontrar R. Este e´ o plano que passa pelos pontos P,Q,R, que indicaremos por piPQR. Como caso particular, to- memos, em R3, os pontos P = (0, 0, 2), Q = (4, 1, 0) e R = (1, 1, 1). Enta˜o, −→ u = (4, 1,−2) e −→v = (1, 1,−1), e piPQR fica piPQR = {(x, y, z) = (0, 0, 2) + s(4, 1,−2) + t(1, 1,−1)} = {(x, y, z) = (4s+ t, s+ t, 2− 2s− t), s, t ∈ R}, s, t ∈ R. Eliminando s e t na equac¸a˜o parame´trica obtida, obtemos que piPQR = {(x, y, z); x+ 2y + 3z = 6}, x Q y −→ u R x + 2y + 3z = 6 −→ v P −→ n = −→ u ×−→v z que e´ a forma cartesiana de piPQR. Note que os coeficientes desta u´ltima equac¸a˜o, a saber, 1, 2 e 3, da˜o origem ao vetor −→ n = (1, 2, 3) que, como e´ fa´cil de ver, e´ perpendicular aos vetores −→ u e−→ v e coincide com −→ u ×−→v . Portanto, −→n e´ tambe´m perpendicular a piPQR. A seguinte proposic¸a˜o generaliza esta situac¸a˜o. Proposic¸a˜o 3.8. Seja pi(P, −→ u , −→ v ) um plano do R3. Enta˜o, −→ n = −→ u × −→v = (a, b, c) e´ per- pendicular a −→ u e −→ v (e portanto perpendicular a pi) e podemos escrever pi(P, −→ u , −→ v ) na forma cartesiana pi = {X ∈ R3; (X − P ) · −→n = 0} = {(x, y, z); ax+ by + cz = d}, onde d = −→ n · P . Observac¸a˜o 3.9. A equac¸a˜o (X − P ) · −→n = 0, obtida para planos no R3, serve, como vimos no exemplo 3.3 , tambe´m para retas em R2. 3-3 Exerc´ıcio Soluc¸a˜o Encontre uma equac¸a˜o parame´trica do plano pi de equac¸a˜o cartesiana dada por x+ y + z. 3.2.1 Distaˆncia de um Ponto a um Plano Seja pi o plano do R3 que e´ perpendicular a −→ n e passa por P , conforme mostra a figura 45 . Dado Q ∈ R3, a distaˆncia de Q a pi, d(Q, pi), e´ definida como sendo o mı´nimo das distaˆncias de Q a pontos de pi, isto e´, d(Q, pi) = min{d(Q,X); X ∈ pi}. Retas e Planos (J. Adonai) - 37 Seja l a reta que passa por Q e e´ paralela a −→ n . Temos que l intercepta (ortogonalmente) pi no ponto Q′ = Q− P−→ n (Q− P ) = Q− (Q− P ) · −→ n∥∥∥−→n ∥∥∥2 −→ n , onde P−→ n (Q− P ) e´ a projec¸a˜o de Q− P sobre −→n . Fixemos X ∈ pi um ponto arbitra´rio. Como Q−Q′ e´ perpendicular a pi, ele e´ perpendicular a X −Q′. Usando o teorema de Pita´goras, vem que ‖X −Q‖2 = ‖X −Q′‖2 + ‖Q−Q′‖2 ≥ ‖Q−Q′‖2 e, portanto, obtemos ‖Q−Q′‖ ≤ ‖X −Q‖ , ∀X ∈ pi. Segue-se, enta˜o, que d(Q, pi) e´ atingida em Q′ e d(Q, pi) = ‖Q−Q′‖ = ∥∥∥∥∥∥∥ (Q− P ) · −→n∥∥∥−→n ∥∥∥2 −→ n ∥∥∥∥∥∥∥ = |(Q− P ) · −→n |∥∥∥−→n ∥∥∥ . Isto prova a seguinte proposic¸a˜o. rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr 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rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr 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rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrX �� �� �� �� �� � XXXXXXXX @ @ @ @ @ @ @ @ C C C C C C C C Q d(Q, pi) d(Q,X) Q′ pi Q− P6 � � � � � � � �� � � −→ n P s sXs Figura 45: Distaˆncia de um Ponto a um Plano Proposic¸a˜o 3.10. Seja H uma reta no R2 ou um plano do R3 que e´ perpendicular a −→ n e passa por P . Dado Q ∈ Rn, n = 2, 3, a distaˆncia de Q a H e´ dada por d(Q,H) = |(Q− P ) · −→n |∥∥∥−→n ∥∥∥ . Mais ainda, d(Q,H) e´ atingida no ponto de H Q′ = Q− (Q− P ) · −→ n∥∥∥−→n ∥∥∥2 −→ n . Em particular, se n = 3, Q = (x0, y0, z0), −→ n = (a, b, c) e d = −→ n
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