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Teorias de Linguagem 3ª Unidade Discurso e meio (MAINGUENEAU) - O mídium não é um simples “meio” de transmissão do discurso, mas imprime certo aspecto a seus conteúdos e comanda os usos que deles podemos fazer. - Uma mudança importante do mídium modifica o conjunto de um gênero de discurso (DM) = “O modo de transporte e de recepção do enunciado condiciona a própria constituição do texto, modela o gênero de discurso”. - O modo de transporte e de recepção do enunciado condiciona a própria constituição do texto, modela o gênero de discurso/ uma sociedade não se distingue das formas de comunicação que ela torna possíveis e que a tornam possível (DM). Ex: discurso presidencial no rádio/TV A estabilidade do enunciado: - Tradicionalmente, associa-se a oralidade à instabilidade e escrita à estabilidade, mas existem exemplos de discursos orais marcados pela estabilidade (ditados, expressões regionais, publicidade) - A possibilidade de gravação (áudio e vídeo) deu estabilidade ao oral - Às vezes, o dito gravado é mais estável que o escrito, dependendo do meio. O ambiente - Os enunciados podem depender do ambiente imediato (debate entre interlocutores) ou não (narrativa). O oral, o escrito e o impresso. - Contemporaneamente, não é suficiente demonstrar diferenças entre o oral e o escrito, como a tendência à estabilidade. - Como no oral, o texto escrito apresenta marcas próprias do autor (letra, ânimo, cultura), mas ele circula longe da origem, o que leva o autor a adequações o leitor determina o ritmo de leitura, a crítica ao texto tende a ser mais qualificada. - A impressão aprofunda os efeitos da escritura pela possibilidade de ampla reprodução e as marcas pessoais já não estão presentes, é mais impessoal, os objetos são diferentes, no espaço material podem ser incluídos elementos icônicos e paratextuais. As novas possibilidades - As técnicas sofisticadas de gravação e transporte de informação tem modificado ou dispositivos de comunicação e o estatuto dos enunciados verbais. (DM) - O contato físico e o número de destinatários são relevantes o receptor pode estar em movimento, alguns meios permitem a interrupção há, às vezes, um “terceiro invisível”, o enunciado pode ser efêmero ou duradouro, as novas tecnologias questionam a estabilidade natural do texto (hipertexto). Cena de enunciação “Todo discurso pretende convencer instituindo a cena de enunciação que o legitima/ Enunciar não é somente expressar ideias; é também construir e legitimar o quadro de sua enunciação” (DM). Cena Englobante, cena genérica e cenografia. A cena englobante corresponde ao tipo de discurso (o que passa ao receptor, imagem); A cena genérica indica o gênero de discurso, com a cena englobante, compõe o quadro cênico; A cenografia leva o quadro cênico a se deslocar para o segundo plano/ É a enunciação que, ao se desenvolver, esforça-se para construir seu dispositivo de fala. Ex: Campanha política, Apresentação de um trabalho. Uma cenografia só se manifesta plenamente se puder controlar o próprio desenvolvimento, manter uma distância em relação ao co-enunciador. Há gêneros que se limitam à cena genérica, não adotam cenografias variadas.] Ex: Guias, listas, receitas... Há gêneros que exigem a escolha de uma cenografia Ex: Publicidade, propaganda, palestra... A cenografia pode ser específica ou difusa, e é comum utilizar-se de cenas validadas. ANÁLISE DO DISCURSO O Discurso é a palavra em movimento, prática de linguagem: Com o estudo, observa-se a relação entre língua e ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentido por/para sujeito (Eni Orlandi) O discurso transcende a explicação elementar do processo da comunicação (E – M –R) = processo elementar *básica Refente Código *Tentar compreender o todo Ex: Ana diz a João : “A roupa de Liana é bonita” *Levar-se-á em consideração o contexto, intenção, ambiente, situação, desejo etc. A análise do discurso concebe à linguagem como mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social/ Na análise do discurso, procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história (Eni Orlandi) (linguística¹ – marxismo² – psicanálise³) 1 – A língua tem sua ordem própria, mas só é relativamente autônoma. 2 – A história tem seu real afetado pelo simbólico 3 – O sujeito é descentrado, pois é afetado pelo real da língua e também pelo real da história. A análise do discurso visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeito. (Eni Orlandi) Inteligibilidade – interpretação – compreensão Ex: o rapaz passou / passou rapaz o Cont. ex: Duas meninas conversam: Amg 1 – Ninguém passa nessa rua. Amg 2 – O rapaz passou. Amg 1 – Que rapaz? Amg 2 – O que mora ao lado. No mesmo ex, a amiga 2 sabe que a amiga 1 está interessada no rapaz. Discurso e parole O discurso compreende à noção de fala, pois não se trata de opô-la à língua como sendo esta um sistema, onde tudo se mantém, com sua natureza social e suas constantes (...) sendo a fala apenas uma suma ocorrência casual, individual, realização do sistema. Análise de discurso e pragmática A pragmática estuda o desempenho, e não a competência, mas a análise de discurso não se atém apenas ai interesse, intenção do falante. ANÁLISE: LINGUÍSTICA, DE CONTEÚDO E DE DISCURSO A linguística: trabalha com as marcas formais. A de conteúdo: analisa o que está contido e que é de interesse das ciências sociais. A de discurso: trabalha com propriedades discursivas que referem a língua à história para significar: as marcas formais não interessam diretamente, mas o modo como estão no texto, não se pretende extrair o conteúdo, mas materiabilidade discursiva. Dispositivos de análise: Texto – formação discursiva – formação ideológica O texto é definido pela sua extensão, ser escrito ou oral também. Não muda a definição do texto / para a AD o texto não é um dado linguístico, mas um fato discursivo. Eles individualizam um conjunto de relações significativas. Ex: escritos, relatos, símbolos... Na formação discursiva, compreendem-se a discursividade do texto (natural – linguístico – enunciativa), percebendo-se a paráfrase, sinonímia, metáforas. Considera-se também, os esquecimentos. A análise de formação ideológica relaciona as formas discursivas com a influencia ideológica que rege essas relações, visando atingir a constituição dos processos discursivos responsáveis pelo efeito de sentido. Formulação de questões é de responsabilidade do analista a formação da questão que desencadeia a análise. Ela deve se relacionar com o material analisado/ finalidade da análise. Ex: De que posições estão falando os sujeitos? Que influências sofre o locutor? Qual é a relação do locutor com o destinatário? O que o locutor da implicitamente? Efeito metafórico: é o fenômeno semântico produzido por uma substituição do contexto (M. Pechava) A metáfora é constitutiva do processo de produção de sentido e da constituição do sujeito e é uma característica a todas as línguas O efeito metafórico (deslize) - próprio da ordem do simbólico – é o lugar da interpretação, da ideologia, da historicidade. O dito e o não-dito: O pressuposto deriva da instância da linguagem. O subentendido se dá de acordo com o contexto. Ex: Passarei a tomar banho / Faça isso O silencia fundador é o recuo para significação, para a continuação do sentido. No silenciamento, a política do silencia, tem-se o silencia constitutivo (uma expressão apaga outra) e o silêncio total (censura).
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