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Civil_Obrigacoes_2.pdf

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104 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES 
PROFESSOR Afrânio Azevedo Pereira 
 
Material produzido por Msc.: ERIVERTON RESENDE MONTE 
 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES (Arts. 286 a 303, CC) 
 
DA CESSÃO DE CRÉDITO: 
 
Conceito e noções gerais: 
 
É a transferência que o credor faz a outrem de seus direitos sobre um crédito, 
na mesma obrigação, com todos os acessórios. É semelhante à compra e venda, só 
que com relação aos créditos. Isto porque a cessão tem por objeto bem incorpóreo 
(crédito), enquanto que a compra e venda destina-se à alienação de bens 
corpóreos. 
 
RICARDO FIUZA: é um negócio jurídico através do qual o credor opera a 
transferência, a um terceiro, do direito de crédito que tinha contra o devedor. 
 
ORLANDO GOMES: é o negócio pelo qual o credor transfere a terceiro 
sua posição na relação obrigacional. 
 
A cessão de crédito é negócio jurídico, bilateral, em regra de caráter oneroso, 
(mas também pode ser gratuito), através do qual o sujeito ativo de uma obrigação a 
transfere a terceiro, que era estranho ao negócio original, independentemente da 
anuência do devedor !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
Os créditos, objeto de cessão, representam promessa de pagamento futuro, e 
assim, podem ser objeto de negócio, uma vez que sempre haverá quem por eles 
ofereça um valor. A cessão pode ser total ou parcial. 
 
As partes são o cedente (antigo credor) e o cessionário (o novo credor). O 
cedido (devedor) é estranho ao negócio da cessão. O devedor não é parte na 
cessão, pois esta pode se realizar sem a sua anuência, embora se lhe deva dar 
ciência dela, através de notificação que tanto pode ser judicial ou extrajudicial. 
 
A cessão de crédito se trata de um dos mais importantes instrumentos da vida 
econômica atual, principalmente na modalidade de desconto bancário, que é o mais 
comum, onde o comerciante transfere seus créditos a uma instituição financeira. 
 
Em regra, todos os créditos podem ser objetos de cessão, vencidos ou 
vincendos, constem eles de título ou não, exceto se a isso se opuser a natureza da 
obrigação, a lei, ou acordo expresso existente entre credor e devedor: 
 
- Natureza da obrigação: direito personalíssimo. 
- Lei: crédito penhorado. 
- Acordo (ajuste) entre as partes. 
 
 
 
 
 
 
Pressupostos de validade: 
 
São os normais de qualquer ato jurídico previstos no art. 104 do CC: 
capacidade das partes, objeto lícito, e forma prescrita ou não proibida pela lei: 
 
A capacidade é necessária por que ocorre uma alienação de um direito, por 
parte do cedente, e uma aquisição onerosa por parte do cessionário. Assim, além da 
capacidade para os atos jurídicos, é necessária a legitimação para praticar os atos de 
alienação. O objeto pode ser qualquer crédito transmissível, se a isso não se opuser 
à natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor (art. 286 do CC). 
 
A natureza da obrigação, por exemplo, opõe-se à transmissão no caso dos 
direitos não patrimoniais (os personalíssimos), como o direito ao nome. A lei se opõe 
à cessão em alguns casos específicos: os créditos decorrentes de acidentes de 
trabalho, crédito de alimentos. A convenção entre o credor e o devedor, existindo, 
também impedirá a cessão. 
 
A forma é livre, entre cedente e cessionário, uma vez que a lei não impõe 
nenhuma forma específica. Para valer contra terceiros tem que ser por escrito e com 
registro no Cartório de Títulos e Documentos (art. 288 do CC). Este artigo do Código 
Civil estabelece que a cessão será ineficaz em relação a terceiros se não for 
celebrada mediante instrumento público. O art. 288 do Código diz que se for por 
instrumento particular revestido das solenidades do § 1º do art. 654 do CC, a cessão 
de crédito também se opera mediante terceiros. 
 
Esse terceiro que o artigo menciona é a pessoa que não figurou no negócio 
entre cedente e cessionário, que pode ser inclusive o próprio devedor cedido. A 
cessão de título de crédito é feita através do endosso. Essas formalidades somente 
são exigidas para a cessão valer contra terceiros, sendo desnecessárias em relação 
ao cedido. 
 
O cessionário de crédito hipotecário poderá fazer averbar junto à matrícula 
do imóvel a cessão de crédito para assegurar os direitos transferidos pela cessão (art. 
289 do CC). 
 
Para valer contra o devedor é ainda necessário que seja o mesmo notificado 
da cessão (art. 290 do CC). Contudo, a notificação não é indispensável para que a 
cessão seja válida, mas é indispensável para prender o cedido, vinculando-o ao 
cessionário. Isto porque, se não for notificado poderá o devedor (cedido) pagar, 
validamente, o crédito ao cedente. A notificação pode ser dispensada, desde que o 
cedido tenha efetiva ciência da cessão (art. 290 do CC, parte final). Essa notificação 
deve ser por escrito público ou particular, e deve igualmente conter o ciente do 
devedor. 
 
Se o cessionário exigir o pagamento do cedido, este não se desobriga 
simplesmente alegando que não foi notificado, pois terá que provar que já efetuou o 
pagamento ao antigo credor (cedente). 
 
Pluralidade de cessões do mesmo crédito – Se maliciosamente, o cedente 
fizer cessão de um mesmo crédito a vários cessionários, prevalecerá à cessão que 
106 
 
tiver sido completada com a entrega do título do crédito cedido (art. 291 do CC). 
 
Finalidade da notificação feita ao devedor: 
 
É uma maneira induvidável de dar ciência ao devedor (cedido) da 
transmissão do crédito, com o objetivo de vinculá-lo à nova relação jurídica, isto 
porque a própria lei (art. 290, 1ª parte, do CC) é clara quando determina que a cessão 
de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada. 
Com a notificação feita, ocorrem duas conseqüências importantes com relação ao 
cedido: 
 
a) Anteriormente a notificação o devedor pode pagar o seu débito ao credor 
primitivo, e este pagamento é válido (art. 292, 1ª parte do CC), entretanto a partir do 
momento em que foi intimado da transferência do crédito, não mais poderá fazê-lo, 
tendo em vista que a notificação vincula o devedor à nova relação jurídica; e 
 
b) No momento em que é notificado, o devedor pode opor, tanto ao cedente 
quanto ao cessionário as exceções que lhe competirem como, por exemplo: já pagou 
a dívida, que ela se compensou, ou a existência de vícios como erro, dolo ou coação. 
Se o devedor não opor as exceções neste momento não poderá fazê-lo mais tarde, 
tendo em vista que o seu silêncio é entendido como à anuência com os termos do 
negócio e demonstra seu propósito de pagar ao cessionário a prestação devida, 
objeto da cedência (art. 294 do CC). 
 
Obs: As exceções oponíveis diretamente ao cessionário podem ser argüidas a 
qualquer tempo, tendo em vista que este se apresenta ao devedor como um novo 
credor, e todo devedor tem a faculdade de opor qualquer exceção contra a pretensão 
de seu credor. Assim, poderá argüir compensação, por exemplo. 
 
O importante é que independentemente do devedor (cedido) ter ou não 
conhecimento da cessão, o cessionário pode exercer atos para conservar o direito 
cedido (cobrar antecipadamente a dívida se o cedido torna-se insolvente; se dívida 
estiver vencida, adentrar com ação de cobrança interrompendo a prescrição, ou 
mesmo com o protesto do título em cartório). Isso ocorre porque o cessionário, após a 
cessão, passa a possuir os mesmos direitos que possuía o credor anterior (cedente) a 
quem substituiu na obrigação (art. 293 do CC). 
 
Efeitos da cessão e responsabilidade do cedente: 
 
O principal efeito da cessão é a transferência da relação com todos os seus 
acessórios e garantias (art. 287 do CC). É uma mesma relação jurídica, não é uma 
nova dívida. 
 
O cedente é responsável pela existência do crédito,na cessão por 
título oneroso (art. 295 do CC), e também responde pela existência da garantia. O 
cedente é responsável pela existência da dívida à época do negócio, e dessa forma 
responde pelas perdas e danos no caso do débito inexistir em tal momento. 
 
Importante observar que o cedente responde pela existência do débito e não pela 
solvabilidade do devedor (art. 296, do CC). Isto porque a cessão a título oneroso é 
negócio especulativo, onde aquele que adquiriu o crédito pagou por ele, e geralmente 
paga menos que o seu valor nominal, em busca de um proveito, e assim sendo corre 
o risco do negócio; entretanto, as partes podem convencionar que o cedente 
 
 
responde também pela solvabilidade do devedor (art. 297, do CC). 
Esse ajuste envolve duas limitações: 
 
 
a) O cedente garante a solvabilidade do devedor, entretanto essa garantia 
refere-se ao momento da cessão. Ele não se torna um coobrigado ou avalista, e só 
responderá pela dívida que o cedido não resgatou. 
 
b) Se o cedente responder pela solvência do devedor, só responderá até 
o montante que recebeu do cessionário e mais as despesas efetuadas (art. 297 do 
CC). Isto porque no momento que o cedente garante a solvabilidade do devedor o 
negócio não é mais aleatório, assim sendo, não se justifica por parte do cessionário 
um lucro excessivo cabendo apenas uma remuneração pelo risco. 
 
Impedimento à cessão: 
 
No caso do art. 298 do CC → se o crédito tiver sido penhorado, tendo o credor 
(cedente) conhecimento dessa penhora, não mais poderá transferi-lo. Se o devedor, 
não tendo ciência da penhora, pagar ao cessionário estará livre, e o credor é quem 
responderá ao terceiro que penhorou. 
 
DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA (CESSÃO DE DÉBITO) 
 
Conceito e noções gerais: 
 
A assunção de dívida é uma novidade introduzida pelo novo Código Civil de 
2002, entretanto, embora não estivesse expressamente no Código de 1916 a doutrina 
já falava sobre a sua celebração, em virtude da autonomia da vontade e da 
liberalidade contratual. 
 
A assunção de dívida ou cessão de débito é o negócio pelo qual o devedor 
transfere para outra pessoa sua posição na relação jurídica, de modo que esta o 
substitua na obrigação. 
 
Diferença entre cessão de crédito e assunção de dívida: 
 
A grande diferença existente entre cessão de crédito e a assunção de dívida é 
que enquanto naquela é irrelevante a anuência do devedor, devendo o mesmo 
apenas ser notificado da mesma para que efetue o pagamento para o novo credor 
(cessionário), na assunção de dívida é essencial que o credor concorde com a 
substituição, porque aqui o credor para receber a obrigação vai depender da solvência 
do obrigado para receber a obrigação, e com certeza, para ele não será interessante 
acordar com devedor com menos condições de resgatar o débito. 
 
Prazo para consentimento e silêncio do credor: 
 
Qualquer das partes envolvidas na assunção de dívida pode dar prazo ao 
credor para que este consinta na assunção. Aqui, o silêncio deste não será entendido 
como consentimento, pois neste caso, se nada falar entender-se-á como recusa à 
cessão de débito (art. 299, parágrafo único do CC). Também é necessária a anuência 
do fiador ou do terceiro proprietário de bem hipotecado. 
 
Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a 
108 
 
partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dada ao 
credor; portanto, se nada for dito, as garantias originais consideram-se extintas 
com a assunção de dívida (art. 300 do CC); 
 
 
 
O art. 301 expressa que, se a substituição do devedor vier a ser anulada o 
débito antigo é restaurado com todas as suas garantias, salvo as garantias 
prestadas por terceiro (fiador) e excetuando-se, neste caso a hipótese deste terceiro 
ter conhecimento do vício que infectava a obrigação. O novo devedor não poderá opor 
ao credor as exceções que cabiam somente ao antigo devedor (art. 302 do CC). 
 
Adquirente de imóvel hipotecado e assunção de dívida: 
 
E, por último, o adquirente de imóvel hipotecado pode tomar para si a 
responsabilidade do pagamento do crédito garantido. Neste caso, se o credor for 
notificado da transferência do débito e em trinta dias não impugnar esta transferência 
o seu silencio será entendido como consentimento (art. 303 do CC) 
(IMPORTANTE!!!). 
 
ASSUNÇÃO POR EXPROMISSÃO: mediante contrato celebrado entre o 
credor e o novo devedor, sem a participação no antigo devedor. 
 
ASSUNÇÃO POR DELEGAÇÃO: mediante contrato celebrado entre o devedor 
e o terceiro. 
 
DA CESSÃO DE CONTRATO: 
 
Conceito e noções gerais: 
 
Apesar de não ser regulamentado no Código Civil vigente, tem existência jurídica 
como negócio inominado. É a transferência da inteira posição ativa e passiva, do 
conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um 
contrato de execução ainda não concluída (Sílvio Rodrigues). 
 
Possibilita a circulação do contrato, permitindo que um estranho (terceiro) 
ingresse na relação contratual, substituindo um dos contratantes primitivos (exemplo: 
cessão de locação, de compromisso de compra e venda, de mandato – em que por 
meio do substabelecimento o contrato-base é transferido, etc.). 
 
Diferenças 
 
Não se deve confundir cessão de crédito com cessão de contrato que compreende a 
transferência de todos os direitos e obrigações. A cessão de crédito restringe-se 
exclusivamente à transferência de direitos, substitui uma das partes na obrigação 
apenas do lado ativo e em um único aspecto da relação jurídica, o mesmo ocorrendo 
pelo lado passivo na assunção de dívida. 
 
Todavia, ao transferir uma posição contratual, há um complexo de relações que se 
transfere: débitos, créditos, acessórios, prestações em favor de terceiros, etc. Na 
transferência da posição contratual, portanto, há cessões de crédito (ou pode haver) e 
assunções de dívida, não como parte base do negócio, mas como elemento 
integrante do próprio negócio. 
 
 
Partes 
 
Uma das partes (cedente), com o consentimento do outro contratante (cedido), 
transfere sua posição no contrato a um terceiro (cessionário). Para melhor 
compreensão terminológica utilizaremos o contrato cuja posição é cedida de contrato-
base. 
 
Por conseguinte, por intermédio desse negócio jurídico, há o ingresso de um 
terceiro no contrato-base, em toda titularidade do complexo de relações que envolvia 
a posição do cedente no citado contrato. Vale ressaltar novamente, que é 
indispensável para a atuação dessa transmissão o consentimento do outro 
contratante, ou seja, do cedido. 
 
Observa-se o vasto campo de sua aplicação: no campo de venda em geral, no 
contrato de fornecimento, locação, transporte, empreitada, seguro, sociedade, 
financiamento para construção. 
 
Parte da doutrina, filiada a teoria atomística, fragmentava a análise científica do 
instituto sob exame, para concluir que, em verdade, a cessão da posição contratual 
não seria mais do que um encadeamento de cessões múltiplas (crédito e débito), 
conjugadas, carecedoras de autonomia jurídica. 
 
Pablo Stolze não concorda com tal posicionamento, explica que, quando em 
um determinado contrato (imagine uma promessa de compra e venda), uma das 
partes cede a sua posição contratual, o faz de forma integrada, não havendo, pois, a 
intenção de transmitir, separadamente, créditos e débitos. 
 
Por conseguinte, afirma ser adepto da teoria unitária, defendida por jurista 
como PONTES DE MIRANDA, SILVIO RODRIGUES, SÍLVIO VENOSA, dentre 
outros, segundo a qual a cessão de contrato opera a transferência da posição 
contratual como um todo, sem que se possa identificar a fragmentação dos elementos 
jurídicos componentes da posição contratual. 
 
Requisitos 
 
- a celebração de um negóciojurídico entre cedente e cessionário. 
 
- integralidade da cessão (cessão global): crédito e débito. 
 
- a anuência expressa da outra parte (cedido). 
 
Necessário se faz ressaltar que em contratos de natureza personalíssima não 
admitem cessão. Por exemplo, se uma pessoa contrata um show com um artista 
famoso, este não poderá ceder a sua posição contratual. 
 
As partes, no contrato, podem estabelecer cláusula contratual (expressa) na 
qual não admita a cessão contratual, em assim sendo, não será permito tal cessão. 
 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
 
1) STF Súmula nº 411 - locatário autorizado a ceder a locação - sublocação do 
 
imóvel - o locatário autorizado a ceder a locação pode sublocar o imóvel. 
 
2) TRF4: CESSÃO DE CRÉDITO. NOTIFICAÇÃO AO DEVEDOR. AUSÊNCIA DE 
"FUMUS BONI JURIS". - A prova documental indica que os autores tinham ciência da 
existência da cessão de créditos à CEF, pois foram notificados da cessão dos 
créditos. - A cessão de crédito independe, para sua validade, de qualquer 
consentimento do devedor, sendo que a notificação do devedor é realizada para que 
este tenha ciência de quem é o seu novo credor, a fim de prevenir que o antigo credor 
venha receber indevidamente o pagamento. - Regular a cessão de créditos e 
existindo débitos, não há ilegalidade nos registros em cadastros de devedores. 
 
3) TJ/SP: DESAPROPRIAÇÃO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - DISCUSSÃO 
QUANTO À TITULARIDADE DOS CRÉDITOS - Cessão de créditos - Necessidade 
de habilitação dos herdeiros do advogado falecido - Dúvidas quanto à regularidade 
dos contratos de cessão de crédito trazidos aos autos ? Impossibilidade de solução 
da controvérsia nos autos da ação de desapropriação, devendo a questão ser dirimida 
pelas vias próprias. Recurso improvido. . 
 
 
ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
PAGAMENTO (304 a 333, CC) 
 
NOÇÃO GERAL: 
 
Tecnicamente, o termo pagamento significa o desempenho voluntário da 
obrigação ajustada, pondo termo (extinção) à relação jurídica entre devedor e credor. 
Entretanto, de forma mais ampla, é mais correto considerar pagamento como uma espécie do 
gênero adimplemento. 
 
REQUISITOS ESSENCIAIS: 
 
Para a validade do pagamento é necessária a existência de três elementos: 
 
a) Preexistência da obrigação; 
b) Presença da pessoa que paga, o solvens. 
c) Presença da pessoa que recebe, o accipiens. 
 
 O primeiro elemento equivale à causa justificadora do pagamento, ou seja, o 
vínculo obrigacional, sem o qual pode surgir a figura do pagamento indevido. O 
art. 876 do CC afirma que está sujeito à restituição todo aquele que receba o que 
não lhe era devido. 
 
DE QUEM DEVE PAGAR 
 
a) O devedor e o terceiro interessado: 
 
O art. 304 do CC diz que qualquer pessoa interessada na extinção da dívida poderá 
pagá-la. O principal interessado, obviamente, é o devedor, entretanto, há outros (terceiros), 
que também o são, como por exemplo, o fiador, o sublocatário. O interesse é jurídico está 
diretamente relacionado à ligação ou não com o contrato ou com outra fonte da obrigação, 
nada tendo a ver com interesses de ordem moral, sentimental, sexual. 
 
No caso de recusa do credor em receber o pagamento, tanto o devedor quanto o 
 
terceiro interessado podem valer-se da consignação em pagamento. O pagamento feito por 
terceiro interessado gera uma consequência relevante, pois lhe concede o direito de sub-
rogar-se em todos os direitos do credor. 
 
b) O terceiro não interessado: 
 
A lei admite que mesmo terceiros não interessados possam efetuar o pagamento, 
desde que o façam em nome e à conta do devedor, podendo, igualmente, valer-se da 
consignação judicial, salvo se o devedor se opor (art. 304, parágrafo único do CC). Se o 
terceiro não interessado pagar em nome do devedor, a obrigação simplesmente se extingue, 
não transformando o solvens (o que pagou) em credor do devedor, pois se entende que 
houve uma liberalidade da parte do terceiro que pagou. 
 
Se o terceiro não interessado pagar a dívida em seu próprio nome, terá o direito ao 
reembolso pelo o que pagou (art. 305 do CC), mas não se sub-rogará nos direitos do credor. 
O terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome, em caso de recusa do 
credor, não dispõe de meios para coagir o credor a liberar o devedor. 
 
Se este terceiro pagar antes do vencimento, somente terá direito ao reembolso no 
vencimento (art. 305, parágrafo único do CC). Se o devedor possuir meios para ilidir a dívida, 
isto é, meios ou instrumentos para evitar a cobrança do débito pelo credor (vício de 
consentimento-erro, dolo, coação), o pagamento feito por terceiro, com oposição ou 
desconhecimento do devedor não o obriga a reembolsar aquele que pagou (art. 306 do CC). 
 
Sílvio Venosa afirma que se é o terceiro interessado que paga em nome do devedor, 
como o caso do pai que paga a dívida do filho: 
 
“o faz por simples liberalidade, ou por mero espírito de filantropia, nada pode reaver; 
se o faz, contudo, como gestor de negócios, terá então ação contra o devedor para 
reembolsar-se do que pagou”. 
 
c) O pagamento que transfere o direito de propriedade (art. 307 do CC). 
 
O pagamento nem sempre consiste na entrega de certa quantia em dinheiro, pois 
muitas vezes pode ocorrer de efetuar a transmissão do domínio de uma coisa móvel ou 
imóvel. Se o pagamento envolver a entrega de uma coisa móvel ou imóvel, com a 
transferência do direito de propriedade, além da capacidade genérica para qualquer ato 
jurídico, há a necessidade de que o solvens (aquele que paga) tenha capacidade específica 
(ou legitimação) para a alienação (art. 307 do CC). Ex.: O tutor não pode dar, em pagamento, 
imóvel de seu tutelado sem autorização judicial. 
 
O pagamento feito por pessoa que não possui estas capacidades poderá ser tornado 
válido se ratificado pelo proprietário ou se o devedor vier a se tornar proprietário 
posteriormente. Ocorrendo essa validação, esta retroage à data em que o pagamento foi 
efetuado. O parágrafo único do art. 307, contudo, traz uma exceção a este princípio: no caso 
de tratar-se de coisa fungível, entregue ao credor de boa-fé que a consumiu o pagamento 
será válido, mesmo que o solvens não tivesse capacidade ou legitimação para efetuar este 
pagamento. 
 
Vejamos: 
 
 
 Se o devedor era menor e entregou em pagamento mercadoria ajustada, que 
foi recebida e consumida (Ex. gênero alimentício, material escolar, etc) pelo 
credor de boa-fé, o pagamento é válido e intocável. 
 
 Se o devedor de coisa fungível (gênero alimentício, por exemplo), não tinha 
legitimação para efetuar a entrega, pois não era seu dono, o pagamento, 
habitualmente não valerá. Entretanto, se o accipiens recebeu de boa-fé a 
prestação e de boa-fé a consumiu, o pagamento é considerado válido e a 
relação jurídica se extingue, nada mais restando ao prejudicado senão reclamar 
contra a pessoa que, sem direito, efetuou o pagamento. 
 
Condições para esta validação: 
 
a) Tratar-se de pagamento efetuado mediante coisa fungível. 
b) Boa-fé por parte do accipiens no ato do recebimento da coisa. 
c) Consumo da coisa pelo mesmo accipiens também de boa-fé. 
 
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR 
 
O pagamento deve ser efetuado ao credor ou a quem o represente (art. 308, 1ª parte 
do CC). O representante mencionado pode ser legal, judicial ou convencional: 
 
Legal – porque a lei assim o determina. São os pais, os tutores e os curadores em 
relação aos incapazes cujos bens administram. 
 
Judicial – resultante de ação judicial. São os nomeados pelo juiz, como o 
depositário judicial, e em alguns casos os oficiais de justiça. 
 
Convencional – quando as partes assim ajustaram, ou os portadoresde mandato. 
O representante convencional pode ter mandato expresso ou tácito: expresso – quando 
possuir instrumento de procuração, conferindo poderes ao mandatário para receber o crédito; 
tácito – o portador da quitação, pois é entendido que está autorizado pelo credor a receber a 
prestação devida, por exemplo, empregado ou cobrador do credor (art. 311, CC). Em caso de 
dúvida o devedor poderá se recusar a efetuar o pagamento, mesmo àquele que possua a 
quitação em mãos, se tiver motivos para duvidar da autenticidade do mandato tácito, pois 
quem paga mal será obrigado a pagar novamente (art. 312 do CC). 
 
Exceções: 
 
Pode ocorrer que, tanto o pagamento efetuado diretamente ao credor não libere o 
devedor, como o pagamento efetuado a terceiro venha a liberar o devedor. 
 
a) Pagamento ao credor que não libera o devedor: 
 
Primeira hipótese (art. 310 do CC) – Quando o credor era incapaz de quitar, e de 
tal fato o devedor tinha conhecimento. A questão não diz respeito à prova de que o 
pagamento foi efetuado, mas atinge a própria validade do pagamento, que se considera como 
se não realizado. O Código considera válido o pagamento se o devedor conseguir demonstrar 
que o pagamento efetuado se reverteu em benefício do incapaz (art. 310, 2ª parte do CC). 
Nesta hipótese, o pagamento será válido mesmo que a incapacidade do credor seja absoluta. 
Ex.: O dinheiro do pagamento foi utilizado para quitar as mensalidades da escola, ou pagou o 
aluguel da casa onde o incapaz reside. 
 
Segunda hipótese – (art. 312 do CC) – Nos casos em que o devedor tomou ciência 
 
da penhora feita sobre o crédito ou da impugnação a ele feita por terceiro. Nestas hipóteses o 
pagamento não valerá contra o terceiro, que poderá torná-lo a exigi-lo do devedor, e este terá 
que buscar a devolução junto ao credor, por meio de ação de regresso. Ex.: Se A deve para B 
um automóvel, e C apresenta impugnação (oposição) dessa relação e crédito, A não deverá 
para B, sob pena de pagar para C. 
 
Uma vez que o devedor toma ciência da penhora ou oposição de terceiro ao crédito, 
só se exonera da obrigação depositando em juízo a quantia devida. No caso da oposição 
mencionada basta que o credor do credor do devedor faça a notificação judicial. Não poderá o 
credor também perdoar a dívida, conceder novo prazo, compensar, etc., pois a penhora tira-
lhe a disponibilidade do crédito, em favor de seu credor exequente 
 
b) Pagamento a terceiro que libera o devedor: 
 
As duas primeiras hipóteses estão no art. 308, parte final do CC: quando o credor 
ratifica o pagamento e quando o pagamento feito ao terceiro reverte em proveito do credor. 
 
A terceira hipótese é quando o devedor paga ao credor putativo (art. 309 do CC), 
ou seja, paga para aquele que tem toda aparência (IMAGINÁRIO) de credor. O caso mais 
comum é de herdeiro aparente (e que mais tarde se descobre que fora afastado por novo 
testamento, até então desconhecido, ou que foi excluído da sucessão por indignidade – art. 
1.814 do CC). 
 
É essencial que o solvens esteja de boa-fé, não tendo qualquer razão para suspeitar 
que o accipiens não é o verdadeiro credor, porque é exatamente essa boa-fé que será 
protegida pela lei. O devedor que pagou ao credor putativo estará livre, e só restará ao credor 
verdadeiro buscar ressarcimento junto ao accipiens, pelo que por este foi indevidamente 
recebido. 
Condição objetiva: O pagamento deve coincidir com a prestação avençada. 
 
O OBJETO DO PAGAMENTO 
 
O pagamento deve coincidir com a prestação devida e, no caso de obrigação 
cumulativa, o devedor só se libera quando cumpre a integralidade do débito. A conversão da 
prestação em perdas e danos não corresponde a pagamento no sentido técnico da palavra. 
 
O credor pode rejeitar a substituição da coisa devida por outra, ainda que mais 
valiosa. Para que o devedor possa se liberar neste caso é necessário que haja a 
concordância do credor (art. 313 do CC). 
 
Quando o credor recebe em pagamento um valor representado por um título de 
crédito, cheque, por exemplo, a liberação do devedor só ocorre no momento em que o credor 
efetivamente embolsar o que lhe cabe. Se, por exemplo, o cheque for sem provisão de fundos 
considera-se como se o pagamento não tivesse sido efetuado. 
 
O credor não é obrigado a receber em parcelas, se assim, não foi convencionado 
(art. 314 do CC), mesmo que a soma de todas as parcelas corresponda ao débito integral, 
pois mesmo que haja um só devedor e um só credor, será irrelevante se a prestação é ou não 
divisível, uma vez que nem o devedor está obrigado a pagar e nem o credor está obrigado a 
receber em partes, se assim não se convencionou. 
 
As obrigações que têm por objeto uma prestação em dinheiro deverão ser pagas em 
moeda corrente no país no prazo de seu vencimento. No Brasil é vetado o pagamento em 
 
outra moeda que não seja a corrente do nosso país. Sendo efetuado por meio de cheque, o 
pagamento somente terá eficácia se o mesmo tiver provisão de fundos (art. 315 do CC). 
 
É possível que as partes estipulem cláusula de atualização de valores monetários 
com o objetivo de evitar a desvalorização da moeda, principalmente quando se tratar de 
contratos de execução continuada ou diferida (trato sucessivo). Referida cláusula deverá ter 
por base a atualização realizada por meio de índices oficiais regularmente estabelecidos (art. 
316 do CC). 
 
É possível que a parte interessada peça judicialmente a correção judicial do 
contrato em razão de desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do 
valor do momento da execução do contrato. Tal correção só será possível nos contratos de 
execução continuada, sendo inadmissível nos contratos de execução imediata. Na medida do 
possível o juiz corrigirá o valor da prestação atendendo o seu valor real (art. 317 do CC). 
 
Serão nulas quaisquer cláusulas que estipulem o pagamento da prestação em ouro 
ou moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da 
moeda nacional, salvo os casos previstos em lei especial (art. 318, CC). 
Exemplo: Art. 2º do DL 857/69 que permite que os contratos de locação de bens 
móveis possam ser pagos em moeda estrangeira, devendo para tal ser registrado 
previamente no banco Central do Brasil. Entretanto, há jurisprudência no sentido de que esta 
regra somente era aplicável nos contratos antigos, pois com o Plano Real os valores 
contratuais ficaram congelados. 
 
A PROVA DO PAGAMENTO - A QUITAÇÃO 
 
O devedor tem direito de receber a quitação regular pelo pagamento efetuado, 
podendo reter o pagamento até que a quitação lhe seja entregue (art. 319 CC). A quitação 
deverá conter os elementos previstos no art. 320 do CC. Esses elementos são: 
 
1) O valor e a espécie da dívida quitada. 
2) O nome do solvens (devedor). 
3) O tempo e o lugar do pagamento (data). 
4) A assinatura do accipiens (credor ou seu representante). 
5) Ser feito por instrumento escrito. 
 
Alguns autores têm entendido que mesmo quando a quitação não contenha algum 
desses elementos será ela válida se tal elemento puder ser deduzido do contexto. 
 
Exemplo: Serpa Lopes aponta que está suprida a falta de menção ao valor se há a 
menção que se trata de quitação plena até a data de sua feitura ou se menciona que se trata 
do saldo remanescente da venda de certo imóvel ou que se refere aos débitos existentes. 
 
A quitação terá sempre que ser escrita. A retenção ou a consignação do pagamento 
são remédios que se apresentam em favor do devedor quando o credor se recusa a dar 
quitação e também quando não a fornece com a forma prevista no art. 320 do CC. 
 
Nas dívidas cuja quitação consistana devolução do título: 
 
Se o título se extraviar, o devedor pode reter o pagamento até que o credor lhe 
forneça declaração de que o título foi perdido (extraviado) e acusando o recebimento (art. 321 
do CC). 
 
 
A quitação não é o único meio de prova do pagamento, podendo ser usado 
qualquer dos meios de prova em direito admitidos. 
 
Presunções de pagamento 
 
a) Quando o pagamento ocorrer em quotas periódicas e sucessivas, se o 
devedor tiver em seu poder a quitação da última delas, presume-se, até prova em contrário, 
que todas as anteriores foram pagas (art. 322 do CC). A presunção é juris tantum, ou seja, 
que se resulta do próprio direito até prova em contrário. Nada impede que o credor receba o 
pagamento da última prestação e, na quitação desta ressalve que as anteriores não estão 
pagas. Neste caso não se estabelece a presunção de pagamento. 
 
b) Se a quitação se refere ao valor principal e for feito ressalva quanto aos 
juros, também não se estabelece a presunção legal (art. 323 do CC), mas se o accipiens 
receber o valor principal sem a referida ressalva presume-se que os juros estão liberados. 
 
c) A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento (art. 324 do 
CC). Neste caso, também ocorre a presunção juris tantum. 
 
Se o credor quiser provar que não houve o pagamento terá que fazê-lo dentro de 60 
dias (art. 324, parágrafo único do CC). Ex.: cheque sem fundos. 
 
Também pode ocorrer do credor argumentar que o título não foi entregue, mas 
fraudulentamente apropriado pelo devedor. Neste caso, a Lei não estabelece qualquer prazo 
para a prova do contrário. Ex.: ocorreu um roubo ou furto dos documentos do credor e entre 
eles se encontrava o título da dívida que posteriormente aparece com o devedor. 
 
A questão das despesas com o pagamento 
 
O Código Civil traz a presunção de que as despesas com o pagamento e a quitação 
correm por conta do devedor (art. 325 do CC). Como exemplo dessas despesas pode-se citar 
àquelas necessárias para colocar a coisa à disposição do credor, e podem ser de natureza 
fiscal, relativa ao transporte, à medida, pesagem, depósito, etc. 
 
Entretanto, se houver aumento nesses encargos por fato do credor, esse é que 
deverá responder pelo acréscimo (art. 325, 2ª parte do CC). Ex.: se o credor mudar de 
endereço ou falecer e deixar herdeiros em diferentes endereços. 
 
Se a prestação a cumprir tiver por objeto um bem que se paga por peso ou 
medida, e o contrato nada disser a respeito, presume-se que as partes pretenderam adotar a 
medida do lugar da execução da convenção, isto porque há medidas e pesos que variam de 
lugar para lugar. Ex.: arroba em determinados lugares corresponde a 12 quilos, e em outros 
15 quilos (art. 326 do CC). 
 
O LUGAR DO PAGAMENTO 
 
Quanto ao lugar do pagamento, as obrigações são classificadas em quérables e 
portables (quesíveis e portáveis): 
 
Quérables – são aquelas que devem ser cobradas pelo credor no domicílio do 
devedor. 
 
Portables – são aquelas em que a prestação deve ser entregue pelo devedor no 
 
domicílio do credor. 
 
Se as partes nada convencionarem, as obrigações são quérables (regra), salvo se o 
contrário resultar da lei, da natureza da obrigação, ou das circunstâncias do caso (art. 327 do 
CC). 
 
O domicílio é o atual do devedor, à época do pagamento, ainda que fosse outro ao 
tempo em que se constituiu a obrigação. Nada obsta, contudo, que as partes estipulem que a 
prestação deva ser paga no domicílio do credor. 
 
A classificação de uma obrigação quérable ou portable é importante em virtude da 
verificação da mora. Sendo quérable, se o credor não for atrás do devedor para receber, não 
incorrerá o devedor em mora; o mesmo acontece na situação contrária. 
 
Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, deve ser feito no lugar onde 
tal imóvel se localiza (art. 328 do CC). As prestações relativas ao imóvel a que se refere o art. 
328 são aquelas que, por sua natureza, não possam ser cumpridas em outro lugar. Ex.: 
pintura deste imóvel, obras de conservação. Já no caso de obrigações pessoais, embora 
vinculadas ao imóvel, como o pagamento do aluguel, nada obsta que seja convencionado o 
pagamento noutro lugar. 
 
Se ocorrer motivo grave para que o pagamento não seja efetuado no lugar 
determinado no contrato, o devedor poderá efetuá-lo em outro, desde que não cause prejuízo 
ao credor. Ex.: poderá consignar o pagamento ou realizar depósito em conta corrente (art. 
329 do CC). 
 
Se o devedor efetuar, reiteradamente, o pagamento em local diverso do ajustado no 
contrato, presume-se que o credor a ele renunciou (art. 330 do CC); 
 
O TEMPO DO PAGAMENTO 
 
A obrigação só pode ser exigida pelo credor depois de vencida a obrigação. Quanto 
ao tempo do pagamento deve se verificar se a obrigação é pura ou condicional. 
 
Na obrigação condicional - aquela que deve ser cumprida sob condição - o 
pagamento só é devido na data em que for implementada, cumprida a condição (332 CC). 
Ex.: contratante promete comprar a fazenda se esta vier a produzir X arrobas de café por 
ano. A obrigação será exigível no momento em que esse fato futuro e incerto ocorrer. 
 
Na obrigação pura – denominação que se atribui a obrigação quando a prestação 
em que se exibe o seu objeto não vem modificado por qualquer condição - há que se destacar 
duas situações: 
 
a) Se houve estipulação de época para o pagamento 
 
Se for ajustada entre as partes a data do pagamento, considera-se vencida a 
obrigação se nesta data não tiver sido cumprida. Entretanto, esta regra comporta duas 
exceções: 
1) A primeira é no caso de prazo estabelecido em favor do devedor, em que nada 
obsta que o devedor antecipe o pagamento, mesmo contra a vontade do credor, porque 
sendo o prazo em favor do devedor ele decide quando quer pagar (vide artigo 133 do CC). 
2) A segunda é no caso do art. 333, que dispõe que nas situações ali elencadas é 
permitido ao credor cobrar a dívida antecipadamente, antes de vencido o prazo. Essas 
 
situações são: 
I – No caso de falência do devedor, ou se executado o devedor abrir concurso 
creditório. 
 
II – No caso dos bens do devedor, hipotecados ou empenhados, forem penhorados 
em execução por outro credor. 
 
III – Se as garantias reais ou fidejussórias dadas pelo devedor cessarem ou forem 
insuficientes para o pagamento da dívida e o devedor intimado se negar a reforçá-las. 
 
Havendo devedores solidários, só vence antecipadamente a dívida do devedor que 
se enquadrar nas situações acima elencadas, uma vez que não atingirão os demais co-
devedores (art. 333, parágrafo único do CC). 
 
O não pagamento na data convencionada constitui automaticamente o devedor em 
mora, sem que o credor precise tomar qualquer providência (art.397 do CC). 
 
b) Se não houve tal estipulação, ou seja, não se ajustou termo de vencimento 
(art. 331 do CC) 
 
Se não se ajustou época para o pagamento, o credor poderá exigi-lo imediatamente 
(art. 331 do CC). Não havendo termo a mora se constitui mediante interpelação judicial ou 
extrajudicial (art. 397, parágrafo único do CC). 
 
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO (PAGAMENTO INDIRETO) E EXTINÇÃO DE 
OBRIGAÇÕES 
 
1 - DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO 
 
Introdução e conceito: 
 
Conforme o princípio da boa-fé objetiva, o devedor também tem interesse no 
cumprimento da obrigação para não ficar eternamente vinculado à obrigação, e assim sendo, 
tem o direito de efetuar o pagamento com o recebimento regular da quitação. 
 
Considerando a possibilidade do devedor não conseguir esta quitação por fatos 
alheios à sua vontade, e com isso não realizaro pagamento diretamente ao credor, o Código 
Civil previu esta forma especial de extinção da obrigação. Tem cunho material (Direito 
Civil) e processual (Direito Processual Civil). 
 
Para RICARDO FIÚZA: pagamento em consignação ou consignação em 
pagamento é o depósito da coisa devida, à disposição do credor. Não é pagamento 
propriamente dito, mas produz os mesmos efeitos extintivos da obrigação. 
 
Na clássica definição de Serpa Lopes: “é o processo por meio do qual o devedor 
pode liberar-se, efetuando o depósito judicial da prestação devida, “quando recusar-se o 
credor recebê-la ou se para esse recebimento houver qualquer motivo legal impeditivo” 
(Curso de direito civil, cit. p. 246). 
 
Da mesma forma que o credor tem direito de receber, o devedor tem direito de 
pagar. Assim, da mesma forma que o credor pode forçar o devedor a pagar, também o 
devedor poderá forçar o credor a receber. Para isto, criou-se modalidade especial de 
pagamento em consignação, que consiste no depósito judicial ou extrajudicial da quantia 
 
ou coisa devida. 
 
Consignação é o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da 
coisa devida, nas situações em que a Lei permite tal depósito (art. 334 do CC). É 
considerada como pagamento indireto (espécie), uma vez que não é feito diretamente ao 
credor ou seu representante, mas judicial ou extrajudicial. 
 
Exemplo: se o credor se recusa a receber o pagamento, o devedor pode 
simplesmente não fazer nada que não incorrerá em mora, uma vez que não foi sua a culpa. 
Entretanto, para sua segurança, o devedor terá que efetuar o depósito judicial, evitando a 
necessidade de provar que não foi moroso. 
 
Dessa forma, a ação de consignação em pagamento representa um remédio 
conferido ao devedor pela lei para cumprir sua obrigação. 
 
O pagamento em consignação constitui forma excepcional de extinção do 
vínculo obrigacional e só pode ser admitido nas hipóteses expressamente previstas no texto 
legal, razão pela qual o elenco de que trata o artigo em comento deve ser considerado 
taxativo (art. 335, CC) e não meramente exemplificativo. É o entendimento de Ricardo 
Fiúza. 
 
Em síntese, como muito bem resumiu o argentino Alfredo Colmo, caberá recurso 
à consignação toda vez que o devedor não possa efetuar pagamento válido, ou seja, toda vez 
que quiser pagar e não conseguir, por fato alheio a sua vontade. 
 
Casos onde é cabível a consignação: São as situações elencadas no art. 335 
do CC (taxativas): 
 
a) Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento ou 
dar quitação (inciso I). 
 
Se o credor tiver motivo justo para a recusa (por exemplo, o valor é insuficiente 
para o pagamento), a ação será julgada improcedente. 
 
b) Se o credor não for nem mandar receber a coisa, no lugar, tempo e condições 
devidas (inciso II). 
 
Esta hipótese é destinada às dívidas quérables. 
 
c) Se o credor for incapaz, desconhecido, ausente, ou estiver em lugar incerto ou 
de acesso perigoso e difícil (inciso III). 
 
Se, por exemplo, o credor inicialmente conhecido morre e não são conhecidos 
seus herdeiros, ou se foi declarado ausente. 
 
d) Se ocorrer dúvida sobre quem deva receber (inciso IV). 
 
O exemplo clássico encontrado na jurisprudência é do inquilino que não sabe a 
qual dos cônjuges deve pagar, por estarem em processo de divórcio e ambos pleitearem o 
recebimento do aluguel. 
 
e) Se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V). 
 
 
Por exemplo, o depositário que, na ocasião em que deveria devolver o bem 
pertencente ao credor, existe disputa judicial sobre a propriedade desse bem. Neste caso, se 
o devedor resolver pagar a um dos litigantes, assumirá o risco do pagamento ter sido mal 
feito, situação em que terá que pagar novamente (art. 344 do CC). 
Requisitos de validade da consignação: 
 
São os mesmos necessários à validade do pagamento, com relação às pessoas, 
ao objeto, ao modo, ao tempo e ao lugar (artigos 336 e 337 do CC): 
 
Quanto às pessoas: a consignação deve ser proposta pelo devedor, por terceiro 
interessado, ou por terceiro não interessado em nome do devedor, e deve ser proposta contra 
o credor ou seu representante. Exemplos: sublocatário, fiador, genro que paga dívida em 
nome do sogro. 
 
Quanto ao objeto: a prestação oferecida deve ser integral, e deve ser aquela 
efetivamente devida. 
 
Quanto ao tempo: a consignação deve se realizar na época aprazada, ou se 
não o for, que venha acompanhada dos encargos da mora. 
 
Observação: sendo o prazo for a favor do devedor, pode este consignar antes 
da data combinada. Sendo o prazo em favor do credor, terá que aguardar o vencimento da 
obrigação, pois só nesse momento lhe cabe a consignação. 
 
É tempestiva a ação de consignação proposta no dia útil imediatamente posterior 
ao vencimento. 
 
Quanto ao lugar: a consignação deve ocorrer no lugar em que a prestação 
deveria ter sido cumprida (art. 337 do CC). 
 
Prestações suscetíveis de serem consignadas: 
 
Consignação é depósito de coisa, como expressamente afirma o Código Civil 
Brasileiro. Logo só cabe a consignação nas obrigações de entregar coisa, sendo incabível 
nas de fazer e nas de não fazer, que se esgotam apenas com a ação ou atuação do devedor. 
Assim, somente as obrigações de dar podem ser objeto de consignação. 
 
Faz-se necessário distinguir dentre as obrigações de dar as que se referem a 
objeto certo e individualizado (coisa certa) das obrigações que só vêm definidas pelo gênero e 
quantidade (coisa incerta). 
 
Nas obrigações de dar coisa incerta a escolha das unidades que serão prestadas 
cabe, em regra ao devedor, entretanto o contrato pode estipular o contrário. Neste caso, se o 
contrato estipular que a escolha caberá ao credor, a solução para a consignação deve ser 
resolvida aplicando-se o art. 342 do CC. 
 
As obrigações ilíquidas não podem ser objeto de consignação, enquanto não se 
tornarem líquidas. 
 
 
JULGADOS: 
 
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO – INÉPCIA DA INICIAL – Não havendo 
 
clareza quanto ao valor ofertado e notícia de pretensão resistida, deve subsistir a sentença 
que reconheceu a inépcia da inicial e extinguiu o processo. Negaram provimento. Unânime. 
(TJRS – APC 70003469731 – 15ª C.Cív. – Rel. Des. Otávio Augusto de Freitas Barcellos – J. 
20.02.2002) 
 
Desistência do depositante (devedor), com o levantamento do depósito: 
 
O Código prevê três situações em que o depositante possa requerer o 
levantamento do depósito: 
 
a) Antes de qualquer manifestação por parte do credor (art. 338 do CC) – 
Neste caso, a obrigação não se extingue, permanecendo exatamente como era antes, e o 
devedor pagará todas as despesas. 
 
b) Após ser julgada procedente o depósito (art. 339 do CC) – Neste caso, 
não pode o devedor fazer o levantamento nem mesmo com a concordância do credor. Se tal 
levantamento ocorrer, no entanto, nenhum dos outros co-devedores e fiadores, que não 
concordaram com o levantamento, ficará vinculado, a menos que expressamente aceite fazê-
lo. 
 
Observa-se que tal ato não fará ressuscitar a dívida, já extinta. Pode surgir outra 
obrigação, mas que não terá ligação com a anterior, pois os que estavam vinculados na 
primeira dívida não estarão necessariamente na segunda. 
 
c) Após a manifestação do credor, aceitando ou contestando o depósito 
(art. 340 do CC) – Neste caso, somente com a concordância do credor. Este por sua vez, 
perderá a preferência e a garantia que porventura tivesse, e ficarão livres os co-devedores e 
fiadores que não concordarem com o levantamento. 
 
Exemplo: 
 
Depois de ter contestado,o credor poderá concordar com o levantamento. 
Perderá, contudo, o direito sobre os co-devedores que não tiverem anuído. Suponhamos que 
A, B e C devam R$ 100,00 a D. Imaginemos que, por uma razão qualquer, os devedores 
tenham consignado o pagamento. Depois de contestada a ação, D admitiu que A levantasse 
o depósito. Isso significa que D só terá direito de exigir o pagamento de A. Contra B e C não 
terá mais direitos, a não ser que também eles tenham concordado com o levantamento 
efetuado por A. 
 
Após a sentença, o devedor não mais poderá levantar o depósito se isto importar 
prejuízo para os co-devedores, que, neste caso, ficarão desobrigados. Se A levantar o 
depósito, com a anuência de D, após a sentença que deu a este ganho de causa, perderá ele, 
D, qualquer direito contra B e C. 
Despesas com o depósito (art. 343 do CC): 
 
As despesas com a consignação quando julgada procedente correrão por conta 
do credor (réu na ação de consignação). Sendo julgada improcedente, correrão por conta do 
devedor (autor na consignação). 
 
Litígio sobre o objeto do pagamento: 
 
Havendo litígio entre credor e terceiro com relação ao objeto do pagamento, e 
tendo o devedor conhecimento da litigiosidade, somente se liberará se consignar o objeto 
 
da prestação. Caso contrário assumirá o risco se efetuar o pagamento ao credor. 
 
Possibilidade de o credor ajuizar a consignação em pagamento: 
 
A ação de consignação é privativa do devedor que deseja obter a quitação da 
dívida; entretanto, se a dívida se vencer havendo litígio entre os credores que se pretendam 
mutuamente excluir, qualquer um dos credores poderá requerer que a consignação seja 
realizada pelo devedor com o objetivo de garantir o recebimento de crédito exonerando-se o 
devedor. Exemplo: um casal em ação de divórcio, onde tenham crédito oriundo de uma 
locação, pode um dos cônjuges requer que o inquilino (devedor) deposite em juízo. 
 
Após a consignação, terá o direito de receber a prestação o credor ou credores 
que o juiz reconhecer como legítimo(s) detentor (es) do direito creditório. A sentença judicial 
determinará a justa causa do depósito ou da recusa do devedor. 
 
JULGADOS: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONTRATO BANCÁRIO – CONSIGNAÇÃO EM 
PAGAMENTO – CONCESSÃO DE LIMINAR – VEDAÇÃO DE INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS 
CONTROLADORES DO CRÉDITO – PERMANÊNCIA DO BEM LISADO NA POSSE DO 
DEVEDOR – PROVIDÊNCIA ACERTADA – DECISÃO MANTIDA – RECLAMO RECURSAL 
DESATENDIDO – Pendente discussão judicial a respeito de contrato de leasing, estando o 
obrigado a depositar os valores que entende corretos, arredados ou, quando menos, 
suspensos estão os efeitos da mora, o que faz prematuro o lançamento do nome do obrigado 
nos cadastros mantidos por organismos de restrição do crédito. Deferido em ação 
consignatória interligada a contrato de arrendamento mercantil o depósito dos valores 
entendidos como corretos pelo obrigado, com a descaracterização, em decorrência, de sua 
mora, requisitos inexistem a escorar pleito de reintegração de posse em valor da credora, 
fazendo-se justa a decisão judicial que, nesse contexto, assegura a permanência da posse 
em favor do consignante. (TJSC – AI 97.001131-8 – 4ª C.Cív. – Rel. Des. Trindade dos 
Santos – J. 05.02.2001) 
 
 
 
2 - PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 
 
Conceito 
 
Sub-rogação é a substituição de um credor por outro, na mesma relação 
obrigacional. Altera-se o sujeito ativo da relação jurídica, porque o credor passa a ser outro. 
Todos os acessórios são transmitidos para o novo credor. 
 
A grande utilidade da sub-rogação é que, satisfazendo integralmente o credor, 
permite que a dívida seja paga (com relação ao credor original) sem agravar a situação do 
devedor, que continuará na mesma, mas poderá ter a chance de livrando-se daquela 
execução que seria imediata, reunir condições para, algum tempo mais tarde, vir a pagar. 
 
Sub-rogação consiste na substituição de uma coisa ou pessoa por outra, daí a 
divisão entre sub-rogação real e pessoal. No pagamento com sub-rogação ocorre a 
substituição de um credor por outro, por imposição da Lei (sub-rogação legal, Art. 346) ou do 
contrato (sub-rogação convencional, Art. 347). 
 
Pagamento com sub-rogação: na clássica lição de Clóvis Beviláqua, é “a 
 
transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação ou emprestou o 
necessário para solvê-la. A obrigação pelo pagamento extingue-se, mas em virtude da sub-
rogação, a dívida, extinta para o credor originário, subsiste para o devedor, que passa a ter 
por credor, investido nas mesmas garantias, aquele que lhe pagou ou lhe permitiu pagar a 
dívida” (Código Civil comentado, cit., p. 147 e 148). Trata-se, portanto, de pagamento não 
liberatório para o devedor, ainda que extintivo da obrigação em relação ao credor originário. 
 
Natureza jurídica 
 
Predomina, na doutrina, a opinião de que o pagamento com sub-rogação é em 
verdade um instituto autônomo, com características que lhe são próprias, não podendo ser 
enquadrado em qualquer outro dos institutos jurídicos. 
 
Espécies 
 
a) Legal – é aquela que decorre diretamente da lei, ou seja, a lei prevê uma 
determinada situação, e se a relação obrigacional se enquadrar nesta situação, 
automaticamente, de pleno direito ocorre a sub-rogação, independentemente de qualquer 
manifestação de vontade das partes envolvidas (art. 346 do CC). 
 
No caso da sub-rogação legal, a obrigação não se extingue com o pagamento, 
pois apenas se altera o sujeito ativo da relação jurídica, porque o credor passa a ser outro, 
obedecendo a um mandamento da lei, independente da vontade das partes. A dívida será 
considerada extinta em face do antigo credor, remanescendo, todavia, o direito transferido ao 
novo titular do crédito. 
Exemplo: O fiador, que é co-responsável pela dívida, porque se o devedor 
principal não paga o débito no vencimento cumpre a ele fazê-lo. O legislador sabe que o 
fiador não é o principal interessado, por esse motivo dá-lhe o direito de se sub-rogar nos 
direitos do antigo credor. 
 
Casos de sub-rogação legal: são as hipóteses do art. 346 do CC: 
 
Inciso I – do credor que paga a dívida do devedor comum – tanto o sub-rogado 
(o solvens) quanto o credor (o accipiens) devem ser credor do mesmo devedor. 
 
Exemplo: O credor comum (quirografário – sem preferência no crédito) que paga 
a dívida do credor preferencial para ficar com a garantia que o hipotecário tem. 
 
Inciso II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário – 
Não é comum isso acontecer, uma vez que as hipotecas são averbadas junto ao Cartório de 
Registro de Imóveis, e ao comprador cabe buscar junto ao registro imobiliário as certidões 
negativas de ônus reais sobre o imóvel que pretende adquirir. Assim, a garantia para o 
adquirente sub-rogado é inútil, pois a garantia hipotecária fica representada pelo imóvel do 
próprio credor. 
 
Exemplo A compra imóvel hipotecado de B e poderia pagar ao vendedor B, mas 
isso o deixaria exposto a execução pelos credores hipotecários de B se estes não forem 
pagos pelo devedor. Assim, o comprador A paga diretamente ao credor hipotecário liberando 
o devedor. O dinheiro vai do comprador para o credor do devedor. 
 
Inciso III – do terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser 
obrigado no todo ou em parte – é o caso do devedor solidário que paga a dívida toda, ou do 
fiador que pagou a dívida e se sub-roga nos direitos do credor. 
 
 
b) Convencional – é a que se origina em uma convenção, ou seja, decorre da 
vontade das partes envolvidas. Sua manifestação é necessária quando não se apresentam os 
pressupostos dasub-rogação legal (347 do CC). 
 
Hipóteses de sub-rogação convencional: são as hipóteses do artigo 347 do 
CC: 
 
Inciso I – por iniciativa do credor – quando o credor procura terceiro para 
reembolsar-se do crédito, assumindo este sua posição na relação jurídica, com ou sem 
consentimento do devedor. Neste caso, a própria lei manda que se aplique as regras 
pertinentes à cessão de crédito (art. 348 do CC). 
 
Inciso II – por iniciativa do devedor – quando o devedor procura terceiro e 
obtém empréstimo da quantia necessária para solver a dívida, ajustando expressamente a 
sub-rogação deste terceiro com relação à dívida existente, aliás, essa é a condição da sub-
rogação convencional procurada e consentida pelo devedor. Pode ocorrer com ou sem o 
consentimento do credor, eis que será integralmente pago nada podendo reclamar. 
 
 Em ambos os casos, o estabelecimento da sub-rogação tem que ser expresso, 
e simultâneo ao empréstimo, e anterior ao pagamento. É que se não for assim, com o 
pagamento a obrigação se extinguirá, e depois não será mais possível estabelecer a sub-
rogação. 
 
Condições para a eficácia da sub-rogação convencional: 
 
a) Que o estabelecimento da sub-rogação seja simultâneo ao pagamento. 
 
b) Que do ato figure que o empréstimo tem por finalidade quitar a dívida anterior. 
 
c) Que deste ato figure, igualmente, que o pagamento sub-roga aquele que está 
emprestando nos direitos do antigo credor. 
 
Outras regras: 
 
- Na sub-rogação legal, o sub-rogado só pode exigir do devedor aquilo que 
houver desembolsado (art. 350 do CC). 
 
- Na sub-rogação convencional prevalece o que as partes ajustarem. 
 
- Transferem-se ao novo credor todas as características da dívida (ações, 
privilégios e garantias). Entretanto, na sub-rogação convencional nada impede que as partes 
imponham restrições ou maiores benefícios ao sub-rogado. No caso dos benefícios, são 
possíveis, desde que não haja prejuízo a terceiros (art. 349 do CC). 
 
- O sub-rogado (terceiro) não tem qualquer ação contra o sub-rogante (credor), 
para reembolsar-se no caso de ser insolvente o devedor, pois não há garantia do credor ao 
solvens. A não ser que, em se tratando de sub-rogação convencional, tal garantia seja 
estipulada. Contudo, se a dívida original não existir, cabe ao sub-rogado ação contra o 
accipiens. 
 
Efeitos da sub-rogação: 
 
 
a) Transferir para a pessoa do sub-rogado todas as ações, privilégios e garantias 
do credor primitivo em relação à dívida, contra o devedor principal e seus fiadores (art. 349 do 
CC). 
 
b) Na sub-rogação legal o sub-rogado não pode reclamar do devedor a 
totalidade da dívida, mas somente àquilo que verdadeiramente desembolsou (art. 350 do CC). 
 
A sub-rogação parcial (art. 351 do CC): 
 
Ocorre quando terceiro efetua o pagamento de apenas parte da dívida, 
adquirindo proporcionalmente os direitos do credor em relação ao devedor de acordo com o 
que foi efetivamente desembolsado. 
 
Neste caso, havendo sub-rogação parcial, o credor originário terá preferência 
sobre o sub-rogado na cobrança da dívida restante, caso os bens do devedor não forem 
suficientes para pagar a um e a outro. 
 
JULGADOS: 
 
SÚMULA 188 DO STF: O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo 
que efetivamente pagou, até o limite previsto no contrato. 
 
STF. Seguro. Transporte marítimo de mercadorias. Ação regressiva da seguradora, sub-
rogada nos direitos do embarcador segurado, contra o transportador. Cláusula de limitação de 
responsabilidade no conhecimento de transporte. Validade. Direito do Segurador que se limita 
ao que legalmente pagou. Dec. 19.473/30, art. 1º. Súmulas 161 e 188/STF. 
 
TJMG. Responsabilidade civil do Estado. Acidente de trânsito. Ação de ressarcimento. 
Viatura da Polícia Militar. Conduta imprudente do agente policial. Ausência de culpa do 
motorista particular. Indenização devida ao segurador. Sub-rogação. Direito ao reembolso. 
CF/88, art. 37, § 6º. Existente a prova do pagamento do dano e operada a sub-rogação, 
evidente é o interesse processual da seguradora. 
 
CESSÃO DE CRÉDITO/SUB-ROGAÇÃO: 
 
Na sub-rogação legal não há o propósito de lucro, pois a própria lei (art. 350 do 
CC) determina que o sub-rogado não pode exercer os direitos e ações do credor, senão até o 
limite de seu desembolso, assim não há um caráter especulativo. A cessão de crédito, 
embora possa ser gratuita, em geral encerra o propósito de lucro. 
 
Com relação à sub-rogação convencional a própria lei menciona que na hipótese 
do art. 347, I do CC, será tratada como cessão de crédito (art. 348 do CC). 
 
A cessão de crédito está inserida no Código Civil como transmissão de 
obrigações, já a sub-rogação como pagamento. 
 
 
 
 
 
 
Cessão de Crédito / Sub-rogação 
 
 
 
1) Transmissão de obrigação. Efeito especulativo, 
 com valor diverso. 
2) Necessidade de notificar o devedor. 
3) Existe alienação. 
 
1) Pagamento da dívida. 
2) Não necessidade de notificar o 
devedor. 
3) Não existe alienação. 
 
 
3 - IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO 
 
Conceito: 
 
Imputar é determinar, declarar. Assim, imputação do pagamento é a operação 
por meio da qual se determina, dentre dois ou mais débitos líquidos, vencidos e 
reciprocamente fungíveis, existentes entre o mesmo credor e o mesmo devedor, a qual se 
refere um pagamento efetuado que, sendo insuficiente para quitar a todos, é bastante para 
quitar mais de um deles, quando isoladamente considerados. 
 
A faculdade de imputar é extensiva ao terceiro que paga, nos casos em que tem 
o direito de fazê-lo. 
 
Requisitos: 
 
a) A existência de dois ou mais débitos entre o mesmo devedor e o mesmo 
credor; e 
 
b) Os débitos devem ser líquidos, vencidos e fungíveis entre si; 
 
Líquida – é a obrigação certa quanto à sua existência e determinada quanto ao 
seu objeto. Devem ser fungíveis entre si, de modo que não faça qualquer diferença para o 
credor receber uma ou outra. 
 
c) O pagamento oferecido deve ser bastante para quitar mais de um débito, se 
isoladamente considerado, mas insuficiente para quitar todos. 
 
Exemplos: 
 
ANA deve a JOÃO dois débitos. Um no valor de R$ 2.000,00 e outro no valor de 
R$ 3.000,00. ANA paga ao credor o valor de R$ 2.000,00. Neste caso não há o que se falar 
em imputação, pois a quantia oferecida não é suficiente para pagar cada um dos débitos 
isoladamente, mas apenas um deles, assim não há o que escolher. O credor não é obrigado a 
receber em partes. 
 
No mesmo exemplo acima, se o devedor oferecer R$ 5.000,00 ao credor, 
também não há o que se falar em imputação, pois todas as dívidas podem ser quitadas com o 
valor oferecido. 
Porém, se são três dívidas, uma no valor de R$ 500,00, outra de R$ 2.000,00 e 
outra de R$ 1.500,00, e o devedor oferece ao credor R$ 2.000,00, poderá escolher se 
pretende quitar a dívida de R$ 2.000,00 ou as outras duas. 
 
Espécies de imputação: 
 
a) Imputação feita pelo devedor (art. 352 do CC): 
 
É a regra geral, somente ocorrendo as outras espécies se o devedor não fizer 
 
valer o seu direito de indicar qual dívida pretende quitar. Escolhida uma das dívidas pelo 
devedor, o credor não pode recusá-la nem optar por outra das dívidas. 
 
O devedor sofre duas limitações em seu direito de imputar: 
 
- Se houver juros vencidos, não poderá imputar o pagamento sobre o principal, 
devendo fazê-lo primeiro sobre o valor dos juros (art. 354 do CC); e 
 
- Se a dívida for superior ao pagamento oferecido, o devedor não pode nela 
imputar. Entretanto, se o credor concordar em receber, mesmo sendo o pagamentomenor do 
que a dívida escolhida, nada impede que haja a imputação. 
 
b) Imputação feita pelo credor (art. 353 do CC): 
 
Se o devedor nada disse, o direito de imputar transfere-se ao credor, devendo 
ser exercido na quitação. Quando feita por dolo ou coação (nulidade relativa): vício de 
consentimento. Depois que o credor oferece o recibo ao devedor, não pode mais fazer a 
escolha se não a fez ou mudar a escolha já efetuada. 
 
c) Imputação legal (art. 355 do CC): 
 
Deverá a imputação recair sobre dívidas líquidas e vencidas, e primeiramente 
sobre as mais antigas. Se forem vencidas ao mesmo tempo essas dívidas, a imputação deve 
ser feita sobre as mais onerosas, para proteger o devedor. 
 
Para a determinação da mais onerosa, há algumas regras apresentadas pela 
doutrina: 
 
1) A mais onerosa é a dívida que produz juros sobre a que não produz. 
 
2) É mais onerosa a dívida que produz juros mais elevados, se ambas 
produzirem. 
 
3) É mais onerosa à garantida por hipoteca ou outro direito real do que aquela 
que não o é, pois o patrimônio do devedor sofre restrições. 
 
4) A dívida que produz execução direta é mais onerosa do que a que requer 
ação ordinária. 
5) A dívida reforçada por cláusula penal é mais onerosa do que aquela que não o 
é. 
 
JULGADOS: 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DUPLICATA. PAGAMENTO APENAS 
PARCIAL, QUE NÃO ALCANÇA A TOTALIDADE DO DÉBITO. IMPUTAÇÃO LEGAL DO 
PAGAMENTO - Cuidando-se de diversas duplicatas, saldadas parcial ou integralmente em 
diversas oportunidades, sem que tenha havido imputação do pagamento por parte do 
devedor, a imputação deve ser feita por indicação legal, o que faz presumir que tenham sido 
pagas de acordo com a precedência dos respectivos vencimentos. (TJRS, 5 Câmara Cível). 
 
4 - DAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
Conceito: 
 
 
Ação de dar com a função de extinguir a obrigação que devia ser cumprida por 
outra prestação. É a entrega de uma coisa por outra, com a concordância do credor, para 
pagamento de uma obrigação. 
 
Regras gerais: 
 
Datio in solutum vices obtinet solutionis – A dação em pagamento importa em 
solução da dívida. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que 
mais valiosa (art. 313 do CC), mas se concordar em receber, nada obsta que assim seja 
feito, extinguindo a obrigação. Essa é exatamente a hipótese de dação em pagamento, e por 
esse motivo é indispensável à concordância do credor. 
 
A prestação oferecida para solver a obrigação pode ser qualquer uma (art. 356 
do CC): coisa móvel ou imóvel, fatos abstenções, títulos de crédito, direitos (como o usufruto, 
por exemplo). É princípio que se firma em lei. 
 
O Código Civil de 1916, não permitia que essa coisa fosse dinheiro, entretanto 
com o Novo Código, essa exceção foi retirada do artigo. 
 
A dação em pagamento só se aperfeiçoa com a tradição (coisa móvel) ou com a 
transcrição (coisa imóvel), havendo necessidade de dupla capacidade: 
 
- do solvens, é necessário que possa dispor da coisa a ser entregue com efeito 
liberatório. 
 
- do accipiens, deve ser capaz de prestar o necessário consentimento à 
substituição. 
 
ATENÇÃO: para que o pagamento surta efeito jurídico é necessário que o 
credor consinta na substituição da coisa. 
Requisitos para que a dação em pagamento se ultime: 
 
a) A entrega da coisa distinta da prevista inicialmente. 
 
b) A concordância do credor em substituir o objeto da prestação. 
 
c) A intenção de extinguir obrigação preexistente, sob pena de se constituir 
em uma liberalidade, uma doação. 
 
A coisa a ser entregue: 
 
Nada obsta que o credor receba um objeto mais ou menos valioso do que o 
inicialmente previsto. Entretanto, nada impede, que neste caso do credor receber coisa 
menos valiosa do que a devida, dê ao devedor quitação parcial. 
 
A coisa a ser entregue ao credor pode ser entregue sem qualquer menção ao 
valor, mas se as partes resolverem transacionar imóvel é indispensável mencionar o preço 
dessa coisa, porque serão aplicáveis as regras referentes à compra e venda. 
 
Exemplo: pagamento das taxas respectivas (art. 357 do CC). Isso, porque na 
realidade se for entregue coisa corpórea é como se o devedor tivesse vendendo ao seu 
credor pelo valor do crédito que possui com este. 
 
 
Se essa coisa for título de crédito, as regras aplicáveis serão as da cessão de 
crédito, a serem examinadas (art. 358 do CC). 
 
A evicção da coisa recebida: 
 
Ocorrendo a evicção da coisa recebida considera-se sem efeito a dação em 
pagamento e restabelece-se a obrigação original, ressalvados direitos de terceiros (art. 359 
do CC). A lei não faz qualquer distinção entre a evicção total e a parcial. 
 
Quem sofrerá a perda, neste caso, será o solvens. A lei fala em restabelecimento 
da obrigação original. Assim, todos os acessórios e todos os coobrigados voltam a ficar 
vinculados à obrigação inicial. 
 
Conceito de evicção: 
 
"Evicção é a perda total ou parcial de uma coisa, em virtude de sentença que a 
atribui a terceiro que não o alienante ou o adquirente" (Sílvio Rodrigues, DIREITO CIVIL, 
vol.2, pag. 211, Saraiva,5ª ed.). 
 
“O alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como 
também a garantir-lhe o uso e gozo”. Pode suceder, entretanto, que o adquirente venha a 
perdê-la, total ou parcialmente, por força de decisão judicial, baseada em causa preexistente 
ao contrato. É a essa perda, oriunda de sentença fundada em motivo jurídico anterior, que se 
atribui o nome de evicção (Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil – DIREITO 
DAS OBRIGAÇÕES, 2ª PARTE,10ª ed., pág. 61, Saraiva). 
 
Evicção – reivindicação da coisa ou do direito real em poder de outrem que 
detinha como proprietário, por ter direito a ela. A pessoa que vendeu não era o verdadeiro 
proprietário. 
 
Evictor – pessoa que intenta a evicção para desapossar alguém daquilo que lhe 
pertence. 
 
Evicto – pessoa que sofreu a evicção. 
 
JULGADOS: 
 
O débito relativo a prestações alimentícias pode ser saldado por dação de imóvel em 
pagamento. (STJ – HC). 
 
AÇÃO DE DAÇÃO EM PAGAMENTO – Faculdade do credor em aceitar em aceitar o 
recebimento de coisa diversa da ajustada entre as partes – Recusa expressa do credor – 
Inviabilidade da pretensão. A dação em pagamento se caracteriza pela aceitação do credor 
em receber coisa que não seja dinheiro, em substituição da pretensão que lhe era devida, 
podendo ser conceituada como um acordo realizado entre o credor e o devedor em que o 
primeiro aceita em receber do segundo coisa diversa da ajustada entre as partes, sendo 
imprescindível, para seu aperfeiçoamento, o consentimento do credor, hábil a liberar o 
devedor do pagamento da dívida. Não sendo lícito compelir o credor a aceitar a dação em 
pagamento e havendo recusa expressa deste, a pretensão inicial torna-se inviável. (TJMG, 7 
Câmara Cível). 
 
5 - NOVAÇÃO: 
 
 
Conceito: 
 
Derivada do latim novatio, de novare (fazer novo, inovar), literalmente quer 
significar o que é feito novo ou feito outra vez, em substituição ao que existe antes. Há 
novação quando as partes, em um único ato, criam uma obrigação nova que extingue e 
substitui uma antiga. 
 
Exemplo: seria o caso da obrigação de pagar R$ 10.000,00 de principal e R$ 
1.000,00 de juros e, no vencimento, as partes celebram uma nova dívida de R$ 11.000,00, 
incorporando os juros ao capital. 
 
A novação pode fundar-se (IMPORTANTE!!!) 
- na substituição da dívida; 
- na substituição do objeto da prestação; e 
- ou pela substituição das pessoas que figuramna dívida anterior. 
Espécies: 
 
A novação pode ser OBJETIVA ou SUBJETIVA. 
 
A subjetiva pode ser passiva, quando há substituição da pessoa do devedor, ou 
ativa, quando a substituição é da pessoa de credor. 
 
O art. 360 do CC descreve as três hipóteses de novação: 
 
a) Inciso I  novação objetiva – é o objeto da obrigação que se altera. 
 
Assim se diz da novação que se opera entre os anteriores, credor e devedor, 
para a substituição da dívida anterior por outra dívida, que extingue a primitiva. É chamada 
também de novação real. Evidencia-se pela criação de uma nova obrigação que vem 
substituir e extinguir a anterior, pelo que o ânimo de novar não pode ser presumido, mas deve 
fundar-se em atos inequívocos ou ser expressamente declarado. 
 
A prorrogação da dívida anterior não é entendida como novação, assim como 
qualquer alteração para aumentar, diminuir ou modificar a dívida, pois que não praticou ato 
novo que viesse a substituir e dar por extinta qualquer obrigação anterior. 
 
Também se considera novação objetiva quando as partes alteram a causa da 
obrigação: um contrato de compra e venda, por exemplo, que quando o vendedor deveria 
cumprir sua obrigação se transforma em contrato de depósito. 
 
b) Inciso II  novação subjetiva passiva – é a pessoa do devedor que se altera, 
podendo ser com ou sem o conhecimento deste (art. 362 do CC). Entretanto, é essencial 
sempre, que haja a concordância do credor. 
 
Ocorre quando uma pessoa, estranha à dívida (terceiro), comparece perante o 
credor para colocar-se em substituição ao primeiro devedor, obrigando-se por seu ato, a ser 
daí por diante o principal e único pagador. 
 
Na novação subjetiva passiva encontram-se presentes os institutos da 
delegação e da expromissão: 
 
 
- Há delegação quando o devedor indica terceira pessoa para pagar sua dívida, 
resgatar seu débito, e com isso concorda o credor. Há uma espécie de transmissão do lado 
passivo da obrigação, por vontade e deliberação do devedor, com anuência do credor. 
 
- Há expromissão quando, mesmo sem o conhecimento do devedor, um terceiro 
assume o débito, com a concordância do credor. Tal espécie encontra-se expressamente 
prevista no art. 362 do CC. 
 
E assim, se aceita a substituição pelo credor, o expromissor (principal pagador) 
toma o cargo do devedor anterior, sem que possa alegar, quando exigível a obrigação, que é 
mero substituto. 
 
c) Inciso III  Novação subjetiva ativa - o credor é substituído por outro, nada 
mais devendo o devedor ao antigo credor. Nesta hipótese, mediante nova obrigação, o credor 
primitivo deixa a relação jurídica e um terceiro assume-lhe o lugar. 
 
Ressalte-se que atualmente este tipo de novação deixou de ser vantajosa em 
função de outros institutos conexos como a cessão de crédito, cessão de contrato e sub-
rogação. 
 
Pela novação, a dívida inicial se extingue e assim também ocorre com os seus 
acessórios, pois sendo acessórios da coisa principal não pode sobreviver à extinção da 
obrigação primitiva (art. 364, 1ª parte do CC); 
 
Pressupostos: 
 
Para que a novação ocorra é necessário: 
 
a) A capacidade e legitimação das partes  como será criada uma obrigação 
nova, pressupõe a capacidade das partes para assumir obrigação, assim como a emissão de 
vontade dessas mesmas partes. Assim, os incapazes, dentro dos limites de sua incapacidade 
não podem assumir a nova obrigação, a não ser por meio de seu representante legal. Se a 
nova obrigação não surge a anterior não será extinta, não havendo novação. 
 
Quanto à legitimação, mister se faz que o procurador esteja legitimado para fazer 
o novo negócio, através de mandato expresso com poderes para novar. 
 
b) Existência de uma obrigação anterior  se a novação objetiva extinguir uma 
obrigação através da criação de outra, perderia completamente o sentido se não houvesse 
obrigação preexistente. Isso porque a novação equivale a um pagamento, e para haver 
pagamento deve necessariamente existir uma dívida. 
 
E essa obrigação antiga terá que ser válida, não se admitindo que seja nula ou já 
extinta (art. 367 do CC). As obrigações anuláveis podem ser novadas, e a novação serve para 
confirmá-las (art. 367 do CC). 
 
c) Criação de uma nova obrigação  se é o surgimento dessa obrigação nova 
que provoca a extinção da antiga, é curial que terá que haver o surgimento dessa nova, que 
terá que ser necessariamente válida. Se a nova obrigação for nula, automaticamente se 
tornará ineficaz a novação, persistindo a obrigação original. 
 
Se a obrigação nova for anulável, a novação será válida, a menos que a nulidade 
 
venha a ser decretada, senão haveria enriquecimento sem causa do devedor. 
 
Exemplo: se o credor que concordou com a novação era menor púbere, e 
estava sem assistência, o negócio pode ser anulado, restabelecendo a dívida anterior. Porém, 
se o responsável validar a novação, logicamente, esta será válida. 
 
d) A intenção de novar  é essencial, para que haja novação, que as partes 
queiram extinguir a obrigação antiga e substituí-la pela nova. Não havendo esse animus 
novandi, a segunda obrigação servirá apenas como ratificação da primeira (art.361 do CC). 
 
Aqui se verifica a intenção inequívoca, expressa ou tácita (mas em contrato) de 
ser extinta a obrigação anterior pela nova, que prevalece como novo direito, sem qualquer 
vinculo à obrigação extinta. 
 
Nunca se presume a novação, devendo esta resultar clara da vontade das 
partes. No entanto, pode a novação vir implícita. O critério mais usado, para averiguar a 
existência desse elemento psicológico, é a incompatibilidade entre a obrigação (prestação) 
nova e a velha. 
 
Efeitos da novação: 
 
O principal é a extinção da dívida anterior e, por conseqüência, a extinção de 
todos os acessórios e garantias que a ela se ligavam (art. 364, 1ª parte do CC). Só que 
estarão liberados os terceiros que não ratificarem sua vinculação. 
 
Se houver garantia real oferecida por terceiro, não basta que as partes façam a 
ressalva, para que as garantias continuem a existir na nova obrigação, é essencial que o 
terceiro o ratifique (art. 364 do CC). 
 
Se a novação for ajustada entre o credor e apenas um dos devedores solidários, 
os demais devedores solidários estarão liberados, e somente sobre os bens do devedor que 
novou poderão sobreviver às garantias da dívida (art. 365 do CC). 
 
O fiador ficará automaticamente liberado se não tomou parte no ajuste da nova 
obrigação, pouco importando o que o devedor e o credor entre si ajustem (art. 366 do CC). 
 
Não há que falar em interrupção de prescrição, mas sim o nascimento, quando 
violado, de um novo prazo prescricional. Havendo novação objetiva, o perecimento posterior 
do objeto não dá ao credor o direito de perseguir o antigo. 
 
A insolvência do novo devedor não defere ao credor a faculdade de ação 
regressiva contra o antigo (art. 363 do CC), salvo se houver convenção entre as partes nesse 
sentido. 
 
DIFERENÇAS: 
 
Cessão de Crédito Novação 
 
- o crédito primitivo subsiste, transmitindo-se 
com todos os seus acessórios ao cessionário 
(art. 287 do CC). 
 
- na novação subjetiva ativa, além da 
substituição do credor há um novo crédito 
que substitui o anterior. 
 
 
 
Cessão de Débito Novação 
 
- é a mesma obrigação que subsiste, 
alterando-se somente a pessoa do devedor. 
- na novação subjetiva passiva a dívida 
anterior se extingue para ser substituída pela 
subsequente, perecendo desta forma todas 
as garantias e acessórios do débito anterior. 
 
JULGADOS: 
 
CONTRATO BANCÁRIO. NOVAÇÃO. REVISÃO DOS CONTRATOS

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