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UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 1 de 68 DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES Professor: Msc. Afrânio Azevedo Pereira Material produzido pelo Professor Msc. ERIVERTON RESENDE MONTE DIREITO CIVIL – PARTE GERAL DAS OBRIGAÇÕES Todo direito encerra sempre uma idéia de obrigação. Podemos dizer que não existe direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. Vários são os conceitos apresentados pela doutrina acerca do nosso tema de estudo. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: O Direito é o ordenamento das relações sociais. Só existe Direito porque há sociedade (ubi societas, ibi jus). Assim, em princípio, para um único homem isolado em uma ilha, existirá Direito, porém, no momento em que esse homem receba a visita de semelhante. Isto porque, não mais estando o indivíduo só, irá relacionar-se com outro homem, e essa relação poderá ser jurídica (regular fatos que interessam para o Direito). No entanto, essa concepção histórica, pode ser analisada sob outro enfoque, quando o ser humano mesmo vivendo sozinho em uma ilha, deve preservar os valores e recursos ambientais (meio ambiente). A obrigação que vamos estudar é uma relação jurídica. Já sabemos o que é DIREITO. Derivado do latim directum, do verbo dirigere, que significa dirigir, ordenar, endireitar. Didaticamente, é compreendido como a ciência que estuda as regras obrigatórias, que presidem as relações dos homens em sociedade, encaradas, não somente sob seu ponto de vista legal, como seu ponto de vista doutrinário. Assim temos: DIREITO OBJETIVO – que é a norma de conduta (norma agendi). É constituído pela soma de preceitos, regras e leis, com as respectivas sanções, que regem as relações do homem em sociedade. DIREITO SUBJETIVO – que é a faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma a seu favor (facultas agendi). É a faculdade que possui o homem de utilizar a norma quando um direito seu foi violado por outrem. Em sentido amplo, voltamos a afirmar que a todo direito corresponde uma obrigação: JUS ET OBLIGATIO SUNT CORRELATA. Entretanto, vamos nos limitar a estudar as obrigações que têm origem nas declarações de vontade, na lei, no ilícito e que têm por objeto uma prestação. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 2 de 68 OB + LIGATIO = vinculação, liame, cerceamento da liberdade de ação (ETIMOLOGIA). A todo instante em nossa vida, por mais simples que seja a atividade da pessoa: compramos ou vendemos, alugamos ou emprestamos, doamos ou recebemos doação. Existe, portanto, um estímulo, gerado por um valor, para que seja por nós contraída uma obrigação. Vale ressaltar que podem ser tratadas como forma de obrigação as de cunho não jurídico, como as obrigações morais, religiosas ou de cortesia. Todavia, o que diz respeito ao nosso estudo é a obrigação jurídica, aquela protegida pelo Estado, que dá a garantia da coerção no cumprimento (não confundir com abuso de direito), que depende de uma norma, uma lei, ou um contrato ou negócio jurídico. Em toda obrigação existe a submissão a uma regra de conduta. A relação obrigacional recebe desse modo à proteção do Direito. É no Direito Obrigacional que posicionamos um problema fundamental: de um lado, a liberdade do indivíduo, sua autonomia em relação aos demais membros da sociedade e, de outro lado, a exigência dessa mesma sociedade ao entrelaçamento de relações, que devem existir harmonicamente. É absolutamente clássica a definição das Institutas de Justiniano: obligatio est júris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, sucundum nostrae civitatis juris (Liv. 3°, Tít. XIII) - a obrigação é um vínculo jurídico que nos obriga a pagar algo (objeto), ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Sílvio de Salvo Venosa define obrigação como uma relação jurídica transitória de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra (o credor). Podemos também conceituar obrigação como sendo a relação jurídica, de caráter transitória, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu patrimônio. Confere-se assim ao sujeito ativo (credor) o direito de exigir do sujeito passivo (devedor) o cumprimento de determinada prestação. Vejam que o conceito dado é muito longo, possuindo diversos elementos. Washington de Barros Monteiro: obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento de seu patrimônio. Para Caio Mário da Silva Pereira: Obrigação é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente apreciável. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 3 de 68 Para Coelho da Rocha: Obrigação é o vínculo jurídico pelo qual alguém está adstrito a dar, fazer ou não fazer alguma coisa. As obrigações são, no geral, apreciáveis em dinheiro. Essas modalidades de obrigações são as que nos interessam, uma vez que não interessarão ao mundo jurídico as obrigações que não possuem valor econômico, pelo menos em nosso estudo de Direito Civil II. A obrigação é relação jurídica, e tem caráter transitório, porque essa relação nasce com a finalidade de extinguir-se, em regra, com o seu cumprimento por parte do devedor. Uma vez que o credor é satisfeito, quer amigável, quer judicialmente, a obrigação deixa de existir, pois o vínculo jurídico desaparece. Com os conflitos sociais, os interesses econômicos e as diferentes valorações dadas ao direito obrigacional e a relação jurídica obrigacional, esta, hoje, não é mais entendida como uma relação estática, bipolar, onde temos de um lado o credor e do outro o devedor, mas sim como uma relação dinâmica e constante na sociedade. A obrigação, hoje, portanto, é entendida como totalidade, como um processo, assim, atualmente, a moderna doutrina examina a relação tanto sob o seu aspecto externo (débito e crédito, credor e devedor), como no seu aspecto interno (vínculo que liga o credor ao devedor). FIQUE ATENTO: ATENÇÃO PARA ESTUDO REVISIONAL!!!!!!!!!!!!!!!! LEMBRE-SE QUE O ESTUDO DE DIREITO CIVIL É CONTÍNUO, ONDE OS CONTEÚDOS ESTÃO INTERLIGADOS, SENDO IMPORTANTE QUE O ALUNO(A) FAÇA SEMPRE UMA REVISÃO DO ASSUNTO ESTUDADO NO SEMESTRE ANTERIOR, NESSE CASO O ASSUNTO DE DIREITO CIVIL I EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS OBRIGAÇÕES: Embora a parte das obrigações a que nos foi legada do Direito Romano de forma mais estável, pois o direito de família e das sucessões, assim também de certa forma o direito das coisas, ficaram presos a velhas instituições, precisamos ver que UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 4 de 68 houve profunda evolução dentro das várias fases do Direito que nos serviu de base. No Direito Romano, portanto, a teoria das obrigações sofreu profunda evolução. Devem ser destacados três momentos fundamentais na evolução do direito obrigacional: fase pré-romana; fase romana; e fase moderna. a) Fase pré-romana – A idéia de obrigação tinha caráter coletivo, comprometendo o grupo inteiro, pois antes dos romanos não havia direito obrigacional, predominando a desconfiança mútua entre os grupos.Logo depois começou a prevalecer o caráter punitivo que acompanhava as obrigações, evoluindo para as obrigações individuais, mantendo-se o aspecto punitivo de forma extremada, a ponto de o próprio corpo do devedor responder pela obrigação. Era comum nessa fase o devedor se tornar escravo do credor como forma de pagamento da prestação devida, e em alguns casos mais extremos o não pagador era levado à morte em praça pública. No final dessa fase começa a surgir à noção de que a vontade individual poderia obrigar o indivíduo, ganhando espaço os contratos. “Palavra dada é palavra honrada”. b) Fase romana – Nessa fase o conceito de obrigação já havia evoluído bastante, entretanto ainda existia uma exagerada pessoalidade no vínculo, continuando ainda o devedor a responder com seu próprio corpo (e não seus bens), podendo o mesmo ser reduzido à categoria de escravo, cabendo ao credor, inclusive o direito de vender o devedor. O poder que o credor exercia sobre o corpo do devedor era chamado de NEXUM (espécie de empréstimo – do verbo latim nectere, que significa ligar, prender, unir, atar). Lex Poetelia Papiria do século IV a. C. foi a lei que suprimiu esse tipo de execução sobre a pessoa do devedor, passando seus bens a garantir o cumprimento da obrigação. Dessa forma perdeu prestígio a excessiva personalização da obrigação. Mesmo assim, a substituição para fazer recair a execução sobre os bens do devedor foi lenta e ditada pelas necessidades da evolução da própria sociedade romana. O formalismo começa a ceder terreno à declaração de vontade. Nessa fase acrescenta-se um elemento espiritual: o inadimplemento é pecado. As obrigações ganham um maior conteúdo de moralidade, influenciadas pela igreja que pesou decisivamente para que os princípios de ordem moral fossem acolhidos pelo Direito. Ao final dessa fase, ficou mais evidente a regra da força obrigatória dos contratos, influenciada pelo princípio do respeito à palavra dada nos contratos. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 5 de 68 c) Fase moderna – direito moderno – Na sua essência foi retomada a concepção romana, com algumas atualizações. Pothier ao elaborar o Código Napoleônico (França) buscou suas fontes no direito romano. O Código de Napoleão de 1804, que até os dias atuais é o Código Civil francês, consagrou expressamente essa conquista do Direito Romano, qual seja a de que os bens do devedor são uma garantia para os seus credores. Foi mais aceito a impessoalidade das obrigações, a ponto de alguns autores defenderem que a obrigação era uma relação que surge entre credor e o patrimônio do devedor. Juridicamente essa colocação é um absurdo, pois o direito cuida das relações entre pessoas. Atualmente é unânime a concepção de que a relação obrigacional se estabelece entre pessoas e caso não cumprida é que se projetará sobre o patrimônio do devedor, através da execução. Isso porque, passada a fase da Antigüidade na qual o vínculo era estritamente pessoal, é sobre o patrimônio do devedor que vai recair a satisfação do credor. Essa regra foi fundamental para a construção teórica moderna do Direito das Obrigações, inclusive o brasileiro. FONTES DAS OBRIGAÇÕES NO DIREITO ROMANO: Fonte é o elemento gerador da obrigação. São aqueles atos ou fatos nos quais as obrigações encontram nascedouro. A intenção aqui é demonstrar porque uma pessoa se torna credora ou devedora de outra. Grande parte da doutrina considera como fonte das obrigações: - CONTRATO - QUASE-CONTRATO - DELITO - QUASE-DELITO Contrato – Acordo entre as partes. O contrato é considerado fonte de obrigação no sentido de que a avença entre as partes faz gerar um liame entre elas, de modo de que uma ou ambas se comprometem a realizar uma prestação. Quase-contrato – Surge para justificar o aparecimento de obrigações advindas de atos humanos lícitos, que não provêm de acordo de vontade, mas que representam um procedimento parecido com a relação convencional; é quase um contrato. Exemplo: gestão de negócios (administração não autorizada previamente, tomada por deliberação e iniciativa do gestor. Para se concretizar é necessário o desconhecimento por parte do dono do negócio. Outro exemplo: quando alguém morre no estrangeiro e seu companheiro de viagem recolhe a bagagem e remete aos herdeiros) ou a repetição do indébito (coisa recebida sem causa ou indevidamente = pagamento indevido). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 6 de 68 A relação entre o que pagou (solvens) e o que recebeu (accipiens) não é de ordem contratual, assim, o ordenamento jurídico ordena sua devolução. Outro exemplo que podemos citar é a promessa de recompensa. Delito – Todo ato que, mediante dolo (intenção), cause prejuízo ao patrimônio de outrem. Também é considerado fonte da obrigação porque toda pessoa que intencionalmente causa dano a outra fica obrigado a reparar o dano. Consiste no ilícito dolosamente cometido, causador de prejuízo a outrem. Exemplo: roubo, furto ou injúria. Quase-delito – É todo ato que, em decorrência de culpa, imperícia, imprudência ou negligência cause dano a outrem. Aproxima-se do delito. O autor não queria causar o dano, mas desastradamente causou. Exemplo: aquele de seu apartamento deixou cair algum objeto provocando ferimentos em um transeunte. Envolve a idéia de culpa, pois o prejuízo causado à vítima decorreu apenas da negligência, imperícia ou imprudência do agente. Essa classificação é considerada muito ampla por alguns doutrinadores. Porém, TITO FULGÊNCIO menciona apenas a LEI como fonte das obrigações. Essa tese adotada por esse autor é muito rigorosa, pois é do nosso conhecimento que a lei é a fonte primária de todas as obrigações, e as fontes citadas acima englobam todas as possibilidades de nascedouro das obrigações. Apesar dessa classificação ter figurado durante muito tempo no campo do direito das obrigações como suas fontes, atualmente essa classificação sofreu mudança integrante do Código Civil vigente. FONTE DAS OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 - CONTRATO - ATO (DECLARAÇÃO) UNILATERAL DA VONTADE - ATO ILÍCITO - o contrato – os contratos e convenções oriundos da vontade humana; - a declaração unilateral da vontade – equiparáveis ao contrato, mas origina-se exclusivamente pela manifestação unilateral da vontade, como por exemplo, a gestão de negócio, a promessa de recompensa; e - o ato ilícito – os atos praticados com dolo ou culpa. - vontade da lei – pode-se dizer ainda que a obrigação resulta da vontade do Estado, por intermédio da lei (exemplo: obrigação de prestar alimentos, obrigação do patrão responder pelo ato do empregado, obrigação do pai responder pelo ato do filho. ATENÇÃO: UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 7 de 68 Boa-fé Objetiva: Trata-se um novo princípio estabelecido pelo atual Código Civil e por ser uma novidade merece toda atenção. Segundo este princípio, as partes devem agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas, com o dever de cuidado, cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com equidade e razoabilidade. É o óbvio, mas não havia previsão legal sobre isto. Lembrando que a expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, a convicção de alguém que acredita estar agindo de acordo com a lei, isto é, a conduta normal esperada pela sociedade (homem médio). Conforme dispõe o art. 422 CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusãodo contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Portanto, a observância deste princípio deve estar presente no momento da elaboração, na conclusão e execução de uma obrigação (oriunda de qualquer fonte – contrato, ato unilateral, ato ilícito). Vale ressaltar que um contrato, além de sua função econômica de circulação de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, solidariedade, dignidade da pessoa humana, que são objetivos primordiais de nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um contrato deve ser útil e justo. A quebra deste dever gera a violação e conseqüentemente a responsabilização. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES: São os requisitos fundamentais (indispensáveis) das obrigações. São eles: - sujeitos (ativo e passivo); - objeto; e - vínculo jurídico. a) Sujeitos (também chamado de elemento subjetivo ou pessoal) - partes na relação obrigatória, determinadas ou determináveis: Sujeito ativo – é o credor, ou seja, aquele que pode exigir o cumprimento da obrigação. É o participante da relação obrigacional que tem a expectativa de receber do outro uma prestação, ele tem uma pretensão com relação ao devedor. Sujeito passivo – é o devedor, ou seja, aquele que tem o dever de colaborar com o credor, lhe fornecendo a prestação devida. Espera-se que o devedor satisfaça, voluntária ou por força coercitiva da lei, a prestação ajustada entre ele e o credor. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 8 de 68 Esta obrigação do devedor colaborar com o credor adveio ou de sua vontade, ou de seu comportamento desastrado (hipótese do ato ilícito) ou derivou de uma imposição legal. Entretanto, em qualquer das hipóteses, o devedor está legalmente vinculado, e em caso de inadimplemento pode o credor recorrer ao Poder Judiciário. A sujeição do patrimônio do devedor só vai aparecer posteriormente, com a intervenção do Estado caso o devedor não cumpra com a obrigação satisfatoriamente. Os sujeitos podem ser pessoas naturais (físicas) ou jurídicas, devendo ser determinados ou, ao menos, determináveis. Não se considera, como capaz de gerar uma obrigação, um contrato em que os sujeitos sejam indeterminados. Pode haver contrato em que, a princípio, um dos sujeitos seja indeterminado, mas no qual existam elementos que permitam determinar o sujeito (exemplo: alguém coloca um anúncio prometendo recompensa para quem encontrar um cachorro: de imediato não se sabe quem é o credor da obrigação, mas a declaração traz elementos que podem determinar o sujeito ativo: quem encontrar o cachorro). Observação – é possível que os pólos (passivo e/ou ativo) sejam ocupados por uma ou várias pessoas (naturais ou jurídicas). Exemplo: “A” pode fazer um contrato de locação com “B”. Neste caso há um Sujeito Ativo e um Passivo. Mas “A” e “B”, sendo casados, podem fazer um contrato de locação com “C” e “D”, que também são casados. Continua havendo dois pólos (Ativo e Passivo), porém em cada pólo, há uma pluralidade de pessoas. b) Objeto (também chamado de elemento objetivo ou material) - É a prestação economicamente apreciável que deverá ser cumprida pelo devedor. Consiste em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. É o ponto material sobre o qual incide a obrigação. A maioria dos juristas entende que a prestação tem sempre um conteúdo patrimonial, porque, caso contrário, seria impossível reparar perdas e danos em caso de descumprimento pelo devedor. Alguns autores não incluem a patrimonialidade da prestação como um de seus requisitos essenciais, entretanto, como já dito anteriormente, se a obrigação não tiver valor patrimonial não será amparada pelo Direito, porque não interessará ao mundo jurídico. É por isso, que mesmo aqueles autores que não mencionam o valor econômico como um dos requisitos da prestação, admitem sempre que a obrigação deve conter um conteúdo patrimonial, uma vez que o Direito não pode agir sobre realidades puramente abstratas, pois, nesse caso, não será jurídica, mas sim moral. Deve ser possível (física e juridicamente), lícita, determinada ou determinável e economicamente apreciável. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 9 de 68 Pode-se dizer que o objeto imediato da obrigação é a prestação, e o objeto mediato da obrigação é aquele que se descobre com a pergunta o quê? Requisitos essenciais do objeto: Possibilidade – porque havendo impossibilidade material, concomitantemente à formação da relação obrigacional, a obrigação é nula, nem chegando a se formar, eis que jamais o devedor poderá ser constrangido a cumprir a prestação. Prestação impossível. Exemplo: homem ir à lua, comprar o oceano. Liceidade – de lícito. O objeto da prestação não pode ser proibido por lei e nem repugnar à moral e aos bons costumes. Ressalte-se que a lei não pode estabelecer de forma precisa tudo o que é proibido ou permitido. Em muitos casos será necessário o uso do bom senso. Exemplo de prestação ilícita: carregamento de maconha, vender um filho. Determinabilidade – O objeto deve ser determinado ou pelo menos determinável. A determinação geralmente é pelo gênero, espécie, quantidade e caracteres individuais, mas nada obsta que a determinação seja feita posteriormente. Exemplo: um carro, um terreno, compra de safra futura. Patrimonialidade – (expressão econômica) - A prestação deve ter valor econômico, para que, em caso de inadimplemento possa ser convertida em perdas e danos. Alguns autores não mencionam a patrimonialidade como um dos requisitos do objeto, entretanto, cabe-nos ressaltar que, se a obrigação não representar um valor econômico não interessará ao mundo jurídico. Ressalte-se que todos os requisitos apresentados são essenciais, de forma que a ausência de um deles torna nula a obrigação. c) Vínculo jurídico (também chamado de elemento imaterial ou espiritual) – porque disciplinado por lei, e assim sendo vem acompanhado por sanção. Se o devedor que legalmente se obrigou, deixar de efetuar o pagamento, a lei abre as portas dos pretórios ao credor, para que este, através da execução patrimonial do inadimplente, obtenha a satisfação do seu crédito. Exemplo: podemos dizer que um contrato de locação de uma casa (ou qualquer outro contrato) é o vínculo. É este contrato que irá ligar o locador (proprietário), o locatário (inquilino) e o bem que está sendo alugado. Vejam que locador e locatário fazem parte do Elemento Subjetivo. Já a casa é o Elemento Objetivo. E o contrato, propriamente dito é o Vínculo. É o poder que o sujeito ativo tem de impor ao sujeito passivo uma prestação positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer alguma coisa). O art. 389 do CC diz que o devedor responde por perdas e danos no caso de descumprimento da obrigação, mais juros e honorários de advogado. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 10 de 68 O vínculo jurídico possui dois elementos: débito (dívida) e responsabilidade. Dívida – é o elemento espiritual (moral), de foro íntimo do devedor que tem o dever de prestar aquilo a que se comprometeu. Pressupõe atividade espontânea. É a existência da dívida, da obrigação. Responsabilidade – é o elemento imaterial. É representado pela prerrogativa conferida ao credor de proceder à execução do patrimônio do devedor em caso de inadimplência, para satisfação de seu crédito. Assim, da maneira que o devedor se obriga seu patrimônio responde. Embora o débito seja o primeiro aspecto que surge na obrigação, ele não podeexistir sem a responsabilidade, uma vez que esta garante aquele, porque a responsabilidade revela a garantia de execução das obrigações pelo credor. Esses dois elementos podem surgir em pessoas distintas, como no caso da fiança. Nessa espécie de contrato o fiador responsabiliza-se pelo débito de terceiro (não é o devedor principal). Aqui ocorre o contrário, existe a responsabilidade por parte do fiador, mas ele não é o devedor principal. A responsabilidade pode surgir posterior ao débito, de forma autônoma, como no caso de garantia de dívida preexistente de outrem, que é o caso da fiança. Vale ressaltar que pode haver débito sem responsabilidade, que é o caso das obrigações naturais. São as que se mostram desprovidas de qualquer sanção legal, pelo que não pode ser exigida por ação judicial. É mero dever moral. Exemplo: dívida prescrita ou dívida de jogo. Essa bipartição do vínculo jurídico, em débito e responsabilidade existente na obrigação, fica bem definida nos casos de exceção à regra geral, como no caso citado acima, pois nessas obrigações existe o débito, mas o credor não está legitimado a exigir seu cumprimento. A obra de Clóvis do Couto e Silva, reeditada pela Fundação Getúlio Vargas, tem como título “A Obrigação como um Processo”. Trata-se de uma das mais importantes obras do Direito Obrigacional brasileiro. Segundo o autor, a relação obrigacional somente poderia ser compreendia em seu aspecto dinâmico, tal como se dá em uma relação processual: “A obrigação é um processo, vale dizer, dirige-se ao adimplemento, para satisfazer o interesse do credor. A relação jurídica, como um todo, é um sistema de processos. Não seria possível definir a obrigação como ser dinâmico se não existisse separação entre o plano do nascimento e desenvolvimento e o plano do adimplemento. A distância que se manifesta, no mundo do pensamento, entre esses UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 11 de 68 dois atos, e a relação funcional entre eles existentes, é que permite definir-se a obrigação. FIQUE ATENTO - INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR: consumidor inadimplente Duas súmulas do STJ tratam da inscrição do consumidor em atraso nos serviços de proteção ao crédito (SPC e Serasa). A Súmula 359 diz que “cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. Alguns recursos julgados a respeito deste assunto foram movidos por empresas ou instituições credoras, já que, por vezes, atribuía-se a elas, e não às mantenedoras dos cadastros, a responsabilidade pela notificação do consumidor. Por quanto tempo o nome do consumidor fica no cadastro de inadimplentes? Outra súmula tratou deste prazo. Em novembro de 2005, a Segunda Seção do STJ aprovou a Súmula 323, dizendo que “a inscrição de inadimplente pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito por, no máximo, cinco anos”. DISTINÇÕES FUNDAMENTAIS ENTRE DIREITOS PESSOAIS E REAIS: Para adentrarmos com mais eficácia no estudo do direito das obrigações se faz necessário precisar a sua amplitude. Cabe-nos ressaltar que somente os direitos de conteúdo econômico (direitos de crédito), que são passíveis de circulação jurídica, poderão participar de relações obrigacionais, descartando de imediato, por exemplo, os chamados direitos da personalidade (direito à vida, ao nome, à honra, à privacidade, à imagem). O fim natural da obrigação, seja qual for a sua modalidade, é o seu cumprimento, que representa o meio normal de satisfação do interesse do credor. Assim, entende-se que o cumprimento da prestação (atividade do devedor) é que interessa ao credor e não a coisa em si (dinheiro, bem móvel ou imóvel) que constitui o objeto imediato da obrigação, que é o próprio direito ao crédito. Assim, podemos afirmar que os direitos de crédito (pessoais, porque corresponde o dever de prestar, de natureza pessoal) integram o estudo do direito das obrigações, pois o devedor se compromete a dar, fazer ou não fazer alguma coisa e os direitos reais são aqueles que se traduzem o poder jurídico de uma pessoa sobre uma determinada coisa (propriedade, usufruto, servidão, etc), e serão estudados no direito das coisas. Desse modo o Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: direitos não- patrimoniais (que tratam dos direitos da personalidade, direito a vida, a liberdade, a honra etc.) e direitos patrimoniais (que tratam dos direitos que envolvem valores UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 12 de 68 econômicos). O Direito das Obrigações e o Direito das Coisas integram os direitos patrimoniais. Entretanto, apesar de integrarem o mesmo ramo, não podem ser confundidos, porque o primeiro trata de direitos pessoais e o segundo trata dos direitos reais. Direito pessoal é o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto uma determinada prestação. Forma-se uma relação de crédito e débito entre as pessoas. Direito real é o poder, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Cria um vínculo entre a pessoa e a coisa (direito de propriedade), e esse vínculo dá ao titular uma exclusividade em relação ao bem (erga omnes). Outras diferenças entre os direitos pessoais e os direitos reais podem ser expressos: a) Quanto à formação Direitos reais: têm origem na lei, não podem ser criados em um contrato entre duas pessoas, sendo, por esse motivo, limitados. Seguem o princípio do numerus clausus (número limitado), encontrando-se elencados no artigo 1.225 do Código Civil. Direitos pessoais: não resultam apenas da lei, nascem de contratos entre pessoas. Há vários contratos nominados pela lei, entretanto, é possível a criação de contratos inominados, pois, para exsurgir um direito pessoal, basta que estejam presentes os requisitos de sua formação. Segue, normalmente, o princípio do numerus apertus (número aberto, rol exemplificativo) (artigo 425 do Código Civil). b) Quanto ao objeto Direito das coisas: o objeto é sempre um bem corpóreo. Direito pessoal: o objeto é a prestação. Sempre que duas pessoas celebram um contrato uma delas torna-se devedora de uma obrigação em relação a credora. c) Quanto aos sujeitos Direito pessoais: os sujeitos são o credor e o devedor (sujeito ativo e sujeito passivo). Direitos reais: costuma-se dizer que o direito real somente possui o sujeito ativo porque este é ligado à coisa (de um lado o titular e do outro lado a coisa). A explicação, entretanto, é didática. Nos direitos reais, em princípio, o sujeito passivo é indeterminado porque todas as pessoas do universo devem abster-se de molestar o titular (são direitos oponíveis erga omnes). No instante em que alguém viola o direito do titular, o sujeito passivo se define. d) Quanto à duração UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 13 de 68 Direitos pessoais: são transitórios, pois nascem, duram um certo tempo e se extinguem (pelo cumprimento, pela compensação, pela prescrição, pela novação). Direitos reais: são perpétuos, significa dizer que não se extinguem pelo não uso, entretanto, extinguem-se pelas causas expressas em lei (por exemplo: desapropriação, usucapião em favor de terceiros, perecimento da coisa, renúncia). Resumindo!!!! Relação Jurídica Obrigacional: Sujeito Ativo (credor) Relação Jurídica Obrigacional Sujeito Passivo (devedor) Relação Jurídica Real: Titular do Direito Real Relação Jurídica Real Bem/Coisa JURISPRUDÊNCIA: Julgado do STJ:AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos condominiais contra os proprietários. 2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a ser penhorado, ainda que gravado como bem de família. OBRIGAÇÕES CIVIS E OBRIGAÇÕES NATURAIS: Obrigações civis – são as que apresentam os três elementos constitutivos já vistos, sujeito, objeto e vínculo jurídico, sendo que o este último se decompõe em débito e responsabilidade. Há um vínculo jurídico que sujeita o devedor a cumprir uma prestação em favor do credor. Existe um liame entre o débito e a responsabilidade do devedor no UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 14 de 68 caso de inadimplemento, o que possibilita o credor a recorrer ao judiciário para executar o patrimônio do inadimplente. Obrigações naturais – são aquelas que apresentam os três elementos, entretanto o vínculo jurídico é imperfeito, pois existe o débito, mas não existe a responsabilidade. São aquelas inexigíveis, uma vez que não existe a garantia patrimonial. O credor tem que esperar que o devedor pague espontaneamente a dívida. Isso porque a obrigação natural apresenta todos os elementos da relação creditória, exceto a ação, pois o credor é credor e o devedor é devedor. Entretanto apesar de existir o objeto falta-lhe a ação, pois o sujeito ativo não pode tornar efetiva a prestação pelo fato da mesma estar despida da execução forçada, ou porque a cobrança dessa dívida repugnaria à consciência da coletividade (dívida de jogo) ou porque o credor deixou de cobrar a dívida quando deveria e a mesma prescreveu. As obrigações naturais são também chamadas de obrigações incompletas, pois apresentam como característica essencial a particularidade de não serem judicialmente exigíveis, contudo se forem cumpridas espontaneamente o pagamento é tido por válido e não caberá repetição, ou seja, poderá ser retido pelo credor. Exemplos: dívida de jogo e dívida prescrita. Não se deve confundir obrigação natural com dever de consciência. Aquele que dá esmola age por solidariedade (dever de consciência), entretanto não existia qualquer débito anterior; no caso da obrigação natural existia um débito anterior, embora agora ele seja inexigível. No direito moderno, a única consequência jurídica das obrigações naturais é o direito do credor de reter o que lhe for pago pelo devedor (art. 882 do CC). CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: A doutrina apresenta diversas classificações no estudo das obrigações. Destaca-se a classificação que se segue diante da análise do que seja a mais importante. Quanto ao objeto: É sempre uma conduta humana - dar, fazer ou não fazer alguma coisa - e se chama prestação. Duas delas são positivas (dar e fazer) e uma é negativa (não fazer). Quanto aos elementos constitutivos: UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 15 de 68 Leva em conta o número de sujeitos e o número de objetos. As obrigações, quanto aos elementos constitutivos, podem ser simples e compostas (complexas). Obrigação simples é aquela que tem um único sujeito ativo, um único sujeito passivo e um só objeto. Basta que um desses elementos seja em número de dois para que a obrigação seja composta. Quando possui mais de um objeto, a obrigação é chamada de obrigação composta pela multiplicidade de objetos; quando possuir mais de um sujeito, é chamada de composta pela multiplicidade de sujeitos. a) Compostas pela multiplicidade de objetos: Podem ser cumulativas (também chamadas de conjuntivas) e alternativas (também chamadas de disjuntivas). Nas obrigações cumulativas, os vários objetos estão ligados pela conjunção e (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel e um animal). Nas obrigações alternativas os vários objetos estão ligados pela disjuntiva ou (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel ou um animal). Na obrigação alternativa, temos um único vínculo obrigacional, com múltiplas prestações, porém efetuada a escolha, em princípio pelo devedor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas. Caso pereça alguma das prestações, sem que tenha havido culpa por parte do obrigado, o direito do credor fica circunscrito às coisas restantes, fenômeno este denominado "concentração". O nosso ordenamento não tratou a respeito de "obrigações facultativas", isto é, obrigações que têm por objeto apenas uma obrigação principal, mas que confere ao devedor a possibilidade de liberar-se mediante o pagamento de outra prestação prevista na avença, com caráter subsidiário. Temos apenas uma prestação principal, verdadeiro objeto da obrigação, e uma acessória ou subsidiária, tendo esta última apenas caráter liberatório do contrato. Obrigações facultativas quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. b) Compostas pela multiplicidade de sujeitos: As obrigações podem ser divisíveis, indivisíveis e solidárias. São divisíveis quando o objeto da prestação pode ser dividido entre os vários credores ou os vários devedores. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 16 de 68 São indivisíveis quando o objeto da prestação não pode ser dividido entre os vários credores ou os vários devedores. Quando o objeto é indivisível e um só dos devedores é encontrado, embora cada um deva cumprir sua quota-parte, esse terá de cumprir integralmente a obrigação, tendo direito de regresso em face dos demais devedores. Nas obrigações solidárias não se toma por base a divisibilidade ou não do objeto, devendo-se observar se existe alguma cláusula contratual ou um dispositivo de lei que disponha ser a obrigação solidária. Quando a obrigação é solidária, cada devedor responde sozinho pela dívida integral. O artigo 932 do Código Civil dispõe que os pais respondem pelos atos dos filhos menores; que o patrão responde pelos atos dos seus empregados. A obrigação dessas pessoas é solidária (artigo 942 do Código Civil). Quanto aos efeitos, há certa semelhança entre a indivisibilidade e a solidariedade, pois nas duas, ainda que haja vários devedores, somente de um o credor poderá cobrar a obrigação integral. ATENÇÃO: DAS PERDAS E DANOS Conceito: Na terminologia técnica do Direito, perdas e danos exprime a expressão que evidencia prejuízos a que uma pessoa tenha causado a outrem, por ato próprio ou alheio, mas de sua responsabilidade. No sentido jurídico, perdas e danos é o prejuízo efetivo e atual que promove o desfalque ao patrimônio (dano emergente) mais ainda os lucros ou frutos que não possam ser percebidos (lucros cessantes). Outras classificações: Obrigações de meio: quando o devedor não se responsabiliza pelo resultado e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu alcance para consegui-lo. Se não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será considerado inadimplente (exemplo: obrigaçõesdos advogados, e dos médicos em geral). Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio e não de resultado. Obrigação de resultado: quando o devedor se responsabiliza por esse mesmo resultado. Se o resultado não for obtido, o devedor será considerado inadimplente. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 17 de 68 Exemplo: médicos que executam cirurgia plástica de natureza estética (embelezadora), o que constitui uma exceção ao exercício desses profissionais, a não ser que seja para correção de doença: cirurgia estética reparadora. Obrigações civis: aquelas cujo cumprimento pode ser exigido porque encontra amparo no direito positivo (a todo direito corresponde uma ação que o assegura). O ordenamento jurídico dá apoio ao credor. Obrigações naturais: são as dívidas prescritas, dívidas de jogo e os juros não convencionados. Não podem ser cobradas em Juízo. Obrigações de execução instantânea: as contraídas para serem cumpridas instantaneamente (exemplo: compra e venda à vista). Obrigações de execução diferida: aquelas que devem ser cumpridas em momento futuro. É diferida porque transferida para data futura (pagar em 30 dias). Obrigações de prestações sucessivas: são cumpridas em vários atos, como ocorre com as prestações periódicas (compra de um bem para pagar em 30 parcelas). Obrigações condicionais: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e incerto; geralmente aparecem com a partícula se (dar um carro se passar no vestibular). Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e certo (dar um carro no natal). Obrigações com encargo: aquelas sobre as quais pesa um determinado encargo (ônus). Verifica-se nas doações e nos testamentos, que são chamados atos de liberalidade. Obrigações híbridas: as que constituem um misto de direito real e de direito pessoal (exemplo: obrigação propter rem, que recai sobre uma pessoa em razão de sua condição de titular de um determinado direito real). JURISPRUDÊNCIA: - STJ: CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO (RESPONSABILIDADE CONTRATUAL OU OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Contratada a realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação de resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade. II - Cabível a inversão do ônus da prova. III - Recurso conhecido e provido. OBS.: Existe, na jurisprudência, entendimento no sentido de que a cirurgia para a correção de miopia, por se tratar de procedimento médico, encerra OBRIGAÇÃO DE UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 18 de 68 MEIO, e não de RESULTADO (ou seja, havendo melhora na acuidade visual, a sua finalidade foi atingida, não podendo o médico garantir a visão perfeita): “Por considerar que uma clínica não foi responsável pelos danos no olho de um paciente, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou o entendimento de primeira instância e a dispensou de pagar indenização. Para o relator, Pereira da Silva, a cirurgia no olho do paciente, para correção de miopia, “foi realizada com a técnica certa, com destreza e zelo, sendo certo que a sequela decorreu por fatores pessoais do paciente”. Ainda segundo o relator, “vale registrar que o contrato de prestação de serviços médicos é, em geral, considerado de meio, como no presente caso, e não de resultado”. Assim, cabe a indenização quando o serviço é prestado de forma negligente. Havia “um risco intrínseco ao procedimento adotado, que na época era o único existente e adequado à doença”, afirmou. Mas, de acordo com o desembargador, houve também uma redução da miopia de 13 para 3,5 graus. A cirurgia custou R$ 420. Durante a recuperação, a região central da córnea ficou prejudicada e, com isso, houve uma redução da visão do olho operado. O rapaz entrou na Justiça contra a clínica. Alegou falha no procedimento cirúrgico. Já a clínica alegou ter informado sobre a possibilidade de uma má cicatrização, que poderia gerar um corpo opaco no olho. Também argumentou que, após a cirurgia, o paciente não compareceu mais ao local para aplicação de colírio. Cabe recurso. Leia a decisão: APELAÇÃO CÍVEL 1.0707.01.044481-8/001” (Informação do Consultor Jurídico: http://www.conjur.com.br/static/text/56944,1#null, acessado em 20 de setembro de 2008) OBRIGAÇÕES PROPTER REM No Direito Medieval surgiu uma terceira categoria de obrigações, que são as chamadas obrigações propter rem (próprias da coisa). São obrigações no sentido estrito, mas sempre vinculadas a um direito real acompanhando a coisa sempre que troca de proprietário ou possuidor, ou seja, independente de quem seja: o obrigado é sempre o proprietário ou possuidor atual. Exemplo: pagamento da taxa de condomínio. As obrigações decorrem de um direito real, que muitas vezes é o de propriedade (principal direito real), mas também pode decorrer da posse. Exemplo: é o inquilino quem paga as despesas normais de conservação. Também chamadas de obrigações reais porque são decorrentes da relação (poder) entre o devedor e a coisa. A obrigação propter rem é aquela em que o devedor, por ser titular de um direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada prestação que, por conseguinte, pode não derivar da manifestação expressa ou tácita de sua vontade. Exemplos de obrigações propter rem: a despesa do condômino de contribuir para a conservação da coisa comum, a do proprietário de um apartamento, num edifício em condomínio de pagar a taxa condominial, de não alterar a forma externa da fachada, a do proprietário de imóvel incorporado ao patrimônio histórico e artístico nacional de não destruí-lo ou realizar obras que modifiquem sua aparência, etc. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 19 de 68 Em todos os exemplos citados verifica-se que o devedor está ligado à obrigação porque é proprietário ou possuidor de um bem. Podem decorrer da comunhão ou co-propriedade, do direito de vizinhança, do usufruto, da servidão e da posse. Características das obrigações propter rem: esta obrigação caracteriza-se pela presença de três características básicas: a) Ela prende o titular de um direito real, seja ele quem for, em virtude de sua condição de proprietário ou possuidor da coisa. Não pode existir, portanto, fora das relações de direito real; b) O devedor se livra da obrigação pelo abandono do direito real, ou seja, renunciando ao direito de propriedade sobre a coisa o devedor se exonera; e c) A obrigação se transmite aos sucessores a título singular do devedor, ainda que o novo devedor não saiba de sua existência. Exemplo: se alguém recebe por herança um bem, que é parte comum num condomínio, será esse novo dono que terá obrigação de contribuir para as despesas de conservação da coisa. Natureza jurídica da obrigação propter rem É uma obrigação acessória mista, por vincular-se a direito real, objetivando uma prestação devida a seu titular. A obrigação propter rem tem por objeto uma prestação específica e está incorporada a um direito real. A pessoa do devedor pode variar, na dependência da relação da propriedade ou da posse que venha a existir entre o sujeito e determinada coisa. Obrigações Líquidas e Ilíquidas: Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e determinadaquanto ao seu objeto. A prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo do que ocorre quando alguém se obriga a entregar ao credor a quantia de R$100,00. A obrigação ilíquida, por sua vez, carece de especificação do seu quantum, para que possa ser cumprida. ATOS UNILATERIAIS (FONTE DAS OBRIGAÇÕES) Como já estudamos, a obrigação não nasce de um contrato, da prática de um ato ilícito, da lei1 ou de uma declaração de vontade. Desta feita, pode uma obrigação nascer em decorrência de uma conduta unilateral de alguém, que se obriga ou obriga a outrem. Os atos unilaterais são 1 Há obrigações que resultam diretamente da lei: alimentos, indenizar os danos causados por seus empregados, entregar coisa alheia achada. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 20 de 68 fontes das obrigações, ou seja, para surgir obrigações (devedor e credor) deve-se ter uma origem, uma causa no direito. Cumpre diferenciar os atos unilaterais dos contratos, quanto à sua formação. Nos contratos, a obrigação nasce a partir do momento em que for verificado o choque ou encontro de vontades entre as partes negociantes, em regra. Nas declarações unilaterais de vontade ou atos unilaterais a obrigação nasce da simples declaração de uma única parte, formando-se no instante em que o agente se manifesta com a intenção de assumir um dever obrigacional. Sendo emitida a declaração de vontade, esta se torna plenamente exigível ao chegar ao conhecimento a quem foi direcionada. NATUREZA JURÍDICA: manifestação (ato) unilateral, diferenciando-se dos contratos: bilateralidade contratual. Disciplina do CC/2002: destacados como em título com 04 modalidades: ☺ PROMESSA DE RECOMPENSA: arts. 854 a 860, CC ☺ GESTÃO DE NEGÓCIOS: arts. 861 a 875, CC. ☺ PAGAMENTO INDEVIDO: arts. 876 a 883, CC. ☺ ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA: arts. 884 a 886, CC. PROMESSA DE RECOMPENSA: CONCEITO: Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. Conceito este descrito pelo próprio legislador (art. 854, CC)2. 2 Recompensa para ser mais bem compreendida é preciso fazer menção ao direito real. Ela é atribuída a quem acha COISA ALHEIA MÓVEL PERDIDA, que no CC/16 era chamada de INVENÇÃO, que era tratada como forma de aquisição da propriedade de coisa móvel. No atual CC/02, não houve a extinção da invenção, mas, sim atribuição de outra nomenclatura para DESCOBERTA e colocação em outro lugar dentro do código, agora está tratada no artigo 12332, em seção dentro do capítulo DA PROPRIEDADE EM GERAL. Quem acha coisa alheia móvel perdida tem direito a uma recompensa, que será arbitrada pelo juiz em valor não inferior a 5% do valor da coisa encontrada (artigo 12342). Mas, essa recompensa pode ter UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 21 de 68 Segundo Ricardo Fiúza, a promessa de recompensa pode ser definida como o ato obrigacional de alguém que, por anúncio público, se compromete a recompensar, ou gratificar, pessoa que preencha certa condição ou desempenhe certo serviço. É uma das formas de obrigação resultante de declaração unilateral da vontade. Significa a aplicação do princípio da obrigatoriedade da promessa feita a pessoa ausente. NATUREZA JURÍDICA: duas correntes: - O vínculo obrigatório somente se forma com a manifestação do terceiro (pessoa) que preencheu a condição ou desempenhou o serviço, aceitando-a. - Considera negócio jurídico unilateral: obriga aquele que emite a declaração de vontade desde o momento em que ela se torna pública, independentemente de qualquer aceitação (CC/2002). Exemplos: feitas a quem encontrar um objeto (animal, carteira com documentos), ou pessoa desaparecida, informações que levem a captura de criminosos, professor promete atribuir nota 10 para quem não faltar suas aulas, quem levantar 10000 kg (peso). Situação hipotética: um caso em que alguém perdeu um animal de estimação, um cachorro. Para recuperar o animal, o dono coloca uma faixa em uma avenida de grande circulação, oferecendo uma recompensa. Alguém que conhece o cão e o seu dono, mas que no momento desconhece a promessa, encontra o animal e o leva à casa do seu proprietário. Essa pessoa terá direito à recompensa, pois agiu conforme os ditames da boa-fé. Também terá direito aos valores gastos com o cumprimento da tarefa, como, por exemplo, as despesas feitas para a alimentação do animal, cuidados veterinários e transporte. REQUISITOS: ESPECÍFICOS: a) publicidade (pelo menos duas pessoas); b) especificação da condição a ser preenchida ou do serviço a ser desempenhado; c) indicação da recompensa ou gratificação. GERAIS: para a validade do negócio jurídico (art. 104, CC): sujeito capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma não proibida em lei. sido prometida pelo dono da coisa (não pode a promessa ser inferior ao mínimo que o código determina); quando há a promessa de recompensa, o dono estará obrigando-se por ato unilateral. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 22 de 68 A pessoa que cumprir a tarefa prevista na declaração, executando o serviço ou satisfazendo a condição, ainda que não esteja movida pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada (art. 855 do CC). Esse dispositivo valoriza a eticidade e a boa-fé objetiva. A promessa feita com publicidade é dirigida a qualquer pessoa. Se alguém apresentar aquilo que foi publicamente pedido, o promitente (aquele que se obriga, por promessa, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa) vinculado por sua promessa tem de aceitar a prestação, ou cumprir o que prometeu. Não é necessário que o serviço tenha sido realizado no interesse da recompensa. Basta que corresponda às condições do anúncio, a não ser que o promitente haja, de modo expresso, exigido um ato que se realize por causa de sua solicitação. Com efeito, O executor é credor do devedor promitente, em caso de inadimplemento (ação de cobrança, efeitos do inadimplemento, obrigação de fazer, não fazer). EXECUTADO POR MAIS DE UMA PESSOA: art. 857, 858, CC. Primeiro que executou o serviço (concurso de beleza ou de força), se simultânea a execução (quota parte – se indivisível: sorteio e aquele que ficar com a coisa dará ao outro a quota parte – quinhão). Extrai-se que no caso da execução conjunta ou plúrima (vários sujeitos), sendo o ato contemplado na promessa praticado por mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o que primeiro o executou (art. 857 do CC). Entretanto, sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa, caso seja possível a divisão (art. 858 do CC). Se a estipulação tiver como conteúdo um bem indivisível, deverá ser realizado um sorteio. Aquele que obtiver a coisa (vencedor) dará ao outro o valor correspondente ao seu quinhão. Esse sorteio deverá ser realizado dentro das regras legais, da razoabilidade e do bom senso (mais uma aplicação da eticidade, da boa-fé objetiva). Exemplo: a recompensa do concurso é um carro no valor de R$ 20.000,00, ocorrendo o sorteio, o credor que ficar com o carro, repassará ao outro credor o valor deR$ 10.000,00. PUBLICIDADE: não é relevante o meio pelo qual a proposta é veiculada (imprensa escrita ou falada, sala, auditório, parque, rua), dirigida a pessoas indeterminadas. Caso ocorra a individualização estaremos diante de um contrato (acordo entre as partes). REVOGABILIDADE DA PROMESSA: o art. 856, CC, assim dispõe: antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 23 de 68 oferta. Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reembolso. A promessa pode ser revogada antes de prestado o serviço ou cumprida a condição, desde que seja dada à revogação a mesma publicidade dispensada à promessa. Se, contudo, for fixado prazo para o cumprimento da tarefa, subentende- se que, durante esse período, o promitente renuncia o direito à revogação. Fica salvaguardado ao candidato de boa-fé o reembolso das despesas eventualmente feitas, antes da revogação. Mais uma vez é valorizado no novo Código Civil o princípio da boa-fé, que deve estar sempre presente nas relações obrigacionais. Discute-se se haverá direito à recompensa se o candidato tiver executado a tarefa a contento, não sabendo da revogação da estipulação. Pela valorização da boa-fé e pelo que consta do art. 855, é forçoso concluir que a resposta não pode ser outra que não a positiva. Nesse sentido, vale citar o Código Civil português, que estabelece em seu art. 459, (parágrafo) 2: "Na falta de declaração em contrário, o promitente fica obrigado mesmo em relação àqueles que se encontrem na situação prevista ou tenham praticado o fato sem atender à promessa ou na ignorância dela". OBJETO: necessário sua especificação, isto é, a condição a ser preenchida ou do serviço a ser desempenhado. RECOMPENSA OU GRATIFICAÇÃO: pode ser entrega de um objeto (dar), realização de uma atividade (fazer: realizar um tratamento médico – cirurgião plástico). Observação: quando não indicada a recompensa/gratificação – caso concreto dependendo do serviço, despesas, incômodos, dificuldades. PROMESSA FORMULADA EM CONCURSO PÚBLICO: art. 859, 860, CC. Fixação de prazo (trabalhos literários, científicos e artísticos). No caso de concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa, é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também as regras analisadas anteriormente (art. 859 do CC). Nesses concursos, é comum a nomeação de um juiz (árbitro), que irá avaliar os trabalhos. A decisão dessa pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os interessados (art. 859, §1°, do CC). Na falta dessa pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se apresentarem, entender-se-á que o promitente da recompensa reservou para si esta função (§ 2°). Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com as regras vistas para a promessa de recompensa: anterioridade, divisão e sorteio (§3°). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 24 de 68 Por fim, nos concursos públicos, as obras premiadas só ficarão pertencendo ao promitente se assim for estipulado na publicação da promessa (art. 860 do CC). Para exemplificar, em concursos de monografias jurídicas os trabalhos pertencem aos seus autores, em geral, aplicando-se as regras de proteção previstas na Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Porém, é possível convencionar que os direitos patrimoniais de exploração da obra premiada passarão a pertencer àquele que idealizou o concurso. Explica Ricardo Fiúza que no novo Código Civil, à feição do Código Civil de 1916, é feita a distinção entre a promessa de recompensa a um ato qualquer ou atendimento de condições pedidas por anúncio público, e o concurso, que sendo uma variedade dessa espécie, oferece particularidades que reclamam disciplina adequada. O concurso a que se refere esse artigo diferencia-se dos serviços de que trata o Art. 854, pois, por exemplo, achar objetos perdidos ou mesmo denunciar criminosos, exige certo esforço ou alguma astúcia, que difere, evidentemente, do certame, que exige além disso, capacidade técnica (vestibular de ingresso a curso superior). Quem se submete ao concurso de que fala esse artigo aceita a decisão da pessoa nomeada no anúncio como julgadora do mérito dos trabalhos apresentados ou, na falta deste ao julgamento, do anunciante, desde que essa decisão se ajuste às condições fixadas no anúncio. GESTÃO DE NEGÓCIOS (arts. 861 a 875, CC): CONCEITO: Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar. Quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono. É a administração oficiosa feita sem procuração. Outro conceito: é a administração oficiosa (sem prévio acordo) de negócio alheio (negócio em sentido amplo), ocorre quando alguém unilateralmente se apressa a cuidar do negócio alheio, está assim gerando uma obrigação para terceiro (titular do interesse que oficiosamente está sendo gerido pelo gestor) e não para si próprio. PARTES: gestor e dono do negócio. Na gestão de negócios há uma atuação sem poderes, uma hipótese em que a parte atua sem ter recebido expressamente a incumbência. Na verdade, há no caso em questão um quase contrato. Dessa forma, o gestor, que age sem mandato, UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 25 de 68 fica diretamente responsável perante o dono do negócio e terceiros com quem contratou. A gestão, pela ausência de orientação dada pelo dono, não tem natureza contratual, pois está ausente o prévio acordo de vontades. Dessa forma, poderá a gestão ser provada de qualquer modo, eis que se trata de negócio jurídico informal (art. 107 do CC). A posição do gestor é delicada, pois, além de não ter direito a qualquer remuneração pela atuação (negócio jurídico benévolo), deve agir conforme a vontade presumível do dono do negócio, sob pena de responsabilização civil (art. 861 do CC). Conforme leciona Ricardo Fiúza, Gestão de Negócio é a administração não autorizada (espontânea e à revelia) de negócios alheios, feita independentemente de mandato. A procuração, na espécie, é espontânea e presumida uma vez que o gestor (administrador não autorizado) procura fazer aquilo que o dono do negócio o encarregaria, se soubesse da necessidade da providência. Exemplos: gestor de negócios o herdeiro de uma fazenda, que a administra sem oposição dos demais herdeiros, e o condômino de coisa indivisível, que cuida do bem em comum como se seu fosse e sem oposição dos demais, apenas prestando contas de sua gestão (recebimento de alugueres, arrendamentos etc.). - Vizinhos que mantém as despesas do vizinho ausente; despesas de funeral no exterior, alguém que presenciando estragos em prédio alheio, faz os reparos necessários a sua conservação; socorre alguém, levando-a ao hospital e paga as despesas. PARA REFORÇAR A EXEMPLIFICAÇÃO: EXEMPLO 01: vizinho que percebe que a casa do vizinho, que está viajando, não tem como ter contato, está ruindo por um defeito; assim, o vizinho que fica providencia o conserto da casa, criando para o dono da casa a obrigaçãode indenizá-lo. EXEMPLO 02: dois amigos estão viajando, quando um deles morre e o outro cuida de todas as despesas de traslado e tratamento do corpo; o amigo sobrevivente cria a obrigação de indenização para os herdeiros, sob pena de enriquecimento em causa. O artigo é mera repetição do Art. 1.331 do Código Civil de 1916, sem qualquer alteração, nem mesmo de ordem redacional. Deve ser-lhe dado, portanto. Igual tratamento doutrinário. A preliminar que mudou do CC/16 para o CC/02 reside no fato de que no Código anterior, a gestão estava sendo tratada no capítulo do mandato (espécie contratual). Isto não estava adequado, porque na gestão de negócios não há ajuste prévio, ao contrário sua principal característica é exatamente a ausência de acerto UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 26 de 68 prévio (ausência de ajuste negocial). O legislador de 16 situou a gestão nesse lugar em razão de certo paralelismo entre as consequências da gestão de negócio e do mandato. Assim, caminhou bem o legislador de 2002, ao tratar a gestão fora dos contratos. OBJETIVO: evitar o prejuízo ao dono do negócio, com boa-fé. PRESSUPOSTOS: a) Negócio alheio (sem sentido técnico jurídico, mas interesse em sentido amplo); b) Ausência de autorização do dono (art. 861, CC), porém deve ser feita comunicação do gestor ao dono (art. 864, CC), sendo possível. É um negócio espontâneo e improvisado do gestor, procedendo como o faria o próprio dono do negócio; - O dono não deve ter até então, conhecimento do ocorrido, pois caso dê autorização: MANDATO TÁCITO (art. 656, CC); c) Atuação do gestor no interesse e vontade presumida: o gestor faz exatamente o que o dono do negócio desejaria, se estivesse presente; d) Limitar a ação a atos de natureza patrimonial: exclui-se os de natureza familiar (pai, filho, cônjuge); e) Intervenção por necessidade ou utilidade: despachante que paga o imposto de cliente de outro negócio, no último dia do prazo. Deve-se lembrar que se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do dono, responderá o gestor por caso fortuito (evento totalmente imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável), conforme a regra constante do art. 862 do CC. Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou que indenize o valor correspondente à diferença (art. 863 do CC). Nesses casos, a gestão perde sua característica de intervenção benevolente e de realização da vontade presumida do dono do negócio. É considerada ato abusivo, e somente o seu sucesso pode inocentar o gestor, cuja responsabilidade é maior. Diante do princípio da boa-fé objetiva, que valoriza o dever anexo de informação, deverá o gestor de negócio, assim que lhe for possível, comunicar ao dono a sua atuação, aguardando a resposta se dessa espera não resultar perigo (art. 864 do CC). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 27 de 68 O gestor de negócio é um gestor oficioso que assume as funções de mandatário para atender o dono do negócio, ou pela necessidade urgente de tornar uma providencia (judicial ou extrajudicial). Como não tem autorização para assim proceder, deve, desde logo, levar o fato ao conhecimento do dono do negócio, que pode concordar com a continuidade da gestão ou interrompê-la. Se for necessária, todavia, uma ação pronta, por estar em perigo de serem prejudicados os interesses do dono do negócio, não estará o gestor oficioso obrigado a esperar a sua resposta, não aumentando, nessa hipótese, sua responsabilidade. Exemplo: Pense-se o caso de Lucas viajou para outro país, com sua família, permanecendo fora de sua residência por 10 dias. Na prática, quando a pessoa viaja não deixa uma procuração (instrumento do contrato de mandato) para o vizinho apagar eventual incêndio que acometer a sua casa. No dia seguinte, iniciou-se um incêndio da casa de Lucas, e o vizinho, Sr. João agindo como gestor ao perceber o incêndio, invade a casa de Lucas arrebentando a porta. Para apagar o fogo que começa a consumir um dos dormitórios, o Sr. João pega um tapete e consegue abafar as chamas, tendo sucesso em sua empreitada, sem a intervenção do corpo de bombeiros. Algumas regras do Código Civil de 2002 devem ser analisadas, para uma conclusão concreta a respeito da atuação do gestor. Primeiro, deve-se verificar se o gestor agiu da mesma forma como agiria o dono da residência, ou seja, se empregou toda a diligência habitual. Em regra, o gestor somente deve ser responsabilizado se tiver agido com culpa, havendo responsabilidade subjetiva3 (art. 866 do CC). Mas se na atuação o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto, ainda que este seja pessoa idônea e sem prejuízo da eventual propositura de ação regressiva (art. 867 do CC). A responsabilidade do gestor por ato de terceiro é objetiva (independente de culpa) e solidária, aplicando-se os arts. 932, III, 933 e 942, parágrafo único, do CC, por analogia. Se a gestão for conjunta, prestada por várias pessoas, há regra específica, prevendo justamente a responsabilidade solidária entre todos os gestores (art. 867, parágrafo único, do CC). Na realidade, quando o dono do negócio retoma, terá duas opções: Primeira opção: concordando com a atuação do gestor, o dono deverá ratificar a gestão, convertendo-se a atuação em mandato (art. 869 do CC). Nesse caso, deverá ressarcir o gestor por todas as despesas necessárias e úteis à atuação, com os juros legais desde o reembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que o administrador tiver sofrido com a gestão. 3 Responsabilidade subjetiva quando o sujeito atua com culpa, responde pelo resultado (dano). Este assunto será mais explorado no estudo sobre Responsabilidade Civil. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 28 de 68 A utilidade ou a necessidade das despesas serão apreciadas de acordo com as circunstâncias da ocasião em que se fizerem, o que traz a ideia de função social obrigacional (art. 869, § 1.°, do CC). A ratificação do dono do negócio retro age ao dia do começo da gestão, ou seja, tem efeitos ex tunc (art. 873 do CC). Segunda opção: desaprovando a atuação do gestor, o dono poderá pleitear perdas e danos havendo, em regra, responsabilidade subjetiva do primeiro (art. 874 do CC). Em casos tais, responderá o gestor por caso fortuito quando fizer manobras arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las ou quando preterir interesses do dono em detrimento de interesses próprios (art. 868 do CC). No entanto, só poderá recusar a ratificação se provar que a atuação não foi realizada de acordo com os seus interesses diretos. Falecendo o dono do negócio, as instruções devem ser prestadas aos seus herdeiros, devendo o gestor, mesmo assim, agir com a máxima diligência, de acordo com as circunstâncias fáticas do caso concreto (art. 865 do CC). O gestor do negócio assume obrigações de mandatário, devendo velar pelo negócio enquanto o dominus negotii não toma providência; se este falecer, deve aguardar instruções dos seus herdeiros. Responderá, porém, por perdas e danos se, sem motivo, suspender a gestão iniciada acarretando prejuízo a terceiro e ao dono do negócio4. Se o gestor se fizer substituir por outrem (art. 867, CC), ficarão responsáveis pela gestão os dois: o gestor e o substituto. Com o rigor da lei, o gestor deve ser mais cautelosona escolha do substituto; o substituto mais cuidadoso em aceitar tal desiderato; e o dono do negócio ficará mais garantido. No parágrafo único está estatuída outra responsabilidade excepcional. No mandato, a solidariedade não é presumida, deve resultar de estipulação expressa; na gestão, a solidariedade é prescrita em lei. Com o intuito de fixação do estudo, e visando a melhor didática, observem abaixo: a) OBRIGAÇÕES DO GESTOR: - Comunicar a gestão ao dono, aguardando a resposta, se da espera não resultar perigo (art. 864, CC): cumpre ao gestor aguardar a resposta antes de qualquer outra providência, somente poderá agir sem resposta, se a demora puder acarretar prejuízo. Por consequência, o dono: 1. Desaprovará (art. 874, CC); 2. Aprovará (expressa ou tacitamente), converterá em mandato; 3. Aprovará na parte já 4 Vale ressaltar que ninguém está obrigado a ser gestor de negócio, no entanto, uma vez iniciada deve o gestor dar continuidade (boa-fé). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 29 de 68 realizada, desaprovando o prosseguimento; 4. Nesta desaprovação, poderá constituir procurador/representante que assumirá o negócio no estado em que se encontra, extinguindo-se a gestão; 5. Assumirá a gestão. - Diligência habitual: ressarcindo o dono diante de qualquer prejuízo decorrente de culpa (art. 866, CC). - Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse a fazê-las (art. 868, CC): não estava obrigado a iniciar a gestão, mas se intervém em negócio alheio, tem que agir com máxima diligência, para que não cause prejuízo com a sua intromissão. b) RESPONSABILIDADE DO GESTOR: - Se o negócio não é bem gerido, pode o gestor ficar responsável pessoalmente. - Se a gestão foi iniciada contra a vontade do dono: responde o gestor até mesmo por caso fortuito/força maior (art. 862/868, CC), o que configura ato ilícito. - Observação: erro do legislador parte final do 862, CC, seria: ainda quando se houve abstido (deixado de agir) e não se houvesse abatido. - art. 866, CC: CULPA. - Mais de um gestor: responsabilidade solidária (PU do art. 867, CC). c) OBRIGAÇÕES DO DONO: - Indenizar o gestor nas despesas necessárias: se o dono quiser aproveitar da gestão, será obrigado a ressarcir o gestor. - Cumprir com obrigações contraídas em seu nome: art. 869, 870, CC. - Alimentos: art. 871. Exemplo: se os pais abandonaram os filhos, estes ficam responsável perante o gestor. - Despesas do enterro: art. 872. DIFERENÇA PARA MANDATO TÁCITO: - Gestão: não tem prévio ajuste entre as partes, por ser sempre gratuita e depender de ratificação (aprovação, pelo dono, do comportamento do gestor). - Mandato: com conhecimento e sem desaprovação do dono. RATIFICAÇÃO DO NEGÓCIO: ex tunc (art. 873, CC). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 30 de 68 MEDIDA JUDICIAL: ação de cobrança. PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883, CC): Para recordar - solvens: que paga / accipiens: que recebe. Necessário entender o que seja justa causa em qualquer enriquecimento sem causa. JUSTA CAUSA: todo aumento patrimonial tem por base o direito (justiça: dar a cada um o que é seu). CONCEITO: Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição (art. 876, CC). Gênero (enriquecimento sem causa) Espécie (Pagamento indevido). Em havendo o pagamento indevido agirá a pessoa com intuito de enriquecimento sem causa, visando ao locupletamento sem razão (AUMENTO PATRIMONIAL SEM JUSTIFICATIVA NO DIREITO). REQUISITOS: - Pagamento com ausência de causa; - Enriquecimento de um; - Empobrecimento do outro. Espécies: a) indébito objetivo: quando o erro diz respeito à inexistência da obrigação. Exemplo: pagamento enquanto condição suspensiva; alguém paga a outro pensando ser devedor, mas já está extinta a dívida; a dívida foi paga a mais; b) indébito subjetivo: dívida existente e o engano é pertinente a quem paga ou quem recebe. Exemplo: pagou a quem não era mais o legítimo credor. MEDIDA JUDICIAL CABÍVEL: Ação de repetição de indébito (pedir a restituição). Prova (art. 877, CC): Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro. UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 31 de 68 - Quem pagou deve provar que o fez de forma indevida e por erro, pois a ausência de tal comprovação pode levar a presumir tratar de uma liberalidade (doação). - A jurisprudência começou a dispensar a prova do erro naquelas hipóteses em que o solvens era colocado em situação na qual não teria outra saída senão o pagamento, como no caso de tributos em que há sanção legal imediata pelo inadimplemento: paga e depois basta provar a ilegalidade ou inconstitucionalidade. - CDC (art. 42): O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Assim, prova-se somente que o pagamento foi indevido e que teve fundamento na cobrança equivocada do accipiens. Exemplo: cobrança de taxas imobiliária, estacionamento por perda de ticket. Exceção - Súmula 322 do STJ: Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em contracorrente, não se exige a prova do erro. * Contrato de abertura de crédito em contracorrente: de um lado o banco e do outro o cliente (partes do contrato). Exemplo: banco cobrou indevidamente determinada tarifa. Obrigação de fazer e de não fazer (art. 881): Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido. Exemplo: obrigação de fazer: João (pedreiro), por erro, construiu o muro de Lucas, quando deveria ter construído o muro para Maria. Boa-fé e má-fé (art. 878): aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso. Exemplo: Recebeu imóvel alheio de boa-fé, e alugou, terá direito a estes frutos. Também terá direito de retenção e indenização quanto às benfeitorias necessárias e úteis. Já aquele que recebeu o imóvel, estando de má-fé, não terá direito a frutos. Quanto às benfeitorias, terá somente direito de indenização quanto às necessárias. Ao contrário do que alguns possam pensar, no caso de pagamento indevido não cabe repetição em dobro do valor pago. Na realidade, por meio da actio in rem verso poderá o prejudicado, em regra, pleitear o valor pago atualizado, acrescido de juros, custas, honorários advocatícios e despesas processuais. Havendo má-fé da outra parte, essa induz a culpa, cabendo ainda reparação por perdas e danos (prejuízos). UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> UNINORTE-LAUREATE –Página 32 de 68 Entretanto, a lei consagra alguns casos em que cabe pleitear o valor em dobro. Inicialmente, o art. 940 da atual codificação traz a regra pela qual aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro
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