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Civil_Obrigacoes_1.pdf

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UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
UNINORTE-LAUREATE –Página 1 de 68 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES 
Professor: Msc. Afrânio Azevedo Pereira 
 
Material produzido pelo Professor Msc. ERIVERTON RESENDE MONTE 
 
 
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
Todo direito encerra sempre uma idéia de obrigação. Podemos dizer 
que não existe direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. 
Vários são os conceitos apresentados pela doutrina acerca do nosso tema de 
estudo. 
 
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: 
 
O Direito é o ordenamento das relações sociais. Só existe Direito 
porque há sociedade (ubi societas, ibi jus). Assim, em princípio, para um único 
homem isolado em uma ilha, existirá Direito, porém, no momento em que esse 
homem receba a visita de semelhante. Isto porque, não mais estando o indivíduo só, 
irá relacionar-se com outro homem, e essa relação poderá ser jurídica (regular fatos 
que interessam para o Direito). 
 
No entanto, essa concepção histórica, pode ser analisada sob outro 
enfoque, quando o ser humano mesmo vivendo sozinho em uma ilha, deve preservar 
os valores e recursos ambientais (meio ambiente). 
 
A obrigação que vamos estudar é uma relação jurídica. 
 
Já sabemos o que é DIREITO. Derivado do latim directum, do verbo 
dirigere, que significa dirigir, ordenar, endireitar. Didaticamente, é compreendido 
como a ciência que estuda as regras obrigatórias, que presidem as relações dos 
homens em sociedade, encaradas, não somente sob seu ponto de vista legal, como 
seu ponto de vista doutrinário. 
 
Assim temos: 
 
DIREITO OBJETIVO – que é a norma de conduta (norma agendi). É 
constituído pela soma de preceitos, regras e leis, com as respectivas sanções, que 
regem as relações do homem em sociedade. 
 
DIREITO SUBJETIVO – que é a faculdade conferida ao indivíduo de 
invocar a norma a seu favor (facultas agendi). É a faculdade que possui o homem de 
utilizar a norma quando um direito seu foi violado por outrem. 
 
Em sentido amplo, voltamos a afirmar que a todo direito corresponde 
uma obrigação: JUS ET OBLIGATIO SUNT CORRELATA. Entretanto, vamos nos 
limitar a estudar as obrigações que têm origem nas declarações de vontade, na lei, 
no ilícito e que têm por objeto uma prestação. 
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OB + LIGATIO = vinculação, liame, cerceamento da liberdade de ação 
(ETIMOLOGIA). 
A todo instante em nossa vida, por mais simples que seja a atividade da 
pessoa: compramos ou vendemos, alugamos ou emprestamos, doamos ou 
recebemos doação. Existe, portanto, um estímulo, gerado por um valor, para que 
seja por nós contraída uma obrigação. Vale ressaltar que podem ser tratadas como 
forma de obrigação as de cunho não jurídico, como as obrigações morais, religiosas 
ou de cortesia. 
 
Todavia, o que diz respeito ao nosso estudo é a obrigação jurídica, 
aquela protegida pelo Estado, que dá a garantia da coerção no cumprimento (não 
confundir com abuso de direito), que depende de uma norma, uma lei, ou um 
contrato ou negócio jurídico. Em toda obrigação existe a submissão a uma regra de 
conduta. A relação obrigacional recebe desse modo à proteção do Direito. 
 
É no Direito Obrigacional que posicionamos um problema fundamental: 
de um lado, a liberdade do indivíduo, sua autonomia em relação aos demais 
membros da sociedade e, de outro lado, a exigência dessa mesma sociedade ao 
entrelaçamento de relações, que devem existir harmonicamente. 
 
É absolutamente clássica a definição das Institutas de Justiniano: 
obligatio est júris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, 
sucundum nostrae civitatis juris (Liv. 3°, Tít. XIII) - a obrigação é um vínculo jurídico 
que nos obriga a pagar algo (objeto), ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa. 
 
Sílvio de Salvo Venosa define obrigação como uma relação jurídica 
transitória de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o 
devedor) realizar uma prestação à outra (o credor). 
 
Podemos também conceituar obrigação como sendo a relação jurídica, 
de caráter transitória, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste 
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, pelo primeiro ao segundo, 
garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu patrimônio. 
 
Confere-se assim ao sujeito ativo (credor) o direito de exigir do sujeito 
passivo (devedor) o cumprimento de determinada prestação. Vejam que o conceito 
dado é muito longo, possuindo diversos elementos. 
 
Washington de Barros Monteiro: obrigação é a relação jurídica, de 
caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa 
prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, 
garantindo-lhe o adimplemento de seu patrimônio. 
 
Para Caio Mário da Silva Pereira: Obrigação é o vínculo jurídico em 
virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente 
apreciável. 
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Para Coelho da Rocha: Obrigação é o vínculo jurídico pelo qual 
alguém está adstrito a dar, fazer ou não fazer alguma coisa. 
 
 As obrigações são, no geral, apreciáveis em dinheiro. Essas 
modalidades de obrigações são as que nos interessam, uma vez 
que não interessarão ao mundo jurídico as obrigações que não 
possuem valor econômico, pelo menos em nosso estudo de Direito 
Civil II. 
 
 A obrigação é relação jurídica, e tem caráter transitório, porque essa 
relação nasce com a finalidade de extinguir-se, em regra, com o 
seu cumprimento por parte do devedor. Uma vez que o credor é 
satisfeito, quer amigável, quer judicialmente, a obrigação deixa de 
existir, pois o vínculo jurídico desaparece. 
 
Com os conflitos sociais, os interesses econômicos e as diferentes 
valorações dadas ao direito obrigacional e a relação jurídica obrigacional, esta, hoje, 
não é mais entendida como uma relação estática, bipolar, onde temos de um lado o 
credor e do outro o devedor, mas sim como uma relação dinâmica e constante na 
sociedade. 
 
A obrigação, hoje, portanto, é entendida como totalidade, como um 
processo, assim, atualmente, a moderna doutrina examina a relação tanto sob 
o seu aspecto externo (débito e crédito, credor e devedor), como no seu 
aspecto interno (vínculo que liga o credor ao devedor). 
 
 
FIQUE ATENTO: ATENÇÃO PARA ESTUDO REVISIONAL!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
LEMBRE-SE QUE O ESTUDO DE DIREITO CIVIL É CONTÍNUO, 
ONDE OS CONTEÚDOS ESTÃO INTERLIGADOS, SENDO 
IMPORTANTE QUE O ALUNO(A) FAÇA SEMPRE UMA REVISÃO DO 
ASSUNTO ESTUDADO NO SEMESTRE ANTERIOR, NESSE CASO O 
ASSUNTO DE DIREITO CIVIL I 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS OBRIGAÇÕES: 
 
Embora a parte das obrigações a que nos foi legada do Direito Romano de 
forma mais estável, pois o direito de família e das sucessões, assim também de certa 
forma o direito das coisas, ficaram presos a velhas instituições, precisamos ver que 
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houve profunda evolução dentro das várias fases do Direito que nos serviu de base. 
No Direito Romano, portanto, a teoria das obrigações sofreu profunda evolução. 
 
Devem ser destacados três momentos fundamentais na evolução do direito 
obrigacional: fase pré-romana; fase romana; e fase moderna. 
 
a) Fase pré-romana – A idéia de obrigação tinha caráter coletivo, 
comprometendo o grupo inteiro, pois antes dos romanos não havia direito 
obrigacional, predominando a desconfiança mútua entre os grupos.Logo depois começou a prevalecer o caráter punitivo que acompanhava as 
obrigações, evoluindo para as obrigações individuais, mantendo-se o aspecto 
punitivo de forma extremada, a ponto de o próprio corpo do devedor responder pela 
obrigação. 
 
Era comum nessa fase o devedor se tornar escravo do credor como forma de 
pagamento da prestação devida, e em alguns casos mais extremos o não pagador 
era levado à morte em praça pública. 
 
No final dessa fase começa a surgir à noção de que a vontade individual 
poderia obrigar o indivíduo, ganhando espaço os contratos. “Palavra dada é palavra 
honrada”. 
 
b) Fase romana – Nessa fase o conceito de obrigação já havia evoluído 
bastante, entretanto ainda existia uma exagerada pessoalidade no vínculo, 
continuando ainda o devedor a responder com seu próprio corpo (e não seus bens), 
podendo o mesmo ser reduzido à categoria de escravo, cabendo ao credor, inclusive 
o direito de vender o devedor. 
 
O poder que o credor exercia sobre o corpo do devedor era chamado de 
NEXUM (espécie de empréstimo – do verbo latim nectere, que significa ligar, 
prender, unir, atar). 
 
Lex Poetelia Papiria do século IV a. C. foi a lei que suprimiu esse tipo de 
execução sobre a pessoa do devedor, passando seus bens a garantir o cumprimento 
da obrigação. Dessa forma perdeu prestígio a excessiva personalização da 
obrigação. Mesmo assim, a substituição para fazer recair a execução sobre os bens 
do devedor foi lenta e ditada pelas necessidades da evolução da própria sociedade 
romana. 
 
O formalismo começa a ceder terreno à declaração de vontade. Nessa fase 
acrescenta-se um elemento espiritual: o inadimplemento é pecado. As obrigações 
ganham um maior conteúdo de moralidade, influenciadas pela igreja que pesou 
decisivamente para que os princípios de ordem moral fossem acolhidos pelo Direito. 
 
Ao final dessa fase, ficou mais evidente a regra da força obrigatória dos 
contratos, influenciada pelo princípio do respeito à palavra dada nos contratos. 
 
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c) Fase moderna – direito moderno – Na sua essência foi retomada a 
concepção romana, com algumas atualizações. Pothier ao elaborar o Código 
Napoleônico (França) buscou suas fontes no direito romano. O Código de Napoleão 
de 1804, que até os dias atuais é o Código Civil francês, consagrou expressamente 
essa conquista do Direito Romano, qual seja a de que os bens do devedor são 
uma garantia para os seus credores. 
 
Foi mais aceito a impessoalidade das obrigações, a ponto de alguns autores 
defenderem que a obrigação era uma relação que surge entre credor e o patrimônio 
do devedor. Juridicamente essa colocação é um absurdo, pois o direito cuida das 
relações entre pessoas. 
 
Atualmente é unânime a concepção de que a relação obrigacional se 
estabelece entre pessoas e caso não cumprida é que se projetará sobre o patrimônio 
do devedor, através da execução. Isso porque, passada a fase da Antigüidade na 
qual o vínculo era estritamente pessoal, é sobre o patrimônio do devedor que vai 
recair a satisfação do credor. Essa regra foi fundamental para a construção teórica 
moderna do Direito das Obrigações, inclusive o brasileiro. 
 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES NO DIREITO ROMANO: 
 
Fonte é o elemento gerador da obrigação. São aqueles atos ou fatos nos 
quais as obrigações encontram nascedouro. A intenção aqui é demonstrar porque 
uma pessoa se torna credora ou devedora de outra. 
 
Grande parte da doutrina considera como fonte das obrigações: 
 
- CONTRATO 
- QUASE-CONTRATO 
- DELITO 
- QUASE-DELITO 
 
Contrato – Acordo entre as partes. O contrato é considerado fonte de 
obrigação no sentido de que a avença entre as partes faz gerar um liame entre elas, 
de modo de que uma ou ambas se comprometem a realizar uma prestação. 
 
Quase-contrato – Surge para justificar o aparecimento de obrigações 
advindas de atos humanos lícitos, que não provêm de acordo de vontade, mas que 
representam um procedimento parecido com a relação convencional; é quase um 
contrato. 
 
Exemplo: gestão de negócios (administração não autorizada previamente, 
tomada por deliberação e iniciativa do gestor. Para se concretizar é necessário o 
desconhecimento por parte do dono do negócio. Outro exemplo: quando alguém 
morre no estrangeiro e seu companheiro de viagem recolhe a bagagem e remete aos 
herdeiros) ou a repetição do indébito (coisa recebida sem causa ou indevidamente = 
pagamento indevido). 
 
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A relação entre o que pagou (solvens) e o que recebeu (accipiens) não é de 
ordem contratual, assim, o ordenamento jurídico ordena sua devolução. Outro 
exemplo que podemos citar é a promessa de recompensa. 
 
Delito – Todo ato que, mediante dolo (intenção), cause prejuízo ao 
patrimônio de outrem. Também é considerado fonte da obrigação porque toda 
pessoa que intencionalmente causa dano a outra fica obrigado a reparar o dano. 
Consiste no ilícito dolosamente cometido, causador de prejuízo a outrem. Exemplo: 
roubo, furto ou injúria. 
 
Quase-delito – É todo ato que, em decorrência de culpa, imperícia, 
imprudência ou negligência cause dano a outrem. Aproxima-se do delito. O autor não 
queria causar o dano, mas desastradamente causou. Exemplo: aquele de seu 
apartamento deixou cair algum objeto provocando ferimentos em um transeunte. 
Envolve a idéia de culpa, pois o prejuízo causado à vítima decorreu apenas da 
negligência, imperícia ou imprudência do agente. 
 
Essa classificação é considerada muito ampla por alguns doutrinadores. 
Porém, TITO FULGÊNCIO menciona apenas a LEI como fonte das obrigações. Essa 
tese adotada por esse autor é muito rigorosa, pois é do nosso conhecimento que a 
lei é a fonte primária de todas as obrigações, e as fontes citadas acima englobam 
todas as possibilidades de nascedouro das obrigações. 
 
Apesar dessa classificação ter figurado durante muito tempo no campo do 
direito das obrigações como suas fontes, atualmente essa classificação sofreu 
mudança integrante do Código Civil vigente. 
 
 
FONTE DAS OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
- CONTRATO 
- ATO (DECLARAÇÃO) UNILATERAL DA VONTADE 
- ATO ILÍCITO 
 
- o contrato – os contratos e convenções oriundos da vontade humana; 
 
- a declaração unilateral da vontade – equiparáveis ao contrato, mas 
origina-se exclusivamente pela manifestação unilateral da vontade, como por 
exemplo, a gestão de negócio, a promessa de recompensa; e 
 
- o ato ilícito – os atos praticados com dolo ou culpa. 
 
- vontade da lei – pode-se dizer ainda que a obrigação resulta da vontade 
do Estado, por intermédio da lei (exemplo: obrigação de prestar alimentos, obrigação 
do patrão responder pelo ato do empregado, obrigação do pai responder pelo ato do 
filho. 
 
ATENÇÃO: 
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Boa-fé Objetiva: 
 
Trata-se um novo princípio estabelecido pelo atual Código Civil e por ser 
uma novidade merece toda atenção. Segundo este princípio, as partes devem agir 
com lealdade, probidade e confiança recíprocas, com o dever de cuidado, 
cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com equidade e 
razoabilidade. 
 
É o óbvio, mas não havia previsão legal sobre isto. Lembrando que a 
expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, a 
convicção de alguém que acredita estar agindo de acordo com a lei, isto é, a 
conduta normal esperada pela sociedade (homem médio). 
 
Conforme dispõe o art. 422 CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, 
assim na conclusãodo contrato, como em sua execução, os princípios de probidade 
e boa-fé”. 
 
Portanto, a observância deste princípio deve estar presente no momento da 
elaboração, na conclusão e execução de uma obrigação (oriunda de qualquer fonte – 
contrato, ato unilateral, ato ilícito). 
 
Vale ressaltar que um contrato, além de sua função econômica de circulação 
de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, 
solidariedade, dignidade da pessoa humana, que são objetivos primordiais de 
nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um contrato deve ser útil e justo. A 
quebra deste dever gera a violação e conseqüentemente a responsabilização. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES: 
 
São os requisitos fundamentais (indispensáveis) das obrigações. São eles: 
 
- sujeitos (ativo e passivo); 
- objeto; e 
- vínculo jurídico. 
 
a) Sujeitos (também chamado de elemento subjetivo ou pessoal) - partes 
na relação obrigatória, determinadas ou determináveis: 
 
Sujeito ativo – é o credor, ou seja, aquele que pode exigir o cumprimento da 
obrigação. É o participante da relação obrigacional que tem a expectativa de receber 
do outro uma prestação, ele tem uma pretensão com relação ao devedor. 
 
Sujeito passivo – é o devedor, ou seja, aquele que tem o dever de colaborar 
com o credor, lhe fornecendo a prestação devida. Espera-se que o devedor 
satisfaça, voluntária ou por força coercitiva da lei, a prestação ajustada entre ele e o 
credor. 
 
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Esta obrigação do devedor colaborar com o credor adveio ou de sua 
vontade, ou de seu comportamento desastrado (hipótese do ato ilícito) ou derivou de 
uma imposição legal. Entretanto, em qualquer das hipóteses, o devedor está 
legalmente vinculado, e em caso de inadimplemento pode o credor recorrer ao Poder 
Judiciário. 
 
A sujeição do patrimônio do devedor só vai aparecer posteriormente, com a 
intervenção do Estado caso o devedor não cumpra com a obrigação 
satisfatoriamente. 
 
Os sujeitos podem ser pessoas naturais (físicas) ou jurídicas, devendo ser 
determinados ou, ao menos, determináveis. Não se considera, como capaz de gerar 
uma obrigação, um contrato em que os sujeitos sejam indeterminados. 
 
Pode haver contrato em que, a princípio, um dos sujeitos seja indeterminado, 
mas no qual existam elementos que permitam determinar o sujeito (exemplo: alguém 
coloca um anúncio prometendo recompensa para quem encontrar um cachorro: de 
imediato não se sabe quem é o credor da obrigação, mas a declaração traz 
elementos que podem determinar o sujeito ativo: quem encontrar o cachorro). 
 
Observação – é possível que os pólos (passivo e/ou ativo) sejam ocupados 
por uma ou várias pessoas (naturais ou jurídicas). Exemplo: “A” pode fazer um 
contrato de locação com “B”. Neste caso há um Sujeito Ativo e um Passivo. Mas “A” 
e “B”, sendo casados, podem fazer um contrato de locação com “C” e “D”, que 
também são casados. Continua havendo dois pólos (Ativo e Passivo), porém em 
cada pólo, há uma pluralidade de pessoas. 
 
b) Objeto (também chamado de elemento objetivo ou material) - É a 
prestação economicamente apreciável que deverá ser cumprida pelo devedor. 
Consiste em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. É o ponto material sobre o qual 
incide a obrigação. 
 
A maioria dos juristas entende que a prestação tem sempre um conteúdo 
patrimonial, porque, caso contrário, seria impossível reparar perdas e danos em caso 
de descumprimento pelo devedor. 
 
Alguns autores não incluem a patrimonialidade da prestação como um de 
seus requisitos essenciais, entretanto, como já dito anteriormente, se a obrigação 
não tiver valor patrimonial não será amparada pelo Direito, porque não interessará ao 
mundo jurídico. 
 
É por isso, que mesmo aqueles autores que não mencionam o valor 
econômico como um dos requisitos da prestação, admitem sempre que a obrigação 
deve conter um conteúdo patrimonial, uma vez que o Direito não pode agir sobre 
realidades puramente abstratas, pois, nesse caso, não será jurídica, mas sim moral. 
Deve ser possível (física e juridicamente), lícita, determinada ou determinável e 
economicamente apreciável. 
 
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Pode-se dizer que o objeto imediato da obrigação é a prestação, e o objeto 
mediato da obrigação é aquele que se descobre com a pergunta o quê? 
 
Requisitos essenciais do objeto: 
 
Possibilidade – porque havendo impossibilidade material, 
concomitantemente à formação da relação obrigacional, a obrigação é nula, nem 
chegando a se formar, eis que jamais o devedor poderá ser constrangido a cumprir a 
prestação. Prestação impossível. Exemplo: homem ir à lua, comprar o oceano. 
 
Liceidade – de lícito. O objeto da prestação não pode ser proibido por lei e 
nem repugnar à moral e aos bons costumes. Ressalte-se que a lei não pode 
estabelecer de forma precisa tudo o que é proibido ou permitido. Em muitos casos 
será necessário o uso do bom senso. Exemplo de prestação ilícita: carregamento de 
maconha, vender um filho. 
 
Determinabilidade – O objeto deve ser determinado ou pelo menos 
determinável. A determinação geralmente é pelo gênero, espécie, quantidade e 
caracteres individuais, mas nada obsta que a determinação seja feita posteriormente. 
Exemplo: um carro, um terreno, compra de safra futura. 
 
Patrimonialidade – (expressão econômica) - A prestação deve ter valor 
econômico, para que, em caso de inadimplemento possa ser convertida em perdas e 
danos. Alguns autores não mencionam a patrimonialidade como um dos requisitos 
do objeto, entretanto, cabe-nos ressaltar que, se a obrigação não representar um 
valor econômico não interessará ao mundo jurídico. 
 
Ressalte-se que todos os requisitos apresentados são essenciais, de forma 
que a ausência de um deles torna nula a obrigação. 
 
c) Vínculo jurídico (também chamado de elemento imaterial ou 
espiritual) – porque disciplinado por lei, e assim sendo vem acompanhado por 
sanção. Se o devedor que legalmente se obrigou, deixar de efetuar o pagamento, a 
lei abre as portas dos pretórios ao credor, para que este, através da execução 
patrimonial do inadimplente, obtenha a satisfação do seu crédito. 
 
Exemplo: podemos dizer que um contrato de locação de uma casa (ou 
qualquer outro contrato) é o vínculo. É este contrato que irá ligar o locador 
(proprietário), o locatário (inquilino) e o bem que está sendo alugado. Vejam que 
locador e locatário fazem parte do Elemento Subjetivo. Já a casa é o Elemento 
Objetivo. E o contrato, propriamente dito é o Vínculo. 
 
É o poder que o sujeito ativo tem de impor ao sujeito passivo uma prestação 
positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer alguma coisa). 
 
O art. 389 do CC diz que o devedor responde por perdas e danos no caso 
de descumprimento da obrigação, mais juros e honorários de advogado. 
 
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O vínculo jurídico possui dois elementos: débito (dívida) e 
responsabilidade. 
 
Dívida – é o elemento espiritual (moral), de foro íntimo do devedor que tem o 
dever de prestar aquilo a que se comprometeu. Pressupõe atividade espontânea. É a 
existência da dívida, da obrigação. 
 
Responsabilidade – é o elemento imaterial. É representado pela 
prerrogativa conferida ao credor de proceder à execução do patrimônio do devedor 
em caso de inadimplência, para satisfação de seu crédito. 
 
Assim, da maneira que o devedor se obriga seu patrimônio responde. 
 
Embora o débito seja o primeiro aspecto que surge na obrigação, ele não 
podeexistir sem a responsabilidade, uma vez que esta garante aquele, porque a 
responsabilidade revela a garantia de execução das obrigações pelo credor. 
 
Esses dois elementos podem surgir em pessoas distintas, como no caso da 
fiança. Nessa espécie de contrato o fiador responsabiliza-se pelo débito de terceiro 
(não é o devedor principal). 
 
Aqui ocorre o contrário, existe a responsabilidade por parte do fiador, mas 
ele não é o devedor principal. A responsabilidade pode surgir posterior ao débito, de 
forma autônoma, como no caso de garantia de dívida preexistente de outrem, que é 
o caso da fiança. 
 
Vale ressaltar que pode haver débito sem responsabilidade, que é o caso 
das obrigações naturais. São as que se mostram desprovidas de qualquer sanção 
legal, pelo que não pode ser exigida por ação judicial. É mero dever moral. Exemplo: 
dívida prescrita ou dívida de jogo. 
 
Essa bipartição do vínculo jurídico, em débito e responsabilidade existente 
na obrigação, fica bem definida nos casos de exceção à regra geral, como no caso 
citado acima, pois nessas obrigações existe o débito, mas o credor não está 
legitimado a exigir seu cumprimento. 
 
A obra de Clóvis do Couto e Silva, reeditada pela Fundação Getúlio Vargas, 
tem como título “A Obrigação como um Processo”. Trata-se de uma das mais 
importantes obras do Direito Obrigacional brasileiro. Segundo o autor, a relação 
obrigacional somente poderia ser compreendia em seu aspecto dinâmico, tal como 
se dá em uma relação processual: 
 
“A obrigação é um processo, vale dizer, dirige-se ao adimplemento, para 
satisfazer o interesse do credor. A relação jurídica, como um todo, é um sistema de 
processos. Não seria possível definir a obrigação como ser dinâmico se não existisse 
separação entre o plano do nascimento e desenvolvimento e o plano do 
adimplemento. A distância que se manifesta, no mundo do pensamento, entre esses 
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dois atos, e a relação funcional entre eles existentes, é que permite definir-se a 
obrigação. 
 
FIQUE ATENTO - INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR: consumidor inadimplente 
 
Duas súmulas do STJ tratam da inscrição do consumidor em atraso nos 
serviços de proteção ao crédito (SPC e Serasa). 
 
A Súmula 359 diz que “cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção 
ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. 
 
Alguns recursos julgados a respeito deste assunto foram movidos por 
empresas ou instituições credoras, já que, por vezes, atribuía-se a elas, e não às 
mantenedoras dos cadastros, a responsabilidade pela notificação do consumidor. 
 
Por quanto tempo o nome do consumidor fica no cadastro de inadimplentes? 
 
Outra súmula tratou deste prazo. Em novembro de 2005, a Segunda Seção 
do STJ aprovou a Súmula 323, dizendo que “a inscrição de inadimplente pode ser 
mantida nos serviços de proteção ao crédito por, no máximo, cinco anos”. 
 
 
 
DISTINÇÕES FUNDAMENTAIS ENTRE DIREITOS PESSOAIS E REAIS: 
 
Para adentrarmos com mais eficácia no estudo do direito das obrigações se 
faz necessário precisar a sua amplitude. Cabe-nos ressaltar que somente os direitos 
de conteúdo econômico (direitos de crédito), que são passíveis de circulação jurídica, 
poderão participar de relações obrigacionais, descartando de imediato, por exemplo, 
os chamados direitos da personalidade (direito à vida, ao nome, à honra, à 
privacidade, à imagem). 
 
O fim natural da obrigação, seja qual for a sua modalidade, é o seu 
cumprimento, que representa o meio normal de satisfação do interesse do credor. 
Assim, entende-se que o cumprimento da prestação (atividade do devedor) é que 
interessa ao credor e não a coisa em si (dinheiro, bem móvel ou imóvel) que constitui 
o objeto imediato da obrigação, que é o próprio direito ao crédito. 
 
Assim, podemos afirmar que os direitos de crédito (pessoais, porque 
corresponde o dever de prestar, de natureza pessoal) integram o estudo do direito 
das obrigações, pois o devedor se compromete a dar, fazer ou não fazer alguma 
coisa e os direitos reais são aqueles que se traduzem o poder jurídico de uma 
pessoa sobre uma determinada coisa (propriedade, usufruto, servidão, etc), e serão 
estudados no direito das coisas. 
 
Desse modo o Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: direitos não-
patrimoniais (que tratam dos direitos da personalidade, direito a vida, a liberdade, a 
honra etc.) e direitos patrimoniais (que tratam dos direitos que envolvem valores 
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econômicos). O Direito das Obrigações e o Direito das Coisas integram os direitos 
patrimoniais. Entretanto, apesar de integrarem o mesmo ramo, não podem ser 
confundidos, porque o primeiro trata de direitos pessoais e o segundo trata dos 
direitos reais. 
 
Direito pessoal é o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto uma 
determinada prestação. Forma-se uma relação de crédito e débito entre as pessoas. 
 
Direito real é o poder, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com 
exclusividade e contra todos. Cria um vínculo entre a pessoa e a coisa (direito de 
propriedade), e esse vínculo dá ao titular uma exclusividade em relação ao bem 
(erga omnes). 
 
Outras diferenças entre os direitos pessoais e os direitos reais podem ser 
expressos: 
 
a) Quanto à formação 
 
Direitos reais: têm origem na lei, não podem ser criados em um contrato 
entre duas pessoas, sendo, por esse motivo, limitados. Seguem o princípio do 
numerus clausus (número limitado), encontrando-se elencados no artigo 1.225 do 
Código Civil. 
 
Direitos pessoais: não resultam apenas da lei, nascem de contratos entre 
pessoas. Há vários contratos nominados pela lei, entretanto, é possível a criação de 
contratos inominados, pois, para exsurgir um direito pessoal, basta que estejam 
presentes os requisitos de sua formação. Segue, normalmente, o princípio do 
numerus apertus (número aberto, rol exemplificativo) (artigo 425 do Código Civil). 
 
b) Quanto ao objeto 
 
Direito das coisas: o objeto é sempre um bem corpóreo. Direito pessoal: o 
objeto é a prestação. Sempre que duas pessoas celebram um contrato uma delas 
torna-se devedora de uma obrigação em relação a credora. 
 
c) Quanto aos sujeitos 
 
Direito pessoais: os sujeitos são o credor e o devedor (sujeito ativo e sujeito 
passivo). Direitos reais: costuma-se dizer que o direito real somente possui o sujeito 
ativo porque este é ligado à coisa (de um lado o titular e do outro lado a coisa). A 
explicação, entretanto, é didática. 
 
Nos direitos reais, em princípio, o sujeito passivo é indeterminado porque 
todas as pessoas do universo devem abster-se de molestar o titular (são direitos 
oponíveis erga omnes). No instante em que alguém viola o direito do titular, o sujeito 
passivo se define. 
 
d) Quanto à duração 
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Direitos pessoais: são transitórios, pois nascem, duram um certo tempo e se 
extinguem (pelo cumprimento, pela compensação, pela prescrição, pela novação). 
Direitos reais: são perpétuos, significa dizer que não se extinguem pelo não uso, 
entretanto, extinguem-se pelas causas expressas em lei (por exemplo: 
desapropriação, usucapião em favor de terceiros, perecimento da coisa, renúncia). 
 
 
Resumindo!!!! 
 
Relação Jurídica Obrigacional: 
 
Sujeito Ativo 
(credor) 
Relação Jurídica 
Obrigacional 
Sujeito Passivo 
(devedor) 
 
Relação Jurídica Real: 
 
Titular do Direito Real Relação Jurídica Real Bem/Coisa 
 
 
 
 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
Julgado do STJ:AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. 
PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR. 
PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. 
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO 
NÃO CONHECIDO. 
1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se 
como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre 
quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o 
seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos 
condominiais contra os proprietários. 
2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a 
ser penhorado, ainda que gravado como bem de família. 
 
 
OBRIGAÇÕES CIVIS E OBRIGAÇÕES NATURAIS: 
 
Obrigações civis – são as que apresentam os três elementos constitutivos 
já vistos, sujeito, objeto e vínculo jurídico, sendo que o este último se decompõe em 
débito e responsabilidade. 
 
Há um vínculo jurídico que sujeita o devedor a cumprir uma prestação em 
favor do credor. Existe um liame entre o débito e a responsabilidade do devedor no 
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caso de inadimplemento, o que possibilita o credor a recorrer ao judiciário para 
executar o patrimônio do inadimplente. 
 
Obrigações naturais – são aquelas que apresentam os três elementos, 
entretanto o vínculo jurídico é imperfeito, pois existe o débito, mas não existe a 
responsabilidade. São aquelas inexigíveis, uma vez que não existe a garantia 
patrimonial. 
 
O credor tem que esperar que o devedor pague espontaneamente a dívida. 
Isso porque a obrigação natural apresenta todos os elementos da relação creditória, 
exceto a ação, pois o credor é credor e o devedor é devedor. 
 
Entretanto apesar de existir o objeto falta-lhe a ação, pois o sujeito ativo não 
pode tornar efetiva a prestação pelo fato da mesma estar despida da execução 
forçada, ou porque a cobrança dessa dívida repugnaria à consciência da coletividade 
(dívida de jogo) ou porque o credor deixou de cobrar a dívida quando deveria e a 
mesma prescreveu. 
 
As obrigações naturais são também chamadas de obrigações incompletas, 
pois apresentam como característica essencial a particularidade de não serem 
judicialmente exigíveis, contudo se forem cumpridas espontaneamente o pagamento 
é tido por válido e não caberá repetição, ou seja, poderá ser retido pelo credor. 
Exemplos: dívida de jogo e dívida prescrita. 
 Não se deve confundir obrigação natural com dever de consciência. 
Aquele que dá esmola age por solidariedade (dever de consciência), 
entretanto não existia qualquer débito anterior; no caso da 
obrigação natural existia um débito anterior, embora agora ele seja 
inexigível. 
 No direito moderno, a única consequência jurídica das obrigações 
naturais é o direito do credor de reter o que lhe for pago pelo 
devedor (art. 882 do CC). 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
A doutrina apresenta diversas classificações no estudo das obrigações. 
Destaca-se a classificação que se segue diante da análise do que seja a mais 
importante. 
 
Quanto ao objeto: 
 
É sempre uma conduta humana - dar, fazer ou não fazer alguma coisa - e se 
chama prestação. Duas delas são positivas (dar e fazer) e uma é negativa (não 
fazer). 
 
Quanto aos elementos constitutivos: 
 
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Leva em conta o número de sujeitos e o número de objetos. As 
obrigações, quanto aos elementos constitutivos, podem ser simples e compostas 
(complexas). 
 
Obrigação simples é aquela que tem um único sujeito ativo, um único 
sujeito passivo e um só objeto. Basta que um desses elementos seja em número 
de dois para que a obrigação seja composta. 
 
Quando possui mais de um objeto, a obrigação é chamada de obrigação 
composta pela multiplicidade de objetos; quando possuir mais de um sujeito, é 
chamada de composta pela multiplicidade de sujeitos. 
 
a) Compostas pela multiplicidade de objetos: 
 
Podem ser cumulativas (também chamadas de conjuntivas) e alternativas 
(também chamadas de disjuntivas). 
 
Nas obrigações cumulativas, os vários objetos estão ligados pela conjunção 
e (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel e um animal). 
 
Nas obrigações alternativas os vários objetos estão ligados pela disjuntiva 
ou (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel ou um animal). 
 
Na obrigação alternativa, temos um único vínculo obrigacional, com 
múltiplas prestações, porém efetuada a escolha, em princípio pelo devedor, 
individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas. Caso pereça alguma das 
prestações, sem que tenha havido culpa por parte do obrigado, o direito do credor 
fica circunscrito às coisas restantes, fenômeno este denominado "concentração". 
 
O nosso ordenamento não tratou a respeito de "obrigações facultativas", isto 
é, obrigações que têm por objeto apenas uma obrigação principal, mas que confere 
ao devedor a possibilidade de liberar-se mediante o pagamento de outra prestação 
prevista na avença, com caráter subsidiário. Temos apenas uma prestação principal, 
verdadeiro objeto da obrigação, e uma acessória ou subsidiária, tendo esta última 
apenas caráter liberatório do contrato. 
 
Obrigações facultativas quando, tendo um único objeto, o devedor tem a 
faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista 
subsidiariamente. 
 
b) Compostas pela multiplicidade de sujeitos: 
 
As obrigações podem ser divisíveis, indivisíveis e solidárias. 
 
São divisíveis quando o objeto da prestação pode ser dividido entre os 
vários credores ou os vários devedores. 
 
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São indivisíveis quando o objeto da prestação não pode ser dividido entre 
os vários credores ou os vários devedores. Quando o objeto é indivisível e um só dos 
devedores é encontrado, embora cada um deva cumprir sua quota-parte, esse terá 
de cumprir integralmente a obrigação, tendo direito de regresso em face dos demais 
devedores. 
 
Nas obrigações solidárias não se toma por base a divisibilidade ou não do 
objeto, devendo-se observar se existe alguma cláusula contratual ou um 
dispositivo de lei que disponha ser a obrigação solidária. 
 
Quando a obrigação é solidária, cada devedor responde sozinho pela dívida 
integral. O artigo 932 do Código Civil dispõe que os pais respondem pelos atos dos 
filhos menores; que o patrão responde pelos atos dos seus empregados. A obrigação 
dessas pessoas é solidária (artigo 942 do Código Civil). 
 
Quanto aos efeitos, há certa semelhança entre a indivisibilidade e a 
solidariedade, pois nas duas, ainda que haja vários devedores, somente de um o 
credor poderá cobrar a obrigação integral. 
 
ATENÇÃO: DAS PERDAS E DANOS 
 
Conceito: 
 
Na terminologia técnica do Direito, perdas e danos exprime a expressão que 
evidencia prejuízos a que uma pessoa tenha causado a outrem, por ato próprio ou 
alheio, mas de sua responsabilidade. 
 
No sentido jurídico, perdas e danos é o prejuízo efetivo e atual que 
promove o desfalque ao patrimônio (dano emergente) mais ainda os lucros ou 
frutos que não possam ser percebidos (lucros cessantes). 
 
Outras classificações: 
 
Obrigações de meio: quando o devedor não se responsabiliza pelo resultado 
e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu alcance para consegui-lo. Se 
não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será 
considerado inadimplente (exemplo: obrigaçõesdos advogados, e dos médicos em 
geral). 
 
Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual 
e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de 
meio e não de resultado. 
 
Obrigação de resultado: quando o devedor se responsabiliza por esse 
mesmo resultado. Se o resultado não for obtido, o devedor será considerado 
inadimplente. 
 
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Exemplo: médicos que executam cirurgia plástica de natureza estética 
(embelezadora), o que constitui uma exceção ao exercício desses profissionais, a 
não ser que seja para correção de doença: cirurgia estética reparadora. 
 
Obrigações civis: aquelas cujo cumprimento pode ser exigido porque 
encontra amparo no direito positivo (a todo direito corresponde uma ação que o 
assegura). O ordenamento jurídico dá apoio ao credor. 
 
Obrigações naturais: são as dívidas prescritas, dívidas de jogo e os juros 
não convencionados. Não podem ser cobradas em Juízo. 
 
Obrigações de execução instantânea: as contraídas para serem cumpridas 
instantaneamente (exemplo: compra e venda à vista). 
 
Obrigações de execução diferida: aquelas que devem ser cumpridas em 
momento futuro. É diferida porque transferida para data futura (pagar em 30 dias). 
 
Obrigações de prestações sucessivas: são cumpridas em vários atos, 
como ocorre com as prestações periódicas (compra de um bem para pagar em 30 
parcelas). 
 
Obrigações condicionais: aquelas cuja eficácia está subordinada a um 
evento futuro e incerto; geralmente aparecem com a partícula se (dar um carro se 
passar no vestibular). 
 
Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento 
futuro e certo (dar um carro no natal). 
Obrigações com encargo: aquelas sobre as quais pesa um determinado 
encargo (ônus). Verifica-se nas doações e nos testamentos, que são chamados atos 
de liberalidade. 
 
Obrigações híbridas: as que constituem um misto de direito real e de direito 
pessoal (exemplo: obrigação propter rem, que recai sobre uma pessoa em razão de 
sua condição de titular de um determinado direito real). 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
- STJ: CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - 
OBRIGAÇÃO DE RESULTADO (RESPONSABILIDADE CONTRATUAL OU 
OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Contratada a 
realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação de 
resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não 
cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma 
irregularidade. II - Cabível a inversão do ônus da prova. III - Recurso conhecido e 
provido. 
 
OBS.: Existe, na jurisprudência, entendimento no sentido de que a cirurgia para a 
correção de miopia, por se tratar de procedimento médico, encerra OBRIGAÇÃO DE 
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MEIO, e não de RESULTADO (ou seja, havendo melhora na acuidade visual, a sua 
finalidade foi atingida, não podendo o médico garantir a visão perfeita): “Por 
considerar que uma clínica não foi responsável pelos danos no olho de um paciente, 
a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou o entendimento 
de primeira instância e a dispensou de pagar indenização. Para o relator, Pereira da 
Silva, a cirurgia no olho do paciente, para correção de miopia, “foi realizada com a 
técnica certa, com destreza e zelo, sendo certo que a sequela decorreu por fatores 
pessoais do paciente”. Ainda segundo o relator, “vale registrar que o contrato de 
prestação de serviços médicos é, em geral, considerado de meio, como no presente 
caso, e não de resultado”. Assim, cabe a indenização quando o serviço é prestado 
de forma negligente. Havia “um risco intrínseco ao procedimento adotado, que na 
época era o único existente e adequado à doença”, afirmou. Mas, de acordo com o 
desembargador, houve também uma redução da miopia de 13 para 3,5 graus. A 
cirurgia custou R$ 420. Durante a recuperação, a região central da córnea ficou 
prejudicada e, com isso, houve uma redução da visão do olho operado. O rapaz 
entrou na Justiça contra a clínica. Alegou falha no procedimento cirúrgico. Já a 
clínica alegou ter informado sobre a possibilidade de uma má cicatrização, que 
poderia gerar um corpo opaco no olho. Também argumentou que, após a cirurgia, o 
paciente não compareceu mais ao local para aplicação de colírio. Cabe recurso. Leia 
a decisão: APELAÇÃO CÍVEL 1.0707.01.044481-8/001” (Informação do Consultor 
Jurídico: http://www.conjur.com.br/static/text/56944,1#null, acessado em 20 de 
setembro de 2008) 
 
OBRIGAÇÕES PROPTER REM 
 
No Direito Medieval surgiu uma terceira categoria de obrigações, que são as 
chamadas obrigações propter rem (próprias da coisa). São obrigações no sentido 
estrito, mas sempre vinculadas a um direito real acompanhando a coisa sempre que 
troca de proprietário ou possuidor, ou seja, independente de quem seja: o obrigado é 
sempre o proprietário ou possuidor atual. Exemplo: pagamento da taxa de 
condomínio. 
 
As obrigações decorrem de um direito real, que muitas vezes é o de 
propriedade (principal direito real), mas também pode decorrer da posse. Exemplo: é 
o inquilino quem paga as despesas normais de conservação. 
 
Também chamadas de obrigações reais porque são decorrentes da relação 
(poder) entre o devedor e a coisa. A obrigação propter rem é aquela em que o 
devedor, por ser titular de um direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada 
prestação que, por conseguinte, pode não derivar da manifestação expressa ou 
tácita de sua vontade. 
 
Exemplos de obrigações propter rem: a despesa do condômino de 
contribuir para a conservação da coisa comum, a do proprietário de um apartamento, 
num edifício em condomínio de pagar a taxa condominial, de não alterar a forma 
externa da fachada, a do proprietário de imóvel incorporado ao patrimônio histórico e 
artístico nacional de não destruí-lo ou realizar obras que modifiquem sua aparência, 
etc. 
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Em todos os exemplos citados verifica-se que o devedor está ligado à 
obrigação porque é proprietário ou possuidor de um bem. Podem decorrer da 
comunhão ou co-propriedade, do direito de vizinhança, do usufruto, da servidão e da 
posse. 
 
Características das obrigações propter rem: esta obrigação caracteriza-se 
pela presença de três características básicas: 
 
a) Ela prende o titular de um direito real, seja ele quem for, em virtude de sua 
condição de proprietário ou possuidor da coisa. Não pode existir, portanto, fora das 
relações de direito real; 
 
b) O devedor se livra da obrigação pelo abandono do direito real, ou seja, 
renunciando ao direito de propriedade sobre a coisa o devedor se exonera; e 
 
c) A obrigação se transmite aos sucessores a título singular do devedor, 
ainda que o novo devedor não saiba de sua existência. Exemplo: se alguém recebe 
por herança um bem, que é parte comum num condomínio, será esse novo dono que 
terá obrigação de contribuir para as despesas de conservação da coisa. 
 
Natureza jurídica da obrigação propter rem 
 
É uma obrigação acessória mista, por vincular-se a direito real, objetivando 
uma prestação devida a seu titular. A obrigação propter rem tem por objeto uma 
prestação específica e está incorporada a um direito real. A pessoa do devedor pode 
variar, na dependência da relação da propriedade ou da posse que venha a existir 
entre o sujeito e determinada coisa. 
 
Obrigações Líquidas e Ilíquidas: 
 
Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e determinadaquanto 
ao seu objeto. A prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo 
do que ocorre quando alguém se obriga a entregar ao credor a quantia de R$100,00. 
A obrigação ilíquida, por sua vez, carece de especificação do seu quantum, para que 
possa ser cumprida. 
 
ATOS UNILATERIAIS (FONTE DAS OBRIGAÇÕES) 
 
 
Como já estudamos, a obrigação não nasce de um contrato, da prática de 
um ato ilícito, da lei1 ou de uma declaração de vontade. 
 
Desta feita, pode uma obrigação nascer em decorrência de uma conduta 
unilateral de alguém, que se obriga ou obriga a outrem. Os atos unilaterais são 
 
1 Há obrigações que resultam diretamente da lei: alimentos, indenizar os danos causados por seus 
empregados, entregar coisa alheia achada. 
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fontes das obrigações, ou seja, para surgir obrigações (devedor e credor) deve-se ter 
uma origem, uma causa no direito. 
 
Cumpre diferenciar os atos unilaterais dos contratos, quanto à sua formação. 
Nos contratos, a obrigação nasce a partir do momento em que for verificado o 
choque ou encontro de vontades entre as partes negociantes, em regra. Nas 
declarações unilaterais de vontade ou atos unilaterais a obrigação nasce da simples 
declaração de uma única parte, formando-se no instante em que o agente se 
manifesta com a intenção de assumir um dever obrigacional. Sendo emitida a 
declaração de vontade, esta se torna plenamente exigível ao chegar ao 
conhecimento a quem foi direcionada. 
 
NATUREZA JURÍDICA: manifestação (ato) unilateral, diferenciando-se dos 
contratos: bilateralidade contratual. 
 
Disciplina do CC/2002: destacados como em título com 04 modalidades: 
 
 
 
 
☺ PROMESSA DE RECOMPENSA: 
arts. 854 a 860, CC 
 
 
☺ GESTÃO DE NEGÓCIOS: 
arts. 861 a 875, CC. 
 
 
☺ PAGAMENTO INDEVIDO: 
arts. 876 a 883, CC. 
 
 
☺ ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA: 
arts. 884 a 886, CC. 
 
 
 
PROMESSA DE RECOMPENSA: 
 
CONCEITO: Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a 
recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo 
serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. Conceito este descrito pelo próprio 
legislador (art. 854, CC)2. 
 
2 Recompensa para ser mais bem compreendida é preciso fazer menção ao direito real. Ela é 
atribuída a quem acha COISA ALHEIA MÓVEL PERDIDA, que no CC/16 era chamada de 
INVENÇÃO, que era tratada como forma de aquisição da propriedade de coisa móvel. No atual 
CC/02, não houve a extinção da invenção, mas, sim atribuição de outra nomenclatura para 
DESCOBERTA e colocação em outro lugar dentro do código, agora está tratada no artigo 12332, em 
seção dentro do capítulo DA PROPRIEDADE EM GERAL. 
Quem acha coisa alheia móvel perdida tem direito a uma recompensa, que será arbitrada pelo juiz em 
valor não inferior a 5% do valor da coisa encontrada (artigo 12342). Mas, essa recompensa pode ter 
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Segundo Ricardo Fiúza, a promessa de recompensa pode ser definida como 
o ato obrigacional de alguém que, por anúncio público, se compromete a 
recompensar, ou gratificar, pessoa que preencha certa condição ou desempenhe 
certo serviço. É uma das formas de obrigação resultante de declaração unilateral da 
vontade. Significa a aplicação do princípio da obrigatoriedade da promessa feita a 
pessoa ausente. 
 
NATUREZA JURÍDICA: duas correntes: 
 
- O vínculo obrigatório somente se forma com a manifestação do terceiro 
(pessoa) que preencheu a condição ou desempenhou o serviço, aceitando-a. 
 
- Considera negócio jurídico unilateral: obriga aquele que emite a declaração 
de vontade desde o momento em que ela se torna pública, independentemente de 
qualquer aceitação (CC/2002). 
 
Exemplos: feitas a quem encontrar um objeto (animal, carteira com 
documentos), ou pessoa desaparecida, informações que levem a captura de 
criminosos, professor promete atribuir nota 10 para quem não faltar suas aulas, 
quem levantar 10000 kg (peso). 
 
Situação hipotética: um caso em que alguém perdeu um animal de 
estimação, um cachorro. Para recuperar o animal, o dono coloca uma faixa em uma 
avenida de grande circulação, oferecendo uma recompensa. Alguém que conhece o 
cão e o seu dono, mas que no momento desconhece a promessa, encontra o animal 
e o leva à casa do seu proprietário. Essa pessoa terá direito à recompensa, pois agiu 
conforme os ditames da boa-fé. Também terá direito aos valores gastos com o 
cumprimento da tarefa, como, por exemplo, as despesas feitas para a alimentação 
do animal, cuidados veterinários e transporte. 
 
REQUISITOS: 
 
ESPECÍFICOS: 
 
a) publicidade (pelo menos duas pessoas); 
b) especificação da condição a ser preenchida ou do serviço a ser 
desempenhado; 
c) indicação da recompensa ou gratificação. 
 
GERAIS: para a validade do negócio jurídico (art. 104, CC): sujeito capaz, 
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma não proibida em lei. 
 
 
sido prometida pelo dono da coisa (não pode a promessa ser inferior ao mínimo que o código 
determina); quando há a promessa de recompensa, o dono estará obrigando-se por ato unilateral. 
 
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A pessoa que cumprir a tarefa prevista na declaração, executando o serviço 
ou satisfazendo a condição, ainda que não esteja movida pelo interesse da 
promessa, poderá exigir a recompensa estipulada (art. 855 do CC). Esse dispositivo 
valoriza a eticidade e a boa-fé objetiva. 
 
A promessa feita com publicidade é dirigida a qualquer pessoa. Se alguém 
apresentar aquilo que foi publicamente pedido, o promitente (aquele que se obriga, 
por promessa, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa) vinculado por sua promessa 
tem de aceitar a prestação, ou cumprir o que prometeu. Não é necessário que o 
serviço tenha sido realizado no interesse da recompensa. Basta que corresponda às 
condições do anúncio, a não ser que o promitente haja, de modo expresso, exigido 
um ato que se realize por causa de sua solicitação. 
 
Com efeito, O executor é credor do devedor promitente, em caso de 
inadimplemento (ação de cobrança, efeitos do inadimplemento, obrigação de fazer, 
não fazer). 
 
EXECUTADO POR MAIS DE UMA PESSOA: art. 857, 858, CC. Primeiro 
que executou o serviço (concurso de beleza ou de força), se simultânea a execução 
(quota parte – se indivisível: sorteio e aquele que ficar com a coisa dará ao outro a 
quota parte – quinhão). 
 
Extrai-se que no caso da execução conjunta ou plúrima (vários sujeitos), 
sendo o ato contemplado na promessa praticado por mais de um indivíduo, terá 
direito à recompensa o que primeiro o executou (art. 857 do CC). Entretanto, sendo 
simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa, caso seja 
possível a divisão (art. 858 do CC). Se a estipulação tiver como conteúdo um bem 
indivisível, deverá ser realizado um sorteio. 
 
Aquele que obtiver a coisa (vencedor) dará ao outro o valor correspondente 
ao seu quinhão. Esse sorteio deverá ser realizado dentro das regras legais, da 
razoabilidade e do bom senso (mais uma aplicação da eticidade, da boa-fé objetiva). 
 
Exemplo: a recompensa do concurso é um carro no valor de R$ 20.000,00, 
ocorrendo o sorteio, o credor que ficar com o carro, repassará ao outro credor o valor 
deR$ 10.000,00. 
 
 
PUBLICIDADE: não é relevante o meio pelo qual a proposta é veiculada 
(imprensa escrita ou falada, sala, auditório, parque, rua), dirigida a pessoas 
indeterminadas. Caso ocorra a individualização estaremos diante de um contrato 
(acordo entre as partes). 
 
REVOGABILIDADE DA PROMESSA: o art. 856, CC, assim dispõe: antes de 
prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, 
contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à 
execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a 
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oferta. Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá 
direito a reembolso. 
 
A promessa pode ser revogada antes de prestado o serviço ou cumprida a 
condição, desde que seja dada à revogação a mesma publicidade dispensada à 
promessa. Se, contudo, for fixado prazo para o cumprimento da tarefa, subentende-
se que, durante esse período, o promitente renuncia o direito à revogação. 
 
Fica salvaguardado ao candidato de boa-fé o reembolso das despesas 
eventualmente feitas, antes da revogação. Mais uma vez é valorizado no novo 
Código Civil o princípio da boa-fé, que deve estar sempre presente nas relações 
obrigacionais. 
 
Discute-se se haverá direito à recompensa se o candidato tiver executado a 
tarefa a contento, não sabendo da revogação da estipulação. Pela valorização da 
boa-fé e pelo que consta do art. 855, é forçoso concluir que a resposta não pode ser 
outra que não a positiva. Nesse sentido, vale citar o Código Civil português, que 
estabelece em seu art. 459, (parágrafo) 2: "Na falta de declaração em contrário, o 
promitente fica obrigado mesmo em relação àqueles que se encontrem na situação 
prevista ou tenham praticado o fato sem atender à promessa ou na ignorância dela". 
 
OBJETO: necessário sua especificação, isto é, a condição a ser preenchida 
ou do serviço a ser desempenhado. 
 
RECOMPENSA OU GRATIFICAÇÃO: pode ser entrega de um objeto (dar), 
realização de uma atividade (fazer: realizar um tratamento médico – cirurgião 
plástico). 
 
Observação: quando não indicada a recompensa/gratificação – caso 
concreto dependendo do serviço, despesas, incômodos, dificuldades. 
 
PROMESSA FORMULADA EM CONCURSO PÚBLICO: art. 859, 860, CC. 
Fixação de prazo (trabalhos literários, científicos e artísticos). 
 
No caso de concursos que se abrirem com promessa pública de 
recompensa, é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas 
também as regras analisadas anteriormente (art. 859 do CC). 
 
Nesses concursos, é comum a nomeação de um juiz (árbitro), que irá avaliar 
os trabalhos. A decisão dessa pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os 
interessados (art. 859, §1°, do CC). 
 
Na falta dessa pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se 
apresentarem, entender-se-á que o promitente da recompensa reservou para si esta 
função (§ 2°). Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com as 
regras vistas para a promessa de recompensa: anterioridade, divisão e sorteio (§3°). 
 
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Por fim, nos concursos públicos, as obras premiadas só ficarão pertencendo 
ao promitente se assim for estipulado na publicação da promessa (art. 860 do CC). 
 
Para exemplificar, em concursos de monografias jurídicas os trabalhos 
pertencem aos seus autores, em geral, aplicando-se as regras de proteção previstas 
na Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Porém, é possível convencionar que os 
direitos patrimoniais de exploração da obra premiada passarão a pertencer àquele 
que idealizou o concurso. 
 
Explica Ricardo Fiúza que no novo Código Civil, à feição do Código Civil de 
1916, é feita a distinção entre a promessa de recompensa a um ato qualquer ou 
atendimento de condições pedidas por anúncio público, e o concurso, que sendo 
uma variedade dessa espécie, oferece particularidades que reclamam disciplina 
adequada. O concurso a que se refere esse artigo diferencia-se dos serviços de que 
trata o Art. 854, pois, por exemplo, achar objetos perdidos ou mesmo denunciar 
criminosos, exige certo esforço ou alguma astúcia, que difere, evidentemente, do 
certame, que exige além disso, capacidade técnica (vestibular de ingresso a curso 
superior). 
 
Quem se submete ao concurso de que fala esse artigo aceita a decisão da 
pessoa nomeada no anúncio como julgadora do mérito dos trabalhos apresentados 
ou, na falta deste ao julgamento, do anunciante, desde que essa decisão se ajuste 
às condições fixadas no anúncio. 
 
GESTÃO DE NEGÓCIOS (arts. 861 a 875, CC): 
 
CONCEITO: Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na 
gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de 
seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar. 
 
Quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na 
administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade 
presumível de seu dono. 
 
É a administração oficiosa feita sem procuração. 
 
Outro conceito: é a administração oficiosa (sem prévio acordo) de negócio 
alheio (negócio em sentido amplo), ocorre quando alguém unilateralmente se 
apressa a cuidar do negócio alheio, está assim gerando uma obrigação para terceiro 
(titular do interesse que oficiosamente está sendo gerido pelo gestor) e não para si 
próprio. 
 
PARTES: gestor e dono do negócio. 
 
Na gestão de negócios há uma atuação sem poderes, uma hipótese em que 
a parte atua sem ter recebido expressamente a incumbência. Na verdade, há no 
caso em questão um quase contrato. Dessa forma, o gestor, que age sem mandato, 
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fica diretamente responsável perante o dono do negócio e terceiros com quem 
contratou. 
 
A gestão, pela ausência de orientação dada pelo dono, não tem natureza 
contratual, pois está ausente o prévio acordo de vontades. Dessa forma, poderá a 
gestão ser provada de qualquer modo, eis que se trata de negócio jurídico informal 
(art. 107 do CC). 
 
A posição do gestor é delicada, pois, além de não ter direito a qualquer 
remuneração pela atuação (negócio jurídico benévolo), deve agir conforme a vontade 
presumível do dono do negócio, sob pena de responsabilização civil (art. 861 do CC). 
 
Conforme leciona Ricardo Fiúza, Gestão de Negócio é a administração não 
autorizada (espontânea e à revelia) de negócios alheios, feita independentemente de 
mandato. A procuração, na espécie, é espontânea e presumida uma vez que o 
gestor (administrador não autorizado) procura fazer aquilo que o dono do negócio o 
encarregaria, se soubesse da necessidade da providência. 
 
Exemplos: gestor de negócios o herdeiro de uma fazenda, que a administra 
sem oposição dos demais herdeiros, e o condômino de coisa indivisível, que cuida 
do bem em comum como se seu fosse e sem oposição dos demais, apenas 
prestando contas de sua gestão (recebimento de alugueres, arrendamentos etc.). 
 
- Vizinhos que mantém as despesas do vizinho ausente; despesas de funeral 
no exterior, alguém que presenciando estragos em prédio alheio, faz os reparos 
necessários a sua conservação; socorre alguém, levando-a ao hospital e paga as 
despesas. 
 
PARA REFORÇAR A EXEMPLIFICAÇÃO: 
 
EXEMPLO 01: vizinho que percebe que a casa do vizinho, que está viajando, 
não tem como ter contato, está ruindo por um defeito; assim, o vizinho que fica 
providencia o conserto da casa, criando para o dono da casa a obrigaçãode 
indenizá-lo. 
 
EXEMPLO 02: dois amigos estão viajando, quando um deles morre e o outro 
cuida de todas as despesas de traslado e tratamento do corpo; o amigo sobrevivente 
cria a obrigação de indenização para os herdeiros, sob pena de enriquecimento em 
causa. 
 
O artigo é mera repetição do Art. 1.331 do Código Civil de 1916, sem 
qualquer alteração, nem mesmo de ordem redacional. Deve ser-lhe dado, portanto. 
Igual tratamento doutrinário. 
 
A preliminar que mudou do CC/16 para o CC/02 reside no fato de que no 
Código anterior, a gestão estava sendo tratada no capítulo do mandato (espécie 
contratual). Isto não estava adequado, porque na gestão de negócios não há ajuste 
prévio, ao contrário sua principal característica é exatamente a ausência de acerto 
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prévio (ausência de ajuste negocial). O legislador de 16 situou a gestão nesse lugar 
em razão de certo paralelismo entre as consequências da gestão de negócio e do 
mandato. Assim, caminhou bem o legislador de 2002, ao tratar a gestão fora dos 
contratos. 
 
OBJETIVO: evitar o prejuízo ao dono do negócio, com boa-fé. 
 
PRESSUPOSTOS: 
 
a) Negócio alheio (sem sentido técnico jurídico, mas interesse em sentido 
amplo); 
 
b) Ausência de autorização do dono (art. 861, CC), porém deve ser feita 
comunicação do gestor ao dono (art. 864, CC), sendo possível. É um negócio 
espontâneo e improvisado do gestor, procedendo como o faria o próprio dono do 
negócio; 
 
- O dono não deve ter até então, conhecimento do ocorrido, pois caso dê 
autorização: MANDATO TÁCITO (art. 656, CC); 
 
c) Atuação do gestor no interesse e vontade presumida: o gestor faz 
exatamente o que o dono do negócio desejaria, se estivesse presente; 
 
d) Limitar a ação a atos de natureza patrimonial: exclui-se os de natureza 
familiar (pai, filho, cônjuge); 
 
e) Intervenção por necessidade ou utilidade: despachante que paga o 
imposto de cliente de outro negócio, no último dia do prazo. 
 
Deve-se lembrar que se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou 
presumível do dono, responderá o gestor por caso fortuito (evento totalmente 
imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável), conforme a regra 
constante do art. 862 do CC. 
 
Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do 
negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou que indenize o 
valor correspondente à diferença (art. 863 do CC). 
 
Nesses casos, a gestão perde sua característica de intervenção benevolente 
e de realização da vontade presumida do dono do negócio. É considerada ato 
abusivo, e somente o seu sucesso pode inocentar o gestor, cuja responsabilidade é 
maior. 
 
Diante do princípio da boa-fé objetiva, que valoriza o dever anexo de 
informação, deverá o gestor de negócio, assim que lhe for possível, comunicar ao 
dono a sua atuação, aguardando a resposta se dessa espera não resultar perigo (art. 
864 do CC). 
 
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O gestor de negócio é um gestor oficioso que assume as funções de 
mandatário para atender o dono do negócio, ou pela necessidade urgente de tornar 
uma providencia (judicial ou extrajudicial). Como não tem autorização para assim 
proceder, deve, desde logo, levar o fato ao conhecimento do dono do negócio, que 
pode concordar com a continuidade da gestão ou interrompê-la. 
 
Se for necessária, todavia, uma ação pronta, por estar em perigo de serem 
prejudicados os interesses do dono do negócio, não estará o gestor oficioso obrigado 
a esperar a sua resposta, não aumentando, nessa hipótese, sua responsabilidade. 
 
Exemplo: Pense-se o caso de Lucas viajou para outro país, com sua família, 
permanecendo fora de sua residência por 10 dias. Na prática, quando a pessoa viaja 
não deixa uma procuração (instrumento do contrato de mandato) para o vizinho 
apagar eventual incêndio que acometer a sua casa. No dia seguinte, iniciou-se um 
incêndio da casa de Lucas, e o vizinho, Sr. João agindo como gestor ao perceber o 
incêndio, invade a casa de Lucas arrebentando a porta. Para apagar o fogo que 
começa a consumir um dos dormitórios, o Sr. João pega um tapete e consegue 
abafar as chamas, tendo sucesso em sua empreitada, sem a intervenção do corpo 
de bombeiros. 
 
Algumas regras do Código Civil de 2002 devem ser analisadas, para uma 
conclusão concreta a respeito da atuação do gestor. 
 
Primeiro, deve-se verificar se o gestor agiu da mesma forma como agiria o 
dono da residência, ou seja, se empregou toda a diligência habitual. Em regra, o 
gestor somente deve ser responsabilizado se tiver agido com culpa, havendo 
responsabilidade subjetiva3 (art. 866 do CC). 
 
Mas se na atuação o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas 
faltas do substituto, ainda que este seja pessoa idônea e sem prejuízo da eventual 
propositura de ação regressiva (art. 867 do CC). 
 
A responsabilidade do gestor por ato de terceiro é objetiva (independente de 
culpa) e solidária, aplicando-se os arts. 932, III, 933 e 942, parágrafo único, do CC, 
por analogia. Se a gestão for conjunta, prestada por várias pessoas, há regra 
específica, prevendo justamente a responsabilidade solidária entre todos os gestores 
(art. 867, parágrafo único, do CC). Na realidade, quando o dono do negócio retoma, 
terá duas opções: 
 
Primeira opção: concordando com a atuação do gestor, o dono deverá 
ratificar a gestão, convertendo-se a atuação em mandato (art. 869 do CC). Nesse 
caso, deverá ressarcir o gestor por todas as despesas necessárias e úteis à atuação, 
com os juros legais desde o reembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que o 
administrador tiver sofrido com a gestão. 
 
 
3 Responsabilidade subjetiva quando o sujeito atua com culpa, responde pelo resultado (dano). Este 
assunto será mais explorado no estudo sobre Responsabilidade Civil. 
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A utilidade ou a necessidade das despesas serão apreciadas de acordo com 
as circunstâncias da ocasião em que se fizerem, o que traz a ideia de função social 
obrigacional (art. 869, § 1.°, do CC). 
 
A ratificação do dono do negócio retro age ao dia do começo da gestão, ou 
seja, tem efeitos ex tunc (art. 873 do CC). 
 
Segunda opção: desaprovando a atuação do gestor, o dono poderá pleitear 
perdas e danos havendo, em regra, responsabilidade subjetiva do primeiro (art. 874 
do CC). Em casos tais, responderá o gestor por caso fortuito quando fizer manobras 
arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las ou quando preterir interesses do 
dono em detrimento de interesses próprios (art. 868 do CC). No entanto, só poderá 
recusar a ratificação se provar que a atuação não foi realizada de acordo com os 
seus interesses diretos. 
 
Falecendo o dono do negócio, as instruções devem ser prestadas aos seus 
herdeiros, devendo o gestor, mesmo assim, agir com a máxima diligência, de acordo 
com as circunstâncias fáticas do caso concreto (art. 865 do CC). 
 
O gestor do negócio assume obrigações de mandatário, devendo velar pelo 
negócio enquanto o dominus negotii não toma providência; se este falecer, deve 
aguardar instruções dos seus herdeiros. Responderá, porém, por perdas e danos se, 
sem motivo, suspender a gestão iniciada acarretando prejuízo a terceiro e ao dono 
do negócio4. 
 
Se o gestor se fizer substituir por outrem (art. 867, CC), ficarão responsáveis 
pela gestão os dois: o gestor e o substituto. Com o rigor da lei, o gestor deve ser 
mais cautelosona escolha do substituto; o substituto mais cuidadoso em aceitar tal 
desiderato; e o dono do negócio ficará mais garantido. No parágrafo único está 
estatuída outra responsabilidade excepcional. No mandato, a solidariedade não é 
presumida, deve resultar de estipulação expressa; na gestão, a solidariedade é 
prescrita em lei. 
 
Com o intuito de fixação do estudo, e visando a melhor didática, observem 
abaixo: 
 
a) OBRIGAÇÕES DO GESTOR: 
 
- Comunicar a gestão ao dono, aguardando a resposta, se da espera não 
resultar perigo (art. 864, CC): cumpre ao gestor aguardar a resposta antes de 
qualquer outra providência, somente poderá agir sem resposta, se a demora puder 
acarretar prejuízo. 
 
Por consequência, o dono: 1. Desaprovará (art. 874, CC); 2. Aprovará 
(expressa ou tacitamente), converterá em mandato; 3. Aprovará na parte já 
 
4 Vale ressaltar que ninguém está obrigado a ser gestor de negócio, no entanto, uma vez iniciada deve 
o gestor dar continuidade (boa-fé). 
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realizada, desaprovando o prosseguimento; 4. Nesta desaprovação, poderá constituir 
procurador/representante que assumirá o negócio no estado em que se encontra, 
extinguindo-se a gestão; 5. Assumirá a gestão. 
 
- Diligência habitual: ressarcindo o dono diante de qualquer prejuízo 
decorrente de culpa (art. 866, CC). 
 
- Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse a 
fazê-las (art. 868, CC): não estava obrigado a iniciar a gestão, mas se intervém em 
negócio alheio, tem que agir com máxima diligência, para que não cause prejuízo 
com a sua intromissão. 
 
b) RESPONSABILIDADE DO GESTOR: 
 
- Se o negócio não é bem gerido, pode o gestor ficar responsável 
pessoalmente. 
 
- Se a gestão foi iniciada contra a vontade do dono: responde o gestor até 
mesmo por caso fortuito/força maior (art. 862/868, CC), o que configura ato ilícito. 
 
- Observação: erro do legislador parte final do 862, CC, seria: ainda quando 
se houve abstido (deixado de agir) e não se houvesse abatido. 
 
- art. 866, CC: CULPA. 
 
- Mais de um gestor: responsabilidade solidária (PU do art. 867, CC). 
 
c) OBRIGAÇÕES DO DONO: 
 
- Indenizar o gestor nas despesas necessárias: se o dono quiser 
aproveitar da gestão, será obrigado a ressarcir o gestor. 
 
- Cumprir com obrigações contraídas em seu nome: art. 869, 870, CC. 
 
- Alimentos: art. 871. Exemplo: se os pais abandonaram os filhos, estes 
ficam responsável perante o gestor. 
 
- Despesas do enterro: art. 872. 
 
DIFERENÇA PARA MANDATO TÁCITO: 
 
- Gestão: não tem prévio ajuste entre as partes, por ser sempre gratuita e 
depender de ratificação (aprovação, pelo dono, do comportamento do gestor). 
 
- Mandato: com conhecimento e sem desaprovação do dono. 
 
RATIFICAÇÃO DO NEGÓCIO: ex tunc (art. 873, CC). 
 
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MEDIDA JUDICIAL: ação de cobrança. 
 
 
PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883, CC): 
 
Para recordar - solvens: que paga / accipiens: que recebe. 
 
Necessário entender o que seja justa causa em qualquer enriquecimento 
sem causa. 
 
JUSTA CAUSA: todo aumento patrimonial tem por base o direito (justiça: dar 
a cada um o que é seu). 
 
CONCEITO: Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica 
obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional 
antes de cumprida a condição (art. 876, CC). 
 
Gênero (enriquecimento sem causa) 
 
Espécie (Pagamento indevido). 
 
 
Em havendo o pagamento indevido agirá a pessoa com intuito de 
enriquecimento sem causa, visando ao locupletamento sem razão (AUMENTO 
PATRIMONIAL SEM JUSTIFICATIVA NO DIREITO). 
 
REQUISITOS: 
- Pagamento com ausência de causa; 
- Enriquecimento de um; 
- Empobrecimento do outro. 
 
Espécies: 
 
a) indébito objetivo: quando o erro diz respeito à inexistência da obrigação. 
 
Exemplo: pagamento enquanto condição suspensiva; alguém paga a outro 
pensando ser devedor, mas já está extinta a dívida; a dívida foi paga a mais; 
 
b) indébito subjetivo: dívida existente e o engano é pertinente a quem paga 
ou quem recebe. 
 
Exemplo: pagou a quem não era mais o legítimo credor. 
 
MEDIDA JUDICIAL CABÍVEL: Ação de repetição de indébito (pedir a 
restituição). 
 
Prova (art. 877, CC): Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe 
a prova de tê-lo feito por erro. 
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- Quem pagou deve provar que o fez de forma indevida e por erro, pois a 
ausência de tal comprovação pode levar a presumir tratar de uma liberalidade 
(doação). 
 
- A jurisprudência começou a dispensar a prova do erro naquelas hipóteses 
em que o solvens era colocado em situação na qual não teria outra saída senão o 
pagamento, como no caso de tributos em que há sanção legal imediata pelo 
inadimplemento: paga e depois basta provar a ilegalidade ou inconstitucionalidade. 
 
- CDC (art. 42): O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido 
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Assim, 
prova-se somente que o pagamento foi indevido e que teve fundamento na cobrança 
equivocada do accipiens. 
 
Exemplo: cobrança de taxas imobiliária, estacionamento por perda de ticket. 
 
Exceção - Súmula 322 do STJ: Para a repetição de indébito, nos contratos 
de abertura de crédito em contracorrente, não se exige a prova do erro. 
 
* Contrato de abertura de crédito em contracorrente: de um lado o banco e 
do outro o cliente (partes do contrato). Exemplo: banco cobrou indevidamente 
determinada tarifa. 
 
Obrigação de fazer e de não fazer (art. 881): Se o pagamento indevido 
tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da 
obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de 
indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido. Exemplo: obrigação de fazer: 
João (pedreiro), por erro, construiu o muro de Lucas, quando deveria ter construído o 
muro para Maria. 
 
Boa-fé e má-fé (art. 878): aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações 
sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código 
sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso. Exemplo: Recebeu 
imóvel alheio de boa-fé, e alugou, terá direito a estes frutos. 
 
Também terá direito de retenção e indenização quanto às benfeitorias 
necessárias e úteis. Já aquele que recebeu o imóvel, estando de má-fé, não terá 
direito a frutos. Quanto às benfeitorias, terá somente direito de indenização quanto 
às necessárias. 
 
Ao contrário do que alguns possam pensar, no caso de pagamento indevido 
não cabe repetição em dobro do valor pago. Na realidade, por meio da actio in rem 
verso poderá o prejudicado, em regra, pleitear o valor pago atualizado, acrescido de 
juros, custas, honorários advocatícios e despesas processuais. Havendo má-fé da 
outra parte, essa induz a culpa, cabendo ainda reparação por perdas e danos 
(prejuízos). 
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Entretanto, a lei consagra alguns casos em que cabe pleitear o valor em 
dobro. Inicialmente, o art. 940 da atual codificação traz a regra pela qual aquele que 
demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias 
recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no 
primeiro

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