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Principio da prevenção e o princípio da precaução

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Valber Silva Coelho – Aluno do Curso de Direito 
Princípio da Prevenção e o Princípio da Precaução 
Dentre os princípios que regem o Direito Ambiental, merecem especial 
destaque os princípios da prevenção e da precaução, os quais, algumas vezes, são 
utilizados como sinônimos, mas que guardam diferenças que delimitam o seu campo 
de aplicação, tornando-os princípios diversos. 
Na sociedade de risco na qual vivemos, busca o Direito Ambiental se antecipar 
à ocorrência de danos, muitos dos quais irreversíveis ao meio ambiente, a fim de 
garantir a efetividade da norma constitucional que consagra como direito fundamental 
o meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida e 
que deve ser protegido e preservado, em benefício das presentes e futuras gerações. 
Nesse cenário, têm destacada importância os princípios da prevenção e da 
precaução, como balizadores das atividades humanas que interfiram no meio 
ambiente, assim como balizadores da atuação da Administração Pública quanto às 
atribuições de fiscalização e de licenciamento ambientais das atividades 
potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos naturais. 
O objetivo do Princípio da Prevenção é o de impedir que ocorram danos ao 
meio ambiente, concretizando-se, portanto, pela adoção de cautelas, antes da efetiva 
execução de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos 
naturais. 
Aplica-se o Princípio da Prevenção naquelas hipóteses onde os riscos são 
conhecidos e previsíveis, de modo a se exigir do responsável pela atividade impactante 
a adoção de providências visando, senão eliminar, minimizar os danos causados ao 
meio ambiente. 
É o caso, por exemplo, de atividade industrial que gere gases que contribuem 
para o efeito estufa. Tratando-se de riscos previamente conhecidos, antecipa-se a 
Administração Pública ao dano ambiental e impõe ao responsável pela atividade a 
utilização de equipamentos ou tecnologias mais eficientes visando a eliminação ou 
diminuição do lançamento daqueles gases na atmosfera. 
O Princípio da Precaução, por seu turno, possui âmbito de aplicação diverso, 
embora o objetivo seja idêntico ao do Princípio da Prevenção, qual seja, antecipar-se à 
ocorrência das agressões ambientais. 
Enquanto o Princípio da Prevenção impõe medidas acautelatórias para aquelas 
atividades cujos riscos são conhecidos e previsíveis, o Princípio da Precaução encontra 
terreno fértil nas hipóteses em que os riscos são desconhecidos e imprevisíveis, 
impondo à Administração Pública um comportamento muito mais restritivo quanto às 
 
Valber Silva Coelho – Aluno do Curso de Direito 
atribuições de fiscalização e de licenciamento das atividades potencialmente 
poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. 
O Princípio da Precaução surgiu no sentido de que “de modo a proteger o meio 
ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de 
acordo com suas capacidades” e que “quando houve ameaça de danos sérios ou 
irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como 
razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a 
degradação ambiental”. 
Como se vê, a incerteza científica quanto à ocorrência de consequências 
negativas para o meio ambiente, em decorrência de determinada atividade, não pode 
servir de fundamento para a não imposição, por parte da Administração Pública, de 
maiores exigências ou de medidas mais restritivas como condições indispensáveis ao 
seu licenciamento, sendo dever daquela, inclusive, indeferir o pedido de licença 
ambiental da atividade, caso, mesmo diante de maiores exigências e de medidas mais 
restritivas, permaneça a situação de incerteza quanto aos danos ambientais que, 
porventura, venham a ser causados. 
Em conclusão, o Princípio da Prevenção destina-se às atividades cujos danos 
são conhecidos e previsíveis, gerando para a Administração Pública o dever de exigir 
do responsável pela atividade a adoção de medidas acautelatórias que eliminem ou 
minimizem os danos. Já o Princípio da Precaução, diante da incerteza científica quanto 
à ocorrência de danos ao meio ambiente, gera para a Administração Pública um 
comportamento muito mais restritivo, inclusive o de indeferir o pedido de licença 
ambiental da atividade, caso, mesmo após impor maiores exigências, permaneça a 
situação de incerteza. 
 
Princípio da prevenção Princípio da precaução 
Certeza científica sobre o dano ambiental Incerteza científica sobre o dano ambiental 
A obra será realizada e serão tomadas 
medidas que evitem ou reduzam os danos 
previstos 
A obra não será realizada (in dúbio pro meio 
ambiente ou in dúbio contra projectum)

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