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Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 1 1. CHEGANDO À UNIVERSIDADE Para este tema serão abordados os seguintes assuntos: 1.1. Alerta aos iniciantes. 1.2. Uma nova fase. 1.3. Porque estudar? 1.4. Considerações sobre um método de estudo. 1.5. Condições para viabilizar o estudo. 1.6. Fases do estudo. 1.1. ALERTA AOS INICIANTES Chegar a Universidade representa um acontecimento marcante na vida de todos que têm o privilégio de por ela passar, pois a expectativa de adquirir novos conhecimentos e novas amizades renova as esperanças de um futuro melhor, de um futuro promissor. fig.1.1 Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 2 Mas para que isso aconteça, é necessário que o estudante tenha uma postura que se reveja numa decisão pessoal firme de aproveitar tudo o que a universidade oferece. É preciso procurar conhecer em profundidade a instituição, objectivo que pode ser alcançado, participando intensamente de suas actividades. Aguardar que os professores entreguem os conhecimentos previamente elaborados é uma atitude muito comodista e deste modo se desperdiça oportunidades de crescimento intelectual. A qualidade de um curso de engenharia, não depende apenas do corpo docente e dos apetrechos de que a universidade dispõe; depende também da qualidade do estudante que nele ingressa. Mas ainda, depende de um clima geral que favoreça os estudos, que estimule a criatividade e que instigue os estudantes a progredir. Para que o estudante faça parte deste ambiente de progresso, este deve participar activamente do processo de formação, que começa por conhecer a instituição. Para que tudo isto aconteça, é necessário que se esteja motivado a cursar o nível superior, pois caso contrário deve-se procurar fazer outra coisa. Deve ser frustrante estar na universidade, estudando com a intenção de receber o diploma e futuramente ganhar salários altos; ou para agradar os pais, que querem ver o “filho engenheiro”, assim como para comparar com alguém. Para evitar futuros arrependimentos, deve ser feito um exame de consciência apurado. Todas as profissões são honradas e não dependem de curso superior. 1.2. UMA NOVA FASE Ao passar do curso secundário para o universitário, muita coisa muda; talvez a forma de abordar os ensinamentos recebidos seja a mais importante mudança. O estudante passa de agente passivo para agente activo no processo educacional. Nesta nova fase, pode-se direccionar e programar livremente o seu aprendizado, doseando-o de acordo com suas potencialidades e interesses. Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 3 fig.1.2 Esta maior liberdade, deve ser usufruída com maturidade. É comum encontrar estudantes que em nome desta liberdade, chegam tarde ou saem antes do final das aulas; ou mesmo “gazetam” as mesmas – o que representa uma falta de seriedade indigna de futuros profissionais. Outra mudança importante que os alunos notam é a relação professor – aluno. Nesta nova fase, o professor passa a ser mais orientador do que fiscalizador. Também rapidamente percebem que nem todos os professores correspondem ao modelo ideal que eles tinham de mestre de ensino superior. Entretanto, devem aprender a enfrentar de forma madura estas questões e contribuir na resolução deste tipo de caso. Para se adaptar a vida universitária, o estudante deve procurar se colocar a par de inúmeras novas situações que irá enfrentar. Os aspectos de moradia, alimentação e assistência médica, geralmente afectam mais aqueles que se deslocam de seus lugares de origem e tem que se adaptar a nova situação. Neste caso, deve-se estar preparado para coabitar em “ residências ”, o que exige um comportamento social mais equilibrado para harmonizar a convivência. Nessas condições, aparecerão com mais frequência programas extra-estudos, que poderão colocar em segundo plano a dedicação aos estudos. Para quem tem domicílio no local de estudo e uma vida social mais estabilizada, este problema é menos sentido. Pode parecer irrelevante, mas se esse aspecto não é tratado com a devida atenção, pode prejudicar ao estudante que não consiga dosear equilibradamente as suas actividades. A saúde física é fundamental para o pleno desenvolvimento das actividades intelectuais. Por isso, deve-se ter cuidados constantes com a alimentação, repouso e actividades físicas. Outros recursos que a Universidade tem a disposição do estudante são: Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 4 Áreas de lazer, actividades desportivas, bibliotecas; Cursos extra-curriculares, directórios académicos, laboratórios; Moradia estudantil, promoções culturais, restaurante do campus; Etc. Os comentários acima apresentados são muito importantes, porém o fundamental é fazer o melhor uso dos conhecimentos adquiridos durante a permanência na Universidade. Ao empregar uma metodologia de trabalho, o estudante poderá utilizar com mais eficiência suas potencialidades, para aproveitar intensamente aquilo que a Universidade oferece. 1.3. PORQUÊ ESTUDAR? Eis a pergunta que muitos de nós fazemos. Sua resposta será apresentada numa perspectiva que se pensa justificar o estudo. fig. 1.3 Em muitas empresas modernas, acredita-se que a meia-vida de um eng 0 . Seja de 10 anos, isto é, metade do que ele aprendeu será considerado “conhecimento obsoleto” no decorrer de uma década. No ritmo da evolução da ciência e da tecnologia, calcula-se que dentro de 25 anos, o montante de conhecimentos no mundo será quatro vezes (4x) mais que actualmente, em 50 Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 5 anos acerca de trinta vezes (30x) maior e então 97% de tudo aquilo que for conhecido terá sido descoberto ou inventado a partir de hoje. Assim, o que se sabe agora representará apenas 3% das informações dominadas daqui a 50 anos. Embora essas estimativas requeiram alguma reflexão, elas corroboram a idéia de que o futuro da Humanidade estará calcado no domínio e manipulação da informação. Considerando o facto de que está a iniciar um curso superior, deve ter tido pelo menos doze (12) anos de estudo e que, se pretende ser um profissional activo, deverá actualizar-se continuamente, nada mais lógico do que aprender a estudar com eficiência e com eficácia. Para isso deve-se saber usar adequadamente os recursos disponíveis para conseguir uma boa aprendizagem. 1.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE UM MÉTODO DE ESTUDO A transição do nível médio para o curso superior exige uma série de alterações no comportamento do estudante, pois no ensino superior cada um deve assumir uma conduta responsável, conciliando a sua vida social com os estudos, o que nem sempre é fácil de conseguir. Outro aspecto preliminar de se registar é que saber estudar com eficiência e eficácia não é inato no ser humano, é algo que precisa ser aprendido. Aprender a estudar é necessário, pois o indivíduo ao passar para o curso superior, deixou de ser aluno (aquele que é ensinado) e passou a ser estudante (aquele que aprende e estuda porque quer, com motivação e sob orientação, devendo ele próprio, agora, tomar muitas das iniciativas). Estudar não é apenas captar um assunto, mas principalmente organizar na mente, com fluidéz, continuidade e encadeamento lógico, diversos tópicos, formando uma postura crítica e coerente. Não se deve confundir aprender com estudar. Estudar é uma faculdade particular do ser humano; aprenderé uma característica dos seres vivos, que o Homem pratica desde que nasce aprendendo a falar, andar ou a usar utensílios. Com esta proposta, pretende-se apresentar uma metodologia de trabalho, visando a um melhor e mais sólido processo de aprendizagem. Ressalta-se que o primeiro objectivo deste Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 6 tópico é o de desmistificar a idéia de que existe uma maneira de estudar pouco e aprender muito, cujo método dispense o trabalho que não se quer ter. Outro ponto importante é o facto de que a falta de tempo é inconciliável com os estudos; quem pretende estudar deve criar o seu tempo para isto. Outros pontos como a preparação psicológica – condição básica para viabilizar um estudo que culmine numa aprendizagem substanciosa – e uma boa programação do tempo tanto para o estudo, trabalho, como para o lazer, são aqui abordados como condições primordiais para se aplicar qualquer técnicas de estudo. O estudo eficáz é um processo que não pode ser compartilhado com outra actividade. Por isso recomenda-se um verdadeiro isolamento quando se estuda, intercalando pequenos intervalos, para evitar o cansaço prematuro. fig. 1.4 Devem nortear o estudante nas suas actividades, as seguintes observações: a) Não há regras absolutas para um método de estudo; o que existe são recomendações, que devem ser adaptadas a cada individuo e a cada assunto a ser estudado, por exemplo: estudar Oficinas Gerais exige comportamentos diferentes dos necessários para estudar Inglês. b) O estudante deve estar ciente de que deve aprender a ver um determinado assunto sob vários ângulos, compará-los e reflectir criticamente sobre o tema. c) Saber fazer perguntas é uma ferramenta bastante útil para a orientação. Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 7 1.5. CONDIÇÕES PARA VIABILIZAR O ESTUDO A primeira condição básica para viabilizar o estudo é a racionalização do tempo. Este aspecto é preponderante, pois um estudante que se pretenda bem sucedido tem necessariamente que saber determinar o que fazer em cada momento. A não programação, geralmente leva estudantes a indecisões e adiamentos que o fazem preterir de determinadas actividades em favor de outras que lhe são mais agradáveis, o que de certa forma acaba prejudicando o estudo. Para que isto não aconteça, recomenda-se fazer uma boa programação de tempo, evitando assim que se deixem de lado assuntos que mereçam mais dedicação, ou mesmo que se deixe de estudar com o pretexto de que outras actividades extra-ensino também devam ser realizadas. Uma boa programação deve contemplar, para além dos tempos de aula e trabalho, períodos bem doseados de extra-classe para cada matéria, de acordo com o grau de dificuldade de cada assunto, avaliado pelo próprio estudante. Assim, sugere-se o preenchimento de um quadro de horários como apresentado na figura abaixo, em que destacam-se actividades a serem cumpridas - aulas, trabalhos, lazeres, etc. Na realidade, o importante na confecção de um horário é que este seja realístico, para uma boa execução. Um horário não cumprido não é só inútil, como também nocivo, pois cria a ilusão de que se está fazendo algo, quando na realidade isto não acontece. Um horário deve permitir correcções e adaptações constantes, para satisfazer as necessidades do período. P.ex. numa semana de testes, deve-se dedicar um tempo maior as revisões globais da disciplina, não podendo deixar-se de lado os tempos dedicados as recomposições das aulas, lazer, etc. O aproveitamento de pequenos períodos é também uma sábia medida. Façamos as contas: 15 minutos de estudo diário representam mais de 100 minutos por semana, 450 minutos (7,5 horas) mensais e mais de 5400 minutos (+ de 90 horas) anuais. Estes tempos não podem ser desperdiçados. Não raramente, estudantes que trabalham tem bom desempenho nos estudos. Isto deve-se, primeiro ao facto de que ao custear o seu próprio estudo, estes dão-lhe muita importância. O segundo aspecto é que para conciliar estudo com trabalho, terão que valorizar ao máximo Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 8 todo o seu tempo, pois sabem que dificilmente terão outra oportunidade. Assim, eles automaticamente estarão valorizando o seu tempo. Um último ponto a ressaltar é a dedicação de tempo para o descanso e lazer, o que é essencial para a saúde física e mental. Para quem desenvolve actividades intelectuais, é importante desenvolver em paralelo actividades que estimulam o sistema psicomotor ou cultivar um passa tempo em áreas bastante diferente do trabalho usual. Ao estudar, deve-se lembrar que aproveitar o tempo de estudo ao máximo é uma forma de dar sentido as horas de lazer. Quadro de horários Hor a Doming o Segund a Terç a Quart a Quint a Sext a Sabad o Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 9 1.6. FASES DE ESTUDO Num curso de engenharia destacam-se os seguintes objectivos: o estimular a criatividade do indivíduo; o fornecer-lhe ferramentas básicas para enfrentar os problemas com que se vai deparar na sua profissão; o estimulá-lo a adoptar uma postura crítica e consciente para com a sociedade. Para um êxito favorável destes objectivos, o estudante deverá atender a uma série de recomendações sobre como proceder para tirar o maior proveito dos seus estudos e trabalhos durante a sua formação. Isto levá-lo-à, logo cedo, a perceber a existência de melhores maneiras de se resolver problemas, sejam eles de que tipos forem. A Seguir, é proposto em método de estudo que visa melhorar o desempenho nos estudos, optimizando procedimentos de trabalho. Este método consiste em três (3) etapas que são: preparação; captação; e processamento. É importante ressaltar que as recomendações aqui colocadas, tem como compromisso sintetizar procedimentos adequados para o estudo da engenharia, o que diferirá de outras recomendações, que talvez sirvam para o processamento de formação de profissionais de outras áreas. O estudo das ciências, para a formação do eng 0 ., difere em relação a outras áreas, pois o eng 0 ., lidará mais com a tecnologia do que com o processo científico, que lhe serve de base e fundamento e não necessariamente propósito. 1.6.1. PREPARAÇÃO Em geral, pode-se afirmar que para se trabalhar com eficiência, são imprescindíveis os cuidados com a preparação para o estudo. Tais cuidados vão desde a escolha de um Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 10 ambiente, arejado, com boa iluminação, silencioso e agradável, até a preparação psicológica como condição para viabilizar o estudo. O ambiente pode-se tornar num ponto vital para se obter um bom desempenho, por exemplo, em casos de assimilação de conhecimentos através de livros didácticos que exigem uma atenção exclusiva e uma alta dose de compenetração. Sugere-se ainda que o estudante esteja sentado numa posição cómoda, frente a uma mesa para apoiar os demais instrumentos necessários para o tipo de assunto com que se esta lidando. É necessário notar que o estudo de matérias diferentes exige logicamente materiais diferentes. O hábito de estudar, de preferência nos mesmos locais e horários de costume, facilita em muito a aprendizagem pois, porestarem vários aspectos sendo cumpridos automaticamente, tem-se menos barreiras a transpor, permitindo maior concentração naquilo que é novo, ou seja, no assunto de estudo. Para casos em que estes ambientes de estudo não são possíveis de serem conseguidos o estudante deve, como medida prática utilizar de melhor forma possível o ambiente disponível. A atitude psicológica deve-se tornar numa característica fundamental para se alcançar objectivos. O estudante deve ser perseverante na resolução de problemas, reconhecer os seus erros, usá-los para proceder novas tentativas, através de novo estudo ou novo enfoque. Para um êxito efectivo nos seus estudos, o estudante deverá ter consciência de que o seu árduo trabalho de formação está a serviço de uma causa maior, independentemente de suas metas e da sua integração social. Num currículo de um curso, não existem temas pelos quais a sua aquisição pelo estudante seja inútil, pois todos assuntos tratados tem um papel bem definido. E a forma como estes conhecimentos são repassados, não deve servir de justificação para considerá-los desnecessários. Deve-se também lembrar que tais assuntos algum dia já mereceram um alto interesse e dedicação de algum indivíduo, pela sua especialidade. Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 11 1.6.2. CAPTAÇÃO A captação de conhecimentos, se dá basicamente por iniciativa de alguém interessado em aprender algo que se utilize em alguma técnica de trabalho que possa levá-lo a alcançar os seus objectivos. Num processo de ensino - aprendizagem a captação ocorre essencialmente: o Aquando da apreensão de conhecimentos transmitidos por um professor na sala de aula; o Quando os conhecimentos são adquiridos através da leitura de livros didácticos; ou o Através da participação em experiências e observações. A captação depende da individual atitude psicológica favorável, de onde nasce a necessidade ou motivação para o estudo. 1.6.2.1.FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO DA FASE DO PROCESSO DO ESTUDO Esta fase do processo do estudo pode ser identificada em termos gerais por três formas: o Leitura; o Audição; e o Observação. LEITURA Para ler com eficiência não basta apenas ser alfabetizado, é necessário predisposição, ambiente favorável, motivação e aplicação de uma técnica de assimilação compatível com o tema da leitura. Através da leitura pode-se captar palavras, frases, idéias e fórmulas registadas em anotações e em impressos. AUDIÇÃO Uma sugestão para melhor a absorção de conhecimentos com esta forma de captação, é constantemente interrogar-se sobre o tema, procurando concatenar as idéias num todo ou Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 12 com outros assuntos. Tanto é importante esta forma de captação, que muitas pessoas conseguem fixar melhor os assuntos de uma leitura quando a fazem em voz alta. Neste caso, estão sendo usados simultaneamente a leitura e a audição. OBSERVAÇÃO É o meio de captação de conhecimentos. Se utilizada de uma forma sistemática, e com critério, constitui um útil instrumento de captação. Observar é entendido aqui como um estágio de processo de captação de ocorrências, factos, que surgem naturalmente no decorrer de um trabalho. Esta forma de captação do trabalho é especialmente relevante nos estudos de engenharia porque deve-se estar sempre a identificar sistemas, fenómenos físicos, processos e variáveis para execução dos trabalhos. 1.6.2.2.APRESENTAÇÃO DE DIFERENTES MEIOS DE CAPTAÇÃO Eis abaixo especificados os diferentes meios de captação, por forma a garantir uma fiável eficiência no processo da captação: captação na sala de aulas; captação extra-classe; captação pela leitura. CAPTAÇÃO EM SALA DE AULA O grande momento de estudo que todos tem, é o tempo em sala de aulas. Por isso, recomenda-se que este período seja aproveitado integralmente através de uma participação activa. Não se deve levar para casa duvidas, que podem ser sanadas na sala de aulas. Para entender uma aula, deve-se aprender a sua organização e objectivos, assimilar a idéia central do professor em cada assunto à medida que o professor avança na sua explicação, o estudante deve interrogar-se constantemente acerca do que já sabe sobre o assunto, ou sobre a ligação dos tópicos estudados com outros. Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 13 Captar e anotar idéias com palavras próprias para uma análise posterior, ajuda em muito a participar activamente na sala estimulando o processamento das informações. Se isto não for conseguido, é porque o assunto não foi bem assimilado. A atenção deve estar sempre voltada para aquilo que o professor diz, sem se deixar influenciar por situações de perturbações, tanto directa (quando o colega fala consigo directamente) como indirecta (quando dois ou mais colegas vizinhos conversam ao seu lado) proporcionadas pelos colegas na turma e incisivamente ao seu redor aquando da explicação do professor. A figura do professor, é importante porque acaba sendo um exemplo para o estudante. CAPTAÇÃO EXTRA-CLASSE É indiscutível a necessidade de uma dedicação extra-classe para recomposição dos assuntos vistos na aula complementando-os com leituras e discussões com os colegas, ou através de consultas ao professor. Duas horas de dedicação extra-classe para cada hora de aula, acredita- se ser uma dose suficiente para recomposição e a fixação dos assuntos. Para garantir um equilíbrio em todas matérias, deve haver uma agenda de afazeres particulares, onde possa estabelecer um tempo adequado para cada tarefa. Recomenda-se que se estabeleça um tempo de revisão imediata depois de cada aula para recompôr e fixar a matéria. CAPTAÇÃO PELA LEITURA Os livros didácticos, são as maiores fontes de pesquisa do estudante. Por isso, deve-se dar uma atenção especial a bibliografia indicada pelo professor e consultá-la regularmente, de preferência adquirindo os principais títulos. As bibliotecas das escolas, estão na maioria das vezes razoavelmente bem aparelhadas para os cursos básicos de graduação. A selecção daquilo que se vai ler é o primeiro aspecto a ser considerado, porque logicamente não se pode ler tudo o que é publicado sobre um determinado assunto. De forma geral, a escolha de textos para leitura pode ser baseada nos seguintes pontos: Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 14 o título da obra – que normalmente indica o assunto abordado no texto, ou a qual área pertence o trabalho; o nome e currículo do autor – nomes proeminentes e cientificamente respeitáveis são bons indícios para a selecção da leitura, pois devem produzir trabalhos consistentes; o leitura do prefácio e da “orelha” da obra – isto fornece uma idéia razoável da abordagem do texto, podendo-se, assim, verificar se confere com o que se deseja estudar; o leitura do sumário – tem-se um panorama geral do conteúdo da obra, além de se conferir com facilidade se os tópicos procurados, estão contemplados no trabalho. Estando seleccionado o que ler, deve-se saber passar a leitura propriamente dita, acção que encerra os maiores problemas de fase de captação. Deve-se saber diferenciar os procedimentos da leitura. A velocidade de uma leitura informativa, principalmente a de distracção, é mais rápida, enquanto que a de uma leitura formativa exige reflexão, anotações, cálculos auxiliares e retornos constantes a trechos já lidos, sendo portanto mais lenta. Não é recomendáveltempo longo de leitura de textos didácticos, pois com o cansaço vem a redução na fixação, e qualquer ponto que não seja bem esclarecido, pode prejudicar o entendimento de um assunto. Cada um deve procurar a sua própria velocidade de leitura, lembrando sempre que o principal é a compreensão. De forma geral, deve-se procurar aumentar a velocidade, porque se ganha tempo e aumenta-se a compreensão. A velocidade de leitura, representa algo em torno de 200 a 300 palavras por minuto. Para textos técnicos, este rítmo deverá baixar sensívelmente. Alguns sintomas comuns que identificam maus leitores são: o leitura de palavra por palavra. O movimento dos olhos durante a leitura, é intermitente e a leitura propriamente dita só se dá durante as paradas. Esta será tanto mais rápida quanto maior o grupo de palavras fixado em cada parada; o movimentação dos lábios ou vocalização. Enquanto se lê. Isto diminui a velocidade. Numa leitura eficiente deve-se olhar um conjunto de palavras e interpretar o significado, sem necessidade de pronunciá-las, nem mesmo mentalmente; Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 15 o retornos constantes ao que se acabou de ler. Isso é sintoma de desatenção. Não confundir com retornos feitos com o objectivo de integrar os assuntos de um texto. Num texto, cada capítulo procura transmitir uma idéia, da mesma forma que um parágrafo. Assim, para que se consiga uma leitura eficiente, captando, retendo e integrando as informações lidas, deve-se identificar e extraír as idéias principais, sabendo destacá-las das idéias acessórias que gravitam a sua volta. Uma das formas mais eficientes de se ler um livro, é estar constantemente procurando pelas idéias principais, sublinhando-as ou fazendo anotações, quando for livro próprio. A técnica de sublinhar, além de ser simples, é de extrema utilidade para as revisões, pois evita, nestes casos, uma releitura completa, indo-se directo as idéias principais. Deve-se sublinhar – só o essencial para destacar uma idéia- e sempre com a mesma convenção. Com um traço horizontal sob as palavras para destacar idéias principais; com dois traços horizontais para marcar exemplos; com um traço vertical ao lado do texto para evidenciar orações completas. No estudo da engenharia, é comum a utilização de gráficos, tabelas e fórmulas matemáticas como auxílio a compreensão. Por isso, recomenda-se o hábito de interpretar os seus significados. Uma fórmula matemática, nada mais é do que representação de uma situação física real – normalmente, no estudo da engenharia, um fenómeno físico -, através de uma linguagem de significado imutável e universal. Gráficos e tabelas, na verdade, não passam de recursos para mostrar alguma relação entre variáveis ou a evolução de algum fenómeno. Deve-se, então, garantir a perfeita interpretação destes recursos e a compreensão dos seus significados. 1.6.3. PROCESSAMENTO Feita captação de um conhecimento, deve-se processá-lo para reter e integrar os assuntos. São fundamentais alguns procedimentos posteriores para uma boa absorção de conteúdos. Cita-se como exemplo a realização de revisões imediatas que podem ser feitas confeccionando-se esquemas e resumos dos assuntos aprendidos, depois de uma aula ou leitura de um livro, o que permitirá além da fixação, uma forma rápida de consulta. Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 16 Esquema – é uma representação organizada das idéias motores (principais) acerca de um determinado assunto, o qual representa o fio principal do pensamento do texto original. Resumo – é a extracção de idéias chaves de um texto, é a compactação, com frases completas, do assunto lido. A consequente revisão de um resumo breve, claro e objectivo irá levar menos tempo de revisão e de maneira dinâmica e a fixação da matéria por parte do estudante. A revisão no final do estudo de um volume de tópicos, ajuda na integração de todos temas estudados para se obter um todo homogéneo e concatenado, que ajudarão o estudante a obter maior rendimento nas avaliações no decurso do seu curso. É nesta fase do processamento das informações, que se interliga os assuntos vistos num texto, e em demais disciplinas, para permitir uma boa visão de conjunto e um encadeamento lógico. Disciplina – é a parte de uma estratégia de aprendizagem pré-estabelecida, com planos, metas e técnicas de transmissão de conhecimentos. Em suma: As revisões imediatas tornam o estudo mais eficáz e garantem um maior aproveitamento nos estudos. 1.7. OUTRAS RECOMENDAÇÕES Em relação a fase de captação, deve-se destacar, ainda, que procedimentos semelhantes aos anteriormente recomendados devem ser postos em prática também em situações como as descritas a seguir. 1.7.1. AULA DE LABORATÓRIO Com os constantes aperfeiçoamentos de medição e com o aparecimento de novos e modernos equipamentos industriais, é de vital importância que o estudante de graduação tenha contacto Capítulo 1 2017 Engº Paulo J. Conselho, MSc Introdução à Engenharia Página 17 com a instrumentação e aprenda a realizar ensaios de laboratórios; isto lhe conferirá maior versatilidade, o que será de grande valia na sua vida profissional. As aulas de laboratório devem ser encaradas não como meros artifícios didácticos, mas como uma excelente oportunidade de se verificar a teoria. É importante anotar os resultados obtidos, os equipamentos utilizados, etc., para confecção de um relatório técnico final, mesmo que o professor não exija. 1.7.2. AULAS PRÁTICAS As aulas práticas, com o desenvolvimento de experiências em laboratórios ou em campo, tem como objectivos: a) Permitir melhor fixação dos conhecimentos abordados nas aulas teóricas; b) Desenvolver a sensibilidade na avaliação dos parâmetros da engenharia; c) Contribuir para o desenvolvimento do estudante na aplicação dos princípios; d) Familiarizar o estudante no uso da instrumentação empregada na engenharia; e) Desenvolver a habilidade para a execução de relatórios técnicos, bem como a apresentação de resultados através de gráficos , tabelas e equações; f) Ensinar a tirar conclusões, a partir dos resultados experimentais; g) Contribuir para desenvolver a capacidade criativa. CORPO DOCENTE: Eng 0 Paulo J. Conselho, MSc - Regente Inácio L. Jonas - Monitor
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