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ECA_Aula 15_Crimes e infrações adm

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UNIDADE 5
AULA 15
ANÁLISE DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE
CRIMES EM ESPÉCIE
Ao adotar o modelo das legislações extravagantes, antes de definir os tipos penais, o legislador teve a preocupação de alertar o aplicador do Direito de que a sua especialização está na vitimização da criança ou do adolescente. Preocupou-se, ainda, em repetir os textos do art. 12 do CP e do art. 1º do CPP, que prevêem a aplicação de normas gerais aos crimes previstos em leis especiais (art. 226), bem como estabeleceu que a ação penal desses crimes seja pública e incondicionada (art. 227).
ANÁLISE DOS CRIMES EM ESPÉCIE
1. OMISSÃO DO REGISTRO DE ATIVIDADES OU DO FORNECIMENTO DA DECLARAÇÃO DE NASCIMENTO (art. 228)
- Este tipo tem por fim viabilizar ou regular o desenvolvimento da gestação e do recém-nascido. 
- Delito próprio, imputável somente a quem ostente a qualidade de encarregado de serviço ou dirigente do estabelecimento de atenção à saúde, podendo a responsabilidade recair no médico, no enfermeiro ou no empregado burocrático.
- Diante dessa imprecisão legal em relação ao autor do fato, há quem entenda que os tipos penais do Estatuto violam o princípio da taxatividade que é decorrente do princípio da legalidade. 
- Não admite tentativa, por se tratar de crime omissivo próprio. 
- É punido tanto na modalidade dolosa como culposa. 
- Como conseqüência da pena estabelecida a ambas as condutas, este crime é da alçada do juizado especial criminal (Lei 10.259/02).
2. OMISSÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO NEONATO E DA PARTURIENTE OU DE REALIZAÇÃO DE EXAMES NECESSÁRIOS (art. 229)
- Crime próprio, imputável apenas ao médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção a saúde. 
- O simples advento do resultado típico, não configura o tipo penal, devendo restar provado que o agente agiu com dolo ou culpa.
- Não admite tentativa, por se tratar de crime omissivo próprio. 
- É punido tanto na modalidade dolosa como culposa. 
- Como conseqüência da pena estabelecida a ambas as condutas, este crime é da alçada do JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL (Lei 10.259/02: Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal).
3. PRIVAÇÃO ILEGAL DA LIBERDADE DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (art. 230)
- Visa proteger a liberdade da criança e do adolescente. Como a criança não pode, em hipóteses alguma, ser apreendida, mesmo em se tratando de flagrante de ato infracional ou por cumprimento de ordem judicial, há quem defenda que o legislador não foi feliz em colocar a criança como sujeito passivo desse crime, devendo o autor, nesse caso, responder pelo crime previsto no art. 148, § 1º, inciso IV, do CP, e não por esse crime.
- Apesar de somente poder ser praticado por quem realize a apreensão do adolescente indevidamente, a doutrina o classifica como crime comum, o que não parece correto, porque qualquer do povo que realize a apreensão indevidamente comete o crime de seqüestro ou cárcere privado previstos no Código Penal. 
- Trata-se de crime permanente na modalidade de privar a liberdade. 
- É punido somente na modalidade dolosa. 
- Admite tentativa somente na modalidade comissiva de privar a liberdade. Já não admite tentativa na modalidade omissiva, consistente em apreender o adolescente sem observar as formalidades legais. 
- O rito processual é o da Lei 10.259/02.
4. OMISSÃO DA COMUNICAÇÃO DE APREENSÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (art. 231)
- Crime próprio, somente imputável a quem tenha sido responsável pela apreensão do adolescente. 
- Com relação às crianças, valem as mesmas observações feitas no artigo anterior (art. 230). 
- Por se tratar de conduta meramente omissiva, NÃO CABE TENTATIVA. 
- Somente é punido na modalidade dolosa. 
- O rito processual é o da Lei 10.259/02.
5. SUBMISSÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE A VEXAME OU CONSTRANGIMENTO (art. 232)
- Crime próprio imputável apenas a quem tenha a criança sob a sua autoridade, guarda ou vigilância, podendo recair a imputação sobre os pais, tutores, curadores, guardiões e babás. 
- Admite o CONCURSO DE PESSOAS tanto na modalidade de co-autoria ou co-participação.
- É de ação livre, podendo ser praticado com emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que realize os elementos constantes do tipo. 
 Ex: identificação datiloscópica de adolescente infrator que possua documento civil.
- Por se tratar de regra especial, não há que se falar em conflito aparente com os crimes previstos nos art. 146 e 136 do CP e art. 4º, letra b, da Lei 4.898/65. 
- Segundo esse tipo penal, o dolo do agente consiste na simples vontade de causar à vítima vexame ou constrangimento. 
- Trata-se de crime material e instantâneo.
- Admite tentativa. 
- Segue o rito da Lei 10.259/02.
6. TORTURA (art. 233)
Este dispositivo foi revogado pelo art. 4º da Lei 9.455/97.
7. OMISSÃO NA LIBERAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE ILEGALMENTE APREENDIDO (art. 234)
- Aqui temos a mesma falha legislativa quando inclui a criança no pólo passivo desse crime, já que pela sua condição é isenta de qualquer tipo de responsabilidade por seus atos e práticas, mesmo que venha caracterizar um ato infracional. 
- Trata-se de crime próprio, podendo ser praticado somente por quem detenha autoridade para determinar a soltura do menor. 
- Somente é punido à titulo de dolo, o que nos leva a concluir que a conduta culposa é atípica. 
- Não admite tentativa, já que ele somente é cometido na modalidade omissiva.
8. DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DE PRAZO LEGAL (art. 235)
- Crime próprio, podendo ser praticado somente por quem é incumbido de zelar pelo cumprimento de tais prazos. Diante do elemento normativo consistente no termo “injustificado”, leva a conclusão no sentido de que não basta que o agente descumpra o prazo fixado na lei para caracterizar o tipo penal. Ele terá que descumprir de forma injustificada, sob pena de a conduta ser considerada atípica. 
- Crime doloso, omissivo e como tal não admite tentativa. Segue o rito da Lei 10.259/02.
9. IMPEDIMENTO OU EMBARAÇO À AÇÃO DE AUTORIDADES (art. 236)
- Tipo penal misto alternativo, podendo se caracterizar com uma só ação ou ambas as ações, seja na modalidade de impedir ou embaraçar. 
- Sujeito passivo poderá ser a Autoridade Judiciária, membro do Ministério Público ou Conselho Tutelar. 
- Quando praticado na modalidade de intervir, o crime é material
- Quando praticado na modalidade de embaraçar, é formal. 
- Somente é punido a título de dolo.
- Segue o rito da Lei 9.099/95.
10. SUBTRAÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE (art. 237):
- Crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa. 
- Para que os pais ou responsáveis legais sejam sujeitos ativos desse crime, necessitam estar destituídos do poder familiar. 
- Só é punido a titulo de dolo, devendo o agente agir com o fim de colocar o menor em família substituta. 
- Trata-se de crime instantâneo, formal e, como tal, o crime se consuma com a mera subtração da criança, independente do resultado.
11. PROMESSA OU ENTREGA DE FILHO OU PUPILO (art. 238):
- Sujeitos ativos: pais, tutores e guardiões. 
- Tipo misto, composto pelos verbos prometer, oferecer e efetivar. 
 Nos dois primeiros casos (prometer e oferecer) o tipo é formal
 No terceiro (efetivar) é material. 
 Não cabe tentativa nas modalidades de prometer ou oferecer.
- O tipo somente estará caracterizado se em suas modalidades forem praticados mediante a PROMESSA DE RECOMPENSA. Se não houver este especial fim de agir, a conduta será ATÍPICA. 
- O rito processual é o da Lei 10.259/03.
12. TRÁFICO INTERNACIONAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (art. 239):
- Crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
- Como o tipo alçou os verbos promover ou auxiliar à conduta principal, O 3º RESPONDERÁ COMO AUTOR e não como partícipe. 
- Trata-se de crime de ação livre e de crime doloso, no qual o agente atua com o especial fim de agir, ou seja, com a INTENÇÃO DE OBTER LUCRO. 
- A competência é da Justiça Federal (art. 109, V, CF).
13. UTILIZAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE EM CENA PORNOGRÁFICA DE SEXO EXPLÍCITO OU VEXATÓRIO (art. 240)
- Estedispositivo foi alterado pela Lei 10.764/03. 
- Crime próprio, em que só pode ser autor o produtor, diretor ou ator da representação. 
- A cena vexatória a que alude o tipo penal deve ser entendida como aquela que deriva da participação do menor. 
- Cena pornográfica = Aquela que tenha cunho libidinoso.
- Este tipo somente é punido na modalidade dolosa, exceto no caso do § 2º, II, do art. 240. 
- Trata-se de crime formal, assim a sua consumação independe do resultado, ou seja, independe de sua exibição ao público.
14. DIFUSÃO DE PEDOFILIA (art. 241)
- Dispositivo também alterado pela Lei 10.764/03
- Visa incriminar a conduta de quem dê publicidade à cena pornográfica ou de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. 
- Crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
- Sujeito passivo: Criança ou o adolescente. 
- Tipo misto alternativo, representado por vários verbos e, como tal, a prática de mais de um verbo não configura mais de uma ação.
- Admite tentativa em todas as suas modalidades. 
- A consumação somente ocorrerá quando o material produzido chegue ao conhecimento de terceiros. 
- A veiculação do material poderá se dar por qualquer meio de comunicação, inclusive internet.
15. VENDA, FORNECIMENTO OU ENTREGA DE ARMA, MUNIÇÃO OU EXPLOSIVO (art. 242)
- Também foi alterado pela Lei 10.764/03 
- Como se trata de lei especial, o estatuto acabou sendo revogado neste tipo penal.
16. VENDA, FORNECIMENTO OU ENTREGA DE PRODUTO CAUSADOR DE DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA (art. 243)
- Trata-se de norma subsidiária a lei de tóxicos, ou seja, ela somente será aplicada quando não for possível aplicar a Lei 11.343/06. 
- Tal como a lei de tóxico, aqui também há um TIPO MISTO ALTERNATIVO que se materializa com a venda, fornecimento ou entrega de produto que cause dependência. 
- Crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
- Só é punido na modalidade de dolo, por isso é necessário que o autor do crime tenha conhecimento acerca dos efeitos da substância. 
- Por ser um crime formal e abstrato, para a sua consumação não se exige o advento da dependência física ou psíquica.
17. VENDA, FORNECIMENTO OU ENTREGA DE FOGOS DE ESTAMPIDO OU DE ARTIFÍCIO (art. 244)
- Crime formal de perigo abstrato, ou seja, os fogos de estampidos ou de artifícios devem ter capacidade de provocar dano físico. Logo, para se consumar o crime, uma REAL SITUAÇÃO DO PERIGO terá que ocorrer. 
- Somente é punido a título de dolo. 
- Segue o rito da Lei 10.529/03.
18. EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (art. 244-A):
- Crime de ação única, na medida em que a conduta típica consiste em “submeter” a vítima à prostituição ou exploração sexual. Por conseguinte, o tipo penal visa a impedir a conduta dos aliciadores ou daqueles que explorem sexualmente a vítima de qualquer forma. O dolo, aqui, consiste em levar o menor à prostituição ou exploração sexual e não com ela manter ato libidinoso. Por questão de política criminal, no § 1º o legislador equiparou a conduta do partícipe à conduta do autor. Assim, para ser apenado o proprietário terá que ter o mesmo dolo do caput do artigo.
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
- Infrações administrativas configuram uma forma de interferência do Estado na órbita do interesse particular, para salvaguardar o interesse público. Há quem entenda que decorrem do poder de polícia do Poder Público. Foi exatamente dentro dessa ótica que o Estatuto definiu as suas infrações administrativas.
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE
1. OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE MAUS TRATOS (art. 245):
- Sujeito ativo dessa infração: Médico, o diretor, dono ou do hospital, bem como o responsável pelo estabelecimento de ensino. 
- Aqui no caso não importa se o hospital ou a escola é público ou particular. O médico não pode alegar “segredo médico”, já que esta obrigação decorre da própria lei. 
- Quanto a autoridade competente mencionado no dispositivo é o Conselho Tutelar. 
- A conduta se caracteriza com a simples omissão de comunicação. 
- Aqui não se perquire se o agente agiu com dolo ou culpa, mas tão somente se o agente teve ou não conhecimento dos fatos e não comunicou a autoridade competente.
2. IMPEDIR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE AMPLA DEFESA, CONTRADITÓRIO, CONVIVÊNCIA FAMILIAR E ESCOLARIZAÇÃO DE ADOLESCENTE PRIVADO DE SUA LIBERDADE (art. 246)
- Como o dispositivo nos remete ao art. 124, o entendimento é no sentido de que:
- o sujeito passivo nessa infração administrativa é o adolescente infrator e
- o sujeito ativo é o responsável ou o funcionário da entidade de atendimento que impeça um dos direitos fundamentais ressaltados nesse dispositivo.
3. DIVULGAÇÃO DE DADOS E IDENTIFICAÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE A QUE SE ATRIBUA AUTORIA DE ATO INFRACIONAL (art. 247):
- Bem jurídico tutelado: Proteção do sigilo que deve cercar a pessoa da criança ou do adolescente autor de ato infracional. 
- Sujeito passivo: criança ou adolescente autora de ato infracional e, não a vítima criança ou adolescente de crimes. 
- Sujeito ativo da infração pode ser qualquer pessoa, que venha divulgar ou exibir total ou parcialmente fotografia ou ilustração de atos atribuídos a criança ou adolescente envolvido em ato infracional, sem autorização, fatos constantes de procedimento judicial, policial ou administrativos. 
- O estatuto prevê como penalidade a multa além da suspensão da programação da emissora por até dois dias ou da publicação do periódico até por dois números, a partir da expressão “ou a suspensão...” foi declarada inconstitucional pelo STF, através da ADIN 869-271998.
4. GUARDA PARA FINS DE TRABALHO DOMÉSTICO (art. 248)
- Visa a resguardar os direitos fundamentais dos adolescentes, de modo que não sejam explorados e recebam os cuidados necessários em relação aos seus direitos trabalhistas, direito à educação e os demais direitos previstos na Constituição Federal. Como a CF estabeleceu que somente é permitido ao menor trabalhar a partir de 16 anos de idade, somente a partir dessa faixa etária é permitido trazer adolescente de outra comarca para a prestação de serviços domésticos. 
- A autorização dos pais do menor não elide a necessidade da REGULARIZAÇÃO DA GUARDA. Nessas situações exige-se que haja assinatura da carteira de trabalho, o pagamento referente a um salário mínimo, não podendo ser descontado despesas de moradia e alimentação. 
- Sujeito ativo da infração, pode ser qualquer pessoa desde que ela traga o adolescente de outra
comarca com o fim específico de prestar serviço doméstico, sem a devida comunicação.
5. DESCUMPRIMENTO DE DEVERES DECORRENTES DA AUTORIDADE FAMILIAR (art. 249)
- A lei prevê a possibilidade de pena de multa aos pais ou responsáveis pelo descumprimento dos deveres inerentes à autoridade familiar ou ao poder familiar. 
- A aplicação da pena prevista neste dispositivo NÃO ELIDE A APLICAÇÃO DAS DEMAIS SANÇÕES CABÍVEIS, sejam elas criminais ou decorrentes da destituição ou suspensão do poder familiar. 
- Hoje pela moderna visão da autoridade parental, não basta que os pais somente criem seus filhos, porque esta criação tem que ser respaldada no amor, ética e responsabilidade de forma a prepará-los para a vida adulta. A questão que se coloca é a referente à possibilidade de se colocar a figura da madrasta ou padrasto no pólo ativo dessa infração. Hoje a tendência do direito é de reconhecer efeitos jurídicos às situações de fato e, com base nesse raciocínio, tem-se entendido a aplicação dessa infração a eles, desde que infrinjam os deveres que decorrem da
guarda, na medida em que o próprio dispositivo além de se reportar aos deveres dos pais e tutores, se reporta também aos deveres dos guardiões. 
- Quanto aos dirigentes de instituição, os quais são equiparados aos guardiões por disposição legal, também poderão figurar como sujeito ativo dessa infração. Trata-se de infração apenada a título de dolo ou culpa. Como exemplo de comportamento culposo, podemos citar aquelas situações em que os pais ou responsáveis não ficam atentos às necessidades do menor, de acordo com a sua faixa etária,com as faltas escolares, com os locais que freqüentam, com cuidado quanto à saúde de forma adequada, como também com a alimentação, por ser incorreta face à necessidade do desenvolvimento do menor.
6. HOSPEDAGEM DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE DESACOMPANHADO (art. 250):
- A infração somente se constituirá quando o menor se hospedar desacompanhado ou desautorizado dos seus ou responsáveis. 
- Sujeitos passivos dessa infração são as crianças ou adolescentes. 
- Trata-se de uma infração formal que se consuma com a simples hospedagem do menor em desacordo com a lei. 
- O simples fato do menor ter autorização para viajar não elide a responsabilidade pela hospedagem indevida. 
- Questão relevante é a relativa aos adolescentes já casados ou que vivem em união estável. Embora já tenham adquirido a capacidade civil, o comando legal não contemplou exceção.
7. TRANSPORTE IRREGULAR DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (art. 251):
- Infração de cunho formal que se consuma com o simples transporte, independentemente de qualquer lesão ou ameaça de lesão à criança ou adolescente.
- Este dispositivo deve ser analisado por dois ângulos:
a) Se a viagem for dentro de território nacional, o impedimento é somente em relação às crianças, já que é permitido ao adolescente viajar livremente. Não se esqueçam que a prova do vínculo de parentesco é feito através de documento hábil.
b) Se a viagem for internacional, a regra se aplica tanto com relação às crianças quanto aos adolescentes.
8. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO NA ENTRADA SOBRE DIVERSÃO OU ESPETÁCULO PÚBLICO (art. 252)
- A lei objetivou tutelar a integridade psíquica, moral e intelectual do menor quando exposto a informação inapropriada. 
- Sujeito ativo é o responsável pelo estabelecimento de diversão ou o empresário do espetáculo. 
- Esta norma se dirige apenas aos espetáculos e diversões públicas e não particulares. 
- Ainda que o dispositivo não se refere a qualquer diversão, mas somente aquelas que envolvem exibição, sujeita a um certificado de classificação, assim estão excluídos os restaurantes, churrascarias, shoppings, shows de música em espaços abertos.
9. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS LIMITES DE IDADE NO ANÚNCIO DE REPRESENTAÇÕES OU ESPETÁCULOS (art. 253)
- Tal como no dispositivo anterior, a lei procura tutelar a integridade psíquica, moral e intelectual das crianças e adolescentes. A doutrina entende que não haverá infração se não houver anúncio do evento. Trata-se de infração de cunho formal que se consuma com o mero anúncio sem a indicação dos limites de idade a que não se recomendem, independentemente do resultado.
10. TRANSMISSÃO VIA RÁDIO OU TELEVISÃO, DE ESPETÁCULO DE FORMA IRREGULAR
(art. 254):
- Tal como nos outros dois dispositivos acima aqui a lei visa tutelar a integridade psíquica, moral e intelectual dos menores de forma a não serem influenciados negativamente em sua formação em relação aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
- O legislador regulamentou duas situações nesse dispositivo: transmissão em horário diverso do autorizado e transmissão sem aviso de classificação. 
- Hoje com a nova portaria do Ministério da Justiça, editada em 12.02.07, é da alçada das próprias emissoras indicarem a classificação de seus programas, assim não há a controvérsia acerca de quem teria capacidade para autorizar, já que a indicação é feita pelas emissoras. 
- Quanto ao sujeito ativo da infração é a emissora de rádio ou TV. 
- Quanto ao sujeito passivo é a sociedade como um todo e a coletividade de crianças e adolescentes. 
- Trata-se de infração formal onde se consuma com a mera transmissão em horário diverso ou sem indicação classificativa. 
- Quanto à possibilidade do poder Judiciário poder determinar a suspensão da programação por até dois dias a título de pena, o SPF considerou-a INCONSTITUCIONAL, por violar o direito de informação relativo aos demais programas.
11. EXIBIÇÃO DE ESPETÁCULO DE FORMA IRREGULAR (art. 255)
- Sujeito ativo dessa infração será o diretor do espetáculo ou dirigente do estabelecimento. 
- Sujeito passivo tal como no dispositivo anterior é a sociedade como um todo. 
- A consumação dessa infração ocorre com a exibição do programa inadequado ao menor admitido no espetáculo. 
- O fato da criança ou adolescente estar acompanhada no recinto onde estiver sendo exibido o filme, trailer, peça ou amostra, não elide a responsabilidade do autor do fato, isso porque o poder familiar não é mais absoluto. Não obstante ser esse o pensamento da lei, há corrente no sentido contrário, entendendo que a proibição é somente para os menores desacompanhados.
12. VENDA OU LOCAÇÃO DE PROGRAMAÇÃO DE FORMA IRREGULAR (art. 156):
- O sujeito ativo é o comerciante que vende ou aluga e não a pessoa jurídica.
- Observem que a cessão gratuita não configura a infração administrativa por falta de disposição legal. Sujeito passivo é a criança ou adolescente que adquiriu ou alugou a fita em desacordo com a lei. A infração se consuma com o ato do comércio. Embora o dispositivo legal não tenha se reportado aos DVDs, a portaria do Ministério da Justiça os incluiu em seu rol.
13. COMERCIALIZAÇÃO DE REVISTAS E PERIÓDICOS DE MANEIRA IRREGULAR (art. 257)
- Sujeitos ativos dessa infração são as editoras, o comerciante e as distribuidoras, isso porque quem tem a obrigação de proteger a capa da revista com embalagem opaca ou lacrada é a editora, mas quem tem a obrigação de comercializar devidamente é o comerciante. Entende-se por material impróprio ou inadequado como sendo aquele que não respeite os valores éticos e morais da pessoa e da família e por mensagens pornográficas ou obscenas, aquelas que tratam de coisas capazes de explorar o lado sexual do indivíduo. 
- Vale lembrar que as mensagens pornográficas se dão através de escritas e as mensagens obscenas se dão através de ilustração. A maioria dos autores acorda ser desnecessária a distinção entre material pornográfico ou obsceno, porque o espírito da lei é no sentido de coibir a sexualidade precoce.
14. ENTRADA E PARTICIPAÇÃO IRREGULAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM DIVERSÕES E ESPETÁCULOS (art. 258)
- Esta norma deverá ser integrada com as portarias do Juiz da Vara da Infância e da Juventude. 
- Sujeito ativo é o responsável pelo estabelecimento ou espetáculo que permite a participação do menor em desacordo com a portaria. Na verdade esse dispositivo regulamenta duas situações:
a) entrada da criança e do adolescente em local de diversão desacompanhada de seus pais ou responsáveis.
b) participação de criança e adolescente em espetáculo.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
- Previstas nos art. 259 ao 267, as disposições transitórias hoje mais parecem uma colcha de retalhos do que realmente disposições transitórias, na medida em que o legislador as utiliza para complementar ou regulamentar situações não previstas na própria lei.

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